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CAPÍTULO III PROPRIEDADES FÍSICAS DA MADEIRA 1. Generalidades O conhecimento das propriedades físicas da madeira é de grande importância, uma vez que tais propriedades podem influenciar, de modo significativo, o desempenho e a resistência da madeira utilizada estruturalmente. Entre os diversos fatores que podem influenciar as características físicas da madeira, podem ser destacados: classificação botânica; solo e clima da região de origem da árvore; fisiologia da árvore; anatomia do tecido lenhoso; variação da composição química. 1. Generalidades É de fundamental importância, para a adequada utilização da madeira como material de construção, o conhecimento das seguintes propriedades físicas: umidade; densidade; retratibilidade; resistência ao fogo; durabilidade natural e; resistência química. 1. Generalidades Deve-se atentar também para o fato de que, a madeira é um material ortotrópico, ou seja, com comportamentos diferentes em relação à direção de crescimento das fibras. Em outras palavras, devido à orientação das fibras e à sua forma de crescimento, as propriedades variam de acordo com 3 eixos ortogonais: longitudinal, radial e tangencial. Nas direções radial e tangencial as diferenças das propriedades são relativamente menores, quando comparadas com a direção longitudinal. 2. Teor de Umidade A umidade da madeira é determinada pela seguinte expressão: Onde: m1 é a massa úmida; m2 é a massa seca e; U é o teor de umidade (%). A NBR 7190/97: Projeto de Estruturas de Madeira apresenta, em seu Anexo B, um roteiro detalhado para a determinação da umidade de amostras de madeira. 2. Teor de Umidade A água é de suma importância para o crescimento e desenvolvimento da árvore, constituindo-se em uma grande porção da madeira verde e apresentando-se como: água livre (nas cavidades das células) e; água impregnada (nas paredes das células). Após o corte, a árvore tende a perder: rapidamente, a água livre e; mais lentamente, a água de impregnação; produzindo-se o equilíbrio com a umidade e a temperatura do ambiente. 2. Teor de Umidade O teor de umidade correspondente ao mínimo de água livre é denominado “ponto de saturação das fibras”, correspondente a 25% para as madeiras brasileiras. Este ponto é atingido sem a ocorrência de problemas para a estrutura da madeira, mas a perda adicional da água é acompanhada de: retração (redução das dimensões) e aumento da resistência. É importante destacar, ainda, que a umidade exerce uma grande influência na densidade da madeira e que, para fins de aplicação estrutural e de classificação de espécies, a NBR 7190/97 especifica a umidade de 12% como referência para a realização de ensaios destinados à obtenção de valores de resistência a serem utilizados nos cálculos. 3. Densidade A norma brasileira apresenta 2 definições para a densidade: a) densidade básica: massa específica convencional, ou seja, a razão entre a massa seca e o volume saturado; b) densidade aparente: determinada para a umidade padrão de referência (12%), utilizada para classificação da madeira e nos cálculos de estruturas. Para a determinação da densidade, assim como para a determinação da umidade, a NBR 7190/97 estabelece que os corpos de prova devem ter: - forma prismática; - seção retangular de 2,0cm x 3,0cm de lado e; - comprimento, ao longo das fibras, de 5,0 cm. Entretanto, se a distância radial entre os anéis de crescimento for superior a 4mm, é necessário que a seção transversal do corpo de prova seja aumentada para abranger, pelo menos, cinco anéis de crescimento. 4. Retratibilidade É definida como a redução das dimensões de uma peça de madeira, devida à perda de água de impregnação, assumindo diferentes porcentagens nas direções tangencial, radial e longitudinal. A maior retração ocorre na direção tangencial, com até 10% de variação dimensional, o que pode causar problemas de torção nas peças de madeira. Na direção radial a variação dimensional pode atingir 6%, ocasionando rachaduras nas peças, enquanto a menor variação ocorre na direção longitudinal, assumindo valores da ordem de 0,5%. 