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2 Propriedades Geomecânica e Determinação dos Parâmetros de Resistência para a Análise de Estabilidade dos Taludes Rochosos de Grande Altura 2.1. Introdução O estudo e determinação das propriedades geomecânica num talude rochoso, alem da caracterização geológica estrutural da região, são fatores de uma importância elevada na determinação das metodologias aplicadas para cada análise, projeção e escavação dos taludes em minas de céu aberto. Na atualidade, pode-se encontrar uma série de sistemas empíricos de classificação e caracterização do maciço rochoso, os quais permitem a determinação dos distintos parâmetros geomecânicos. Esses dados se tornam fundamentais na hora de ter uma projeção adequada e otimizada do pit final que garantisse as condições de estabilidade dos taludes presentes nele. A principal complicação e características que apresentam os maciços rochosos na mineração são suas características de heterogeneidade, quer disser, meios descontínuos e anisotrópicos que estão compostos principalmente de dois tipos de elementos: blocos de rocha e sistemas de descontinuidades. Confirmando o anterior, Bazcinsky (2000), expõe que os maciços rochosos são sistemas compostos estruturalmente por famílias geológicas de descontinuidades e por rocha intacta ou pontes de rocha, onde, num mesmo maciço pode-se encontrar mais de um sistema estrutural e diferente litológica. Segundo essas características, obviamente, na grande maioria dos maciços, existiram zonas com diferentes propriedades de resistência e deformação A rocha intacta ou ponte de rocha representa o maior volume dentro do maciço e, as suas propriedades mecânicas são consideradas semelhantes às da rocha constituinte do maciço rochoso, podendo ser determinadas através de ensaios de campo ou de laboratório. DBD PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0711188/CA 26 No caso das descontinuidades, o volume dentro do maciço é muito reduzido, no entanto, devido às características de deformabilidade, baixa resistência (apresentam principalmente resistência devido ao atrito), uma elevada permeabilidade; são elementos que condicionam fortemente o comportamento geomecânico do maciço rochosos. Essas características são predominantes nas estruturas dos maciços rochosos e, no caso da mineração, as principais complicações surgem na relação e compensação que deve existir no processo de projeção entre a estabilidade dos taludes e seu impacto econômico. O desenvolvimento de novos programas computacionais mais avançados e ferramentas de cálculo, como a modelagem pelo método de equilíbrio limite e a modelagem numérica (método de elementos finitos, método de diferenças finitas e método de elementos distintos), todos eles com aplicações 2D e 3D, hoje permitem obter dados mais racionais e precisos, que permitem a avaliação da projeção dos taludes e/ou das escavações subterrâneas envoltas nos projetos de mineração. Essas ferramentas, complementadas com o monitoramento in situ para o controle do comportamento do maciço rochoso e a variação espacial e temporal do poro pressões na etapa de construção do talude, permitem obter modelos que fornecem com maior realismo e precisão as tensões, deformações e deslocamento gerados dentro do talude, validando a análise de estabilidade. Especificamente no caso da estabilidade de taludes rochosos presentes nas paredes da mina a céu aberto, as análises são tipicamente direcionados à determinação de uma geometria segura que garante a correta funcionalidade e condições de equilíbrio natural (estabilidade) do talude na hora da escavação. Dentro da projeção geométrica dos taludes e a sua estabilidade para minas a céu aberto, existem três componentes principais que devem ser consideradas. O primeiro, o ângulo de inclinação total ou geral do talude overall pit slope angle, o qual considera a inclinação desde o pé de o talude até o topo da escavação, incorporando todas as rampas e bancadas. A segunda componente geométrica esta relacionada com a inclinação do ângulo do talude entre rampas dentro da escavação inter-ramp angle. O ângulo de inclinação entre rampas esta relacionado diretamente com o número de bancadas DBD PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0711188/CA 27 inter-rampas, da altura das bancadas e a largura da zona de “captura” entre bancadas catch bench width. Finalmente, como terceira componente geométrica de um pit, deve ser considerada o ângulo de inclinação das faces das bancadas bench face angle de forma individual, ângulo que depende do espaçamento vertical entre todas as bancadas e a largura da bancada (berma ou catch bench) necessária para conter as quedas de rochas ou deslizamentos das bancadas localizadas em níveis superiores (Duncan, C. W. e Christopher, W. M., 2004). A geometria comumente utilizada para os taludes nas minas a céu aberto considera além das três componentes anteriormente mencionados, os parâmetros mostrados na Figura 2.1 e que são definidos segundo