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Aula 00- Questão social e Serviço Social

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Conhecimentos Específicos 
 Serviço Social 
Aula 00 
 
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Conhecimentos Específicos 
 Serviço Social 
Aula 00 
 
2 
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Olá, prezados colegas! 
Gostaria de desejar boas vindas e afirmar com toda certeza que a 
equipe da Específicas Concursos preparou um material diferenciado, de 
qualidade, focado e com muitos exercícios. 
Todos sabemos que o caminho para o sucesso é árduo, porém, todo o 
esforço e dedicação valem muito a pena. Contem comigo para auxiliá-los 
na trilha do caminho de seu sucesso: Ser Analista Jurídico de 
Defensoria Pública – Especialidade– Assistente Social, no DPE-AM. 
Nosso objetivo é garantir que você possa gabaritar sua prova. 
Para isso, os estudantes matriculados no curso terão acesso ao seguinte 
conteúdo: 
1. Material em PDF. 
2. Questões comentadas de várias bancas de concursos. O foco é 
abarcar as questões anteriores das últimas provas da disciplina de todo 
o país. 
3. Figuras para facilitar a memorização dos principais tópicos da 
disciplina entre outros. 
 
 
 
 
Apresentação 
Conhecimentos Específicos 
 Serviço Social 
Aula 00 
 
3 
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Aula 00 (Disponível) 
Aula demonstrativa, questão Social; 
Aula 01 (31/10/2017) 
Planejamento e gestão social: análise institucional, formulação de 
propostas, alternativas metodológicas, instrumentos e técnicas de 
elaboração, monitoramento e avaliação de políticas, planos, programas e 
projetos sociais; 
Aula 02 (03/11/2017) 
A dimensão investigativa da profissão, processos de planejamento e de 
intervenção profissional; Formulação de projeto de intervenção 
profissional: aspectos teóricos e metodológicos; Fundamentos, 
instrumentos e técnicas de pesquisa social; O trabalho do/a assistente 
social no sócio-jurídico, e a atuação na equipe multidisciplinar. 
Aula 03 (07/11/2017) 
A dimensão investigativa da profissão, processos de planejamento e de 
intervenção profissional; Formulação de projeto de intervenção 
profissional: aspectos teóricos e metodológicos; Fundamentos, 
instrumentos e técnicas de pesquisa social; 
Aula 04 (12/11/2017) 
Aula 00 – Questão Social 
Conhecimentos Específicos 
 Serviço Social 
Aula 00 
 
4 
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Fundamentos históricos, teóricos, metodológicos e éticos do Serviço 
Social; Serviço Social e Formação Profissional; Serviço Social na 
contemporaneidade; Análise crítica das influências teórico-
metodológicas e as formas de intervenção construídas pela profissão 
em seus distintos contextos históricos; 
Aula 05 (18/11/2017) 
Instrumentalidade profissional do/a assistente social; Elementos 
constitutivos da inserção da profissão no mundo do trabalho e 
dimensões da competência profissional - ético-política, teórico-
metodológica, técnico-operativa e crítico-investigativa; 
Aula 06 (23/11/2017) 
Ética profissional e as Legislações que pautam a profissão (Lei de 
Regulamentação da Profissão, Código de Ética Profissional do/a 
Assistente Social e Resoluções do conjunto CFESS-CRESS); 
Aula 07 (30/11/2017) 
A atuação do/a assistente social nas diversas políticas sociais e espaços 
sócioocupacionais, as condições, relações de trabalho e as atribuições 
profissionais; O trabalho do/a assistente social no sócio-jurídico, e a 
atuação na equipe multidisciplinar. 
Aula 08 (03/12/2017) 
A dimensão técnico-operativa do serviço social: concepções sobre 
instrumentos e técnicas; Entrevista; Visita Domiciliar; Visita 
Institucional; Trabalho em Rede; Ação Socioeducativa com Indivíduos, 
Conhecimentos Específicos 
 Serviço Social 
Aula 00 
 
5 
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Família e Grupos; Abordagens individual e coletiva; Estudo Social; 
Perícia Social; Relatório Social; Laudo Social; Parecer Social; Condições 
e relações de trabalho nos vários espaços sócio-ocupacionais e suas 
atribuições contemporâneas; Serviço Social e interdisciplinaridade;. 
Análise de Conjuntura; Relação Estado/Sociedade; 
Aula 09- Parte 1 (10/12/2017) 
Política social: fundamentos e história; Seguridade Social brasileira: 
Saúde, Previdência e Assistência Social (organização, gestão, 
financiamento, controle social e legislações específicas e complementos; 
Serviço Social e Assistência Social: trajetória, história e debate 
contemporâneo; Serviço Social e Saúde: trajetória, história e debate 
contemporâneo; Serviço Social e Previdência Social: história e debate 
contemporâneo; 
Aula 10- Parte 2 (15/12/2017) 
Política social: fundamentos e história; Seguridade Social brasileira: 
Saúde, Previdência e Assistência Social (organização, gestão, 
financiamento, controle social e legislações específicas e complementos; 
Serviço Social e Assistência Social: trajetória, história e debate 
contemporâneo; Serviço Social e Saúde: trajetória, história e debate 
contemporâneo; Serviço Social e Previdência Social: história e debate 
contemporâneo; 
Aula 11- Parte 2 (20/12/2017) 
 
Conhecimentos Específicos 
 Serviço Social 
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Política social: fundamentos e história; Seguridade Social brasileira: 
Saúde, Previdência e Assistência Social (organização, gestão, 
financiamento, controle social e legislações específicas e complementos; 
Serviço Social e Assistência Social: trajetória, história e debate 
contemporâneo; Serviço Social e Saúde: trajetória, história e debate 
contemporâneo; Serviço Social e Previdência Social: história e debate 
contemporâneo; 
Aula 12 (23/12/2017) 
Serviço Social no campo do trabalho e da saúde do trabalhador: 
Segurança no Trabalho e Saúde Ocupacional, Absenteísmo, Qualidade 
de vida no trabalho; Serviço Social e recursos humanos; Assessoria e 
consultoria em serviço social. 
Aula 13 (27/12/2017) 
Neoliberalismo, transformações no mundo do trabalho e mudanças nas 
organizações; Terceiro Setor; Movimentos sociais; Pobreza; 
Desigualdade e exclusão social 
Aula 14 (30/12/2017) 
Concepções e modalidades de famílias, estratégias de atendimento e 
acompanhamento; Intervenção junto às famílias em suas diversas 
dimensões: conceitos, historicidade, configurações contemporâneas, 
violência doméstica. 
Aula 15 (06/01/2018) 
 
Conhecimentos Específicos 
 Serviço Social 
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Políticas, diretrizes, ações e desafios na área da família, da criança e 
do adolescente; Resolução de conflitos: mediação e conciliação. 
 
 
1.1- Conceito 07 
1.2- Surgimento 11 
1.3- Capitalismo no século XX: aspectos da Questão Social 16 
1.4- Questãosocial se configura a partir de determinantes 
históricos 
22 
1.5- Histórico das Políticas de enfrentamento da questão social 33 
1.6-. Questão social 37 
1.7- Questão Social e Serviço social 54 
1.8. Questões com comentários 67 
 
 
1.1- Conceito 
É no contexto da sociedade capitalista que entra em 
cena a Questão Social'. E o Serviço Social, como 
resposta às suas manifestações, terá junto à 
Questão Social uma relação inerente, indissociável. 
 
1. Questão Social 
Sumário 
Conhecimentos Específicos 
 Serviço Social 
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Questão social pode ser apreendida como 
o conjunto das expressões das 
desigualdades da sociedade capitalista 
madura, que têm uma raiz comum: a 
produção social é cada vez mais colectiva, o trabalho torna-se mais 
amplamente social, enquanto a apropriação dos seus frutos se mantém 
privada, monopolizada por uma parte da sociedade. 
 
