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7 -SUCESSÕES

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Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araújo – Dezembro de 2016
CAPÍTULO I
DA SUCESSÃO EM GERAL
1- DA ABERTURA DA SUCESSÃO: O PRINCÍPIO DA SAISINE
	A palavra sucessão, em sentido amplo, significa o ato pelo qual uma pessoa assume o lugar de outra, substituindo-a na titularidade de determinado bem. No direito das sucessões, entretanto, o vocábulo é empregado em sentido estrito, para designar tão somente a decorrente da morte de alguém, ou seja, sucessão causa mortis. 
	A CF assegura, em seu art. 5ª, XXX o direito a herança. 
XXX - é garantido o direito de herança;
Não existe direito subjetivo sem titular. Dessa forma, assim que ocorre a morte (no mesmo instante), por uma ficção jurídica, transfere-se toda a herança do morto aos herdeiros legítimos e testamentários. Não existe solução (vácuo) de continuidade e mesmo que os herdeiros nem saibam da morte, já se tornam titulares do patrimônio do morto. Esse é o princípio da saisine.
Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.
IMPORTANTE!!! Como decorrência lógica do princípio da saisine, a lei que rege a sucessão é a VIGENTE AO TEMPO DA MORTE (tempus regit actum).
Art. 1.787. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela (TEMPO DA MORTE).
Ex. Um sujeito morre antes da entrada em vigor da CF/88. O filho adotivo desse sujeito (que já tinha filhos consanguíneos antes de adoção) nada receberá, ainda que o inventário se dê após a CF/88 (o regime do CC/16 antes da CF/88 trazia tal norma). Ao passo que se esse sujeito morrer após a CF/88 (que igualou em direitos todos os filhos) o filho adotivo herda igualzinho aos filhos consanguíneos.
IMPORTANTE!!! Outra consequência da saisine é que o herdeiro que sobrevive ao morto, ainda que por um único segundo, recebe seu patrimônio, e os transmite aos seus sucessores, se falecer em seguida. 
IMPORTANTE!!! Espólio. É a massa patrimonial deixada pelo morto. Não passa de uma universalidade de bens SEM personalidade jurídica. Ainda que não tenha personalidade jurídica, o direito dá-lhe legitimidade ad causam, sendo representado pelo inventariante (art. 75, inc. VII do Novo CPC) ou pelo administrador provisório se o inventário ainda não tiver sido instaurado.
Obs. Quando o inventariante for dativo, os sucessores do falecido serão intimados no processo no qual o espólio seja parte (art. 75, §1º do Novo CPC). 
IMPORTANTE!!! A herança beneficia desde logo os herdeiros, sejam legítimos ou testamentários. Quanto aos legatários a coisa é um pouco diferente. Os legatários adquirem a propriedade dos bens infungíveis desde a abertura da sucessão; a dos fungíveis, porém, só após a partilha. O interessante é que, em ambos os casos, a posse só se adquire após a partilha, devendo ser requerida aos herdeiros, que só estão obrigados a entregá-la após verificada a solvência do morto.
Lugar da abertura da sucessão (foro competente)
Existem três regras para a definição do local onde correrá o processo de inventário e partilha (bem como TODAS as ações em que o espólio for réu). Uma regra exclui a outra, ou seja, estão dispostas em uma ordem de preferência (art. 1785, CC e art. 48 do Novo CPC):
1) Regra geral: a competência é do local do ÚLTIMO DOMICÍLIO do morto.
2) Exceção: se o sujeito não tem domicílio certo, é competente o local da SITUAÇÃO DE SEUS BENS IMÓVEIS. Havendo imóveis em foros diferentes, qualquer destes foros será competente. 
3) Exceção da exceção: se o sujeito não tem bens imóveis, será competente o foro do local de qualquer dos bens do espólio. 
Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do ÚLTIMO DOMICÍLIO do falecido.
Art. 48.  O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro.
Parágrafo único.  Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente:
I - o foro de situação dos bens imóveis;
II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes;
III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio.
2- ESPÉCIES DE SUCESSÃO E DE SUCESSORES 
Sucessão legítima é a que se dá em decorrência da lei (legítima = lei). Sucessão testamentária é a que decorre da vontade do morto manifestada em testamento (ou codicilo).
Dispõe o art. 1788:
Art. 1788 Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no testamento; e subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar, ou for julgado nulo.
 
	A sucessão poderá ser também, simultaneamente, legítima e testamentária quando o testamento não compreender todos os bens do de cujus, pois os não incluídos, ou se o testamento caducar/for julgado nulo, passarão aos seus herdeiros legítimos. 	
IMPORTANTE!!! Se existir herdeiros necessários, o testador só pode dispor de 50% da herança, pois a outra metade constitui a legítima. 
Art. 1.789. Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade da herança.
	Não havendo herdeiros necessários, plena será sua capacidade para testar, podendo afastar a sucessão dos colaterais. 
Art. 1.850. Para excluir da sucessão os herdeiros colaterais, basta que o testador disponha de seu patrimônio sem os contemplar.
IMPORTANTE!!! O direito brasileiro não admite a sucessão contratual, inexistindo em nosso ordenamento a herança de pessoa viva (pacta corvina).
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
EXCEÇÃO!!! É válida a partilha feita por ascendente, por ato entre vivos, desde que não prejudique a legítima dos herdeiros necessários. Essa partilha em vida só é válida entre ascendente e descendente.
Art. 2.018. É válida a partilha feita por ascendente, por ato entre vivos ou de última vontade, contanto que não prejudique a legítima dos herdeiros necessários.
	A sucessão pode se dar, ainda, a título universal e a título singular. Dá-se a sucessão a título universal quando o herdeiro é chamado a suceder na totalidade da herança, fração ou porcentagem dela. Ocorre tanto na sucessão legítima ou testamentária. Na sucessão a título singular, o testador deixa ao beneficiário um bem certo e determinado, denominado legado, como por exemplo, um veículo, um terreno. 
Obs. Herdeiro e legatário não são a mesma coisa, o primeiro sucede a título universal, o segundo, porém, sucede a título singular, tomando o seu lugar em coisa certa e determinada. 
Obs. A sucessão legítima é sempre a título universal, porque transfere aos herdeiros a totalidade ou fração ideal do patrimônio do de cujus; a testamentária pode ser a título universal ou a título singular. 
	A sucessão anômala ou irregular é a disciplinada por normas peculiares e próprias, não observando a ordem de vocação hereditária estabelecida no art. 1829 CC para a sucessão legítima. Ex.
Art. 520. O direito de preferência não se pode ceder nem passa aos herdeiros.
2.1 HERDEIRO 
O herdeiro sucede a título universal, ou seja, concorre em um percentual da herança (ou em toda ela). Ex. Deixo para fulano um 32% dos bens. Pode ocorrer tanto na sucessão legítima quanto na testamentária. 
O herdeiro pode ser:
Herdeiro legítimo - aqueles definidos por lei em ordem preferencial. 
Art. 1.829. A SUCESSÃO LEGÍTIMA defere-se na ordem seguinte:
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
III - ao cônjuge sobrevivente;
IV - aos colaterais.
Herdeiro necessário- aqueles que, se existirem, devem, obrigatoriamente receber parte da herança (ao menos 50% deve ser dividida entre eles). São os descendentes (1); ascendentes (2) e cônjuge (3). 
Obs. Colateral é herdeiro legítimo, mas não necessário. 
Art. 1.845. São HERDEIROS NECESSÁRIOS os DESCENDENTES, OS ASCENDENTES E O CÔNJUGE.
Portanto, se o morto tiver pai, filho ou mulher, deverá deixar pelo menos 50% da herança para eles. 
Herdeiro testamentário - aqueles indicados em testamento (que recebe uma fração da herança, e não um bem individualizado – legatário).
Legatário - sucede a título singular; recebe um bem determinado. Ex. Deixo para beltrano o meu carro. Só é possível na sucessão testamentária.
Obs. Costuma-se chamar herdeiro universal o herdeiro único que recebe a totalidade da herança. 
CAPÍTULO II
DA HERANÇA E DE SUA ADMINISTRAÇÃO
1- PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE DA HERANÇA
A herança é um bloco único de bens até que seja feita a partilha.
É o art. 1791 que expressa o princípio da indivisibilidade da herança. 
Art. 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros.
Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio.
Até a partilha, o direito dos co-herdeiros quanto a posse e propriedade dos bens da herança é indivisível e regula-se pelas normas do condomínio. Isso quer dizer que até a partilha, quando os bens serão distribuídos, a herança é um todo unitário e os herdeiros são donos apenas de frações ideais desse todo. 
Dica!!! A partilha parte a herança.
IMPORTANTE!!! Antes da partilha, como se trata de um condomínio, o herdeiro só pode vender (alienar) sua parte ideal, e não determinado bem da herança, que não pode desta ser destacado haja vista que a herança é um todo unitário. Ou seja, só é possível alienar o direito a sucessão ABERTA (fração ideal), que o art. 80, II do CC considera bem imóvel. Isso implica que a alienação exige escritura pública e exige outorga conjugal.
Dispõe o art. 1793, §2º que é INEFICAZ a cessão, pelo co-herdeiro, de seu direito sobre qualquer bem da herança considerado singularmente. Quer dizer, é ineficaz porque pode vir a fazer efeito após a partilha.
 
Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o co-herdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública.
§ 1o Os direitos, conferidos ao herdeiro em conseqüência de substituição ou de direito de acrescer, presumem-se NÃO abrangidos pela cessão feita anteriormente.
§ 2o É ineficaz a cessão, pelo co-herdeiro, de seu direito hereditário sobre qualquer bem da herança considerado singularmente.
§ 3o Ineficaz é a disposição, sem prévia autorização do juiz da sucessão, por qualquer herdeiro, de bem componente do acervo hereditário, pendente a indivisibilidade.
Como decorrência do PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE dos bens da herança, um só dos herdeiros pode demandar a totalidade da herança.
