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V. 4, n. 1 - Fevereiro de 2017
Introdução
No período da pré-história os cur-
dos se localizavam entre o planalto 
do Irã e o Rio Eufrates. Atualmente 
cerca de 30 milhões de curdos vi-
vem em uma região montanhosa que 
compreende parte dos territórios da 
Turquia, Síria, Irã, Iraque e Armênia. 
Esse grupo apresenta diferentes reli-
giões e línguas e representa o quar-
to maior grupo presente no Oriente 
Médio.2 Os curdos se organizam em 
um sistema de tribos que muitas ve-
zes lutam entre si e não se unem por 
uma causa comum.3
No início do século XX, os curdos co-
meçaram a considerar a criação de um 
Estado próprio. O Tratado de Sévres4, 
de 1920, entre os países vencedores da 
Primeira Guerra Mundial, considerou 
essa possibilidade. Porém, com a fun-
dação da Turquia em 1923, a situação 
dos curdos passou a ser negligenciada.5
A Turquia é o país com a maior con-
centração de curdos, cerca de 15 mi-
lhões, que representam 18% da po-
pulação do país. Em 1984, foi criado 
o Partido dos Trabalhadores Curdos 
(Parti Karkerani Kurdistan - PKK) 
e com isso a relação entre curdos e 
turcos começou a se degradar, inclu-
sive com confrontos diretos entre os 
dois grupos.6 No Irã, os curdos repre-
sentam 7% da população e, apesar de 
conseguirem expressar sua identida-
de cultural de forma livre, não con-
seguiram o direito de se autogover-
narem.7 Na Síria os curdos são 15% 
da população e se concentram no 
norte do país. Com a guerra civil e o 
auxílio militar curdo contra o Esta-
do Islâmico (EI), o grupo conseguiu 
levar a necessidade de uma região 
autônoma curda para discussões em 
órgãos internacionais.8
No Iraque, os curdos contam com uma 
região relativamente estável e semiau-
tônoma conhecida como Curdistão, 
organizado de maneira democrática, 
bem contrastante com situação curda 
nos países ao redor. Essa região chegou 
a se desenvolver e prosperar de manei-
ra significativa. Porém a autonomia foi 
fruto de muita luta e só se consumou 
após a invasão dos EUA e a queda de 
Saddam Hussein.9
Com o avanço do Estado Islâmico no 
Iraque e na Síria, os curdos passaram 
a se defender em meio ao caos que 
se estabeleceu e a buscar o estabele-
cimento de seu próprio Estado. Para 
dificultar ainda mais a situação, os 
países que fazem fronteiras com Ira-
que e a Síria não apoiam a ideia de 
independência curda.10
os Curdos e a turquIa
A Turquia moderna e laica foi criada 
em 1923, após a queda do Império 
Otomano e o fim da Primeira Guer-
a questão curda
João Victor Scomparim Soares
Poliana Garcia Ribeiro
Carolina Soprani 
Hajar Jihad Jomaa
Isabela Maria Madureira Salcedo
Daniel Zem Bernardes1
2
OCI • Série Conflitos Internacionais
ra Mundial. Seu fundador, Mustafa 
Kemal Atatürk, se tornou presiden-
te do país exercendo o cargo até sua 
morte em 1938. Em 1946 foi implan-
tada a democracia multipartidária, e 
entre 1960 e 1980 o país sofreu três 
golpes militares: o primeiro em maio 
de 1960, marcado por tensões entre 
o governo e a oposição, envolvendo 
questões religiosas e de censura; o se-
gundo aconteceu em março de 1971 
quando, devido à recessão econômi-
ca e à inflação que chegou a 80% ao 
ano, a população se descontentou e o 
exército interveio para “restabelecer 
a ordem”; o terceiro ocorreu em se-
tembro de 1980 em razão da situação 
econômica e política que causou de-
sordem civil e uma nova intervenção 
dos militares.11
A Turquia é o país que mais recebe 
refugiados em todo o mundo, ten-
do acolhido cerca de 2,7 milhões de 
sírios desde o início da guerra civil. 