 
A banca, FCC-2012- TJ-RJ: Analista Judiciário - Assistência 
Social (adaptada), considerou certo o seguinte enunciado: Uma 
estrutura social de extrema desigualdade e injustiça, nos países 
latino-americanos, resultam dos modos de produção e reprodução 
social por meio de relações sociais assimétricas e concentração de 
poder e riqueza. Este conceito pode ser entendido como questão 
social. 
Comentário: Segundo Iamamoto (1999, p. 27), a Questão Social pode 
ser definida como: O conjunto das expressões das desigualdades da 
sociedade capitalista madura, que têm uma raiz comum: a produção 
social é cada vez mais colectiva, o trabalho torna-se mais amplamente 
Conhecimentos Específicos 
 Serviço Social 
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social, enquanto a apropriação dos seus frutos se mantém privada, 
monopolizada por uma parte da sociedade. 
Assim, a ausência de inclusão na América Latina passa a ser analisada 
não como falta de capacidade dos Estados locais de inserirem-se ao 
modelo econômico hegemônico ou a falta de integração dos setores da 
sociedade, mas como fenômeno decorrente do sistema capitalista 
dependente. 
A banca FESMIP-BA-2011- MPE-BA: Analista - Serviço Social, 
considerou como certa a alternativa C. O Serviço Social se gesta e se 
desenvolve como profissão tendo por pano de fundo o desenvolvimento 
capitalista industrial e a expansão urbana. 
Com relação ao processo histórico do Serviço Social e sua estreita 
relação com a questão social, é verdadeiro o que se afirma em 
a) A principal corrente que influenciou o Movimento de Reconceituação 
do Serviço Social no Brasil foi a teoria sistêmica. 
b) A reatualização do conservadorismo foi fortemente influenciada por 
autores e conhecimentos oriundos do estruturalismo e do funcionalismo. 
c) A questão social não é senão o conjunto das expressões do 
processo de formação e desenvolvimento da classe operária e de seu 
ingresso no cenário político da sociedade. 
d) A perspectiva teórica e metodológica funcionalista garante a 
compreensão das expressões da questão social na contemporaneidade. 
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e) A perspectiva teórica que influenciou o Serviço Social foi a teoria 
social critica nas décadas de 50 e de 60. 
Comentário: A questão social tem sua gênese na relação capital X 
trabalho, na qual os meios de produção se tornaram privados e aqueles 
que os detêm, a minoria, explora aqueles que possuem somente sua força 
de trabalho para vender: a classe trabalhadora. Deste modo, a questão 
social é o conjunto de expressões que surgem dessa apropriação privada 
dos meios de produção bem como da riqueza socialmente produzida visto 
a divisão da sociedade em classes sociais e a não equidade na divisão 
dessa riqueza. A classe trabalhadora, ao perceber a exploração que 
sofre pela outra classe que é minoria e que usurpou os meios de 
produção, como o acesso a terra por exemplo, adquire consciência de 
classe a passa de classe em si para classe para si. Nesse processo, a 
classe trabalhadora já organizada publiciza esse modo de produção, 
suas mazelas e exploração, extrapolando a questão social do âmbito 
privado para o público. Dessa forma, o Estado e a classe dominante 
temendo uma revolução da classe dominada que compreende a forma de 
exploração a qual está submetida, passa a intervir nas suas expressões. 
Assim, através das políticas sociais as expressões da questão social 
passam a ser respondidas. Como exemplo de expressões da questão 
social podemos citar o desemprego estrutura, a fome, a miséria, a 
precarização do trabalho, discriminações de gênero, de etnia, e outras. 
 
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1.2- Surgimento 
Resultante da divisão da sociedade em classes e da disputa pela riqueza 
socialmente gerada, cuja apropriação é extremamente desigual no 
capitalismo. Supõe, desse modo, a consciência da desigualdade e a 
resistência à opressão por parte dos que vivem de seu trabalho. 
 
A expressão “questão social” surgiu na Europa Ocidental, na terceira 
metade do século XIX, para designar o fenômeno do pauperismo. Netto 
(2001) afirma que, pela primeira vez, a pobreza crescia na proporção em 
que aumentava a capacidade produtiva do capitalismo. Os pobres 
passavam a protestar e a se constituir como uma real ameaça às 
instituições sociais existentes. 
 
2015-CESPE- MPOG: Assistente Social. considerou errado o seguinte 
enunciado: O tratamento da questão social sob a noção de pobreza 
é reconhecido desde o fim da segunda guerra mundial, a partir da 
crescente presença dos organismos internacionais. 
Comentário: onforme Netto (Capitalismo Monopolista e Serviço Social. 
5ª edição. São Paulo, Cortez, 2006), a expressão questão social data do 
século XIX e está ligada ao pauperismo da Europa Ocidental e seu 
processo de industrialização. O fenômeno de pauperização massiva da 
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classe trabalhadora era completamente novo e consequência direta da 
industrialização iniciada na Inglaterra no século XVIII. A pobreza, por 
si só, não era inédita. O que possuía caráter de novidade é o fato de se 
ter a possibilidade de produção de riqueza e mesmo assim a pobreza 
aumentar. Diante disso, a classe trabalhadora ao começar a se organizar 
e compreender o processo de acumulação que estava se instalando, 
extrapola a questão social para a esfera pública. Aquele novo contexto 
de emergência de lutas sociais poderia vir a colocar em xeque o sistema 
capitalista que buscava progredir caso não houvesse interferência. A 
questão social e sua publicização nos marcos do capitalismo dos 
monopólios poderia vir a ser um entrave para a expansão daquela ordem. 
Portanto, a questão social apresenta-se como corolário e tem sua origem 
no capitalismo devido a apropriação privada pelos donos dos meios de 
produção da riqueza produzida peloconjunto dos trabalhadores. Por 
isso, ela está também vinculada ao trabalho livre e assalariado, sendo 
que o trabalhador possuirá somente sua força de trabalho para vender 
como meio de subsistência. Sendo assim, a questão social vai muito além 
da noção de pobreza. Ela compreende desde as desigualdades até as 
lutas sociais que têm suas produções e reproduções na contraditória 
sociedade capitalista. A questão social não é suprimível dentro do 
sistema capitalista, podendo ser até controlada, mas será produzida e 
apresentará diversas expressões (fome, pobreza, desemprego, 
degradação do meio ambiente, população em situação de rua, 
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desigualdade social, violência, aumento da população carcerária, etc.) em 
cada estágio de desenvolvimento desse sistema. 
 
Questão social é produto e expressão da 
contradição entre capital e trabalho. 
 
 
Tome nota! 
Nesse período, a pobreza passou a se constituir como um 
problema. Pela primeira vez, a naturalização da miséria foi 
politicamente contestada (Pereira, 2004) e o processo de urbanização, 
somado com a industrialização, culminou na combinação dos seguintes 
determinantes indissociáveis: 
 
 
(a) o empobrecimento agudo da classe 
trabalhadora; 
(b) a consciência desta classe de sua condição de 
exploração e
(c) a luta desencadeada por esta classe contra os 
seus opressores a partir dessa consciência. 
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Podemos, assim, vincular o surgimento da questão social com o 
surgimento da classe trabalhadora e identificá-la no momento em que a 
contradição fundamental do capitalismo, como modo de produção social, 
se desenvolve e se revela, ou seja, quando se evidencia que, no 
capitalismo, quem produz a riqueza não a possui e ainda, que não há 
espaço para todos no mercado. Nesses termos, “a sociedade capitalista 
é nada mais, nada menos que o terreno da reprodução contínua e 
ampliada da questão social” (Mota, 2000, p. 1). 
 
 Cabe destacar que a questão social só toma 
características de “problema” e passa a ser 
enfrentada pela sociedade burguesa 
(principalmente através de políticas sociais) porque 
é publicizada, denunciada pela classe 
trabalhadora, ou seja, porque retrata uma resistência por parte 
desta classe. “Ao mesmo tempo em que a questão social é desigualdade, 
é também rebeldia, pois envolve sujeitos que vivenciam estas 
desigualdades e a ela resistem e se opõem” (Iamamoto, 1999, p. 28). 
 