Art. 1.825. A ação de petição de herança, ainda que exercida por um só dos herdeiros, poderá compreender todos os bens hereditários.
Art. 1.827. O herdeiro pode demandar os bens da herança, mesmo em poder de terceiros, sem prejuízo da responsabilidade do possuidor originário pelo valor dos bens alienados.
Parágrafo único. São eficazes as alienações feitas, a título oneroso, pelo herdeiro aparente a terceiro de boa-fé.
 
IMPORTANTE!!! A cessão de quota hereditária a terceiro estranho à sucessão é limitada pelo direito de preferência que têm os herdeiros. Será impossível ceder a quota para um estranho se um dos herdeiros a quiser tanto por tanto (art. 1794). Se não for dada ciência da cessão para os co-herdeiros, estes poderão depositar o preço até 180 dias depois, após a transmissão (note que é da transmissão e não do conhecimento da transmissão – isso vai contra o princípio da actio nata e prejudica o co-herdeiro) e pegar o bem com o terceiro (1795). Se mais de um herdeiro quiser exercer o direito de preferência, a quota do que quer ceder será dividida entre eles na proporção do quinhão de cada um (1795, §ú).
Art. 1.794. O co-herdeiro não poderá ceder a sua quota hereditária a pessoa estranha à sucessão, se outro co-herdeiro a quiser, tanto por tanto.
Art. 1.795. O co-herdeiro, a quem não se der conhecimento da cessão, poderá, depositado o preço, haver para si a quota cedida a estranho, se o requerer até cento e oitenta dias APÓS A TRANSMISSÃO.
Parágrafo único. Sendo vários os co-herdeiros a exercer a preferência, entre eles se distribuirá o quinhão cedido, na proporção das respectivas quotas hereditárias.
Em nosso direito, a herança é sempre em benefício do inventário, quer dizer que ela sempre irá beneficiar (ou ao menos não prejudicar) o herdeiro. 
Essa disposição vem expressa no art. 1792 que reza que o herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança. Ou seja, as dívidas do defunto só serão pagas até onde ele tiver deixado bens. Se passar disso o credor perde, mas não é o herdeiro quem irá pagar do seu bolso. Incumbe, porém, ao herdeiro a prova do excesso, salvo se houver inventário que o escuse, demonstrando o valor dos bens herdados. 
Dispõe o art. 1793 CC:
Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o co-herdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública.
§ 1o Os direitos, conferidos ao herdeiro em consequência de substituição ou de direito de acrescer, presumem-se NÃO abrangidos pela cessão feita anteriormente.
§ 2o É INEFICAZ a cessão, pelo co-herdeiro, de seu direito hereditário sobre qualquer bem da herança considerado singularmente.
§ 3o Ineficaz é a disposição, sem prévia autorização do juiz da sucessão, por qualquer herdeiro, de bem componente do acervo hereditário, pendente a indivisibilidade.
INTERPRETANDO O CAPUT*** A cessão de direitos hereditários, gratuita ou onerosa, consiste na transferência que o herdeiro, legítimo ou testamentário, faz a outrem de todo o quinhão ou de parte dele, o qual lhe compete após a abertura da sucessão. 
	No inventário é feito um levantamento do patrimônio do devedor. Só serão partilhados os bens ou valores que restarem depois de pagas às dívidas. 
2- ADMINISTRAÇÃO DA HERANÇA
Atenção!!! O inventário deve ser requerido no prazo de DOIS MESES a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar esses prazos de OFÍCIO ou a requerimento da parte (art. 611 do Novo CPC). Se não for ajuizado nesse prazo, é possível incidir uma multa. É de relembrar que o Novo CPC extirpou a possibilidade de o juiz iniciar o processo de inventário de ofício.
Até que seja nomeado inventariante, quem administra a herança é o administrador provisório, que será uma das pessoas discriminadas no art. 1797.
Art. 1.797. Até o compromisso do inventariante, a administração da herança caberá, sucessivamente:
I - ao cônjuge ou companheiro, se com o outro convivia ao tempo da abertura da sucessão;
II - ao herdeiro que estiver na posse e administração dos bens, e, se houver mais de um nessas condições, ao mais velho;
III - ao testamenteiro;
IV - a pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das indicadas nos incisos antecedentes, ou quando tiverem de ser afastadas por motivo grave levado ao conhecimento do juiz.
CAPÍTULO III
VOCAÇÃO HEREDITÁRIA
1- QUEM PODE SER HERDEIRO/LEGATÁRIO
Vocação hereditária é a legitimação para herdar, para reclamar a titularidade da herança (quem pode suceder?). 
IMPORTANTE!!! Dispõe o art. 1798 que são legitimadas a receber em herança as PESSOAS NASCIDAS e as JÁ CONCEBIDAS (neném na barriga) ao tempo da morte. Vê-se, dessa forma, que estão resguardados os direitos do nascituro (este é mais um argumento em prol da teoria concepcionalista, pela qual os direitos começam desde a concepção). 
Art. 1.798. Legitimam-sea suceder as PESSOAS NASCIDAS ou JÁ CONCEBIDAS no momento da abertura da sucessão.
O dispositivo se refere a pessoas. Desse modo, no Brasil não é possível deixar a herança para um cachorro de estimação.
IMPORTANTE!!! Portanto, SÓ as PESSOAS VIVAS ou JÁ CONCEBIDAS ao tempo da abertura da sucessão podem ser herdeiras ou legatárias (já testamentária é diferente). 
Apesar de se referir a pessoa, o CC não limita a pessoas naturais, PODENDO TAMBÉM A PESSOAS JURÍDICA RECEBER HERANÇA.
Art. 1.799. Na SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA podem ainda ser chamados a suceder:
I - os FILHOS, AINDA NÃO CONCEBIDOS, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão;
II - as PESSOAS JURÍDICAS;
III - as PESSOAS JURÍDICAS, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de fundação.
IMPORTANTE! O art. 1799, I, traz uma exceção à regra de que só as pessoas vivas ou já concebidas podem ser chamadas a herdar. Trata-se de uma hipótese em que pessoa ainda nem concebida pode ser chamada a suceder (prole eventual). Dispõe o inc. I que pode ser convencionado pelo morto deixar herança/legado para filhos ainda não concebidos de pessoas por ele indicadas (desde que essas pessoas sejam vivas na época da morte dele). Até a prole eventual nascer, os bens ficam com curador (que, salvo disposição em contrário, serão os pais).
	Nascendo com vida o herdeiro esperado, ser-lhe-á deferida a sucessão, com os frutos e rendimentos relativos a deixa, a partir da morte do testador. 
Atenção!!! Porém, tem uma peculiaridade. Somente espera-se DOIS ANOS para essa prole eventual nascer, caso em que, salvo disposição em contrário, os bens passam aos herdeiros legítimos. Os bens também caberão aos herdeiros legítimos se o herdeiro aguardado e concebido nascer morto. 
Art. 1800 
§ 4o Se, decorridos dois anos após a abertura da sucessão, não for concebido o herdeiro esperado, os bens reservados, salvo disposição em contrário do testador, caberão aos herdeiros legítimos.
IMPORTANTE!!! Tendo em vista que a CF não faz distinção entre filhos, e proíbe qualquer designação discriminatória entre filhos naturais e adotivos, é de concluir que a disposição testamentária (no caso de prole eventual) há de prevalecer e o filho adotivo poderá receber a herança ou o legado a que tem direito. RESUMINDO, FILHO ADOTIVO TAMBÉM É PROLE EVENTUAL. 
O mesmo art. 1799 prevê ainda a possibilidade de deixa testamentária à pessoa jurídica e a fundação (que pode ser instituída por testamento). 
Obs. A existência legal das pessoas jurídicas de direito privado começa com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro. 
2- QUEM NÃO PODE SER HERDEIRO/LEGATÁRIO
O art. 1801 trata das pessoas que não podem ser beneficiadas em testamento, nem como herdeiro, nem como legatário. 
Art. 1.801. Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários:
I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos;
II - as testemunhas do testamento;
III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos;
IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento.
Visa evitar algum tipo de fraude.
São pessoas que não podem receber herança/legado:
a) Pessoa que escreveu o testamento a rogo do morto (nem seu cônjuge, ascendente e irmão).
b) As testemunhas do testamento
c) O tabelião perante quem se fez o testamento
d) O concubino(a) do testador casado - salvo se o morto era separado de fato a mais de 5 anos, sem ter tido culpa na separação.
IMPORTANTE!!! Essa ressalva da letra “d” é um absurdo: veja que a separação de fato e a separação judicial podem ensejar a união estável e que não existe um prazo estipulado para a configuração de união estável. Ou seja, a concubina já pode não ser mais concubina e sim convivente. E mais, o art. 1830 não reconhece direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do outro, estavam separados judicialmente ou separados de fato a mais de 2 anos (salvo prova de que a convivência se tornou impossível não por culpa do sobrevivente).
IMPORTANTE!!! Nula será a disposição testamentária se o morto, por simulação, tentar deixar para as pessoas não legitimadas. 
Art. 1.802. São NULAS as disposições testamentárias em favor de pessoas não legitimadas a suceder, ainda quando simuladas sob a forma de contrato oneroso, ou feitas mediante interposta pessoa.
Parágrafo único. Presumem-se pessoas interpostas os ascendentes, os descendentes, os irmãos e o cônjuge ou companheiro do não legitimado a suceder.
Ex. Estipulo deixar em testamento para o irmão da minha amante (que é pra ele depois doar para ela). 
CAPÍTULO IV
ACEITAÇÃO E RENÚNCIA DA HERANÇA
1- ACEITAÇÃO
Aceitar a herança é anuir à transmissão dos bens do de cujus. Se o herdeiro aceitar a herança, significa que a saisine está confirmada, e a aceitação opera efeitos retroativos à data da morte.
Art. 1.804. Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a abertura da sucessão (DATA DA MORTE).