Sua posição geográfica é importante 
devido a sua ligação territorial com o 
Oriente Médio e Europa, sendo um 
ponto estratégico de extrema impor-
tância, além do país ser membro da 
Organização do Tratado do Atlântico 
Norte (OTAN) há mais de 60 anos.12
PKK - Parti 
KarKerani Kurdistan
O Partido dos Trabalhadores do Cur-
distão é uma organização armada 
que luta para a criação de um Estado 
autônomo curdo.13 Desde 1984, lide-
ra uma rebelião armada na Turquia, 
inicialmente com investidas contra 
as forças turcas, representações di-
plomáticas e pontos turísticos, tendo 
sido adicionado às listas europeia e 
estadunidense de facções terroristas.14
Em 1999 com a captura do seu cria-
dor, Abdullah Öcalan, as articula-
ções do partido enfraqueceram.15 
Todavia, no início dos anos 2000, o 
PKK criou a União das Comunidades 
do Curdistão (Koma Civakên Kur-
distan - KCK), com o intuito de unir 
aos curdos-turcos, os partidos curdos 
da Síria e do Iraque.16
Em 2009 começaram as negocia-
ções de paz entre o PKK e o governo 
turco que culminaram com o esta-
belecimento de um cessar fogo em 
2013.17 A trégua terminou em julho 
de 2015, por conta de um ataque sui-
cida organizado pelo Estado Islâmico 
que matou 32 ativistas pró-curdos. 
O atentado desencadeou ataques 
de militantes e respostas militares, 
fazendo com que o governo turco 
lançasse uma operação dupla con-
tra os curdos na Turquia e contra os 
extremistas do Estado Islâmico na 
Síria. Atualmente, o PKK está jun-
to com a milícia curda do Iraque – 
peshmerga – combatendo o EI. Essa 
situação acabou colocando em dúvi-
da se o grupo deve continuar nas lis-
tas de organizações terroristas, uma 
vez que está auxiliando coalizões in-
ternacionais na guerra contra aquele 
grupo extremista.18
Para o governo turco, os curdos sírios 
e o presidente Bashar al-Assad são 
ameaças maiores do que o próprio 
Estado Islâmico. Ou seja, os turcos 
perceberam que oferecendo suporte 
aos curdos sírios estariam ajudando 
o PKK, que é considerado um inimi-
go terrorista que tenta fragmentar o 
país há mais de 30 anos.19
os Curdos no Iraque
A relação entre os curdos e as demais 
comunidades no Iraque é marcada 
Guerrilheira do PKK na celebração do ano novo curdo em Qandil 
BijiKurdistan/CC
3
V. 4, n. 1 - Fevereiro de 2017
por conflitos diretos desde o início 
da década de 1960, quando eclodiu 
a Primeira Guerra Curdo-Iraquia-
na na qual os curdos buscavam sua 
independência.20 Entre 1974 e 1975 
ocorreu a Segunda Guerra Curdo- 
Iraquiana, que teve seu início com 
uma ofensiva iraquiana contra os 
rebeldes do Partido Democrático 
do Curdistão (Kurdistan Democrat 
Party - KDP). O governo iraquiano 
tentava estender seu controle sobre a 
área curda no âmbito de um projeto 
de “arabização” da mesma.21
Na década de 1980, o ditador ira-
quiano Saddam Hussein usou armas 
químicas para atacar os curdos que 
habitavam o norte do país, rico em 
petróleo. A partir deste momento, o 
Iraque sofreu grande pressão de di-
versos países do mundo para criar 
uma região autônoma curda, que ia 
além das Zonas de Exclusão cria-
das após a Guerra de Golfo em 1991 
com o intuito de proteger os curdos 
no norte e os xiitas no sul do país. 
A ideia era a criação 
de uma região fede-
ral autônoma, uma 
unidade federativa 
com presidente e 
constituição pró-
pria, ligada ao go-
verno iraquiano.22 A 
luta para conseguir 
maior independên-
cia do Iraque conti-
nua, mas é contesta-
da, principalmente 
pelos Estados Uni-
dos que temem que 
um Estado curdo no 
Oriente Médio pos-
sa desencadear mais 
conflitos.23 
A t u a l m e n t e , o s 
curdos combatem 
a repressão do go-
verno iraquiano e o Estado Islâmi-
co. No Iraque, o exército curdo é 
conhecido como Força Peshmerga 
-“aqueles que enfrentam a morte”. 
