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DISCIPLINA: MECÂNICA DE ROCHAS E ESTABILIDADE DE TALUDES Profa.: Eng. Marilia Abrão Zeni, MSc Universidade Luterana do Brasil 2017 Ementa Propriedades mecânicas das rochas; Mecânica da deformação e ruptura das rochas; Massas rochosas: comportamento, heterogeneidade e anisotropia. Critérios de resistência; Tensões naturais nos maciços rochosos; Tensões induzidas pelas escavações subterrâneas; Ementa Monitoramento de maciços rochosos; Tipos de rupturas em taludes; Fluxo de águas subterrâneas; Redes de Fluxo, permeabilidade e pressão. Competências A mecânica de Rochas e Estabilidade de Taludes é a disciplina que trata do comportamento mecânico, isto é, das relações entre as solicitações atuantes, quer aplicadas pela natureza quer pelo homem, e as deformações dos maciços rochosos. Essa ciência ocupa-se da resposta das rochas e dos maciços rochosos à aplicação de perturbações naturais e antrópicas. Habilidades Adquirir conhecimento nas áreas da resistência e deformabilidade dos maciços; Reconhecer e caracterizar as estruturas deformacionais permanentes nas rochas e maciços. Programa Introdução a mecânica das Rochas. Conceitos gerais, âmbito e campo de aplicação da Mecânica das Rochas. Classificação e propriedades índice das rochas. Classificação de Maciços rochosos Estado de tensão. Definição de tensões normais e tensões tangenciais. Estado de tensão em maciços rochosos e sua determinação; Programa Efeitos da anisotropia e modificações das tensões resultantes de descontinuidades; Tipos de deformação, relações tensão- deformação; Resistência das rochas, modos de ruptura, curvas de tensão-deformação; Descontinuidades em rocha, caracterização geométrica: orientação, espaçamento, continuidade, rugosidade, etc. Programa Classificações geomecânicas empíricas de maciços rochosos; Movimentos de massa e escavações; Análise de estabilidade de taludes; Análise cinemática com projeção estereográfica. Avaliação G1: Introdução - resistência das rochas; G2: Descontinuidades até análise da projeção estereográfica; Nota Final = 20% (Exercícios da aula) + 80% (Provas) Exercícios entregues em dupla no final de cada aula. (Sem exceções)! Provas: Todo o assunto abordado na disciplina. Sub – Todo o assunto abordado na disciplina. Principais referências Fundamentals of Rock Mechanics, 2007, Jaeger, Cook e Zimmerman; Rock mechanics for underground mining, 2004, Brady & Brown; Engineering Rock Mass Classifications, 1989, Bieniawski; Pratical Rock Engineering, 2006, Hoek; Principais referências Rock Slope Engineering, 2004, Wyllie e Mah; Design Analysis in Rock Mechanics, 2007, Pariseau; Engineering Rock Mechanics, 1997, Hudson & Harrison. Introdução Introdução O início da discussão sobre Mecânica de Rochas surgiu nos anos 50 e gradualmente se tornou uma disciplina em meados dos anos 60. É a ciência relacionada com a resposta da rocha a uma perturbação aplicada, aqui considerada como uma perturbação induzida pelo homem. Para uma perturbação natural, a mecânica das rochas se aplicaria à deformação de rochas em um contexto geológico estrutural, isto é, como as dobras, falhas e fraturas, desenvolvidas quando Introdução tensões foram aplicados às rochas durante processos orogênicos e outros processos geológicos. Bingham Canyon Mine – Utah USA (Cobre) Introdução Introdução A disciplina de Mecânica das Rochas é universal e sua aplicação é especialmente visível nos países onde a superfície do solo é predominantemente composta de rocha, por exemplo, Chile, Finlândia, Escócia e Espanha. Naturalmente, há muitos exemplos de aplicação na engenharia subterrânea e estes ocorrem em projetos de engenharia civil em países dominados por rochas e durante a mineração subterrânea em todos os países. Introdução Em escavações subterrâneas, claramente é útil ser capaz de avaliar sua estabilidade qualquer que seja sua dimensão, para isso é necessário a compreensão da estrutura da rocha (considerando suas descontinuidades e posicionamento tridimensional). Esse tipo de enfoque teve início somente nos anos 70. Introdução As diversas aplicações da engenharia de rocha incluem energia geotérmica, eliminação de resíduos radioativos e a utilização do espaço geral subterrâneo para acolher atividades de alta e baixa tecnologia, tais como tratamento de resíduos domésticos e grandes aceleradores de partículas de alta energia. Para todas estas aplicações, é essencial compreender o maciço rochoso e a mecânica de rochas de modo que a engenharia possa ser conduzida de maneira ótima. Introdução Existem três níveis de abordagem para todos os problemas que envolvem engenharia de rochas: 1) Todo o projeto com seu objetivo específico - diferentes projetos podem ter objetivos bastante diferentes. 2) A inter-relação entre as várias componentes do problema total. Por exemplo, a relação entre a tensão e as estruturas no maciço no contexto da mecânica de rochas e a relação entre o sistema de suporte e as implicações de custo no contexto da engenharia. Introdução 3) Finalmente, os aspectos individuais de cada projeto, tais como a análise numérica específica ou um procedimento de cálculo de custos específico. Como já foi mencionado, houve uma ênfase considerável na década de 60 no estudo da rocha intacta e na década de 70 em descontinuidades e maciços rochosos. A partir dos anos 80, a ênfase voltou-se para a análise numérica, com experimentos in-situ e simulações computacionais. Conceitos Gerais Conceitos gerais Uma característica importante dos maciços rochosos é que eles possuem juntas e falhas, e que há fluido pressurizado frequentemente tanto em juntas abertas quanto nos poros da própria rocha. Também sucede frequentemente que, devido às dimensões da mineração, vários tipos litológicos podem ocorrer em qualquer investigação. Conceitos gerais Assim, desde o início, estão sempre envolvidos dois problemas distintos: (i) o estudo das orientações e propriedades das juntas, e (ii) o estudo das propriedades e do tipo de rocha entre as juntas. Conceitos gerais Juntas As juntas são de longe o tipo mais comum de estrutura geológica. Elas são definidos como rachaduras ou fraturas na rocha ao longo do qual tem havido pouco ou nenhum deslocamento transversal (Price, 1966). Elas geralmente ocorrem em conjuntos que são mais ou menos paralelos e regularmente espaçados. Há também geralmente vários conjuntos orientados em direções diferentes, de modo que a maciço rochoso é partido em blocos. Conceitos gerais Juntas A razão principal para a importância das juntas na mecânica de rochas é que elas dividem o maciço rochoso em diferentes partes e o possível deslizamento pode ocorrer ao longo das superfícies formadas por elas. Conceitos gerais Juntas As juntas ocorrem em todas as escalas e as mais importantes, chamadas juntas principais, geralmente podem ser traçadas por dezenas ou centenas de metros e são geralmente mais ou menos planas e paralelas entre si. Os conjuntos de juntas que intersectam juntas principais, conhecidas como juntas cruzadas, são geralmente de menor importância, e são mais susceptíveis de serem curvas e/ou irregularmente espaçadas. Conceitos gerais Juntas Conceitos gerais Juntas As juntas podem ser preenchidas com vários minerais, tais como calcita, dolomita, quartzo, minerais argilosos, ou podem estar abertas, caso em que podem estar cheias de fluidos sob pressão. As juntas são um fenômeno comum a todas as rochas, sedimentares e ígneas. Os sistemas de juntas são afetados pela natureza litológica da rocha, sendo assim o espaçamento e a orientação das juntas podem mudar com o tipo de rocha. Conceitos gerais Falhas As falhas são superfícies de fratura nas quais ocorreu um deslocamento relativo transversalao seu plano nominal. Elas são geralmente estruturas únicas, mas um grande número delas pode ser mesclado em uma zona de falha. Em geral são aproximadamente planares e assim fornecem os planos importantes em que o deslizamento pode ocorrer. Conceitos gerais Falhas Juntas e falhas podem ter uma origem comum e é frequentemente observado no subsolo que as juntas se tornam mais frequentes à medida que uma falha está próxima. Conceitos gerais Falhas Conceitos gerais Importância das descontinuidades Do ponto de vista da mecânica de rochas, a importância das juntas e falhas é que elas provocam a existência de superfícies regularmente espaçadas, relativamente planas, que separam blocos de rocha intacta que podem deslizar. Na prática, o procedimento essencial é medir a orientação de todos os planos de juntas e características semelhantes, seja em um túnel ou em um conjunto de furos e traçar as direções de seus vetores normais em uma projeção estereográfica. Propriedades Índice Classificação e propriedades índice das rochas Propriedades índices são propriedades físicas que caracterizam a estrutura, a composição, a fábrica e o comportamento mecânico das rochas. São muito importantes na caracterização e quantificação da matriz (rocha), permitindo a correlação com outros índices geomecânicos. Classificação e propriedades índice das rochas Dentre as propriedades índice podemos citar a densidade, a porosidade, o teor de umidade, a velocidade de propagação do som, a permeabilidade, a durabilidade e a resistência. Esses índices, geralmente, são medidos em pequenas amostras de rocha intacta, ou seja, componentes minerais considerando microfissuras e poros apenas, o que dificulta um pouco a sua representatividade para as propriedades do maciço rochoso. Classificação e propriedades índice das rochas Em obras que envolvam escavações, superficiais ou subterrâneas, é necessário caracterizar