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Sistema de Segurança Pública no Brasil aulas 01 a 10

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AULA 01
O Desenvolvimento da Polícia Moderna.
Introdução:
As polícias brasileiras fazem parte do Sistema de Segurança Pública e Justiça Criminal, desempenhando papéis bem específicos, dentro desse sistema, composto por diferentes instituições.
Por mais que o termo “polícia” pareça ser autoexplicativo sobre “o que é” e “o que faz”, há especificidades encontradas ao longo da história e de sociedade para sociedade. A forma como a polícia dos Estados Unidos se organiza e suas atribuições são diferentes da brasileira. Assim como as demais instituições do Sistema de Segurança Pública e Justiça Criminal, pois são instituições sociais, ou seja, “elaboradas” por grupos sociais refletindo suas concepções de Segurança Pública, justiça, ordem pública, poder, Estado e sociedade.
Nesse sentido, a partir do clássico livro Padrões de Policiamento de David Bayley, vamos analisar características de policiamento que existiram ao longo da história até chegarmos ao formato da polícia moderna relacionada à concepção do Estado Democrático de Direitos e a valorização dos direitos civis, cujo marco é a criação da Polícia Metropolitana de Londres em 1829.
Para discutirmos a polícia moderna vamos contrastar duas monarquias europeias, que produziram modelos de polícia distintos e influenciaram, por diferentes motivos, a concepção e as características de outras polícias além-mar. Estamos falando de uma França absolutista com uma polícia moldada para a defesa de sua nobreza e uma Inglaterra com um parlamento ávido por limitar os poderes do rei e assegurar os direitos civis. 
Polícia Moderna:
O cientista político David Bayley (2001) ao elaborar o seu estudo sobre padrões de policiamento, ao longo na história, classificou como “polícia” as “pessoas autorizadas por um grupo para regular as relações interpessoais dentro deste grupo através da aplicação de força física” (p.20). A partir dessa definição ampla constituída de três elementos – força física, uso interno e autorização coletiva – foi possível estabelecer a comparação entre grupos encarregados de realizar a manutenção da ordem pública (e, em vários casos, outras atribuições) em diferentes contextos históricos e sociais. Esses três elementos significam que:
A polícia possui autorização para o uso da força física para afetar um comportamento. Isso não quer dizer que em todas as ações ela recorrerá à força física, mas o seu poder coercitivo traz a ameaça de seu uso;
Atuação dentro do seu próprio território na manutenção da ordem pública, diferenciando, assim, a força policial do exército cuja ação é externa.
A polícia tem autorização coletiva para o uso da força física internamente, o que a difere de assaltantes e terroristas.
É importante ressaltar que, a autorização coletiva a que Bayley se refere aqui não é necessariamente conferida por um Estado-Nação, pois tendemos a considerar a polícia como sendo pública e criada e autorizada pelo Estado, porém essas características estão associadas à definição de polícia moderna, ao longo da história e em distintas sociedades veem-se diferentes grupos autorizando pessoas ao uso da força. Conforme ressalta o autor (2001, p. 20-1)
A polícia não se cria sozinha: ela está presa a unidades sociais das quais deriva sua autoridade. (...) unidades sociais que autorizam força policial variam em tipo e tamanho. Dentre as mais importantes se encontram famílias clãs, tribos, grupos de comunidade que pode criar uma força policial.
Essas propriedades foram utilizadas pelo autor como referência para identificar os grupos sociais de diferentes sociedades e classificar a sua atuação como sendo de policiamento. O trabalho de Bayley recebeu críticas por aplicar de forma muito flexível esses atributos, incluindo em seu painel muitos grupos que, na opinião dos críticos, não são polícias nem fazem policiamento. Porém muitos autores concordam que essas são as características essenciais do que chamamos atualmente de Polícia.
A atividade de Polícia Moderna é caracterizada por ser pública, especializada e profissional. Onde pública significa a natureza da agência, ou seja, uma força policial formada, paga e controlada pelo governo. A força policial é considerada profissional quando há uma preparação específica para a atividade policial, que envolve recrutamento por mérito, treinamento formal, carreira e trabalho em tempo integral. A polícia é reconhecidamente especializada quando seu foco de atuação é o emprego da força física, uma polícia não especializada além de aplicar a força física irá, por exemplo, checar pesos e medidas, realizar a vigilância sanitária ou ser responsável pelas obras públicas e o abastecimento de uma cidade, como foi a Intendência Geral da Corte e do Estado do Brasil, no início do século IXI no Brasil.
Bayley argumenta que:
O policiamento público substitui o policiamento privado quando a capacidade dos grupos de prover uma ação protetora eficiente torna-se inferior à insegurança na sociedade em que estão inseridos. Esta mudança pode ocorrer em sociedades bem diferentes. (p. 47) 
Por outro lado, o vigilantismo no século XIX nos Estados Unidos e, no Brasil, o crescimento da segurança privada são comumente associados à insuficiência do Estado, através das polícias, na garantia da segurança dos indivíduos e bens materiais. De forma que a existência de polícia pública não exclui, necessariamente, o policiamento privado.
Outra característica da polícia moderna é a especialização no emprego da força física. Bayley identificou que em algumas sociedades, visando à manutenção da ordem pública e/ou social, existiram grupos que se especializaram na execução exclusiva de uma tarefa, mas não necessariamente detendo à prerrogativa do emprego da força física, como as vigílias noturnas na Europa medieval que, em muitos casos, tratavam-se de sentinelas que acionavam outros grupos para prenderem criminosos e impedir delitos e incêndios. (2001, p.51)
O fato de essas características serem associadas à polícia moderna não significa dizer que são novidades históricas. Ao longo da história, grupos autorizados ao uso da força física dentro de coletividades visando à ordem social apresentaram essas características. Por exemplo, os policiamentos público e privado existiram em diferentes épocas e, em alguns contextos, simultaneamente como nas democracias ocidentais atuais.
Polícia na história:
O policiamento refletirá tanto o governo e sociedade nos quais ele está inserido. Assim, em Roma, no ano 27 a.C., para uma cidade de quase um milhão de habitantes, dividida em classes sociais (BAYLEY, 2001, p. 40) e com a presença expressiva de escravos, o Imperador Augusto criou o cargo de praefectus urbi como forma de policiamento público pago e dirigido pelo governo, que tinha como objetivo a manutenção da ordem pública executiva e judiciária.
No século XX, há outro exemplo de policiamento público, mais que não eram pago diretamente pelo Estado tendo, porém, o poder para agir em nome dele. Os xerifes ingleses nomeados pelos soberanos tinham o poder para cobrar impostos dos criminosos em nome do rei, ficando com uma parte do dinheiro coletado. Esses agentes da lei medievais ficaram conhecidos contemporaneamente através da história de Robin hood, que retrata as tensões sociais decorrentes dos abusos cometidos pelos xerifes que, segundo Bayley, eram comuns à época.
Na Inglaterra, no início do século XIX até a reforma de 1829, havia tanto policiamento público quanto privado, assim os grupos eram mantidos economicamente por diferentes fontes como igrejas, comissões fiduciárias, comissários, paróquias, magistrados, municípios e cortes legais. É certo que quem pagava também tendia a direcionar a forma e o foco de atuação do policiamento.
Como veremos mais a frente, a criação de uma polícia pública foi uma forma de garantir, pelo menos teoricamente, equidade na oferta de segurança para grupos com diferentes níveis de poder político, social e econômico.
Segundo Bayley (2001, p.51) a polícia especializada mais antiga era dos vigilantes, como os chowkidarspaquistaneses e a vigília noturna na Europa medieval que, em muitos casos, tratavam-se de sentinelas que acionavam outros grupos para prenderem criminosos e impedir delitos e incêndios.
A profissionalização é uma das características mais fortemente presente nas polícias modernas, mas também existiram tentativas de estabelecer policiamentos baseados em critérios racionais para a composição de efetivo e gestão. No século XVIII, os Bow Street Runners, na Inglaterra, eram escolhidos entre os constables (agentes policiais ingleses) que possuíam um ano de experiência, recebiam treinamento específico e supervisão, além de serem pagos com recursos públicos.
Na concepção de Administração Pública Moderna, a profissionalização do recurso humano pertencente a uma instituição é praticamente sinônimo de gestão eficiente. Na área de Segurança Pública, o marco de busca pela profissionalização também é a formação da Polícia Metropolitana de Londres, em 1829, quando o seu mentor estipulou critérios para o recrutamento do efetivo (sexo, altura, peso, personalidade e grau de instrução) e treinamento obrigatório.
Apesar dessas características já terem aparecido em grupos responsáveis por manter a ordem social ou pública ao longo da história, no policiamento moderno essas três características aparecem combinadas.
Essa experiência inspirou a criação ou reformulação de outras instituições policiais, como a realizada pelo governo Meiji, em 1878. A Polícia Metropolitana de Tókio, que possuía um rigoroso processo seletivo, sendo a maioria do seu efetivo selecionada dos antigos samurais, que eram treinados nas escolas de polícia da Prefeitura.
O desenvolvimento da polícia moderna:
Idealizada por sir Robert Peel, a Polícia Metropolitana de Londres foi fundada em 1829, como uma polícia civil, preventiva, desarmada (sem uso de arma de fogo), uniformizada, municipal e de tempo integral. Ela, que é considerada o marco de polícia moderna, seguiu os seguintes princípios elaborados pelo seu idealizador:
A missão fundamental da polícia é a prevenção do crime e da desordem, e não a repressão.