Devido a estas características de resistência e rebeldia, Iamamoto 
afirma ser necessário, também, para apreender a questão social, captar 
as múltiplas formas de pressão social, de invenção e de re-invenção da 
vida, construídas no cotidiano. É também com este caráter de 
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desigualdade e resistência que Pastorini (2004) irá tratar a questão 
social. Para esta autora, é necessário pensar a questão social sem perder 
de vista a processualidade, ou seja, “analisar a emergência política de 
uma questão, adentrar nos processos e mecanismos que permitem que 
essa problemática tome força pública, que se insira na cena política” 
(Pastorini, 2004, p. 98). 
 
Portanto, não se pode perder de vista na análise um outro elemento: os 
sujeitos envolvidos nesse processo, “aqueles que colocam a questão na 
cena política”. Não considerar esses sujeitos é tratar a questão social 
de forma “des-historicizada, des-economizada e des-politizada ” 
(Pastorini, 2004, p. 99). 
 
 
A banca, FCC (2015)- DPE-MT: Assistente Social, considerou certo 
o seguinte enunciado: Um elemento fundamental a todo projeto é a sua 
fundamentação teórica. Dessa forma, quando o pressuposto teórico 
é alimentado por uma visão de mundo dialético-crítica, ele se baseia 
na compreensão das refrações da “questão social” como intrínseco 
ao modo de produção capitalista. 
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A banca, CEPERJ (2014)- VIVA COMUNIDADE-VIVA RIO: 
Assistente Social, considerou certo o seguinte enunciado: Sobre o 
debate da Questão Social, Netto (2001) nos oferece elementos 
essenciais para compreender a gênese de utilização desta expressão e 
sua relação com fenômenos objetivos presentes na realidade social. O 
autor informa que a expressão “Questão Social” começa a ser utilizada 
na terceira década do século XIX e surge para dar conta do fenômeno 
do pauperismo, evidente na Europa Ocidental nesse período. Sendo 
assim, pode-se compreender, a partir do autor citado, que as 
expressões da “Questão Social”, estão relacionadas aos aspectos 
mais imediatos da: instauração do capitalismo em seu estágio 
industrial concorrencial. 
 
 
1.3 Capitalismo no século XX: aspectos da Questão Social 
 
A Questão Social se fez presente no quadro sócio-econômico onde o 
Serviço Social inseriu-se, bem como as influências que tangenciaram a 
profissão. 
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Para dar conta desse cenário, necessário se faz reconstituir e 
compreender, ainda que brevemente o modo de produção capitalista, que 
traz consigo marcas profundas de antagonismos e contradições. 
Como bem respalda Martinelli (2005), as origens deste modo de 
produção podem ser buscadas já no mundo feudal, mas foi na primeira 
metade do século XIX, mediante impactos da Revolução Industrial, que 
foram sentidos os efeitos mais profundos no contexto social. 
 
O Capitalismo fez de sua expansão um período de grande dominação e 
confronto principalmente no que tange à relação capital x trabalho, 
instaurando-se peculiarmente em forma de sociedade de classes 
pautada principalmente na compra e venda da força de trabalho. A 
sociedade de classes trouxe um modo de relação social pautado na posse 
privada de bens, gerando um mundo de cisão, de quebra, de exploração 
da maioria pela minoria, onde a luta de classes é senão, a luta pela vida. 
 
O Capitalismo mostrou a dura realidade vivida no século XX, mesmo 
diante da promessa de progresso econômico e financeiro feitas ainda no 
século XIX. Primeiramente porque seu desenvolvimento se fez às custas 
da exploração da classe trabalhadora e então a medida em que a riqueza 
concentrava-se junto a uma minoria dos donos de capital, crescia uma 
imensa massa de trabalhadores a viverem em miséria generalizada. Além 
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disto, este século foi abalado pela Grande Depressão' que atingiu toda 
a Europa e seus efeitos pulverizaram-se em todos os países. 
 
Esta dinâmica histórica apresentadapelo capitalismo não vem a ser 
puramente um acúmulo de choques de classes, como salienta Chesnais 
(2003), que destaca inclusive, que uma análise mais profunda irá 
demonstrar que o Capitalismo imprime à sociedade um combate 
histórico, cuja importância é inquestionável pois remete à dialética das 
relações de produção e ao papel motor da luta de classes. Ou seja, o 
Capitalismo marcou profundamente a sociedade ao fazer a cisão das 
classes, pois alterou as relações sociais. 
 lamamoto e Carvalho (2001) explicam que o 
processo capitalista é uma construção histórica em 
que os homens produzem e reproduzem as 
condições materiais da existência humana e 
também as relações sociais. Capital e trabalho são 
extremos diferentes dentro de uma mesma unidade, um expressa-
se no outro, e/ou nega-se no outro, numa relação dependente. O 
capital entende o trabalho enquanto parte inerente a si, pois o 
trabalhador entrega diariamente ao capitalista o valor de uso de sua 
força de trabalho, formando um ciclo sem meio e sem fim. 
 
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Assim, o modo de produção capitalista anunciou uma forma peculiar no 
que diz respeito às relações sociais dos homens, quando promoveu a 
divisão das classes, formadas pelos que detinham os meios de produção 
e por aqueles que nada mais possuíam além da própria força de trabalho, 
ou seja, "ser capitalista significa ocupar não somente uma posição 
pessoal, mas também uma posição social na produção. "O capital não é, 
portanto, um poder pessoal: é um poder social" (MARX; ENGELS, 2005, 
p. 33). 
 
No mesmo sentido, Martinelli (2005) afirma que o elemento central de 
análise deste modo de produção não é o caráter comercial nem seu 
empreendedorismo e sim as relações sociais que dele emanam e resultam 
na separação do capital e do trabalho. As relações entre os homens são 
relações de classes. 
 
Marx (2001), cuja literatura pioneira permitiu interpretar e 
descrever este modo de produção, traz que a ação interativa entre 
os homens obviamente gerou progresso econômico, social e cultural, 
mas trouxe também a alienação, a dominação do homem sobre seu 
semelhante e as desigualdades sociais que são cruciais em sociedades 
em processo de industrialização. Marx criticou a ideologia da 
sociedade capitalista, que sujeita demasiadamente o trabalho ao capital, 
assim como traz a alienação e a exploração dos trabalhadores. O 
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processo de acumulação do capital dá-se e intensifica-se com a 
apropriação da mais valia pelos proprietários dos meios de produção e 
assim, a concentração de bens de produção em mãos de poucos, em 
detrimento daqueles que só possuíam sua força de trabalho, culminou no 
agravamento dos problemas sociais da classe trabalhadora. 
 
Destaque também à Marx e Engels (2005) que propuseram-se a 
demonstrar ao operariado como o Capitalismo veio a desvirtuar a vida e 
as relações sociais da humanidade na sua busca incessante por 
satisfazer as exigências do capital. Gradativamente, a classe 
trabalhadora foi percebendo esta exploração e também, foram 
crescendo os problemas sociais advindos da acumulação capitalista o que 
levou os trabalhadores a organizarem-se em categorias. 
 
O avanço capitalista torna a distribuição de renda cada vez mais 
desigual, crescendo a distância entre as classes e gerando profundas 
desigualdades sociais ao mesmo tempo em que a evolução tecnológica 
gera o progresso e enriquecimento de uma pequena parcela do país. 
A hegemonia de classes configura um espaço de atuação do Estado que, 
nas palavras de Oliveira (1996, p. 18), é o tutor do bem comum. Seu papel 
não é somente o de regulador, ou o árbitro neutro do bem - estar, mas 
de agente básico na definição e na manutenção da ordem social. Assim 
sendo, é inevitável que o Estado configure uma relação social permeada 
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de conflitos, já que é o espaço onde os interesses das classes 
hegemônicas confrontam-se. Assim, o Estado capitalista é "hegemonia 
e dominação", conforme Faleiros (1982 apud OLIVEIRA, 1996, p. 18). 
O Estado, através das políticas sociais, buscará instituir meios que 
compensem as desigualdades geradas pelo Capitalismo, intervindo 
deste modo na chamada Questão Social. 
 
