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■ Produção Digital: Geethik.
 
■ CIP – Brasil. Catalogação na fonte.
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.
D422d
Del’Olmo, Florisbal de Souza, 1941 –
Curso de direito internacional privado, 10.ª edição/Florisbal de Souza Del’Olmo – Rio de Janeiro : Forense, 2014.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-309-5407-9
1. Curso de direito internacional privado. I. Título
99-0355 CDU 341.9
mailto:forense@grupogen.com.br
http://www.grupogen.com.br
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Deus, Criador de Todos os Mundos;
A Jesus Cristo, o Divino Mestre;
Pela vida, pela saúde, pelas inspirações.
À Minha Família,
Aos Meus Alunos,
Aos Meus Amigos,
Por tudo o mais.
O autor
 
 
Ao atingir sua décima edição, o Curso de Direito Internacional Privado busca complementar e
aprimorar as sucessivas revisões e atualizações das edições anteriores, sempre com o intuito de
torná-lo cada vez mais apropriado e completo para o estudioso do Direito. Procedeu-se a uma
releitura atenta e abrangente de todos os capítulos, atualizando-os de acordo com a legislação vigente
e as doutrinas clássica e contemporânea, bem como procurou-se sanar eventuais lacunas sobre a
matéria.
Em alguns capítulos, como os que abordam a nacionalidade, o direito de família, a adoção
internacional, a concorrência internacional e o Mercosul, o aporte oferecido nesta edição foi mais
expressivo, devido a aspectos diversos e ao dinamismo vivenciado, ultimamente, por esses temas no
que tange ao Direito Internacional Privado.
Procuramos elaborar um manual voltado especialmente para o estudante universitário, com uma
linguagem acessível e objetiva, tornando a obra mais dinâmica. Em alguns capítulos, elaboramos
tabelas para sintetizar determinados assuntos, com vistas a facilitar a aprendizagem do aluno, atentos,
ademais, aos principais temas cobrados em concursos públicos, sempre concorridos, nos quais o
Direito Internacional Privado tem sido uma matéria cada vez mais presente. Os resumos e as
questões propostas, no final de cada capítulo, permitem ao leitor revisar brevemente e avaliar seus
conhecimentos sobre o que aprendeu.
Buscando novas ementas sobre conflitos que envolvem leis interespaciais, houve não apenas
substituição de casos apresentados na edição anterior, como o aporte de jurisprudência em mais
alguns capítulos, de forma a permitir que o aluno e o jurista conheçam o posicionamento mais atual
dos Tribunais do País. Exemplos clássicos da doutrina nacional e estrangeira também foram
lembrados e explicados pertinentemente no decorrer dos capítulos, visualizando-se a aplicação das
normas do DIPr em diversos países.
No acervo das normas brasileiras pertinentes ao Direito Internacional Privado, em anexo no
final da obra, a par das atualizações legislativas, incluímos outros dispositivos, como artigos e
parágrafos da Constituição Federal, do Código Civil e do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Registramos, a exemplo de edições anteriores, a valiosa participação, com pertinentes sugestões
e comentários sempre enriquecedores e oportunos, dos professores Augusto Jaeger Junior, José
Russo e Silvio Battello, que tanto contribuíram para o aprimoramento desta obra. Acresçam-se, nesta
edição, pertinentes subsídios dos professores doutores Guilherme Camargo Massaú, Liliana
Locatelli e Mara Darcanchy.
O auxílio da Especialista em Direito e oficial de chancelaria Elisa Cerioli Del’Olmo Kämpf
também se constituiu em aporte inestimável, possibilitando, com sua percuciente leitura e oportunas
críticas em cada um dos capítulos, alcançar o objetivo principal da obra – torná-la um instrumento
acessível e objetivo, de maneira a propiciar um aprendizado mais fácil dos temas em estudo. A sua
enriquecedora experiência laboral no Ministério das Relações Exteriores contribuiu para selecionar
casos envolvendo os elementos de conexão do DIPr.
Reiteramos a nossa permanente disposição de mantermos e aperfeiçoarmos o Curso de Direito
Internacional Privado como uma fonte válida e eficaz no aprendizado de nossa matéria, permitindo
ao estudioso um adequado conhecimento e domínio desse ramo, a cada dia mais presente, no
universo das disciplinas jurídicas.
Janeiro de 2014
 
 
É com a disposição de ser útil aos estudiosos de Direito de todo o Brasil – professores,
magistrados, procuradores, advogados e candidatos a concursos públicos na área jurídica –, que
apresentamos este Curso de Direito Internacional Privado.
Lançada em 1999, como Direito Internacional Privado: Abordagens Fundamentais,
Legislação, Jurisprudência, a obra mereceu acolhida, com tiragens significativas. Embora sempre
atualizada, sentimos que chegara o momento de uma releitura mais abrangente, demorada e atenta e
de inserção de novos capítulos, abordando segmentos do DIPr, não contemplados especificamente.
Colocamos nessa tarefa todo o nosso esforço e experiência acumulada. Admitido para estágio
pós-doutoral no Curso de Pós-Graduação em Direito (CPGD) da Universidade Federal de Santa
Catarina, sob a orientação do Professor Dr. Luiz Otávio Pimentel, centramos essa instigante fase de
nossa vida acadêmica na elaboração de uma obra que, a par de se constituir em preito de gratidão
aos que – professores e alunos – a haviam conduzido a aceitação tão ampla, trouxesse contribuição
maior no campo do DIPr.
A eleição dos temas para reflexão tem origem acadêmica diversa. Provém de troca de
experiências com expoentes da disciplina e de áreas correlatas, da releitura de clássicos nacionais e
estrangeiros e das aulas ministradas em cursos de graduação e pós-graduação, de modo especial nas
Universidades Federais de Santa Catarina (UFSC), do Rio Grande do Sul (UFRGS), do Amazonas
(UFAM) e de Uberlândia, MG (UFU), bem como na instituição em que trabalhamos desde 1996, a
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), campus de Santo Ângelo,
RS, e da Escola Superior de Direito de Mato Grosso (ESUD), de Cuiabá, MT. Nossa visita à
Polônia, durante o estágio pós-doutoral, em maio de 2007, proferindo palestras na Universidade de
Varsóvia, na Escola Superior de Economia de Varsóvia e na Universidade Marie Curie, de Lublin,
com o aporte trazido por essa experiência e troca de conhecimentos transnacional, conscientizou-nos
da missão. Questões levantadas pelos alunos, em sua ânsia de resposta imediata ede ampliação de
saberes, nesses encontros, trouxe motivação especial.
Encetado e bem elaborado, esse trabalho teve a gratificação maior do conhecimento de novos
vieses e peculiaridades do Direito Internacional Privado. Ao optarmos por um objeto abrangente da
disciplina, incluindo conflito de leis interespacial, nacionalidade, condição jurídica do estrangeiro,
direitos adquiridos, conflito de jurisdições, competência internacional e reconhecimento de sentenças
estrangeiras, surgiu a necessidade de abordar cada um deles. Reside aí a fonte dos capítulos
adicionados, resultando agora em número total de vinte e cinco.
A nacionalidade, a condição jurídica do estrangeiro, as pessoas e a adoção internacional
passam a constituir capítulos próprios. O consumidor, a concorrência, a propriedade intelectual, as
relações jurídicas no trabalho e a competência, todos analisados sob o viés do Direito Internacional
Privado, enriquecem a obra e permitem ao leitor economia de meios e buscas. Por óbvio, a consulta
a outros autores é necessária e recomendável, pois o Curso de Direito Internacional Privado, como
toda obra dessa natureza, não pode ter a pretensão de esgotar os temas abordados.
Mantiveram-se, no final dos capítulos, os resumos e as questões propostas, estas agora voltadas
para respostas de formulação própria, que permitam ao leitor explicitar o que aprendeu, refletir
sobre o aprendido e dominar o conteúdo estudado. O destaque de termos, expressões ou conceitos
agora está em itálico, por assim entendermos mais adequado.
Continuam presentes legislação e jurisprudência. A primeira permeia toda a obra, com acervo
mais trabalhado no capítulo XI, optando-se apenas por não inserir, como anexo, o Estatuto do
Estrangeiro (facilmente acessível no site http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6815.htm) e o
Código Bustamante (site ccji.pgr.mpf.gov.br.ccji/legislacao). Houve, assim, substancial espaço para
os novos capítulos e o conteúdo ampliado dos demais. Quanto à jurisprudência, referem-se decisões
das cortes nacionais embasando e exemplificando conteúdos ao longo da obra, entendendose,
contudo, desnecessário apresentar um rol mais amplo de ementas, hoje postas à disposição de todos
nos endereços eletrônicos dos respectivos tribunais.
Um trabalho como este só é possível pela convergência de fatores e conjuntura, o que implica
gratidão a colegas e amigos, mestres e alunos. Impõe-se, nessa tessitura, referir o aporte trazido
pelos professores Cláudia Lima Marques, Luiz Otávio Pimentel, Augusto Jaeger Junior, José Russo,
Adriane Cláudia Melo Lorentz, Sílvio Javier Battello, Amador Paes de Almeida, Astrid Heringer,
Diego Pereira Machado, Alessandro Freitas de Faria e Marília Zanchet. Uma referência especial
cabe à professora Salete Oro Boff, colega de estágio pós-doutoral na UFSC, com contribuições
oportunas.
A participação dos mestres Jorge Mário Fensterseifer – ao longo da história da obra – e Artur
Hamerski trouxe méritos para a linguagem e a correção do vernáculo. Membros do nosso Grupo de
Pesquisas CNPq – Tutela dos Direitos e sua Efetividade, como Beatrice Guimarães Nóbrega,
Fernanda Savian Rodrigues, Geferson Deutner da Silva, Vinicius Batista Morais, Paulo Grzeca,
Patrick Fachim e Pablo Miguel Mucha, foram profundamente valiosos.
Por fim, refiro Elisa Cerioli Del´Olmo, também do Grupo de Pesquisas, filha e fonte de todas as
inspirações na vida, na academia e nos sonhos. Sua vivência e estudos nos Estados Unidos e na
Alemanha, seu envolvimento no Direito Ambiental e áreas jurídicas voltadas ao ser humano, não
obstante sua juventude, trouxeram à obra contribuições inestimáveis, fruto de seu juízo crítico
apurado e honestidade intelectual, direcionados a nos manter ativos, percucientes, insaciáveis na
busca do saber e saudáveis em uma existência já longa.