4. Retratibilidade O gráfico abaixo apresenta uma ilustração qualitativa da retração nas peças de madeira. Pode ocorrer ainda o processo inverso, denominado “inchamento”, devido à exposição da madeira a condições de alta umidade, verificando-se a absorção de água e o consequente aumento nas dimensões das peças. 5. Resistência ao fogo A madeira, erroneamente, é considerada um material de baixa resistência ao fogo mas, quando bem dimensionada, pode apresentar um comportamento razoavelmente favorável. Uma peça de madeira, exposta ao fogo, torna-se um combustível para a propagação das chamas. Com o tempo, porém, ocorre a carbonização da camada mais externa, que mantém as chamas, mas esta camada auxilia na contenção do incêndio, tornando-se um isolante térmico, desprendendo-se da peça não afetada pelas chamas e evitando que toda a peça seja destruída. A proporção de madeira carbonizada varia de acordo com a espécie e as condições de exposição ao fogo. A região intermediária, não carbonizada mas queimada, ou seja, também afetada pelo fogo, não deve ser levada em consideração na resistência. 5. Resistência ao fogo Outra característica importante da madeira, em relação ao fogo, é o fato de não apresentar qualquer distorção quando submetida a altas temperaturas, dificultando assim a ruína da estrutura. 6. Durabilidade Natural Relativamente à biodeterioração, a durabilidade depende: da espécie e; das características anatômicas. Outro ponto importante é: a região da tora da qual a peça foi extraída, uma vez que as regiões mais centrais do tronco (medula e alburno) são mais vulneráveis aos ataques biológicos. A baixa durabilidade natural de algumas espécies pode ser compensada por um tratamento preservativo adequado. 7. Resistência Química De modo geral, a madeira apresenta boa resistência a ataques químicos, embora possa sofrer danos devido: ao ataque de ácidos ou; bases fortes. O ataque das bases fortes provoca o aparecimento de manchas esbranquiçadas, decorrentes da ação sobre a lignina e hemicelulose da madeira. Já os ácidos podem causar redução de peso e de resistência da madeira. CAPÍTULO IV PROPRIEDADES MECÂNICAS DA MADEIRA 1. Generalidades As propriedades mecânicas são as responsáveis pela resposta do material quando solicitado por ações externas, sendo classificadas como: - propriedades de resistência e; - propriedades de elasticidade. A NBR 7190/97 apresenta os métodos e procedimentos de ensaio para a determinação dos valores das propriedades representativas: - da resistência da madeira e; - da rigidez da madeira. 2. Propriedades Elásticas Elasticidade é a capacidade do material retornar à forma inicial, após cessada a ação externa que o solicitava, sem apresentar deformação residual. Apesar de não ser um material elástico ideal, a madeira pode ser considerada como tal para a maioria das aplicações estruturais. A exemplo de outros materiais, as propriedades elásticas da madeira são descritas por 3 constantes: o módulo de elasticidade longitudinal (E); o módulo de elasticidade transversal (G) e; o coeficiente de Poisson (ν). Como a madeira é um material ortotrópico, as propriedades de elasticidade variam de acordo com a direção das fibras em relação à direção de aplicação das ações externas. 2. Propriedades Elásticas (a) Módulo de Elasticidade Longitudinal (E): A norma brasileira adota 3 valorespara o módulo de elasticidade: módulo de elasticidade longitudinal (E0), determinado através do ensaio de compressão paralela às fibras da madeira; módulo de elasticidade normal (E90), que pode ser representado como uma fração do módulo de elasticidade longitudinal ou ser determinado em laboratório e; módulo de elasticidade na flexão (EM), que também pode ser determinado de acordo com o método de ensaio apresentado pela NBR 7190/97. Esses 3 valores podem ser relacionado de acordo com as expressões: 2. Propriedades Elásticas (b) Módulo de Elasticidade Transversal (G): De acordo com a norma brasileira, o módulo de elasticidade transversal pode ser estimado como igual a 5% do valor do módulo de elasticidade longitudinal, ou seja: 2. Propriedades Elásticas (c) Coeficiente de Poisson (ν): Considerando-se que os valores dos módulos de elasticidade normal, na flexão e transversal já são definidos e em função de percentuais do valor do módulo de elasticidade longitudinal, a NBR 7190/97 não traz, em seu texto, nenhuma especificação a respeito dos valores do coeficiente de Poisson para a madeira. 