os fatores explicados a seguir: αIR αIR αO hO hIR R B αB hB Figura 2.1 - Geometria dos taludes mineiros. (Duncan, C. W. e Christopher, W. M., 2004) Onde, (A. Karzulovic & Asoc. Ltda.) Altura da bancada, hB: Usualmente é definida por considerações de operação (eficiência no maquinário e equipes de carga dentro da mineradora), e não por reações geotécnicas. DBD PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0711188/CA 28 Inclinação da face de bancada, ααααB: Geralmente é definida segundo a geologia estrutural presente no maciço rochoso no nível da bancada, mas também depende fortemente da qualidade do explosivo e o dano provocado por ele dentro do maciço rochoso. Largura da berma, B: Tipicamente é definida pelo volume dos deslizamentos causados pelas instabilidades controladas estruturalmente no nível das bancadas, os quais devem ser contidos pelas bermas. Ângulo inter-rampa, ααααIR: Corresponde à inclinação entre uma linha horizontal e a linha imaginaria que une o pé das bancadas. Esse valor é utilizado comumente na projeção da mineradora e apresenta a vantagem de não variar com o número das bancadas. Altura inter-rampa, hIR: Corresponde à altura máxima permitida entre rampas. Usualmente é definida por considerações ou problemas geotécnicos. Largura da rampa, R: Tipicamente é definido por razões operacionais, associadas às equipes de transporte. Ângulo global,ααααO: Corresponde ao ângulo definido pela parede do pit, medido como a inclinação entre a horizontal e uma linha imaginaria que une o pé da bancada inferior com o topo (crest) da bancada superior da parede na zona considerada. Altura global, hO: Corresponde à altura da parede do pit, medida desde o pé da bancada inferior ate o topo (crest) da pancada superior da parede na zona considerada. DBD PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0711188/CA 29 De forma geral, e segundo Duncan, C. W. & Christopher, W. M. (2004), na determinação da geometria do talude, os fatores que poderiam influenciar diretamente nos ângulos de inclinação de cada uma das etapas anteriormente mencionadas, são: a alturas do talude, as características geológicas estruturais do maciço, propriedades de resistência da rocha, a presença de água subterrânea na zona, atividade sísmica ou aqueles danos que poderiam apresentar a face do talude devido aos explosivos aplicados nas distintas etapas de escavação. 2.2. Caracterização Geomecânica de Taludes Rochosos Segundo Serra Jr. & Ojima (2004), o maciço rochoso é um conjunto de blocos de rochas, justapostos e articulados, formado pela matriz rochosa, ou rocha intacta, constituinte dos blocos, e pelas superfícies que limitam estes, chamadasdescontinuidades. O comportamento do maciço procurando o equilíbrio estático de seus blocos é condicionado pelas modificações geométricas e de solicitações que sofreram estes, pois as características da rocha e das descontinuidades, relacionadas à resistência, permeabilidade, alteração, etc., diferem de local para local sobre o maciço. Numa primeira etapa de um projeto, quando a informação é pouca em relação aos parâmetros de resistência, é importante levantar e descrever estas particularidades realizando um procedimento preliminar chamado Caracterização Geotécnica ou Geomecânica. A caracterização ou classificação geomecânica, confecciona um quadro inicial do maciço rochoso e dos possíveis problemas que se pode apresentar na etapa de escavação. Investigações posteriores, realizadas em laboratório, forneceram com maior exatidão os parâmetros levantados de campo, principalmente aqueles que têm relação com a resistência da rocha (Guidicini & Nieble, 1984). A determinação dos parâmetros e as suas características são avaliadas em campo através de meios expeditos aplicados em testemunhos de sondagem, mapeamentos geológicos de bancadas, afloramentos das estruturas nas paredes das escavações, etc. Os resultados são apresentados em formas de classes ou DBD PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0711188/CA 30 graus, sendo importante a avaliação dos seguintes: Grau de Resistência, Grau de Alteração, Grau de Consistência e, Grau de Fraturamento. O Grau de Resistência é determinado utilizando amostras de testemunhos de sondagem, através do ensaio de Compressão Puntiforme (Point Load Test), ensaio que fornece o índice de resistência à carga pontual (IS), correlacionando empiricamente à resistência à compressão uniaxial (UCS) como apresenta a Tabela 2.1, onde uma vez obtida os valores de resistência da rochae comportamento em campo da rocha, se classifica em varias faixas, como exemplo, a apresentada pela ISRM (1978), a qual divide os valores de resistência à compressão uniaxial (UCS) em sete faixas. Tabela 2.1- Descrição da Competência da rocha e campos estimados da Resistência ‘a Compressão Uniaxial (UCS). (Modificada de Brown E.T., 1981). Class Examples Field Estimate of Strength UCS (MPa) R0 Stiff fault gouge Indented by thumbnail. 