Nosso objetivo maior é que o Curso de Direito Internacional Privado continue a merecer
acolhida e, mais do que isso, a cumprir sua missão de tornar o estudo da matéria mais acessível,
agradável e eficaz e a ocupar o espaço que esse ramo merece no âmbito geral das disciplinas
jurídicas.
Outono de 2009
O autor
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6815.htm
http://ccji.pgr.mpf.gov.br.ccji/legislacao
 
 
O livro sobre o direito internacional privado do Professor Doutor Florisbal de Souza Del’Olmo
chega a sua décima edição, sempre pela Editora Forense, do Rio de Janeiro, e a exemplo do que se
viu ao longo dos anos, também esta edição contém atualizações importantes para o operador e para o
estudante dessa matéria.
O autor é um ser humano vivido e um experiente jurista. Eu já contei esta história em outro
escrito, mas como me orgulho muito dessa amizade, eu me permito repeti-la neste prefácio. Conheci
o professor Del’Olmo num encontro proposital na escadaria do prédio da Justiça do Trabalho, então
sediada na Rua 3 de Outubro, em Santo Ângelo, cidade em que morávamos, no Rio Grande do Sul.
Na época, no começo do ano de 1997, ele, após exitosa carreira profissional em outra área,
desempenhava funções naquele órgão, e eu era um especializando em Direito, e nós dois pretendentes
a vagas de Mestrado na Universidade Federal de Santa Catarina. Mesmo ainda sem uma vaga, de
forma pretensiosa, pois, pus-me à procura de futuros colegas para dividir as despesas das viagens
que passaríamos a fazer após a eventual aprovação para o curso. Informado sobre outros
conterrâneos inscritos no processo seletivo, o primeiro listado que eu descobri e a quem eu acorri
imediatamente foi o professor Florisbal Del’Olmo. Desde aquele momento, viajamos, semanalmente,
durante um ano, para frequentar as aulas do Mestrado, quando, então, ocorreram trocas de
informações sobre a vida e a experiência jurídica que até hoje me são proveitosas. Ele também me
acolheu por muitas vezes em sua casa, para os estudos em grupo, durante o Mestrado na UFSC.
A amizade que ali se iniciou me deu segurança para passos mais arrojados na vida acadêmica. É
oportuno mais uma vez reconhecer que foi através de um convite seu, que me tornei professor
universitário. Em um determinado momento, em maio de 1998, o professor Del’Olmo necessitou
afastar-se por curto período da atividade docente diária, e me convidou para substituí-lo como
professor da disciplina de direito internacional privado, que foi lecionada na nossa Universidade
Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, em Santo Ângelo. Veja-se que a nossa
proximidade com o direito internacional privado vem já daquela época. Certo é que foi pelo convite
do professor Del’Olmo, tendo sido conduzido pelas suas mãos até a turma, que eu dei as minhas
primeiras aulas em uma universidade.
É pelos motivos acima confessados, não exclusivamente, que eu aceito com grande prazer o
convite para apresentar mais uma de suas consagradas obras, que chega a sua décima edição.
Aquele afastamento antes referido do professor Del’Olmo das aulas não representou, de forma
alguma, um descanso. Pois não é que já no começo do ano de 1999 surgia, para o mercado nacional,
a primeira edição desta obra! Naquela época, ela se chamou Direito Internacional Privado:
Abordagens Fundamentais, Legislação e Jurisprudência e veio a suprir uma lacuna entre os
operadores do Direito, uma vez que continha, ademais dos temas clássicos da matéria, um capítulo
sobre a União Europeia e outro sobre o Mercosul.
Eu acompanhei, com muita proximidade, uma vez que o substituía nas aulas na universidade, o
trabalho e o esforço do professor Del’Olmo na construção daquela primeira versão. Até contribuí
com um capítulo, qual seja, aquele que se dedicou ao Mercosul. De forma que hoje, assim como
honrado, também me sinto bem à vontade com esse convite para prefaciar esta décima edição que
temos em nossas mãos.
Desde o lançamento da primeira edição, em 1999, esse então primeiro livro do professor
Del’Olmo alcançou grandes mestres da matéria, de renome internacional. Passados pouco mais de
dois meses do lançamento, em 20 de julho de 1999, o autor recebeu uma carta em papel timbrado da
já centenáriaFaculdade de Direito e Ciências Sociais da Universidade Nacional de Assunção. Ela
vinha assinada pelo Decano da Faculdade, o Professor Doutor Ramón Silva Alonso. Eu guardei uma
cópia dessa carta, porque foi expressiva também para mim, um professor em início de carreira,
mestrando ainda na época. Agora com o convite para prefaciar esta décima edição, eu a recuperei em
meus arquivos pessoais.
Naquela época, assim escreveu o professor Ramón Silva Alonso ao seu colega, professor
Del’Olmo: “Quisiera expresarle al mismo tiempo cuánto agradezco el obsequio de su valiosa obra
‘Derecho Internacional Privado’, en la que en breve volumen, reúne Ud. ló que yo llamaría lo más
valioso de nuestra materia. (…) me persuadí de que estamos en presencia de un trabajo excepcional.
(…) Coincido con Ud. en que Teixeira de Freitas es sin duda una de las mayores glorias del derecho
de su tiempo en América. También creo que Freitas no ha sido aún suficientemente estudiado ni
valorado aún en el propio Brasil, considerando el tiempo en que le tocó vivir. Salvo la Argentina y
quizás el Paraguay, no es suficientemente conocido en el Continente, teniendo en cuenta la grandeza
de su figura”.
A carta seguia com referências à amizade comum que nutriam com outro professor paraguaio
brilhante, o Dr. Roberto Ruiz Díaz Labrano, agora em 2013 festejado com um livro em sua
homenagem pela ASADIP – Associação Americana de Direito Internacional Privado, lançado
durante o Congresso Anual dessa entidade, realizado em novembro passado, em Assunção.1
Veja-se que a carta datava de 1999, e que o Brasil, por exemplo, apenas em 2002 passaria a ter
um novo Código Civil, que reconheceu em sua organização algumas das brilhantes inovações
jurídicas ofertadas por Teixeira de Freitas mais de um século e meio antes, em especial, a unificação
das obrigações civis e comerciais.2
Mais tarde, movido por aquelas palavras do professor Ramón Silva Alonso, me atrevo a sugerir
e o professor Del’Olmo viria a se dedicar com mais força ao estudo da obra de Augusto Teixeira de
Freitas, de cujas pesquisas resultou o artigo Augusto Teixeira de Freitas: o protojurista do
Mercosul,3 que, incorporado ao livro em edição seguinte, o completou e o engrandeceu.
De fato, a ideia da unificação das obrigações civis e comerciais não é recente. A aspiração de
condensar as normas jurídicas em um único corpo de direito esteve presente desde as mais antigas
civilizações.4 No Brasil do Império, o incremento comercial experimentado fez ser necessária uma
legislação comercial. Assim, em 1850 surgiu o Código Comercial brasileiro, ordenamento que
recebeu forte influência do Código Francês de 1807. Esta Lei ficou em discussão na Câmara dos
Deputados por 16 anos, até ser promulgada pelo imperador constitucional Dom Pedro II. Como o
Código Comercial veio antes de um ordenamento civil, foi tido como natural que incluísse muitas
disciplinas de matérias que não constavam da desordenada legislação civil de então.
O surgimento de um Código que regulasse o direito civil não tinha a mesma sorte.5 Neste
sentido, em 1854 o jurista brasileiro Augusto Teixeira de Freitas, ao propor um Código Civil para o
Brasil, já insistia fortemente na unificação do direito obrigacional, cujo entendimento seria mais
consentâneo para o ordenamento jurídico brasileiro. Afirmava o renomado estudioso que o direito
civil e o comercial não eram distintos. A divisão era uma falsificação e uma frivolidade, pois a
separação escondia o rompimento da igualdade entre as pessoas (dava só ao comerciante o direito de
falir, por exemplo).
Sobre a personalidade marcante de Teixeira de Freitas, é possível ser dito que ele pensava em
descompasso com o seu tempo.6 Vale ainda lembrar que se tratava de um perfeccionista.7 Segundo
depoimentos colhidos, em sua vida Teixeira de Freitas produziu uma obra perfeita. Também como
pessoa humana foi uma referência: certa feita se recusou a acolher as normas escravistas em seu
documento, pois acreditava que logo fossem cair, como a morte civil e a restrição aos direitos civis
aos nacionais.8
E não somente em seu país o seu trabalho foi destacado, como lembrou o professor Ramón Silva
Alonso, mas a sua obra serviu como um ponto de convergência na legislação civil entre os povos da
América.9 Por tal é que o professor Del’Olmo o chamou de o protojurista do Mercosul. O
ordenamento civil da Argentina, por exemplo, com o esforço de Vélez Sarsfield,10 tomou 1.200
artigos do seu Esboço. Igual influência foi reproduzida no Uruguai, com o estudo de Tristán Narvaja.
Já no Paraguai, foi adotado o Código Argentino que, como visto acima, recebeu influência de
Teixeira de Freitas.11 Além-mar, pensamento semelhante às suas ideias Vivante, na Itália, só foi ter
cinquenta anos depois, quando também se opunha a um Código Comercial separado do Civil.
Em que pese os relevantes estudos desencadeados, o governo federal não foi receptivo a essas
novas ideias e o trabalho foi interrompido ainda incompleto.
Para nova empreitada legislativa, concluída em 1865, fora novamente convidado Teixeira de
Freitas, tendo se fixado em classificar as matérias e unificar o direito privado. O Esboço final desta
compilação reuniu cinco milheiros de artigos.
Então em 1916 o ordenamento jurídico brasileiro recebeu a aprovação do Código Civil, após
longa e tumultuada tramitação, especialmente devido à contestação veemente de Ruy Barbosa, que
costumava se referir a ele como um produto do século anterior, já que oriundo de elaboração iniciada
em 1896.
Uma manifestação sobre o Código Civil de 1916 que se faz necessária para o seguimento deste
prefácio é que ele não consagrou essa ideia de unificação das obrigações civis e comerciais em um
único documento, o que era a proposta de Teixeira de Freitas.
