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Resenha Nelson Mandela- Um longo caminho até a liberdade

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Universidade Federal do Rio de Janeiro
 
Curso: Relações internacionais
Semestre: 2017.2
Disciplina: Teoria Política Contemporânea 
Discente: Monica Bruckmann
Docente: Amanda Cazatti Belisario DRE: 117051487
Ao longo de sua trajetória, Nelson Mandela foi banido, isso é, proibido de participar de qualquer tipo de reunião e até mesmo de falar com mais de uma pessoa por vez, por diversas vezes. Esses banimentos tinham o objetivo claro de tentar silenciar aqueles que lutavam contra o apartheid, o primeiro banimento de Mandela teve a duração de seis meses. Com esse banimento, ele chega também a conclusão de que o governo queria declarar a CNA (Congresso Nacional Africano) e o CIAS organizações ilegais. Com isso, Mandela decide tomar uma atitude e formula um jeito dessas organizações atuarem clandestinamente, o que ficou conhecido como "Plano M." Esse plano permitiria a tomada de decisões sem necessariamente ter convocação de reunião, tendo como auxílio um maquinário organizacional responsável por transmitir informações rapidamente a todos os membros integrantes. A partir disso, foram dadas várias palestras para ensinar como tudo funcionaria e para unir todo corpo organizacional. Apesar de ter boas intenções, sua eficácia na prática foi modesta, devido a muitos problemas que surgiram. 
A vida de Mandela durante a Campanha de Desafio (Movimento contra as leis injustas do apartheid) era dividida com a carreira de advocacia dele, o que demandava muito tempo. Durante sua caçada por empresas para trabalhar, se deparou com escritórios que cobravam honorários muito mais altos a pessoas negras, o que gerou inconformidade, o fazendo procurar uma empresa que fosse mais justa. Com isso, ele começou a trabalhar na empresa Helman e Michael por vários meses até conseguir sua habilitação de advogado. Depois que ele se tornou um advogado devidamente habilitado, foi para a firma H. M. Basner, onde o dono era um militante pró-direitos dos negros. Posteriormente com toda a experiência adquirida, passou a trabalhar por conta própria e abriu seu próprio escritório de advocacia, junto com seu amigo Oliver Tambo; que deu nome a seu escritório, "Mandela e Tambo". Mandela fala que eles não eram os únicos advogados negros da África, mas era o único escritório onde os advogados eram negros, o que dava um alto grau de representatividade para os clientes que os procurariam. 
A firma "Mandela e Tambo" foi um sucesso devido à grande procura desesperada de clientes negros que estavam sofrendo com as injustiças das leis do apartheid onde criminalizava-se basicamente tudo que os negros faziam. Entretanto, com todo o sucesso que estavam fazendo sabiam que nunca poderiam ser promotores, juízes ou magistrados, pois sofriam muito preconceito e desigualdade dentro e fora do tribunal. Segundo relatos de casos que eram defendidos, Mandela diz ter defendido ou pelo menos tentado defender muitos casos de agressão cometidos por policiais, e que infelizmente eram quase impossíveis de se provar. 
Mandela, cita uma cidade chamada Sophiatown localizada a seis quilômetros, ao oeste de Johannesburgo, a qual era um lugar de muita pobreza e miséria. Sua origem é de um local que a princípio era para ser habitado por pessoas brancas, mas que devido a um depósito municipal de lixo, passou a ser o lar de dezenas de negros. Conforme a indústria de Johannesburgo cresceu, Sophiatown se expandiu rapidamente a partir da mão de obra negra, esses que passaram a construir barracos onde eram os jardins das antigas residências. Apesar de pobre, o lugar tinha grande personalidade, os moradores acreditavam que ali era o lar de muitos escritores, artistas, médicos e advogados. 
Em Johannesburgo, estava acontecendo um esquema de Despejo das Áreas Ocidentais, que significava a evacuação de Sophiatown, Martindale e Newclare, que juntas tinham uma população de aproximadamente 100 mil pessoas, e realocariam as mesmas para uma zona rural chamada Meadowlands. A desculpa dada pelo governo é que isso seria uma limpeza na favela. Essa atitude se dá devido a visão do governo de que as áreas urbanas seriam exclusividades brancas e que os negros são apenas residentes temporários. Uma outra interpretação é de que o governo queria controlar todos os passos dos negros, e essa propriedade absoluta estava atrapalhando esses planos. 
De frente a esse quadro triste, onde famílias que moraram lá por mais de cinquenta anos seriam expulsas, a CNA e o CIT começam a trilhar seus planos de resistência. Essas organizações começam a organizar reuniões, que contavam com a presença de Mandela, uma vez que ele não estava mais banido, para mobilizar a população afim de promover uma grande resistência à demolição de Sophiatown. Tomado pela raiva de estar fazendo todo o possível, por meio de manifestações pacíficas, para que essa evacuação não ocorra, Mandela faz um discurso que ele considera como precipitado e fora dos limites. Nesse discurso ele incita a violência, dizendo que o movimento deveria pegar em armas daqui em diante, o que leva sua audiência a um estado de ira contra seus inimigos, dando a entender de que acatariam essa "ordem". Para Mandela, uma resistência pacífica só é efetiva se os oponentes respeitam as mesmas regras, do contrário, não faz sentido. A não violência não era uma questão moral para ele, mas uma estratégia, e que pra ele não há bondade em uma estratégia caso ela não funcione. Aqui, pode-se perceber que apesar de arrependido de ter falado cedo demais, Mandela tem esse pensamento muito bem consolidado. Como já se esperava, ele foi repreendido e aceitou a censura, passando a defender em seus discursos a não violência. 