as descontinuidades existentes, tanto ou mais que a própria natureza da rocha em si. Classificação e propriedades índice das rochas A rocha assim como o solo é composta por três fases: minerais sólidos, água e/ou ar e vazios. Diversas relações podem ser obtidas pela relação entre essas fases, seja em termos de volume e/ou peso, dentre elas podemos citar o peso específico e a porosidade. Classificação e propriedades índice das rochas Peso Específico (γ) Obtido pela relação entre o peso da amostra (pesagem do corpo de prova) e o volume da amostra (geometria regular). Onde: 𝛾d é o peso específico seco; Ws é o peso total da amostra seca na estufa; V é o volume total da amostra. Classificação e propriedades índice das rochas Peso Específico (γ) Este parâmetro fornece dados importantes acerca da mineralogia e o grau de alteração, onde o valor do peso específico tende a reduzir com o avanço da alteração. O peso específico pode ser relacionado aos estados saturado, seco e natural, e aos constituintes sólidos de uma rocha, possuindo influência direta na resistência e na deformabilidade (propriedades mecânicas) das rochas. Tanto a resistência à compressão quanto o módulo de elasticidade aumentam com o valor da densidade. Classificação e propriedades índice das rochas Peso Específico (γ) Classificação e propriedades índice das rochas Porosidade (n) A porosidade (n) é a relação entre o volume ocupado pelos vazios ou poros da rocha (Vv) e o volume total (V). A porosidade pode variar entre 0 e 90%, com valores normais entre 15 e 30%. A porosidade normalmente é inversamente proporcional à idade geológica e diretamente proporcional ao grau de alteração. Classificação e propriedades índice das rochas Porosidade (n) Quanto mais antiga uma rocha, maior a presença de minerais estáveis, já que os instáveis já foram alterados, lixiviados e substituídos por outros estáveis, gerando menor espaço de vazios ao material. Rochas ígneas e metamórficas intactas apresentam porosidade raramente superior a 2%, em geral fruto de microfissuras. Classificação e propriedades índice das rochas Porosidade (n) A ação do intemperismo, especialmente nas microfissuras, no contorno dos grãos e nas juntas, pode gerar aumento da porosidade nas rochas ígneas e metamórficas, sendo um índice muito preciso para avaliação da qualidade. Apesar da porosidade decrescer com a profundidade este efeito é menos pronunciado nessas rochas, já que naturalmente apresentam baixas porosidades, mesmo próximos à superfície. Classificação e propriedades índice das rochas Porosidade (n) Em granitos a porosidade pode chegar a 50%, quando os feldspatos e micas são alterados e lixiviados, originando esqueleto fracamente imbricado de cristais de quartzo. Classificação e propriedades índice das rochas Porosidade (n) Classificação e propriedades índice das rochas Velocidade de Propagação de Ondas As propriedades elásticas das rochas são determinadas por um lado pela elasticidade dos minerais que as compõem e por outro lado pela importância e pela morfologia das descontinuidades, nomeadamente fissuras e fraturas. Em particular, as velocidades de propagação das ondas sísmicas longitudinais, Vl ou Vp (ondas de compressão) e das ondas transversais Vs variam significativamente com a presença de descontinuidades. Classificação e propriedades índice das rochas Velocidade de Propagação de Ondas Na prática percebe-se que quanto maior o fissuramento menor será a velocidade de propagação. A realização de ensaios, não destrutivos, para determinação destas velocidades em corpos de prova, que vão ser submetidos posteriormente a ensaios de compressão uniaxial, é frequente existindo vários métodos que permitem a determinação dos valores quer da velocidade de propagação das ondas longitudinais (Vp), quer das ondas transversais (Vs). Classificação e propriedades índice das rochas Velocidade de Propagação de Ondas Classificação e propriedades índice das rochas Velocidade de Propagação de Ondas Em rochas mais alteradas, a velocidade de propagação diminui com o aumento da porosidade da rocha; Em rochas menos alteradas, a velocidade de propagação aumenta com o aumento da densidade da rocha; Independente do grau de alteração da rocha, a velocidade de propagação aumenta com o aumento do nível de tensões aplicadas e do teor de umidade, já que reduz a porosidade e os vazios estão preenchidos por água, respectivamente. Classificação e propriedades índice das rochas Velocidade de Propagação de Ondas Classificação e propriedades índice das rochas Alterabilidade e Durabilidade A durabilidade é a resistência da rocha aos processos de alteração e fragmentação sendo também conhecida por alterabilidade. O contato da rocha com a água e o ar, muitas vezes através de obras de engenharia civil como escavações e terraplanagens, pode ocasionar a degradação das suas características mecânicas. Classificação e propriedades índice das rochas Alterabilidade e Durabilidade O ensaio “slake durability test”, consiste em submeter o material rochoso previamente fragmentado a ciclos normalizados de secagem, umidificação e ação mecânica. Os fragmentos são colocados dentro de redes metálicas cilíndricas com determinada abertura parcialmente imersas na água que rodam em torno de um eixo horizontal. Classificação e propriedades índice das rochas Alterabilidade e Durabilidade O choque dos fragmentos de rocha entre si e o contato com a água favorecem a sua desagregação e alteração. A secagem dos fragmentos é realizada em estufas após o que pode seguir-se outra umidificação e ação mecânica. O índice de durabilidade (ID) corresponde à percentagem de rocha seca que fica retida nos tambores de rede metálica após 1 ou 2 ciclos completos (ID1 ou ID2). Classificação e propriedades índice das rochas Alterabilidadee Durabilidade Slake durability test Classificação e propriedades índice das rochas Resistência A resistência determina a eficiência da rocha em manter o seu arranjo original, ou seja, manter coesos os seus componentes. A resistência mecânica à compressão é uma das propriedades índice mais importantes e é dada por: Onde σc é a resistência a compressão, Fc é a força compressiva aplicada e A a área de aplicação. Classificação e propriedades índice das rochas Resistência Prensa hidráulica preparada para ensaio de compressão uniaxial. Classificação e propriedades índice das rochas Resistência Em 1972, Broch e Franklin propuseram o índice de resistência à compressão puntiforme ou pontual, obtido pelo Point load test (ensaio de compressão puntiforme), servindo como propriedade índice para avaliação da resistência da rocha. No Point load test a amostra é carregada pontualmente e a ruptura é provocada pelo desenvolvimento de fraturas de tração paralelas ao eixo de carregamento. Classificação e propriedades índice das rochas Resistência Point Load test Classificação e propriedades índice das rochas Resistência O Point load test apresenta vantagens quanto a simplicidade, rapidez e baixo custo. A amostra de rocha pode ter qualquer formato e tamanho, bem como ser reproduzido em qualquer lugar; existem versões portáteis do equipamento como o da foto anterior. Classificação e propriedades índice das rochas Resistência Classificação e propriedades índice das rochas Permeabilidade (k) Como propriedade índice expressa o grau de interconectividade entre os poros (rochas sedimentares) e/ou fissuras (outros tipos de rochas). O tamanho, a forma e a interconectividade dos vazios determinam a permeabilidade ou condutividade hidráulica da rocha. Em alguns casos o sistema de descontinuidade altera radicalmente os valores da permeabilidade no campo, quando comparadas em laboratório; assim os ensaios devem ser feitos in situ. Classificação e propriedades índice das rochas Permeabilidade A medida da permeabilidade para a geotecnia é importante, tendo em vista sua aplicação à problemas de bombeamento de água, óleo, ou gás de uma formação porosa; disposição de rejeitos em formações porosas, poços e previsão de fluxo em túneis. O estado de tensão na rocha influencia consideravelmente a sua permeabilidade. Classificação e propriedades índice das rochas Permeabilidade O aumento das tensões de compressão provoca o fechamento das fissuras e a diminuição da permeabilidade, mas, a partir de um certo limite, o aumento das tensões pode iniciar o aparecimento de novas fraturas provocando o aumento da permeabilidade. A variação da permeabilidade da rocha pode também variar com a pressão da água que circula nos seus vazios e descontinuidades: o aumento da pressão da água tende a abrir as fissuras aumentando a permeabilidade. Classificação e propriedades índice das rochas Permeabilidade Permeabilidade de solos e rochas Classificação de maciços Classificação de maciços As características de qualidade dos maciços rochosos podem ser descritas de forma simples através de classificações baseadas em métodos observacionais. Um dos parâmetros mais fáceis de descrever, mas também dos mais importantes, é o estado de alteração de um maciço rochoso, da forma como se apresenta na Tabela seguinte: Classificação de maciços Estado de alteração do maciço rochoso (W): Classificação de maciços Outros parâmetros de simples observação podem ser usados para a classificação expedita dos maciços rochosos. A Sociedade Internacional de Mecânica das Rochas (SIMR) propôs em 1981 a Descrição Geotécnica Básica (Basic Geotechnical Description – BGD) composta pelas seguintes classificações: classificação quanto ao estado de fraturação (F), ou de afastamento (ou espaçamento) entre fraturas; classificação quanto à espessura das camadas (L); classificação quanto à resistência à compressão uniaxial (S); classificação quanto ao ângulo de atrito das descontinuidades (A) Classificação de maciços Estas quatro classificações, em conjunto com a do estado de alteração (W), serão suficientes para descrever sucintamente a qualidade de um maciço rochoso na maior parte dos problemas que interessam à engenharia. Nos slides seguintes as tabelas para as classificações referidas são apresentadas: Classificação de maciços Estado de fraturação do maciço rochoso (F): Classificação de maciços Espessura das camadas (L): Classificação de maciços Resistência à compressão uniaxial (S): Classificação de maciços Ângulo de atrito das descontinuidades (A): Classificação de maciços Atenção: O completo entendimento destes parâmetros será fundamental para a compreensão dos sistemas de classificação empíricos que veremos mais adiante. Tensões Tensões normais e tangenciais Por que estudar as tensões em mecânica de rochas? Existem 3 razões básicas para compreender a tensão no contexto da mecânica de rochas: 1) Existe um estado de tensão pré-existente no maciço e precisamos compreendê-lo. Durante uma escavação em rocha as tensões pré-existentes são redistribuídas - o que nos leva à razão seguinte. 