3. Propriedades de Resistência Da mesma forma como exposto anteriormente, as propriedades de resistência da madeira, que representam os valores das resistências últimas do material quando submetido a ações externas, também diferem segundo os 3 eixos principais, embora com valores muito próximos: nas direções tangencial e radial. Assim, as propriedades de resistência são analisadas, geralmente, segundo 2 direções: paralela às fibras e; normal às fibras. 3. Propriedades de Resistência (a) Compressão: Sob ações de compressão, devem ser analisadas as situações de solicitação: normal em relação às fibras; paralela em relação às fibras e; inclinada em relação às fibras. Para uma peça de madeira solicitada por compressão paralela às fibras: as forças agem paralelamente à direção do comprimento das células as quais, atuando em conjunto, conferem uma grande resistência à madeira. 3. Propriedades de Resistência No caso de compressão normal às fibras, a madeira apresenta menores valores de resistência, uma vez que as fibras, solicitadas por forças normais ao seu comprimento, apresentam baixa resistência. Os valores da resistência à compressão, nessa condição, são da ordem de ¼ dos valores apresentados pela madeira na compressão paralela. Para as solicitações inclinadas em relação às fibras da madeira, adotam-se valores intermediários entre a compressão paralela e a normal , obtidos através da expressão proposta por Hankinson: Onde: θ é o ângulo formado pela direção de aplicação da ação e a direção das fibras da madeira. 3. Propriedades de Resistência (b) Tração: Em peças de madeira podem ocorrer duas situações distintas de solicitação à tração: paralela às fibras ou; perpendicular às fibras. Observando-se uma considerável diferença nos respectivos valores de resistência. 3. Propriedades de Resistência A ruptura, por tração paralela às fibras, pode ocorrer: por deslizamento entre as células ou; por ruptura das paredes das mesmas, apresentando, em ambos os casos: - baixos valores de deformação e; - elevados valores de resistência. Para tração normal às fibras a madeira apresenta: baixos valores de resistência, devendo-se evitar tal situação em projeto. Pelas figuras, é possível observar que: para tração perpendicular à direção das fibras, os esforços tendem a separá-las, alterando significativamente a integridade estrutural da madeira. 3. Propriedades de Resistência (c) Cisalhamento: Podem ocorrer 3 tipos de cisalhamento em peças de madeira: cisalhamento vertical, cisalhamento horizontal e cisalhamento perpendicular (“rolling”). O cisalhamento vertical ocorre: quando o esforço externo atua no sentido perpendicular às fibras, não mostrando-se crítico para a madeira, uma vez que primeiro ocorrerão problemas devido à compressão normal às fibras. 3. Propriedades de Resistência Os outros dois tipos referem-se, respectivamente, às ações aplicadas: na direção longitudinal das fibras e; na direção perpendicular às linhas dos anéis de crescimento. O caso mais crítico é o do cisalhamento horizontal, que pode levar à ruptura pelo escorregamento entre as células da madeira, enquanto o cisalhamento perpendicular produz uma “rolagem” das células, umas sobre as outras, na direção transversal à direção das fibras. 3. Propriedades de Resistência (d) Flexão Simples: Quando a madeira é solicitada à flexão simples ocorrem 4 tipos de esforços: compressão paralela às fibras; tração paralela às fibras; cisalhamento horizontal; compressão normal às fibras na região dos apoios. A ruptura ocorre pela formação de minúsculas falhas de compressão, seguidas pelo desenvolvimento de macroscópicos enrugamentos, também de compressão. Este fenômeno gera: - o aumento da área comprimida na seção e; - a redução da área tracionada, o que pode acarretar, eventualmente, ruptura por tração. 3. Propriedades de Resistência (e) Torção: As propriedades, para este tipo de solicitação, são pouco conhecidas. A NBR 7190/96 recomenda evitar a torção em peças de madeira, uma vez que pode ocorrer ruptura por tração normal às fibras, decorrente da atuação de um estado múltiplo de tensões. 