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1 ROTEIRO DE ESTUDO: PRÁTICA PROFISSIONAL – ENSINO DE HISTÓRIA, LINGUAGENS E FONTES Tema: O ensino de História no início da República no Brasil Desde o seu início, a República tratou de configurar o exemplo de grandes heróis nacionais, instituindo feriados e festas públicas. A política e os modelos da nação a serem cultuados permearam a concepção historiográfica e o ensino de História nesse período da sociedade brasileira. Nesse sentido, foi grande a influência do positivismo, agregando os conceitos de neutralidade, objetividade e fato histórico que deveriam ser transmitidos pelo professor em sala de aula através dos conteúdos sobre a sociedade - centralizados na História Política e dos grandes heróis construtores da Pátria. Tema: Ensino de História e identidade nacional brasileira na Era Vargas Desde que a História se estruturou como disciplina escolar, a formação e o fortalecimento do sentimento de identidade nacional foi um dos objetivos de seu ensino. A questão da identidade nacional brasileira se colocava com muita força entre intelectuais e educadores brasileiros da primeira metade do século XX. Entre estes últimos, os que participaram dos órgãos públicos educacionais procuraram fazer com que a História fosse um veículo para suas ideias, que foram incorporadas pelos programas e pelos manuais escolares. Ao incorporarem tais ideias, os programas da disciplina e os livros didáticos deram especial importância à formação do povo brasileiro, à integridade territorial e administrativa do Brasil, bem como à unidade cultural do Brasil. Na Era Vargas o objetivo era a criação de um sentimento de identidade nacional que permitisse a omissão da divisão social, a direção das massas pelas elites e a valorização da ideia de "democracia racial", que teria homogeneizado num povo branco a população brasileira composta por brancos, negros e índios. 2 Tema: Ensino de História no período da Ditadura Militar Apesar da censura, a produção histórica no Brasil foi se renovando a partir da década de 1960, incorporando as reflexões da dialética marxista como método de abordagem e incorporando objetos de estudo ligados ao social como a escravidão e a economia colonial. Nos anos 1970, a problematização do social foi se aprofundando, agregando sujeitos sociais antes excluídos dos estudos históricos, tal como as mulheres e as classes populares. Além disso, o regional e local também foram sendo cada vez mais estudados, sendo articulados ao nacional e ao social em geral. No âmbito da escola, a História como disciplina autônoma foi negada, sendo substituída pelos chamados Estudos Sociais. Passou a ter uma carga mínima no ensino secundário, sendo obrigatória em apenas uma das séries do segundo grau. O regime militar visava assim evitar possíveis questionamentos da nova ordem social que implantara, buscando formar cidadãos dóceis que não fugissem ao controle do Estado e que, além disso, fossem motivados através de uma propaganda cívica de amor à nação e, consequentemente, ao regime político vigente. Tema: Os Parâmetros Curriculares Nacionais e o Ensino de História Lançados em 1997, ou seja, um ano após a nova LDB, os Parâmetros Curriculares Nacionais oficializaram o fim da junção das disciplinas de História e Geografia nos chamados Estudos Sociais, garantindo novamente a autonomia às duas áreas. Além disso, em consonância com o movimento político e acadêmico, reforçou o caráter formativo da História para a constituição da cidadania, identidade, respeito ao outro e à pluralidade, além da defesa e fortalecimento da democracia. Com relação aos conteúdos (“o que ensinar”), os PCN’s estabeleceram uma divisão em eixos temáticos, opção que foi fruto do intenso debate curricular e reflexões desde os anos 1980, em diálogo com experiências europeias. Constituía uma busca, uma resposta às críticas à estrutura curricular tradicional, que privilegiava organização 3 cronológica linear, por meio de fatos, marcos da história europeia integrados, quando possível, aos fatos/marcos da história da nação brasileira, sob o signo da ideologia do progresso. Era, assim, uma resposta crítica ao “quadripartismo francês” incorporado no Brasil, formatando e engessando currículos e livros didáticos. A opção por eixos temáticos representava uma insubordinação “ao império do fato”. Para os quatro anos iniciais do Ensino fundamental, o estudo de dois eixos temáticos: I) História local e do cotidiano, subdividida em dois subitens: localidade e comunidades indígenas; II) História das organizações populacionais, subdividida em: deslocamentos populacionais, organizações e lutas de grupos sociais e étnicos, e organização histórica e temporal. Para os anos finais do Ensino fundamental, os PCNs propõem outros dois eixos temáticos: I) História das relações sociais, da cultura e do trabalho, subdividida em: as relações sociais, a natureza e a terra e as relações de trabalho; II) História das representações e das relações de poder, desdobrada, também, em dois subitens: nações, povos, lutas, guerras e revoluções; cidadania e cultura no mundo contemporâneo. Além disso, os PCN’s também agregaram temas transversais aos conteúdos de História: Ética, Saúde, Meio Ambiente, Orientação Sexual, Pluralidade Cultural, Trabalho e Consumo. Tema: A incorporação dos estudos sobre África, negros e indígenas no ensino de História Desde o início da redemocratização e principalmente após as discussões da LDB e dos PCN’s, debates em entidades associativas e culturais de profissionais de História, como a Anpuh, salientavam a importância de estudos dedicados à África para aprofundamento da História do Brasil. Em 2003 foi sancionada pelo presidente da República a Lei Federal 10.639, de 9 de janeiro, determinando a inclusão obrigatória, no currículo da rede de ensino, do estudo da “História e Cultura Afro- Brasileira” e outras providências. Em 2004 foram aprovadas, pelo Conselho