Parágrafo único. A transmissão tem-se por não verificada quando o herdeiro renuncia à herança.
A aceitação não tem forma pré-determinada, podendo ser expressa, tácita ou presumida (considera-se aceita quando não houver renúncia).
Art. 1.805. A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por declaração escrita; quando tácita, há de resultar tão-somente de atos próprios da qualidade de herdeiro.
§ 1o Não exprimem aceitação de herança os atos oficiosos, como o funeral do finado, os meramente conservatórios, ou os de administração e guarda provisória.
§ 2o Não importa igualmente aceitação a cessão gratuita, pura e simples, da herança, aos demais co-herdeiros.
Art. 1.807. O interessado em que o herdeiro declare se aceita, ou não, a herança, poderá, vinte dias após aberta a sucessão, requerer ao juiz prazo razoável, não maior de trinta dias, para, nele, se pronunciar o herdeiro, sob pena de se haver a herança por aceita.
A aceitação hoje nem tem tanta importância porque a herança não prejudica os herdeiros.
IMPORTANTE!!! A aceitação é INDIVISÍVEL (aceita tudo ou não aceita nada) e INCONDICIONAL (não posso aceitar sob a condição de...). Não pode ficar exigindo muito. Ou aceita, ou não aceita!!
Art. 1.808. Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou a termo.
IMPORTANTE!!! O que pode ocorrer é que, se uma mesma pessoa é chamada a receber por causa de títulos sucessórios diversos (Ex. Tem um legado e uma quota da herança), ela pode renunciar inteiramente a um de seus títulos sucessórios (Ex. Renunciar ao legado e permanecer com a quota). Trata-se de uma espécie de EXCEÇÃO à indivisibilidade da aceitação.
	Falecendo o herdeiro antes de declarar se aceita a herança, o poder de aceitar passa a seus herdeiros, a menos que se trate de vocação adstrita a condição suspensiva, ainda não verificada. 
Art. 1.809. Falecendo o herdeiro antes de declarar se aceita a herança, o poder de aceitar passa-lhe aos herdeiros, a menos que se trate de vocação adstrita a uma condição suspensiva, ainda não verificada.
Parágrafo único. Os chamados à sucessão do herdeiro falecido antes da aceitação, desde que concordem em receber a segunda herança, poderão aceitar ou renunciar a primeira.
1.1 IRREVOGABILIDADE
Assim como a renúncia, a aceitação é IRRETRATÁVEL. Uma vez aceita a herança não se pode mais renunciar a ela (a renúncia translativa pode
Art. 1.812. São IRREVOGÁVEIS os atos de ACEITAÇÃO OU DE RENÚNCIA da herança.
2- RENÚNCIA
 
A renúncia é o ato pelo qual o herdeiro manifesta seu desinteresse em receber a herança. 
É um ato bastante solene, já que se trata de um ato abdicativo de direito à herança (que é considerado BEM IMÓVEL – art. 80, II – 1806 CC).
a) Deve serpor escritura pública (já que é bem imóvel) ou por termo judicial lançado aos autos do inventário;
Art. 1.806. A RENÚNCIA da herança deve constar expressamente de INSTRUMENTO PÚBLICO OU TERMO JUDICIAL.
Atenção!!! É instrumento público ou termo judicial. 
b) Deve ser expresso (não se admite renúncia tácita)
Obs. Vê-se que a aceitação é ato não solene, que pode ser feito por qualquer prova. Em contrapartida, a renúncia é ato solene, que deve ser expresso em instrumento público ou termo judicial. Isso se deve porque a renúncia é um ato de renúncia a direito, por isso se exige segurança. 
c) Não se admite promessa de renúncia, nem renúncia tácita ou presumida. 
2.1 ESPÉCIES DE RENÚNCIA
a) Renúncia ABDICATIVA: é a que se faz em benefício do monte, sem privilegiar pessoa determinada. (só incide ITCMD). É a renúncia propriamente dita. 
b) Renúncia TRANSLATIVA (cessão/desistência): é quando se renuncia em favor de determinada pessoa, citada nominalmente. Nesse caso, não se trata de uma renúncia propriamente dita, pois o herdeiro, na verdade, está fazendo uma dupla ação: primeiro ele aceita a herança e depois ele a transfere à determinada pessoas (incide ITCMD no primeiro ato de aceitação e ITBI na transferência).
Obs. Chama-se translativa porque há transferência!
2.2 DAS RESTRIÇÕES LEGAIS AO DIREITO DE RENUNCIAR
Não se pode renunciar à herança de qualquer maneira. Mister que estejam presentes determinados requisitos legais. São eles:
a) Capacidade jurídica plena do renunciante: a pessoa que renuncia deve ter capacidade para praticar os atos da vida civil. Um menor não poderá renunciar à herança de seu pai, dependendo para tanto não só de representação/assistência, como também de autorização do juiz (ver art. 1691, que diz que os pais não poderão alienar nem gravar de ônus reais os bens imóveis dos filhos - herança é bem imóvel por equiparação). 
b) Anuência do cônjuge: como visto, o direito a sucessão aberta é equiparado a imóvel. Assim, como os atos de disposição de bens imóveis DEPENDEM DE OUTORGA UXÓRIA (e deve ser feita por escritura pública), não será diferente para a renúncia à herança.
EXCEÇÃO!!! Casamento no regime de separação absoluta (que é aquele onde cada um é dono do que é seu).
IMPORTANTE!!! Na renúncia ABDICATIVA, a necessidade de outorga uxória não é pacífica. O art. 1647 do CC só exige a vênia conjugal na alienação de bem imóvel, entendendo alguns que a renúncia abdicativa não transfere patrimônio, vez que é como se o mesmo nunca tivesse entrado na órbita do renunciante. 
Obs. Quanto a renúncia TRANSLATIVA não resta dúvida, já que esta não é propriamente renúncia, mas sim transferência. 
c) Escritura pública ou termo judicial: a renúncia é ato solene, ainda mais que se trata de alienação de bem imóvel. 
d) Que não prejudique credores: se a renúncia prejudicar o direito de credores do renunciante, estes (TERCEIROS) podem aceitar a herança no lugar do renunciante. A aceitação pelos credores depende de autorização do juiz e a habilitação deve ser feita no prazo de 30 dias do conhecimento da renúncia. Se a herança ultrapassar a dívida, prevalece a renúncia no quantum remanescente.
2.3 DOS EFEITOS DA RENÚNCIA 
A renúncia abdicativa, que é a verdadeira renúncia, produz os seguintes efeitos:
a) Excluir da herança o herdeiro renunciante como se jamais tivesse sido chamado a receber. Os efeitos da renúncia retroagem à data da morte, é como se a saisine não tivesse se operado quanto àquele herdeiro.
b) Acréscimo do quinhão do renunciante ao monte. Se haviam mais herdeiros da mesma classe do renunciante eles levam, se o renunciante era o único da sua classe, chama-se a próxima classe da fila (que receberá por direito próprio e não por representação). 
c) Impossibilidade de os herdeiros do renunciante sucederem em seu lugar. Em outras palavras, a renúncia NÃO gera efeitos de pré-morte. 
Ex. Se um sujeito é excluído por indignidade, seus herdeiros são chamados a suceder por representação, pois é como se o indigno estivesse pré-morto. Na renúncia isso não ocorre, já que NINGUÉM PODE SUCEDER REPRESENTANDO HERDEIRO RENUNCIANTE.
Art. 1.811. NINGUÉM PODE SUCEDER, REPRESENTANDO HERDEIRO RENUNCIANTE. Se, porém, ele for o único legítimo da sua classe, ou se todos os outros da mesma classe renunciarem a herança, poderão os filhos vir à sucessão, por direito próprio, e por cabeça.
2.4 IRREVOGABILIDADE
Assim como a aceitação, a renúncia é irretratável. Uma vez renunciada não se pode voltar atrás, pois a renúncia opera efeitos retroativos.
Obs. Além de ser irretratável, a renúncia (assim como a aceitação) é incondicional e indivisível.
2.5 DA INEFICÁCIA E DA INVALIDADE
	A ineficácia da renúncia pode ocorrer pela suspensão temporária de seus efeitos pelo juiz, a pedido dos credores prejudicados. 
	Dá-se a invalidade absoluta se não houver sido feita por escritura pública ou termo judicial, ou quando manifestada por pessoa absolutamente incapaz, não representada e sem autorização judicial; e relativa, quando proveniente de erro, dolo ou coação, a ensejar a anulação do ato por vício de consentimento, ou quando realizada sem a anuência do cônjuge, se o renunciante for casado em regime que não seja no de separação absoluta de bens. 
CAPÍTULO V
DOS EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO
1- DAS CAUSAS DE EXCLUSÃO POR INDIGNIDADE
Os herdeiros ou legatários perdem o direito à sucessão se praticarem um dos atos previstos de forma TAXATIVA no art. 1814. Estes atos punem àquele que atentar contra a vida do de cujus (ou de parentes próximos), atentarem contra a honra do de cujos ou de seu cônjuge e atentarem contra a liberdade de testar. 
São casos que levam à exclusão por indignidade:
I - Prática de homicídio doloso ou tentativa deste contra o autor da herança, seu cônjuge, descendente ou ascendente.
Obs. Não é necessária a condenação criminal. Não há distinção entre coautores e partícipe. 
Lembrar!!! A causa de impedimento para casar exige condenação. 
II - Acusação caluniosa em juízo (criminal) contra o autor da herança.
Obs. É a denunciação caluniosa. 
Obs. A jurisprudência restringe o conceito de denunciação caluniosa, exigindo que tenha sido praticada não apenas em juízo, mas em juízo criminal. Assim, se feita no juízo cível não configura indignidade. 
 
III - Os que incorrerem em crime contra a honra do autor da herança ou de seu cônjuge.
Obs. Entendem alguns que o termo incorrerem traz a exigência de prévia condenação no juízo criminal. Carlos Roberto Gonçalves, porém, não é adepto dessa tese. Para ele, não se exige a prévia condenação criminal. 