Sem a ação dos peshmergas, calcu-
la-se que o EI teria alcançado mais 
territórios e seria capaz de produ-
zir mais terror.24
KdP - Kurdistan 
democratic Party
O Partido Democrático do Curdis-
tão (Partiya Demokrat a Kurdista-
nê - PDK, em curdo) é o mais anti-
go partido do Curdistão Iraquiano e 
foi fundado em 1946 com incentivo 
da União Soviética que apoiava um 
movimento nacionalista curdo que 
se opusesseàs monarquias do Irã e 
Iraque que eram ‘patrocinadas’ pelo 
Ocidente. Desde sua criação, o KDP 
liderou a luta pela autonomia e inde-
pendência curda no Iraque. Apesar 
de ter sofrido derrotas contínuas por 
parte do exército iraquiano, o KDP 
manteve uma base de alianças polí-
ticas atuando como eixo entre tribos 
conservadoras e grupos socialistas. O 
Partido não é reconhecido pelo go-
verno iraquiano, sendo considerado 
uma ameaça pelo Estado, visto que 
controla a milícia conhecida como 
peshmergas, que conta com cerca de 
10.000 homens.25 Não se tem notícia 
de sua cooperação com o PKK ou 
com os curdos-sírios.26
PuK – Patriotic union 
of Kurdistan
A União Patriótica do Curdistão 
(Yekêtiy Niştîmaniy Kurdistan, em 
curdo) é um grupo dissidente do 
Partido Democrático do Curdistão, 
composto por cinco distintas facções 
que procuram estabelecer um Esta-
do curdo independente. Apesar de 
buscar a autonomia do Curdistão e a 
democracia, em 1985 o PUK passou 
a defender a autodeterminação na-
cional explícita de forma enfática.27 
Em 1992, a vitória dos candidatos 
do KDP nas eleições realizadas no 
Curdistão iraquiano resultou em um 
acordo de partilha de poder com o 
PUK nascendo a rivalidade entre as 
duas partes, que logo se transformou 
em confrontos armados. Depois de 
anos de luta intermitente, em agos-
to de 1996 o KDP solicitou apoio de 
Saddam Hussein contra o PUK. Com 
a ajuda de tropas do governo iraquia-
no, as forças do KDP apoderaram-se 
da cidade de Arbil - sede do parla-
mento curdo - no início setembro 
de 1996. O PUK reivindica jurisdi-
ção de todo o Curdistão desde então, 
mas não aparenta possuir relações 
externas muito importantes, apesar 
de ter obtido apoio da Síria e da Lí-
bia anteriormente. O PUK mantém 
boa relação com o Partido Democrá-
tico Curdidtão Iraniano (Democratic 
Party of Iranian Kurdistan - KDPI) 
e com o Partido dos Trabalhadores 
Curdos (PKK) da Turquia.28
 
Membros da Milícia Peshmerga 
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OCI • Série Conflitos Internacionais
os Curdas na sírIa
Os cerca de 300 mil curdos-sírios 
nunca tiverem pleno direito à ci-
dadania, o que causava dificuldades 
para qualquer tipo de reivindicação 
de direitos na Síria. Essa situação 
resultou também na divisão curda 
em mais de 30 facções concentradas, 
majoritariamente, no norte do país.29 
A partir de 2011, com guerra civil no 
país, os curdos assumiram o controle 
de algumas áreas do território sírio.30 
No bojo da guerra, Rojava (como é 
chamada a região do Curdistão Sí-
rio), passou a gozar de autonomia 
a partir de 2012 e o sustento da co-
munidade curda síria é garantido em 
razão da região se situar em áreas pe-
trolíferas. Com a evolução da guerra 
civil os curdos sírios passaram a lutar 
em duas frentes, contra o governo sí-
rio e contra os extremistas do Estado 
Islâmico.31
Em meados de 2012, as forças do 
presidente Bashar al-Assad foram 
retiradas das regiões curdas da Síria 
na fronteira da Turquia, permitindo 
que o Partido da União Democrática 
(Partiya Yekîtiya Demokrat - PYD) 
assumisse seu controle. No entan-
to, alguns ativistas curdos acusam o 
PYD de colaborar com o governo do 
presidente sírio, o que mostra que, 
como em todos os movimentos po-
líticos, o Partido não representa todo 
o povo curdo. O partido é filiado ao 
PKK turco.32
Segundo um censo publicado pelo 
jornal The New York Times, Rojava 
possui uma população de aproxima-
