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Material de Apoio Direito Penal Nestor Távora Aula 11

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AGENTE, ESCRIVÃO E PERITO DA PF+PRF. 
Direito Penal. 
Prof.: Nestor Távora. 
Aula: 11. 
Monitor: Filipe Oliveira. 
 
 MATERIAL DE APOIO – MONITORIA 
 
 
Índice: 
I. Anotações. 
II. Lousa. 
III. Questões. 
I. ANOTAÇÕES. 
 
ITER CRIMINIS (CAMINHO DO CRIME) 
 
1. Conceito. 
2. Fases: 
 a. 1º fase: Cogitação. 
 b. 2º fase: Preparação. 
 c. 3º fase: Execução. 
 d. 4º fase: Consumação. 
3. Teorias para distinguir os atos preparatórios dos atos executórios: 
 a. Teoria da hostilidade ao bem jurídico (critério material). 
 b. Teoria objetivo-formal. 
 c. Teoria objetivo-individual. 
4. Estudo do crime consumado: 
 a. Conceito: o crime está consumado “quando nele se reúnem todos os elementos de 
sua definição legal” – art. 14, I do CP. 
 b. Classificação do crime em razão da consumação: 
 b.1. Crime material: é aquele que se consuma com a produção de um resultado 
exterior. 
 b.2. Crime formal: é aquele cuja lei descreve uma conduta e um resultado, mas 
o resultado não precisa ocorrer para que esteja consumado. Exemplo: a corrupção ativa está 
consumada com o oferecimento da vantagem indevida, independente da conduta a ser adotada 
pelo funcionário público que recebeu a oferta (art. 333 do CP). 
 b.3. Crime de mera conduta: a lei descreve apenas uma conduta e, quando ela 
é realizada, o crime se consuma. Exemplo: crime de desobediência: desobedecer a ordem legal 
de funcionário público (art. 330 do CP). 
 c. Classificação do crime quanto ao momento da consumação: 
 c.1. Crime instantâneo: é aquele que produz o resultado imediatamente após a 
consumação. Exemplo: homicídio. 
 c.2. Crime permanente: é aquele cuja consumação se prolonga no tempo. 
Exemplo: sequestro. 
 c.3. Crime habitual: é aquele que pressupõe a repetição de condutas para a 
consumação. Exemplo: curandeirismo. 
 ADVERTÊNCIA: Uma conduta isolada caracteriza fato atípico. 
5. Estudo do crime tentado (conatus; crime imperfeito; crime incompleto): 
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 5.1.. Conceito: é aquele que não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do 
agente (art. 14, II do CP1). 
 5.2. Teorias para punir a tentativa: 
 5.2.1. Teoria subjetiva/voluntarista/monista: 
 CONCLUSÃO: A tentativa deve ser punida da mesma forma que o crime 
consumado, pois o que vale é a intenção do agente. 
 5.2.2. Teoria objetiva/realística/teoria dualista: 
 CONCLUSÃO: A tentativa é apenada de forma mais branda, em razão da ofensa 
ao bem jurídico. 
 OBSERVAÇÃO 1: Adotamos, como regra, a Teoria Objetiva. 
 OBSERVAÇÃO 2: Em alguns crimes, a tentativa é punida da mesma forma que o 
crime consumado. 
 ADVERTÊNCIA: São os chamados crimes de atentado. Exemplo: votar ou 
tentar votar 2 vezes (art. 309 do Código Eleitoral). 
 5.3. Requisitos: 
 5.3.1. Início da execução; 
 5.3.2. Dolo de consumar o crime; 
 5.3.3. Não consumação por circunstâncias alheias a vontade do agente. 
 5.4. Consequência: em regra, o agente é sancionado com a pena do crime que 
desejava consumar, reduzida de 1/3 a 2/3. 
 OBSERVAÇÃO 1: Quanto mais próximo o agente chegar da consumação, menor será a 
redução. 
 OBSERVAÇÃO 2: Adequamos a conduta do agente de forma indireta ou mediata, 
conjugando o artigo do crime que ele pretendia consumar, com a forma tentada do art. 14, II 
do CP. 
 5.5. Classificação da tentativa: 
 5.5.1. Quanto ao percurso do iter criminis: 
 I. Tentativa imperfeita/inacabada: o agente não consegue praticar 
todos os atos executórios. Exemplo: atirador contido por populares. 
 II. Tentativa perfeita/acabada/crime falho: o agente pratica todos os 
atos executórios, mas não consegue consumar o delito. Exemplo: gasta todas as balas, mas a 
vítima não morre. 
 5.2.2. Quanto ao resultado produzido na vítima: 
 I. Tentativa incruenta/branca: nela a vítima não é atingida. Não temos 
dano quanto a integridade. 
 II. Tentativa cruenta/negra/vermelha: há produção de lesão na 
vítima. 
 5.6. Infrações que não admitem tentativa: 
 f.1. Contravenções penais; 
 f.2. Crimes culposos; 
 f.3. Crimes preterdolosos; 
 f.4. Crimes habituais; 
 f.5. Crimes omissivos próprios. 
6. Desistência voluntária: 
 