A capacidade da polícia de cumprir o seu dever depende da aprovação de sua ação pelo público.
Para obter e conservar o respeito e a aprovação do público, a polícia deve poder contar com sua cooperação voluntária na tarefa de assegurar o respeito das leis.
O grau de cooperação do público com a polícia diminui na mesma proporção em que a necessidade do uso da força aumenta.
É pela demonstração constante de sua ação imparcial, e não quando ela cede aos caprichos da opinião pública, que a polícia obtém o apoio da população.
A polícia não deve recorrer à força física a menos que ela seja absolutamente necessária para fazer cumprir a lei ou para restabelecer a ordem e, mesmo assim, somente após ter constatado que seria impossível obter esses resultados pela persuasão, conselhos ou advertências.
A polícia deve manter com o público uma relação fundada na ideia de que a polícia é o público e o público é a polícia.
A polícia deve se limitar ao exercício estrito das funções que lhe são confinadas e se abster de usurpar, mesmo em aparência, aquelas que competem ao poder judiciário.
A prova da eficácia da polícia é a ausência de crimes e de desordem e não a manifestação visível de sua ação.
A justificativa oficial para a sua criação foi o aumento de crimes contra o patrimônio, mas historiadores apontam que tumultos e desordem urbana, que ocorriam, desde décadas anteriores, sem que a guarda-civil paroquial e os grupos de polícia privada conseguissem administrar, influenciaram fortemente a criação dessa nova polícia.
É importante ressaltar que a Inglaterra do século XIII foi marcada pela luta da população por direitos civis. Assim, no início do século seguinte, as lideranças políticas não ignoraram nem menosprezaram os tumultos urbanos, compreendendo que traziam em seu bojo reivindicações de cidadania, principalmente da classe média comercial. Dessa forma, as soluções através de intervenções militares em conflitos urbanos, que causavam significativas mortes de civis, foram descartadas, pois havia a compreensão de que era necessário construir a legitimidade das ações para a manutenção da ordem pública.
A sociedade inglesa temia uma polícia pública que tivesse as características do modelo francês, ou seja, um sistema centralizado de policiamento direcionado à proteção de um governo não restringido pela lei. Assim, a Polícia Metropolitana de Londres intencionalmente foi pensada como divergente desse modelo, focada na proteção dos cidadãos a partir de uma atuação profissional, pública e especializada, conforme é possível verificar nos princípios elaborados por sir Peel.
A polícia francesa era considerada totalitária, sendo os olhos, os ouvidos e o braço direito do soberano (Muniz, 1999), em um sistema que garantia a centralização das decisões em Paris sobre o restante do território francês. A polícia francesa atuava na manutenção da ordem pública como forma de defesa nacional dentro do seu próprio território, assim, como destaca Jacqueline Muniz, ela tinha missões distintas como:
Serviço secreto, 
Polícia de fronteira, 
Polícia política, 
Serviço de contraespionagem, 
Força paramilitar de ação interna e defesa territorial, 
Polícia de costumes, 
Polícia judiciária, 
Polícia investigativa e 
Polícia ostensiva.
A polícia francesa era uma polícia de Estado, ou seja, voltada para a proteção e a segurança dos interesses do Estado. É essa polícia que vai servir de modelo à polícia de Portugal e, consequentemente, a Intendência Geral de Polícia da Corte e do Estado do Brasil criada, em 1808, no Rio de Janeiro, pelo príncipe-regente quando da transferência da família real portuguesa para o Brasil.
A França é marcada por uma forte rejeição e desconfiança da população em relação a sua polícia, enquanto, na Inglaterra, o esforço feito com a Polícia Metropolitana de Londres foi o de construir a legitimidade da atuação policial na manutenção da ordem pública junto a sua sociedade, para isso ela não poderia “intervir nas lutas políticas, questionar as conquistas civis, nem violar a privacidade dos súditos. Seria uma polícia sem papel paramilitar, exclusivamente orientada para atender as demandas citadinas” (Muniz, 1999, p. 25).
Buscou-se uma polícia imparcial, sem interferência política na escolha dos oficiais, estabilidade dos chefes, pública e com sistema de promoções baseado em mérito e tempo de serviço, a fim de “blindar” essa força policial da ingerência e corrupção. (Souza, 1998)
O advento da polícia moderna resultou ainda na desobrigação de cidadãos assumirem responsabilidades de policiamento, afastou as unidades militares de intervenções em conflitos civis internos e passou a ser uma força policial presente no dia a dia dos cidadãos.
AULA 02
Sociedade e Polícias no Brasil nos Séculos XIX e XX.
Desembarque da Família Real:
O desembarque da Família Real, em 08 de março de 1808, no cais do Largo do Paço (atual Praça Quinze), no Rio de Janeiro, marcou a transferência do centro do império luso para o Brasil e, consequentemente, uma mudança radical na vida da cidade e de suas instituições.
O Príncipe Regente Dom João não desembarcou só, com ele estavam a Rainha Mãe D. Maria, sua esposa Carlota Joaquina, seus oito filhos e uma comitiva de aproximadamente 15 mil pessoas, precisando ser abrigada em uma cidade de cerca de 50 mil habitantes que não estava preparada para recebê-los. 
Residências foram marcadas com as iniciais do príncipe regente “PR” e confiscadas para serem ocupadas pela nobreza lusitana, em uma política que também ficou conhecida como “Ponha-se na Rua” ou ainda “Prédio Roubado”, conforme a ironia popular da época.
Os recém-chegados acostumados às riquezas e aos luxos das cortes europeias (muito dos quais garantidos pelo ouro brasileiro) temeram o que viram e sentiram nas ruas cariocas: durante o verão tropical, nos odores de uma cidade sem saneamento, uma grande quantidade de escravos africanos circulava, no espaço público,como não havia na Europa.
Intendência Geral de Polícia da Corte e do Estado do Brasil:
Para manter obedientes e ordeiras as massas de pobres e escravos, no cenário urbano, o príncipe regente estabeleceu, no Rio de Janeiro, a Intendência Geral de Polícia da Corte e do Estado do Brasil, recriando em terras brasileiras um modelo de polícia existente em Portugal desde 1760 e que, por sua vez, foi espelhado na polícia da França. (Holloway, 1997).
Até então a atribuição de manter a ordem pública na capital e províncias era realizada por quadrilheiros e capitães-mores vinculados as Câmaras Municipais, sendo as Ordenações Filipinas o instrumento legal que definia os crimes e penas.
A Intendência de Polícia, que é considerada o embrião da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro foi criada, em 10 de maio de 1808, como órgão administrativo com poderes judiciais e funções administrativas na cidade, como responsabilidade pelas obras públicas e abastecimento da cidade, além de ser encarregada da vigilância da população, investigação de crimes e captura de criminosos. (Holloway, 1997; Bretas, 1998). 
Com essas atribuições a polícia assumia um relevante papel na vida urbana cotidiana, atuando no controle da população e disciplinarização dos costumes no espaço público.
Divisão Militar da Guarda Real de Polícia:
A carência de efetivo da Intendência para executar todas as suas funções fez com que o regente criasse a Divisão Militar da Guarda Real de Polícia, subordinada ao intendente, tendo a função de garantir a manutenção do sossego público. 
A Guarda Real, que é considerada a origem da Polícia Militar do Rio de Janeiro, foi estruturada com similaridade ao exército, sendo uma força policial de tempo integral e organização militar, que deveria funcionar inicialmente com 218 homens, mas sempre teve dificuldades de completar o efetivo de praças, em muitos casos, os recrutas eram vítimas de engajamentos forçados.
Atenção:
O primeiro comandante da Guarda foi o português José Maria Rabelo, mas quem ganhou notoriedade à frente do cargo devido à brutalidade e arbitrariedade foi o seu sucessor Miguel Nunes Vidigal.  
Atribuições da Guarda Real:
O patrulhamento da cidade;
A proteção aos prédios públicos;
A contenção de manifestações civis; e,
O patrulhamento da cidade, atuando particularmente na repressão à vadiagem e capoeiras e captura de escravos fugidos.
Vale observar que, a Guarda Real de Polícia, uma força policial monárquica e de defesa do Estado, é considerada a origem da Polícia Militar do Estado de Rio de Janeiro. Em seu brasão, ainda hoje, traz a coroa do rei acima das armas.
Estrutura jurídico-política brasileira:
Com a Proclamação da Independência do Brasil, em 1822, foi definida uma estrutura jurídico-política brasileira, expressa, em um primeiro momento, na Constituição Brasileira de 1824, no Código Criminal de 1830 e no Código Processual Penal 1832.
(...) A emancipação política colocou de imediato em questão a necessidade de o novo país ter uma estrutura jurídico-política própria, ao romper com as instituições que o haviam conformado à condição de colônia de Portugal. Dessa forma, parte dos debates em torno da Constituição brasileira, de 1824, e do Código Criminal, de 1830, desenvolveram-se a partir dessa preocupação em substituir o aparato legal e institucional herdado de Portugal, particularmente as instituições judiciais, policiais e de punição que haviam sido criadas em decorrência das Ordenações Filipinas. No entanto, a organização jurídico-política que foi sendo constituída, nas primeiras décadas do período imperial, ainda mesclava ideias que estavam em debate na Europa e nos Estados Unidos com aspectos da herança colonial. No campo penal, as concepções sobre os crimes e as formas de punição são bastante reveladoras dessa tensão que se mantém ao longo do Império. (ALVAREZ, SALLA e SOUZA, 2003, p.2)
Assim, na busca por uma estrutura jurídico-política que se afastasse do modelo colonial, foi estabelecido, sob influência do liberalismo europeu, em 1828, o juiz de paz como uma autoridade local e eletiva com atribuições judiciais, administrativas e criminais, sendo a titularidade assumida por pessoas possuidoras dos requisitos de eleitor.