0.25 a 1.0 R1 Highly weathered or altered rock Crumbles under firm blows with point of geological hammer, can be peeled by a pocket knife 1.0 a 5.0 R2 Chalk, rocksalt, potash Can be peeled with a pocket knife with difficulty, shallow indentation made by firm blow with point of a geological hummer 5.0 a 25 R3 Claystone, coal, concrete, schist, shale, siltstone Cannot be scraped or peeled with a pocket knife, specimen can be fractured with a single blow from a geological hummer. 25 a 50 R4 Limestone, marble, phyllite, sandstone, schist, shale Specimen requires more than one blow of a geological hammer to fracture it. 50 a 100 R5 Amphibolite, sandstone, basalt, gabbro, gneiss, granodiorite, limestone, marble Specimen requires many blows of a geological hammer to fracture it 100 a 250 R6 M a te ria l T yp e R oc k Fresh basalt, chert, diabase, gneiss, granite, quartzite Specimen can only be chipped with a geological hammer > 250 O Grau de Alteração é um parâmetro de difícil definição no campo, é por isso que é recomendável fixar um número reduzido de classes de alteração, baseado numa avaliação macroscópica das características petrográficas da rocha (cor dos minerais, brilho, etc.). DBD PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0711188/CA 31 O Grau de Consistência ou Coerência geralmente é aplicado para a classificação da resistência de rochas sedimentares. É baseado na apreciação táctil - visual com uso de martelo de geólogo, canivete, e unha, elaborando-se assim uma escala de níveis variáveis de acordo com a resposta da rocha às diversas solicitações destas ferramentas (ponto: Estimativa da Resistência da Tabela 2.1). O Grau de Fraturamento, em geral, é determinado por simples contagem de fraturas ao longo de uma direção, utilizando-se normalmente o número de fraturas por metro: Em avaliação de testemunhos de sondagem, é comum a observação de apenas fraturas originais, não soldadas por material coesivo. Esta classificação deve ser complementada com informação sobre as descontinuidades. Como complemento desses parâmetros para a caracterização inicial do maciço rochoso, é importante a definição da litológica e das propriedades índices, principalmente o peso específico da rocha, e a caracterização hidrogeologia da região. 2.3. Determinação das Propriedades de Resistência A determinação da resistência do maciço rochoso é a maior deficiência na atualidade na projeção de taludes rochosos. Segundo Sjöberg (1999), numa análise de estabilidade para taludes de grande altura em mineração, a resistência do maciço rochoso constitui possivelmente o parâmetro mais importante que deve ser fornecido, sendo ao mesmo tempo, um dos parâmetros mais difícil de determinar. No caso das minas a céu aberto, onde a profundidade do pit é baixa ao assim como as tensões, a falha do material de rocha intacta é mínima e o comportamento do maciço rochoso é controlado pelos deslizamentos que ocorrem nas descontinuidades, devido às tensões cisalhantes. 2.3.1. Resistência das Descontinuidades As descontinuidades, como citado anteriormente, são estruturas geológicas presentes em maciços rochosos que impedem a continuidade da matriz rochosa, DBD PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0711188/CA 32 podendo ser de origem tectônica, tais como as dobras, foliações, juntas e falhas, presentes nas zonas de cisalhamento dúcteis ou rúpteis. Estas estruturas, principalmente as juntas e foliações, afetam em maior ou menor escala as propriedades de resistência dos maciços. Geralmente, os maciços rochosos apresentam-se de forma anisotrópica nas propriedades que afetam o comportamento mecânico. No caso das descontinuidades, a influência em maior ou menor escala sobre as propriedades geotécnicas relevantes, depende da resistência, da deformabilidade e da sua permeabilidade. Para determinar a resistência das descontinuidades existe uma série de critérios fundamentados em observações experimentais desenvolvidos nas últimas décadas. O primeiro critério conhecido de resistência ao cisalhamento foi proposto por Mohr-Coulomb. Ele foi estudado para o caso das descontinuidades totalmente planas, onde a resistência ao cisalhamento tem um comportamento linear em função da tensão normal agindo no plano das descontinuidades. Logo, a relação entre a resistência ultima ao cisalhamento Pτ e a tensão normal nσ pode expressa como: φστ tan np c += 2.1 onde c é a coesão da descontinuidade e φ é o ângulo de atrito das descontinuidades. O critério de Mohr-Coulomb é uma representação simplificada do processo físico que ocorre durante o cisalhamento numa descontinuidade, ele não leva em conta a geometria da superfície da descontinuidade nem se existe coesão no caso de apresentar preenchimento nas descontinuidades. Uma descontinuidade de forma natural, nunca é lisa. Ela apresenta na superfície asperezas que têm uma grande influência no comportamento cisalhante das juntas. Geralmente as asperezas aumentam a resistência ao cisalhamento das descontinuidades, ou seja, e por conseqüência, aumentam a estabilidade do maciço. Patton (1966) foi o primeiro pesquisador na mecânica das rochas que fez uma relação entre o comportamento de cisalhamento das juntas, a carga normal e DBD PUC-Rio - CertificaçãoDigital Nº 0711188/CA 33 a rugosidades. Ele demonstrou que as asperezas adicionam uma dilatação (aumento do volume) o qual influi diretamente sobre o comportamento cisalhante. O seu trabalho é baseado num modelo idealizado de uma junta na qual a aspereza é representada através de uma série de triângulos de ângulo constante (dentes). Patton (1966) observou que para cargas ou tensões normais baixas, quando praticamente não houve cisalhamento das asperezas. A formulação para determinar a resistência ao cisalhamento é representada por: )tan( ibn += φστ 2.2 onde φb é o ângulo de atrito básico da superfície e i é o ângulo de inclinação da aspereza da superfície. Para o caso de valores da tensão normais muito elevados, onde as pontas das asperezas são cisalhadas facilmente, Patton (1966) achou uma relação razoável através de resultados experimentais, aplicando um critério de ruptura diferente: )tan( rnjc φστ += 2.3 onde cj é a coesão aparente da junta e φr é o ângulo de atrito residual. Essa simples extensão do critério de Mohr-Coulomb, pode explicar os grandes efeitos na resistência ao cisalhamento que têm as asperezas ou as rugosidades das descontinuidades e que tem sido observado em ensaios de cisalhamentos feitos em rochas. Os critérios de ruptura de Patton (1966), de forma combinada, fornecem de uma envoltória bilinear (Ver Figura 2.2), a qual descreve de forma correta resistência ao cisalhamento de superfícies que contêm um número de asperezas espaçadas regularmente e de dimensões iguais. Devido que na realidade as asperezas não se apresentam de forma tão regular geometricamente, esses critérios não são satisfatórios para descrever o comportamento de cisalhamento das descontinuidades nos maciços rochosos. DBD PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0711188/CA 34 Figura 2.2 - Critério de ruptura de Patton. Trajetória bilinear de ruptura. Uma aproximação alternativa ao problema de prever a resistência ao cisalhamento das juntas rugosas foi proposta por Barton (1973, 1976), o qual desenvolveu um critério empírico incluindo parâmetros da rugosidade (aspereza) da descontinuidade e, valores de resistência à compressão das paredes da rocha através da seguinte equação: += ´ 10 ´ logtan n bnf JCSJRC σ φστ 2.4 onde JRC é o coeficiente de rugosidade da junta; JCS é a resistência à compressão da rocha na superfície de fratura; σn é a tensão normal efetiva e τf é a tensão tangencial ou cisalhante sobre o plano da descontinuidade. Barton & Choubey (1977), baseados nos resultados dos ensaios no laboratório e o comportamento das descontinuidades, presentearam uma critério empírico para determinar a resistência ao cisalhamento para descontinuidades rugosas, o qual é expresso pela seguinte equação: += ´10 ´ logtan n rnf JCSJRC σ φστ 2.5 Segundo essa expressão a resistência da descontinuidade depende de três componentes, a primeira, a componente do atrito, , a segunda, componente geométrica dada pelo parâmetro JRC e a terceira e final, a componente de DBD PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0711188/CA 35 “aspereza”, controlada pela relação JCS/ . Essa “aspereza” e a componente geométrica representam a rugosidade i, pois o valor total da resistência ao atrito é dado por e, geralmente não supera valores de 50°. Para determinar o ângulo de atrito residual, geralmente se estima que a parede da junta esteja alterada e em conseqüência do ângulo de atrito residual ser inferior ao ângulo da rocha sã, bφ . Para a sua determinação Barton & Choubey (1977) sugeriram que o r φ pode ser estimado por: )/(20)20( Rrbr +−= φφ 2.6 onde R é o número de rebotes do martelo de Schmidt, sobre a superfície do material sã e seco; r é o número de rebotes do martelo Schmidt sobre a parede da junta em estado natural, úmida ou seca e é o ângulo de atrito básico da rocha, determinado segundo bibliografia. DBD PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0711188/CA 36 Tabela 2.2 -. Valores típicos de c e para rocha intacta (Dados selecionados de Walthan (1999), Rahn (1986), Goodman (1989), Farmer (1968), Jimenez Salas e Justo Alpanes (1975). Rock Cohesion Friction basic Angle, �b andesite 280 45 sandstone 80 - 350 30 - 50 basalt 200 - 600 48 - 55 limestone 50 - 400 35 - 50 cuarcite 250 - 700 40 - 55 diabase 900 - 1200 40 - 50 diorite 150 50 - 55 dolomite 220 - 600 25 - 35 schist 250 25 - 30 gabbro 300 35 gneiss 150 - 400 30 - 40 granite 150 - 500 45 - 58 grauwacke 60 - 100 45 - 50 marble 150 - 500 35-45 lutite 30 - 350 40 - 60 shale 100 - 500 40 - 55 tuff 7 gypsum 30 DBD PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0711188/CA 37 No caso das paredes da descontinuidade estar sãs, . O coeficiente de rugosidade da junta JRC pode ser estimado pela comparação da aparência da superfície da descontinuidade segundo os perfis apresentado por Barton & Choubey (1977) e