A Banca (2015) – FGV - DPE-MT: Assistente Social. considerou 
certo o seguinte enunciado: Um elemento fundamental a todo projeto é 
a sua fundamentação teórica. Dessa forma, quando o pressuposto 
teórico é alimentado por uma visão de mundo dialético-crítica, ele se 
baseia na compreensão das refrações da “questão social” como 
intrínseco ao modo de produção capitalista. 
A Banca (2014) - CEPERJ: VIVA COMUNIDADE-VIVA RIO: 
Assistente Social. considerou certo o seguinte enunciado: Sobre o 
debate da Questão Social, Netto (2001) nos oferece elementos 
essenciais para compreender a gênese de utilização desta expressão e 
sua relação com fenômenos objetivos presentes na realidade social. O 
autor informa que a expressão “Questão Social” começa a ser utilizada 
na terceira década do século XIX e surge para dar conta do fenômeno 
do pauperismo, evidente na Europa Ocidental nesse período. Sendo 
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assim, pode-se compreender, a partir do autor citado, que as 
expressões da “Questão Social”, estão relacionadas aos aspectos mais 
imediatos da: instauração do capitalismo em seu estágio industrial 
concorrencial. 
 
1.4 Questão social se configura a partir de determinantes 
históricos 
 
Vejamos algumas questões objetivas e subjetivas que contribuirão 
para o surgimento da questão social: 
Questões objetivas para o surgimento da questão social: 
➢ Surgimento de novos problemas vinculados às modernas condições 
de trabalho urbano; 
➢ Aparecimento da burguesia e proletariado; 
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Objetivas 
Subjetivas
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➢ Introdução de uma nova forma de exploração, diferente da 
escravista e feudal, escondida na produção ( liberdade); 
➢ Pauperização crescente da classe trabalhadora 
Questões subjetivas para o surgimento da questão social: 
➢ Consciência da classe trabalhadora de sua situação de exploração, 
permitindo que passasse de uma “classe em si “ a uma classe “para 
si “, impondo os seus interesses; 
➢ Organização dos trabalhadores para encontrar respostas às suas 
necessidades sociais; 
➢ Inclusão das demandas dos trabalhadores no discurso dos 
políticos, classe dominante, como uma questão que ameaçava a 
coesão social.➢ Reconhecimento que o pauperismo era um fato histórico, 
produzido e reproduzido socialmente, passível de enfrentamento 
e superação. 
➢ Pressão dos trabalhadores para uma regulação baseada na 
cidadania. 
 
A banca, CESPE-2015- STJ: Analista Judiciário - Serviço Social, 
considerou errado o seguinte enunciado: A questão social se configura 
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a partir de determinantes históricos objetivos, sem interferência de 
dimensões subjetivas. 
 
1.5 Histórico das Políticas de enfrentamento da questão social 
Segundo Iamamoto para o efetivo enfrentamento da questão social é 
necessário apreendê-la como o conjunto das expressões das 
desigualdades produzidas pela sociedade capitalista como resultado 
da contradição entre capital e trabalho. 
 
 Capitalismo monopolista 
No capitalismo monopolista com a formação do operariado urbano-
industrial e a consolidação do movimento operário, visando alcançar 
legitimação junto às classes operárias e percebendo o perigo iminente 
da questão social, o Estado burguês passa a responder às sequelas da 
questão social através de políticas sociais, incorporando demandas 
advindas dos trabalhadores e adquirindo consenso junto à eles. Tais 
políticas atendiam diretamente às requisições do capitalismo 
monopolista, o qual necessitava de preservar e ao mesmo tempo 
controlar a força de trabalho. Em alguns casos o Estado se antecipava 
nas respostas a algumas demandas para evitar futuros embates e 
conflitos de classe, o que gerava, inclusive, certo reconhecimento de 
representação perante as classes subalternas. Observa-se, deste 
modo, o peso de tais políticas para o desenvolvimento e consolidação 
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do capital monopolista. É fato também que a análise das políticas 
sociais deve reconhecer que esta é uma via de mão dupla, ao passo que 
tais políticas são funcionais e necessárias para o estabelecimento da 
ordem no capitalismo e, de certo modo, compatíveis com esse sistema, 
mas elas são também fruto das lutas e reivindicações históricas dos 
trabalhadores. 
Portanto, no capitalismo monopolista o Estado deixa de intervir 
somente coercitiva e repressivamente nas expressões da questão 
social, passando a realizar também uma intervenção sistemática por 
meio das políticas sociais. Apesar de assumir o caráter público da 
questão social, o Estado ao executar aquelas políticas faz de forma 
fragmentada, atingindo somente suas refrações e reforçando a 
natureza privada da questão social. 
 
 Capitalismo concorrencial 
 
A expressão "questão social" começa a ser empregada maciçamente a 
partir da separação positivista, no pensamento conservador, entre 
o econômico e o social, dissociando as questões tipicamente econômicas 
das "questões sociais" (cf. Netto, 2001, p. 42). Assim, o "social" pode 
ser visto como "fato social", como algo natural, a-histórico, 
desarticulado dos fundamentos econômicos e políticos da sociedade, 
portanto, dos interesses e conflitos sociais. 
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Assim, se o problema social (a "questão social") não tem fundamento 
estrutural, sua solução também não passaria pela transformação do 
sistema. 
 
 
Tome nota! 
Começa-se a se pensar então a "questão social", a 
miséria, a pobreza, e todas as manifestações delas, não 
como resultado da exploração econômica, mas como fenômenos 
autônomos e de responsabilidade individual ou coletiva dos setores 
por elas atingidos. A "questão social", portanto, passa a ser concebida 
como "questões" isoladas, e ainda como fenômenos naturais ou 
produzidos pelo comportamento dos sujeitos que os padecem. 
 
A partir de tal pensamento, as causas da miséria e da pobreza 
estariam vinculadas (nessa perspectiva) a pelo menos três tipos de 
fatores, sempre vincula-dos ao indivíduo que padece tal situação. 
 
Primeiramente a pobreza no pensamento burguês estaria vinculado a 
um déficit educativo (falta de conhecimento das leis "naturais" do 
mercado e de como agir dentro dele). Em segundo lugar, a pobreza é 
visto como um problema de planejamento (incapacidade de 
planejamento orçamentário familiar). Por fim, esse flagelo é visto 
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como problemas de ordem moral-comportamental (mal-gasto de 
recursos, tendência ao ócio, alcoolismo, vadiagem etc.). 
 
Surgem com isso as bases para o desenvolvimento de concepções, 
como a da "cultura da pobreza", onde a pobreza e as condições de 
vida do pobre são tidas como produto e responsabilidade do limites 
culturais de cada indivíduo. 
 
Com esta concepção de pobreza (típica da Europa nos séculos XVI a 
XIX), o tratamento e o enfrentamento da mesma desenvolve-se 
fundamentalmente a partir da organização de ações filantrópicas. 
 
Tome nota! 
Mais tarde, por volta dos anos 30 do século XIX, a 
pobreza deixa de ser tratada com ações 
filantrópicas/assistencialistas e passa a ser reprimida e castigada 
(como sendo uma questão delitiva ou criminal dos pobres). A 
beneficência e os abrigos passam a ser substituídos pela repressão e 
reclusão dos pobres. A ideológica expressão de "marginal" começa a 
adquirir uma conotação de "criminalidade". O pobre, aqui identificado 
com "marginal", passa a ser visto como ameaça à ordem. 
 
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A República Velha (1889 a 1930) no Brasil e a questão social. 
Durante a República Velha, a “questão social” era efetivamente 
tratada como um caso de polícia. Os governos oligárquicos não 
toleravam as reivindicações, protestos e greves dos trabalhadores, 
por isso usavam a violência militar do Estado para reprimi-los. 
 
Os sindicatos e os jornais operários eram fechados pela polícia, as 
greves eram enfrentadas a bala e os líderes eram presos, e, caso 
fossem imigrantes, expatriados, pois eram encarados como cidadãos 
“indesejáveis”. Portanto, pode-se concluir que o Estado republicano, 
liberal e oligárquico, quando deixava no mais completo desamparo o 
proletariado, assumia uma clara defesa dos interesses patronais. Por 
esse motivo, os assalariados urbanos olharam esperançosos o 
movimento militar de 1930, que derrubou a Primeira República e 
instalou a Era Getulista. 
 