O Código Criminal de 1830 recebeu influência das ideias humanistas e liberais da Europa e América do Norte e, embora tenha mantido a pena de morte (mas restringindo o número de crimes submetidos a essa pena), de galés e de açoite (para os escravos), representou um avanço em relação às penas severíssimas (mas pouco aplicadas) contidas nas Ordenações Filipinas, que previa, por exemplo, marcação com ferro, mutilação física e pena de morte para muitas infrações.
Mudanças nas instituições de justiça:
Em 1831, devido a um motim da Divisão Militar da Guarda Real de Polícia realizado junto com uma unidade de infantaria do Exército regular, no qual as tropas reivindicavam o fim de castigos corporais para os militares, a Guarda Real foi extinta, seus oficiais incorporados ao Exército e os praças dispensados.
Assim, nesse ano, em meio à crise política relacionada à abdicação de D. Pedro I à coroa brasileira e ao seu retorno a Portugal, foram realizadas significativas mudanças nas instituições de justiça criminal e “ordem pública”.
Além da extinção da Guarda Real por insubordinação da tropa durante a crise, estabeleceu-se:
A subordinação dos juízes de paz à autoridade do governo central, criado em 1828, como uma autoridade local e eletiva com atribuições judiciais, administrativas e criminais, sendo a titularidade assumida por pessoas possuidoras dos requisitos para serem eleitores;
A criação da Guarda Municipal, cujos integrantes não remunerados eram civis membros da elite da cidade que estavam preocupados com os distúrbios públicos durante a crise política e;
A criação da Guarda Nacional e do Corpo de Guardas Municipais Permanentes.
Corpo de Guardas Municipais Permanentes e Guarda Nacional:
O Corpo de Guardas Municipais Permanentes era uma instituição militar, profissional e permanente criada pelo Ministro da Justiça Diogo Antônio Feijó, em 1831, visando a substituir a Guarda Municipal no trabalho de patrulhamento da cidade e contenção de distúrbios, sob o encargo do Intendente de Polícia, não estavam sujeitos aos castigos corporais como forma de punição, uma vez que o perfil do efetivo desse foi avaliado como “inapropriado”, conforme destaca Holloway:
Muitos cidadãos rapidamente se deram conta do fardo que era o serviço rotineiro da guarda depois que a crise política se dissipou. Evidentemente essa organização de civis “voluntários” era inadequada para intimidar as classes inferiores da cidade, e seus membros não tinham treinamento, disciplina, tempo nem inclinação para servir como força policial permanente numa cidade do tamanho, da complexidade social e da importância política do Rio de Janeiro. (1997, p.92)
A outra instituição criada, no mesmo ano, foi a Guarda Nacional, como uma organização paramilitar, independente do exército, tempo parcial, subordinada ao Ministério da Justiça, não remunerada e com várias funções, dentre as quais a manutenção da ordem pública e o auxílio do Exército na defesa das fronteiras.  
O alistamento era obrigatório para homens entre 18 e 60 anos, acima de uma determinada renda, mas acabavam sendo selecionados pequenos comerciantes, artesãos e empregados em escritórios que não tinham influência política para obterem as suas dispensas.
Devido à percepção de um status superior entre os membros da Guarda em relação às outras forças policiais, eram frequentes os atritos entre as instituições responsáveis por manter a ordem pública, evidenciando conflito de competências e ausência de integração institucional.
Em 1873, a Guarda foi dispensada das funções policiais, tornando-se uma instituição honorária, sendo definitivamente extinta em 1930.
Em 1832, é promulgado o Código de Processo Criminal ampliando as competências do juiz de paz (com funções de polícia local e autoridade para julgar delitos menores) e do júri, aexistência de até três juízes de direito nas cidades mais populosas onde um deles seria o chefe de polícia. 
O cargo de intendente foi extinto, ficando o efetivo da Intendência Geral de Polícia subordinada ao chefe de polícia.
Em 1833, foi criada a Secretaria de Polícia, sendo o chefe de Polícia subordinado ao presidente de Província.
O juiz de paz eleito, julgamento por Conselho de Jurados e o habeas corpus representaram medidas liberais e modernizantes no sistema de justiça brasileiro.
Em 1841, foi realizada uma reforma no Código de Processo Penal, que foi considerada um retrocesso na tendência descentralizadora do código de 1832. Assim, foi transferida a competência para investigar crimes do juiz de paz para o chefe de polícia e seus delegados, com isso, o aparato estatal repressivo é fortalecido através da concessão de mais autonomia e poder à Secretaria de Polícia.
A segunda reforma do Código foi em 1871, quando foi estabelecido o inquérito policial como procedimento administrativo realizado na fase de formação de culpa para a fundamentação da ação penal. 
Em 1940, durante o Estado Novo, foi elaborado um novo Código Penal, que vigora até hoje, apesar dos acréscimos e revogações devido aos cenários políticos que passou.
O Inquérito policial, não sendo judicial não preservou o princípio do contraditório na formação da culpa, em vez disso, retoma o procedimento inquisitorial, que foi a base da tradição jurídica lusa, e esteve presente no período do Brasil Colônia até ser repelido pelas correntes liberais que propuseram o Código de Processo Penal de 1832.
Em 1865, grande parte dos soldados da infantaria do Corpo de Guardas é deslocada para apoio ao exército brasileiro na Guerra contra o Paraguai (Tríplice Aliança).
No ano seguinte, é criada a Guarda Urbana como instituição uniformizada e não militar subordinada ao chefe de Polícia, cuja idealização fazia referência à Polícia de Londres. 
Assim como os Permanentes /Corpo Militar de Polícia, a Guarda Urbana era frequentemente acusada de arbitrariedade e violência.
Novo contexto sociopolítico:
Com a Abolição da Escravatura, em 1888, e a Proclamação da República, em 1889, o Brasil assumiu outro contexto sociopolítico expresso no Código Penal e na Constituição. 
O Código Penal da República de 1890, sob influência positivista, extinguiu as penas específicas para escravos e definiu a universalidade das leis no território brasileiro, embora muitos juristas defendessem, ao longo da primeira República, a máxima “tratar desigualmente os desiguais”. 
A Constituição Republicana de 1891 estabeleceu o presidencialismo e as unidades federativas, inspirada na organização política norte-americana, sem, contudo, ter realizado seriamente uma discussão prévia na sociedade sobre direitos civis e políticos e igualdade jurídica.
A Polícia Militar:
Em 1969, cerca de 100 anos após a Guerra do Paraguai, a Polícia Militar reassumiu a atribuição de policiamento ostensiva, tendo como missão constitucional a “manutenção da ordem e segurança interna” (Constituição de 1967, art. 13, inciso 4), no contexto da Ditadura Militar e vigência do Ato Institucional nº5 que suspendia o direito ao habeas corpus, dentre outras determinações que limitavam os direitos políticos e civis.
Nesse sentido, a atuação da Polícia Militar foi focada no controle das multidões e manifestações civis e na “caça às bruxas”. 
Em 1970, através do Decreto-Lei 66.862/70 as polícias militares receberam a determinação para se incorporarem ao serviço de informação e contrainformação do Exército, comprometendo, com isso, a atividade de policiamento pela “necessidade” de produzir informação contra “o inimigo” interno, que era o cidadão que divergia politicamente do governo (Muniz, 2001).
Atenção:
Nesse mesmo período, se desenhou o modelo que vigora atualmente, com duas polícias estaduais executando o ciclo de polícia de forma complementar. 
Cabendo à Polícia Militar a atribuição de polícia fardada e ostensiva e à Polícia Civil a atribuição judiciária e investigativa.
Redemocratização:
O período de redemocratização do Brasil traz desafios para as polícias, que estavam apoiando as forças armadas na proteção e garantia da Segurança Nacional. Assim era necessário ajustar seu modelo de gestão operacional e administrativa às demandas da ordem democrática.
A Constituição Federal de 1988, que marca esse novo período no Brasil, reafirma o ciclo incompleto de polícia e a permanência de duas polícias estaduais: Polícia Militar e Civil. 
 	A CF 1988 trata as questões policiais no capítulo Segurança Pública (art. 144), no qual afirma a segurança pública como dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, acrescentando que seu exercício visa à preservação da ordem pública e a incolumidade das pessoas e patrimônio.
Assim, romper com os princípios defendidos durante a ditadura militar, no qual o cidadão poderia ser visto como “inimigo”, e internalizar uma forma de pensar na qual não há incoerência entre Direitos Humanos e polícia têm sido o grande desafio dos reformadores de polícia, mesmo após mais de 2 décadas de promulgação da Constituição Cidadã.
A Polícia e o Exército:
No Brasil, os estados, atualmente, possuem uma Polícia Militar subordinada ao Executivo estadual, ou seja, ao governador, com a função de policiamento fardado e ostensivo. A sua organização interna é baseada na hierarquia militar, mas é importante pontuar que, apesar de militar, as características da polícia são diferentes das forças armadas, independentemente de sua organização ou cadeia de comando.