representado na Figura 2.3. Figura 2.3 - Perfis de rugosidade na superfície da junta e o valor JRC correspondente (Barton and Choubey 1977). A aparência da superfície da descontinuidade é comparada com os perfis mostrados na Figura 2.3 e o valor JRC corresponde ao perfil que seja mais representativo. Existe uma série de métodos sugeridos para a estimativa do valor da resistência à compressão das paredes da junta JCS publicadas pelo ISRM (1978). Também é conhecido o uso de medições de rebote com o martelo de Schmidt na superfície da fratura para a determinação do valor de JCS. Os valores de JRC e JCS são influenciados pelo efeito de escala, tal que, com o incremento da extensão da descontinuidade ocorre uma diminuição nestes DBD PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0711188/CA 38 valores. A razão para esta relação é que a rugosidade de menor escala passa a ser menos importante para grandes dimensões da descontinuidade. Barton & Bandis (1982) propuseram uma correção da escala para JRC definido pela seguinte relação: 002.0 0 0 JRC n n L LJRCJRC − = 2.7 003.0 0 0 JRC n n L LJCSJCS − = 2.8 O sub-índice “0” nas equações anteriores expressas a escala de laboratório, e o sub-índice “n” expressa a escala de campo. Sendo o JRC0 o coeficiente de rugosidade da descontinuidade determinado numa linha de amostragem de comprimento inicial L0 (i.e. para um comprimento de 10 cm se escreve um JRC10). Assim, o traço da descontinuidade em campo Ln é utilizado para o cálculo do JRCn, onde se espera um resultado menor. O mesmo ocorre com a resistência à compressão da rocha na superfície de fratura JCS, quando se considera uma medição feita numa amostra de laboratório (JCS0) e se ajusta a escala da descontinuidade em campo (JCSn). Escala Classe Intermédia Menor Perfil Típico de Rugosidade da Descontinuidade JRC20 JRC100I Rugosa 20 11 II Lisa 14 9 III Escalonada Polida 11 8 IV Rugosa 14 9 V Lisa 11 8 VI Ondulosa Polida 7 6 VII Rugosa 2.5 2.3 VIII Lisa 1.5 0.9 IX Plana Polida 0.5 0.4 Notas: O comprimento de cada perfil pode estar na faixa de 1 a 10 m. As escalas verticais e horizontais são iguais. JRC20 e JRC100 corresponde ao valor estimado do coeficiente da rugosidade da descontinuidade (Barton & Choubey (1977)) quando o perfil se “asimila” a um comprimento de 20 e de 100 cm, respectivamente (Bandis (1993)). Figura 2.4 - Caracterização da rugosidade nas descontinuidades segundo as recomendações da ISRM (1978). (modificada de Brown (1981)). DBD PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0711188/CA 39 2.3.2. Critério de Hoek-Brown Generalizado Um dos critérios de falha comumente utilizado é o de Hoek-Brown (2002) método empírico que inicialmente foi aplicado na determinação dos parâmetros de resistência dos maciços rochosos “homogêneos e isotrópicos”. Devido à ausência de outros métodos dentro da comunidade da mecânica das rochas, este critério tem sido aplicado de forma satisfatória num grande número de projetos a nível mundial, ainda para maciços rochosos estruturalmente anisotrópicos. De forma geral o critério é considerado satisfatório, mas no começo existiu uma série de incertezas que provocaram problemas na aplicação para modelos numéricos e programas de equilíbrio limite, particularmente, a dificuldade para determinar parâmetros aceitáveis de atrito e coesão equivalentes dentro de um maciço de rocha determinado. Com o objetivo de resolver esses problemas e como uma alternativa á retro- análise para determinar a resistência dos maciços rochosos, se estabeleceu o Critério Generalizado de Hoek-Brown (2002), o qual estabelece uma seqüência de cálculos recomendados para a aplicação do critério de ruptura e o cálculo dos parâmetros c e φ . Originalmente o critério de falha de Hoek-Brown (1980) foi desenvolvido para a estimativa da resistência de maciço de rocha de elevada qualidade com o propósito de fornecer dados de partida nos projetos de escavações subterrâneas. O critério partia das propriedades de rocha intacta, a partir da teoria de Griffith, para logo introduzir fatores redutores de essas propriedades, segundo as características do maciço rochoso. O critério originalmente foi traduzido pela seguinte expressão: 5,0 ´ 3´ 3 ´ 1 )( sm ci ici ++= σ σ σσσ 2.9 Onde, 1σ ´ e 3σ ´ são, respectivamente, as tensões principal efetiva máxima e mínima na ruptura, ciσ é a resistência à compressão simples da rocha intacta, e, im e s são constantes do material, onde 1=s para rocha intacta. Assim, a relação entre as tensões principais na ruptura são definidas por duas constantes: a resistência à compressão uniaxial, ciσ e a constante do material, im . Quando não DBD PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0711188/CA 40 é possível obter estes valores em laboratório, estes podem ser estimados da Tabela 2.3 para os valores de im e da Tabela 2.1 para o valor da resistência à compressão uniaxial, ciσ . Tabela 2.3 – Valores da constante mi para rocha intacta, por grupo de rocha (Marinos & Hoek, 2000) Tipo de Classe