A ideia de unificação de matérias de direito privado, neste caso em especial a de obrigações
civis e comerciais, já tinha sido aplicada em outros ordenamentos pelo mundo afora. Os países que a
adotaram podem ser classificados segundo os sistemas de unificação que foram utilizados. Assim, há
sistemas radicais e moderados.
Um exemplo do processo de unificação segundo o sistema moderado ocorreu no direito suíço,
que tem um Código próprio para o direito das obrigações, fora do direito civil. E um exemplo de
unificação segundo o sistema radical se deu no direito italiano, onde o Código Civil de 1942 unificou
não só as obrigações, mas o direito privado, acabando com a diferença entre atos civis e comerciais
e trabalhistas, mas mantendo normas especiais referentes à agricultura. Lá, diferentemente, e mais
radical que a ideia original brasileira, o documento também comporta o direito do trabalho.
Mas a grande diferença do documento italiano referido acima com o sistema aprovado pelo
Brasil por influência de Beviláqua e agora de Reale é que aquele não tem uma Parte Geral (outra
elaboração de Teixeira de Freitas) e os nossos Códigos têm, motivo pelo qual eles não se confundem
com os documentos italiano e suíço.
Coincidentemente, no mesmo ano de 1942, a Lei de Introdução ao Código Civil brasileiro
também era alterada, em função da Segunda Guerra Mundial, estabelecendo um novo elemento de
conexão, o domicílio. Este já havia sido indicado como o elemento mais apropriado por Teixeira de
Freitas em sua Proposta.12 Essa modificação, talvez a principal da nova Lei de Introdução, pode ser
entendida como um ajuste histórico, já que deu razão, cem anos após, ao iluminado pensador,
alterando o mecanismo de Pimenta Bueno e Clóvis Beviláqua positivado em 1916, que estabelecera
a nacionalidade como elemento de conexão para as questões de direito internacional privado.
O surgimento de um Código Civil em 1916 que não contemplou a unificação do direito privado,
nem mesmo do ramo das obrigações, não conseguiu, todavia, sepultar a ideia de unificação.
Novamente a ideia da unificação das obrigações teve ressurgimento em 1940, com o Projeto do
Código de Obrigações e especialmente em 1965 com outro Projeto, que chegou a ser enviado ao
Congresso Nacional, sendodepois igualmente arquivado.
O professor Ramón Silva Alonso, tendo escrito aquelas palavras, e com o debate estabelecido,
foi durante a última década de sua vida um dos grandes impulsionadores do seguimento desta obra,
hoje em décima edição. Ele veio a falecer passados pouco mais de dez anos de quando escreveu a
carta aqui parcialmente reproduzida, em 8 de outubro de 2009. O seu passamento enlutou os
profissionais do direito internacional privado do continente. Era o criador, o iniciador e o presidente
da Academia Paraguaya de Derecho y Ciencias Sociales. Em seu enterro, as seguintes palavras de
despedidas foram pronunciadas pelo Professor Doutor José A. Moreno Ruffinelli, que, assim como
eu, foi iniciado em uma cátedra universitária por um grande mestre: “lo que nadie puede dudar, ni por
un instante, es que sólo había una persona en nuestro país que podía hacerlo, pues nadie más tenía ese
rasgo que lo diferenciaba netamente del resto de nuestros juristas: el de ser, sencillamente,
indiscutible. Ese era el maestro Silva Alonso. (…) Tan pronto ingresó a la Facultad de Derecho,
tuvo ese raro encantamiento con esta disciplina, que lo acompañó hasta los últimos instantes de su
vida. (…) Ocupó y prestigió todos los grados de la carrera, del cursus honorarium: Juez de Primera
Instancia en lo Civil, Miembro del Tribunal de Apelaciones en lo civil y comercial y miembro de la
Corte Suprema de Justicia”.
Da mesma forma que aquele professor em relação ao seu mestre teve a honra de prefaciar a sua
clássica obra paraguaia de direito internacional privado, aqui quem me a dá hoje é o meu mestre, o
professor Del’Olmo.
Ainda no âmbito de questões pessoais que unem alunos e mestres, sobretudo, foi ele que me
honrou desde muito jovem com uma amizade sincera e construtiva.
Outro eminente professor que logo se impactou com o seu estudo foi o catedrático Luis Ivani de
Amorim Araujo, do Rio de Janeiro. Em uma cartinha datilografada à máquina, de 15 de junho de
1999, que eu pela mesma importância guardei, afirma ele que “O grande mérito do Prof. Florisbal, na
publicação de ‘Direito Internacional Privado’ repousa no amparo incalculável que representa o texto
do Docente aos epígonos e em estimular o interesse dos mesmos ao conhecimento do Direito que
norteia o conflito das leis no espaço. (…) O jurista Florisbal é um exemplo a ser imitado pelos
professores de nosso Brasil, escrevendo os seus cursos para adestrar o estudo dos discentes e atalhar
a invasão de compêndios forâneos, nem sempre amoldados, e que, na realidade constituem autêntica
invasão do nosso território cultural”.
Com o professor Ivani, Florisbal de Souza Del’Olmo também estabeleceu um debate acadêmico
proveitoso, do qual resultou um livro com ele escrito,13 um livro com ele organizado,14 e um livro
organizado em sua homenagem.15 O professor Luis Ivani de Amorim Araujo foi outro querido mestre
que passou à imortalidade, recentemente, em 2007.
Pois bem, em sua primeira edição, publicada no começo do ano de 1999, a obra surgiu com
dezoito capítulos. Ali já se via a opção metodológica de fazer com que cada capítulo fosse concluído
com resumo e questionário, que a acompanha até a edição de agora, por terem sempre se mostrado
úteis ao aprendizado. Na atualidade, a obra é apresentada em vinte e quatro interessantes capítulos.
Apenas de longe lembra aquele tratamento clássico dado na primeira edição. Nos anos de 2008 e
2009, as edições correspondentes apresentaram novos capítulos, contendo os modernos temas de
direito internacional privado, como Adoção Internacional, Direito Internacional da Concorrência,
para cujo capítulo eu tive a oportunidade de contribuir, Direito Internacional do Consumidor e
Direito Internacional do Trabalho.
O capítulo dedicado à União Europeia desta edição destaca a entrada em vigor, em 1º de
dezembro de 2009, das modificações trazidas ao Direito da União pelo Tratado de Lisboa. Outro
tema importante tratado na obra do professor Del’Olmo refere-se ao processo, como eu o chamo em
obra assinada no ano passado e nas minhas aulas de graduação e de pós-graduação na Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, de Europeização do Direito Internacional Privado.
Europeização do direito internacional privado significa que as normas de colisão autônomas
dos Estados-membros da União Europeia (UE) restarão obsoletas. Isso é assim porque o processo de
unificação da matéria no nível comunitário é levado a efeito através de regulamentos comunitários,
os quais, segundo o artigo 288, n. 2, do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia (TFUE)
possuem aplicabilidade direta nos Estados-membros. A primazia de aplicação do direito comunitário
atinge as normas de colisão dos direitos internos – sempre que o âmbito de aplicação de um
determinado regulamento de direito internacional privado esteja envolvido – e isso tem como
consequência, por causa do fundamental caráter universal das normas de colisão comunitárias, o fato
de que as disposições de direito internacional privado dos Estados-membros da UE sejam afastadas
da aplicação.
De fato, o processo de integração comunitário abrange, desde muito tempo, a matéria de direito
internacional privado, em especial o direito processual civil internacional. A criação de um espaço
de liberdade, de segurança e de justiça sem fronteiras internas, que de acordo com o ex-artigo 2º, n.
2, do Tratado da União Europeia (TUE), segundo a nova redação que lhe é dada pelo Tratado de
Lisboa, deve ser ofertado aos cidadãos da UE, apresenta particulares exigências ao direito
internacional privado.
Como um objetivo a longo prazo do processo de harmonização vislumbra-se o alcance de uma
codificação de direito internacional privado com uma parte geral no nível da organização
internacional.
Um último ponto a ser destacado no que se refere à atualização da obra está sediado no capítulo
sobre o Direito da Concorrência. Refiro-me aqui à incorporação ao mesmo das inovações trazidas
pela nova lei brasileira de defesa da concorrência, a Lei número 12.529, de 30 de novembro de
2011. Essa lei reestruturou o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência e dispôs sobre a
prevenção e a repressão às infrações contra a ordem econômica.
Cabe também referir as atualizações que o capítulo necessitou ter com a aprovação do novo
texto do Acordo de Defesa da Concorrência do Mercosul, advindo com a Decisão número 43/10, do
Conselho Mercado Comum.
Vale mencionar ainda o recente surgimento da Lei número 12.874, de 29 de outubro de 2013,
que alterou o artigo 18 do Decreto-Lei no 4.657, de 4 de setembro de 1942, para possibilitar às
autoridades consulares brasileiras celebrarem a separação e o divórcio consensuais de brasileiros
no exterior.
Além dessa modificação, já ocorrida na LINDB, outras alterações são previstas para um futuro
breve. A principal delas vem com a iminente reforma atualizadora do Código de Defesa do
Consumidor (CDC). Nos últimos dias, graças à atuação da Professora Cláudia Lima Marques,
passou-se a esperar uma modificação no artigo 9º da LINDB. A mudança foi incluída dentro das
modificações do CDC. O relatório foi apresentado e o projeto reuniu vários projetos, passando a
tramitar conjuntamente, e hoje se encontram na Comissão Temporária de Modernização do CDC do
Senado Federal. Espera-se que o projeto seja votado no Parlamento em breve e que, com isso, o País
tenha de volta uma norma que permita a autonomia da vontade para a determinação do direito
aplicável a certas obrigações plurilocalizadas, cassada com a reforma da LICC de 1942. A nova
redação do artigo 9º, para aperfeiçoar a disciplina dos contratos internacionais comerciais e de
consumo e dispor sobre as obrigações extracontratuais, começaria assim: “O contrato internacional
entre profissionais, empresários e comerciantes rege-se pela lei escolhida pelas partes, sendo que o
acordo das partes sobre esta escolha deve ser expresso”.