Vejamos, então, algumas diferenças entre a polícia e o exército:
Em relação ao uso da força física:
Para a polícia, em tese, há o uso comedido da força para o controle ou a administração de conflitos civis, dentro do seu próprio território, sendo que para a sua atuação precisa ter o consentimento do grupo social ao qual está vinculada (estado, município etc.). Já para o exército, o uso da força é combatente, impondo-se ao grupo social identificado como inimigo.
Em relação à ação:
A ação do Exército tem uma temporalidade claramente estabelecida, o início e o fim de uma guerra, atuando em prontidão, enquanto a ação da polícia é cotidiana, precisando, dessa forma, agir em pronto emprego, em situações que requerem mais a atuação individual.
Aula 03
A Polícia Militar no Brasil.
Instituições policiais estaduais:
A atual Constituição (1988) estabelece para os estados e o Distrito Federal o sistema de duas polícias de ciclo incompleto: a Polícia Militar (policiamento fardado e ostensivo) e a Polícia Civil (investigação e inquérito policial).
Atribuição da Polícia Militar
A Constituição Federal de 1988 (CF 1988) determina o policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública (art. 144 §5º), sendo a Polícia Militar, juntamente com o Corpo de Bombeiros Militar, força auxiliar e reserva do Exército (art. 144 §6º), assim, o Exército tem preeminência sobre a Polícia Militar.
Ao mesmo tempo a PM de cada unidade federativa está subordinada ao governador, cabendo a cada executivo estadual e do Distrito Federal definir o Estatuto dos Policiais Militares através de lei estadual, bem como a diretriz política, a gestão e a forma de atuação.
Ao mesmo tempo em que os estados não têm autonomia para criar instituições policiais diferentes das definidas pela CF 1988, as Polícias Militares vivenciam realidades distintas entre os estados no que se refere, por exemplo, a recrutamento, formação, notas de instrução, valorização profissional, equipamentos, investimento, recurso humano e remuneração.
A Polícia do “antes”:
A Polícia Militar é classificada como sendo a força policial que atua antes e durante a ocorrência policial.
Enquanto a Polícia Civil atuaria depois que ação tipificada como crime ou contravenção já tivesse acontecido.
Cabe à PM o policiamento ostensivo e a manutenção da ordem pública, o que a coloca diante de diversas situações, pois, embora tradicionalmente, se dê maior ênfase ao aspecto repressivo e de aplicaçãoda lei como atribuição da PM, no dia a dia, o seu trabalho não se restringe a ocorrências criminais, sendo preenchido por uma série de atividades e situações não criminais que não são compreendidas e valorizadas como atribuição de polícia.
O sociólogo Egon Bittner defende que a polícia, de uma forma geral, deve atuar quando “algo que não deveria estar acontecendo está acontecendo e alguém deve fazer algo a respeito agora”. O que possibilita pensar o trabalho da Polícia Militar para além da atuação em ocorrências criminais.
Conforme observam Muniz e França (2010, p. 450): 
Isso revela porque a polícia pode atender a emergências, respaldar a lei, sustentar a ordem pública, preservar a paz social, mediar conflitos, auxiliar, assistir, advertir, socorrer, dissuadir, reprimir ou desempenhar quaisquer outras funções sociais de forma reativa ou preemptiva. Esclarece porque as polícias executam as mais diversas formas ou padrões de policiamento. 
Explica porque a polícia é chamada a atuar, e deve fazê-lo em todas as situações em que a força possa ser útil. Enfim, possibilita compreender a “decisividade” no fazer policial, sua medida de autonomia decisória, sua discricionariedade para produzir soluções legais e legitimas, porém provisórias, para problemas inadiáveis no tempo mesmo de sua ocorrência.
Em um contexto democrático, cabe à polícia ostensiva manter a paz por meios pacíficos, tendo o recurso do uso comedido da força física, o que a coloca diante de eventos criminais e não criminais.
O modelo organizacional:
A Polícia Militar, cuja base é a hierarquia e a disciplina, tem uma organização militar inspirada no Exército Brasileiro, possuindo, por exemplo, Estado Maior, cadeias de comando, batalhões, insígnias, companhias, tropas, destacamentos e regimentos. Nesse sentido, por ser militar, o PM usa farda, enquanto guardas municipais usam uniformes. 
Muitas instituições possuem alguma forma de hierarquia. Na PM, a hierarquia de postos reproduz o modelo do Exército Brasileiro, excluindo apenas a patente máxima de general, dessa forma, os mais graduados da PM sempre estarão uma patente abaixo do militar das forças armadas.
O modelo organizacional:
Círculo dos Praças
Praças especiais (Aspirante Oficial e Aluno Oficial)
Circulo dos oficiais
Atenção:
O atributo “militar”, nas polícias ostensivas estaduais brasileiras, imprime características relevantes e específicas à força policial e suscita veementes debates acerca do “militarismo” na PM. 
A crítica mais contundente se refere a “ideologia militar” identificada ainda hoje nas policias militares como uma herança da ditadura militar, quando sob a égide da Doutrina de Segurança Nacional, a Polícia Militar assumiu a missão da segurança interna através do “combate” ao “inimigo” do Estado.
A ideia de inimigo a ser combatido não se adéqua ao papel da polícia em contexto democrático, que se baseia no fortalecimento da cidadania e na construção da ordem pública com a participação de diferentes grupos sociais.
Os policiais militares:
O efetivo da Polícia Militar é composto por: praças e oficiais seguindo a mesma hierarquia de patentes e graduações do Exército e, assim como nas forças armadas, há duas formas de ingresso na corporação: uma para os praças e outra para oficiais. 
Os praças constituem a maior parte do efetivo da PM e se dividem nos postos de soldado, cabo, 1º, 2º e 3º sargento e subtenente.
As duas graduações mais baixas, ou seja, soldado e cabo estão majoritariamente encarregados do policiamento propriamente dito, enquanto sargento e subtenente estão alocados em atividades de supervisão e administração. 
Assim, devido à natureza das suas atribuições, os praças adquirem um rica vivência das dinâmicas sociais e criminais do espaço público. 
Os oficiais estão no topo da hierarquia militar sendo o mais alto posto o de coronel, as patentes seguintes são tenente-coronel, major, capitão e 2º e 1º tenentes. 
As patentes de coronel , tenente-coronel e major são oficiais superiores. O capitão é oficial intermediário. E os 2º e 1º tenentes são oficiais subalternos.
Os oficiais exercem funções de comando, chefia e direção. 
Como já foi ressaltado, as polícias militares têm autonomia em relação aos seus processos seletivos e de formação, mas é possível apontar algumas recorrências nas PMs, uma vez que a “dupla entrada” na Polícia Militar produz implicações dentro da corporação no que tange a diferenciação de salários, poder, prestígio e expectativas de ascensão entre praças e oficiais. 
Tanto os candidatos à praça quanto a oficial se submetem a concurso público, porém são realizados em momentos diferentes. 
Aprovado no concurso, o recruta realiza um curso cuja tempo de duração pode variar. 
Após o Curso de Formação, o indivíduo assume a graduação de soldado, na qual deverá permanecer durante 9 a 15 anos, dependendo de qual Polícia Militar pertença, enquanto o tempo médio para promoção de um oficial de 2º para 1º tenente pode ser de apenas dois anos. 
Normalmente, os critérios de promoção são: 
Meritocrático;
Por tempo de serviço;
Por cursos realizados;
Por bravura e “post-mortem”.
O candidato a oficial aprovado em concurso realiza o Curso de Formação de Oficiais, com duração média de 3 anos em regime de internato. Durante esse tempo, além do conteúdo programático do curso, o aluno oficial “aprende” a ser policial militar, conforme destacam Caruso, Patrício e Pinto (2010).
Vale destacar que o processo de ensino e aprendizagem, em uma instituição que carrega a marca militarista implica, sobretudo, na internalização do ethos militar, isto é, na disciplinarização dos alunos às regras deste mundo, buscando efetivamente distanciá-lo das marcas que carregam do mundo civil. (p. 110).
Além dos cursos de formação, a questão salarial e a cobrança disciplinar também distanciam esses dois grupos de policiais. 
Ressaltando que, salvo algumas exceções, o indivíduo que entra na corporação como praça não ascende a oficial. 
De forma geral, no que se refere à formação profissional, é corriqueiro ouvir tanto de praças quanto de oficiais que “a prática é outra coisa” evidenciando um saber que se adquire nas ruas que não apenas se sobrepõe ao conhecimento adquirido nas aulas do curso de formação, mas o desqualifica.
Vários autores identificam a dissonância entre o saber prático e teórico, para Caruso, Patrício e Pinto (2010) isso decorre de uma “inversão de prioridades”, enquanto na formação a ênfase no “cumprimento da ritualística militar”, na execução do policiamento o foco é o “desempenho profissional”.
Além disso, a supervalorização do saber prático em detrimento do teórico através do “aprender fazendo” resulta na adoção de procedimentos próprios, por outro lado, o conhecimento das dinâmicas sociais pelos praças é comumente subutilizado pelos oficiais no planejamento das ações, evidenciando uma falta de integração dentro da própria instituição.
Matriz Curricular Nacional:
Visando à construção de cursos que dialoguem com as necessidades cotidianas, na perspectiva de polícia cidadã, a Secretaria Nacional de Segurança Pública elaborou a Matriz Curricular Nacional, que esta sendo utilizada como base para os cursos de Policia nas 27 Unidades Federativas. 
Nesse sentido, seria oportuno avaliar a forma de incorporação e o impacto da adoção da Matriz Curricular na formação e exercício profissional dos policiais militares.