Grupo Rocha Grosseira Media Fina Muito Fina Clastica Conglomerado Arenito Siltito Argilito (*) 17±4 7±2 4±2 Brechia Grauvaque Folhelos (*) 18±3 6±2 Marga SEDIMENTAR 7±2 Carbonatado Calcario Grosseiro Dolomitas 9±2 9±3 Nao Quimico Gesso Anidrite Clastica 8±2 12±2 Organico Giz 7±2 Marmore Corneana Quartzito 9±3 19±4 20±3 METAMORFICAS Migmatito Anfibolite Gnaisse 29±3 26±6 28±5 Xisto Filite Ardosia 12±3 7±3 7±4 Granito Diorito Clara 32±3 25±5 Plutonica Gabro Dolorite Escuras 27±3 16±5 Ignea Diabase Peridotita 15±5 25±5 Lava Vulcanica Piroclastica Aglomerado Brechia Tufo Extrusiva 19±3 19±5 13±5 Textura Calacerio Cristalina 12±3 Nao Foliada Levemente Foliada Foliada(**) Granodiorito 29±3 Norite 20±5 Hipobisales Porfiros 20±5 25±5 25±5 Riolita Dacita 25±5 25±3 Andesita Basalto Nota: (*)Os conglomerados e brechas sedimentares podem apresentar uma amplia faixa de valores mi dependendo da natureza do cimentante e do grau de cimentação. Esses valores podem variar desde valores similares aos de uma arenista até valores próprios de sedimentos de grau fino. (inclusive abaixo 10). (**) No caso das rochas foliadas, os valores de mi se referem à direção normal dos planos de foliação. Na direção paralela à foliação os valores de mi podem ser amplamente diferentes (a falha pode ocorrer segundo o plano de foliação). DBD PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0711188/CA 41 Devido ao fato deste critério ter sido adotado nas análises da mecânica das rochas em forma geral, foi necessário utilizar novos elementos em cada aplicação. Os mesmo autores desenvolveram a idéia de maciço de rocha “alterado” e “inalterado”, introduzindo um modelo modificado ou generalizado. Além das modificações nas equações, foi reconhecido que o sistema de classificação RMR de Bieniawski não era o adequado para a relação de um critério de ruptura com as observações geológicas no campo, principalmente em maciços de rochas muito alterados. Foi assim que, para a determinação dos parâmetros constantes da equação do critério generalizado, Hoek (1994) apresentou um sistema de classificação denominado por GSI (Geological Strength Index), que fornece um parâmetro geotécnico que varia entre 0 e 100, estimando uma redução da resistência do maciço rochoso para diferentes condições geológicas. O Critério de Hoek-Brown Generalizado é expresso como: a ci bci sm )( ´ 3´ 3 ´ 1 ++= σ σ σσσ 2.10 onde :´1σ é a tensão efetiva principal maior; :´3σ é a tensão efetiva principal menor; ciσ é a resistência à compressão simples (uniaxial) da rocha intacta e :bm é o valor reduzido da constante do material intato mi ou constante do maciço rochoso. Uma vez determinado o Índice de Resistência Geológica GSI, os parâmetros característicos de resistência do maciço rochoso são calculados com a seguinte equação: − − = D GSI mm ib 1428 100 exp 2.11 onde mi: é a constante da rocha intacta; GSI: é o valor determinado do Índice de Resistência Geológica. Sistema baseado mais fortemente em observações geológicas do que em números. Se a versão do RMR de Classificação Bieniawski DBD PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0711188/CA 42 (1989) é aplicada, o GSI pode se obtiver através da expressão GSI = RMR-5, onde, o grau de águas subterrâneas é 15 e o ajuste de orientação da junta zero. Para o GSI, Hoek & Marinos (2007) recomendam que seu valor deva ser estimado através das Tabelas 2.4 e 2.5. Tabela 2.4 - Determinação do valor GSI (Marinos et al., 2005). DBD PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0711188/CA 43 Tabela 2.5 - Estimativa de GSI para maciços rochosos heterogêneo (Marinos et al. 2005). O D é um Fator que depende do grau de perturbação ao qual o maciço rochoso foi submetido devido aos danos oriundo das detonações (linhas de fogo), desmonte e da relaxação das tensões. Este valor varia desde zero para maciços não perturbados e um para maciços muito perturbados. DBD PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0711188/CA 44 Tabela 2.6 - Orientações para a escolha do valor D (Hoek et al., 2002). Tendo osvalores do Índice de Resistência Geológica, GSI, e o fator de perturbação, D, as constantes do maciço rochoso s e a, são obtidas das seguintes relações: ( )3/2015/ 6 1 2 1 39 100 exp −− −+= − − = eea D GSI s GSI 2.12 e 2.13 O valor da resistência à compressão uniaxial pode ser obtido através da equação do Critério Generalizado de Hoek-Brown substituindo 0´3 =σ , obtendo- se: a cic sσσ = 2.14 A resistência à tração pode-se obter substituindo na mesma equação de Hoek-Brown generalizada, tσσσ == ´3´1 , representando uma condição de tensão biaxial: b ci t m sσ σ −= 2.15 DBD PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0711188/CA 45 Para o cálculo das tensões normais e de cisalhamento, tem se feito uma relação com as tensões principais segundo Balmer (1952), a qual foi posteriormente revisada por Hoek et al., (2002), obtendo-se: 1 ´ 1 22 ´ 3 ´ 1 ´ 3 ´ 1 ´ 3 ´ 1 ´ 3 ´ 1´ + − − − + = σ σ σ σ σσσσ σ d d d d n 2.16 ( ) 1 ´ 3 ´ 1 ´ 3 ´ 1 ´ 3 ´ 1 + −= σ σ σ σ σστ d d d d 2.17 onde :´nσ é a tensão normal e :τ é a tensão cisalhante. 