damente 4,6 milhões de habitantes.33 
Por enquanto, não está na agenda do 
ditador sírio dar uma ampla autono-
mia ao povo curdo. Além disso, os 
Estados Unidos se colocaram contra 
qualquer proposta de formação de 
um Estado Curdo nas negociações de 
paz de Genebra.34
As milícias denominadas Unidades de 
Proteção Popular (Yekîneyên Paras-
tina Gel - YPG, em curdo) são o braço 
armado do PYD, responsáveis pela 
oposição ao atual governo. Elas ga-
nharam reputação por: destruir cen-
tros comunitários, eliminar as mídias 
independentes, incluindo a detenção 
de jornalistas; saque de vilarejos; blo-
queios de estradas; assassinatos; e re-
crutamento forçado. Porém, muitos 
curdos não se opõem às táticas repres-
sivas do YPG porque acreditam que 
“ser perseguido por curdos é melhor 
do que ser perseguido por árabes”. O 
YPG foi considerada a força síria mais 
efetiva na luta contra o Estado Islâ-
mico pela administração do ex-pre-
sidente estadunidense Barak Obama, 
que patrocinou, armou e auxiliou no 
treinamento de seus milicianos.35 
os Curdos no Irã
O território iraniano foi marcado por 
diversas revoltas curdas, todas elas 
reprimidas e vencidas pelo governo 
iraniano. A primeira, a Revolta de 
Simko, entre 1918 e 1922, consistiu 
em uma revolta tribal curda apoia-
da pela Turquia contra a dinastia 
Membros das YPG na linha de frente em Raqqa (Dezembro de 2016)
Kudishstruggle/CC
Membros das YPG na batalha de Kobané (Fevereiro de 2015)
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V. 4, n. 1 - Fevereiro de 2017
do Irã.36 Em 1967, uma série de dis-
túrbios tribais curdos, eclodiram na 
parte oeste do país.37 Em 1979, uma 
nova rebelião contra o novo regime 
iraniano foi considerada a mais grave 
e ocorreu logo após a Revolução Islâ-
mica que alterou o regime do país.38
 
O Partido Democrático do Curdis-
tão Iraniano (Partî Dêmokiratî Kur-
distanî Êran - PDKI, em curdo) e o 
Partido da Vida Livre do Curdistão 
(Partiya Jiyana Azad a Kurdistanê – 
PJAK, em curdo) são partidos políti-
cos curdos que atuam no Curdistão 
Iraniano, não sendo reconhecidos 
pelo governo central. O PDKI foi 
fundado em 1945, obtendo, no iní-
cio, apoio soviético. Com as ofensi-
vas do governo iraniano abandonou 
a luta armada na década de 1990. 
Desde então, o partido perdeu sua 
influência e se tornou fraco e desor-
ganizado. O PJAK possui apoio entre 
as mulheres, visto que se comprome-
te com os direitos destas no Curdis-
tão. Em 2009, o grupo foi considera-
do terrorista pelos Estados Unidos, e 
em 2011 assinou um cessar-fogo com 
as forças militares iranianas.39
algumas ConsIderações 
sobre a questão Curda
Como foi possível observar, existem 
diversos grupos de representação 
curda espalhados por diversos países. 
Todavia, não há ligação, comuni-
cação ou cooperação entre todos os 
grupos curdos existentes. Por vezes, 
isso ocorre também entre os grupos 
curdos presentes num mesmo país 
cujo melhor exemplo foi a luta en-
tre o PUK e o KDP no Iraque. Nesse 
sentido, existem iniciativas de con-
gressar os grupos curdos, como é o 
caso do KCK, encabeçado pelo PKK.
Basicamente, de forma bastante re-
ducionista, a luta dos curdos em to-
dos os países onde estão presentes, se 
resume na busca por maior autono-
mia e, se possível, a constituição de 
um Estado. O papel geopolítico de-
sempenhado pela etnia no Oriente 
Médio é fundamental atualmente, 
uma vez que os curdos são um dos 
maiores opositores ao Estado Islâmi-
co na Síria e no Iraque. Nesses países 
os militantes do Partido dos Traba-
lhadores Curdos, a Força Peshmerga 
e as milícias YPG são os principais 
atores locais que combatem os extre-
mistas do EI. O papel desempenhado 
por esses grupos provocou discussões 
sobre considerá-los ou não como or-
ganizações terroristas, uma vez que 
auxiliam as coalizões internacionais 
na luta contra o EI.