3. Propriedades de Resistência (f) Resistência ao Choque: É a capacidade de absorver, rapidamente, a energia dissipada pela deformação produzida. A madeira é considerada como um material de ótima resistência ao choque, prevendo-se, na NBR 7190/96, o ensaio de flexão dinâmica, embora existam várias formas de quantificar este tipo de resistência. 4. Fatores de Influência Sendo a madeira um material de origem biológica, ela está sujeita a variações em sua estrutura que podem acarrear mudanças nas suas propriedades, decorrentes, principalmente: (a) fatores anatômicos; (b) defeitos por ataques biológicos; (c) defeitos de secagem; (d) defeitos de processamento da madeira. 4. Fatores de Influência (a) Fatores Anatômicos - Dentre os fatores anatômicos, destacam-se: i) Densidade: quanto maior a densidade → maior é a quantidade de madeira por volume → a resistência também aumenta. Cuidados devem ser tomados na determinação e utilização dos valores da densidade, uma vez que a presença de nós, resinas e extratos pode aumentar a densidade sem, contudo, contribuir para uma melhoria efetiva da resistência. ii) Inclinação das fibras: refere-se ao desvio da orientação das fibras da madeira, em relação à borda da peça, exercendo, a partir de certos valores, significativa influência sobre as propriedades da madeira. A NBR 7190/97 permite desconsiderar a influência para inclinações de até 6º. A partir deste valor, deve-se verificar a variação do valor das propriedades, utilizando-se a expressão de Hankinson ( fcθ ). 4. Fatores de Influência iii) nós: são originários dos galhos existentes nos troncos. Tanto os nós soltos quanto os firmes reduzem a resistência pelo fato de interromperem a continuidade e/ou a direção das fibras, podendo causar efeitos localizados de concentração de tensões, com maior influência na tração. 4. Fatores de Influência iv) falhas naturais da madeira: entre os principais tipos de falhas que podem ocorrer devido à natureza da madeira, destacam-se: o encurvamento do tronco e dos galhos durante o crescimento da árvore, o que produz alteração do alinhamento das fibras e influencia a resistência; a presença de “alburno” (camada entrea medula e o cerne) que, por suas próprias características físicas, apresenta menores valores de resistência. 4. Fatores de Influência v) presença de medula: provoca diminuição da resistência mecânica e facilidade de ataque biológico, proporcionando o aparecimento de rachaduras, devidas a tensões internas decorrentes do processamento; vi) faixas de parênquima: as parênquimas são células esféricas ou cúbicas de substâncias não absorvidas que, quando depositadas em faixas, reduzem a capacidade de resistência mecânica (compressão) e podem causar a ruína da peça por separação dos anéis. 4. Fatores de Influência (b) Defeitos por ataques biológicos Os defeitos por ataques biológicos constituem-se no principal fator ambiental de influência nas propriedades da madeira. Esses defeitos podem ser devidos à ação de fungos ou insetos, estes últimos causando perfurações (pequenas ou grandes) e os primeiros introduzindo manchas azuladas e podridões. 4. Fatores de Influência (c) Defeitos de secagem Esses defeitos são provenientes da deficiência dos sistemas de secagem e armazenamento das peças, podendo ocorrer encanoamento, encurvamento, arqueamento, torcimento e/ou rachaduras. 4. Fatores de Influência (d) Defeitos de processamento da madeira São originados na manipulação, transporte, armazenamento e desdobragem da madeira, podendo ocasionar arestas quebradas e/ou variação da seção transversal, como mostrado na figura abaixo. É necessário frisar-se, ainda, que a durabilidade da madeira também deve merecer cuidados, uma vez que a exposição prolongada a fatores de deteriorização, podem também afetar as propriedades mecânicas. 5. Dimensões Comerciais da Madeira A Tabela 1 apresenta a nomenclatura e as dimensões das madeiras encontradas comercialmente no Brasil. CAPÍTULO V CONSIDERAÇÕES GERAIS DE DIMENSIONAMENTO 1. Generalidades De acordo com a NBR7190/97, um projeto de estrutura em madeira deve ser composto por: memorial justificativo; desenhos e; plano de execução quando existirem particularidades do projeto que interfiram na construção. Os desenhos devem estar de acordo com o disposto no Anexo A da norma, mantendo-se coerência de nomenclatura entre o memorial justificativo, os desenhos e as relações entre os cálculos e detalhamentos. 