1 ´ 3 ´ 3 ´ 1 1 − + += a ci b b s m ma d d σ σ σ σ 2.18 O grande objetivo das análises é determinar os valores em termos do parâmetro de resistência do critério de ruptura de Mohr-Coulomb, resistência coesiva, c, e resistência devido ao ângulo de atrito, φ . Esses dados são de grande utilidade na atualidade para o uso dos diferentes programas computacionais na geotécnica. O cálculo dos valores pode ser estimado partindo do critério de Hoek- Brown, ajustando-se uma relação linear média à curva gerada a partir da equação 2.10, onde o intervalo de tensões principal menor a considerar deve estar compreendido entre ´ max33 σσσ <<t , como mostra a Figura 2.5 (Hoek et al. 2002). DBD PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0711188/CA 46 Figura 2.5 - Relação entre as tensões principal maior e principal menor de Hoek e Brown e sua equivalência com o critério de Mohr–Coulomb. Logo, os valores dos parâmetros de resistência de Mohr-Coulomb são obtidos através das seguintes equações (Hoek et al., 2002): [ ] ( )[ ])2(1/))(6(1)2)(1( )()1()21( )(6)2)(1(2 )(6 sin 1´ 3 1´ 3 ´ 3´ 1´ 3 1´ 31´ aamsamaa msmasa c msamaa msam a nbb a nbnbci a nbb a nbb ++++++ +−++ = ++++ + = − − − − − σ σσσ σ σφ 2.19 e 2.20 Onde, DBD PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0711188/CA 47 ci n σ σσ ´ max3´ 3 = 2.21 e, o valor de ´ max3σ é obtido pela seguinte equação, a qual é determinada com base nos estudos que relacionam os parâmetros de Hoek e Brown e Mohr-Coulomb, usando análises da ruptura circular de Bishop para uma amplia faixa de geometrias de taludes e propriedades de maciço rochoso: 91.0 ´ ´ ´ max3 72.0 − = H cm cm γ σ σ σ 2.22 onde γ é o peso especifica da rocha do maciço; H é a altura do talude e ´ cm σ é a resistência à compressão simples (uniaxial) do maciço rochoso, sendo: ( ) )2)(1(2 )4/()8(4 1 ´ aa smsmasm abbb cicm ++ +−−+ = − σσ 2.23 O critério Hoek-Brown também permite determinar os valores do módulo de deformabilidade do maciço rochoso aplicando a seguinte formulação (Hoek et al., 2002): • Para MPaci 100≤σ [ ] 40 10 10 1002 1 − −= GSI ci m DGPaE σ 2.24 • Para MPaci 100≥σ [ ] 40 10 10 2 1 − −= GSI m DGPaE 2.25 Na atualidade existem softwares baseados nos trabalhos de Hoek-Brown (1988), Hoek (1990 e 1994), e Hoek et al. (2002), que realizam os cálculos citados para a determinação dos parâmetros de resistência do maciço rochoso, DBD PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0711188/CA 48 gerando a suas envoltórias, sendo o RocLab 1.0 e o RocData 4.0 (ambos da Rocscience), os mais utilizados. 2.4. Análise da Estabilidade de Taludes Rochosos de Grande Altura As análises de estabilidade são aplicadas na etapa de projeção ou em casos de obras civis onde existem riscos de instabilidade. Deve-se considerar um coeficiente de segurança adequado, o qual depende da finalidade da escavação e do caráter temporal ou definitivo do talude. Os objetivos principais das análises de estabilidade de taludes rochosos são (Eberhardt, 2003): • Determinar as condições de estabilidade do talude (estável ou instável) e a margem de estabilidade; • Investigar os potenciais mecanismos de falha; • Determinar a sensitividade ou susceptibilidade dos taludes a diferentes mecanismos de ativação (chuvas, sismos, efeito de explosivos, etc...); • Comparar a efetividade das diferentes opções de solução ou estabilização; • Projetar os taludes ótimos em termos de segurança, confiabilidade e economia. As análises permitem determinar a geometria da escavação e as forças externas que podem e devem ser aplicadas para conseguir o fator de segurança requerido na estabilidade ou, projetar medidas de correção e estabilização adequadas para evitar algum tipo de deslizamento. Um dos métodos da análise que tem muita utilidade na determinação dos parâmetros de resistência do maciço é a análise retrospectiva do talude (back- analysis), a qual se realiza quando a ruptura ou a falha do talude já aconteceu e, os mecanismos de ruptura da instabilidade são conhecidos. Essa metodologia permite determinar as características e comportamento geomecânico dos materiais que pertencem ao talude, além dos possíveis fatores influentes na ruptura. Os resultados obtidos podem ser extrapolados em outros taludes com características similares litológicas e estruturais. DBD PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0711188/CA 49 A análise retrospectiva determina a partir dos dados de campo (geometria, modelo de rotura, pressões hidrostáticas, etc.), os parâmetros de resistência, como a coesão, c, e o ângulo do atrito, φ, que cumprem a condição de equilíbrio limite do talude (FS = 1,0) na superfície de ruptura, nas condições reais que teve a zona de deslizamento. Outros métodos de análise de estabilidade se apóiam num planejamento físico-matemático, o qual se baseia na determinação das forças estabilizadoras e desestabilizadoras que atuam sobre o talude e, que determinam o seu comportamento