 Capitalismo monopolista 
No capitalismo monopolista com a formação do operariado urbano-
industrial e a consolidação do movimento operário, visando alcançar 
legitimação junto às classes operárias e percebendo o perigo iminente 
da questão social, o Estado burguês passa a responder às sequelas da 
questão social através de políticas sociais, incorporando demandas 
advindas dos trabalhadores e adquirindo consenso junto à eles. Tais 
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políticas atendiam diretamente às requisições do capitalismo 
monopolista, o qual necessitava de preservar e ao mesmo tempo 
controlar a força de trabalho. 
 
Em alguns casos o Estado se antecipava nas respostas a algumas 
demandas para evitar futuros embates e conflitos de classe, o que 
gerava, inclusive, certo reconhecimento de representação perante as 
classes subalternas. 
 
Observa-se, deste modo, o peso de tais políticas para o 
desenvolvimento e consolidação do capital monopolista. É 
fato também que a análise das políticas sociais deve reconhecer que 
esta é uma via de mão dupla, ao passo que tais políticas são funcionais 
e necessárias para o estabelecimento da ordem no capitalismo e, de 
certo modo, compatíveis com esse sistema, mas elas são também 
fruto das lutas e reivindicações históricas dos trabalhadores. 
Portanto, no capitalismo monopolista o Estado deixa de intervir 
somente coercitiva e repressivamente nas expressões da questão 
social, passando a realizar também uma intervenção sistemática por 
meio das políticas sociais. 
Tome nota! 
Apesar de assumir o caráter público da questão social, 
o Estado ao executar aquelas políticas faz de forma 
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fragmentada, atingindo somente suas refrações e reforçando a 
natureza privada da questão social. 
 
Assim, é na passagem no capitalismo concorrencial para o monopolista 
que surgem as condições históricas para a constituição do Serviço 
Social. 
 
Isso se deve ao fato de que o Estado no capitalismo monopolista passa 
a assumir novas funções para além da repressão da classe 
trabalhadora, tornando-se responsável também pela reprodução 
social desta classe. Nesse novo contexto passa a ser necessária a 
intervenção, por meio de políticas sociais executadas por 
profissionais especializados, para responder as expressões da 
questão social. 
 
Vale lembrar que a questão social, que já se apresentava de forma 
acentuada, passa a ser reconhecida pelo Estado após a entrada no 
cenário político da classe trabalhadora, o que poderia colocar em 
xeque o desenvolvimento capitalista. Desse modo, tornou-se 
necessário que o Estado respondesse as reivindicações dessa classe, 
de modo a evitar confrontos e minimizar os conflitos, preservando a 
classe dominante. 
 
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Assim, o Estado historicamente é o maior empregador de assistentes 
sociais, abrindo para esses um amplo mercado nacional de trabalho, 
principalmente, devido a radicalização das expressões da questão 
social e ampliação das políticas sociais, lócus privilegiado de trabalho 
dessa categoria. Inicialmente, o assistente social é demandado pelo 
Estado para executar tais política, sendo caracterizado como um 
executor terminal de políticas sociais. 
 
 
A banca, CESGRANRIO-2014- CEFET: Serviço Social, considerou a 
alternativa c como certa. Acerca do processo histórico de emergência 
do serviço social como profissão inscrita na divisão sociotécnica do 
trabalho, considere as afirmativas abaixo. 
I - A constituição da profissão decorreu da racionalização e da 
profissionalização da filantropia e da assistência. 
II - Foi somente no trânsito do capitalismo concorrencial para o 
monopolista que se gestaram as condições históricas para a profissão. 
III - A legitimidade profissional decorreu do espaço sócio-ocupacional 
garantido pelo Estado burguês no enfrentamento da questão social. 
IV - A profissão foi demandada, em sua emergência, para ações de 
formulação e execução de políticas sociais. 
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Está correto APENAS o que se afirma em 
a) I e II 
b) I e III 
c) II e III 
d) I, III e IV 
e) II, III e IV 
 
 Cenário do neoliberalismo 
Após a década de 1970, com a crise do capital, e no Brasil após os anos 
de 1990, os países capitalistas adotaram a agenda de cunho neoliberal, 
a qual buscou implementar políticas regressistas que buscaram 
destituir os trabalhadores de direitos historicamente conquistados. 
 
A partir de então, o que se tem é a minimização e eliminação de 
diversos direitos sociais, o desmonte das políticas de seguridade 
social, a minimização da atuação estatal no que concerne as políticas 
sociais e a privatização da coisa pública. 
 
Além disso, aquelas áreas consideradas lucrativas pelo capital e, 
falaciosamente, apontadas como onerosas quando oferecidas pelo 
Estado, como a educação, a saúde e a previdência, vem sendo 
ofertadas por meio do mercado, o qual as oferecem com melhor 
qualidade e buscam "satanizar" tudo aquilo que é estatal. Desse modo, 
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o que ocorre é que terão educação e saúde de melhor qualidade 
aqueles que podem pagar por elas. 
 
Nesse sentido, o que se tem na atualidade para enfrentamento das 
sequelas da questão social são políticas sociais destinadas a pessoas 
em situação de extrema pobreza e, por isso, seletivas e basicamente 
de combate a fome e a pobreza. Além disso, tem ocorrido que o Estado 
tem ofertado, de forma mínima, políticas de transferência de renda 
que possuem alcance mínimo, pois possuem critérios seletivos rígidos 
e excludentes. Essa políticas, então, muitas vezes não são articuladas 
com as questões relacionadas ao emprego, a moradia e também não 
efetuam, de fato, a divisão da riqueza socialmente produzida e 
efetivam a equidade e justiça social. 
 
Assim, no cenário do neoliberalismo, podemos afirmar que o 
enfrentamento das novas expressões da questão social tem-se dado 
mediante uma progressiva responsabilização da sociedade civil, via 
ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS (ONG), INCENTIVO 
AO VOLUNTARIADO, REFILANTROPIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA, 
entre outros. 
 
Importante lembrar que no neoliberalismo ocorre também uma 
crescente JUDICIALIZAÇÃO DA QUESTÃO SOCIAL que se 
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configura como a transferência de responsabilização do Poder 
Executivo para o Poder Judiciário no que diz respeito as formas de 
enfrentamento das expressões da questão social. 
 