Após essa repressão, Mandela sugere ao seu companheiro de CNA Walter, a fazer uma visita a República Popular da China, para que fosse discutido um possível fornecimento de armas para uma hipotética luta armada. Walter concorda e realiza a visita, onde é muito bem recebido, mas volta apenas com incentivos a luta e sem armas, uma vez que os chineses ficaram receosos em relação a uma luta armada. 
Mandela esperou seu banimento caducar para que ele fizesse uma viagem ao Estado Livre de Orange, onde ele teve uma falsa sensação de segurança e foi surpreendido pela recepção feita por policiais que o entregaram uma intimação sob a Lei de Repressão ao Comunismo, a qual exigia o afastamento dele do CNA, restringindo sua vida ao distrito de Johannesburgo, e claro, o proibindo de comparecer a qualquer tipo de reunião durante dois anos. Isso faria com que ele a partir daquele momento, seguisse seus planos na CNA de forma mais clandestina e secreta do que nunca, pois eles não se declaravam abertamente como revolucionários, pelo contrário, achavam melhor serem clandestinos do que irem para a cadeia. 
Quando Nelson Mandela recebeu seu banimento, já havia escrito seu discurso que seria lido na Conferência de Transvaal do C, que mais tarde ficou conhecido por "A Caminhada Difícil até a Liberdade".
Em 1954, a Sociedade Legal do Transvaal tentou tirar o poder de Mandela de exercer a advocacia, em um momento onde seu escritório "Mandela e Tumba" estava prosperando. Por sorte, foi oferecido muito apoio à Mandela nessa causa e ele conseguiu o veredito que o livrou dessa rasteira. 
Em relação à campanha antirremoção de Sophiatown, pode-se dizer que foi uma luta longa e que demandou muito esforço por parte de todos que eram contra esse ato, mas que infelizmente todos os esforços fracassaram. O fracasso teve vários motivos na visão de Mandela, e que um deles foi plantar o desejo de lutar até a morte por essa causa sem poder de fato, realizar. Ademais, não consideraram outra alternativa à mudança para Meadowlands e não consideraram as diferentes situações entre proprietários e inquilinos. Muito aprendizado foi adquirido com esses erros. 
Segundo Mandela, sua lição tirada ao fim da campanha é de que o tempo todo a única alternativa que seria eficaz era a de resistência armada e violenta, pois "Em certosmomentos, só é possível lutar contra o fogo usando fogo". (MANDELA, Nelson, LONGA CAMINHADA ATÉ A LIBERDADE, página 206.)
Em 1953, foi aprovada pelo parlamento a Lei da Educação Buntu, que inseriria o apartheid também na educação dos negros. Para o Dr. Hendrik Verwoerd estava claro que os negros não precisavam ter uma boa educação, uma vez que eles só precisariam aprender a serem subordinados dos brancos. Com essa proposta em pauta, o CNA entrou mais uma vez em ação movido por sua indignação e tentou uma nova mobilização para que fizessem um boicote a esse sistema. A educação para Mandela era de suma importância, pois "A educação é o grande motor do desenvolvimento pessoal. É através dela que a filha do camponês pode se tornar médica..." (MANDELA, Nelson, LONGA CAMINHADA ATÉ A LIBERDADE, página 206). Com o boicote, as escolas seriam fechadas pelo governo, então os pais das crianças e a comunidade teriam que colaborar, eles teriam que substituir as escolas que fossem fechadas, isso é, qualquer casa ou estrutura comunitária deveria ser um lugar para o aprendizado. Não demorou muito para que o governo respondesse com uma nova lei que puniria com multa ou prisão qualquer oferta de educação não autorizada. Com isso, mais uma vez, a mobilização decaiu e a campanha fracassou, fazendo com que até mesmo Mandela colocasse seus filhos em uma instituição de ensino privada onde não era dependente de subsídios do governo. 
Posteriormente, foi instaurado um Conselho do Povo para visar uma nova África do Sul. Nesse contexto, o Conselho Nacional convidou a todas as organizações e seus seguidores a participar da organização de uma carta magna, a qual seria apresentada ao Congresso do Povo, e era um grito de liberdade do povo africano. A carta foi um sucesso e contou com a colaboração das mais variadas pessoas, entre seus principais clamores, estava o do voto universal. Mesmo com a dispersão do Congresso, a carta magna foi muito importante, foi um documento revolucionário que não tinha intenção nem de ser capitalista, nem socialista, o foco dela era destruir com a fonte de toda injustiça e crueldade, o apartheid.
No último capítulo do texto, Mandela faz um diário de sua viagem de férias à trabalho, onde visitou sua mãe e relatou mais uma vez uma perseguição policial a ele. Ao fim, ele fala sobre sua entrada em uma academia de boxe, em 1950, onde o praticou durante um bom tempo. Lá, ele fez a seguinte observação: "Boxe é igualitário. No ringue, a posição social, idade, cor e riqueza são irrelevantes. Quando você está rodeando seu oponente, sondando suas forças e fraquezas, você não está pensando sobre a sua cor ou status social." (MANDELA, Nelson, LONGA CAMINHADA ATÉ A CAMINHADA, página 240).

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