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CP. Art. 14 (...) 
Tentativa. 
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. 
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 6.1. Conceito: o agente inicia a execução, mas, mesmo podendo prosseguir até o fim, 
resolve, por ato voluntário, interromper o iter criminis (art. 15, 1º parte, do CP2). Exemplo: 
atira na vítima e, podendo prosseguir, guarda a arma e vai embora. 
 6.2. Consequência: o agente responde apenas pelos atos praticados. Exemplo: lesão 
corporal. 
 ADVERTÊNCIA: A pessoa não responde pela tentativa do crime que pretendia 
praticar. 
7. Arrependimento eficaz: 
 7.1. Conceito: o agente encerra os atos executórios e pratica uma nova conduta, 
impedindo a ocorrência do resultado (art. 15, 2º parte, do CP). Exemplo: socorre a vítima, 
evitando a morte. 
 7.2. Consequência: o agente só responde pelos atos praticados. 
 ADVERTÊNCIA 1: É necessário que exista voluntariedade. 
 ADVERTÊNCIA 2: Se a atuação não for eficaz, o agente responde pelo resultado. 
 ADVERTÊNCIA 3: A desistência voluntária e o arrependimento eficaz são 
comunicáveis aos demais delinquentes. 
ADVERTÊNCIA 4: Fórmula de Frank: na tentativa o agente quer consumar o 
crime, mas não consegue. Na desistência voluntária e no arrependimento eficaz, o 
agente pode consumar o delito, mas passa a não querer. 
8. Arrependimento posterior: 
 8.1. Conceito: é uma causa de diminuição de pena (1/3 a 2/3), aplicável aos crimes 
praticados sem violência ou grave ameaça à pessoa, onde o agente, por ato voluntário, repara 
o dano ou restitui a coisa antes do início do processo (art. 16 do CP3). 
 CONCLUSÃO 1: É importante destacar que o crime foi consumado. 
CONCLUSÃO 2: O processo se inicial com o recebimento pelo juiz da petição inicial. 
CONCLUSÃO 3: A petição inicial é chamada de denúncia ou queixa crime (art. 41 do 
CPP4). 
 8.2. Requisitos: 
 a. O instituto é cabível nos crimes praticados sem violência ou grave ameaça 
contra a pessoa; 
 ADVERTÊNCIA: Nada impede que exista violência contra a coisa. Exemplo: 
crime de dano. 
 b. A reparação do dano ou a restituição do objeto devem ser integrais, excluindo 
todo o prejuízo; 
 c. O ato deve ser voluntário; 
 d. O ressarcimento deve ocorrer antes do início do processo. 
 8.3. Consequência: o agente responde pelo crime praticado, com redução da pena de 
1/3 a 2/3. 
 8.4. Situação especial: o pagamento do cheque sem fundos antes do início do 
processo, extingue a punibilidade (Súmula 554 do STF5). 
 
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CP. Desistência voluntária e arrependimento eficaz. 
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se 
produza, só responde pelos atos já praticados. 
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CP. Arrependimento posterior. 
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a 
coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de 
um a dois terços. 
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CPP. Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas 
circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a 
classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. 
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9. Crime impossível: 
 9.1. Conceito: ele ocorre quando a conduta do agente jamais poderia levar o delito a 
consumação, seja pela absoluta
ineficácia do meio ou pela absoluta impropriedade do objeto 
(art. 17 do CP6). 
 CONCLUSÃO: A conduta do agente não é enquadrada como crime, sendo que ele não 
responde sequer pela tentativa. 
 9.2. Hipóteses: 
 a. 1º hipótese: Ineficácia absoluta do meio: é a escolha de um meio de 
execução que jamais levará à consumação. Exemplo: uso de arma de brinquedo para matar 
alguém; 
 b. 2º hipótese: Impropriedade absoluta do objeto: ocorre quando o objeto 
não é protegido pelo direito penal ou sequer existe. Exemplo: atirar em pessoa já morta; 
 c. 3º hipótese: Flagrante preparado/flagrante provocado/delito de 
ensaio/delito putativo (imaginado) por obra do agente provocador: segundo o STF na 
Súmula 1457, não se pode estimular a prática de delito com a finalidade de capturar as 
pessoas seduzidas, pois os fins não justificam os meios. 
 CONCLUSÃO: Em tal hipótese a prisão é ilegal e o fato praticado pela pessoa 
seduzida é enquadrado como crime impossível. 
 OBSERVAÇÃO 1: Flagrante preparado x Tráfico de substância 
entorpecente: tema da próxima aula. 
 
 
Sugestão bibliográfica feita pelo professor: 
 Sinopses para concursos, v.1, Direito Penal - Parte Geral, Autores: Marcelo André de 
Azevedo e Alexandre Salim, editora JusPodivm. 
 Sinopses para concursos, v.2, Direito Penal - Parte Especial, Autores: Marcelo André de 
Azevedo e Alexandre Salim, editora JusPodivm. 
 Sinopses para concursos, v. 3, Direito Penal – Parte Especial, Autores: Marcelo André de 
Azevedo e Alexandre Salim, editora JusPodivm. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Súmula 554 do STF: O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da 
denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal. 
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CP. Crime impossível. 
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade 
do objeto, é impossível consumar-se o crime. 
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Súmula 145 do STF: Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua 
consumação. 
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II. LOUSA. 
 