2) Durante uma escavação o estado de tensões pode mudar drasticamente, isso ocorre porque a rocha que previamente estava tensionada foi removida e o carregamento será redistribuído. Além disso, a maioria dos critérios de engenharia está relacionado com a deformabilidade ou com a resistência da maciço rochoso e essa análise envolve tensões. Por exemplo, quase todos os critérios de falha são expressos em função de certas quantidades de tensão. Tensões normais e tangenciais Por que estudar as tensões em mecânica de rochas? 3) O conceito de tensão não é familiar: é uma quantidade tensora e tensores não são encontrados na vida cotidiana. Como existem três tensões principais, cada tensão é decomposta em três tensores, um normal e dois de cisalhamento totalizando nove tensores. Vetor e tensor não são o mesmo; Vetor – É um valor com magnitude e direção. Ex.: Força, velocidade, aceleração... Tensor – É um valor com magnitude, direção e “plano em consideração”. Ex.: Tensão, deformação, momento de inércia... Tensões normais e tangenciais Componentes de tensão normal e tangencial Em um plano real ou imaginário podem existir forças normais ou tangenciais. A combinação das forças normais e tangenciais criam o tensor de tensão. a) Força normal e tangencial; b) Tensão normal e tangencial. (σne τ) Tensões normais e tangenciais Componentes de tensão normal e tangencial Conforme a figura abaixo, quando a componente Fn é aplicada na direção θ de F, o valor da força normal é Fn=Fcosθ. Quando a componente da tensão é aplicada na mesma direção, o valor da tensão normal é σn=σcos²θ. Tensões normais e tangenciais Tensões normais e de cisalhamento em um elemento infinito É mais conveniente considerar os componentes normais e tangenciais com referência a um dado conjunto de eixos, geralmente um sistema cartesiano X-Y-Z retangular. Considere um cubo cortado em três direções nas faces visíveis do cubo. Para determinar todos as componentes de tensão, consideramos as tensões normais e de cisalhamento (tangenciais) nos três planos desse cubo infinitesimal. Tensões normais e tangenciais Tensões normais e de cisalhamento em um elemento infinito Em qualquer face, a força de cisalhamento é composta de duas componentes perpendiculares que estão alinhadas com os dois eixos paralelos as bordas da face. Tensões normais e tangenciais Tensões normais e de cisalhamento em um elemento infinito Assim, chegamos a nove componentes de tensão compreendendo três componentes normais e seis componentes tangenciais (cisalhamento). É conveniente reunir os componentes de tensão numa matriz onde as linhas representamos componentes em qualquer plano e as colunas representam os componentes que atuam numa dada direção. Isso é ilustrado como: Componentes em um plano Componentes em dada direção Tensões normais e tangenciais Tensões normais e de cisalhamento em um elemento infinito Em qualquer face, a força de cisalhamento é composta de duas componentes perpendiculares que estão alinhadas com os dois eixos paralelos as bordas da face. Note que quando as tensões estão em equilíbrio, as tensões tangenciais τxz=τzx, τyz=τzy e τxy=τyx. Então o estado de tensões em um dado ponto em equilíbrio é definido por 6 componentes independentes (σxx, σyy, σzz, τxy, τyz e τxz). Tensões normais e tangenciais Tensões principais As tensões principais são definidas como componentes normais de tensão que atuam sobre planos que possuem componentes de tensão tangencial com magnitude igual a zero. São definidas como σ1, σ2 e σ3. Tensões normais e tangenciais Tensões principais O conceito de tensão principal tem particular importância para a mecânica de rochas porque todas as superfícies de escavação não suportadas, tanto em superfície como no subsolo, não têm esforços de cisalhamento (tangenciais) agindo sobre elas e são, portanto, planos de tensão principais. Isso resulta da Terceira Lei de Newton ("A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade"). Além disso, e também da Terceira Lei de Newton, a componente de tensão normal que atua nessas superfícies é zero. Tensões normais e tangenciais Tensões principais Considerando um maciço rochoso antes e depois da escavação, percebe-se que o estado de tensões principais é alterado e que a tensão principal σxx após a abertura da escavação passa a ser zero. Tensões in-situ Tensões in-situ Por que determinar as tensões in-situ As motivações básicas para a determinação das tensões in-situ são duas: 1) Para ter um conhecimento básico do estado de tensão para engenharia, por exemplo, em que direção e com que magnitude a tensão principal está agindo? Com que efeitos de tensão estamos lutando? Em que direção é mais provável que a rocha rompa? Em que direção fluirá a água subterrânea? 2) Ter um conhecimento específico e "formal" das condições de contorno para as análises de tensão conduzidas na fase de projeto e poder prever as alterações no estado de tensão após a execução de atividades de engenharia, por exemplo, escavação de um talude ou túnel. Tensões in-situ Métodos de determinação de tensões in-situ Tensões in-situ Métodos de determinação de tensões in-situ Existem métodos diretos e indiretos de mensuração de tensões in-situ. Os métodos recomendados pela International Society for Rock Mechanics (ISRM) para mensuração direta de tensões são: Teste flatjack; Teste de fraturamento hidráulico; USBM overcoring torpedo; CSIRO overcoring gauge; Vibrating Wire gauge; Hydraulic Borehole Pressure. Tensões in-situ Métodos de determinação de tensões in-situ Para mensuração indireta de tensões: Borehole breakouts - danos em um furo indicando as principais orientações de tensão; Fault plane solutions - análise das principais tensões que causam falhas; Acoustic emission – Mensuração da emissão de “ruído” de baixa intensidade da rocha quando tensionada; Etc… Tensões in-situ Métodos de determinação de tensões in-situ Tensões in-situ Flatjack Dois pinos são instalados no limite de escavação. A distância d entre eles é então medida com precisão. Uma fenda é cortada na rocha entre os pinos. Se a tensão normal for compressiva, os pinos se moverão juntos à medida que o slot é cortado. Um flatjack, que é composto de duas folhas de metal colocadas juntas, soldadas em torno de sua periferia e provido de um tubo de alimentação, é então inserido na fenda. Ao pressurizar o flatjack com óleo ou água, os pinos se afastam. Tensões in-situ Flatjack Presume-se que, quando a distância de separação dos pinos atinge o valor que tinha antes da fenda ser cortada, a força exercida pelo flatjack nas paredes da fenda é a mesma que a exercida pela tensão normal pré-existente. Haverá algum erro nessa suposição, principalmente devido aos efeitos de borda, mas estes podem ser levados em consideração se o conector for adequadamente calibrado. O teste fornece uma boa estimativa da tensão normal. A principal desvantagem do sistema é que o número mínimo necessário de seis testes, em diferentes orientações, tem de ser conduzido em seis locais diferentes e, por conseguinte, é necessário distribuí-los em torno das paredes. Tensões in-situ Flatjack Invariavelmente, estes testes serão conduzidos em circunstâncias em que o estado de tensão real é diferente em cada local de medição. Assim, para interpretar os resultados corretamente, também é necessário conhecer a distribuição de tensão provável ao redor do teste escavação. a) Flatjack b) Configuração do teste Tensões in-situ Flatjack c) Medição da distância dos pinos antes, durante e depois do ensaio. d) Distribuições do ensaio para obter as 6 componentes. https://www.youtube.com/watch?v=Ca25XZLSuyQ Tensões in-situ Fraturamento hidráulico Uma porção de um furo (~1m) é isolado por um sistema que não permite o vazamento de água (straddle packer system); A porção isolada é pressurizada com água até ocorrer a fratura; São medidas duas pressões: Quando a fratura ocorre (breakdown pressure), Pressão necessária para manter a fratura aberta (shut-in pressure); Um equipamento mede a orientação e localização da fratura aberta; Tensões in-situ Fraturamento hidráulico É o único método de medição direta das tensões principais; Pode ser realizado em qualquer profundidade ou distância da abertura; Atenção: a área escolhida e isolada deve estar livre de fraturas. (Pode ser realizada filmagem como garantia). Existem alguns problemas na execução desse teste: Dificuldade de identificar 1m de rocha sem fratura; Dificuldade de medir as pressões (breakdown and shut-in pressures); O furo deve ser paralelo a uma das tensões principais; A rocha é assumida como impermeável. Tensões in-situ Fraturamento hidráulico Ps = σh; que é a menor tensão principal PB = 3σh - σH + σt; onde σt é a resistência à tração da rocha. Válido para a teoria elástica. Tensões in-situ Fraturamento hidráulico Tensões in-situ USBM overcoring torpedo Esse teste permite que o estado de tensão completo em um plano seja determinado a partir de três medições quando as tensões são liberadas. Tensões in-situ USBM overcoring torpedo O torpedo é inserido no furo e seis botões (esferas de aço) são pressionados contra a parede do furo, medindo sua posição através de strain gauges (medidores de tensão) conectados aos botões. Um furo com diâmetro maior é feito envolta do furo inicial e o estado de tensão no cilindro oco resultante é reduzido a zero. O diâmetro do furo inicial muda, os botões se movem e, por conseguinte, são medidas diferentes tensões. A partir de exercícios de calibração anteriores, as alterações diametrais reais são deduzidas. A partir dessas mudanças, e com o uso da teoria da elasticidade, é deduzido o estado de tensão biaxial no plano perpendicular ao eixo do furo. Tensões in-situ USBM overcoring torpedo Primeiro furo e Torpedo Maciço “cilindro oco” Segundo furo – diâmetro maior Maciço Tensões in-situ USBM overcoring torpedo Pode-se ver que o efeito do remoção dos componentes de tensão pré-existentes provocam a expansão ao longo de todos os três diâmetros; Sendo o III o que apresenta maior deformação. https://www.youtube.com/watch?v=0a50jHxrQIY Tensões in-situ USBM overcoring torpedo O método USBM é eficaz porque é reutilizável; A medição do deslocamento diametral é análoga à utilização do flatjack para medir a componente de tensão normal.De forma semelhante ao flatjack, cada medida de deslocamento permite calcular uma deformação normal. Através da utilização das equações de transformação de tensões, é possível calcular as principais componentes do estado de tensão biaxial e suas orientações. Há, no entanto, a complicação adicional da presença do furo, que perturba o estado de tensão a partir do seu estado natural in-situ. Tensões in-situ CSIRO overcoring gauge A operação é similar ao USBM overcoring, sendo que os transdutores podem medir as deformações em diferentes direções do furo; O equipamento é colocado no furo piloto e as medidas começam a ser coletadas; O furo externo ao furo piloto é realizado; A medida que é feito o furo externo são coletadas medidas de deformação; Existem de 9 a 12 transdutores para medidas de deformação. Tensões in-situ CSIRO overcoring gauge Tensões in-situ CSIRO overcoring gauge https://www.youtube.com/watch?v=AmzEyY_8d0s Tensões in-situ CSIRO overcoring gauge O equipamento com a rocha pode ser retirado de dentro do furo e pode-se, então analisar os resultados e conferir se não ocorreu nenhum problema com os strain gauges; A maior desvantagem desse método é a manutenção do ambiente do interior do furo para a adesão dos strain gauges a sua parede; É o único método que pode apresentar todos as tensões em uma única medida. Tensões in-situ Efeitos de anisotropia e descontinuidades nas tensões Tensões in-situ Relação entre tensão horizontal e vertical Considerando um meio completamente isotrópico, pode-se obter a razão entre a tensão horizontal e a tensão vertical. Essa razão é dada em função do coeficiente de Poisson que será visto posteriormente. A razão é dada por: 𝜎𝐻 = 𝑣 1 − 𝑣 𝜎𝑉 Onde 𝜎𝐻 é a tensão horizontal; 𝑣 é o coeficiente de Poisson; 𝜎𝑉 é a tensão vertical. Limites superior e inferior teóricos Tensões in-situ Relação entre tensão horizontal e vertical Agora veremos, no entanto, que existem três tipos de isotropia comumente considerados na mecânica das rochas: isotropia completa, isotropia transversal e ortotropia. Rocha com isotropia completa: Possui as mesmas propriedades em todas as direções; Rocha com isotropia transversal: Possui propriedades diferentes na direção vertical e horizontal; Rocha ortotrópica: Possui propriedades diferentes nas três direções. É possível calcular a razão entre as tensões horizontal e vertical para os três tipos de isotropia. Tensões in-situ Relação entre tensão horizontal e vertical Tensões in-situ Relação entre tensão horizontal e vertical Rochas sedimentares podem ser identificadas geralmente como transversalmente isotrópicas, enquanto rochas ortotrópicas podem ser identificadas como rochas contendo três conjuntos de descontinuidades mutuamente perpendiculares. É uma consequência da suposição de isotropia transversal que as duas tensões principais horizontais serão iguais. No entanto, no caso da ortotropia, as tensões horizontais podem assumir valores diferentes. E é neste último caso que encontramos as condições encontradas no maciço rochoso natural. Tensões in-situ Efeitos das descontinuidades No caso da componente de tensão vertical, a previsão baseada no peso da camada de rocha é mais ou menos precisa, porém ainda assim há variação dos dados. Porém a componente de tensão horizontal é mais complicada de ser prevista devido aos valores inesperadamente elevados e à grande dispersão. Um dos fatores mais importantes que causam a variação de resultados em ambos os casos é o fato de que a rocha não é um meio contínuo. Todas as rochas são fraturadas em várias escalas, de modo que o maciço rochoso é um meio descontínuo e as distribuições de tensões interna refletem essa geometria. Tensões in-situ Efeitos das descontinuidades Na imagem abaixo é possível visualizar a influência de uma fratura na distribuição de tensões, onde 𝜎1 = 𝜎2 = 𝜎3. As cruzes representam as magnitudes e direções das tensões principais. Observe como o campo de tensão próximo à descontinuidade é bem diferente do campo de tensão distante da descontinuidade. Tensões in-situ Efeitos das descontinuidades Tanto as orientações principais de tensão como as magnitudes são fortemente perturbadas pela presença da fratura. Atenção: para uma descontinuidade da ordem de 10 km de comprimento, todas as medições de tensão em um local adjacente seriam afetadas pela presença da descontinuidade - mas talvez este seja o estado de tensão que precise ser medido. Por outro lado, uma única descontinuidade na rocha pode ter vários metros de comprimento e apenas causar perturbação na região onde a determinação da tensão está sendo feita. Tensões in-situ Efeitos das descontinuidades Pode-se imaginar a dispersão dos resultados que seriam obtidos medindo as tensões em furos através da rocha ao redor da descontinuidade da imagem anterior. Sabemos que a grande dispersão de dados da tensão se da principalmente devido aos efeitos combinados de uma hierarquia de sistemas de descontinuidades, que sabemos que existe em todas as rochas. Sendo assim, uma ampla dispersão de valores medidos não é necessariamente devido a más técnicas experimentais: pelo contrário, a dispersão em si pode indicar muito sobre o estado de tensão in-situ. Tensões in-situ Efeitos das descontinuidades O preenchimento da descontinuidade define a redistribuição de tensões. Abaixo podemos observar uma descontinuidade com 3 opções de preenchimento e os efeitos nas tensões. Tensões in-situ Efeitos das descontinuidades No caso 1) temos uma descontinuidade aberta, semelhante à superfície de uma escavação sem suporte, como um stope aberto ou mesmo uma falha sem preenchimento. Neste caso a tensão principal maior é desviada e passa a ser paralela à descontinuidade e a tensão principal menor assume um valor de zero e é perpendicular a descontinuidade. No caso 2) a descontinuidade é preenchida com material que possui o mesmo módulo de Young do maciço ao redor. Neste caso as orientações das tensões não são afetadas. No caso 3) a descontinuidade é preenchida por um material rígido. A tensão principal maior é desviada perpendicularmente à descontinuidade e a tensão principal menor se torna paralela à descontinuidade. Tensões in-situ Efeitos das descontinuidades Na mineração em geral as descontinuidades se comportarão como os casos 1 e 2. O caso 3 poderia representar um veio de quartzo em calcário. Deformação Deformação Deformação é uma alteração na configuração relativa de pontos dentro de um sólido. Pode-se estudar a deformação finita ou deformação infinitesimal - ambas são relevantes para as deformações que ocorrem no contexto da mecânica das rochas e suas aplicações de engenharia. Quando os deslocamentos são muito pequenos, pode-se utilizar o conceito de deformação infinitesimal e desenvolver um tensor de deformação diretamente análogo ao tensor de tensão. 