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Trabalho de células tronco



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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS - UNIFAL
INSTITUTO DE QUÍMICA
Biologia Celular
Prof. Dr.ª Ester Caixeta
Mariana Rosa Macedo
CÉLULAS-TRONCO E DIFERENCIAÇÃO CELULAR.
Alfenas/MG
2017
Introdução 
“No ano de 1963 o cientista do Canadá 
James Edgar Till em uma de suas 
pesquisas, descobriu, acidentalmente, 
que as células transplantadas da 
medula óssea no baço de ratos 
acabavam por se auto-replicarem. Esse 
foi o primeiro passo para mais uma 
alavancada da ciência na busca pela 
cura das doenças. Até chegar a esse 
experimento, James e sua equipe 
trabalharam muito para buscar 
respostas, como por exemplo: qual 
seria a morfologia de t ais células ou 
com que elas s e pareciam e qual seria 
realmente sua função.
Introdução 
“No ano de 1963 o cientista do Canadá 
James Edgar Till em uma de suas 
pesquisas, descobriu, acidentalmente, 
que as células transplantadas da 
medula óssea no baço de ratos 
acabavam por se auto-replicarem. Esse 
foi o primeiro passo para mais uma 
alavancada da ciência na busca pela 
cura das doenças. Até chegar a esse 
experimento, James e sua equipe 
trabalharam muito para buscar 
respostas, como por exemplo: qual 
seria a morfologia de t ais células ou 
com que elas s e pareciam e qual seria 
realmente sua função.
SUMÁRIO
	
