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1 CARREIRAS PÚBLICAS NÍVEL MÉDIO Noções de Direito Penal. Prof.: Nestor Távora. Aula: 01. Monitor: Filipe Ribeiro. MATERIAL DE APOIO – MONITORIA Índice. I. Anotações. II. Lousa. III. Questões. I. ANOTAÇÕES. Bibliografia indicada: a. Sinopse de Direito Penal (Parte Geral do Direito Penal), Editora Saraiva. b. Direito Penal, Editora JusPodivm, Alexandre Salim e Marcelo André. DIREITO PENAL 1. Conceito: É o ramo do Direito Público que define as infrações penais, estabelecendo as correspondentes sanções, sejam elas penas ou medidas de segurança. CONCLUSÃO 1: As medidas de segurança caracterizam uma sanção para aquele que transgride a lei e sofre das faculdades mentais. CONCLUSÃO 2: A medida de segurança pode se caracterizar pela internação no HCT (Hospital de Custódia e Tratamento), assim como pelo tratamento ambulatorial no CAPES. 2. LEGISLAÇÃO PENAL BRASILEIRA. 2.1. Temos o Código Penal (Decreto-Lei nº. 2.848/40) como principal referência. 2.2. No Brasil, também dispomos de leis penais especiais, que complementam o Código Penal (CP). Exemplos: Lei de Tóxicos (Lei nº. 11.343/2006) e Lei de Crimes Hediondos (Lei nº. 8.072/1990). 3. CONCEITO DE CRIME. 3.1. Conceito formal: Crime é toda conduta humana descrita na lei como tal. CONCLUSÃO: Vale lembrar que o crime pressupõe uma conduta humana, já que a atuação de animais não tem reflexo penal. 3.2. Conceito material: Crime é toda conduta humana que ofende bem jurídico relevante. CONCLUSÃO 1: Somente os bens jurídicos enquadrados como extremamente relevantes serão protegidos pelo Direito Penal. CONCLUSÃO 2: Alguns bens jurídicos são protegidos por outros ramos do direito. Exemplo: se o empregador não assina a carteira de trabalho da empregada doméstica, ele será sancionado de acordo com as regras do Direito do Trabalho, já que, para o legislador, esse bem não é um bem jurídico tal relevante assim para ser tutelado pelo Direito Penal. 3.3. Conceito legal: É o conceito na Lei de Introdução ao Código Penal (Decreto-Lei nº. 3.914/1941), vejamos: De acordo com a Lei de Introdução, temos um gênero rotulado como infração penal. Do gênero extraímos as seguintes espécies: a. Crime: é a infração com pena privativa de liberdade (reclusão ou detenção), prevista de maneira isolada, cumulada ou alternada com a pena de multa. b. Contravenção: é a infração sancionada com prisão simples isolada, cumulada ou alternada com a pena de multa. 2 ADVERTÊNCIA: A contravenção pode ser sancionada exclusivamente com a pena de multa. 3.4. Conceito analítico: Segundo a doutrina, crime é um fato típico, antijurídico e culpável. OBSERVAÇÃO: O conceito analítico está assim organizado: FATO TÍPICO ANTIJURÍDICO CULPABILIDADE Conduta Legítima defesa Imputabilidade Resultado Estado de necessidade Potencial consciência da ilicitude Nexo causal Exercício regular do direito Tipicidade Estrito cumprimento do dever legal Exigibilidade de conduta diversa 4. FATO TÍPICO. 4.1. Conduta: 4.1.1. Conceito: é o comportamento humano, voluntário e consciente, comissivo ou omissivo, doloso ou culposo, destinado a uma finalidade. a. Sujeito da conduta: ser humano, pois é quem tem vontade e consciência. ADVERTÊNCIA: Animais irracionais não praticam conduta. b. Voluntariedade: ela não existe nas seguintes hipóteses: b.1. Coação física irresistível. Exemplo: empurrar uma pessoa contra a outra escada a baixo. CONCLUSÃO: A pessoa empurrada sofreu coação física, pois não atuou voluntariamente. b.2. Ato reflexo. b.3. Sonambulismo ou hipnose. c. Consciência: ela deve abranger os seguintes elementos: c.1. O objetivo pretendido pelo agente. c.2. Os meios usados na execução. c.3. As consequências do delito. d. Formas de conduta. d.1. Ação ou Conduta Comissiva: ela revela um comportamento positivo, ou seja, um fazer ou realizar. ADVERTÊNCIA: O agente realiza o que está proibido. d.2. Omissão ou Conduta Omissiva: ela revela uma abstenção, ou seja, um comportamento negativo. ADVERTÊNCIA: O agente deixa de fazer o que a lei determina. OBSERVAÇÃO: Classificação dos crimes em razão da omissão. I. Crimes omissivos próprios ou puros. I.a. Conceito: A própria omissão constitui crime, independente de qualquer resultado. A omissão caracteriza um crime autônomo. Exemplo: Omissão de socorro (art. 135 do CP). II. Crimes omissivos impróprios ou crimes comissivos por omissão. II.a. Conceito: A pessoa, por lei, tem um especial dever de agir. A omissão faz com que ela responda pelo próprio resultado. II.b. Hipóteses: O dever de agir incumbe a quem: (i) Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância. Exemplo: pais em razão dos filhos menores. (ii) As pessoas de que outra forma assumiram a responsabilidade de impedir o resultado. 