Buscar

artigo Psicologia 2 vygotsky

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHAO – UFMA 
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA 
Scalithe Sousa Casanova 
A REFORMA EDUCACIONAL NO MARANHÃO SOB O GOVERNO SARNEY: o impacto causado, segundo a teoria sócio-construtivista de Vygotsky 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO LUÍS – MA 
2017 
A REFORMA EDUCACIONAL NO MARANHÃO SOB O GOVERNO SARNEY: o impacto causado, segundo a teoria sócio-construtivista de Vygotsky 
Scalithe Sousa Casanova[2: Graduanda de licenciatura em pedagogia, pela Universidade Federal do Maranhão – UFMA ]
Resumo
 O artigo aborda o objetivo crítico do trabalho, buscando uma análise em torno de fatores históricos para o caos da educação maranhense desde o governo Sarney até os dias atuais, usando das teorias de Vygotsky para explicar a verdadeira importância do sócio - construtivismo na elaboração de uma aprendizagem que valoriza o aluno e suas experiências sociais e não somente a repetição de um conteúdo obsoleto e ineficaz. Tomando como conclusão os efeitos negativos que essa reforma ocasionou no âmbito educacional.  [2: ]
 
Palavras – chave: educação maranhense, Vygotsky, sócio construtivismo, experiências sociais.  
Introdução
É de suma importância atentar à qualidade do ensino e da aprendizagem no estado do Maranhão, já que este possui uma taxa de analfabetismo elevada comparada aos demais estados. Segundo o censo 2010 divulgado pelo IBGE, o Maranhão é o quarto do Brasil que mais têm analfabetos: 19,31% da população do estado não sabem ler, e este fato tem como característica a maneira precária com que os governantes tratam o fator social e educacional. 
Para que o Estado possa atender, satisfatoriamente, o conjunto de necessidades sociais, cumprindo seu papel constitucional, é lhe necessário atuar com mais agilidade e maior eficiência. Para isto, terá que abdicar de seu modelo de gestão centralizada e autoritária, em favor de um outro mais participativo, colegiado, democrático e transparente, e cujas relações governo\setor privado possam estar sintonizadas  em parcerias voltadas para a geração de benefícios sociais (MARANHÃO, 1999, p.29). 
O agravante principal para essa situação é justamente a forma que essa educação é repassada para o estado, não levando em conta o seu real intuito, que é o de formar cidadãos capazes de compreender a realidade em que vivem, optar e construir sua própria perspectiva de mundo. Nesta perspectiva, Fosnot (1998) reconhece como aspectos essenciais da prática educativa, numa perspectiva sócio-construtivista: permitir que os alunos formulem as próprias perguntas, gerem suas hipóteses e modelos e testem sua validade; proporcionar investigações desafiadoras que gerem possibilidades, tanto corroboradoras quanto contraditórias; incentivar a abstração reflexiva como força dinamizadora da aprendizagem, na medida em que, através dela, os alunos organizam, generalizam e criam sentido para as experiências vivenciadas; incentivar a conversação, a argumentação e a comunicação das ideias e dos pensamentos dos alunos e promover o movimento dos alunos na busca da produção e da construção de significados, movimento este através do qual a aprendizagem impulsiona o desenvolvimento das estruturas psicológicas. 
Mas o grande impedimento para a prática sócio-construtivista é o próprio estado que se torna interventor para que suas formas de poder não sejam ameaçadas e nem descentralizando, usando sempre de manobras para benefícios próprios, usando somente o pensamento crítico em instituições privadas delimitando o poder da educação somente para a classe denominada burguesa, ou seja, usando o conhecimento para aqueles que podem pagar por ela. 
Reestruturação e reforma
O processo de reestruturação da gestão pública federal exigiu que as esferas estaduais e municipais fossem também reformadas. No Maranhão, essa mudança, ocorreu respectivamente, por intermédio de grupos políticos que se denominavam novo tempo (esfera estadual) e trabalho e honestidade (esfera municipal). O primeiro slogan é uma alusão ao período dos dois últimos governos do Estado do Maranhão, sob os comandos de Edson Lobão (1991/1995) e Roseana Sarney Murad (1995/2003) e o segundo, aos últimos mandatos de Maria da Conceição Andrade (1993/1997) e de Jackson Kleber Lago (1989/1993 e 1997/2003) à frente da Prefeitura Municipal de São Luís (COUTINHO, 2008, p.264). 
Diante da tendência nacional de reforma do Estado e do aparelho de Estado, o Maranhão também seguiu essas mudanças e desmontou todo o ordenamento político anterior, com a intenção de manter o poder governamental, seguindo o modelo apregoado pelo então Ministério da Administração e Reforma do Estado (MARE). É importante frisar que tal manobra política foi feita para assegurar a retomada do poder do Estado maranhense pelo grupo liderado pela oligarquia Sarney. Para que seus interesses fossem alcançados buscaram atender os interesses de mercado, almejando integrar o Maranhão como zona produtiva competitiva e atraente aos investimentos nacionais e internacionais, na indústria, no comercio, no agronegócio e no turismo. 
Por outro lado, não se atentaram ás políticas sociais e econômicas, colocando assim o Maranhão em estatísticas péssimas em relação ás condições de vida. Cerca de 3,5 milhões de sua população (63,7%) viviam em condições de miséria absoluta (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA; FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS, 2003\2001)  
 