𝜀 = ∆𝑙 𝑙0 Deformação Deformação Finita Se uma estrutura é submetida a um estado de tensão, ela se deformará. No entanto, a magnitude da deformação depende do tamanho da estrutura bem como da magnitude das tensões aplicadas. Para tornar a deformação como um parâmetro independente da escala, utiliza-se a razão de deslocamento para o comprimento não deformado. Tais deslocamentos também podem ocorrer naturalmente em maciços rochosos através da aplicação de tensões tectônicas resultantes de processos geológicos passados e presentes. Deformação Deformação Finita Lembre que a deformação é um fenômeno tridimensional que requer referência a todos os três eixos de coordenadas cartesianas. Assim como a tensão, a deformação também terá dois componentes: Deformação normal e Deformação tangencial (cisalhamento). A deformação associada ao deslocamento normal ocorreráao longo de um eixo. No entanto, no caso de deformação por cisalhamento, a quantidade de deslocamento em, digamos, a direção x, também depende da posição ao longo do eixo y. Deformação Deformação Finita Em outras palavras, a deformação normal envolve apenas um eixo cartesiano, enquanto que a deformação tangencial envolve dois (ou três), isto é, envolve uma interação entre os eixos. Uma simplificação conveniente que pode ser introduzida para auxiliar o estudo da deformação é o conceito de deformação homogênea que ocorre quando o estado de deformação é o mesmo ao longo do sólido. Sob essas circunstâncias: (A) As retas permanecem retas; (B) os círculos são deformados em elipses; e (C) elipses são deformados em outras elipses. Deformação Deformação Finita Exemplos de deformação homogênea finita; Os coeficientes k e γ indicam as magnitudes da deformação normal e tangencial respectivamente. Deformação Deformação Infinitesimal Corpos infinitesimais P e Q são deformados e assumem as posições P* e Q* A deformação em x é dada por: Matriz de deformação em X, Y e Z Matriz de deformação nas direções principais Deformação Módulo de Young Tendo compreendido os conceitos de tensão e deformação, temos o modulo de Young que é definido como a relação entre a tensão e a deformação: 𝐸 = 𝜎 𝜀 Medido em unidades de pressão (Pa). Deformação Coeficiente de Poisson A deformação axial que ocorre sob compressão uniaxial é quantificada em termos do módulo de Young E. Mas uma rocha sob uma tensão de compressão uniaxial não só se deformará na direção da carga, como também deformará em cada uma das duas direções perpendiculares à carga. A deformação nas duas outras direções (isto é, a deformação radial εx=εy) é negativa, o que significa que a amostra se projeta para fora à medida que é comprimida. 𝑣 = − ε𝑥 ε𝑧 = − ε𝑦 ε𝑧 Resistência das rochas e curva tensão- deformação Resistência das rochas Compressão uniaxial Em sua forma mais simples, o teste de compressão uniaxial é conduzido tomando um cilindro de rocha intacta, carregando-o ao longo de seu eixo e registrando o deslocamento produzido à medida que a força é aumentada. Compressão uniaxial Na imagem abaixo temos o registro típico desse tipo de ensaio; No início do carregamento, a curva tem uma porção inicial que é côncava para cima (o oposto do comportamento típico dos solos) por duas razões: extremidades do cilindro não paralelas e o fechamento de microfissuras dentro da rocha intacta. Resistência das rochas Compressão uniaxial Após esta zona inicial, há uma porção de comportamento essencialmente linear; Neste ponto é possível determinar o módulo de Young através da secante da inclinação na porção linear. Ou através da tangente da inclinação quando a curva tensão- deformação atinge 50% da tensão de pico. Resistência das rochas Compressão uniaxial Outro ponto importante no gráfico abaixo é o pico da curva, que é a tensão máxima que a amostra pode suportar. A tensão de pico é a resistência à compressão uniaxial σc. Importante: a resistência à compressão não é uma propriedade intrínseca do material. As propriedades intrínsecas do material não dependem da geometria da amostra ou das condições de carga utilizadas no ensaio. Resistência das rochas Compressão uniaxial A resistência à compressão é uma etapa arbitrária no processo contínuo de danos microestruturais, representando o máximo de tensão que pode ser suportado. No pico da curva, o corpo de prova teve muitas fissuras axiais induzidas no seu interior, mas o macro-cisalhamento (isto é, na escala do próprio corpo de prova) não ocorre até cerca da metade da porção descendente da curva. Resistência das rochas Compressão uniaxial No entanto, a resistência à compressão é provavelmente o mais amplamente utilizado e citado parâmetro de engenharia de rocha e portanto, é crucial entender sua natureza. Além disso, se a falha além da resistência à compressão deve ser evitada a todo o custo, é uma função da engenharia caracterizar a forma da curva tensão-deformação completa para a rocha (ou maciço rochoso). Resistência das rochas Compressão uniaxial - Tamanho da amostra Os principais efeitos são que tanto a resistência à compressão como a representatividade são reduzidas para espécimes maiores. O corpo de prova contém microfissuras (que são uma amostra estatística da população de microfraturamento da rocha): quanto maior o espécime, maior o número de microfissuras e, portanto, maior a probabilidade de uma falha mais grave. Resistência das rochas Compressão uniaxial - Tamanho da amostra Resistência das rochas Compressão uniaxial – Formato da amostra O módulo de Young ou módulo de elasticidade basicamente não é afetado pela forma do corpo de prova; Tanto a resistência como a ductilidade aumentam à medida que aumenta a razão entre diâmetro e comprimento. Devido a uma incompatibilidade inevitável nas propriedades elásticas da rocha e do aço - que faz contato com o corpo de prova no ensaio -, uma zona complexa de compressão triaxial surge nas extremidades da amostra, uma vez que o aço restringe a expansão da rocha. Este efeito nas extremidades tem pouca importância para um corpo de prova delgado, mas pode dominar o campo de tensão no caso de um espécime achatado. Resistência das rochas Compressão uniaxial – Formato da amostra Esse problema é facilmente superado no laboratório, escolhendo uma razão maior ou igual a 2,5; mas pilares de suporte subterrâneo in-situ são muito mais propensos a ser achatados do que esbeltos. Assim, um pilar achatado in-situ será mais resistente do que um corpo de prova de laboratório delgado da mesma rocha, embora haja diferentes condições de carga no campo. Resistência das rochas Compressão uniaxial – Formato da amostra Resistência das rochas Compressão uniaxial – Condições do carregamento A imagem a seguir mostra 6 configurações de ensaio. Resistência das rochas Tração uniaxial – Condições do carregamento O teste de tração uniaxial, não é utilizado na prática. Há duas razões para isso: primeiro, é difícil de executar; segundo, a rocha não falha por tração direta in-situ. Por estas razões, a resistência à tração é normalmente medida por ensaios indiretos em que a tração é gerada por carga compressiva. A resistência à tração da rocha é muito menor do que a resistência à compressão. Resistência das rochas Compressão triaxial e poliaxial – Condições do carregamento Outro fator que altera a forma da curva tensão-deformação completa é o efeito da pressão de confinamento aplicada durante um teste, que pode ser bastante pronunciada. Como será visto na curva a seguir, o comportamento mais frágil é experimentado a uma pressão de confinamento zero: a curva demonstra um comportamento menos frágil à medida que a pressão de confinamento é gradualmente aumentada. Nesse tipo de ensaio, a curva pós-pico é essencialmente uma linha horizontal, representando a deformação contínua a um nível de tensão constante; A linha horizontal é denominada transição rúptil-dúctil. Resistência das rochas Compressão triaxial e poliaxial – Condições do carregamento Resistência das rochas Critérios de falha O critério de Mohr-Coulomb expressa a relação entre a tensão de cisalhamento e a tensão normal no momento da falha; O critério de Hoek-Brown é um critério empírico derivado de um "melhor ajuste" aos dados de resistência traçados no espaço das tensões principais 𝜎1 e 𝜎3. Resistência das rochas Critério de Mohr- Coulomb Mohr-Coulomb A partir das tensões iniciais principais, a tensão normal e tensão tangencial em um plano em qualquer ângulo podem ser encontradas usando as equações de transformação, como representado pelo círculo de Mohr. Utilizando o conceito de coesão - a resistênciaao cisalhamento da rocha quando não se aplica tensão normal - e o ângulo de atrito interno - equivalente ao ângulo de inclinação de uma superfície suficiente para provocar o deslizamento de um bloco, geramos a envoltória linear de Mohr, que define o tamanho limite para os círculos de Mohr. Resistência das rochas Mohr-Coulomb Em outras palavras: tensões normais e tangenciais abaixo da envoltória representam condições estáveis, tensões normais e tangenciais sobre a envoltória representam o equilíbrio limite e, tensões normais e tangenciais acima da envoltória representam condições impossíveis de obter sob carga estática. O critério é desenvolvido para compressão, então um limite de tração é usualmente utilizado para dar um valor realista para a resistência à tração uniaxial. O critério de Mohr-Coulomb é mais adequado a altas pressões de confinamento quando o material, de fato, falha através do desenvolvimento de planos de cisalhamento. Resistência das rochas Mohr-Coulomb Em pressões menores de confinamento, e no caso uniaxial, a falha ocorre por aumento gradual da densidade de microfissuras sub-paralelas à tensão principal maior. Resistência das rochas Resistência das rochas Critério de Hoek- Brown Hoek-Brown Este critério empírico é derivado de uma curva de melhor ajuste aos dados de ruptura traçados no espaço σ1 e σ3; O critério é expresso por: 𝜎1 = 𝜎3 + (𝑚𝜎𝑐𝜎3 + 𝑠𝜎𝑐 2)0,5 Onde 𝜎1 é a tensão principal maior, 𝜎3 é a tensão principal menor, 𝜎𝑐 é a resistência a compressão uniaxial, 𝑚 e 𝑠 são constantes para o tipo específico de rocha. O parâmetro 𝑠 refere-se ao grau de fraturamento presente na amostra de rocha: é uma representação da coesão da rocha. Resistência das rochas Hoek-Brown Para rocha completamente intacta, 𝑠 assume o valor igual a 1 e para rocha altamente fraturada o seu valor tende a zero. O parâmetro 𝑚 está relacionado com o grau de "interligação de partículas": para a rocha intacta isto é alto, e reduz à medida que aumenta o grau de fraturamento. Não