Nacional de Educação, as “Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico- -Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana”, bem 4 com Resolução nº 1 do CNE, de 7 de junho de 2004, que instituiu as Diretrizes. Essas proposições provocaram alterações na Lei Federal 9.394, de 20 de dezembro de 1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) –, com o acréscimo de dois artigos referentes ao ensino de História, os quais destacam a obrigatoriedade do ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares (incluindo o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política, pertinentes à História do Brasil). A revisão foi aprimorada em 2008, incluindo também o destaque à questão indígena, articulando ao conteúdo programático o estudo de aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir dos dois grupos étnicos, tais como: o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil. Tema: O desinteresse dos alunos pelas aulas de História e as alternativas aesse problema Pode-se apontar primeiramente o desgaste do modelo educativo e também o papel passivo do aluno em meio a uma exposição muitas vezes exaustiva de datas e fatos a decorar de um conhecimento pronto e acabado. Mudanças devem ser propostas, por exemplo, a partir da revisão do currículo, considerando a interação professor/aluno. Deve-se considerar também o aprendizado de que tanto alunos quanto professores são sujeitos da história, agentes que interagem na construção do movimento da sociedade. Nesse sentido, é fundamental que professor e alunos interajam nas próprias aulas de História e que os estudantes adquiram um estatuto ativo em seu processo de aprendizagem e construção de conhecimento histórico. 5 Tema: Uso de fontes em sala de aula A chamada “revolução documental” da historiografia - com a grande ampliação dos tipos e variedades de fontes a serem consideradas pelos historiadores para além das escritas e oficiais- impactou também o ensino de História. Passou-se a considerar uma quantidade indefinível e enorme de vestígios do passado: imagens, filmes, crônicas, relatos de viagem, registros paroquiais, obras de arte, vestígios arquitetônicos, memória oral. A ampliação do campo documental fez também com que a disciplina de História voltasse seu olhar para aspectos da vida social, antes distantes do olhar dos historiadores, e apenas abordados por determinadas ciências como a Antropologia e a Etnologia. O imaginário, as mentalidades, o cotidiano, a vida privada, sensibilidades passam a fazer parte do universo da História e permitem aos historiadores montar uma trama mais bela da vida dos povos e dos tempos passados. Também permitiu ir além da velha história eurocêntrica e abordar a história dos povos africanos e indígenas, antes objetos de estudo quase exclusivos da Antropologia. Aos poucos as fontes foram sendo incorporadas nas práticas de sala de aula. O uso de fontes no ensino de história pode ser uma estratégia adequada e produtiva para ensinar história a indivíduos que não têm como objetivo se tornar historiadores, mas para os quais o conhecimento da história pode fazer muita diferença na compreensão do mundo em que vivem. O uso de fontes em aula deve servir para romper com noções da história tradicional e permitir ao estudante compreender os múltiplos aspectos utilizados na construção do conhecimento histórico. É preciso considerar nesse uso, em consonância com a historiografia acadêmica, a “crítica ao documento”, ou seja, o seu uso analítico e não meramente descritivo. Compreende-se que o documento assume características como de um monumento, uma vez que ele deixa vestígios do passado, construído de forma intencional, onde os homens tentam deixar impressas as imagens que construíram de si mesmo para as gerações futuras. Nesse sentido, cabe pensar em propostas e alternativas pedagógicas para seu uso em sala de aula. A fonte não deve ser usada somente para confirmar o que se mencionou sobre determinado conteúdo histórico 6 (tal como a Primeira Guerra, por exemplo), visto que este procedimento dá um caráter à fonte como mera “prova” do passado e não como um registro que cria novos significados sobre esse passado. Tema: O uso de filmes nas aulas de História Desde as primeiras décadas do século XX, educadores preconizam a utilização do cinema como importante recurso didático no ensino de História, alguns ancorados na idéia de reprodução fiel do acontecimento passado. Mas, além disso, o cinema cria possibilidades de construção do conhecimento histórico escolar, pois o filme em sala de aula mobiliza operações mentais que conduzem o aluno a elaborar a consciência histórica, forma de consciência humana relacionada imediatamente com a vida humana prática, e que se constitui, em última instância, no objetivo maior do ensino de História. O cinema pode ser um bom recurso para atrair a atenção dos estudantes para as aulas de História. Contudo, alguns erros podem ser cometidos pelos professores, principalmente ao utilizarem os filmes a partir de um caráter ilustrativo dos conteúdos, sem considerar as especificidades da linguagem fílmica e seu discurso. Tema: O uso de música popular e representação do cotidiano no Ensino de História Linguagens e fontes alternativas têm sido utilizadas como um importante recurso didático para a aprendizagem de história. Entre essas linguagens, a música popular tem ocupado espaço, como instrumento pelo qual se revela o registro da vida cotidiana, na visão de autores que observam o contexto social no qual vivem. As representações sociais de autores e intérpretes serão instrumentos na transformação dos conceitos espontâneos em conceitos científicos, porque como registros são evidências, restos que o passado deixou para trás e que facilitam a compreensão histórica pelos alunos, pela empatia que estabelecem entre eles e aqueles que viveram em outros contextos históricos.
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