IV - os que atentarem contra a liberdade de testar.
2- REABILITAÇÃO DO INDIGNO
O art. 1818 prevê a reabilitação ou perdão do indigno. 
Art. 1.818. Aquele que incorreu em atos que determinem a exclusão da herança será admitido a suceder, se o ofendido o tiver EXPRESSAMENTE reabilitado em testamento, ou em outro ato autêntico.
Parágrafo único. Não havendo reabilitação expressa, o indigno, contemplado em testamento do ofendido, quando o testador, ao testar, já conhecia a causa da indignidade, pode suceder no limite da disposição testamentária.
Existem duas formas de perdão do indigno:
a) Perdão expresso: é quando o autor da herança expressamente reabilita o herdeiro em testamento ou outro instrumento autêntico. 
Obs. Declarado nulo o testamento que contém o perdão, este não terá tal efeito. 
b) Perdão tácito: é quando mesmo após a ofensa que gera indignidade, o autor da herança contempla o indigno em testamento. 
Obs. Por óbvio, só é cabível perdão tácito em sucessão testamentária. 
Obs. No perdão tácito o herdeiro/legatário só recebe o que estiver expresso em testamento.
3- INDIGNIDADE X DESERDAÇÃO
A deserdação e a exclusão por indignidade possuem a mesma finalidade, embora tratarem de institutos diversos, qual seja: a de excluir da sucessão quem praticou atos condenáveis contra o de cujus.IMPORTANTE!!! A indignidade decorre da lei e acontece nos casos previstos no art. 1814. O morto não precisa ter requerido a exclusão por indignidade, basta que não tenha perdoado o sujeito. 
Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários:
I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente;
II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro;
III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade.
IMPORTANTE!!! A exclusão por indignidade depende de sentença judicial e os interessados é quem devem propor a ação para excluir o indigno. 
A indignidade é matéria de sucessão legítima, embora possa alcançar também o legatário. 
IMPORTANTE!!! A deserdação, por sua vez, pressupõe a existência de testamento, já que é o falecido quem, em testamento, pune o sujeito com a deserdação, ante a prática de atos previstos em lei. O testamento é o instrumento hábil para se deserdar alguém. 
IMPORTANTE!!! A deserdação exige além de ação, que o morto tenha dito expressamente em testamento quem deserda e porque deserda.
IMPORTANTE!!! A deserdação é utilizada pelo testador para afastar os herdeiros necessários, que, pela deserdação, perdem o direito à legítima. 
Quer dizer, não fosse a deserdação, o morto seria obrigado a deixar patrimônio (legítima) para estes. 
IMPORTANTE!!! Tanto a deserdação como a exclusão por indignidade só podem ocorrer devido a prática de atos previstos taxativamente em lei. Estas hipóteses são, a meu ver, muito limitadas, deixando de ser contempladas inúmeras causas de ofensa ao autor da herança. Ex. A filha simula sequestro do irmão para extorquir R$ do pai. Esse grave crime não esta nem entre as causas de deserdação, nem de exclusão por indignidade. 
Obs. A deserdação será detalhada mais abaixo. 
4- PROCEDIMENTO PARA A EXCLUSÃO POR INDIGNIDADE
A exclusão por indignidade exige a propositura de ação específica, na qual o juiz irá declarar (natureza declaratória) a exclusão por indignidade. (art. 1815)
São legitimados para propor esta ação todos os interessados na exclusão. Em outras palavras, todos aqueles que se beneficiarem com a exclusão do indigno, têm legitimidade ativa (sejam herdeiros ou não).
Lembrar!!! A exclusão por indignidade decorre da lei (não precisa de ser declarado em testamento pelo de cujus – diferente da deserdação).
IMPORTANTE!!! Há divergência na doutrina sobre se O MP POSSUI LEGITIMIDADE OU NÃO LEGITIMIDADE para esta ação, nem se a causa da exclusão for crime. Cristiano Chavez e Carlos Roberto Gonçalves entendem que o MP não tem legitimidade. Porém, existe enunciado das Jornadas de Direito civil no sentido de que o MP tem legitimidade, desde que presente o interesse público (de acordo com o Cristiano, essa é a corrente majoritária). Desse modo, se nenhum interessado se manifestar, o indigno continuará herdando. Ex. Caso da Suzane Von Richtofen, se nenhum interessado ajuizasse a ação, a Suzane continuaria herdando normalmente. 
O direito de demandar a indignidade decai em quatro anos contados da abertura da sucessão. (1815).
Art. 1.815. A exclusão do herdeiro ou legatário, em qualquer desses casos de indignidade, será declarada por sentença.
Parágrafo único. O direito de demandar a exclusão do herdeiro ou legatário extingue-se em quatro anos, contados da abertura da sucessão.
5- EFEITOS DA EXCLUSÃO POR INDIGNIDADE
 
A exclusão por indignidade é pena e como tal, não pode passar da pessoa do apenado. Por isso se diz que são pessoais os efeitos da exclusão por indignidade.
A indignidade gera efeito de pré-morte (lembrar que a renúncia não gera esse efeito). Desse modo, os sucessores do herdeiro excluído recebem como se ele fosse morto antes da abertura da sucessão. A declaração da exclusão retroage a data da abertura da sucessão. 
Art. 1.816. São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiro excluído sucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão.
Parágrafo único. O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto ou à administração dos bens que a seus sucessores couberem na herança, nem à sucessão eventual desses bens.
O indigno perde também o direito de usufruto ou administração dos bens que a seus sucessores couberem na herança. 
No caso de morte dos sucessores do indigno, este (o indigno) também não sucede nos bens que os seus sucessores (mortos) adquiriram da herança. Ex. Meu pai é excluído da herança do meu avô. Eu e meu irmão herdamos no lugar dele. Se eu morrer, meu pai não herda de mim (na condição de ascendente) aqueles bens que eu recebi da herança do meu avô.
São resguardados os direitos dos terceiros de boa-fé, sendo válidas as alienações onerosas feitas a terceiros de boa-fé pelo excluído que, na época ostentava a condição de herdeiro aparente. 
Também são válidos os atos de administração legalmente praticados pelo herdeiro antes da sentença de exclusão.
Art. 1.817. São válidas as alienações onerosas de bens hereditários a terceiros de boa-fé, e os atos de administração legalmente praticados pelo herdeiro, antes da sentença de exclusão; mas aos herdeiros subsiste, quando prejudicados, o direito de demandar-lhe perdas e danos.
Parágrafo único. O excluído da sucessão é obrigado a restituir os frutos e rendimentos que dos bens da herança houver percebido, mas tem direito a ser indenizado das despesas com a conservação deles.
Nestes dois casos, porém, o excluído deve perdas e danos àquele herdeiro que iria receber a herança em seu lugar. 
CAPÍTULO VI 
HERANÇA JACENTE E HERANÇA VACANTE
1- HERANÇA JACENTE
Diz-se que a herança é jacente quando não se tem conhecimento da existência de nenhum herdeiro (seja legítimo ou testamentário). A herança jacente não tem personalidade jurídica, consistindo num acervo de bens, administrado por um curador até a habilitação dos herdeiros. Entretanto, reconhece-lhe legitimação ativa e passiva para comparecer em juízo. 
IMPORTANTE!!! O cara morre e não deixa herdeiros. Isso é herança jacente. 
Quando a herança é jacente, o juiz procede a arrecadação dos bens. Quem cuida desses bens até a habilitação de algum herdeiro ou até que seja declarada vacante, é um curador nomeado pelo juiz para tanto (art. 1819). 
Serão publicados editais na busca de eventuais sucessores. Ao todo são três editais, publicados com intervalo de 30 dias, com prazo de seis meses.
Passado um ano da publicação do primeiro edital sem que nenhum herdeiro tenha se habilitado, a herança será declarada vacante (1820).
Os credores têm o direito de pedir o pagamento das dividas até o limite das forças da herança. 
2- HERANÇA VACANTE 
Serão declarados vacantes os bens da herança jacente se, praticadas todas as diligências, não tiverem aparecido herdeiros. 
Mesmo após ser declarada vacante, os herdeiros que aparecerem no prazo de cinco anos da morte ainda poderão se habilitar. Entretanto, passados cinco anos da morte, os bens são arrecadados pelo Município (ou DF). 
IMPORTANTE!!! Os colaterais têm um prazo menor para se habilitarem. Estes ficarão excluídos da sucessão se não se habilitarem até a declaração de vacância. 
Art. 1.822. A declaração de vacância da herança não prejudicará os herdeiros que legalmente se habilitarem; mas, decorridos cinco anos da abertura da sucessão, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União quando situados em território federal.
Parágrafo único. Não se habilitando até a declaração de vacância, os colaterais ficarão excluídos da sucessão.
Obs. Quando existirem herdeiros, mas todos estes renunciarem,será de logo declarada a vacância e os bens passarão ao Poder Público sem a necessidade das diligências de busca. 
Art. 1.823. Quando todos os chamados a suceder renunciarem à herança, será esta desde logo declarada vacante.
Decorar!!! Primeiro a herança é jacente (não existem sucessores). Após praticados todos os trâmites para a busca desses sucessores e passado 1 ano da publicação do primeiro edital é que a herança será declarada vacante e, passados 5 anos da morte, os bens passarão a propriedade do município. 
CAPÍTULO VII 
PETIÇÃO DE HERANÇA
A ação de petição de herança constitui a proteção específica da qualidade de sucessor. Por meio dela, o herdeiro pode demandar o reconhecimento de seu direito sucessório, indo buscar a herança com quem esteja. 
Essa ação cabe ao sucessor preterido em seu direito sucessório e tem como objetivo o reconhecimento desse direito. 
O verdadeiro sucessor pode ter sido preterido, por exemplo, por não ter sido encontrado o testamento; porque não era conhecido etc. 