existem limites claros para este parâmetro; depende do tipo de rocha e da sua qualidade mecânica. O critério de Hoek-Brown também fornece uma relação entre a resistência à tração e à compressão que pode ser determinado substituindo 𝜎1 = 0 e 𝜎𝑡=−𝜎3, então: 𝜎𝑡 = −𝜎𝑐(𝑚 − (𝑚 2 + 4𝑠)0,5)/2 Resistência das rochas Hoek-Brown A resistência à compressão costuma ser 20 vezes a resistência à tração. As resistências são agora as resistências do maciço rochoso, porque não só a fratura de rocha intacta mas também a fratura do maciço rochoso em larga escala é incorporado a este critério através do parâmetro 𝑚. Resistência das rochas Descontinuidades A palavra "descontinuidade" denota qualquer separação no maciço que tenha zero resistência à tração e seja usada sem qualquer conotação genética ("juntas" ou "falhas" descrevem descontinuidades formadas de maneiras diferentes). O material que compreende a rocha intacta é natural e foi submetido na maioria dos casos a milhões de anos de ação mecânica, térmica e química. Durante esses processos, as descontinuidades foram introduzidas na rocha por eventos geológicos, em momentos diferentes e como resultado de diferentes estados de tensão. No contexto da engenharia as descontinuidades podem ser o fator mais importante que regula a deformabilidade, resistência e permeabilidade do maciço rochoso. Descontinuidades Uma descontinuidade particularmente grande e persistente pode afetar criticamente a estabilidade de qualquer escavação em superfície ou subterrânea. Por estas razões, é necessário desenvolver uma compreensão completa das propriedades geométricas, mecânicas e hidrológicas das descontinuidades e da forma como estas afetarão a mecânica das rochas e, portanto, a engenharia de rochas. Descontinuidades A ocorrência das descontinuidades Todos os maciços rochosos são fraturados em maior ou menor escala. Descontinuidades A ocorrência das descontinuidades Um fator que deve ser considerado, e que tem influenciado o desenvolvimento do estudo de descontinuidades, é em que medida eles podem ser amostrados. Das figuras anteriores é evidente que uma grande quantidade de informação pode ser obtida com trabalho de campo na rocha exposta, mas mesmo isso só fornece uma fatia de amostra essencialmente bidimensional em um maciço tridimensional. Na prática, gostaríamos de ter pelo menos duas dessas áreas expostas em diferentes orientações para sentir confiança de que estimativa de natureza tridimensional do maciço rochoso foi obtida. Descontinuidades A ocorrência das descontinuidades O método mais utilizado para estudar as descontinuidades é observar os testemunhos de sondagem, porém o testemunho é uma amostra essencialmente unidimensional através do maciço rochoso tridimensional, com óbvias limitações. Por exemplo, o testemunho proporcionará um excelente meio de examinar a ocorrência de descontinuidade e, portanto, a frequência na direção do furo, mas fornecerá pouca informação sobre a extensão lateral das descontinuidades intersectadas. Assim, um aspecto-chave da interpretação das estruturas no maciço será a extrapolação para propriedades tridimensionais a partir de medições unidimensionais ou bidimensionais. Descontinuidades Propriedades geométricas das descontinuidades 1. Espaçamento e frequência: o espaçamento é a distância entre as descontinuidade adjacentes dentro de uma linha (scanline). A frequência é o número de descontinuidades por unidade de distância. λ = Τ𝑁° 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑜𝑛𝑡. 𝐿 Ex... 2. Orientação, direção de mergulho/mergulho: a descontinuidade é assumida como um plano: direção de mergulho – dip direction (a direção da bússola na linha mais íngreme no plano) e o ângulo de mergulho - dip (o ângulo que esta linha mais íngreme faz com o plano horizontal). Descontinuidades Propriedades geométricas das descontinuidades 3. Persistência e forma: a extensão da descontinuidade e a forma do plano. 4. Rugosidade: embora se considere que as descontinuidades são planas para fins de orientação e análise de persistência, a superfície da própria descontinuidade pode ser rugosa. A rugosidade da descontinuidade pode ser definida por referência a gráficos padrão ou matematicamente. 5. Abertura: a distância perpendicular entre as superfícies rochosas adjacentes da descontinuidade. Este será um valor constante para superfícies adjacentes paralelas e planas, um valor linearmente variável para superfícies adjacentes não paralelas mas planas e completamente variável para superfícies adjacentes rugosas. Descontinuidades Propriedades geométricas das descontinuidades Descontinuidades Propriedades geométricas das descontinuidades 6. Conjuntos de descontinuidade: as descontinuidades não ocorrem em orientações completamente aleatórias: ocorrem por boas razões mecânicas com algum grau de "agrupamento" em torno de orientações preferenciais associadas aos mecanismos de formação. Por isso, às vezes é conveniente considerar o conceito de um conjunto de descontinuidades (que consiste em descontinuidades paralelas ou sub-paralelas) e o número desses conjuntos que caracterizam um determinado maciço rochoso. No slide seguinte veremos uma representação esquemática de dois planos dentro de um maciço rochoso. Este diagrama mostra as principais características da geometria do maciço rochoso com os parâmetros apresentados. Descontinuidades Descontinuidades Classificações empíricas dos maciços rochosos Classificações empíricas A classificação dos maciços rochosos surgiu não com o objetivo de ser a solução para os problemas de projeto tanto na mineração quanto na engenharia civil, mas sim como forma de auxiliar no processo da busca pela solução. Foram desenvolvidas para criar alguma ordem no caos dos procedimentos da investigação deáreas e fornecer a ajuda necessária para os projetos. Não possuem a intenção de substituir estudos analíticos, observações de campo e mensurações sem o bom senso da engenharia. Os objetivos das classificações de maciços rochosos: 1) Identificar os parâmetros mais significativos que influenciam o comportamento do maciço; 2) Dividir o maciço em grupos de comportamento similar; 3) Fornecer uma base para compreensão das características de cada classe de maciço; 4) Relacionar a experiência das condições da rocha em um lugar com a experiência encontrada em outros lugares; Classificações empíricas 5) Fornecer dados quantitativos e diretrizes para projetos de engenharia; 6) Fornecer uma base comum para comunicação entre engenheiros e geólogos. Com os objetivos anteriores se identificam os três maiores benefícios: 1) Melhora a qualidade das investigações de campo solicitando menos dados de entrada; 2) Fornece informações quantitativas para fins de projeto; 3) Possibilita melhor bom senso na engenharia e melhor comunicação no projeto. Classificações empíricas Principais sistemas de classificação de maciços rochosos. (Bieniawski, 1989; Özkan e Ünal, 1996; Ulusay e Sönmez, 2002). RQD Classificações empíricas Rock Quality Designation - RQD Foi desenvolvido por Deere em 1964, com o objetivo de fornecer um índice que fosse capaz de quantificar a qualidade do maciço rochoso por amostras de furos de sondagem. O índice é definido como a porcentagem de pedaços intactos com mais de 100mm no comprimento total da amostragem. Os furos devem ter pelo menos 54,7 mm de diâmetro. Classificações empíricas Rock Quality Designation - RQD 𝑅𝑄𝐷 = σ 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑝𝑒𝑑𝑎ç𝑜𝑠 ≥10𝑐𝑚 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑓𝑢𝑟𝑜 x 100 Comprimento total do furo 200cm 𝑅𝑄𝐷 = 38+17+20+35 200 x100 RQD = 55% Classificações empíricas Rock Quality Designation - RQD Quando não há testemunhos de sondagem disponíveis, mas traços de descontinuidade são visíveis na superfície do maciço exposto ou nas galerias de exploração, o RQD pode ser estimado a partir da frequência de descontinuidades por metro. Classificações empíricas Rock Quality Designation – RQD A relação sugerida para os maciços rochosos é a seguinte: 𝑅𝑄𝐷 = 100𝑒−0,1λ(1 + 0,1λ) Onde λ é a frequência de descontinuidades por metro. (Scanline) λ = 𝑛° 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑜𝑛𝑡𝑖𝑛𝑢𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠/𝑚 Classificações empíricas Rock Quality Designation – RQD O RQD é um parâmetro dependente da direção e seu valor pode alterar-se significativamente dependendo da orientação do furo. Classificações empíricas Rock Quality Designation – RQD Quando é usado perfuratriz com broca de diamante, deve ser tomado cuidado em assegurar que as fraturas que tenham sido geradas pelo manuseio ou pelo processo de perfuração, sejam identificadas e ignoradas na determinação do valor do índice. Classificações empíricas Rock Quality Designation – RQD O uso mais importante do RQD é como um componente do RMR e da classificação Q. Exercícios... Classificações empíricas RSR Classificações empíricas Rock Structure Rating – RSR O conceito do RSR, um modelo de previsão de suporte no terreno, foi desenvolvido nos Estados Unidos em 1972 por Wickham, Tiedemann e Skinner. O conceito apresenta um método quantitativo para descrever a qualidade de um maciço rochoso e para selecionar o suporte apropriado. Foi o primeiro sistema de classificação de maciços rochosos completo. Classificações empíricas Rock Structure Rating – RSR O conceito do RSR foi um passo à frente em vários aspectos: Classificação quantitativa, ao contrário da qualitativa de Terzaghi; Classificação de maciços rochosos que incorporou muitos parâmetros, ao contrário do índice RQD, que é limitado a qualidade das amostras de furos de