 
A Banca 2014- FGV- TJ-GO: Analista Judiciário, considerou a 
alternativa E como certa. A introdução de políticas neoliberais em todos 
os quadrantes do globo terrestre implicou uma ampliação do desemprego 
e a exponenciação da questão social. Uma das formas de o Estado 
neoliberal enfrentar a questão social na contemporaneidade tem sido a: 
a) instituição de novos direitos trabalhistas; 
b) contratação de interventores sociais;c) centralização das políticas estatais; 
d) universalização das políticas sociais públicas; 
e) criminalização dos pobres. 
Comentário: A reestruturação da produção aliada às políticas de cunho 
neoliberal na atualidade têm rebatido fortemente sobre a classe 
trabalhadora, implicando no desemprego estrutural, no retraimento do 
Estado no que se refere às políticas sociais públicas, na eliminação de 
direitos historicamente conquistados pelas massas trabalhadoras, no 
aviltamento das condições de vida e de trabalho e também na 
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degradação do meio ambiente. Deste modo, constata-se a acentuação 
das sequelas da questão social, como a fome, a miséria absoluta, o 
retorno de formas retrógradas de trabalho (escravo e infantil), o 
agravamento da saúde dos trabalhadores devido a intensificação da 
exploração, o aumento da violência, dentre outras expressões que 
podem ser citadas. O Estado, seguindo as orientações neoliberais, vem 
respondendo a tais expressões quando não de forma pontual e 
focalizada, através de políticas seletivas, basicamente de transferência 
de renda e de combate à fome e à pobreza, também por meio da 
intervenção policial, classificando as classes subalternas bem como suas 
lutas, como caso de polícia. Não é raro episódios em que os movimento 
sociais, por exemplo, são caracterizados na mídia como atos de 
vandalismo e de desordem, criminalizando a pobreza e os pobres por 
tentarem buscar formas de sobrevivência diante desse contexto. A 
classe trabalhadora é vista como uma classe "perigosa", sendo utilizada 
pelo Estado no enfrentamento das necessidades dessa classe a política 
focalizada e a repressão/violência neste contexto de avanço das política 
neoliberais. 
A Banca 2015,CESPE- DEPEN- Serviço Social, considerou errado o 
seguinte enunciado: No que diz respeito à questão social e aos direitos 
de cidadania, julgue o item que se segue. 
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Nas três últimas décadas, o combate da pobreza, tema que se tornou o 
eixo da questão social, esteve focado na emancipação financeira, 
política e social das pessoas pobres. 
Comentário: Nas últimas décadas, pode-se afirmar que o combate à 
pobreza tem sido realizado por meio de políticas focalizadas, seletivas 
e paliativas, basicamente de transferência de renda, as quais visam 
somente a minimização da pobreza e da fome extrema e não têm a 
pretensão de erradicá-las. Afinal, dentro do modo de produção 
capitalista as expressões da questão social podem até ser reduzidas 
mas nunca serão extintas, visto que o capitalismo produz e reproduz 
incessantemente a questão social. Deve-se ter em mente que a questão 
social é bem mais abrangente do que as suas expressões, como a 
pobreza. A questão social é fruto da relação contraditória entre capital 
X trabalho, a partir da qual a classe que detêm os meios de produção 
usurpa toda a riqueza socialmente produzida pela outra classe, aquela 
que possui somente sua força de trabalho para vender. Portanto, o 
combate a questão social é também a luta contra o capitalismo, a favor 
da ultrapassagem dessa sociabilidade e a pela construção de uma nova 
sociedade onde não existam classes sociais e a riqueza produzida seja 
igualitariamente dividida. Assim, na atualidade o que se percebe são 
políticas sociais, que não deixam de ser necessárias, mas que são 
excludentes, já que possuem como público alvo aqueles que se encontram 
em miséria extrema e as transferências de renda, que têm se tornado 
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a possibilidade maior de uma política social. Desse modo, tais políticas 
apesar de importantes por amenizarem de algum modo a pobreza 
extrema, são funcionais ao capitalismo já que não tocam nas bases 
daquilo que as produz e reproduz e não vão além do alívio da pobreza e 
da fome, e muito menos visam a emancipação política e social da 
população. 
 
1.6. Questão Social 
 
A questão social tem sido interpretada como produto da desigualdade 
social e sinônimo de cidadania, conforme afirma Ianni (1991); 
desagregação e desfiliação (CASTEL, 1997); nova questão social 
(ROSANVALLON, 1995). A questão social, para além do mundo do 
trabalho, também envolve as questões de gênero, etnia e minorias 
sociais, segundo Wanderley (1997); além de poder ser vista como um 
conjunto de problemas econômicos, políticos, sociais e culturais próprias 
da sociedade capitalista (CERQUEIRA FILHO, 1982), concepção esta, 
retomada por Iamamoto (2003) e Paulo Netto (2004). 
Nesse sentido, abordaremos algumas pontuações dos principais autores 
mais cobrados pelas bancas examinadoras. 
 
 
 
José Paulo Netto 
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Segundo Netto (2001), há cinco momentos historicamente importantes 
para compreender a questão social. 
Dessa maneira, a primeira delas é que a 
expressão “questão social” surge para dar 
conta do pauperismo decorrente dos 
impactos da primeira onda industrializante, a designação desse 
pauperismo relacionava-se diretamente aos seus desdobramentos 
sociopolíticos, pois desde a primeira década até a metade do século 
XIX seu protesto tomou as mais diversas formas numa perspectiva 
efetiva de uma eversão da ordem burguesa. 
A partir da metade desse século, de acordo com a segunda nota do 
autor, a expressão “questão social” entra para o vocabulário do 
pensamento conservador, com o caráter de urgência para manutenção e 
a defesa da ordem burguesa, a questão social perde paulatinamente sua 
estrutura histórica determinada e é crescentemente naturalizada, 
tanto pelo pensamento conservador laico como no do confessional, no 
primeiro as manifestações da questão social eram vistas como 
características inelimináveis de toda e qualquer ordem social e para 
amenizá-las e reduzi-las era preciso uma intervenção política limitada, 
enquanto que para o segundo, a gravitação da questão social só era 
possível com uma exarcebação da vontade divina. Assim, para ambos, a 
questão social é objeto de ação moralizadora, o enfrentamento de suas 
manifestações deve ser função de um programa de reformas que 
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preserve a propriedade privada dos meios de produção. Em 
contrapartida, com a exploração da revolução de 1848, os ideais da 
classe trabalhadora passam de classe em si para classe para si, a 
questão social passa a ser vista como atrelada à sociedade burguesa e a 
supressão desta conduz a supressão daquela. 
A terceira nota destaca que foi apenas em 1867 com o livro “O capital”, 
de Karl Marx, que se produziu uma compreensão teórica acerca do 
processo de produção do capital, relevando a anatomia da questão social. 
Para Marx a questão socialseria determinada pelo traço próprio e 
peculiar da relação capital-trabalho, a exploração, fruto da 
sociabilidade erguida sob o comando do capital. 
Na quarta nota Netto expõe que no período do Welfare State (1945-
1970), período dos trinta anos gloriosos, a questão social e suas 
manifestações pareciam remeterse ao passado, e apenas os marxistas 
insistiam em assinalar que as melhorias das condições de vida dos 
trabalhadores não alteravam a essência exploradora do capitalismo. Já 
a partir da década de 1970, com o esgotamento da onda longa expansiva, 
o capitalismo mostrou que não havia nenhum compromisso social, e a 
intelectualidade acadêmica descobriu uma nova questão social. 
Por fim, na última nota, Netto defende a tese de que não se trata de 
uma nova questão social uma vez que a emergência de novas expressões 
da questão social é decorrente da ordem do capitalismo 
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A Banca (2012) - PUC-PR - DPE-PR: Assistente Social, considerou 
certo o seguinte enunciado: As análises de Netto (1990/1996) 
compreendem de forma madura a consolidação da vertente de ruptura 
com o conservadorismo e sua importância para a renovação teórico-
cultural da profissão. Segundo o autor, é CORRETO afirmar que: Foram 
as lutas sociais que transformaram a questão social em uma questão 
política e pública, transitando do domínio privado das relações entre 
capital e trabalho para a esfera pública, exigindo a intervenção do 
Estado no reconhecimento de novos sujeitos sociais. 
A Banca (2014) – CEPERJ - VIVA COMUNIDADE-VIVA RIO: 
Assistente Social, considerou certo o seguinte enunciado: Sobre o 
debate da Questão Social, Netto (2001) nos oferece elementos 
essenciais para compreender a gênese de utilização desta expressão e 
sua relação com fenômenos objetivos presentes na realidade social. O 
autor informa que a expressão “Questão Social” começa a ser utilizada 
na terceira década do século XIX e surge para dar conta do fenômeno 
do pauperismo, evidente na Europa Ocidental nesse período. Sendo 
assim, pode-se compreender, a partir do autor citado, que as 
expressões da “Questão Social”, estão relacionadas aos aspectos mais 
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imediatos da: instauração do capitalismo em seu estágio industrial 
concorrencial. 
 
 
 
A concepção de questão social está enraizada na contradição capital x 
trabalho, em outros termos, é uma categoria que tem sua especificidade 
definida no âmbito do modo capitalista de produção. 
 
 “Questão social apreendida como o conjunto 
das expressões das desigualdades da 
sociedade capitalista madura, que tem uma 
raiz comum: a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-
se mais amplamente social, enquanto a apropriação dos seus frutos 
mantém-se privada, monopolizada por uma parte da sociedade.” 
 
A concepção de questão social mais difundida no Serviço Social é a de 
CARVALHO e IAMAMOTO, (1983, p.77): 
“A questão social não é senão as expressões do processo de formação e 
desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político 
da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do 
empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social, 
Marilda Villela Iamamoto 
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da contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir 
outros tipos de intervenção mais além da caridade e repressão”. 
 