Controle Interno e Externo da Polícia Militar:
O trabalho policial possui a especificidade da prerrogativa do uso comedido da força física, o que torna indispensável à existência de mecanismos de controle interno e externo da sua atividade.
Controle interno: 
É realizado pela Corregedoria da Polícia Militar, formada pelos próprios policiais e tem a atribuição de investigar desvio de condutas.
Controle externo: 
É realizado pelas ouvidorias de polícia, que são normalmente criadas pelos governos estaduais e coordenada por integrantes da sociedade civil.
O Ministério Público também é responsável pelo controle externo daspolícias.
Tanto a Ouvidoria quanto a Corregedoria são mecanismos capazes de identificar e punir desvio de condutas, mas também são capazes de abrir o debate e democratizar as políticas públicas de segurança pública.
A ouvidoria de polícia é um recurso da sociedade para investigar desvio de conduta policial, porém, para ser eficaz, é necessário ter autonomia política e funcional. 
Em uma pesquisa publicada em 2003 (Lemgruber, Musumeci e Cano), indicava que, devido à falta de estrutura e autonomia, denúncias recebidas pela Ouvidoria de Polícia eram remetidas aos Batalhões de Polícia Militar para serem investigadas pelos próprios policiais, o que comprometia sobremaneira o resultado da denúncia.
Aula 04
Polícia Civil no Brasil.
A Polícia Civil está prevista, na Constituição Federal de 1988, no artigo 144, como força policial estadual com funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais (exceto as militares) estando subordinada aos governadores dos estados e Distrito Federal, que são os responsáveis por definir a sua estrutura organizacional, resultando em Polícias Civis com características diferentes.
A Polícia Civil atua depois da ocorrência de um fato que se supõe ser um crime. Cabendo a ela a função de investigar e realizar o inquérito policial.
Investigação e o inquérito policial:
O “fato” (supostamente crime ou contravenção) chega à Polícia Civil, principalmente, através de um denunciante ou queixoso, do encaminhamento de um suspeito detido pela Polícia Militar, Guarda Municipal, ou ainda, decorrente da investigação da própria Polícia Civil.
Diante disso, a Polícia Civil realiza o registro do Boletim de ocorrência, no qual converte o fato narrado em linguagem jurídica.
Atenção:
O BO não necessariamente se transformará em inquérito policial, não raro são realizadas “verificações de procedência da informação”, ou seja, investigações preliminares que definirão se o registro progredirá para um inquérito policial ou não.
Como durante a realização do inquérito ainda não há a acusação, esse procedimento de busca pela “verdade dos fatos”, é unilateral da ação policial (inquisitorial), podendo ser realizado em segredo, sem o conhecimento do investigado, não tendo, portanto, a possibilidade do “contraditório”, que é um dos princípios assegurados ao indiciado durante o processo judicial (Kant de Lima, 1999).
O inquérito policial visa à sistematização de indícios e provas da culpa do suspeito.
No Brasil, é comum dizer que a confissão é a “rainha das provas”, que explicita a percepção da supremacia da oralidade sobre outras formas de produzir ou encontrar provas, o que, está relacionado à tolerância histórica a procedimentos informais e ilegais de pressionar a confissão do investigado.  
Ratton, Torres e Bastos (2011) a partir dos relatados dos policiais pernambucanos identificaram os principais desafios à realização do inquérito policial.  
A principal é a “lei do silêncio”, que, sob a égide do medo e ameaça, impede que testemunhas relatem crimes, principalmente em áreas onde a presença do estado é frágil, e como a investigação está centrada nas provas testemunhais, resulta em baixa elucidação de crimes.
Outro desafio, segundo os policiais entrevistados, é a falta de recurso para informação que faz com que policiais transformem em estratégico, até mesmo essencial, a criação e a manutenção de uma rede de informantes, que são indivíduos situados em lugares estratégicos e que “colaboram” com o policial fornecendo-lhe informações sobre criminosos, a partir de uma relação pessoal e de confiança entre informante e o agente de polícia.
Atenção:
A escassez e a demora nos laudos periciais para embasar o inquérito também foi uma dificuldade apontada. Outro ponto levantado pelos entrevistados foi o ordenamento jurídico permitindo que o suspeito “minta” durante a oitiva, o que geraria desperdício de tempo dos policiais, uma vez que se a lei possibilita o suspeito mentir é “natural” que ele mentirá para se proteger, nessa lógica ele só estaria falando a verdade se confirmasse as suspeitas dos policiais.
Política de segurança operacional:
Embora a Polícia Civil seja subordinada ao executivo estadual, durante a realização do inquérito policial, como um procedimento judiciário policial, ela se submete a solicitações do judiciário por novas diligências policiais. 
Esse inquérito será encaminhado ao Ministério Público, no qual o promotor aceitará a denúncia iniciando, então, o processo judicial (podendo ainda, ser devolvido à Polícia Civil solicitando mais informações sobre o caso). O inquérito – realizado de forma inquisitorial, sem a ampla defesa e o contraditório – fornece ao processo judicial indícios e provas que contribuem para que o juiz possa se convencer da culpa ou não do acusado.
O Policial Civil:
A Polícia Civil tem o recurso humano composto por delegados de polícia – que são, pelo menos, bacharéis em Direito e responsáveis pela coordenação do trabalho policial nas delegacias ou distritos policiais – e investigadores, inspetores, agentes, carcereiros, guardas prisionais, auxiliares técnicos de Polícia Civil, comissários, escrivães – conforme a unidade da federação. 
 
Em pesquisa sobre o currículo de formação profissional da Polícia Civil do Rio de Janeiro, apontou que há predomínio dos aspectos normativo-legais da Polícia Judiciária, com ênfase no Direito Penal e rotinas das Delegacias de Polícia, e ausência de disciplinas que focam o desenvolvimento de habilidades interpessoais, evidenciando, segundo Paula Poncioni (2007, p.60) “uma concepção do trabalho policial em uma perspectiva exclusivamente legalista, sugerindo que as atividades desenvolvidas pelo policial civil se restringem ao trato meramente técnico de execução plena da lei”.
As Delegacias de Polícia Civil:
A Secretaria Nacional de Segurança Pública realizou uma pesquisa sobre o perfil da Polícia Civil no Brasil, e conseguiu mapear as diferenças existentes entre as estruturas organizacionais das polícias judiciárias. 
A começar pela relação entre número de delegacias por habitantes pelas unidades da federação.  
Assim, no Rio de Janeiro, há 1 delegacia para 93.137 habitantes, enquanto em 10 estados há 1 delegacia para 20 mil habitantes ou menos.
15% das delegacias brasileiras são especializadas, sendo que, nesse universo as principais são: especializadas no Atendimento à Mulher (correspondendo à aproximadamente 27%), Criança e Adolescente (10%), Entorpecentes (9%), Operações Especializadas (7%), Idoso (6%) e Homicídio (6%).
Atenção:
Embora seja uma tendência à desativação das carceragens, as delegacias de polícia de sete estados declararam que possuem mais da metade das delegacias com carceragem, o que, na maioria dos casos, desloca o policial civil do trabalho de investigação para a guarda de presos.
Perícia Criminal:
Em 11 unidades federativas, a perícia criminal está subordinada à Polícia Civil, de forma que, nesses estados, os peritos criminais também fazem parte do quadro da Polícia Civil. 
 Ainda há pouca informação sobre a Polícia Técnico-Científica que trabalha normalmente em três grandes áreas: Criminalística, Medicina Legal e Identificação.
No mapeamento da perícia criminal, feito pela Secretaria de Segurança Pública, chamou atenção dos pesquisadores às informações sobre a escala de trabalho e a ausência de previsão de tempo para confecções de laudos, havendo um grande número de laudos pendentes em quase todos os estados. As escalas de trabalho variam entre os estados, sendo que em algumas, basta o perito ir uma vez por semana.
Atenção:
Na maioria das polícias civis brasileiras o sistema de registro de ocorrências é informatizado, gerando um banco de dados, porém 14% das delegacias não tem acesso à internet e menos da metade das polícias civis têm seu sistema de registro integrado ao da Polícia Militar.
Os dados e a informação:
A natureza do trabalho da Polícia Civil faz com que a informação seja de extrema validade. A base de dados das delegacias deveria ser um importante instrumentopara a realização das investigações.
Na polícia civil, os policiais que atuam na ponta sabem muito; a instituição (quase) nada sabe. Isso significa que a instituição carece de conhecimento qualificado sem o qual não há gestão: falta diagnóstico, planejamento, avaliação e monitoramento. Quando há dados confiáveis, as dinâmicas criminais podem ser bem descritas e, em parte, antecipadas, dada a regularidade que caracteriza estes fenômenos sociais. Antecipadas, podem ser evitadas. Desde que haja planejamento em lugar de reatividade, do voluntarismo instado pela mídia ou da inércia que apenas repete padrões.
A afirmação anterior aponta para vários desafios colocados para o aperfeiçoamento do trabalho da polícia judiciária. Investigadores, inspetores e agentes dominam o conhecimento sobre a dinâmica criminal e social de uma localidade que, não raro, não subsidia o planejamento da ação policial da sua própria delegacia, não alimenta a atuação da Polícia Militar nem é compartilhada com outras unidades da Polícia Civil, em suma, torna-se um conhecimento particular e intransferível do policial – a informação pertence ao policial e não a Polícia.
Embora muitas polícias civis já contem com um sistema informatizado de dados ainda falta aperfeiçoar esse processo e estabelecer uma cultura de produção de conhecimento, ou seja, interpretar dados transformando-os em informação. Não raro, a “produção de informação” através da informatização do sistema tem se limitado a publicização do número de registro de ocorrências, pouco se sabe do fluxo da denúncia e das dinâmicas criminais.