sondagem; Classificações empíricas Rock Structure Rating – RSR Classificação completa com dados de entrada e saída, ao contrário da classificação de Lauffer, que se baseia na experiência prática para decidir sobre a classe do maciço rochoso e que, em seguida, fornece apenas dados de saída em termos de tempo de auto- sustentação de vãos. A principal contribuição do conceito do RSR foi a introdução de um sistema de avaliação para os maciços rochosos, que consiste na soma dos valores ponderados dos parâmetros individuais considerados neste sistema. Classificações empíricas Rock Structure Rating – RSR Em outras palavras, a importância relativa dos vários parâmetros de classificação pode ser avaliada. Este sistema de classificação foi determinado com base em relatos de casos históricos, bem como opiniões de vários livros e artigos técnicos que abordaram diferentes aspectos sobre os suportes em terreno utilizados em tunelamento. Classificações empíricas Rock Structure Rating – RSR O RSR considera duas categorias gerais de fatores que influenciam o comportamento de um maciço rochoso em túneis: parâmetros geológicos e parâmetros de construção. Os parâmetros geológicos são: • o tipo de rocha; • o padrão das juntas (espaçamento médio das juntas); • orientações das juntas (direção e mergulho); • tipos de descontinuidades; • falhas principais, planos de cisalhamento, e dobras; Classificações empíricas Rock Structure Rating – RSR • propriedades do material rochoso; • intemperismo ou alteração. Os parâmetros de construção são: • tamanho do túnel; • direção de abertura; • método de escavação. Classificações empíricas Rock Structure Rating – RSR RSR = A+B+C Parâmetro A - Geologia: Apreciação geral da estrutura geológica com base na: – Origem da rocha (ígnea, metamórfica, sedimentar); – Dureza da rocha (dura, média, macia, decomposta); – Estrutura geológica (maciça, ligeiramente falhada/dobrada, moderadamente falhada/dobrada, intensamente falhada/dobrada). Parâmetro B - Geometria: Efeito do padrão da descontinuidade em relação à direção do movimento do túnel com base em: – Espaçamentos das juntas; – Orientação das juntas – Direção do túnel. Classificações empíricas Rock Structure Rating – RSR RSR = A+B+C Parâmetro C - Efeito da percolação de águas subterrâneas e da condição das juntas com base em: - Qualidade global do maciço rochoso com base nos parâmetros A e B combinados; - condição da junta (boa, moderada, pobre); - Quantidade de entrada de água (em galões por minuto por 1000 pés de túnel – gpm/1000ft). Classificações empíricas Rock Structure Rating – RSR RSR = A+B+C Classificações empíricas Rock Structure Rating – RSR RSR = A+B+C Direção da descontinuidade (perpendicular ou paralela ao eixo do túnel). Direção do mergulho a favor ou contra a direção do avanço do túnel. Classificações empíricas Rock Structure Rating – RSR RSR = A+B+C Classificações empíricas Rock Structure Rating – RSR RSR = A+B+C Classificações empíricas Rock Structure Rating – RSR RSR = A+B+C Classificações empíricas RMR Classificações empíricas Rock Mass Rating – RMR O sistema Rock Mass Rating (RMR), também conhecido como Classificação Geomecânica, foi desenvolvido por Bieniawski durante os anos de 1972-1973 (Bieniawski, 1979). Nos últimos 38 anos, o sistema RMR tem resistido ao tempo e se beneficiou pela sua extensa aplicação por muitos autores em todo o mundo. Classificações empíricas Rock Mass Rating – RMR Essa variedade de aplicações, totalizando 351 casos históricos, apontam para a aceitação do sistema e sua facilidade inerente de uso e versatilidade na prática da engenharia envolvendo túneis, galerias, minas, taludes e fundações. No entanto, é importante que o sistema RMR seja usado para a finalidade na qual ele foi desenvolvido e não como resposta para todos os problemas de projeto. Classificações empíricas Rock Mass Rating – RMR Os seis parâmetrosenumerados abaixo são utilizados para classificar o maciço rochoso usando o sistema RMR ou Classificação Geomecânica, são eles: 1- Resistência à compressão uniaxial da rocha; 2- Designação da Qualidade da Rocha (RQD); 3- Espaçamento entre as descontinuidades; 4- Condição das descontinuidades; 5- Condições da água subterrânea, e; 6- Orientação das descontinuidades em relação à escavação. Classificações empíricas Rock Mass Rating – RMR Para aplicar o RMR, o maciço rochoso é dividido em um número de regiões estruturais e cada região é classificada separadamente. Os limites das regiões estruturais geralmente coincidem com uma característica estrutural ou geológica principal, tais como falhas, diques, zonas de cisalhamento ou com uma mudança no tipo de rocha. Classificações empíricas Rock Mass Rating – RMR Em alguns casos, essa divisão se dá por mudanças significativas no espaçamento de descontinuidades ou características dentro de um mesmo tipo de rocha, podendo haver a divisão do maciço rochoso em um número de pequenas regiões estruturais. Após as regiões estruturais serem identificadas, os parâmetros de classificação para cada região estrutural são determinados a partir de medições em campo e servem como informações para o formulário de entrada de dados. Classificações empíricas Rock Mass Rating – RMR Classificações empíricas Rock Mass Rating – RMR Classificações empíricas Rock Mass Rating – RMR Classificações empíricas Rock Mass Rating – RMR Classificações empíricas Rock Mass Rating – RMR Classificações empíricas Rock Mass Rating – RMR Classificações empíricas Rock Mass Rating – RMR Classificações empíricas Rock Mass Rating – RMR Classificações empíricas Rock Mass Rating – RMR Classificações empíricas Modificações do RMR para a mineração A Avaliação do Maciço Rochoso de Bieniawski (RMR) baseou-se inicialmente sobre casos provenientes da engenharia civil. A indústria da mineração tendeu a considerar a classificação um pouco conservadora, desde então, diversas modificações têm sido propostas para tornar a classificação mais relevante para aplicações em mineração. A discussão completa sobre essas modificações está publicada no artigo de Bieniawski (1989). Classificações empíricas Modificações do RMR para a mineração Laubscher (1977, 1984), Laubscher e Taylor (1976) e Laubscher e Page (1990) descreveram uma Modificação da Avaliação do Maciço Rochoso para sistemas de mineração (MRMR). Este sistema MRMR assume o valor RMR básico, como definido por Bieniawski, e ajusta-o para considerar as tensões in situ e induzidas, mudanças de tensões e os efeitos de detonações e intemperismo. Classificações empíricas Modificações do RMR para a mineração Um conjunto de recomendações de suporte está associado com o resultado do valor de MRMR. Ao se utilizar o sistema MRMR de Laubscher, deverá ter-se em mente que muitos dos relatos de casos em que se baseia o sistema são derivados de operações em galerias subterrâneas. Originalmente, block caving em minas de asbestos na África serviu de base para as modificações, mas, posteriormente, outros casos históricos de todo o mundo foram adicionadas ao banco de dados. Classificações empíricas Sistema Q Classificações empíricas Rock Tunnel Quality (sistema-Q) Com base na avaliação de um grande número de relatos de casos de escavações subterrâneas, Barton et al. (1974), do Instituto Norueguês de Geotecnia (NGI) propôs um Índice de Qualidade de Túneis (sistema-Q) para a determinação das características do maciço rochoso e os requisitos de suporte para túneis. Classificações empíricas Rock Tunnel Quality (sistema-Q) Da mesma forma que na classificação geomecânica, o sistema-Q requer a determinação do RQD, porém, não leva em consideração parâmetros como a resistência da rocha intacta e espaçamento das juntas, mas leva em conta essas informações, implicitamente, nos fatores RQD e Jn. Fatores numéricos ponderados definem a importância dos conjuntos de juntas (Jn), da rugosidade (Jr), da alteração das juntas (Ja), do fluxo de água nas juntas (Jw) e do estado de tensão do maciço (SRF). Classificações empíricas Rock Tunnel Quality (sistema-Q) O valor numérico do índice Q varia em uma escala logarítmica de 0,001 a um máximo de 1000, e é definido por: 𝑄 = 𝑅𝑄𝐷 𝐽𝑛 x 𝐽𝑟 𝐽𝑎 x 𝐽𝑤 𝑆𝑅𝐹 Onde: RQD é a designação da qualidade da rocha; Jn é o número de conjuntos (famílias) de juntas ou descontinuidades; Jr é o índice de rugosidade das juntas ou descontinuidades; Ja é o grau de alteração das juntas ou descontinuidades; Jw é o fator de redução de água; SRF é o estado de tensão no maciço. Classificações empíricas Rock Tunnel Quality (sistema-Q) O valor de Q é considerado como uma função de apenas três parâmetros que são as medidas de: (a) RQD/Jn: representa uma medida aproximada do tamanho do bloco. (b) Jr/Ja: representa a rugosidade e o grau de alteração das paredes das juntas. A função 𝑡𝑔−1 (Jr/Ja) constitui uma boa aproximação da resistência ao cisalhamento interblocos (c) Jw/SRF: define o estado de tensões no maciço. Quanto mais alto for o valor de Q, melhores serão as condições de escavabilidade do maciço rochoso. Classificações empíricas Rock Tunnel Quality (sistema-Q) Índice do número de famílias de juntas (Jn) O parâmetro Jn, representando o número de famílias de juntas, vai geralmente, ser afetado por foliação, xistosidade, acamamento, etc. No caso em que essas feições são fortemente desenvolvidas, elas devem ser consideradas uma família. Entretanto, se apenas algumas “juntas”, ou apenas quebras ocasionais em testemunhos, devido a estas feições, são visíveis, deve-se considerá-las uma família esparsa. Classificações empíricas Rock Tunnel Quality (sistema-Q) Índice do número de famílias de juntas (Jn) Família de juntas Falha