Bem, como também já escrevi em outro local, não são apenas os fatos de termos sido colegas de
Mestrado na UFSC, de termos realizado Doutoradona mesma instituição, a Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, com a mesma orientadora, a Professora Doutora Cláudia Lima Marques, e o fato
de eu ter iniciado a minha carreira acadêmica a convite do professor Del’Olmo e de ter sido por ele
conduzido até a classe, que nos unem: nós dois há muito tempo trabalhamos academicamente as
mesmas áreas do Direito. Além dessas que constituem o objeto do presente livro, o professor
Del’Olmo leciona com primazia e autoridade o Direito Internacional Público, o Direito da Integração
e o Direito da União Europeia. Basta ver que ele, em conjunto com o colega professor Diego Pereira
Machado, publicou em 2011, o livro Direito da Integração, Direito Comunitário, Mercosul e União
Europeia, pela Editora JusPodivm, de Salvador.
Essa comunhão de áreas nos colocou, nos quinze anos que computamos de amizade pessoal e
acadêmica, em estreito e diário contato.
O Professor Florisbal de Souza Del’Olmo é um homem de bem. E como tal criou com a sua
esposa, Neide, a filha Elisa, sendo que, juntos com o genro Martin, passaram neste ano de 2013 a
transmitir amor e valores ao netinho Arthur.
Eu renovo os meus cumprimentos ao amigo e colega de profissão e à Editora Forense pelo
surgimento da décima edição deste consagrado livro e pelo esforço continuado do professor
Del’Olmo de ensinar aos jovens estudantes de Direito o apaixonante sistema de solução dos conflitos
de leis no espaço. A todos os interessados, deseja-lhes uma boa leitura o
Prof. Dr. Augusto Jaeger Junior
Professor da Graduação e da Pós-graduação da Faculdade de Direito
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq.
Doutor em Direito Comunitário pela UFRGS.
______________
1 DERECHO internacional privado y derecho de la integración: Libro homenaje a Roberto Ruiz Díaz Labrano. Asunción:
Centro de Estudios de Derecho, Economía y Política – CEDEP, 2013.
2 JAEGER JUNIOR, Augusto. O novo Código Civil Brasileiro e a reorganização de empresas. Boletín Latinoamericano de
Competencia. Bruxelas, out. 2002, n. 15, p. 53-77.
3 DEL’OLMO, Florisbal de Souza. Augusto Teixeira de Freitas: o protojurista do Mercosul. In: PIMENTEL, Luiz Otávio
(Coord.). Mercosul, Alca e Integração Euro-Latino-Americana. v. 1. Curitiba: Juruá, 2001. p. 239-247. Ver também em
espanhol em DEL’OLMO, Florisbal de Souza. Augusto Teixeira de Freitas – El Protojurista del Mercosur. Cadernos do
Programa de Pós-Graduação em Direito (UFRGS). Porto Alegre: PPGDir-UFRGS, v. II, n. IV, 2004. p. 111-117.
4 KARAM, Munir. Teixeira de Freitas e o processo de codificação do Direito Civil Brasileiro. Revista de Direito Civil,
Imobiliário, Agrário e Empresarial. São Paulo: Revista dos Tribunais, n. 29. p. 95-112, p. 95.
5 KARAM, Munir. Teixeira de Freitas e o processo de codificação do Direito Civil Brasileiro. Revista de Direito Civil,
Imobiliário, Agrário e Empresarial. São Paulo: Revista dos Tribunais, n. 29. p. 95-112, p. 97.
6 KARAM, Munir. Teixeira de Freitas e o processo de codificação do Direito Civil Brasileiro. Idem, ibidem.
7 KARAM, Munir. Teixeira de Freitas e o processo de codificação do Direito Civil Brasileiro. Revista de Direito Civil,
Imobiliário, Agrário e Empresarial. São Paulo: Revista dos Tribunais, n. 29. p. 95-112, p. 100.
8 KARAM, Munir. Teixeira de Freitas e o processo de codificação do Direito Civil Brasileiro. Idem, ibidem.
9 DEL’OLMO, Florisbal de Souza. Augusto Teixeira de Freitas: o protojurista do Mercosul. In: PIMENTEL, Luiz Otávio
(Coord.). Mercosul, Alca e Integração Euro-Latino-Americana. v. 1. Curitiba: Juruá, 2001. p. 239-247, p. 239.
10 DEL’OLMO, Florisbal de Souza. Augusto Teixeira de Freitas: o protojurista do Mercosul. In: PIMENTEL, Luiz Otávio
(Coord.). Mercosul, Alca e Integração Euro-Latino-Americana. v. 1. Curitiba: Juruá, 2001. p. 239-247, p. 240.
11 KARAM, Munir. Teixeira de Freitas e o processo de codificação do Direito Civil Brasileiro. Revista de Direito Civil,
Imobiliário, Agrário e Empresarial. São Paulo: Revista dos Tribunais, n. 29. p. 95-112, p. 107.
12 DEL’OLMO, Florisbal de Souza. Augusto Teixeira de Freitas: o protojurista do Mercosul. In: PIMENTEL, Luiz Otávio
(Coord.). Mercosul, Alca e Integração Euro-Latino-Americana. v. 1. Curitiba: Juruá, 2001. p. 239-247, p. 244.
13 DEL’OLMO, Florisbal de Souza; ARAÚJO, Luís Ivani de Amorim. Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro
Comentada. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2004. v. 1. p. 207.
14 DEL’OLMO, Florisbal de Souza; ARAÚJO, Luís Ivani de Amorim (Orgs.). Direito de Família Contemporâneo e os Novos
Direitos: Estudos em Homenagem ao Professor José Russo. 1. ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2006. v. 1. p. 353.
15 DEL’OLMO, Florisbal de Souza (Org.). Curso de Direito Internacional Contemporâneo: Estudos em Homenagem ao
Prof. Dr. Luís Ivani de Amorim Araújo pelo seu 80º aniversário. 1. ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2003. v. 1. p. 700.
 
 
a.C. Antes de Cristo
AC Apelação Cível
ADCT Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
AgR Agravo Regimental
ALADI Associação Latino-Americana de Integração
ALALC Associação Latino-Americana de Livre Comércio
ALCA Área de Livre Comércio das Américas
APEC Associação de Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico
Art. Artigo
c/c Combinado com
CADE Conselho Administrativo de Defesa Econômica
cap. Capítulo
CC Código Civil/Conflito de Competência
CDC Código de Defesa do Consumidor
CE Comissão Europeia
CEE Comunidade Econômica Europeia
CEEA Comunidade Europeia de Energia Atômica
CECA Comunidade Europeia do Carvão e do Aço
CF Constituição Federal
CIDIP Conferências Interamericanas de Direito Internacional Privado
CIG Conferência Intergovernamental
CLT Consolidação das Leis do Trabalho
CMC Conselho do Mercado Comum
CNPJ Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas
CP Código Penal
CPC Código de Processo Civil
CPGD Curso de Pós-Graduação em Direito
CPF Cadastro de Pessoas Físicas
CPP Código de Processo Penal
DIPr Direito Internacional Privado
DJU Diário de Justiça da União
DL Decreto-lei
DOE Diário Oficial do Estado
DPI Direito Processual Internacional
ECA Estatuto da Criança e do Adolescente
EE Estatuto do Estrangeiro
EIDAS Encontros Internacionais de Direito da América do Sul
ESUD Escola Superior de Direito de Mato Grosso
EUA Estados Unidos da América
GATT Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio
HC Habeas Corpus
inc. Inciso
INCOBRASA Industrial e Comercial Brasileira S/A
IPTU Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana
JSTJ-CD Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça
JTRFS-CD Jurisprudência dos Tribunais Regionais Federais – CD
LICC Lei de Introdução ao Código Civil
LIN Lei de Introdução as Normas do Direito Brasileiro
Mercosul Mercado Comum do Sul
Min. Ministro
MS Mandado de Segurança
NAFTA Tratado Norte-Americano de Livre Comércio
OCDE Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
OEA Organização dos Estados Americanos
OIT Organização Internacional do Trabalho
ONU Organização das Nações Unidas
p. Página/páginas
PDCM Protocolo de Defesa da Concorrência do Mercosul
PESTRAF Pesquisa sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para
Fins de Exploração Sexual Comercial
PUCRJ Pontifica Universidade Católica do Rio de Janeiro
RE Recurso Extraordinário
ReCrim. Revisão Criminal
Rel. Relator
REO Recurso Ex Officio
REsp Recurso Especial
RESP. Recurso Especial
RHC Recurso Habeas Corpus
RISTF Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal
RO Recurso Ordinário
SAE Secretaria de Acompanhamento Econômico
SBDC Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência
SDE Secretaria de Direito Econômico
séc. Século
segs./ss. Seguintes
SGT Subgrupo de Trabalho
STJ Superior Tribunal de Justiça
TJGB Tribunal de Justiça da Guanabara
TJPE Tribunal de Justiça de Pernambuco
TJSP Tribunal de Justiça de São Paulo
TRF Tribunal Regional Federal
TRIPs Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual
TST TribunalSuperior do Trabalho
TUE Tratado da União Europeia
UE União Europeia
UFAM Universidade Federal do Amazonas
UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
UFU Universidade Federal de Uberlândia
UNIDROIT Estatuto Orgânico do Instituto Internacional para a Unificação do
Direito Privado
UNOESC Universidade do Oeste de Santa Catarina
URI Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões
v.g. Verbi gratia
v. Volume
vers. Versículo
 
 
Capítulo I – Noções Fundamentais e Objeto do Direito Internacional Privado
1.1 Considerações iniciais
1.2 Conceito
1.3 Objeto
1.4 Normas de DIPr na Constituição Federal de 1988
1.5 Direitos adquiridos
1.6 Direito Internacional Privado e Direito Internacional Público
1.7 Direito Internacional Privado e Direito Comparado
Resumo
Questões Propostas
Capítulo II – Esboço Histórico do Direito Internacional Privado
2.1 Considerações iniciais
2.2 Grécia
2.3 Roma
2.4 Feudalismo
2.5 Glosadores e escolas estatutárias
2.6 Codificação
2.7 Doutrinas modernas
Resumo
Questões Propostas
Capítulo III – Denominação e Método de Direito Internacional Privado e a Disciplina no Brasil