1. Generalidades O memorial justificativo deve conter os seguintes elementos: - descrição do arranjo global tridimensional da estrutura; - esquemas adotados na análise dos elementos estruturais; - análise estrutural; - propriedades dos materiais; - dimensionamento e detalhamento esquemático das peças estruturais; - dimensionamento e detalhamento esquemático das emendas, uniões e ligações. 2. Hipóteses Básicas de Segurança O dimensionamento de uma estrutura de madeira obedece aos princípios do Método dos Estados Limites, definidos como as situações a partir das quais a estrutura apresenta desempenho insatisfatório quanto à segurança ou às finalidades da construção. As verificações devem ser com base: Estados Limites Últimos; Estados Limites de Utilização. 2. Hipóteses Básicas de Segurança (a) Estados limites últimos São definidos como os estados que, por sua simples ocorrência, determinam a paralisação, no todo ou em parte, da utilização da construção. No projeto, usualmente, devem ser considerados os estados limites últimos caracterizados por: perda de equilíbrio, global ou parcial, admitida a estrutura como um corpo rígido; ruptura ou deformação plástica excessiva dos materiais; transformação da estrutura, no todo ou em parte, em sistema hipostático; instabilidade por deformação; instabilidade dinâmica (ressonância). 2. Hipóteses Básicas de Segurança (b) Estados limites de utilização São caracterizados como estados limites de utilização as situações que, por sua ocorrência, repetição ou duração, causam efeitos estruturais que não respeitam as condições especificadas para a utilização normal da construção. No projeto, usualmente, devem ser considerados os estados limites de utilização caracterizados por: deformações excessivas, que afetem a utilização normal da construção, comprometam seu aspecto estético, prejudiquem o funcionamento de equipamentos ou instalações ou causem danos aos materiais de acabamento ou às partes não estruturais da construção; vibrações de amplitude excessiva que causem desconforto aos usuários ou causem danos à construção ou ao seu conteúdo. 3. Ações A NBR 8681 (Ações e Segurança nas Estruturas) define ações como as causas que provocam o aparecimento de esforços solicitantes ou deformações nas estruturas, podendo ser de três tipos: a) permanentes: ações que apresentam pequena variação durante praticamente toda a vida útil da estrutura; b) variáveis: ações que apresentam variações significativas nos seus valores durante a vida útil da construção; c) excepcionais: ações que apresentam duração extremamente curta, e com baixa probabilidade de ocorrência, durante a vida da construção. 3. Ações 3. Ações Para a elaboração dos projetos, as ações devem ser combinadas, com a utilização de coeficientes, para levar-se em consideração a probabilidade de ocorrência simultânea e obter-se a situação mais crítica para a estrutura. No caso específico de cargas de curta duração, devido ao bom comportamento estrutural da madeira para este tipo de ação, pode-se reduzir as solicitações em 25% na verificação de segurança para estados limites últimos. Entretanto, na verificação de peças metálicas, inclusive nos elementos de ligação, deve ser considerada a totalidade dos esforços devidos à ação do vento. 3. Ações (a) Classes de carregamento Uma combinação qualquer de ações é denominada carregamento, cuja classe é definida pela duração acumulada prevista para a ação variável tomada como principal em cada combinação, como apresentado na Tabela 2. 