A falta de uma discussão aprofundada sobre a produção de dados e informação causa uma ausência de padronização que possibilite a troca de informação e a comparação entre os estados, uma vez que cada unidade da federação adota categorias, metodologias e procedimentos próprios para registrar, organizar e quantificar a criminalidade a partir do trabalho da Polícia Civil.
Controle Interno e Externo:
A Corregedoria da Polícia Civil, através de uma equipe de policiais, é responsável pelo controle interno, enquanto a Ouvidoria, normalmente coordenada por um não policial, é responsável pelo controle externo da atividade policial.
Nos dois órgãos, o objetivo é investigar desvio de condutas.  
A Ouvidoria e a Corregedoria são mecanismos capazes de identificar e punir desvio de condutas, com potencial para provocar o debate sobre as diretrizes políticas para a segurança pública.
AULA 05
As Guardas Municipais no Brasil.
A CRFB de 1988 lista a Guarda Municipal entre os órgãos responsáveis por prover a “preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio”, através do artigo 8º, cuja redação é “Os municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei”.
Esse artigo – que aguarda regulamentação – fomentou o debate sobre o papel dos municípios na Segurança Pública. Até então, as questões relacionadas à Segurança Pública eram identificadas como “problema” dos estados – mais especificamente da Polícia Militar, porém, com esse debate, as responsabilidades são repensadas, desencadeando a discussão sobre governança local como uma forma de gestão de políticas públicas em uma perspectiva horizontal, fundada na cooperação e construção de consensos entre diferentes agências e atores a partir do diálogo, negociação e confiança.
Reforçando essa perspectiva, o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) proposto no Plano Nacional de Segurança Pública, em 2002, foi concebido para racionalizar os recursos existentes nos três níveis de governo, incluindo, dessa forma, os municípios no debate e gestão da Segurança Pública. 
Com o SUSP pretende-se realizar a reforma e o avanço qualitativo da Segurança Púbica através da integração, interação, diálogo e troca de informação entre os órgãos de Segurança Pública.
Atenção:
Vale a pena acrescentar que o Gabinete de Gestão Integrada foi originalmente concebido pelo Governo Federal como instrumento operacional do Sistema Único de Segurança Pública, que deveria, em um primeiro momento, ser implementado pelos estados “como um fórum deliberativo e executivo, além de espaço de diálogo, produção de consensos, identificação de prioridades comuns, formulação de pautas que pudessem ser compartilhadas e celebração de acordos em torno de medidas e/ou ações conjuntas ou complementares voltadas para a segurança pública”. (Soares, 2009, p. 262).  
Mais tarde, observou-se o potencial da efetivação dos gabinetes de Gestão Integrada da Segurança Pública em âmbito municipal, que, conservando as características originais, atuaria a partir do recorde local, garantindo mais proximidade às demandas da população.
A participação dos municípios na Segurança Pública:
A participação das prefeituras na área da Segurança Pública, de forma geral, ainda é tímida no Brasil. Observa-se que, em municípios com relevantes taxas de óbitos por agressões externas, as prefeituras tendem a assumir responsabilidades, em graus variados, na Segurança Pública local.
Não raro, essa mobilização do gestor municipal é decorrente de pressão social por respostas à violência e criminalidade na cidade.
A Tabela 1 apresenta alguns dados numéricos sobre gestão e organização das cidades coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e disponibilizados na Pesquisa de Informações Básicas Municipais 2009 (FBSP, 2010), que mostram como ainda é insipiente a participação dos municípios na Segurança Pública.
O investimento em montagem de guardas municipais com uma atuação diferenciada da Polícia Militar tem apresentado bons resultados na manutenção da ordem pública com respeito à cidadania, conforme o exemplo de Diadema (SP).
As guardas municipais têm assumido atribuições importantes para a vida de um município ao atuar na proteção de bens, serviços e instalações municipais, segurança de eventos, autoridades e do público, como auxílio ao público, ronda escolar, patrulhamento ostensivo e de vias públicas (Patrício, 2008).
Guarda Municipal:
A Constituição de 1988 (artigo 144, parágrafo 8º) possibilita a atuação da Guarda Municipal na “proteção de bens, serviços e instalações do município”. A CF 1988 embora inclua o município na área da Segurança Pública, confere uma possibilidade limitada de atuação tanto para o município quanto para a Guarda Municipal. 
Mas a despeito do que traz a carta magna, alguns municípios têm apresentado arranjos e soluções locais para enfrentar a violência urbana em sua dimensão multicausal, e uma delas é a ampliação da atuação da Guarda Municipal visando a atender às necessidades da municipalidade.
Dessa forma, as Guardas municipais estão sendo empregadas de acordo com a decisão do gestor local, que se baseia em uma compreensão “elástica” do termo “proteção de bens”.
Assim, conforme ressalta Luciane Patrício (2008), a ausência da regulamentação específica quanto a sua estruturação resulta em implicações de ordem estrutural, identitária e atuação, possibilitando o debate sobre a mudança do marco legal.
Identidade da Guarda Municipal:
A construção da identidade da Guarda Municipal sofre influência da Polícia Militar, enquanto polícia ostensiva – seja por oposição ou imitação. O que é intensificado quando a GM é chefiada por indivíduos oriundos da Polícia Militar, que, não raro, reproduzem a forma de organização dessa polícia na Guarda Municipal, inclusive com a ênfase à ritualística militar.
Segundo dados do IBGE, em 2006, 39,6% dos comandantes eram policiais militares, mas 23,5% por guarda municipal e 22,6% por civis não policiais.
Atenção:
Outro debate recorrente é sobre a utilização da arma de fogo pelas guardas, que, independente da autorização legal para o seu uso - dados do IBGE de 2006 - mostram que a maioria das guardas municipais brasileiras optou por não portar arma de fogo.
Número de Guardas Municipais por Estado:
A Tabela 2 sistematiza dados sobre as guardas municipais por unidade federativa, assim,é possível verificar que o maior número absoluto de GMs está no estado de São Paulo, enquanto nos 22 municípios do Acre não há nenhuma Guarda Municipal constituída.
Os municípios estão investindo timidamente em órgãos de controle interno e externo das GMs.
É importante ressaltar que, para a consolidação da democracia e a garantia dos respeitos aos direitos civis, é imprescindível investigar e punir condutas irregulares ou ilegais dos guardas através de ouvidoria (controle externo) e corregedoria (controle interno) fortes e estruturadas adequadamente.
Formação profissional dos guardas:
Em relação à formação profissional, segundo dados de 2009 (IBGE), 472 guardas municipais realizam na ocasião do ingresso treinamento e capacitação do efetivo, 351 oferece treinamento ou capacitação periodicamente e 165 ocasionalmente, sendo que o conteúdo programático de 554 guardas municipais prevê disciplinas de Direitos Humanos.
No universo das 865 guardas municipais, 159 não treinam nem capacitam seu efetivo, que é um dado que merece atenção.
Vale mencionar que a Secretaria Nacional de Segurança Pública elaborou a Matriz Curricular Nacional para Guardas Municipais para subsidiar os municípios na montagem dos programas de formação e qualificação dos guardas municipais.
AULA 06
Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Federal e Segurança Privada.
De acordo com artigo 144 da Constituição Federal (CF 1988), os seguintes órgãos fazem parte da Segurança Pública do nosso país:
Polícia Federal;
Polícia Rodoviária Federal;
Polícia Ferroviária Federal;
Polícia Civil;
Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militares.
Polícia Federal:
A Polícia Federal foi instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União. É uma instituição estruturada em carreira.
Atuação:
Prevista no parágrafo 1º, incisos I, II, III e IV do artigo 144 da Constituição Federal.
Inciso I:
Apura as infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual e exija repressão uniforme, de acordo com a lei.
Exemplos:
Crime político, assalto ao Banco Central, assalto à  veículo dos Correios.
É o órgão da segurança pública responsável pelas investigações, mesmo que a polícia militar estadual seja o primeiro órgão da segurança pública a chegar ao local e até prenda o criminoso no local do crime.
Inciso II:
Prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência.
Exemplos:
Plantação de canabis sativa, no meio da floresta amazônica.
Empresa de fitoterápicos que na verdade é um laboratório para refinar cocaína.
Inciso III:
Exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras (seja pelo ar, pelo mar ou pela terra).
Inciso IV:
Exercer com exclusividade as funções de polícia judiciária da União.
Polícia Rodoviária Federal:
Com previsão no parágrafo 2º do Artigo 144, da Constituição Federal, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) é um órgão permanente, organizado e mantido pela União.  Estruturada em carreira sendo destinada ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.
Atenção:
As rodovias que são administradas pela União são consideradas federais, já as administradas pelos Estados do nosso país são estaduais.
Patrulhar significa:
Vigiar com patrulha, rondar com patrulha, isto é, tomar conta de tudo o que se passa pelas rodovias. O termo vem do idioma francês patroviller.
Ao observarmos os policiais rodoviários federais dentro das viaturas policiais em deslocamento nas rodovias federais, podemos afirmar que eles estão realizando o patrulhamento nas rodovias federais.
Blitz:
Tem o objetivo de verificar a situação dos veículos que transitam na rodovia federal.
Esses policiais são os responsáveis por verificar se a documentação do motorista está em dia, se a carga levada por ele é permitida pela legislação vigente etc.