3.1 Considerações iniciais
3.2 Denominação
3.3 Autonomia do DIPr
3.4 Método
3.5 Direito Internacional Privado no Brasil
3.5.1 Primeiros tempos
3.5.2 Augusto Teixeira de Freitas
3.5.3 José Antônio Pimenta Bueno
3.5.4 Notáveis tratadistas
3.5.5 Atualidade do DIPr brasileiro
3.6 Considerações finais
Resumo
Questões Propostas
Capítulo IV – Fontes do Direito Internacional Privado
4.1 Considerações iniciais
4.2 Lei
4.3 Tratados
4.4 Doutrina
4.5 Jurisprudência
4.6 Costumes
Resumo
Questões Propostas
Capítulo V – Teoria das Qualificações
5.1 Considerações iniciais
5.2 Teorias existentes
5.3 Qualificações no Brasil
5.4 Casos clássicos
5.5 Questões prévias
Resumo
Questões Propostas
Capítulo VI – Elementos de Conexão
6.1 Considerações iniciais
6.2 Classes de elementos de conexão
6.3 Conexões pessoais
6.3.1 Domicílio
6.3.2 Nacionalidade
6.4 Conexões reais
6.4.1 Lex rei sitae
6.5 Conexões voluntárias
6.5.1 Autonomia da vontade
Resumo
Questões Propostas
Capítulo VII – Aplicação do Direito Estrangeiro
7.1 Considerações iniciais
7.2 Aplicação direta da lei estrangeira
7.3 Retorno
7.3.1 Caso Forgo
7.4 Limites à aplicação da lei estrangeira
7.4.1 Ordem pública
7.4.2 Fraude à lei
7.4.3 Favor negotii
7.4.4 Prélèvement
7.4.5 Instituições desconhecidas
7.4.6 Instituições abomináveis
Resumo
Questões Propostas
Capítulo VIII – Homologação de Sentença Estrangeira
8.1 Considerações iniciais
8.2 Fundamentos
8.3 Documentos estrangeiros: cartas rogatórias
8.4 Sentenças estrangeiras homologáveis
8.4.1 Conceituação
8.4.2 Decisões passíveis de homologação
8.4.3 Sistemas de homologação
8.4.4 Delibação
8.4.5 Órgãos homologadores, pressupostos e rito na Justiça brasileira
8.4.6 Sentença homologanda versus lide na Justiça brasileira
8.5 Convenção da ONU sobre prestação de alimentos no estrangeiro
8.6 Legislação brasileira
8.7 Jurisprudência brasileira
8.8 Considerações finais
Resumo
Questões Propostas
Capítulo IX – Nacionalidade
9.1 Considerações iniciais
9.2 Interdisciplinaridade
9.3 Nacionalidade originária
9.3.1 Jus sanguinis
9.3.2 Jus soli
9.4 Naturalização
9.5 Conflitos de nacionalidade
9.5.1 Plurinacionalidade
9.5.2 Anacionalidade
9.6 Nacionalidade no ordenamento jurídico brasileiro
9.7 Perda da nacionalidade
Resumo
Questões Propostas
Capítulo X – Condição Jurídica do Estrangeiro
10.1 Considerações iniciais
10.2 Ingresso e permanência
10.2.1 Passaporte
10.2.2 Visto
10.3 Afastamento compulsório
10.3.1 Institutos em desuso
10.3.2 Expulsão
10.3.3 Deportação
10.3.4 Diferenças entre expulsão e deportação
10.3.5 Extradição: conceito e classificação
10.3.6 Extradição de nacionais
10.3.7 Requisitos e limites da extradição
10.3.8 Caso Pinochet
10.3.9 Extradição na ordem jurídica brasileira
10.3.10 Tratados de extradição firmados pelo Brasil
10.3.11 Diferenças dos demais institutos
10.4 Jurisprudência brasileira
10.5 Projeto de novo Estatuto do Estrangeiro
Resumo
Questões Propostas
Capítulo XI – Pessoas no Direito Internacional Privado
11.1 Considerações iniciais
11.2 Personalidade
11.2.1 Começo da personalidade
11.2.2 Término da personalidade
11.3 Comoriência
11.4 Ausência
11.5 Poder familiar
11.6 Tutela
11.7 Curatela
11.8 Ação de alimentos
Resumo
Questões Propostas
Capítulo XII – Direito de Família e Direito Internacional Privado
12.1 Direito de Família
12.2 Casamento e conflito de leis no espaço
12.3 Normas brasileiras sobre casamento
12.3.1 Capacidade
12.3.2 Impedimentos e formalidades
12.3.3 Casamento por procuração
12.3.4 Casamento no consulado
12.3.5 Nulidade do casamento
12.3.6 Regime de bens
12.4 Divórcio
12.5 Casamento entre pessoas do mesmo sexo
12.6 Jurisprudência brasileira
Resumo
Questões Propostas
Capítulo XIII – Adoção Internacional
13.1 Considerações iniciais
13.2 Conceituação
13.3 Importância e atualidade
13.4 Adoção como resgate de crianças sem assistência
13.5 Adoção internacional
13.6 Documentos sobre adoção internacional e a Convenção de 1993
13.7 Adoção no ordenamento jurídico brasileiro e a adesão à Convenção de 1993
13.8 Noções básicas sobre adoção
13.9 Brasil como país de origem do menor adotado
13.10 Organismos credenciados
13.11 Brasil como país de acolhida do menor adotado
13.12 Adoção internacional e nacionalidade
13.13 Caso João Herbert
13.14 Caso das meninas da Guiné-Bissau
13.15 Considerações finais
Resumo
Questões Propostas
Capítulo XIV – Direito das Sucessões e Direito Internacional Privado
14.1 Considerações iniciais
14.2 Sucessão e conflito de leis no espaço
14.3 Elementos de conexão
14.4 Sucessão legítima
14.5 Sucessão testamentária
Resumo
Questões Propostas
Capítulo XV – Direito das Obrigações e Direito Internacional Privado
15.1 Considerações iniciais
15.2 Obrigações na esfera internacional
15.3 Autonomia da vontade
15.4 Novos elementos de conexão
15.5 Normas brasileiras
Resumo
Questões Propostas
Capítulo XVI – Direito do Consumidor e Direito Internacional Privado
16.1 Considerações iniciais
16.2 Consumidor no ordenamento jurídico brasileiro
16.3 Consumidor no DIPr
16.4 Proteção do consumidor nas Américas
16.4.1 Projeto de CIDIP de proteção do consumidor
16.5 Consumidor à luz da LINDB
16.5.1 Proposta de adequação da LINDB ao consumidor
16.6 Caso Panasonic
16.6.1 Ementa do caso
16.7 Considerações finais
Resumo
Questões Propostas
Capítulo XVII – Direito Empresarial e Direito Internacional Privado
17.1 Considerações iniciais
17.2 Sociedade estrangeira e direito brasileiro
17.3 Sociedade binacional
17.4 Estabelecimento
17.5 Capacidade para exercer a atividade empresarial
17.6 Legislação brasileira e direito empresarial internacional
17.7 Falência e recuperação empresarial
17.8 Falência internacional
Resumo
Questões Propostas
Capítulo XVIII – Direito da Concorrência e Direito Internacional Privado
18.1 Considerações iniciais
18.2 Concorrência e Direito da Concorrência
18.3 Defesa da concorrência no Brasil
18.4 Abuso do poder econômico em um mercado relevante
18.5 Concorrência internacional: algumas reflexões
18.6 Concorrência no Mercosul e na União Europeia
18.7 Liberdades econômicas fundamentais
18.8 Considerações finais
Resumo
Questões Propostas
Capítulo XIX – Direito das Coisas e Direito Internacional Privado
19.1 Considerações iniciais
19.2 Qualificação dos bens móveis e imóveis
19.3 Direito das coisas no ordenamento jurídico brasileiro
19.4 Direitos reais e conflito de leis no espaço
19.5 Referências especiais sobre alguns direitos reais
19.6 Regras de DIPr em outras ordens jurídicas
Resumo
Questões Propostas
Capítulo XX – Propriedade Intelectual e Direito Internacional Privado
20.1 Considerações iniciais
20.2 Propriedade intelectual
20.2.1 Histórico
20.2.2 Importânciana atualidade
20.3 Propriedade intelectual no Brasil
20.3.1 Medicamentos
20.3.2 Caso Efavirenz
20.4 Organização Mundial da Propriedade Intelectual
20.5 Convenções internacionais
20.5.1 TRIPs
20.6 Direito Internacional Privado e Propriedade Intelectual
20.7 DIPr brasileiro da Propriedade Intelectual
20.8 Considerações finais
Resumo
Questões Propostas
Capítulo XXI – Direito do Trabalho e Direito Internacional Privado
21.1 Considerações iniciais
21.2 Direito Internacional Privado do Trabalho
21.3 Justiça competente
21.4 Contrato individual de trabalho e conflito interespacial
21.5 Emprego da lex loci executionis
21.6 Mercosul e harmonização das normas trabalhistas entre os países
21.7 Casos de conflitos trabalhistas interespaciais
21.8 Ementas de lides interespaciais
Resumo
Questões Propostas
Capítulo XXII – Competência Internacional
22.1 Considerações iniciais
22.2 Conceito e objeto
22.3 Princípios e fontes do DPI
22.4 Competência internacional na legislação brasileira
22.5 Imunidade de jurisdição
22.5.1 Imunidade absoluta
22.5.2 Imunidade relativa
22.6 Jurisprudência brasileira
22.7 Considerações finais
Resumo
Questões Propostas
Capítulo XXIII – União Europeia
23.1 Globalização da economia e formação de blocos continentais
23.2 Processo de integração dos Estados europeus
23.3 Instituições da União Europeia
23.3.1 Conselho Europeu
23.3.2 Comissão
23.3.3 Conselho da União Europeia
23.3.4 Parlamento Europeu
23.3.5 Tribunal de Contas
23.3.6 Tribunal de Justiça da União Europeia
23.3.7 Comitê Econômico e Social
23.3.8 Comitê das Regiões
23.3.9 Banco Central Europeu
23.4 Ordenamento jurídico comunitário
23.5 Supranacionalidade na União Europeia
23.6 Cidadania europeia
23.7 Livre circulação dos trabalhadores
23.8 Considerações finais
Resumo
Questões Propostas
Capítulo XXIV – Mercosul
24.1 Antecedentes históricos
24.2 ALALC e ALADI
24.3 Conceitos básicos
24.4 Mercado Comum do Sul – Mercosul
24.5 Tratado de Assunção
24.6 Protocolo de Ouro Preto
24.7 Relacionamento com o exterior
24.8 Período do sucesso
24.9 Crise do Mercosul
24.10 Venezuela como membro pleno
24.11 Solução de controvérsias no Mercosul
24.12 Fragilidade institucional
24.13 Direito processual civil internacional do Mercosul
24.14 Harmonização das regras materiais
24.15 Parlamento do Mercosul
24.16 Considerações finais
Resumo
Questões Propostas
ANEXO – Normas Brasileiras Pertinentes ao Direito Internacional Privado
1. Constituição da República Federativa do Brasil (1988)
2. Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-lei n. 4.657/1942) (Redação
determinada pela Lei n. 12, de 30.12.2010)