O PKK é um importante ator em 
aspectos internos da Turquia, repre-
sentando oposição ao atual regime 
Membros de Milícia Yazidi e do PKK com pintura do líder político Abdullah Öcalan
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Mapa do Curdistão
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OCI • Série Conflitos Internacionais
1 Discentes do Curso de Relações Internacionais da Universidade Estadual 
Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) - Campus de Marília e membrosdo 
Observatório de Conflitos Internacionais (OCI).
2 WHO are the Kurds? BBC NEWS. 2016. Disponível em: <http://www.bbc.com/
news/world-middle-east-29702440>. Acesso em: 14 jun. 2016.
3 FERNANDES, José Pedro Teixeira. A Turquia e a questão curda: é na Turquia 
que a questão curda tem a sua maior dimensão e complexidade política. Público. 
2014. Disponível em: <https://www.publico.pt/ mundo/noticia/a-turquia-e-a-
questao-curda-1673094>. Acesso em: 14 jun. 2016.
4 O Tratado de Sèvres foi um tratado de paz entre a Turquia e os países aliados da 
Primeira Guerra Mundial (exceto Rússia e os Estados Unidos), assinado em 10 
de agosto de 1920. O Tratado deixou o Império Otomano sem a maioria de suas 
antigas possessões, limitando-se a Constantinopla e Ásia Menor. Com o tratado, 
no leste da Anatólia foi criado um Estado autônomo curdo. DIPUBLICO.org. 
2010. Disponível em < http://www.dipublico.org/3680/tratado-de-sevres-1920/> 
Acesso em: 25 fev. 2017
5 FULLER, Graham E. The Fate of the Kurds. Foreign Affairs, [s.l.], v. 72, n. 2, 
p.108-121, 1993. JSTOR. http://dx.doi.org/10.2307/20045529. Disponível em: 
<http://www.jstor.org/stable/20045529?seq=1# page_scan_tab_contents>. 
Acesso em: 13 jun. 2016.
6 FERNANDES, 2014, op. cit.
7 MORADI, Arina. Iran will not tolerate Kurdish independence: ‘ISIS and 
Israel benefit only’. Rudaw. 2016. Disponível em: <http://rudaw.net/english/
kurdistan/170220162>. Acesso em: 15 jun. 2016.
8 CURDOS da Síria anunciam criação de região federal no norte do país. France 
Presse. 2016. Disponível em: <http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/03/
curdos-da-siria-anunciam-criacao-de-regiao-federal-no-norte-do-pais.html>. 
Acesso em: 14 jun. 2016.
9 CINCO pontos sobre os curdos no Iraque. O Globo. Disponível em: <http://
infograficos.oglobo.globo.com/mundo/cinco-pontos-sobre-os-curdos-no-
iraque/curdistao-iraquiano-19013.html#description_ text>. Acesso em: 22 jul 
2017. NORTE, Diego Braga. Curdistão, um ‘oásis’ em meio ao caos do Iraque. 
Veja. 2014. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/mundo/curdistao-um-
oasis-em-meio-ao-caos-do-iraque/>. Acesso em: 22 jul. 2016.
10 AMEAÇADO, Curdistão virou polo de estabilidade no Iraque. BBC. 2014. 
Disponível em: <http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/08/140816_
curdistao_oasis_lab>. Acesso em: 22 jul. 2016.
11 TIMELINE: A history of Turkish coups. Aljazeera. 2016. Disponível em: 
<http://www.aljazeera.com/ news/europe/2012/04/20124472814687973.html> 
Acesso em: 20 jul. 2016
12 TURQUIA rachada entre o EI e os combatentes curdos; entenda. UOL. 2016. 
Disponível em: <http://noticias.ne10.uol.com.br/mundo/noticia/2016/07/15/
turquia-rachada-entre-o-ei-e-os-combatentes-curdos-entenda-626364.php>. 
Acesso em: 19 jul. 2016.
13 PKK: Grupos terroristas. Terra. Disponível em: <http://www.terra.com.br/
noticias/infograficos/ataques-terroristas/grupos/pkk-50.htm>. Acesso em: 14 
jun. 2016.