Ou seja, tem-se o que é denominado contradição fundamental entre 
capital e trabalho, desenvolvendo-se o processo de construção de 
desigualdades. 
Assim, não existem questões sociais, mas sim QUESTÃO SOCIAL, que 
se manifesta em diversas formas de expressão, mas cuja origem é 
sempre a mesma. 
 
Ainda de acordo com IAMAMOTO (2005, p.28) 
“(...)o desenvolvimento nesta sociedade redunda, de um lado, em uma 
enorme possibilidade de o homem ter acesso à natureza, à cultura, à 
ciência, enfim, desenvolver as forças produtivas do trabalho social; 
porém, de outro lado e na sua contraface, faz crescer a distância entre 
a concentração/acumulação de capital e a produção crescente da 
miséria (...)” 
Ou seja, questão social expressa-se na desigualdade. 
Nunca se produziu tanto no mundo (tecnologias, produtos, serviços), mas 
ao mesmo tempo cada vez mais aumenta a distância entre os que 
possuem capital para ter acesso ao que é produzido e aqueles que tem 
esse acesso negado. 
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Nessas definições estão presentes os conceitos bases para o 
entendimento da questão social, na perspectiva da teoria social crítica, 
ou seja compreendendo que tal questão é fruto da sociedade do capital 
e sua contradição fundamental entre capital e trabalho. 
Assim, a questão social historicamente se desenvolve com o próprio 
modo de produção capitalista, na medida em que não é possível o 
desenvolvimento desse sistema sem essa contradição entre quem 
produz e quem tem os meios de produção. 
A questão social não é um fenômeno 
recente, típico do esgotamento dos 
chamados trinta anos gloriosos da 
expansão do capitalismo, ao contrário, 
trata-se de uma “velha questão social” inscrita na própria natureza das 
relações sociais capitalistas, mas que, na contemporaneidade, se re-
produz sob novas mediações históricas e, ao mesmo tempo, assume 
inéditas expressões espraiadas em todas as dimensões da vida em 
sociedade. 
 
Esse assunto foi cobrado pela banca 
No marco da teoria social crítica, a questão social é considerada 
um fenômeno recente, típico do trânsito do padrão de acumulação 
no esgotamento dos trinta anos gloriosos da expansão capitalista. 
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Comentário: A tese a ser desenvolvida considera ser questão social 
indissociável do processo de acumulação e dos efeitos que produz sobre 
o conjunto das classes trabalhadoras, o que se encontra na base da 
exigência de políticas sociais públicas. Ela é tributária das formas 
assumidas pelo trabalho e pelo estado na sociedade burguesa e não um 
fenômeno recente, típico do trânsito do padrão de acumulação no 
esgotamento dos 30 anos gloriosos da expansão capitalista. Portanto 
item errado. 
 
Ou seja, a questão social está na gênese do sistema capitalista e para 
resolvê-la seria necessário a mudança no modo de produção. 
Dessa forma, o Serviço Social trabalha 
especificamente com as expressões da questão 
social, que é uma só, mas que se manifesta a partir 
de diversas formas. 
Dessa forma, o assistente social precisa 
compreender que as demandas que lhe são colocadas no cotidiano do 
trabalho profissional são expressões dessa questão e não apenas 
problemáticas sociais ou questõesindividuais. Elas manifestam essa 
problemática maior e mais profunda que é a QUESTÃO SOCIAL. 
 
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Para autora, a questão social expressa, portanto, desigualdades 
econômicas, políticas e culturais das classes sociais, mediatizadas 
por disparidades nas relações de gênero, características étnico-
raciais e formações regionais, colocando em causa amplos segmentos 
da sociedade civil no acesso aos bens da civilização. Destaca que foram 
as lutas sociais que romperam o domínio privado nas relações entre 
capital e trabalho, extrapolando a questão social para esfera pública 
exigindo a interferência do Estado para o reconhecimento e a 
legalização de direitos e deveres dos sujeitos sociais envolvidos. 
A autora assinala que o processo de naturalização da questão social é 
acompanhada da transformação de suas manifestações em objeto de 
programas assistenciais focalizados no “combate à pobreza” e que uma 
dupla armadilha pode envolver a análise da questão social, corre-se o 
risco, então, de cair na pulverização e fragmentação das questões 
sociais, atribuindo unilateralmente aos indivíduos a responsabilidade por 
suas dificuldades ou aprisionar a análise em um discurso genérico, que 
redunda em uma visão unívoca e indiferenciada da questão social. 
Por fim, aponta que na perspectiva por ela assumida, a questão social 
não se identifica com a noção de exclusão social, hoje generalizada, 
dotada de grande consenso nos meios acadêmicos e políticos. 
Esse assunto foi cobrado pela banca 
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A antiga questão social assume roupagens novas, de acordo com 
Iamamoto, as expressões da questão social mais relevantes são: 
“(...) o retrocesso no emprego, a distribuição regressiva de renda e a 
ampliação da pobreza, acentuando as desigualdades nos estratos 
socioeconômicos, de gênero e localização geográfica urbana e rural, 
além de queda nos níveis educacionais dos jovens.” (Iamamoto, 
2007:147) 
Na atualidade a questão social está sendo naturalizada, 
individualizada, o indivíduo é colocando como o problema social, essa 
tendência gera o atendimento das refrações da questão social através 
de projetos assistenciais focalizados e também imprime junto as 
classes subalternas a repressão, num processo de criminalização da 
pobreza. Iamamoto salienta uma dupla armadilha quando a reflexão 
acerca das refrações da questão social é desvinculada de sua origem: 
“Corre-se o risco de cair na pulverização e fragmentação das inúmeras 
“questões sociais, atribuindo unilateralmente aos indivíduos e suas 
famílias a responsabilidade pelas dificuldades vividas” E ainda, 
“aprisionar a análise em um discurso genérico, que redunda em uma 
visão unívoca e indiferenciada da questão social.” (Iamamoto, 
2007:164) 
O acirramento da questão social gera o aumento da demanda e do 
público alvo do assistente social. Entretanto, as políticas sociais estão 
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cada vez mais focalizadas e seletivas. Assim, este profissional 
encontra-se em um dilema e no cerne dos conflitos entre duas 
questões opostas: direito e assistencialismo. 
 
 
A Banca (2006) – UEG - TJ-GO: Técnico Judiciário - Assistente 
Social, considerou certo o seguinte enunciado: Segundo Iamamoto (O 
Serviço Social na Contemporaneidade, 2003, p. 27), o “Serviço Social 
tem na questão social a base de sua fundação como especialização do 
trabalho”. Nesse sentido, é CORRETO afirmar: para o efetivo 
enfrentamento da questão social é necessário apreendê-la como o 
conjunto das expressões das desigualdades produzidas pela sociedade 
capitalista como resultado da contradição entre capital e trabalho. 
A Banca (2013) - TJ-PR - TJ-PR: Serviço Social, considerou 
certo o seguinte enunciado:" O Serviço Social tem na questão social a 
base de sua fundação enquanto especialização do trabalho. Os 
assistentes sociais, por meio da prestação de serviços 
socioassistenciais, realizados nas instituições públicas e organizações 
privadas, interferem nas relações sociais cotidianas, no atendimento às 
variadas expressões da questão social" (Iamamoto, 2007). A autora, em 
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seus estudos sobre o tema, alerta os profissionais para os riscos da 
interpretação superficial da questão social. 
 1. reforço ao discurso de criminalização da questão social, base das 
práticas autoritárias e repressivas. 
2. pulverização e fragmentação das inúmeras "questões sociais", 
atribuindo unilateralmente aos indivíduos e suas famílias a 
responsabilização pelas dificuldades vividas. 
3. constituição de discurso genérico, prisioneiro das análises 
estruturais, esvaziadas de suas particularidades históricas. 
4. autonomização das múltiplas expressões da questão social. 
 
