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TEXTO 1 TEXTO RECORTADO DE Antoniel Souza Ribeiro da Silva Júnior acadêmico de Direito da Universidade Católica do Salvador (BA) Definição de Direito e as diversas significações da expressão “direito” Pelo fato de o termo abarcar diversos significados, para se obter o conceito mais próximo de Direito torna-se indispensável iniciarmos pela sua definição nominal. O vocábulo Direito tem origem no latim Directum ou rectum, que significa “direito” ou “reto”, certo, correto, justo e equânime; e tem como correspondentes semânticas Derecho (espanhol), Diritto (italiano), Droit (francês) e Dreptu (romeno). Assim, concluímos que a definição nominal etimológica de Direito é a qualidade daquilo que é conforme a regra. Conceituar direito é uma das tarefas mais árduas e complexas já existentes, tendo sido o escopo das mais brilhantes mentes que se dedicaram ao estudo desta ciência, as quais deram vida às diversas escolas do pensamento jusfilosófico. Não nos causam espanto a rejeição à filosofia do Direito dadas as peculiaridades dos estudantes, que hoje ingressam no curso universitário pressionados por um inevitável convite ao mercado de trabalho. E tal apelo não é de hoje. Este fenômeno tem sido notado por jurisfilósofos já há algum tempo. PAULO DOURADO DE GUSMÃO denuncia no capítulo introdutório de seu livro dedicado à Filosofia do Direito: “é normal nas universidades serem suprimidos cursos ou matérias que não despertam o interesse profissional, apesar de seu alto valor cultural, como entre nós, por exemplo, o Direito Romano, o latim e a Filosofia... a grande maioria quer dominar o saber que dê sucesso na vida profissional” (1) Desta forma, as disciplinas que não proporcionem um conteúdo técnico-pragmático são desprezadas pelos acadêmicos. Além daquelas já citadas pelo referido autor, no rol das disciplinas relegadas constam, ainda, Sociologia e, pasmem Ética geral e profissional. Questionar, problematizar, criticar, rever, rediscutir são verbos que dominam a inquietação incessante do filósofo. A atitude filosófica compromete-se em perquirir “o que”, “como” e “por quê?” das coisas, dos fatos, das idéias e das condutas humanas. Não se resigna com as explicações fornecidas pelo senso comum, pelo conhecimento vulgar que qualquer um de nós tem da realidade que se nos apresenta. Envolve, portanto, um determinado posicionamento diante do mundo em torno. Uma atitude de espanto deve permear a atividade do filósofo, espanto enquanto “choque com uma realidade que não domina” (6). É como se retrocedêssemos diante do ser do ente pelo fato de ser e de ser assim e não de outra maneira. O espanto também não se esgota neste retroceder do ser do ente, mas no próprio ato de retroceder e manter-se em suspenso é ao mesmo tempo atraído e como que fascinado por aquilo diante do que recua. Assim o espanto é a disposição na qual e para qual o ser do ente se abre” (7). Esta atitude de espanto enfeixa uma disposição de ânimo para conhecer o objeto de estudo ao tempo em que se fascina com este mesmo objeto. Enfim, envolve questionar a realidade que se apresenta ao sujeito cognoscente. Acho que é importante que o professor de Filosofia transmita aos seus alunos o que é e o que não é tarefa da Filosofia. Aguardar respostas de uma disciplina que não se propõe a fornecê-las, pode ser um tanto quanto frustrante para alguém interessado em resolver certo problema jurídico concreto. Mas, uma vez delimitados seus objetivos no campo do saber humano, fica mais fácil para nós, enquanto estudantes, compreender a importância e as limitações inerentes à própria disciplina.
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