3. Ações (b) Combinações ou Carregamentos Em função das ações que são combinadas para formar um dado carregamento, este pode ser definido como: Combinação normal: quando inclui apenas as ações decorrentes do uso previsto para a construção, considerado de longa duração e aplicável para verificações de estados limites últimos e de utilização. Exemplos: coberturas ⇒ peso próprio + vento pontes ⇒ peso próprio + trem tipo 3. Ações Combinação especial: quando inclui as ações variáveis de natureza ou intensidade especiais, cujos valores superam, em intensidade, os efeitos produzidos pelas ações consideradas no carregamento normal. Admitindo-se que a classe do carregamento seja definida pela duração acumulada prevista para a ação variável especial. Exemplo: transporte de um equipamento especial sobre uma ponte, com efeitos superiores aos produzidos pelo trem-tipo considerado. Combinação excepcional: quando inclui ações cuja ocorrência possa provocar efeitos catastróficos na estrutura, admitindo-se a classe de carregamento como de duração instantânea. Exemplo: ação de um terremoto. 3. Ações Combinação de construção: trata-se de um carregamento transitório, que deve ser definido em cada situação particular em que haja risco de ocorrência de estados limites últimos durante a fase de construção, definindo-se sua classe pela duração acumulada da situação de risco. Exemplo: içamento de uma treliça. 3. Ações (c) Situações de Projeto (considerando estados limites últimos e de utilização) Para cada estrutura em particular devem ser especificadas as situações a considerar, não sendo necessário levar em consideração todas as situações para todos os tipos de construção. Em princípio, podem ser consideradastrês situações de projeto: Duradouras: a situação de risco é considerada com duração igual à vida útil da estrutura, verificando-se: - os estados limites últimos para as combinações normais de carregamento e; - os estados limites de utilização para as combinações de longa (combinações quase permanentes) ou de média duração (combinações frequentes). Este tipo de situação deve ser considerada no projeto de todas as estruturas. 3. Ações Transitórias: quando a situação de risco é considerada com duração muito menor que a vida útil da estrutura, devendo ser verificada quando existir: - uma combinação especial para a construção, sendo necessário, na maioria dos casos, verificar-se apenas os estados limites últimos. Em casos especiais pode ser exigida a verificação de estados limites de utilização, considerando-se combinações de ações de curta (combinações raras) ou de média duração (combinações especiais). Excepcionais: quando a duração da situação de risco é extremamente curta, verificando-se apenas os estados limites últimos (combinações de duração instantânea). 3. Ações (d) Combinações de ações As combinações de ações (ou carregamentos) são classificadas de acordo com os estados limites aplicáveis. Assim, tem-se: Estados limites últimos: Combinações últimas normais Onde: FQ1,k ⇒ ação variável principal FQj,k⇒ demais ações variáveis γQ ⇒ coeficientes de majoração das ações variáveis FGi,k ⇒ ações permanentes γGi⇒ coeficientes de majoração das ações permanentes ϕ0j ⇒ coeficientes de combinação das ações variáveis 3. Ações Combinações últimas especiais ou de construção Combinações últimas excepcionais 3. Ações Estados limites de Utilização: Combinações de longa duração - são utilizadas no controle usual de deformações, adotando-se os valores correspondentes à classe de longa duração para as ações variáveis onde ϕ2j ⇒ coeficiente quase-permanente de combinação Combinações de média duração - estas combinações são utilizadas no caso de existirem materiais frágeis ligados à estrutura, atuando a ação principal com valores de média duração e as demais com valores de longa duração. onde ϕ1⇒ coeficiente de combinação frequente, ou de média duração. 3. Ações Combinações de curta duração (combinações raras) - São utilizadas quando for importante impedir defeitos decorrentes das deformações da estrutura, atuando as ações secundárias com seus valores referentes à classe de média duração. Combinações de duração instantânea - Nesse caso as ações variáveis secundárias atuam com valores referentes a combinações de longa duração. 