Polícia Ferroviária Federal:
Com previsão no parágrafo 3º do Artigo 144, da Constituição Federal, a Polícia Ferroviária Federal (PFF) é um órgão permanente, organizado e mantido pela União. Possui o papel de patrulhar ostensivamente as ferrovias federais.
Atenção:
Com a privatização das ferrovias brasileiras em 1996, o seu efetivo foi reduzido de 3.200 para 1.200 policiais em todo o país, para fiscalizar cerca de 26 mil quilômetros de trilhos, destinados ao transporte de cargas.
História:
A Polícia Ferroviária Federal foi criada na época do Império, em 1852, pelo Imperador D.Pedro II. 
 
Nessa época, o Imperador já se preocupava com a segurança nas ferrovias, local por onde eram transportadas as nossas riquezas.
Vale a pena recordar que no Império não havia rodovias para o transporte de mercadoria. 
Por isso, todo o comércio era realizado pelo mar ou pela linha férrea.
Na década de 1960 as rodovias eram a prioridade no nosso país e por esse motivo havia uma atenção especial à construção delas na época. 
 Já na República os automóveis eram mais ágeis do que os trens. E os ônibus ainda levavam os passageiros a qualquer lugar, ganhando uma grande vantagem em relação aos trens, já que os passageiros não precisariam mais ter o incômodo de se deslocar até a estação de trem para embarcar.
A Lei Federal nº 8028/90 dispõe sobre a organização da Presidência da República e dos Ministérios.
Em seu artigo 19, a lei trata dos Ministérios Civis, e em seu inciso I, letra b, aborda especificamente a Polícia Ferroviária Federal.
Artigo 19, inciso I, letra b da Lei nº 8028/90: 
Os assuntos que constituem área de competência de cada Ministério Civil são os seguintes: 
I – Ministério da Justiça:
a – (...) 
b – segurança pública, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Federal e Distrito Federal.
Ao analisar esse inciso entendemos que a Polícia Ferroviária Federal, com as demais Polícia Federais (Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal), faz parte do Ministério da Justiça.
1996:
Neste ano houve a privatização da malha ferroviária. O efetivo que girava em torno de 3.800 (três mil e oitocentos funcionários) é reduzido para em torno de 1.200 (mil e duzentos).
2003:
Com a edição da Lei nº 10.683, de 28 de maio de 2003, a Polícia Ferroviária Federal deixou de ser parte do Ministério da Justiça.
2011:
De acordo com a Lei nº 12.462/11, os funcionários da Segurança Pública Ferroviária oriundos do grupo Rede, Rede Ferroviária Federal (RFFSA), da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e da Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre (TRENSURB), que estavam em exercício em 11 de dezembro de 1990, passaram a integrar o Departamento de Polícia Ferroviária Federal do Ministério da Justiça.
2012:
A portaria nº 76, de 13 de janeiro de 2012, dando continuidade à Lei nº 12.462/11 que já estudamos, busca corrigir a situação na qual se encontra a categoria. 
Nesta portaria temos a relação nominal dos profissionais da Segurança Pública Ferroviária que exerciam a função em 11 de dezembro de 1990 na Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), Empresa de Trens de Porto Alegre (TRENSUB) e da Rede Ferroviária Federal (RFFSA).
Segurança Privada:
A vigilância patrimonial, o transporte de valores, a escolta armada, a segurança pessoal e os cursos de formação de segurança privada são regidos por legislação própria, fiscalizados pela Polícia Federal.
Legislação sobre segurança privada:
Lei nº 7102/83:
Dispõe sobre segurança para estabelecimentos financeiros. Quando você vai ao banco não imagina que toda segurança privada daquele estabelecimento é regido por uma lei própria e fiscalizada pela Polícia Federal, não é mesmo?
Decreto nº 89056/83:
Regulamenta a Lei nº 7.102/83 que dispõe sobre a segurança privada.
Normas e Orientações:
Além da legislação, a Polícia Federal possui normas e orientações a respeitoda segurança privada:
Pareceres, Portarias, Despachos, Mensagens Circulares, Modelos e Formulários, Manual do Vigilante.
Portarias:
Portaria 30568/13 - dispõe sobre modelos e a forma de confecção, controle e emissão de certificado de segurança e dá outras disposições.
Portaria 30544/13 - dispõe sobre o prazo de prorrogação de validade do protocolo de requerimento da carteira nacional de vigilante.
Portaria 12620/12 - dispõe sobre o credenciamento de instrutores dos cursos de formação de segurança privada.
Portaria 30491/13 - dispõe sobre o emprego dos meios de comunicação nas viaturas e entre os agentes de segurança privada.
Portaria 3233/12 - dispõe sobre a atividade de segurança privada armada ou desarmada.
Portaria 346/06 - dispõe sobre o sistema de gestão econômica da segurança privada.
AULA 07
Os órgãos do sistema de justiça criminal brasileiro.
O sistema de justiça criminal brasileiro é composto de órgãos que visam analisar adequadamente o delito cometido, oferecendo uma sentença justa, de acordo com a legislação em vigor.
Ministério Público;
Tribunal de Justiça;
Defensoria Pública.
A articulação destes órgãos é essencial para que haja uma boa resposta em percentuais dos casos que foram registrados nos órgãos policiais e que efetivamente chegaram a uma sentença.
Atenção:
Muitas pesquisas são realizadas visando verificar o percentual das ocorrências policiais que chegam a ser esclarecidas, com um julgamento e uma sentença.
Sabemos que os resultados são alarmantes. O trabalho realizado pela Doutora em Sociologia pelo IUPERJ Ludmila Ribeiro e pela Mestra em Sociologia pela UFMG Klarissa Silva intitulado Fluxo do sistema de justiça criminal brasileiro: Um balanço da literatura mostra esta realidade.
O policial militar prendeu o indivíduo que armado assaltou os passageiros do ônibus de viagem Ilhéus/Santarém;
A ocorrência é encaminhada à Delegacia Policial da área do crime. O inquérito policial é feito pelo o delegado de polícia;
O Ministério Público denuncia o caso;
O preso que não tem advogado, é assegurado um defensor público, de acordo com o artigo 5º, inciso LXIII da Constituição Federal de 1988;
O juiz julga o crime e elabora a sentença condenatória;
Condenado, o indivíduo vai para a cadeia.
Ministério Público:
Atualmente há uma discussão, veiculada pela mídia, na tramitação do PEC, que versa sobre a investigação realizada pelos membros do Ministério Público. 
Este projeto tem o objetivo de limitar o poder de investigar os crimes do Ministério Público, cabendo aos órgãos policiais a investigação.  
De acordo com o artigo 127, da Constituição Federal/88 o Ministério Público é uma instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado. Cabe ao Ministério Público a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais disponíveis. É um órgão com previsão constitucional.
É o órgão que defende todos os interesses da sociedade e fiscaliza a aplicação e a execução da lei. É um órgão que age com imparcialidade em defesa da sociedade.
Na União e Estados:
De acordo com o artigo 128 da CF/1988, o Ministério Público abrange o Ministério Público da União e Ministério Público dos Estados.
Ministério Público da União tem os seguintes órgãos:
Ministério Público Federal;
Ministério Público do Trabalho;
Ministério Público Militar;
Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.
Os Estados-membros elaboram leis orgânicas dos Ministérios Públicos locais.
Função do Ministério Público:
Constitucionalmente as funções do Ministério Público estão descritas no artigo 129, da Magna Carta. 
Não é apenas uma, mas são várias as funções do Ministério Publico.
Somente os integrantes de carreira podem exercer as funções do Ministério Público, isto é, não existe a figura do Promotor ad hoc. Em outras palavras significa dizer que o Promotor de Justiça não pode ser substituído por outro profissional para exercer as funções a ele inerentes.
Promover privativamente a ação penal pública;
Zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública;
Promover o inquérito civil e a ação civil pública, visando à proteção do patrimônio público, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;
Promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos estados, de acordo com a previsão da Magna Carta;
Expedir notificações e requisitar informações e documentos;
Defender os índios;
Exercer o controle externo da atividade policial;
Requisitar diligências investigatórias e instaurar inquérito policial; e,
Exercer outras funções, desde que compatíveis com sua finalidade.
Podemos notar que o Ministério Público é o fiscal da lei.
Ao analisarmos a área de atuação do Ministério Público do Trabalho podemos afirmar que este órgão é o fiscal da lei, não diferente do que ocorre nos demais órgão que fazem parte do Ministério Público da União.
Áreas de atuação do parquet:
O trabalho ilegal das crianças e adolescentes;
Contra o trabalho escravo; 
O trabalho escravo ainda é um problema em nosso país. Não só nas pequenas cidades, mas também nas grandes cidades.
Promoção de igualdades na área trabalhista;
Trabalho rodoviário e ferroviário;
Fraudes trabalhistas;
Meio ambiente do trabalho;
Liberdade Sindical.
Tribunal de Justiça:
O Tribunal de Justiça é o órgão de cúpula do Estado. Cada Estado-membro possui apenas um Tribunal de Justiça.  
A Constituição Federal/1988 garante a autonomia administrativa e financeira aos Tribunais de Justiça, ou seja, o Tribunal de Justiça se organiza administrativamente criando suas secretarias e demais serviços auxiliares.  
Na garantia de autonomia financeira, o Tribunal de Justiça elabora sua proposta orçamentária.  
A Constituição Federal designa os artigos 96 e 99 para os Tribunais de Justiça dos Estados.