O legitimado passivamente é aquele que indevidamente se encontra com os bens do herdeiro preterido.
IMPORTANTE!!! A súmula 149 do STF dispõe que: é imprescritível a ação de investigação de paternidade, porém não é a de petição de herança. 
Isso quer dizer que o sujeito pode a qualquer tempo investigar sua condição de filho. Entretanto, só tem DEZ ANOS para requerer a herança a que foi preterido (a partir da abertura da sucessão). 
	A procedência da ação, decretada em sentença transitada em julgado, gera o reconhecimento da ineficácia da partilha em relação ao autor da ação, dispensada a sua anulação. Basta o simples pedido de retificação da partilha realizada anteriormente. 
	O herdeiro pode demandar os bens da herança, mesmo em poder de terceiros. 
Art. 1.827. O herdeiro pode demandar os bens da herança, mesmo em poder de terceiros, sem prejuízo da responsabilidade do possuidor originário pelo valor dos bens alienados.
Parágrafo único. São eficazes as alienações feitas, a título oneroso, pelo herdeiro aparente a terceiro de boa-fé.
	
A responsabilidade do possuidor da herança depende se ele estiver na posse desta de boa ou de má-fé. Depois da citação, a posse passa a ser considerada de má-fé, já que o réu já sabe que alguém a reclama. 
TÍTULO II 
SUCESSÃO LEGÍTIMA
CAPÍTULO I 
ORDEM DE VOCAÇÃO HEREDITÁRIA
1- INTRODUÇÃO
A sucessão legítima é aquela que advém da lei, já que o morto não deixou testamento (ou este é inválido). 
Não havendo disposição de última vontade, a lei fala quais serão os beneficiários da herança, dispondo uma lista de herdeiros legítimos. 
Ordem de vocação hereditária é justamente a sequência de pessoas que a lei legitima a receber a herança (é uma ordem preferencial onde uma classe exclui a outra). 
A ordem de vocação hereditária é a seguinte:
1º - descendente em concorrência com o cônjuge*;
2º - ascendentes em concorrência com o cônjuge**;
3º - ao cônjuge (sozinho);
4º - aos colaterais. 
 *IMPORTANTÍSSIMO!!! O cônjuge não concorre com os descendentes se (nesses casos o descendente leva sozinho):
a) Casado no regime de comunhão universal (já levou metade na meação).
b) Casado no regime de separação obrigatória 
c) Se casado no regime de comunhão parcial, o morto não tiver deixado bens particulares. 
**Obs. Com os ascendentes o cônjuge sempre concorre!!!!
Vamos agora destrinchar cada um dos herdeiros legítimos...
2- DESCENDENTES EM CONCORRÊNCIA COM CÔNJUGE
O CC fala em descendentes, contemplando todos eles (filhos, netos, bisnetos...). Porém, o grau mais próximo exclui o mais remoto. 
Art. 1.833. Entre os descendentes, os em grau mais próximo excluem os mais remotos, salvo o direito de representação.
Se existirem descendentes (não importa o grau), só esses irão receber. Se tiverem descendentes e ascendentes, só os primeiros herdam. Ex. Um sujeito morre. Ele não tem filhos vivos. Tem netos e tem mãe viva. Nesse caso, só os netos receberão, já que a classe dos descendentes exclui a dos ascendentes. 
IMPORTANTE!!! Na linha descendente é possível a sucessão por cabeça (direito próprio) ou por estirpe (representação). Ex. Morto tinha três filhos, dois vivos e um pré-morto, que deixou dois filhos (netos). Nesse caso divide-se a herança em três partes. Os filhos vivos herdam por cabeça (1/3 para cada) os netos, filhos do filho pré-morto, herdam por estirpe (representando o pai) e cada um vai ficar com a metade do 1/3 que cabia ao pai (1/6 da herança).
Art. 1.835. Na linha descendente, os filhos sucedem por cabeça, e os outros descendentes, por cabeça ou por estirpe, conforme se achem ou não no mesmo grau.
Obs. Não subsistem desigualdades entre os filhos consanguíneos e adotivos. 
2.1 DIREITOS DO CÔNJUGE SUPÉRSTITE EM RELAÇÃO AOS DESCENDENTES
O CC/02 trouxe um grande benefício ao cônjuge sobrevivente, incluindo-o como herdeiro necessário, concorrendo com os ascendentes e descendentes e não mais sendo excluído por essas classes. Isso significa um maior amparo ao cônjuge sobrevivente. O cônjuge sobrevivente permanece em terceiro lugar da ordem de vocação hereditária, porém, não mais é excluído pelos integrantes da primeira e segunda classe. 
EXCEÇÃO!!! Entretanto, para concorrer em igualdade de condições com os descendentes (com os ascendentes concorrem sempre), o cônjuge sobrevivente NÃO PODE:
a)	Ser casado com o falecido no regime de comunhão universal de bens;
b)	Ser casado com o falecido no regime de separação obrigatória de bens;
c)	Ser casado no regime de comunhão parcial se o morto não deixou bens particulares para partilhar. 
Lembrar!!! O cônjuge sobrevivente somente concorrerá com os descendentes quando:
1) Casado no regime de separação convencional
2) Casado em comunhão parcial, tendo deixado bens particulares (só concorre nesses)
3) Casado em participação final nos aquestos.
IMPORTANTE!!! O cônjuge sobrevivente, seja qual for o regime de bens do casamento, tem direito real de habitação. 
IMPORTANTE!!! Em concorrência com os descendentes, caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que receberem por cabeça. Ex. Sujeito, casado no regime de comunhão parcial, tendo deixado bens particulares, morreu deixando filho1, filho2 e mulher. A herança será dividida de seguinte forma: 1/3 para o filho1; 1/3 para o filho2 e 1/3 para a mulher. 
Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I) caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer.
IMPORTANTE!!! Se o cônjuge sobrevivente for ascendente dos herdeiros, o seu quinhão não poderá ser inferior a ¼ da herança. Ex. Sujeito, casado no regime de comunhão parcial, tendo deixado bens particulares, morreu deixando filho1, filho2, filho3 e filho4 (todos filhos do casal) e mulher. Nesse caso caberia 1/5 para cada, entretanto, como todos são filhos do casal, o quinhão da mulher não pode ser inferior a ¼ da herança. Assim, separa-se ¼ para a mulher e divide-se os ¾ restantes para os quatro filhos. 
Obs. Lembrar sempre que, A RESERVA DE ¼ DA PARTE SÓ SE DÁ SE O CÔNJUGE FOR ASCENDENTE DE TODOS OS DESCENDENTES, na hipótese de filiação híbrida, o quinhão do cônjuge e dos filhos, quanto aos bens particulares do de cujus, deve ser rigorosamente igual. 
IMPORTANTÍSSIMO!!! No caso do exemplo acima (casamento em comunhão parcial tendo o falecido deixado bens particulares), o cônjuge sobrevivente SÓ CONCORRE NOS BENS PARTICULARES. 
Faz-se assim: sujeito, casado no regime de comunhão parcial, tendo deixado bens particulares, morre deixando: filho1; filho2 e mulher e um patrimônio comum de 300 e um particular de 30. 
1º - Separa-se a meação da mulher = 150 para ela.
2º - Divide-se o patrimônio particular entre os descendentes em concorrência com o cônjuge = 10 para o filho1,10 para o filho 2 e 10 para a mulher (lembrar da regra do ¼ se os descendentes forem comuns).
3º - A meação do morto (150) é dividida entre os dois filhos = 75 para cada.
Conclusão!!! A mulher sai com 160 e cada filho com 85. 
IMPORTANTÍSSIMO!!! LER TUDO!!!! STJ 563 - DIREITO CIVIL. SUCESSÃO CAUSA MORTIS E REGIME DE COMUNHÃO PARCIAL DE BENS.
O cônjuge irá herdar se o falecido deixou descendentes? 
Depende. Para responder a isso deveremos analisar o regime de bens (art. 1.829, I, do CC). 
Se o cônjuge era casado sob o regime da comunhão parcial de bens e o falecido deixou descendentes, o cônjuge terá direito à herança? 
 Se o falecido NÃO deixou bens particulares: o cônjuge sobrevivente não terá direito à herança. Vale ressaltar, no entanto, que ele, como cônjuge, já tem direito à metade desses bens por ser meeiro. Ex: João morreu e deixou quatro casas de igual valor; João não deixou bens particulares; Maria (esposa de João) terá direito a duas casas por ser meeira; os filhos de João herdarão as outras duas casas; Maria não terá direito à herança. 
 Se o falecido deixou bens particulares: tais bens particulares serão herdados tanto pelo cônjuge como pelos descendentes (eles dividirão/concorrerão). Ex: João morreu e deixou quatro casas de igual valor; duas dessas casas eram bens comuns do casal (casas “A” e “B”); as duas outras eram bens particulares de João (casas “C” e “D”, que ele possuía em seu nome mesmo antes de se casar); Maria (esposa de João) terá direito a uma casa (ex: “A”) por ser meeira (a meeira tem direito a metade dos bens comuns); os filhos de João herdarão sozinhos (sem a participação de Maria) a casa ”B”; os filhos de João, em concorrência com Maria, herdarão também as casas “C” e “D” (bens particulares de João). 
O entendimento do STJ está em harmonia com o enunciado da Jornada de Direito Civil: Enunciado 270-CJF: O art. 1.829, inciso I, só assegura ao cônjuge sobrevivente o direito de concorrência com os descendentes do autor da herança quando casados no regime da separação convencional de bens ou, se casados nos regimes da comunhão parcial ou participação final nos aquestos, o falecido possuísse bens particulares, hipóteses em que a concorrência restringe-se a tais bens, devendo os bens comuns (meação) ser partilhados exclusivamente entre os descendentes. Resumindo: o cônjuge sobrevivente, casado sob o regime de comunhão parcial de bens, somente concorrerá com os descendentes do cônjuge falecido com relação aos bens particulares eventualmente constantes do acervo hereditário. STJ. 2ª Seção. REsp 1.368.123-SP, Rel. Min. Sidnei Beneti, Rel. para acórdão Min. Raul Araújo, julgado em 22/4/2015
IMPORTANTÍSSIMO!!! Ter em mente que O CÔNJUGE SOBREVIVENTE NÃO É HERDEIRO DA MEAÇÃO DO OUTRO NESSES CASOS.