Classificações empíricas Rock Tunnel Quality (sistema-Q) Índice do número de famílias de juntas (Jn) Classificações empíricas Rock Tunnel Quality (sistema-Q) Índice de alteração das paredes das juntas (Ja) φr é um ângulo de atrito básico da superfície da junta (desconsiderado o efeito aditivo da rugosidade da mesma). Classificações empíricas Rock Tunnel Quality (sistema-Q) Índice de rugosidade das juntas (Jr) Classificações empíricas Rock Tunnel Quality (sistema-Q) Os parâmetros Jr e Ja, representando a resistência ao cisalhamento, devem ser relativos à família de juntas menos resistente ou à descontinuidade preenchida com argila na zona estudada. Entretanto, se a família de juntas ou descontinuidades com o menor valor de (Jr/Ja) é orientada favoravelmente à estabilidade, então uma segunda família menos favorável pode, algumas vezes, ser mais significativa, e sua maior razão (Jr/Ja) deve ser utilizada na avaliação do valor Q. Portanto, o valor de (Jr/Ja) deve ser devido à descontinuidade mais favorável à ruptura. Classificações empíricas Rock Tunnel Quality (sistema-Q) Índice do caudal efluente (Jw) Classificações empíricas Rock Tunnel Quality (sistema-Q) Índice do estado de tensão do maciço (SRF) Classificações empíricas Rock Tunnel Quality (sistema-Q) Classificação do maciço no sistema-Q Classificações empíricas GSI Classificações empíricas Geological Strenght Index (sistema GSI) O Índice Geológico de Resistência (GSI) foi introduzido por Hoek (1994) e objetivou estimar a redução da resistência do maciço rochoso em diferentes condições geológicas. O sistema dá um valor para o GSI estimado a partir da estrutura do maciço rochoso e da condição da superfície das descontinuidades da rocha. A aplicação direta do valor do GSI é estimar os parâmetros do critério de resistência de Hoek-Brown para os maciços rochosos. Classificações empíricas Geological Strenght Index (sistema GSI) Embora não tenha sido destinado a ser uma classificação do maciço rochoso, o valor do GSI, de fato, reflete a qualidade do maciço rochoso. O sistema GSI tem sido modificado e atualizado nos últimos anos, principalmente para abranger casos com características geológicas complexas, tais como zonas de cisalhamento. O uso do GSI exige um minucioso entendimento da engenharia geológica na caracterização do maciço rochoso, visto que, seus parâmetros fornecem uma descrição generalizada sobre a estrutura do maciço rochoso. Classificações empíricas Geological Strenght Index (sistema GSI) Os parâmetros de Hoek-Brown podem ser obtidos através de ensaios in situ, porém, os enormes custos desses ensaios tornam-os muitas vezes difíceis de serem realizados. O sistema GSI surgiu da busca por uma solução prática para essa dificuldade. Hoek e Brown reconheceram que as características que controlam a deformabilidade e a resistência dos maciços rochosos são semelhantes às características determinadas pelos sistemas RMR e Q de classificação de maciços rochosos, e sugeriram que as classificações poderiam ser usadas para estimar as constantes mb e s. Classificações empíricas Geological Strenght Index (sistema GSI) As constantes mb e s são parâmetros que variam de acordo com o tipo de rocha e a qualidade do maciço e são necessárias para calcular a resistência da rocha in-situ. O sistema GSI é apresentado nas Tabelas A e B. A experiência tem mostrado que apenas a Tabela A é suficiente para a observação de campo, uma vez que só é necessário anotar a letra referente ao código que identifica cada categoria de maciço rochoso, representada pela iniciais de cada campo. Esses códigos podem ser utilizados para estimar o valor do GSI a partir da Tabela B. Classificações empíricas A B Geological Strenght Index (sistema GSI) Uma vez que se tem o índice GSI estimado, os parâmetros que descrevem as características de resistência do maciço rochoso são calculados pelas seguintes expressões, onde mi é uma constante do material. 𝑚𝑏 = 𝑚𝑖 . e 𝐺𝑆𝐼−100 28 Para GSI > 25, ou seja, maciços rochosos de qualidade boa a razoável, o critério de Hoek-Brown original é aplicável com: 𝑠 = e 𝐺𝑆𝐼−100 9 𝑎 = 0,5 Para GSI < 25, ou seja, maciços rochosos de qualidade muito ruim, o critério de Hoek- Brown modificado aplica-se com: 𝑠 = 0 𝑎 = 0,65 − 𝐺𝑆𝐼 200 Esses parâmetros são diretamente aplicados na fórmula do critério de ruptura de Hoek-Brown. Classificações empíricas Movimentos de massa e escavações Taxas de deformação Na engenharia costumamos associar os fenômenos de movimentos de massa e escavações à taxas de deformação muito altas ou taxas de deformação muito baixas. Isto ocorre porque o processo de escavação de rocha (por exemplo via desmonte) ocorre rapidamente, enquanto a deformação (por exemplo, deslocamento ocorrendo ao longo da vida de uma escavação) ocorre lentamente. Na categoria de alta taxa de deformação incluem-se desmonte, vibrações e fadiga; na categoria de baixa taxa de deformação, incluímos fluência, subsidência e deslocamentos a longo prazo. Movimentos de massa e escavações O processo de escavação Escavação consiste em remover material do maciço rochoso resultando em uma abertura (cuja geometria é definida por alguns critérios operacionais). Os objetivos fundamentais deste processo são: criar uma abertura e/ou obter o material por seu valor. Exemplos do primeiro caso incluem obras de engenharia civil, acessos de mina temporários ou permanentes e poços de petróleo. No segundo caso, o material pode conter algum mineral valioso que é o caso de câmaras e stopes na mineração. Movimentos de massa e escavações O processo de escavação Existem considerações de projeto diferentes na engenharia civil e na mineração, relacionadas com a vida operacional das aberturas propriamente ditas. Um depósito de resíduos radioativos pode ter que operar satisfatoriamente por 5000 anos, um túnel de transporte submarino por 125 anos, um poço de mina por 20 anos, um stope por 1 ano e uma abertura de mineração por uma semana. Como o objetivo principal é remover parte do maciço rochoso, é necessário introduzir fraturas adicionais além das que ocorrem in-situ. Movimentos de massa e escavações O processo de escavação Três aspectos críticos da escavação são introduzidos imediatamente: A porção pós-pico da curva tensão-deformação deve ser alcançada; A distribuição de tamanho de bloco in-situ deve ser alterada para a distribuição de tamanho de fragmento requerida; Por que meios a energia requerida deve ser introduzida na rocha? Movimentos de massa e escavações A obtenção da porção pós-pico da curva tensão- deformação De modo a proporcionar a fragmentação necessária, uma parte da rocha intacta deve ser submetida a valores pós-pico da curva de tensão-deformação e uma parte da rocha queremos que permaneça na porção pré-pico da curva para a estabilidade da rocha. Sendo assim o limite de escavação é uma interface entre dois objetivos de engenharia fundamentalmente diferentes. Movimentos de massa e escavações A obtenção da porção pós-pico da curva tensão-deformação Existem apenas duas formas fundamentais de introduzir energia na rocha para a escavação: por desmonte - introduzida em grandes quantidades com durações muito curtas ou por meios mecânicos – em quantidades menores e de forma contínua. Movimentos de massa e escavações Os efeitos da escavação no maciço rochoso Há dois aspectos da escavação em rochas que vamos nos concentrar. 1°) Não se pode evitar todos os deslocamentos no limite da escavação. 2°) Um erro no projeto de escavação pode ser um grande problema. A fim de compreender os deslocamentos e evitar problemas, vamos considerar os três efeitos primários da escavação. Movimentos de massa e escavações Os efeitos da escavação no maciço rochoso 1) Os deslocamentos ocorrem porque a rocha tensionada foi removida, permitindo que a rocha restante se mova (devido ao desconfinamento); 2) Não há tensões normais e de cisalhamento sobre uma superfície de escavação não escorada, portanto o limite de escavação será um plano de tensão principal com uma das tensões principais (de grandeza zero) normal à superfície. Geralmente, isso envolverá uma grande perturbação do campo de tensão pré-existente, tanto nas principais magnitudes de tensão quanto nas suas orientações. Movimentos de massa e escavações Os efeitos da escavação no maciço rochoso 3) No limite de uma escavação aberta para a atmosfera, qualquer pressão de fluido anterior existente no maciço rochoso será reduzido a zero (ou mais estritamente, à pressão atmosférica). Isso faz com que a escavação atue como um "sumidouro", e qualquer fluido dentro do maciço tenderá a fluir para a escavação. Movimentos de massa e escavações Os efeitos da escavação no maciço rochoso Não devemos tentar manter cegamente as condições originais (por exemplo, instalando um suporte maciço e selando hidraulicamente toda a escavação); Ao invés disso, devemos tratar esses efeitos entendendo o comportamento da rocha e desenvolvendo o bom senso. Movimentos de massa e escavações Análise de estabilidade de taludes Os efeitos da escavação no maciço rochoso Na história da mecânica de rochas, o tópico para qual mais atenção se deu até hoje é a estabilidade de taludes. Uma de nossas primeiras considerações deve ser identificar os mecanismos básicos de instabilidade. São eles: Ruptura plana; Ruptura em cunha; Ruptura rotacional; Tombamento. Análise de estabilidade de taludes https://www.youtube.com/watch?v=qkxBb7rp7_w https://www.youtube.com/watch?v=wu5c5TCEoVM https://www.youtube.com/watch?v=qkxBb7rp7_w https://www.youtube.com/watch?v=wu5c5TCEoVM Ruptura plana Análise de estabilidade
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