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PERÍCIA CONTÁBIL 15 UNIMES VIRTUAL Aula: 02 Temática: Breve Histórico sobre Perícia – Parte I A evolução da perícia se mostra tão antiga quanto a evo- lução da Contabilidade. Alguns pesquisadores revelam que os primeiros sinais do uso da Contabilidade datam de 4.000 anos a.C.; enquanto a perícia tem seus primeiros vestígios na antiga civi- lização do Egito: Conta Heródoto que, quando o rio despojava alguém da cota agrária, a pessoa lesada procurava o rei, a quem dava parte do ocorrido; então, este enviava ao lugar da situação do lote inspetores que o mediam para saber a área diminuída e a diminuição propor- cional que devia sofrer o pagamento do tributo. Tais inspetores, entendidos em geometria e “experts” na arte de medir, são longínquos antecessores de uma categoria de peritos – os agrimensores� . Com o surgimento da escrita, encontramos vestígios de escrita contábil no século III a.C., nos papiros de Zenon, grande negociante e administrador, que mantinha suas contas escrituradas em espécie e em moeda. Já a perícia tem seus primeiros vestígios de escrita no papiro Abbot, datado do ano �30 da era cristã, “ao tempo do Imperador Adriano Trajano Augusto, e que corresponde a um autêntico laudo do médico Caio Minucio Valeriano, do burgo de Caranis, a propósito de ferimentos na cabeça recebidos por um indivíduo chamado Mysthorion” (SANTOS, �955:��). A partir do século XIII, a Contabilidade experimentou um grande desen- volvimento na Europa, uma vez que esse continente apresentava-se como o berço do comércio; em paralelo, observa-se (sem garantir data preci- sa) que no continente europeu também houve grande desenvolvimento da perícia como instrumento de prova, presente principalmente, segundo Santos, na Grécia, França, Inglaterra e Itália (SANTOS, �955:��). Para entender melhor, a seguir, apresenta-se um quadro cronológico sobre a perícia. 1 SANTOS, Moacyr Amaral. Prova Judiciária no Civil e Comercial. 2. ed. São Paulo: Max Limonad, �955, vol. V, p. 8. PERÍCIA CONTÁBIL16 UNIMES VIRTUAL DE 1808 A 1932 1808 Embora já existissem formas de Contabilidade no Brasil, a primeira manifestação oficial foi datada em 1808, com a vinda da Família Real ao Brasil. A perícia surge regulamentada no Brasil em 25 de junho de �850, por meio da lei nº 556 – Código Comercial –, que previa em seus dispositivos o Juízo Arbitral 2 obrigatório e, nos artigos �0 e ��, a obrigatoriedade da elaboração do balanço, dos livros diários e copiador de cartas e a escrituração de forma cronológica. 1850 Se efetua a regulamentação do perito, mediante o regulamento nº 737 (posteriormente revogado), baseado no Código Francês e nas Ordenações3 Filipinas. Em matéria contábil, é escolhido como árbitro, o profissional formado em Aula de Comércio com posse de Carta de Habilitação. 1863 É utilizada pela primeira vez a arbitragem4 na chamada Questão Christie, com a Inglaterra, caso que envolvia a detenção no Rio de Janeiro, por autoridades policiais brasileiras, de oficiais da mari- nha britânica. A arbitragem, cujo laudo foi favorável ao Brasil, foi feita pelo Rei Leopoldo, da Bélgica. 1866 Revoga-se o juízo arbitral pela lei nº 1350, porém, permanecendo o juízo arbitral voluntário 1911 O governo decreta lei sobre peritos contabilistas, cujas atribui- ções foram: • dar parecer e verificar as contas que se relacionassem com o balanço e os relatórios que deveriam ser apresentados às assem- bléias gerais das Companhias e Sociedades Anônimas; • proceder a exame nas escritas quando ordenado pelos juízes, nos processos comerciais, criminais e cíveis 1916 É aprovado o regulamento, que dispõe sobre perícia contábil no artigo 2º § 6º nestes termos: “[...] criar e manter o quadro de pe- ritos contadores, formado exclusivamente pelos sócios de longa pátria, e reputação ilibada, que tenham obtido, mediante exame, o indispensável certificado”. 2 “Os processos psicológicos de peritos e de árbitros se assemelham; se de ambos são exigidas as excelências morais e intelectuais, e, se do primeiro é exigível o aprimoramen- to técnico e do segundo são desejáveis tais conhecimentos, é forçoso concluir que o bom perito é o profissional em estágio mais próximo de ser um bom árbitro.” (ALBERTO, Valder Luiz Palombo. As Afinidades entre as Funções Pericial e Arbitral. In Boletim APEJESP, nº 80, outubro/�995.) 3 Ordenações não eram códigos no sentido atual, mas compilações de leis, atos e costumes. 4 “[...] vocábulo jurídico usado para expressar o procedimento que se promove no senti- do de apreciar-se o valor de determinados fatos ou coisas de que não se tem elementos certos de avaliação.” (ALONSO, José Rojo & RODRIGUES, Alberto Almada. A Arbitragem no Brasil. XIV Congresso Brasileiro de Contabilidade, �992.) 5 O Código Civil em vigor mostra diversas alterações sobre seu original. PERÍCIA CONTÁBIL 17 UNIMES VIRTUAL 1917 Entra em vigor a lei nº 307�, de � de janeiro de �9�6 – atual Código Civil 5 –, pois as Ordenações Filipinas já não atendiam às necessidades da Colônia, tornando-se evidente que mudanças precisavam ocorrer na legislação que coordenava os procedi- mentos comerciais. 1927 Ensaia-se o ensino de perícia contábil, idealizado pelos fundado- res do Instituto Brasileiro de Contabilidade, IBC, “sendo criada uma cadeira na Escola Técnica Profissional, cadeira essa que foi entregue à reconhecida competência do saudoso Professor Joa- quim Telles” 6 . 1930 No dia 4 de julho, é organizada a Câmara de Peritos Contadores 1931 Tem-se um marco da regulamentação da profissão de contador. O decreto nº 20�58, de 30 de junho de �93�, “assinado oito meses após a vitória da Revolução de 1930” 7 , além de regulamentar a profissão de contador, organiza o ensino comercial, fazendo com- pleta modificação nos currículos anteriores. 1932 O decreto nº 21033 regulamenta o exercício da profissão contá- bil, das prerrogativas estabelecidas para aqueles diplomatas. 6 7 6 Id., ib., p.�8. 7 RODRIGUES FILHO, Antonio Peres. A Evolução do Ensino Comercial no Brasil e a Formação do Contador na USP. São Paulo, USP, 1980, p. 12. Dissertação de mestrado apresentada à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo.
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