e condições de estabilidade. Esses tipos de métodos de análise podem se agrupar segundo: • Métodos Determinísticos Conhecidas ou supostas as condições em que se encontra o talude, esses métodos indicam se o talude é ou não estável. Consiste em selecionar os valores adequados dos parâmetros físicos e resistentes que controlam o comportamento do material para, comeles e baseado nas leis de comportamento adequado, definir o estado de estabilidade e o fator de segurança do talude. Existem dois tipos de análise dentro de esse grupo: Análise pelo Equilíbrio Limite e a Análise pelo método da Tensão x Deformação; • Métodos Probabilísticos Consideram a probabilidade de ruptura num talude baixo condições determinadas. É necessário conhecer as funções de distribuição dos valores considerados como variáveis aleatórias, obtendo-se a partir dela os cálculos do fator de segurança através de processos iterativos. Tem-se como resultado as funções de probabilidade e de distribuição de fator de segurança, além de curvas associadas ao fator de segurança para talude e com uma determinada probabilidade de ocorrência; • Métodos Numéricos É a melhor aproximação das condições de estabilidade na maioria dos casos de estudos de taludes. Pode-se aplicar nas análises com situações de complexidades relacionadas com a geometria, anisotropia, comportamento não linear, tensões in situ ou a presença de poro-pressão e cargas sísmicas. DBD PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0711188/CA 50 Através da modelagem numérica e a resolução das equações de elasticidade e plasticidade, é possível determinar valores de deformação, deslocamentos e tensões (métodos tensão x deformação), que se geram no modelo analisado, determinando o processo de falha. Existem dos modelos básicos para modelar: modelos descontínuos (descontinuidades pré-existentes) e modelos contínuos (rocha intacta). As descontinuidades dentro dos modelos descontínuos estão representadas explicitamente. Elas são incluídas com uma determinada orientação e localização dentro do talude em busca do comportamento e a influência que apresentaram na estabilidade do talude. No caso de um modelo contínuo, as descontinuidades são modeladas só com a intenção de representar um maciço rochoso da forma mais real possível. Os códigos descontínuos geralmente são relacionados com os métodos de elementos discretos ou distintos. Esses métodos dividem o domínio em blocos rígidos ou deformáveis; onde o comportamento contínuo assume-se dentro de aqueles blocos deformáveis. A principal característica e virtude dos códigos descontínuos é a possibilidade de representar o comportamento das juntas ou estruturas presentes num talude, alem dos deslocamentos sofridos pelas deformações da matriz de rocha. Os códigos mais conhecidos e usados para os estudos que utilizam essa metodologia são o UDEC (Universal Distinct Elemnt Code) e o 3DEC (3-Dimensional Distinct Elemente code), ambos da Itasca Consulting Group. Os métodos contínuos consideram que o material (maciço rochoso) é totalmente contínuo (não apresenta sistemas estruturais). As descontinuidades são analisadas só em casos especiais introduzindo uma interface entre os corpos ou sistemas de Ubíquas. Existe uma série de códigos aplicados dentro de modelos contínuos como o PHASE2 da Rocscience no caso dos elementos finitos e o FLAC da Itasca Consulting Group no caso de diferenças finitas, onde DBD PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0711188/CA 51 não é permitido manipular a iteração de algumas geometrias de forma geral provocando a não convergência do modelo, principalmente em aqueles casos onde existe uma grande presença de descontinuidades. Devido a este, sua eficiência pode-se degenerar drasticamente quando as condições da malha são interrompidas continuamente (a não convergência do modelo). Um resumo das características e aplicações em geral que tem cada tipo de método numérico se apresenta na Tabela 2.7. Tabela 2.7 - Resumo das características e aplicações de cada um dos métodos numéricos. MÉTODO CARACTERÍSTICAS APLICAÇÃO Elementos Finitos (FEM) Assume-se uma malha de elementos com seus respectivos nós e as propriedades elasto - plásticas dos materiais. Aplica-se em taludes que podem ser considerados como maciços contínuos sem blocos. Diferencias Finitas (FDM) Elabora-se uma malha com uma variedade de relações tensão x deformação. Utiliza-se para modelar maciço rochoso com um alto grau de fraturamento. Elementos Distintos ou Discretos (DEM) Se divide o talude em elementos ou blocos com a suas propriedades internas e das uniões localizadas entre cada elemento que podem-se mover livremente. Aplica-se para analisar a inclinação e movimento dos blocos. Elementos de Contorno (BEM) Discretizam-se as áreas para poder modelar a ocorrência de trincas no talude. Utiliza-se para estudar problemas de propagação das trincas. DBD PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0711188/CA
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