3. Código Civil (Lei n. 10.406/2002)
4. Código de Processo Civil (Lei n. 5.869/1973)
5. Código Tributário Nacional (Lei n. 5.172/1966)
6. Código Penal (Decreto-lei n. 2.848/1940) (Parte Geral com redação determinada pela Lei n.
7.209, de 11.07.1984)
7. Código de Processo Penal (Decreto-lei n. 3.689/1941)
8. Lei das Contravenções Penais (Decreto-lei n. 3.688/1941)
9. Lei dos Registros Públicos (Lei n. 6.015/1973)
10. Lei Antidrogas (Lei n. 11.343/2006)
11. Letra de Câmbio e Nota Promissória (Decreto n. 2.044/1908)
12. Lei de Recuperação de Falências (Lei n. 11.101/2005)
13. Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069/1990)
14. Direitos Autorais (Lei n. 9.610/1998)
15. Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-lei n. 5.452/1943)
16. Técnicos Estrangeiros (Decreto-lei n. 691/1969)
17. Serviços no Exterior (Lei n. 7.064/1982)
18. Código Brasileiro de Aeronáutica (Lei n. 7.565/1986)
19. Lei da Arbitragem (Lei n. 9.307/1996)
Bibliografia
 
 
 
Nota da Editora: o Acordo Ortográfico foi aplicado integralmente nesta obra.
NOÇÕES FUNDAMENTAIS E OBJETO DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO
“A definição é, portanto, meio para um fim que não consiste
somente em indicar a significação de um nome, mas em precisá-lo para
determinação de seu conceito” (Irineu Strenger).
1.1 Considerações iniciais
O ser humano sempre buscou, desde tempos imemoriais, a proximidade com seu semelhante.
No começo, a família, ou o que se entendia como tal; depois a tribo: grupos maiores foram se
formando, até se constituírem em povo ou nação, pessoas com identidades próprias e aspirações
comuns. Só muito mais tarde aparece o Estado, como o conhecemos hoje, formado por três elementos
essenciais: povo, território e governo, amalgamados em uma unidade jurídica. Convém lembrar,
como observou Amílcar de Castro,1 que governo não deve ser confundido com força; território,
com extensão geográfica; e povo, com aglomeração de pessoas. Governo, símbolo do poder, deve
ser visto como competência; território, como limite dessa competência; e povo, como conjunto de
interações humanas.
Assim, o Estado é a sociedade maior e, como sociedade, deve estar intimamente ligado ao ser
humano, em um conjunto harmônico. Esse Estado tem sua ordem jurídica, que regula o modus vivendi
e a interação de seus habitantes, sendo essa ordem jurídica soberana nos limites de seu território. A
lei não estende seu comando além-fronteiras. Não existe um poder supranacional capaz de
determinar, juridicamente, o que deve ser feito por determinado Estado. Em realidade, nas relações
internacionais impera um tipo de justiça privada: bloqueio econômico, retaliações, extorsão nos
preços de produtos essenciais, entre outros.
A humanidade busca incessantemente o convívio fraternal e proveitoso entre os povos.
Tratados e convenções são acertados e firmados com a finalidade de aproximar os Estados e tornar
mais agradável a vida dos cidadãos. Deve-se considerar que vivemos tempos de globalização
econômica e de extraordinários avanços tecnológicos, que intensificam a dinâmica e a fluidez do
intercâmbio entre os povos, em razão da necessidade econômica, da busca de conhecimentos, das
atividades de lazer, do espírito de aventura e de outros fatores sociais e até religiosos.
O desenvolvimento dos meios de comunicação e de transporte só vem aumentar as relações
entre pessoas de diferentes lugares, regidas por legislações diferentes. Desse intercâmbio muitas
vezes decorrem problemas, que precisam ser dirimidos pela justiça. Daí perguntar-se: que justiça? À
luz de qual legislação?
O conflito de leis pode ser no tempo ou no espaço. Do concurso de leis no tempo, vai
preocupar-se o Direito Intertemporal, positivado na ordem jurídica brasileira nos primeiros artigos
da LINDB. O conflito de leis no espaço é tema do Direito Internacional Privado, que, mais do que
um direito verdadeiro, tem sido entendido como uma técnica de aplicação do Direito.
1.2 Conceito
Para Clóvis Beviláqua, Direito Internacional Privado é o conjunto de preceitos que regulam as
relações de ordem privada da sociedade internacional,2 enquanto Luís Ivani Araújo vê esse ramo das
ciências jurídicas como o conjunto de regras de direito interno, cujo objetivo é a solução de conflitos
envolvendo leis originárias de Estados diferentes, indicando, em cada caso, a lei competente a ser
aplicada.3 Essas definições, das quais não se afasta o entendimento de autores nacionais e
estrangeiros dos últimos cem anos, nos aproximam de uma conceituação aceitável e compreensível
da disciplina.
Nessa tessitura, visualizamos o Direito Internacional Privado como o conjunto de normas de
direito público interno que busca, por meio dos elementos de conexão, encontrar o direito aplicável,
nacional ou estrangeiro, quando a lide comporta opção entre mais de uma ordem jurídica para
solucionar o caso. Cabe salientar a presença implícita de um elemento externo, que faça a conexão
entre o direito interno e o estrangeiro.
Não hesitamos em colocar essas regras no âmbito do direito público, embora reconhecendo que
importantes estudiosos as veem integradas no direito privado. Destinadas a compor litígios em
relações privadas transnacionais, essas normas estão perfeitamente inseridas na ordem jurídica
interna dos Estados, mas vêm gradativamente ocupando espaço em tratados e convenções
internacionais, bem como emregulamentos da União Europeia.
Em verdade, ocorre a presença na relação sub judice de mais de um direito em condições de
dirimir a lide. Essa peculiaridade pode ser referida como concurso de leis, simultaneidade de leis,
concorrência de leis, pluralidade de leis, contato de leis e opção entre leis, qualquer delas por
certo mais adequada do que a expressão consagrada: conflito de leis. O que deve ser enfatizado é
que não há disputa, inexiste conflito, animosidade ou colisão, não há embate entre a legislação do
foro e qualquer outra que possa dirimir o conflito – esse, sim – entre as partes.
Coerente com nosso entendimento, Amorim enfatiza que aplicamos a norma jurídica estrangeira
seguindo determinações de uma lei local, não se tratando de conflitos, mas do reconhecimento de um
direito adquirido no exterior: “Conflitos, realmente, há quando aquela lei ferir nossa soberania ou a
ordem pública local.”4 Nesse sentido, poder-se-ia afirmar que o Direito Internacional Privado
promove, na realidade, um diálogo entre ordenamentos jurídicos diversos.
Por fim, mencionemos mais dois conceitos para a disciplina. Segundo Strenger, é “um complexo
de normas e princípios de regulação que, atuando nos diversos ordenamentos legais ou
convencionais, estabelece qual o direito aplicável para resolver conflitos de leis ou sistemas,
envolvendo relações jurídicas de natureza privada ou pública, com referências internacionais ou
locais”.5 Para Cláudia Lima Marques, em entendimento sintético e avançado, o Direito Internacional
Privado é “o ramo do direito interno que regula direta ou indiretamente as relações privadas
internacionais”.6 A composição direta da lide, não se limitando a indicar o direito aplicável,
pretende dar resposta eficiente e justa aos numerosos processos dessa natureza submetidos ao DIPr.
1.3 Objeto
O objeto central do Direito Internacional Privado é o conflito de leis no espaço, visto esse
espaço como o de ordenamentos jurídicos diversos. Nessas leis se incluem temas de direito civil,
comercial, trabalhista, industrial, fiscal, administrativo, penal e processual.
Enfatizando ser único o objeto de estudo do DIPr, Amílcar de Castro assim o sintetiza:
“organizar direito adequado à apreciação de fatos anormais, ou fatos com duas ou mais jurisdições,
sejam pertinentes ao fórum, ou ocorridos no estrangeiro.”7 Essa visão se ampara nas teorias italiana
e alemã, as quais nos dois últimos séculos restringiram o campo do Direito Internacional Privado ao
conflito de leis, tendo sido observada por outros autores brasileiros, como Eduardo Espínola e João
Grandino Rodas.
As doutrinas francesa e norte-americana ampliam o objeto de nossa disciplina. Para Jean Paul
Niboyet, nele se incluem o conflito de leis, a nacionalidade, a condição jurídica do estrangeiro e
os direitos adquiridos.8 Henri Batiffol, de forma análoga, apenas coloca o conflito de jurisdições ao
invés dos direitos adquiridos.9 Essa corrente francesa se ocupa da situação do ser humano nas
relações privadas internacionais, identificando sujeitos de direitos (nacionalidade e condição
jurídica do estrangeiro), exercício desses direitos (conflito de leis) e sanção dos direitos (conflito
de jurisdições).
Atentos aos objetivos desta obra e alicerçados na releitura dos diversos autores, sentimo-nos
autorizados a enunciar o objeto de Direito Internacional Privado mais adequado ao nosso tempo,
quando limites não devem ser colocados na busca do conhecimento e na harmonia e coerência de
conteúdos e métodos. Esse objeto que pode parecer amplo, à primeira vista, inclui o conflito de leis
interespacial, a nacionalidade, a condição jurídica do estrangeiro, os direitos adquiridos, o
conflito de jurisdições, a competência internacional e o reconhecimento de sentenças estrangeiras.
Não vemos, contudo, razão para restringi-lo. Poderíamos entender, para exemplificar, que os direitos
adquiridos estão inseridos na condição jurídica do estrangeiro; que a nacionalidade se integra no
Direito Constitucional, limitando-se – como pensam vários autores – no DIPr à condição de elemento
de conexão; que a sentença estrangeira é estudada na competência internacional, a qual, por sua vez,
poderia ser analisada ao lado do conflito de jurisdições.
