Buscar

Platão e Aristóteles

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

FORMAS DE GOVERNO EM PLATÃO E ARISTÓTELES
Platão e Aristóteles, filósofos contemporâneos entre os séculos V e IV, contribuíram com suas ideias na concepção política das cidades-estados: as pólis. Ambos foram críticos da democracia ateniense em razão de verem defeitos nesse sistema: para Platão, que reprovava a democracia com mais intensidade, esse tipo de governo não se voltava para as questões verdadeiras, ou seja, não priorizavam a verdade, antes, prevalecia à vontade daqueles que retoricamente discursavam e atraiam a atenção da maioria, sendo a morte de seu estimado mestre, Sócrates, uma evidência disto; para Aristóteles, o modelo democrático de seu tempo não era diferente da tirania, pois sendo constituído de pobres, querem governar só e se tornam déspotas.
A REPÚBLICA DE PLATÃO
Na obra A Republica, Platão apresenta sua concepção de uma sociedade justa e feliz, a qual se fundamentaria na constituição natural do ser humano e do cosmos, isto é, de que o homem é um ser dotado de uma alma tripartida (razão, desejo e sentimento) e hierarquizada, sendo cada parte necessitada de virtudes correspondentes (sabedoria, moderação e firmeza) para que haja o equilíbrio ideal que resultará na realização humana: a felicidade. Assim, pois, como é o homem, também deve ser a cidade em que vive: estruturada em três compartimentos conforme Chauí (Convite à Filosofia, 2010, p.445):
 [...] a classe econômica dos proprietários de terra, artesãos e comerciantes, que garante a sobrevivência material da cidade; a classe militar dos guerreiros, responsável pela defesa da cidade; e a classe dos magistrados, que garante o governo da cidade sob as leis. 
Para a administração de tal cidade, seria necessário que houvesse uma educação qualificada que preparasse todos os habitantes a exercerem suas funções naturais, sendo somente os verdadeiros filósofos capazes de governá-la.
“[...] Platão afirma que a pessoa mais bem preparada para governar é o filósofo, uma vez que ele é capaz de, por meio do exercício da razão, contemplar a ideia de justiça e assim governar justamente. Isso o levou a afirmar que, para que haja um bom governo, ou os reis se tornam filósofos ou os filósofos se tornam reis. Uma cidade perfeita seria aquela governada pelos mais sábios, praticantes da filosofia e donos de um caráter racional” (SÍLVIO GALLO, Filosofia: experiência do pensamento, 2014, p.185).
Todavia, Platão propõe que a sociedade, por ele idealizada, deveria ser uma alternativa às formas de governo existentes em sua época. No livro XIII de A Republica o autor enfatiza pelo menos quatro tipos de instituições a serem descartadas, tanto pelas suas formas quanto pelos seus governantes, a saber: a timocracia (do grego, timē: "honra" ou "valor") que se fundamenta pelos talentos militares e feitos heroicos dos guerreiros, sendo os líderes amantes da conquista e exaltadores da honra. Tal governo tende a se transformar, conforme o tempo e circunstâncias, na segunda forma negativa de presidir sob a cidade: a oligarquia, a qual se caracteriza pela cobiça de riqueza por um conjunto de latifundiários que excluem os que possuem rendas inferiores às deles, elevando os interesses dos ricos em detrimento dos pobres, deturpando as leis em seus favores. Os futuros problemas que essa instituição sofreria, principalmente crises econômicas, ocasionaria revoltas populares que proporcionaria outra forma de governo: a democracia (demo: povo; cracia: governo). Isto é, o governo do povo (no caso, um conjunto de cidadãos) e para o povo (neste caso, aos demais habitantes da pólis). Esta instituição, para Platão, surge quando os pobres despojam os ricos e dividem os cargos públicos, partindo de um ideal de liberdade e que não exige qualificações dos candidatos ao poder. Assim como as outras instituições, com a democracia não seria diferente. Sujeita a entrar em decadência, essa forma de governo condicionaria outra maneira de comandar a cidade: a tirania, a qual se identificava pela violência exercida pelos seus líderes movidos por desejos exagerados por liberdade - a democracia excessiva – ao se verem ameaçados pelos demais, no que resultava em servidão, tanto aos indivíduos quanto ao Estado. “O homem tirânico” conforme Ivan Gobry “é aquele que põe a força a serviço da injustiça” (Vocabulário grego da filosofia, 2007, p.153).
Portanto, para Platão, a timocracia, a oligarquia, a democracia e a tirania são instituições falíveis que devem ser substituídas pela a aristocracia dos sábios para que haja justiça e harmonia na sociedade.
A POLÍTICA DE ARISTÓTELES
Já Aristóteles, diferentemente de Platão, em seu livro A Política enfatiza, não as qualificações filosóficas da elite aristocrática, mas a excelência das instituições públicas e uma conduta eticamente virtuosa de todos os indivíduos que compõe a pólis. Afirmando que a sociedade tem origem na própria natureza das coisas, principalmente a humana, o autor elabora uma organização social republicana, isto é, uma forma de governo em que muitos fazem parte do rumo da cidade, valorizando o bem comum a todos os habitantes.
Todavia, nem todos eram qualificados como cidadãos aptos ao poder, mas somente os pais de família, os quais exerciam poderes econômicos (proprietários de bens), maritais (sobre as esposas), paternais (sobre os filhos) e despóticos (sobre os escravos). Nesse sentido, a política aristotélica era patriarcal e machista. Porém, na assembleia, todos eles se igualavam perante a lei, para que não houvesse despotismo. Assim, compreendia a cidade em dois aspectos: o privado, ou seja, uma micropolítica nas famílias e direitos individuais e o público, isto é, uma macropolítica voltada ao coletivo (a cidade, os espações públicos, etc). Silvio Gallo comenta que “Se a economia é a ciência da gestão da casa (privada), a política é a ciência da gestão da cidade (pública)”.
Semelhante a Platão, Aristóteles comenta sobre outros modos de governos que teriam suas formas positivas e negativas. Primeiro, a monarquia que seria boa se – independentemente dos tipos (hereditária, condicional, temporária, dentre outros) – fosse interessada no bem da população, porém, se converteria em tirania quando um só governa segundo convém a si mesmo, conforme as suas ambições; segundo, a aristocracia, um pequeno grupo, que seria benéfica quando se importasse com o coletivo social, mas, poderia se tornar em uma oligarquia – uma facção rica inclinada aos seus próprios interesses; e, terceiro, a república (sendo uma síntese das qualidades positivas que há nos regimes democrático e oligárquico) que consiste num grupo maior que administra a cidade pensando no bem do povo, entretanto, ao se perverter tornar-se-ia em demagogia – um governo que manipula aos demais em proveito próprio. 
Portanto, acerca do pensamento político desses dois importantíssimos filósofos, pode-se concluir, conforme Marilena Chauí (2010, p.446):
[...] Enquanto Platão se preocupa com a educação e formação do dirigente político (o governante filósofo), Aristóteles se interesse pela qualidade das instituições políticas (assembleias, tribunais, forma de coleta de impostos, distribuição das riquezas, organização do exército, etc.).

Outros materiais