14 O QUE é o PKK? Publico. 2007. Disponível em: <https://www.publico.pt/
mundo/noticia/o-que-e-o-pkk-1308489>. Acesso em: 14 jun. 2016.
15 WHELAN, Brian. Kurdish spring: What are the PKK fighting for? Channel 14. 
2014. Disponível em: <http://www.channel4.com/news/pkk-kurdistan-workers-
party-islamic-state-kurdish-spring>. Acesso em: 14 jun. 2016.
16 ENTREVISTA com Mehmet Dogan: A atualidade do povo curdo no Oriente 
Médio. A atualidade do povo curdo no Oriente Médio. Passa Palavra. 2014. 
Disponível em: <http://www.passapalavra.info/ 2014/10/100311>. Acesso em: 13 
jun. 2016.
17 REBELDES curdos do PKK começam a se retirar da Turquia. G1. 2013 
Disponível em: <http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/05/rebeldes-curdos-
do-pkk-comecam-a-se-retirar-da-turquia.html>. Acesso em: 14 jun. 2016.
do presidente Erdogan que, por sua 
vez, percebe os curdos como amea-
ças maiores do que o próprio Estado 
Islâmico. Nesse sentido, oferecendo 
suporte aos curdos sírios estaria in-
diretamente fortalecendo o PKK e, 
com isso, aumentando a capacidade 
do grupo na sua luta pela fragmenta-
ção do território turco. 
As guerras na Síria e no Iraque fo-
ram, de certa forma, benéficas para 
a comunidade curda. Os curdos ira-
quianos, com a autonomia de seu 
território, atuaram com mais inde-
pendência e apresentaram um siste-
ma político democrático e um mode-
lo econômico bem sucedido.40 
A possibilidade dos curdos conquis-
tarem a independência, ou maior au-
tonomia, é mais complicada na Tur-
quia. Apesar da organização curda 
mais conhecida e organizada – o PKK 
– estar localizada no país, a percepção 
da ameaça curda é mais evidente por 
parte do governo, resultando numa 
barreira às suas reivindicações e em 
mais violência de ambos os lados. 
No Irã, onde os grupos são mais disper-
sos e menos representativos, uma certa 
autonomia dos curdos poderia ocorrer 
como consequências da autonomia 
conquistada na Síria e no Iraque, caso 
elas se consumem plenamente.
A oposição de governos contra a au-
to-determinação do povo curdo é 
muito forte. A manutenção do status 
quo, evitando a criação de um Esta-
do curdo, ainda é vista como fun-
damental pelos governos dos países 
habitados pela etnia. Porém, segun-
do Idris Baluken, um jurista curdo-
turco, a situação além das fronteiras, 
como em Rojava e na região autô-
noma curda do Iraque, mostra que 
as situações na Turquia e no Irã es-
tariam prestes a se transformar em 
uma nova era baseada nas noções de 
uma nação democrática, para que to-
dos, independente da etnia, tenham 
os mesmo direitos.41
Por fim, se por um lado a conquista 
de maior autonomia e até mesmo a 
criação de um Estado curdo poderia 
favorecer a estabilidade na região, 
por outro, essas reivindicações levam 
governos a adotarem medidas violen-
tas, a fim de defender a soberania dos 
Estados, causando mais instabilidade.
7
V. 4, n. 1 - Fevereiro de 2017
Série Conflitos Internacionais é editada pelo 
Observatório de Conflitos Internacionais da 
Faculdade de Filosofia e Ciências (FFC) da 
Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita 
Filho (UNESP) - Campus de Marília – SP
Editor: Prof. Dr. Sérgio L. C. Aguilar
Layout: Paula Schwambach Moizes
ISSN: 2359-5809
Comentários para: oci@marilia.unesp.br
Disponível em: www.marilia.unesp.br/#oci
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18 LEVY, Bernard-henri. Stop Calling Our Closest Allies Against ISIS “Terrorists”. 
2014. Disponível em: <https://newrepublic.com/article/119939/pkk-not-
terrorist-organization-theyre-fighting-isis-terrorists>. Acesso em: 14 jun. 2016.
19 GUNTER, Michael M. Iraq, Syria, Isis and the Kurds: Geostrategic Concerns 
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