O Poder Judiciário:
A Constituição Federal/1988 destina a totalidade do Capítulo III, dos artigos 92 ao 126 ao Poder Judiciário.
O Supremo Tribunal Federal é a corte máxima do país. 
O Conselho Nacional de Justiça foi incluído como órgão do Poder Judiciário pela Emenda Constitucional nº 45, de 08 de dezembro de 2004.
Atualmente há uma discussão, veiculada pela mídia, na tramitação do PEC que versa sobre a ampliação dos Tribunais Regionais Federais, passando de cinco para nove Tribunais Regionais Federais. 
Os Tribunais Regionais Federais são órgãos de segunda instância da Justiça Federal. 
Todos os conflitos são julgados pelos órgãos Poder Judiciário, transformados em processos judiciais e tramitam nos Tribunais e não são poucos, por este motivo há atraso, a solução demora quase sempre anos.
Os Juízes:
A Constituição Federal designa em favor aos juízes para que possam exercer a função jurisdicional algumas garantias funcionais.
Garantias funcionais:
Vitaliciedade:
É a garantia de permanência e definitiva no cargo, ou seja, a vinculação do juiz ao cargo para o qual foi nomeado.
Inamovibilidade:
É a garantia de permanência do juiz no cargo que foi nomeado, ou seja, nem o Governador do Estado pode remover o juiz do local onde trabalha.
Irredutibilidade de Vencimentos:
É a garantia de padrão e vantagens, ou seja, os vencimentos dos juízes não podem sofrer diminuição de valores.
Tribunal do Júri:
A Constituição Federal de 1988, no artigo 5º, inciso XXXVII, prevê a garantia do julgamento pelo tribunal do júri, nos crimes dolosos contra a vida, assegurando a plenitude de defesa, o sigilo das votações e a soberania dos veredictos. A vida é o bem maior que temos. 
O constituinte assim demonstra ao instituir o tribunal do júri para julgar os crimes dolosos contra este bem maior.
Como são escolhidos os membros que compõe o tribunal do júri?
Por pessoas de reputação ilibada e com profissão estabelecida, não sendo necessário ser bacharel em direito. Uma relação com os nomes destas pessoas é confeccionada e após, realizado o sorteio para compor o tribunal do júri.
Motivo da criação dos JuizadosEspeciais Criminais?
Cenário do judiciário antes da criação:
O grande número de ações com crimes ou contravenções de menor potencial ofensivo emperrava a máquina judiciária. 
O cenário era alarmante, não havia uma boa resposta por parte do judiciário; o réu na ação geralmente era beneficiado, pois o crime era prescrito ou a absolvição era declarada pela dificuldade de se fazer provas suficientes. 
Algo não estava correto, como pode o réu ser beneficiado e a vítima prejudicada ou o autor da ação lesado?
Era preciso dar agilidade ao judiciário. Alguma providência deveria ser tomada, caso contrário seria um estímulo à impunidade. O ofendido não poderia continuar nesta situação.
A instituição dos Juizados Especiais:
A Constituição Federal de 1988, Artigo 98, inciso I: 
Os constituintes, em 1988, perceberam que algo deveria ser feito para mudar o cenário e como providência temos o artigo 98 instituindo os juizados especiais criminais e cíveis.  
A Lei 9099, de 26 de setembro de 1995, dispõe sobre os juizados Especiais Cíveis e Criminais.
Art. 98 – A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:
Juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados ou leigos, competentes para conciliação, o julgamento de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante o procedimento oral e sumaríssimo, permitido, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau.
Juiz leigo, o que é isto?
São geralmente bacharéis em Direito, mas nada impede que uma pessoa de conduta ilibada, que seja considerado um bom profissional seja um juiz leigo, como ocorre no Tribunal do Júri.  
Na função de conciliador, o juiz leigo proporciona celeridade à justiça. 
Os conciliadores são auxiliares da justiça, selecionados, na forma da lei local, não podendo exercer função na administração da Justiça Criminal, ou seja, para ser conciliador o indivíduo não pode trabalhar em uma das funções da justiça criminal (Parágrafo Único do art. 73 da Lei 9099).
Nas sentenças estipuladas no Juizado Especial Criminal, a punição do infrator ou criminoso não será com pena privativa de liberdade, vez que neste órgão apenas os crimes de menor potencial ofensivo são julgados.   
• Não julga as causas militares e nem as eleitorais. 
• É competente para a conciliação, o processo, o julgamento e a execução. 
• Vale ressaltar que muitos casos são resolvidos na fase da conciliação.
• Funciona com juiz togado ou juiz togado e leigo.
Menor potencial:
De acordo com a Lei 9099/95 os crimes de menor potencial ofensivo são aqueles cuja pena máxima prevista não seja superior a um ano.
Lei 10.259, de 12 de julho de 2001:
Dispõe sobre a instituição dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais no âmbito da Justiça Federal. Com o advento desta lei, no âmbito da justiça Federal, os crimes de menor potencial ofensivo são aqueles cuja pena máxima prevista não seja superior a dois anos. 
Lei n. 10.741, de 1.º de outubro de 2003:
Dispõe o Estatuto do Idoso, em seu art. 94, determina o seguinte: os crimes cuja pena máxima privativa de liberdade não ultrapasse quatro anos, aplica-se o procedimento previsto na Lei n. 9.099, de 26 de setembro de 1995, e subsidiariamente, no que couber, as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal.
Estrutura jurídico-política brasileira:
A Constituição Federal de 1988 prevê, no artigo 5º, incisos LIII e LXI a garantia do juiz competente, segundo a qual ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente e nem preso senão por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente (juiz de direito), salvo flagrante delito e nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar definido em lei.
Incisos LIII:
Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente.
Inciso LXI: 
Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita ou fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definido por lei.
Garantia do Juiz competente:
É o juiz da causa. Uma causa cível não pode ser julgada pelo juiz militar e nem mesmo por um juiz eleitoral.
O princípio do juiz natural revela que apenas o juiz competente para a causa é o que pode apreciá-la, ou seja, no caso de um inquérito policial militar, envolvendo desvio de armas e munições.  
Qual será o juiz natural da causa? 
Qual será o juiz competente para julgar a causa? 
A resposta será a mesma para ambas as perguntas, será o juiz militar.
O Processo Penal:
Todo o processo penal no território brasileiro é regido por um Decreto lei de número 3.689, de 03 de outubro de 1941, conhecido como Código de Processo Penal. 
A documentação anexada àquele volume de folhas, que pode ser: os depoimentos, as perícias realizadas, as petições dos advogados, e outros documentos pertinentes que vemos o juiz manusear, isto é o processo. 
O Inquérito Policial NÃO é um Processo. 
Atenção:
Um processo pode ter vários volumes, é o processo físico. Atualmente, podemos acompanhar o andamento de um processo através do site do Tribunal de Justiça. 
Vamos retornar ao nosso exemplo do ônibus de viagem Ilhéus/Santarém.
Quando o Delegado de Polícia elabora o Inquérito Policial, ele prepara um procedimento administrativo informativo com todos os elementos necessários para a propositura da ação penal.
 
Depois de findo o Inquérito Policial ele é encaminhado ao Ministério Público e será analisado por um promotor de justiça. 
Cabe ao Promotor de Justiça analisar o Inquérito Policial e oferecer a denúncia ou não.
A Constituição Federal, no artigo 5º, inciso LIV prevê a garantia do devido processo legal, isto é, sem processo adequado ninguém será preso. Para o réu, em um processo penal, ser preso, todo o processo tem que está de acordo com a legislação vigente. É um direito constitucional. 
Artigo 5º, inciso LIV: 
Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.
Defensoria Pública:
De acordo com a Constituição Federal de 1988, no artigo 134, a Defensoria Pública é instituição essencial à função jurisdicional do Estado e tem como missão a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados, na forma do artigo 5º, inciso LXXIV. 
É a instituição atende as pessoas de baixa renda, em busca da cidadania.
O constituinte, visando que o acesso à justiça seja a regra, proporcionou aos que carecem de recursos financeiros para contratar um advogado, um defensor público.
É garantia constitucional o direito da ampla defesa e do contraditório. 
Porém, para ter a defesa ampla e produzir o contraditório se faz necessário um advogado ou um defensor, ou seja, um profissional da área da causa que você pleiteia.
Assistência jurídica integral e gratuita:
A Constituição Federal de 1988, no artigo 5º, inciso LXXIV prevê assistência jurídica integral e gratuita para todos que provarem insuficiência de recursos financeiros. 
A atuação do defensor público é, em todos os graus e de acordo com o artigo 134, da Constituição Federal/1988.
O defensor público atua nas seguintes instâncias:
Justiça Federal;
Justiça Militar;
Justiça Eleitoral;
Justiça do Trabalho;
Tribunais Superiores;
Supremo Tribunal Federal; e,
Juizados Especiais Federais.
AULA 08
O Sistema de Segurança Pública e a Justiça Criminal no Brasil.
Os melhores resultados obtidos por ambos os sistemas, torna possível alcançar a justiça que tanto almejamos. 
Justiça realizada é a satisfação do povo.
Não raro, ao assistirmos, diariamente, ao noticiário televisivo e lermos os periódicos, percebemos famílias que ao perderem seus entes queridos, pedem às autoridades locais que seja feita a justiça ou pessoas que perdem seus bens, em consequência de roubo ou furto, clamam neste sentido.
Os cartórios estão repletos de processos, as polícias necessitam de efetivo maior, o número de defensores públicos está aquém da necessidade do

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