Nossa obra tem-se caracterizado pela simplicidade e objetividade. Nesse viés, cada um dos
aludidos objetos do Direito Internacional Privado nela será estudado.
1.4 Normas de DIPr na Constituição Federal de 1988
A Carta Magna vigente, no caput do artigo 5º, garante aos estrangeiros residentes no país “a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade” nos termos
legais, equiparando-os, nesses aspectos, aos brasileiros. Exceto os direitos políticos, tais como votar
e ser votado, o estrangeiro, regularmente residindo no Brasil, não sofre qualquer discriminação. Em
segmento próprio desta obra, o Capítulo X, é analisada a condição jurídica do estrangeiro em nosso
país.
Outros parâmetros emanados pelo Estatuto Maior brasileiro (art. 12) se referem à
nacionalidade e à naturalização, que estudaremos no capítulo nono. O inciso XV do artigo 22 dá
competência privativa à União para legislar sobre emigração e imigração, entrada, extradição e
expulsão de estrangeiros.
1.5 Direitos adquiridos
O respeito aos direitos adquiridos é considerado basilar para a segurança jurídica, fazendo
parte dos ordenamentos jurídicos contemporâneos – no Brasil, ele está inserido na Carta Magna (art.
5º, inc. XXXVI). Verificar a prevalência desses direitos quando invocada em outro país interessa ao
Direito Internacional Privado. Muitos autores têm-se ocupado do tema, considerando-o objeto da
disciplina, enquanto outros adotam posição diversa, entendendo que os direitos adquiridos alegados,
nesse contexto, não se afastam dos conflitos de leis, por estarem neles integrados. Como antes
referido, julgamos mais adequada a primeira posição.
Seria um contrassenso imaginar que o ser humano, ao ultrapassar as fronteiras de seu país, nele
deixasse os direitos adquiridos, especialmente os que constituem seu estatuto pessoal. Trata-se de
direitos privados, que foram reconhecidos por ordenamento jurídico competente. Nessa esfera, são
repelidos, por óbvio, os que ofendem a ordem pública, os bons costumes e a soberania nacional.
Assim, não se permitirão novas núpcias de cidadão (v.g., árabe) que aqui aportar já casado e alegar
o direito de poligamia existente na legislação de seu país, bem como alguém que trouxesse seus
escravos seria impedido de mantê-los nessa condição.
Feitas as ressalvas acima, todos os direitos, plenamente incorporados ao patrimônio jurídico do
cidadão, nacional ou estrangeiro, devem acompanhá-lo extraterritorialmente. Há casos em que tais
direitos, se buscados em nosso foro – pela aplicação direta da norma estrangeira que os reconhece –
não seriam aceitos por contrariarem nossa ordem pública, mas serão admitidos por terem legalmente
ocorrido no seu ordenamento jurídico. Assim, sentenças de cobrança de dívidas de jogos de azar, em
países onde essa atividade é legalizada, têm sido reconhecidas pelo Superior Tribunal de Justiça.
Eduardo Espínola acentua que os direitos adquiridos pelo estrangeiro, conforme as leis internas
e as decisões proferidas pelos tribunais de seu país, são reconhecidos no exterior, assim como o
reconhecimento de sua personalidade e capacidade civil.10
Cabe ao Direito Internacional Privado de cada país verificar as circunstâncias de aquisição de
direitos no estrangeiro e indicar as condições para o seu reconhecimento no ordenamento jurídico
interno.11 Nesse contexto, atos jurídicos referentes ao estado civil, como casamento, adoção e
divórcio, quando realizados no estrangeiro são normalmente reconhecidos pelos Estados em razão da
segurança jurídica. Seria, por exemplo, o caso de brasileiro solteiro ou viúvo que casa no exterior
com estrangeira divorciada: o assento no registro público no Brasil não depende de homologação do
divórcio pelo STJ, desde que a estrangeira não fosse casada combrasileiro. Porém, se a celebração
ocorrer no Brasil, se faz necessário apresentar a Carta de Sentença do Superior Tribunal de Justiça
homologando o divórcio.
Por fim, observemos que mera expectativa de direito em uma ordem jurídica não deve ser tida
como direito adquirido, enquanto conquistas reconhecidas na esfera do direito público, como
aposentadorias e pensões, somente são invocadas perante o ordenamento que as concedeu.
1.6 Direito Internacional Privado e Direito Internacional Público
O DIPr tem profunda afinidade com o Direito Internacional Público, trabalhando ambos com
fontes e institutos comuns – tratados, nacionalidade, extradição – e com o mesmo objetivo – a
convivência pacífica e harmônica entre os povos.
Jacob Dolinger refere julgamento, de 1984, da Corte de Cassação francesa sobre causa
relacionada a Acordo de Cooperação Científica entre a França e o Irã, em que se afirma: “As partes
envolvidas nestes acordos estavam situadas no mais alto nível. Estavam na encruzilhada do Direito
Internacional Privado com o Direito Internacional Público, havendo motivos para se questionar sob
qual dos dois os acordos estavam cobertos.”12
A identificação entre esses dois ramos jurídicos fica evidenciada na Convenção sobre a
Prestação de Alimentos no Estrangeiro, instituída em 1956 pela ONU, estando inserida no Direito
Internacional Público, mas se destinando a concertar relações essencialmente privadas, o que a
integra plenamente no Direito Internacional Privado.
1.7 Direito Internacional Privado e Direito Comparado
Enfatize-se, inicialmente, que boa parte da doutrina entende que, a rigor, não existe Direito
Comparado, mas estudos comparativos entre sistemas jurídicos diversos, até porque tal ramo seria
uma criteriosa comparação entre institutos jurídicos presentes no ordenamento legal de diferentes
países, buscando estabelecer pontos comuns e divergentes que neles existem. Para Valladão, ele é
“apenas ciência, é a comparação dos direitos no espaço, é geografia jurídica, ao lado da história do
direito cuja dimensão é o tempo”.13
Por sua parte, Oscar Tenório considera que o Direito Comparado não constitui um ramo do
Direito, mas um campo científico para apreciar semelhanças, afinidades e diferenças entre sistemas
jurídicos de mais de um país.14
De maneira diversa entende o professor de Direito Comparado português Ferreira de Almeida,
para quem esse ramo das ciências jurídicas pode ser definido como “a disciplina que tem por
objetivo estabelecer sistematicamente semelhanças e diferenças entre sistemas jurídicos
considerados na sua globalidade (macrocomparação) e entre institutos jurídicos afins em ordens
jurídicas diferentes (microcomparação)”.15
Esses estudos comparativos são sumamente importantes em Direito Internacional Privado.
Quando da aplicação de Direito estrangeiro, o operador jurídico nacional deve analisar tal direito à
luz do método comparativo, e não seguindo os preceitos jurídicos do foro. Assim, em caso
jusprivatista internacional que deva ser resolvido por norma jurídica estrangeira (por exemplo,
direito francês), a leitura desse direito não pode ser feita tendo em consideração as formas de
interpretação e de aplicação do direito local: esse operador (juiz ou advogado) deverá analisar as
normas do direito francês utilizando a sua hermenêutica.
RESUMO
1.1 Considerações iniciais
A intensificação do intercâmbio de pessoas vinculadas a Estados regidos por legislações
diversas oportuniza a ocorrência, cada vez mais frequente, de conflitos, criando dificuldade para
estabelecer qual ordenamento jurídico e qual legislação são competentes para a solução da lide. É
desse conflito de leis no espaço que se ocupa o Direito Internacional Privado.
1.2 Conceito
É o ramo do direito interno que regula direta ou indiretamente as relações privadas
internacionais (Cláudia Marques).
É o conjunto de regras de direito interno que objetiva solucionar os conflitos de leis originárias
de Estados diversos, indicando, em cada caso que se apresente, a lei competente a ser aplicada
(Araújo).
É um complexo de normas e princípios de regulação que, atuando nos diversos ordenamentos
legais ou convencionais, estabelece qual o direito aplicável para resolver conflitos de leis ou
sistemas, envolvendo relações jurídicas de natureza privada ou pública, com referências
internacionais ou locais (Strenger).
O Direito Internacional Privado consiste no conjunto de normas de direito público interno que
busca, por meio dos elementos de conexão, encontrar o direito aplicável, nacional ou estrangeiro,
quando a lide comporta opção entre mais de uma ordem jurídica para solucionar o caso (Del’Olmo).
1.3 Objeto
Organizar direito adequado à apreciação de fatos anormais ou fatos com duas ou mais
jurisdições, sejam pertinentes ao fórum ou ocorridos no estrangeiro (Amílcar).
Conflito de leis, nacionalidade, condição jurídica do estrangeiro e direitos adquiridos
(Niboyet).
Conflito de leis interespacial, nacionalidade, condição jurídica do estrangeiro, direitos
adquiridos, conflito de jurisdições, competência internacional e homologação de sentenças
estrangeiras (Del’Olmo).
1.4 Normas de DIPr na Constituição Federal de 1988
Reconhece ao estrangeiro os direitos fundamentais. Disciplina a nacionalidade e dá
competência privativa à União para legislar sobre emigração e imigração, entrada, extradição e
expulsão de estrangeiros.
1.5 Direitos adquiridos
Todos os direitos, plenamente incorporados ao patrimônio jurídico do cidadão, nacional ou
estrangeiro, devem acompanhá-lo extraterritorialmente. Mesmo casos em que tais direitos, se
buscados em nosso foro, pela aplicação direta da norma estrangeira, não seriam aceitos por
contrariarem a ordem pública, podem ser admitidos.
São repelidos, no entanto, aqueles que ofendem a ordem pública local.
1.6 Direito Internacional Privado e Direito Internacional Público
Possuem fontes e institutos comuns: tratados, nacionalidade, extradição.
1.7 Direito Internacional Privado e Direito Comparado
Para o DIPr, o Direito Comparado é uma ferramenta indispensável na aplicação do Direito
estrangeiro, assim como na criação e na adaptação de institutos.