 
 
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III. Questões. 
01. Provas: CESPE - 2013 - Polícia Federal - Escrivão da Polícia Federal. 
No que concerne a infração penal, fato típico e seus elementos, formas consumadas e tentadas 
do crime, culpabilidade, ilicitude e imputabilidade penal, julgue os itens que se seguem. 
Considere que Aldo, penalmente capaz, após ser fisicamente agredido por Jeremias, tenha 
comprado um revólver e, após municiá-lo, tenha ido ao local de trabalho de seu desafeto, sem, 
no entanto, o encontrar. Considere, ainda, que, sem desistir de seu intento, Aldo tenha se 
posicionado no caminho habitualmente utilizado por Jeremias, que, sem nada saber, tomou 
direção diversa. Flagrado pela polícia no momento em que esperava por Jeremias, Aldo 
entregou a arma que portava e narrou que pretendia atirar em seu desafeto. Nessa situação, 
Aldo responderá por tentativa imperfeita de homicídio, com pena reduzida de um a dois terços. 
 
( ) Certo ( ) Errado 
 
02. Provas: FGV - 2013 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XII - Primeira Fase. 
Paula, com intenção de matar Maria, desfere contra ela quinze facadas, todas na região do 
tórax. Cerca de duas horas após a ação de Paula, Maria vem a falecer. Todavia, a causa mortis 
determinada pelo auto de exame cadavérico foi envenenamento. Posteriormente, soube-se que 
Maria nutria intenções suicidas e que, na manhã dos fatos, havia ingerido veneno. Com base na 
situação descrita, assinale a afirmativa correta. 
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a) Paula responderá por homicídio doloso consumado. 
b) Paula responderá por tentativa de homicídio. 
c) O veneno, em relação às facadas, configura concausa relativamente independente 
superveniente que por si só gerou o resultado. 
d) O veneno, em relação às facadas, configura concausa absolutamente independente 
concomitante. 
 
03. Provas: MPE-PR - 2013 - MPE-PR - Promotor Substituto. 
Assinale a alternativa incorreta: 
a) Diz-se “tentativa imperfeita” ou “propriamente dita”, quando o processo executório do crime 
é interrompido por circunstâncias alheias à vontade do agente; 
b) No dito “crime falho” ou “tentativa perfeita”, apesar do agente realizar toda a fase de 
execução do crime, o resultado não ocorre por circunstâncias independentes de sua vontade; 
c) Os crimes culposos, os omissivos próprios, omissivos impróprios, e os preterdolosos não 
admitem tentativa; 
d) O dolo no crime tentado é o mesmo do crime consumado; 
e) A denominada “tentativa inidônea”, ocorre quando, por ineficácia absoluta do meio ou por 
absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. 
 
04. 2016 - IBEG - Prefeitura de Teixeira de Freitas - BA - Procurador Municipal. 
Quando o partícipe instiga outrem a praticar um crime de homicídio, mas durante a execução do 
ataque tenta impedir que o resultado se produza, mas não consegue, pode-se dizer que, 
consequentemente: 
a) É reconhecível a co-autoria. 
b) É reconhecível a desistência voluntária. 
c) É reconhecível o arrependimento posterior. 
d) É reconhecível o arrependimento eficaz. 
e) É reconhecível a participação de menor importância. 
 
05. 2016 - COMPERVE - Câmara de Natal - RN - Guarda Legislativo. 
Considera-se o crime consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição 
legal. Entretanto, a tentativa de crime pode gerar várias repercussões jurídicas. Nessa matéria, 
o código penal determina que 
a) a tentativa é punível mesmo quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta 
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. 
b) o crime é tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias 
decorrentes da vontade do agente. 
c) a tentativa é punida, salvo disposição expressa em contrário, com pena correspondente ao 
crime consumado, diminuída de um a dois terços. 
d) o ajuste, a determinação ou instigação mesmo sem disposição expressa em contrário, são 
puníveis, ainda que o crime não chegue a ser tentado. 
 
06. 2016 - MPE-GO - MPE-GO - Promotor de Justiça Substituto. 
Sobre a etapas de realização da infração penal, marque a alternativa correta: 
a) Em determinadas infrações penais o exaurimento constitui etapa do iter criminis. 
b) Os atos executórios precisam ser idôneos e inequívocos, não se exigindo, porém, sua 
simultaneidade. 
c) A resolução do agente, no que diz respeito ao dolo, não são coincidentes na tentativa e na 
consumação. 
d) O arrependimento eficaz é incompatível com crimes formais ou de mera conduta. 
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Gabarito 
1. Errado. 
2. B. 
3. C. 
4. E. 
5. C 
6. D

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