3 CONCLUSÃO: O dever resulta de relação contratual ou profissional. Exemplo: médico na emergência. (iii) Quando o agente com o seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. Exemplo: jogar pessoa na piscina. e. Elemento subjetivo do crime (dolo/culpa). e.1. Crime doloso: segundo o art. 18, inc. I do CP, “diz-se o crime doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo”. OBSERVAÇÃO: Espécies de dolo (classificação). I. Dolo direto ou determinado: é quando o agente visa certo e determinado resultado. Exemplo: atirar na pessoa pretendida. Classificação: I.a. Dolo direto de primeiro grau: o agente quer o resultado e atinge apenas o objetivo pretendido. I.b. Dolo direto de segundo grau: o agente pretende atingir o objetivo, mas para alcança-lo, precisa provocar outras consequências. II. Dolo indireto ou indeterminado: o agente assume o risco de produzir o resultado. Classificação: II.a. Dolo indireto alternativo: o agente tem dupla intenção e qualquer dos resultados lhe é satisfatório. Exemplo: atirar uma pedra para atingir a pessoa, com a intenção de lesionar ou matar, tanto faz. II.b. Dolo indireto eventual: o agente conhece os riscos da conduta, está ciente das consequências, mas segue em frente. Exemplo: participar de um racha em avenida movimentada, no horário de saída das escolas. CONCLUSÃO: A conduta do agente revela um total menosprezo aos bens jurídicos alheios. e.2. Crime culposo: ele está disciplinado no art. 18, inc. II do CP, nos seguintes termos: “diz-se o crime culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia”. OBSERVAÇÃO: Elementos que integram o crime culposo: I. Conduta: Ela é praticada com inobservância de um dever de cuidado, imposto a todos no convívio social. CONCLUSÃO: O que importa não é a finalidade do agente, mas o modo e a forma imprópria como ele atua, provocando o resultado. II. Dever de cuidado objetivo: Devemos confrontar a conduta praticada com a conduta que teria sido adotada, nas mesmas condições, uma pessoa prudente e de discernimento. A inobservância do dever de cuidado pode manifestar-se das seguintes formas: II.1. Imprudência: é uma conduta positiva. O agente age quando o dever de cuidado impõe que ele não atue. Exemplo: invadir o sinal vermelho de trânsito. II. LOUSA. 4 5 6 7 III. Questões. 1. VUNESP/TJM-SP/Juiz de Direito Substituto. A respeito da omissão própria e da omissão imprópria (também denominada crime comissivopor omissão), é correto afirmar que a) um dos critérios apontados pela doutrina para diferenciar a omissão própria da omissão imprópria é o tipológico, segundo o qual, havendo norma expressa criminalizando a omissão, estar-se-ia diante de uma omissão imprópria. b) nos termos do Código Penal, possui posição de garantidor e, portanto, o dever de impedir o resultado, apenas quem, por lei, tem a obrigação de cuidado, proteção ou vigilância. c) a ingerência, denominação dada à posição de garantidor decorrente de um comportamento anterior que gera risco de resultado, não está positivada no ordenamento brasileiro, tratando- se de uma construção dogmática. d) o crime praticado por omissão, segundo o Código Penal, é apenado de forma atenuada ao crime praticado por ação. e) segundo o Código Penal, a omissão imprópria somente terá relevância penal se, além do dever de impedir o resultado, o omitente tiver possibilidade de evitá-lo. 2. UFMT/DPE-MT/Defensor Público. Existe algum ponto de semelhança entre as condutas praticadas com culpa consciente e com dolo eventual? a) Sim, pois, tanto na culpa consciente quanto no dolo eventual, há aceitação do resultado. b) Não, pois não há ponto de semelhança nas condutas em questão. c) Sim, pois em ambas o elemento subjetivo da conduta é o dolo. d) Não, pois a aceitação do resultado na culpa consciente é elemento normativo da conduta. e) Sim, pois, tanto na culpa consciente quanto no dolo eventual, o agente prevê o resultado. 3. FUNCAB/PC-PA/Escrivão de Polícia Civil. Sobre o crime culposo, é correto afirmar que: a) sua caracterização independe da previsibilidade objetiva do resultado. b) é dispensável a verificação do nexo de causalidade entre conduta e resultado. c) encontra seu fundamento legal no artigo 18 . I, de Código Penal. d) se alguém ateia fogo a um navio para receber o valor de contrato de seguro, embora saiba que com isso provocará a morte dos tripulantes, essas mortes serão reputadas culposas. e) há culpa quando o sujeito ativo, voluntariamente, descumpre um dever de cuidado, provocando resultado criminoso por ele não desejado. Gabarito 1.0. e 2.0. e 3.0. e
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