QUESTÕES PROPOSTAS
1. Conceituar Direito Internacional Privado.
2. Indicar o objeto do DIPr mais adequado na atualidade.
3. Tecer considerações sobre os cinco direitos fundamentais, na CF/88, extensivos aos estrangeiros.
4. Os direitos adquiridos pelo cidadão estrangeiro que se estabelece legalmente no Brasil são
reconhecidos pelo nosso Direito? Justificar sua resposta.
5. Citar institutos e fontes comuns ao DIPr e ao Direito Internacional Público.
6. Dissertar sobre a importância do Direito Comparado para o DIPr.
______________
1 CASTRO, Amílcar de. Direito internacional privado. p. 7.
2 BAVILÁQUA, Clóvis. Princípios elementares de direito internacional privado. p. 11.
3 ARAÚJO, Luís Ivani de Amorim. Curso de direito dos conflitos interespaciais. p. 8.
4 AMORIM, Edgar Carlos de. Direito internacional privado. p. 6.
5 STRENGER, Irineu. Direito internacional privado. p. 44.
6 MARQUES, Cláudia Lima. Ensaio para uma introdução ao direito internacional privado. p. 325.
7 CASTRO, A. Op. cit. p. 50.
8 NIBOYET, J. P. Principios de derecho internacional privado. p. 1.
9 BATIFFOL, Henri e LAGARDE, Paul. Traité de droit international privé. p. 17.
10 ESPINOLA, Eduardo; ESPINOLA FILHO, Eduardo. A Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro. p. 294.
11 RECHSTEINER, Beat Walter. Direito internacional privado: teoria e prática. p. 204-209.
12 DOLINGER, Jacob. Direito internacional privado (parte geral). p. 30.
13 VALLADÃO, Haroldo. Direito internacional privado. v. I, p. 30.
14 TENÓRIO, Oscar. Direito internacional privado. v. I, p. 47.
15 ALMEIDA, Carlos Ferreira de. Introdução ao direito comparado. p. 9.
ESBOÇO HISTÓRICO DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO
“A história é a soma dos acontecimentos passados, experiência vivida
que acaba nos dando uma visão completa do pretérito com projeçõesno
presente e no futuro” (Edgar Carlos de Amorim).
2.1 Considerações iniciais
O Direito Internacional Privado (DIPr) pode ser definido, em linhas gerais, como o marco
jurídico de um país que indica qual o direito a ser aplicado nas questões que contêm um elemento
estrangeiro. A partir dessa definição pode-se entender o motivo de essa disciplina ser chamada, na
língua inglesa, de “conflito de leis” (conflict of laws). Em casos que envolvem um elemento
estrangeiro, torna-se necessário definir questões como a lei e a jurisdição aplicáveis. Nesse sentido,
o Direito Internacional Privado promove um diálogo entre culturas legais diferentes, pois pode
estipular a aplicação da lei de um país em outro.
É consenso entre os estudiosos que na Antiguidade não existiram regras de Direito
Internacional Privado, uma vez que o estrangeiro era considerado hostil, não inspirava confiança e
não praticava a mesma religião, o que o transformava em potencial inimigo. As relações eram
difíceis, como relata o exemplo bíblico – Gênesis, cap. 43, vers. 32 –, no qual um egípcio não podia
comer pão com um estrangeiro.
O estrangeiro, nem em Roma, nem em Atenas, tinha direito algum, não podendo ser
proprietário nem casar, herdar, contratar ou praticar o comércio. Algumas legislações, como a
chinesa, permitiam até o sacrifício e a destruição do estrangeiro.1
Contudo, várias circunstâncias ensejavam relações entre os povos, como as expedições
militares, os embates guerreiros e, especialmente, o intercâmbio comercial. Isso impunha o
surgimento de algum tipo de justiça para os estrangeiros, já que o interesse econômico assim o
exigia.
2.2 Grécia
O meteco, estrangeiro em Atenas, não tinha o status de cidadão, mas pagava uma taxa especial a
fim de poder exercer atividades comerciais. Dispunha de uma judicatura especial, a polemarca,
protegendo sua família e seus bens. Surgiu, aí, o próxeno, cidadão encarregado de orientar o
estrangeiro em suas relações comerciais e zelar por seus interesses. A consequência dessas relações
ensejou o surgimento de tratados entre as cidades, chamados asília, que seriam a origem dos tratados
de DIPr,2 com o fim de proteger os súditos e resguardá-los contra violências. O meteco chegou a
gozar de certos direitos políticos e civis, sendo então chamado isótele.
2.3 Roma
Em Roma, o estrangeiro, a princípio vendido como escravo e tendo seus bens sequestrados,
evoluiu para peregrino, com certos direitos, baseados no jus gentium. Em 242 a.C., surge o pretor
peregrino, para solucionar as questões entre romanos e estrangeiros ou entre somente estes, desde
que residentes em Roma.
O pretor exercia o antigo poder jurisdicional dos reis, sendo a autoridade suprema na
administração da justiça e encarnando, na esfera de suas atribuições, a soberania do povo romano,
podendo “também criar, ou transformar o direito (critérios de apreciação), se tal exigissem as
necessidades da prática”.3
Também no Egito, no tempo de Amenófis III (1500 a.C.), firmaram-se alguns tratados de
comércio com os babilônios e com os hititas.
Na Bíblia, outrossim, há passagens simpáticas ao estrangeiro, como “não afligirás o forasteiro
nem o oprimirás, pois forasteiro foste na terra do Egito” (Êxodo, cap. 22, vers. 20) e “se o
estrangeiro peregrinar na vossa terra não o oprimireis” (Levítico, cap. 19, vers. 33). Inobstante tais
legislações e preceitos, não há que se falar em DIPr nesses tempos. Como destaca Jacob Dolinger, os
estrangeiros não participavam da vida jurídica, não admitindo os direitos locais cotejo com direitos
estrangeiros, o que afastava qualquer possibilidade de conflito: existia apenas um complexo de
normas de direito material,4 sendo absoluta a territorialidade das leis.
A invasão dos bárbaros no Império Romano, em 476 de nossa era, vai alterar essa situação. A
partir de então passam a conviver, no mesmo contexto, pessoas de diferentes línguas, raças e
condições econômicas e sociais.
Nesse ínterim, surge a personalidade das leis, por meio da qual cada ser humano será julgado
pelas leis de sua tribo, seu povo, sua nação. O romano, mais interessado no fator econômico,
respeitava a lei e os costumes nativos já quando de suas conquistas, como o atesta o próprio
julgamento de Cristo, conduzido pelos hebreus e seguindo as leis hebraicas.
Após a invasão dos bárbaros, suas normas jurídicas vão vigorar nos lugares dominados, com o
que o caráter territorial das leis cede ao direito de sangue, o jus sanguinis. Acresça-se que os
bárbaros, não conseguindo absorver as leis romanas, permitiam que cada um se regesse por suas
próprias leis. Apenas em caso de conflito imperava a lei dos vencedores. Assim, vigiam lado a lado
no mesmo espaço leis romanas, visigóticas, lombardas e bávaras, entre outras.
O julgador devia perguntar “sub qua lege vivis?” e só então aplicar a lei. É sempre referido o
depoimento de Agobardo, presbítero de Lyon, ao rei francês Luís, o Pio: “Podia acontecer de cinco
pessoas que se agrupassem em uma reunião estarem sujeitos a cinco ordenamentos distintos”.5
A miscigenação vai fazendo desaparecer esse regime jurídico da personalidade do direito, que
se extingue na Espanha, no século VIII, quando surge o Codex Wisigothorum, o qual unifica o
conjunto de leis, suprimindo todas as legislações ali existentes, inclusive a romana. A morte de
Carlos Magno, no século IX, com a dissolução do Império carolíngio, vai ocasionar o
restabelecimento da territorialidade das leis.
2.4 Feudalismo
A pouca força dos sucessores de Carlos Magno resultou no surgimento do feudalismo. Passa-se
a ter necessidade de proteção contra invasores e malfeitores, sendo que a própria realeza reforça o
poder do senhor feudal, que agia como rei em seu território, construindo muralhas e fortificações, e
determinando o modus vivendi de seus súditos. Dentro de seus domínios, o senhor feudal admitia
apenas a sua lei. É a territorialidade da lei, o jus soli.
Mas o feudalismo, dominante na Europa, não se firmou no norte da Itália, onde era grande o
intercâmbio comercial e industrial entre as cidades de Florença, Veneza, Pisa, Perúgia, Milão,
Bolonha e Módena, entre outras. Elas eram verdadeiras repúblicas autônomas, com direito próprio, o
statuta, resumo do antigo direito costumeiro das cidades e dos comerciantes, em oposição à Lex,
direito romano, que era o direito comum, geral, aplicável quando omisso o direito particular da
cidade.6 O Estatuto de Gênova surgiu em 1145, o de Pisa em 1161, o de Ferrara em 1208, o de Milão
em 1216, o de Módena em 1218, o de Verona em 1228 e o de Veneza em 1242.7 Os estatutos
continham prescrições administrativas, penais, civis e comerciais.
Esse intercâmbio entre as cidades começou a defrontar-se com fatos que requeriam soluções
jurídicas, não dirimidas da mesma forma em seus estatutos. Note-se que não havia até esse momento
normas de DIPr para disciplinar tais relações.
2.5 Glosadores e escolas estatutárias
Em 1100, Irnerius instituiu o ensino do Direito Romano na Escola de Bolonha, por ele fundada.
Estudando o Digesto, foi escrevendo breves notas marginais ou interlineares explicativas do
conteúdo, as glosas, nas quais confrontava textos, desfazia contradições e buscava um entendimento
harmonioso e o mais completo possível do conjunto. Esse centro de estudos jurídicos passou a ser
denominado escola de glosadores, nele se destacando Accursius, Bulgarus e Iacobus, ao lado de
Irnerius. Lembra Edgar Amorim que o trabalho dos glosadores “nada mais foi do que uma espécie de
colheita de tudo aquilo existente no Direito Romano relacionado ao convívio de Roma com os
estrangeiros”.8
Segundo diversos autores, o mais antigo vestígio de Direito Internacional Privado é o parecer
encontrado por Karl Neumeyer, do qual se destaca esta passagem: “Mas, pergunta-se: se homens de
diversas províncias, as quais têm diversos costumes, litigam perante um mesmo juiz, qual desses
costumes deve seguir o juiz que recebeu o feito para ser julgado? Respondo: deve seguir o costume
que lhe parecer mais preferível e mais útil, porque deve

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