IMPORTANTE!!! STJ 562 - DIREITO CIVIL. CÔNJUGE SUPÉRSTITE CASADO EM REGIME DE SEPARAÇÃO CONVENCIONAL E SUCESSÃO "CAUSA MORTIS".
O cônjuge, qualquer que seja o regime de bens adotado pelo casal, é herdeiro necessário (art. 1.845 do CC). No regime de separação convencional de bens, o cônjuge sobrevivente concorre com os descendentes do falecido. A lei afasta a concorrência apenas quanto ao regime da separação legal de bens previsto no art. 1.641 do CC. STJ. 2ª Seção. REsp 1.382.170-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, Rel. para acórdão Min. João Otávio de Noronha, julgado em 22/4/2015.
Obs. A meação do morto (a parte que cabia ao morto do patrimônio comum) somente será dividida entre os descendentes, nunca entre o cônjuge (salvo se o cônjuge não for meeiro - separação convencional).
Obs. O único caso em que o cônjuge e os descendentes recebem igualzinho é na separação convencional (já que não há meação).
3- ASCENDENTES EM CONCORRÊNCIA COM O CÔNJUGE SOBREVIVENTE
Se não existirem descendentes, estamos autorizados a passar para a próxima linha, que é a dos ascendentes. 
O grau mais próximo exclui o mais remoto. Ex. Sujeito morreu deixando a mãe e quatro avós. A mãe herda tudo. 
HAVENDO IGUALDADE EM GRAU, MAIS DIVERSIDADE EM LINHA, OS DA LINHA MATERNA RECEBEM METADE E DA PATERNA METADE. Pouco importa se tem mais ascendentes em uma linha do que na outra. Ex. Sujeito morre deixando apenas a avó materna e a avó e o avô paternos. Nesse caso, a avó materna recebe ½ e os avós paternos dividem a outra metade (1/4 da herança para cada). A divisão do patrimônio se dá em linhas, não pela quantidade de ascendentes. 
Art. 1.836. Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os ascendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente.
§ 1o Na classe dos ascendentes, o grau mais próximo exclui o mais remoto, sem distinção de linhas.
§ 2o Havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os ascendentes da linha paterna herdam a metade, cabendo a outra aos da linha materna.
IMPORTANTE!!! NÃO EXISTE DIREITO DE REPRESENTAÇÃO NA LINHA ASCENDENTES (SÓ na descendente). Ex. Sujeito morre deixando a mãe e os avós paternos (o pai era pré-morto). Nesse caso, a mãe herda tudo, porque os avós paternos não tem o direito de receber representando o pai. 
Art. 1.852. O DIREITO DE REPRESENTAÇÃO dá-se na linha reta descendente, mas NUNCA NA ASCENDENTE.
3.1 DIREITO DO CÔNJUGE AO CONCORRER COM O ASCENDENTE
a)	Se concorrer com mãe e pai do falecido, o cônjuge sobrevivente ficará com 1/3 da herança.
b)	Se concorrer só com mãe (ou só com o pai) do falecido, o cônjuge sobrevivente, recebe ½ da herança.
c)	Se concorrer com ascendentes em maior grau (avós, bisavós...), não importa a quantidade (podem ser, por exemplo, 4 avós) o cônjuge fica com a METADE (1/2).
Obs. Quer dizer, se o cônjuge concorrer com ascendentes de 1º grau (mãe e pai) a divisão é por igual. Se concorrer com ascendentes em maior grau (de avós para cima) o cônjuge fica com a metade e os ascendentes dividem a outra metade. 
Art. 1.837. Concorrendo com ascendente em primeiro grau, ao cônjuge tocará um terço da herança; caber-lhe-á a metade desta se houver um só ascendente, ou se maior for aquele grau.
4- CÔNJUGE OU COMPANHEIRO, SOBREVIVENTE
4.1 CÔNJUGE 
Na falta de descendentes e ascendentes, é o cônjuge quem recebe sozinho. 
IMPORTANTE!!! Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se este não era separado judicialmente ou separado de fato há mais de dois anos. Se separado de fato a mais de dois anos, poderá ser herdeiro se provar que o fim da convivência não se deu por culpa sua.
Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de fato há mais de dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente.
IMPORTANTE!!! Direito real de habitação. Em QUALQUER REGIME PATRIMONIAL o cônjuge sobrevivente tem direito real de habitação sobre o imóvel destinado à residência da família, se for o ÚNICO desse tipo que existir (TJ GO). 
Se existirem mais de um imóvel residencial não há que se falar em direito real de habitação;
Segundo Carlos Roberto Gonçalves, o direito real de habitação dura enquanto o cônjuge sobrevivente permanecer viúvo, sem constituir união estável. Porém, para a doutrina majoritária o fato de o cônjuge viúvo casar-se novamente não influencia em seu direito real de habitação. Isso se dá em razão de que a previsão legal que havia no CC/1916 no sentido da extinção do direito real de habitação em caso de novo casamento NÃO foi repetida pelo CC de 2002, não sendo devida, portanto, tal restrição. 
Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, QUALQUER QUE SEJA O REGIME DE BENS, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, DESDE QUE SEJA O ÚNICO DAQUELA NATUREZA A INVENTARIAR.
STJ 533 - DIREITO CIVIL. DIREITO REAL DE HABITAÇÃO.
A companheira sobrevivente faz jus ao direito real de habitação (art. 1.831 do CC) sobre o imóvel no qual convivia com o companheiro falecido, ainda que tenha adquiridooutro imóvel residencial com o dinheiro recebido do seguro de vida do de cujus.  REsp 1.249.227-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 17/12/2013.
STJ 541 - DIREITO CIVIL. INOPONIBILIDADE DO DIREITO REAL DE HABITAÇÃO NO CASO DE COPROPRIEDADE ANTERIOR À ABERTURA DA SUCESSÃO.
A viúva NÃO pode opor o direito real de habitação aos irmãos de seu falecido cônjuge na hipótese em que eles forem, desde antes da abertura da sucessão, coproprietários do imóvel em que ela residia com o marido. REsp 1.184.492-SE, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 1º/4/2014.
STJ 543 - DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECONHECIMENTO DO DIREITO REAL DE HABITAÇÃO DO COMPANHEIRO SOBREVIVENTE EM AÇÃO POSSESSÓRIA.
Ainda que o companheiro supérstite não tenha buscado em ação própria o reconhecimento da união estável antes do falecimento, é admissível que invoque o direito real de habitação em ação possessória, a fim de ser mantido na posse do imóvel em que residia com o falecido. Vale ressaltar que a constituição do direito real de habitação do cônjuge/companheiro supérstite emana exclusivamente da lei, “sendo certo que seu reconhecimento de forma alguma repercute na definição de propriedade dos bens partilhados. Em se tratando de direito ex vi lege, seu reconhecimento não precisa necessariamente dar-se por ocasião da partilha dos bens deixados pelo de cujus”. REsp 1.203.144-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 27/5/2014.
Obs. O cônjuge pode renunciar o direito real de habitação sem prejuízo de sua participação na herança. 
IMPORTANTE!!! Mesmo no regime de separação de bens (legal ou convencional) se o cônjuge morrer sem deixar testamento, se não houver descendente ou ascendente, o cônjuge sobrevivente é herdeiro de tudo. 
Obs. O casamento nulo somente produz efeito se putativo, beneficiando o cônjuge de boa fé. Na anulação do casamento em vida não há sucessão, pois os bens são partilhados por ambos. 
	O cônjuge é herdeiro necessário, tendo assim sempre direito a legítima. 
Obs. A jurisprudência tem admitido na separação legal e convencional a comunicação dos bens quando forem resultados do esforço comum dos cônjuges na constância do casamento. 
4.2 COMPANHEIRO
IMPORTANTE!!! Não existe previsão expressa que garanta direito real de habitação ao companheiro sobrevivente. Mesmo assim, a mais abalizada doutrina entende cabível o direito real de habitação por equiparação ao cônjuge (esse é o entendimento do enunciado nº 117 da I jornada de direito civil). 
Enunciado 117 – Art. 1831: O DIREITO REAL DE HABITAÇÃO DEVE SER ESTENDIDO AO COMPANHEIRO, seja por não ter sido revogada a previsão da Lei n. 9.278/96, seja em razão da interpretação analógica do art. 1.831, informado pelo art. 6º, caput, da CF/88.
	O STJ possui o entendimento tranquilo de que a companheira sobrevivente faz jus ao direito real de habitação sobre o imóvel no qual convivia com o companheiro falecido. A motivação é justamente a exposta no enunciado supra.
O direito sucessório do companheiro é menor que o do cônjuge por isso alguns entendem que o dispositivo contido no art. 1790 do CC é inconstitucional. A inconstitucionalidade está sendo julgada no RE 878694 no STF, onde 7 ministros já se manifestaram pela INCONSTITUCIONALIDADE do dispositivo legal. Argumentos do voto relator do Ministro Barroso, analisados pelo professor José Fernando Simão:
Não é legítimo desequiparar casamento e união estável para fins sucessórios, pois a hierarquização é incompatível com a Constituição Federal: União estável e casamento são formas distintas de constituição de família, mas não há hierarquia entre elas: não há uma melhor, nem uma pior.
(b) a diferenciação entre casamento e união estável pode ser legítima ou arbitrária: A ampliação do conceito de família não implicou equiparação absoluta entre casamento e união estável. Diferenças existem quanto à criação, comprovação e extinção. Logo, é possível que o legislador crie regimes diferentes para os institutos. A diferença não é, por si, inconstitucional.