Novo trato educacional e a problemática do ensino médio
No âmbito educacional as reformas não foram diferentes, o Estado obteve parcerias com organizações não governamentais para elaborar metas e objetivos para a educação básica, tornando um processo de transferências de responsabilidades e acordos entre parcerias.  
Os acordos firmados com o Banco Mundial, por exemplo, desde o final dos anos 80, a financiar e planejar políticas (Projeto Nordeste e ações do FUNDESCOLA) e a capacitar os gestores, técnicos e professores no Maranhão, expressam essa tendência.  
Com essa nova parceria público-privada, foi possível o crescimento de empresas no ramo educacional tratando a educação como negócio e fruto de rendimento.  
O ensino médio, que é de total responsabilidade dos estados, foi posto de lado pela falta de interesse dos governantes em criar novas escolas para atender aos alunos, com isso a solução encontrada foi transformar o ensino em uma educação a distância. O estado diante de tamanha insatisfação cria uma série de programas para reestruturação da gestão da educação básica. Essa medida deu - se em face das estatísticas do ensino médio, pois a década de 90 foi encerrada com um desempenho negativo, uma vez que, no início dessa década, de cada 100 jovens entre 15 e 17 anos, somente 17 ingressavam no ensino médio, sendo que essa estatística no interior maranhense chegava a 2,5 alunos, sem ter sido alterada.
Com a maior “priorização” do ensino médio, se teve outra barreira no ensino: O modo precário como foi planejado. 
 
Entre os procedimentos utilizados para a promoção, destacam-se: a redução dos anos de escolarização de três anos para 13 e 15 meses, a redução de horas\aula por dia; a substituição dos livros por apostilas com temáticas; ilustrações e exercícios de fácil resolução, fazendo referência ao cotidiano e, muito raramente, à ciência; a criação de classes unidocentes, com um orientador de aprendizagem; e a adoção de programas de 40 minutos substituindo as aulas convencionais (COUTINHO, 2008, p.276) 
 
Outro aspecto alarmante era que no ensino médio maranhense qualquer profissional com ensino superior completo ou incompleto poderia ministrar aulas.
Os alunos com idade igual ou superior a 17 foram matriculados em massa, com o intuito de diminuir números negativos somente. Os alunos que já tinham cursado a 1 serie do ensino médio tiveram que começar novamente o ensino médio,sob a forma de tele-ensino em 15 meses. O espaço educacional era precário podendo ser utilizado qualquer lugar que pudesse comportar um a televisão paraos vídeos e carteiras. Como se pode observar, a maneira com que a educação foi imposta para a classe proletária era de maneira nada comparada a classe burguesa, que com isso obtinha muito mais espaço e preparo para entrar nas universidades publicas (UEMA e UFMA).
Segundo Coutinho (2008), os alunos maranhenses concluem o ensino fundamental aos 16 anos, em media. Porem, na escola publica, o ingresso se dá aos nove anos, em media, e na privada aos sete anos, concluindo aos 15. Pode-se inferir, então, que são os pobres que, freqüentadores da escola publicam, não tem acesso a ela, em idade regular, ou fracassam diante das políticas de na promoção da educação publica com qualidade e de propostas político-pedagógicas que pioram as condições de funcionamento da escola, a exemplo da aprovação automática. 
Educação maranhense de acordo com a concepção sócio construtivista de Vigotsky
De acordo com a concepção socioconstrutivista de Vygotsky, o aluno deve estar livre para conhecer o novo e ter interesse por tal, nao sendo somente repassado aquilo que é imposto pelo professor na sala de aula, se tornando assim participante do seu processo educativo. 
Pode-se considerar o próprio estabelecimento escolar como uma “mensagem”, isto é, um fator fundamental de educação, pois essa instituição, mesmo que se faça abstração dos conteúdos que aí são ensinados, subtende uma certa estruturação do tempo, do espaço e repousa sobre um sistema de relações sociais (VYGOTSKY, 1934, pg 31)
É possível entender a verdadeira importância da interação para Vygotsky, que defende que a escola não deve ser um ambiente puramente individual. Diante do modo de ensino proposto pelo governo maranhense, onde se preenche o espaço do professor por meio de um tutor, se nota o inverso das práticas sócio construtivistas e se torna impossível a verdadeira interação e problematização, já que o conteúdo era passado por meio de vídeoaulas e à distância, sem nenhum espaço para que o aluno realmente pudesse desenvolver sua formação com ajuda de seus professores. 
Vygotsky ressalta o papel extremamente importante na educação e no desenvolvimento.Uma educação obsoleta e que não leva em conta o meio cultural em que o aluno esta inserido não tem condições de obter progresso.Vygotsky explica isso por meio dos três níveis de desenvolvimento: Desenvolvimento potencial, Este nível de desenvolvimento é determinado pela capacidade que uma pessoa tem para resolver as atividades propostas por uma pessoa mais experiente. Ou seja, são nossas funções que estão adormecidas; Nível de desenvolvimento real,  O Nível Real é conquistado a partir do estabelecimento do conteúdo envolto e provisoriamente disponível na ZDP, sendo incluso à estrutura cognitiva do aprendiz;Nível de desenvolvimento proximal, esta zona é considerada como o nível intercessor entre o Desenvolvimento Real e o Desenvolvimento potencial.De acordo com Vygotsky, a ZDP é fomentada pela interação de um indivíduo aprendiz com outros indivíduos com maior experiência. O uso dessa abordagem na prática educacional necessita que o professor/instrutor identifique a Zona Proximal e a estimule ao desenvolvimento conjunto. Isso faz com que o caminho de aprendizagem conduza o aprendiz da Zona de Desenvolvimento Proximal ao Nível de Desenvolvimento.
Diante disso, é importante se atentar ao nível de desenvolvimento proximal, que é onde se necessita de mediação do professor, mas como mediar algo sem fundamentos para isso? É uma pergunta difícil de responder quando não se obtém professores realmente capacitados no determinado governo, sendo apenas tutores, muitos com nenhum nível de graduação. 
 O governo Sarney foi marcado pela opressão da educação, preocupados somente com números em índices, mas não com a qualidade do ensino

Continue navegando