 
 
No que diz respeito a temática da exclusão social, Yazbek, privilegia a 
análise da pobreza e da exclusão social como algumas das resultantes 
da questão social que permeiam a vida das classes subalternas em nossa 
sociedade e com as quais os assistentes sociais se defrontam em sua 
prática profissional. A autora parte do debate acumulado no âmbito do 
Serviço Social que situa a questão social como elemento central na 
relação entre profissão e realidade ao colocá-la como referência para a 
ação profissional. Dessa maneira, inicia pontuando que pobreza, exclusão 
e subalternidade configuram-se como indicadores de uma forma de 
inserção na vida social, de uma condição de classe e de outras condições 
Maria Carmelita Yazbek 
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reiteradoras da desigualdade, expressando as relações vigentes na 
sociedade. 
Tome nota! 
A pobreza seria uma face do descarte de mão de obra 
barata, que faz parte da expansão capitalista. Assim, 
segundo a autora, as sequelas da “questão social” expressas na pobreza, 
na exclusão e na subalternidade de grande parte dos brasileiros tornam-
se alvo de ações solidárias e de filantropia revisitada, fazendo parte 
deste quadro à crônica crise das políticas sociais, seu reordenamento e 
sua subordinação às políticas de estabilização da economia, com suas 
restrições aos gastos públicos e sua perspectiva privatizadora. 
Yazbek (2001) faz referência a Telles quando esta aponta que no 
momento atual, despolitiza-se o reconhecimento da questão brasileira 
como expressão de relações de classe e neste sentido, desqualifica-a 
como questão pública, questão política, questão nacional, numa 
sociedade privatizada que desloca a pobreza para o “lugar de não 
política, onde é franqueada como um dado a ser administrado 
teoricamente ou gerado pelas práticas de filantropia”. Yazbek finaliza 
assinalando que entende que a reprodução ampliadada questão social é 
reprodução das contradições sociais, que não há rupturas no cotidiano 
sem resistência, sem enfrentamentos e que se a intervenção 
profissional do assistente social circunscreve um terreno de disputa, é 
ai que está o desafio de sair da lentidão, de construir, reinventar 
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mediações capazes de articular a vida social das classes subalternas 
com o mundo público dos direitos e cidadania. 
 
 
A Banca (2013) - FCC - TRT - 5ª Região (BA): Analista Judiciário 
- Serviço Social, considerou certo o seguinte enunciado: Para Maria 
Carmelita Yazbek (2012), a Questão Social pode ser compreendida como 
resultante da divisão da sociedade em classes e da disputa pela riqueza 
socialmente gerada, cuja apropriação é extremamente desigual no 
capitalismo. Supõe, desse modo, a consciência da desigualdade e a 
resistência à opressão por parte dos que vivem de seu trabalho. 
A banca (2012) – VUNESP - TJ-SP: Assistente Social, considerou 
certo o seguinte enunciado: O fato de a presença dos pobres em nossa 
sociedade ser vista como natural e banal despolitiza o enfrentamento 
da questão e coloca os que vivem a experiência da pobreza num lugar 
social. Para Yazbek (2009), o uso da categoria “subalternidade” 
apresenta maior propriedade no sentido de apreender a situação de 
privação social, econômica, cultural e política, lugar social dos usuários 
dos serviços sociais. Nessa perspectiva, a subalternidade ganha 
dimensões mais amplas, não expressando apenas a exploração, mas 
também a dominação e a exclusão integrativa, que no mercado 
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capitalista cria reservas de mão de obra e transforma o pauperismo em 
despesa extra da produção. 
 
 
Em outra linha de pensamento em relação a questão social, 
Telles (1996) assinala que a questão social não se reduz 
ao reconhecimento da realidade bruta da pobreza e da 
miséria. A autora, citando os termos de Castel, aponta que a 
questão social é a aporia das sociedades que põe em foco a 
disjunção, sempre renovada, entre a lógica do mercado e a dinâmica 
societária, entre a exigência ética dos direitos e os imperativos da 
eficácia da economia, entre a ordem legal que promete igualdade e 
a realidade das desigualdades e exclusões tramada na dinâmica das 
relações de poder e dominação. 
A aporia nos tempos correntes diria respeito também à disjunção entre 
as esperanças de um mundo que valha a pena ser vivido, inscritas nas 
reivindicações por direitos e o bloqueio de perspectivas de futuro para 
maiorias atingidas por uma modernidade selvagem que desestrutura 
formas de vida e faz da vulnerabilidade e da precariedade formas de 
existência, que tendem a se cristalizar como único destino possível. 
Dessa maneira, para Telles, a questão social é o ângulo pelo qual as 
sociedades podem ser descritas, lidas, problematizadas em sua história, 
seus dilemas e suas perspectivas de futuro. 
 Vera da Silva Telles 
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Assim, para esta, discutir a questão social significa um modo de se 
problematizar alguns dos dilemas cruciais do cenário contemporâneo. 
Ela então ressalta que nos tempos atuais as conquistas sociais 
alcançadas estão sendo devastadas pela avalanche neoliberal no mundo 
inteiro, que a destituição dos direitos também significa a erosão das 
mediações políticas entre o mundo do trabalho e as esferas públicas e 
que estas, por isso mesmo, se descaracterizam como esferas de 
explicitação de conflitos e dissensos, de representação e de negociação 
sendo que é por via dessa destituição e dessa erosão dos direitos e das 
esferas de representação que se constrói esse consenso de que o 
mercado é o único e exclusivo princípio estruturador da sociedade e da 
política, que diante dos seus imperativos, nada há a fazer a não ser 
administrar tecnicamente suas exigências que a sociedade deve a ele se 
ajustar e que os indivíduos, agora desvencilhados das proteções 
tutelares dos direitos, podem finalmente r suas energias e capacidades 
empreendedoras. 
 
 
 
Para Castel, a questão social pode ser caracterizada por uma 
inquietação quanto à capacidade de manter a coesão de uma sociedade. 
A ameaça de ruptura é apresentada por grupos cuja existência abala a 
coesão do conjunto. O autor expõe que a gênese desta questão foi 
Robert Castel 
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suscitada por um lado, pelo distanciamento do crescimento econômico e 
o aumento da pobreza, e por outro, pela ordem jurídico-política que 
reconhecia os direitos sociais dos cidadãos e uma ordem econômica que 
os negava. 
A grande diferença da questão social na fase do capitalismo industrial 
seria o surgimento de novos atores e conflitos. Com a crise da década 
de 1970 e o abalo da sociedade salarial, as principais manifestações 
dessa nova questão social, reflexo do desemprego em massa e da 
precarização do trabalho, é o reaparecimento de trabalhadores sem 
trabalho, os inúteis para o mundo ou supranumerários, pessoas que não 
tem lugar na sociedade porque não são integradas. Dessa forma, Castel 
conclui que a profunda metamorfose da questão social é que enquanto 
anteriormente a necessidade era saber como um ator social subordinado 
e dependente poderia tornar-se um sujeito social pleno, hoje a questão 
é amenizar a presença destas populações postas à margem, torná-las 
discretas a ponto de apagá-las. 
 
 
 
Rosavallon (1998) ressalta que as transformações contemporâneas 
decorrentes da crise da década de 1970, fez surgir uma nova questão 
social, visto que em suas análises dos sistemas seguradores, os 
benefícios do crescimento econômico e das conquistas das lutas sociais 
Pierre Rosanvallon 
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modificaram a vida dos trabalhadores e o Estado-providência quase 
conseguiu vencer a antiga insegurança social e vencer o medo do futuro. 
Assim, aponta que o crescimento do desemprego e o aparecimento de 
novas formas de pobreza nos faz remeter a antigas formas de 
exploração e que o surgimento da uma nova questão social é traduzido 
pela inadaptação dos métodos antigos de gestão social. 
Desse modo, a nova questão social se coloca a partir de novos 
fenômenos de exclusão social decorrentes da crise da década 
de 1970, crise que segundo Rosavallon apresenta três 
dimensões: uma financeira, uma vez que os gastos são maiores que o 
ingresso de recursos; uma ideológica, devido à falta de eficácia do 
Estado empresário para enfrentar as questões sociais; e uma 
filosófica, pela desintegração dos princípios que organizam a 
solidariedade e a concepção tradicional de direitos sociais. Logo, as 
políticas sociais impõem considerar

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