Contudo, a questão é saber se a diferenciação é legítima ou arbitrária. Conforme o Ministro Barroso percebe-se uma linha condutora. Só é constitucional a diferença quando da criação, comprovação e extinção, logo, em termos de efeitos, união estável e casamento não podem ser diferenciados, sob pena de arbitrariedade e consequente inconstitucionalidade – as diferenças de EFEITOS são inconstitucionais.
Obs. Ao contrário do cônjuge, o companheiro NÃO está incluído no rol dos herdeiros necessários. 
IMPORTANTE!!! Segundo o art. 1790 o companheiro só concorre nos bens adquiridos onerosamente na constância da união estável.
Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes:
I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho;
II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles;
III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança;
IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança.
5- COLATERAIS
Os colaterais NÃO são herdeiros necessários (mas são herdeiros legítimos). Serão chamados a suceder os colaterais até o 4º grau (primo ou filho do sobrinho), mais do que isso não é parente sucessível (só podem receber por testamento). 
Obs. Se houver companheiro (1/3 da herança nesse caso), os colaterais concorrem com ele (art. 1790, III). 
O grau mais próximo afasta o mais remoto. Assim, os irmãos do morto afastam os tios.
IMPORTANTE!!! Somente os sobrinhos (filhos do irmão) têm direito a receber por estirpe, representando o irmão pré-morto. 
IMPORTANTE! Se concorrerem irmãos bilaterais com unilaterais, cada bilateral receberá o dobro do que o unilateral receber.
Art. 1.841. Concorrendo à herança do falecido irmãos bilaterais com irmãos unilaterais, cada um destes herdará metade do que cada um daqueles herdar.
Art. 1.842. Não concorrendo à herança irmão bilateral, herdarão, em partes iguais, os unilaterais.
Embora tios e sobrinhos sejam colaterais de terceiro grau, a lei dá preferência aos sobrinhos (força mais nova), que excluem os tios da herança.
Art. 1.843. Na falta de irmãos, herdarão os filhos destes e, não os havendo, os tios.
§ 1o Se concorrerem à herança somente filhos de irmãos falecidos, herdarão por cabeça.
§ 2o Se concorrem filhos de irmãos bilaterais com filhos de irmãos unilaterais, cada um destes herdará a metade do que herdar cada um daqueles.
§ 3o Se todos forem filhos de irmãos bilaterais, ou todos de irmãos unilaterais, herdarão por igual.
6- DO MUNICÍPIO, DO DISTRITO FEDERAL E DA UNIÃO 
Art. 1.844. Não sobrevivendo cônjuge, ou companheiro, nem parente algum sucessível, ou tendo eles renunciado a herança, esta se devolve ao Município ou ao Distrito Federal, se localizada nas respectivas circunscrições, ou à União, quando situada em território federal.
Atenção!!! O poder público não é herdeiro, não lhe sendo, por isso, reconhecido o direito de saisine. Apenas recolhe a herança na falta de herdeiros. 
Lembrar!!! Não havendo herdeiros, a herança torna-se jacente, transformando-se posteriormente em vacante, passando então os bens ao domínio público (5 anos). 
CAPÍTULO II
HERDEIROS NECESSÁRIOS
	Herdeiros LEGÍTIMOS
	Herdeiros NECESSÁRIOS
	Descendente
	Descendente
	Ascendente
	Ascendente
	Cônjuge
	Cônjuge
	Colateral 
	--------------
De acordo com o art. 1845, os herdeiros necessários são três: descendente; ascendente e cônjuge. 
Art. 1.845. São HERDEIROS NECESSÁRIOS os descendentes, os ascendentes e o cônjuge.
A esses herdeiros é assegurado pelo menos a legítima (salvo se tiverem sido excluídos por indignidade ou por deserdação).
Legítima é 50% do patrimônio do morto que obrigatoriamentedeve ficar para os herdeiros necessários. 
Quer dizer, se o morto tiver qualquer desses parentes, deverá deixá-los ao menos 50% de seu patrimônio, podendo dispor livremente do restante. 
IMPORTANTE!!! Não quer dizer que a legítima será repartida entre os herdeiros necessários. Lembrar que existe a ordem de vocação hereditária, onde uns excluem os outros. 
Calcula-se a legítima de acordo com o montante do patrimônio líquido existente na época da morte (excluídas as dívidas).
Como só aos descendentes, ascendentes e cônjuge é assegurado o direito à legítima, os colaterais podem ser excluídos da sucessão (se não contemplados em testamento). 
Existem duas formas de privar o herdeiro necessário da legítima:
a) Exclusão por indignidade: feita pelos interessados
b) Deserdação: feita pelo autor da herança 
IMPORTANTE!!! Os bens da legítima devem chegar aos herdeiros necessários de forma livre e desimpedida, para que esses façam o que quiser com patrimônio herdado advindo da legítima. Dessa forma, o art. 1848 dispõe que NÃO é possível ao falecido gravar os bens da legítima com cláusula de inalienabilidade, incomunicabilidade e impenhorabilidade, SALVO se houver justo motivo, declarado em testamento, para impor essas restrições.
Art. 1.848. Salvo se houver justa causa, declarada no testamento, não pode o testador estabelecer cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade, e de incomunicabilidade, sobre os bens da legítima.
Obs. Essa limitação só se refere aos bens da legítima. Os bens da parte disponível podem ser gravados como o testador quiser. 
IMPORTANTE!!! Os bens da legítima não podem, também, ser objeto de fideicomisso, pois se trata de uma espécie de restrição. 
Dispõe o art. 1848 § 2º que, mediante autorização judicial e havendo justa causa, podem ser alienados os bens gravados, convertendo-se o produto em outros bens, que ficarão sub-rogados nos ônus dos primeiros.
Prescreve o Art. 1.849: O herdeiro necessário, a quem o testador deixar a sua parte disponível, ou algum legado, não perderá o direito à legítima.
	De acordo com o art. 1850, os herdeiros colaterais podem ser excluídos da sucessão. Para isso, basta que o testador não os contemple em testamento. 
IMPORTANTE!!! Cláusulas restritivas. O CC proíbe expressamente a conversão dos bens da legítima em outra de espécie diversa. 
Art. 1848 
§ 1o Não é permitido ao testador estabelecer a conversão dos bens da legítima em outros de espécie diversa.
	Veda, ainda, a imposição de cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade sobre os bens da legitima, salvo se houver justa causa, declarada no testamento. 
Art. 1.848. SALVO SE HOUVER JUSTA CAUSA, declarada no testamento, não pode o testador estabelecer cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade, e de incomunicabilidade, sobre os bens da legítima.
	A limitação restringe-se ao testador e a legítima, não alcançando a parte disponível nem o doador.
Obs. Art. 1911 CC.
Art. 1.911. A cláusula de INALIENABILIDADE, imposta aos bens por ato de liberalidade, implica impenhorabilidade e incomunicabilidade.
Lembrar!!! A inalienabilidade é a mais abrangente.
Obs. A cláusula de incomunicabilidade não implica em inalienabilidade. 
Obs. Os frutos e rendimentos caracterizam-se pela alienabilidade, pois se destinam a satisfação das necessidades do titular da coisa. Desse modo, a cláusula de inalienabilidade, segundo a melhor doutrina, não afeta os frutos. 
CAPÍTULO III 
DIREITO DE REPRESENTAÇÃO
A sucessão pode ser por DIREITO PRÓPRIO (CABEÇA) ou por ESTIRPE (REPRESENTAÇÃO). 
A sucessão por representação é quando se atribui direito sucessório a pessoas que normalmente não sucederiam por existir grau mais próximo. Ex. Sujeito morre deixando um filho e três netos, filhos de outro filho pré-morto. Normalmente, esses netos não sucederiam, pois existe grau mais próximo (filho). Entretanto, eles herdam representando seu pai (filho pré-morto do autor da herança).
IMPORTANTE!!! A REPRESENTAÇÃO É RESTRITA À SUCESSÃO LEGÍTIMA, INEXISTINDO REPRESENTAÇÃO NA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA. Ex. Coloco no meu testamento: deixo 15% dos meus bens para o Rafael. Só que o Rafael morre antes de mim. Nesse caso, os filhos do Rafael não tem direito de herdar representando o Rafael.
IMPORTANTE!!! A indignidade e a deserdação geram os mesmos efeitos da pré-morte (já que se trata de pena que, que como tal, não passa da pessoa do apenado). A renúncia, por sua vez, NÃO gera esse efeito (já que é ato voluntário). Ninguém pode suceder representando herdeiro renunciante. 
IMPORTANTE!!! Na linha ascendente não existe direito de representação (1852). Ex. Eu morro. Meu pai já era morto antes de mim. Meus avós não podem herdar representando meu pai (minha mãe herda tudo).
Na linha colateral, o direito de representação é restrito aos sobrinho (filhos de irmão do falecido). Ex. Eu morro. O meu irmão já era morto antes. Não deixo descendentes, ascendentes, nem cônjuge. Os filhos do meu irmão herdarão. 
Na linha descendente o direito de representação se aplica indistintamente.
Obs. O representante tem que ter legitimação para herdar do representado, no momento da abertura da sucessão (o excluído da sucessão do pai não pode representar na sucessão do avô). 
Art. 1.854. Os representantes só podem herdar, como tais, o que herdaria o representado, se vivo fosse.
	E de acordo com o art. 1856 CC:
Art. 1.856. O renunciante à herança de uma pessoa poderá representá-la na sucessão de outra.
Ex. Eu renuncio a herança do meu pai, mas posso lhe representar na herança do meu avô. 
IMPORTANTE!!! Os netos, representando seus pais, são obrigados a colacionar os bens que receberam do avô (lembrar que ASCENDENTE NÃO COLACIONA). 