3. Ações (e) Coeficientes para combinações de ações Para as combinações utilizadas nas verificações dos estados limites últimos são adotados os seguintes coeficientes: γ G ⇒ coeficiente de majoração das ações permanentes; A NBR 7190/97 considera, como ação permanente de pequena variabilidade o peso da madeira, classificada estruturalmente, cuja densidade tenha coeficiente de variação não superior a 10%. Quando o peso próprio da estrutura não supera 75% da totalidade dos pesos permanentes, o peso da madeira é considerado como ação permanente de grande variabilidade. São consideradas ações permanentes indiretas os efeitos de recalques de apoio e de retração dos materiais. 3. Ações 3. Ações γ Q ⇒ coeficiente de majoração das ações variáveis; ϕ0 ⇒ coeficiente para ações variáveis secundárias (assume diferentes valores, de acordo com a ação considerada); ϕ0,ef ⇒ coeficiente para ações variáveis secundárias de longa duração, tomado igual a ϕ 0 e adotado nas combinações normais, exceto quando a ação principal FQ1 tiver um tempo de atuação muito pequeno. Nesse caso, ϕ0,ef pode ser tomado com o correspondente valor de ϕ2 , utilizado nas combinações de estados limites de utilização. 1,4 1,0 1,2 0,0 3. Ações Para as combinações nos estados limites de utilização, são adotados os seguintes coeficientes: ϕ1 = coeficiente para ações variáveis de média duração; ϕ2 = coeficiente para ações variáveis de longa duração. 3. Ações (f) Considerações especiais sobre ações i) Carga permanente: constituída pelo peso próprio da estrutura e pelo peso das partes fixas não estruturais. Para a determinação do peso próprio da estrutura admite-se classe 1 de umidade (umidade relativa do ambiente ≤ 65% e umidade de equilíbrio da madeira = 12%), assumindo-se que o peso próprio dos materiais metálicos de união (estruturas pregadas ou parafusadas) seja da ordem de 3% do peso próprio da madeira. No caso de não haver dados experimentais específicos, pode-se adotar valores padronizados para a densidade aparente, fornecidos pela NBR 7190/97, de acordo com a classe de resistência das madeiras. ii) Cargas acidentais verticais: são consideradas como de longa duração, especificadas por normas e devem ser dispostas, para efeito de cálculo, nas posições mais desfavoráveis. 3. Ações iii) Impacto vertical: os valores característicos das cargas móveis verticais, em pontes, devem ser multiplicados por ϕ = 1 + α /(40 + L) onde: L = vão teórico do tramo da ponte (em metros) para vigas, ou o menor dos vãos teóricos para placas; iv) Impacto lateral: somente é considerado em pontes ferroviárias, sendo equiparado a uma força horizontal, normal ao eixo da linha e atuando no topo do trilho, como carga móvel concentrada. 3. Ações v) Força longitudinal: é devida à aceleração ou frenagem nas pontes ferroviárias, sendo considerada igual ao maior dos seguintes valores: i) 15% da carga móvel, para frenagem; ii) 25% do peso total sobre os eixos motores, para aceleração. Deve ser aplicada, sem impacto, no centro de gravidade do trem-tipo, considerado 2,4 metros acima do topo dos trilhos. Nas pontes rodoviárias deve ser tomada igual ao maior dos seguintes valores: i) 5% do carregamento total do tabuleiro, com carga móvel uniformemente distribuída; ii) 30% do peso do caminhão-tipo. Deve ser aplicada, sem impacto, 2 m acima da superfície de rolamento. 3. Ações vi) Força centrífuga: para pontes ferroviárias, em curva, deve ser considerada atuando no centro de gravidade do trem-tipo, suposto 1,6 metros acima do topo dos trilhos e calculada como uma porcentagem da carga móvel, amplificada pelo impacto, dado por: i) 12% para curvas com R ≤ 1000 m ou 12000%/R para R > 1000 m em pontes com bitola larga (1,6 metros) ii) 8% para curvas com R ≤ 600m ou 4800%/R para R > 600 m em pontes de bitola métrica (1,0 metro) Para pontes rodoviárias, em curva, a força centrífuga é considerada no CG do caminhão tipo, suposto 2 m acima da superfície de rolamento, calculada como 20% do peso do veículo para R > 300 m ou 6000%/R. O peso do veículo é considerado com impacto vertical. 3. Ações vii) Vento: é considerado como uma carga de curta duração, devendo ser calculada, para edificações, de acordo com a NBR 6123. Para pontes adota-se: i) 3 kN/m, aplicado a 2,4 m acima do topo dos trilhos (bitola larga) ou 2 m (bitola métrica); ii) 2 kN/m, aplicado a 1,2 m acima da superfície de rolamento das pontes rodoviárias iii) 1,8 kN/m, aplicado a 0,85 m acima do piso das pontes ou passarelas de pedestres.
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