TÍTULO III
SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA
CAPÍTULO
TESTAMENTO EM GERAL
1- CONCEITO
O autor da herança pode dispor de seu patrimônio da forma que quiser, alterando a ordem de vocação hereditária prevista em lei, respeitando a legítima dos herdeiros necessários. Isso se dá por testamento, que é o ato de disposição de última vontade em que o morto deixa registrada a maneira que quer dispor do seu patrimônio para depois de sua morte. A sucessão testamentária decorre de expressa manifestação de ultima vontade, em testamento ou codicilo. 
O testamento é ato personalíssimo e REvogável.
Art. 1.858. O testamento é ato personalíssimo, podendo ser mudado a qualquer tempo.
O testamento comporta cláusulas não patrimoniais (Ainda que só existam essas. Ex. Reconhecimento de filho – essa cláusula é irrevogável). 
Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens, ou de parte deles, para depois de sua morte.
§ 1o A legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída no testamento.
§ 2o São válidas as disposições testamentárias de caráter não patrimonial, ainda que o testador somente a elas se tenha limitado.
Extingue-se em cinco anos o direito de impugnar o testamento.
	A melhor doutrina entende por ser aplicável o art. 170 CC ao testamento nulo, permitindo sua conversão quando esta for possível. 
Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade.
2- CARACTERÍSTICAS
As principais características do testamento são: 
a) Ato personalíssimo: é privativo do autor da herança, não podendo ser feito nem mesmo por procurador com poderes especiais. 
b) Negócio jurídico unilateral: aperfeiçoa-se com uma única manifestação de vontade
IMPORTANTE!!! É proibido o testamento conjuntivo (feito por duas pessoas) em qualquer de suas modalidades: simultâneo (disposições conjuntas em favor de terceira pessoa), recíproco (estabelecendo benefícios mútuos) ou correspectivo (disposições em retribuição de outras correspondentes). 
Obs. Justificam-se essas proibições, pois tais disposições constituem espécie de pacto sucessório.Obs. O que é vedado é a feitura conjunta no mesmo instrumento. Elaborando os testamentos separadamente, ainda que na mesma ocasião e perante o mesmo tabelião, podem deixar os bens uns para o outro. 
c) Ato solene: o testamento é um dos atos jurídicos mais solenes que existem (junto com o casamento).
d) Ato gratuito: não visa a obtenção de vantagem para o testador. A estipulação de encargo não retira essa característica.
e) Revogável: o testamento é ato revogável, podendo o testador arrepender-se e voltar atrás. 
EXCEÇÃO!!! O reconhecimento de filho é irrevogável. Assim, a parte do testamento que, por ventura, tratar de reconhecimento de filho não pode ser revogável. Todo o restante pode ser revogado. 
IMPORTANTE!!! A revogabilidade do testamento é garantia de ordem pública. Assim, não valerá a cláusula que estabelecer que o testamento é irrevogável. 
f) Causa mortis: só produz efeitos para depois da morte.
CAPÍTULO II
CAPACIDADE DE TESTAR
A capacidade de testar é a regra. Só não podem testar os incapazes e os que no ato de testar não tenham pleno discernimento.
Art. 1.860. Além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não tiverem pleno discernimento.
Parágrafo único. Podem testar os MAIORES DE DEZESSEIS ANOS.
IMPORTANTE!!! Aos 16 anos o cara adquire a capacidade de testar independentemente de assistência (de casar também, mas para casar precisa de autorização). 
A capacidade deve ser auferida no momento em que o testamento é elaborado. A incapacidade superveniente não invalida o testamento feito quando a pessoa era capaz. Da mesma forma, o fato da pessoa que ao testar era incapaz tornar-se capaz, não valida o testamento.
Art. 1.861. A incapacidade superveniente do testador não invalida o testamento, nem o testamento do incapaz se valida com a superveniência da capacidade.
CAPÍTULO III
FORMAS ORDINÁRIAS DE TESTAMENTO
Existem três formas ordinárias (comuns) de testamento: testamento público, testamento cerrado e testamento particular. 
IMPORTANTE!!! O testador NÃO pode inventar um meio próprio de testar, ele deverá seguir uma das opções estabelecidas em lei.
Obs. Um escrito particular, que não se reveste das formalidades legais, não pode ser considerado testamento. Até pode ser considerado codicilo se as disposições forem compatíveis. 
1- TESTAMENTO PÚBLICO
É o escrito pelo tabelião em seu livro de notas, de acordo com as declarações do testador, feitas na presença de duas testemunhas. É o mais seguro entre os tipos de testamento. Qualquer pessoa pode conhecer o seu teor. 
Na prática o testador vai até o cartório e, na presença de duas testemunhas, fala para o tabelião como quer dividir seu patrimônio. O tabelião vai anotando tudo em livro próprio. Depois de pronto, o tabelião lê (em voz alta) o que está escrito para o testador e para as testemunhas. 
1.1 REQUISITOS 	
a) Deve ser escrito manualmente ou mecanicamente, na língua nacional.
b) Deve ser lido em voz alta pelo tabelião ao testador e as duas testemunhas, a um só tempo; ou pelo testador, se o quiser, na presença destas e daquelas. 
c) Se o testador não quiser, ou não souber assinar, o tabelião assim o declarará, assinando, nesse caso, pelo testador, e a seu rogo, uma das testemunhas instrumentárias. 
IMPORTANTE!!! Como o testador deve falar ao tabelião o que quer e depois, ouvir a leitura, o surdo-mudo não pode fazer testamento público. 
O surdo que sabe ler pode fazer testamento público. Nesse caso, ele mesmo lê o testamento é vê se está ali tudo o que ele falou.
Art. 1.866. O indivíduo inteiramente surdo, sabendo ler, lerá o seu testamento, e, se não o souber, designará quem o leia em seu lugar, presentes as testemunhas.
IMPORTANTE!!! O cego SÓ pode testar por testamento público, que lhe será lido duas vezes (já que no testamento público o sujeito não tem que ler nem escrever, basta falar e ouvir). 
Art. 1.867. AO CEGO SÓ SE PERMITE O TESTAMENTO PÚBLICO, que lhe será lido, em voz alta, duas vezes, uma pelo tabelião ou por seu substituto legal, e a outra por uma das testemunhas, designada pelo testador, fazendo-se de tudo circunstanciada menção no testamento.
O analfabeto também só pode testar por testamento público (já que no testamento público o sujeito não tem que ler nem escrever, basta falar e ouvir).
2- TESTAMENTO CERRADO
É também chamado de secreto ou místico porque, antes da morte, só o testador conhece o seu teor. Essa é a grande vantagem do testamento cerrado. 
É escrito pelo próprio testador ou por alguém a seu rogo (que não pode ser herdeiro ou legatário) e só tem eficácia após o auto de aprovação, lavrado por tabelião. 
IMPORTANTE!!! Se apresentado em juízo com o lacre violado será reputado revogado. 
EXCEÇÃO!!! Não se terá por revogado o testamento cerrado se ficar provado que a abertura foi feita contra a vontade do testador, ardilosa ou acidentalmente (para não beneficiar aquele que abriu o testamento só para que este fosse revogado). 
Requisitos do testamento cerrado:
a) cédula testamentária
b) ato de entrega
c) auto de aprovação
d) cerramento
 
O cego e o analfabeto, por não poderem ler, não têm como atestar o que está escrito no testamento. Assim, mesmo que possam pedir para alguém escrever a seu rogo, não poderão fazer testamento cerrado. 
O surdo-mudo, que sabe ler e escrever ou ao menos ler poderá fazer testamento cerrado. 
Obs. O testamento pode ser em língua nacional ou estrangeira, mesmo porque ninguém precisa saber o que está escrito. 
A entrega ao tabelião deve ser feita na presença de duas testemunhas que só testemunharão a entrega e a lavratura do auto de apresentação, não o teor do testamento.
A última fase é o cerramento (lacre, cozimento). 
Depois de lacrado, o testamento será entregue ao testador. O tabelião lavrará em livro próprio nota do lugar, dia, mês e ano em que for aprovado e entregue o testamento. 
Falecido o testador, o testamento será entregue ao juiz que, se estiver lacrado, mandará cumpri-lo.
Resumindo!!! Não podem fazer o testamento cerrado os analfabetos e os cegos. Cego SÓ pode fazer testamento público.
3- TESTAMENTO PARTICULAR
É a forma menos segura de testar. O testador o escreve e assina. Após, lê para três testemunhas que também assinam. Não pode conter rasuras nem espaços em branco. 
Para valer, depende de confirmação em juízo pelas três testemunhas. 
	Pode ser escrito em língua estrangeira contanto que as testemunhas o compreendam. 
Art. 1.880. O testamento particular pode ser escrito em língua estrangeira, contanto que as testemunhas a compreendam.
Obs. Basta que UMA testemunha confirme para o juiz considerar válido.
EXCEÇÃO!!! O CC/02 trouxe uma exceção: em circunstâncias excepcionais declaradas na cédula, o juiz pode considerar válido o testamento particular sem testemunhas. 
O testamento particular é franqueado a quem saiba ler e escrever, não sendo admitida assinatura a rogo. Portanto, não podem dele se utilizar os cegos, os analfabetos e os incapacitados de escrever. 
CAPÍTULO IV
DOS CODICILOS
Trata-se de um ato de disposição de última vontade reservado para disposições de pequeno valor. Não exige formalidades. Basta tenha sido escrito, datado e assinado pelo morto.
Art. 1.881. Toda pessoa capaz de testar poderá, mediante escrito particular seu, datado e assinado, fazer disposições especiais sobre o seu enterro, sobre esmolas de pouca monta a certas e determinadas pessoas, ou, indeterminadamente, aos pobres de certo lugar, assim como legar móveis, roupas ou jóias, de pouco valor, de seu uso pessoal.
Obs. Não precisa ser por instrumento público nem exige a presença de testemunha etc. pode assumir a forma de autônomo ou complementar do testamento. 
Pode ser usado pelo testador para várias finalidades, como:
a) fazer disposições sobre seu enterro;

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