INTRODUÇÃO....................................................................................................3
CLONAGEM E CÉLULAS-TRONCO................................................................7
 2.1. CLONAGEM REPRODUTIVA........................................................................9
TERAPIA CELULAR COM OUTRAS FONTES DE CÉLULAS-TRONCO....10
AS CÉLULAS HEMATOPOIÉTICAS................................................................12
APLICAÇÕES MÉDICAS DAS CÉLULAS TRONCO.....................................13
 5.1. PROLIFERAÇÃO DAS CÉLULAS DIFERENCIADAS..............................15
 5.2. AS DIVERSAS CAMADAS DO EPITÉLIO..................................................16
CÉLULAS-TRONCO...........................................................................................17
 6.1. CORDÃO UMBILICAL E PLACENTA........................................................19
CONCLUSÃO..................................................................................................20
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................20
Introdução 
 “No ano de 1963 o cientista do Canadá, James Edgar Till em uma de suas pesquisas, descobriu, acidentalmente, que as células transplantadas da medula óssea no baço de ratos acabavam por se auto-replicarem. Esse foi o primeiro passo para mais uma alavancada da ciência na busca pela cura das doenças. Até chegar a esse experimento, James e sua equipe trabalharam muito para buscar respostas, como por exemplo: qual seria a morfologia de tais células ou com que elas se pareciam e qual seria realmente sua função. E ele não imaginava que aquilo que descobrira traria tanto impacto para a humanidade. Till, posteriormente, foi considerado o pai das células-tronco.”
 Till e sua equipe deram ao mundo uma infinidade de possibilidades de tratamento e evolução em pesquisa. No entanto, sua descoberta traz com ela um viés de discussões éticas sobre a utilização dessas células, especialmente quando elas provem de embriões. Para um bom entendimento de células-tronco é preciso entender, primeiro, o seu nome. Stem cells (como são chamadas em inglês) ou células estaminais – em sua tradução literal- significa o eixo principal de uma planta, e também fio da vida. Por seu papel no início, proliferação e diferenciação celular, sua nomenclatura está correta. Estas células não são especializadas, isto é não tem função e padrão de comportamento definido, e são capazes auto-renovação e potencial de diferenciação.
 A auto-renovação é a capacidade que as células-tronco têm de proliferar, gerando células-filhas idênticas à original. Estas células podem continuar sendo células tronco ou tomar uma nova rota de proliferação e progressiva diferenciação. O potencial de diferenciação é a capacidade que as células-tronco têm de, quando em condições favoráveis, gerar células especializadas e de diferentes tecidos (células sanguíneas, cardíacas, pancreáticas, neurônios, etc.).
Figura 1. Célula-tronco para tratamento de perda de audição.
Fonte: https://biosom.com.br/blog/perdaauditiva/celulas-tronco-perda-auditiva/
 O desenvolvimento inicial das células-tronco é caracterizado por uma rápida proliferação das células embrionárias, estas por sua vez, se diferenciam para a produção de variados tipos especializados de células que constituem tecidos e órgãos de seres multicelulares.
 A diferenciação passa também por tipos intermediários capazes de se multiplicar. Os tipos intermediários dão origem a tipos celulares mais específicos. Desenvolvimento do zigoto a partir da definição das células e pode-se concluir que o zigoto é uma célula- tronco. A partir do zigoto temos de fato todos os tipos celulares que formam o ser vivo.
 O zigoto é chamado de totipotente por ser capaz de se dividir e se diferenciar em qualquer tipo celular. O zigoto se divide em duas células conhecidas como blastômeros; estas então se dividem em quatro blastômeros, oito blastômeros, e assim por diante. Os blastômeros mudam de forma, alinham-se e compactam-se estabelecendo junções do tipo tight, formando assim uma esfera compacta de células conhecida como mórula. Antes da compactação as células podem ser separadas sem problemas ou grande dificuldade. Se isso acontece artificial ou naturalmente originam-se gêmeos idênticos. Portanto, até o estágio de mórula as células do embrião são totipotentes.
Figura 2. O zigoto é formado pela união entre espermatozoide e ovócito
Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/biologia/o-que-e-zigoto.htm
Figura 3. Estágios do zigoto.
Fonte: http://hegdefertility.com/infertility/ivf-embryo-grading/
 A mórula começa a passar por sucessivas clivagens e reorganiza-se, surgindo do interior da mórula um espaço preenchido por líquido, a cavidade blastocística (blastocisto). Conforme o líquido aumenta na cavidade blastocística ele separa os blastômeros em duas partes:
 ↪Uma camada delgada externo -trofoblasto- que formará a parte embrionária da placenta. 
↪Um grupo de blastômeros localizados centralmente - o embrioblasto (massa celular interna, MCI) - que formará o embrião. 
 A MCI e as células do trofoblasto constituem dois tipos específicos de linhagem celular. Como conservam a capacidade de se diferenciar em uma determinada gama de células são chamadas de pluripotentes. Algumas células após o nascimento conservam a capacidade de se multiplicar e se diferenciar em apenas um tipo celular. Essas células são chamadas de unipotentes. A MCI por não ser capaz de dar origem a placenta é considerada pluripotente, contudo, elas possuem potencial para dar origem a todas as células que compõe o ser, inclusive os gametas, essa característica define a célula tronco embrionária. Células tronco embrionárias Animais congênitamente imunodeficiêntes, como os camundongos nude (não apresentam a glândula timo - não tem linfócitos T) e os camundongos com imunodeficiência combinada severa, são ferramentas valiosas por apresentam respectivamente pouca ou nenhuma atividade do sistema imune, assim eles podem ser utilizadospara o transplante de células-tronco de outras espécies, como o homem, servindo como “tubos de ensaio” vivos que permitem estudar a distribuição e a biologia das células em condições menos artificiais do que o cultivo in vitro.
Figura 4. Camundongo nude
Fonte: www.biot.fm.usp.br/ CAMUNDONGO&id_ani=3&caract=sim
 Quando colocadas as células de um blastocisto na pele de um camundongo nude ele desenvolve um teratoma que apresenta células indiferenciadas e células de vários tipos, como: ósseas, epiteliais, musculares, etc. sem nenhuma organização funcional. Essa pesquisa foi de extrema importância no entendimento da proliferação e funcionamento das células tronco embrionárias, pois as células de um blastocisto podem ser mantidas em cultura sem se diferenciar apenas se proliferando em meio de cultivo quando adicionado a esse meio o LIF(fator inibidor de leucemia). Sem isso, as células se agregam formando massas semelhantes ao teratoma dos camundongos. A transmissão de sinais específicos de cada célula para suas vizinhas é que determinam o comportamento das células em geral. Isso não é diferente com as células pluripotentes. O uso delas com sinais de diferenciação específicos (fatores de diferenciação) poderiam ser utilizados para cura de diabetes tipo I, por exemplo, através da terapia celular.
 A dificuldade das pesquisas sobre esse assunto não estão relacionadas som entre a questões científicas. Questões éticas também se aplicam , pois a utilização de embriões em pesquisas causam grande inquietude na sociedade. O avanço nas pesquisas com células tronco se dá agora graças a descoberta de células indiferenciadas em indivíduos adultos.
 
 Clonagem e células-tronco 
 O isolamento das células-tronco embrionárias humanas aconteceu em 1997, onde foi demonstrado que o núcleo de uma células adulta poderia dar origem a um animal clonado viável (ovelha Dolly) após um transplante de oócito. A transferência de núcleos de células somáticas adultas para oócitos foi por conseguinte utilizada para criar a prole clonada de várias espécies, como camundongos, porcos, gado, etc. Uma vez que as células-tronco embrionárias podem ser derivadas de embriões que foram produzidos pela transferência de núcleos adultos para oócitos, foi possível a clonagem terapêutica.
 A famosa ovelha Dolly nasceu em 1997. Ela ficou mundialmente conhecida por ser o primeiro mamífero clonado, isto é, produziu -se uma cópia geneticamente idêntica, a partir de uma célula somática diferenciada. 
 
Figura 5. Ovelha Dolly
Fonte: http://revistagalileu.com/Ciencia/noticia/como-foi-clonagem-da-ovelha-dolly.html
 As células-tronco embrionárias, por apresentarem maior potencial de diferenciação dos que as células-tronco presentes em adultos, seriam a grande aposta de muitos cientistas para obtenção de tratamentos revolucionários de regeneração de tecidos e até reconstrução de órgãos. Contudo o conceito do que é um ser humano é algo extremamente confuso e discutível. . 
 Um clone é conjunto de células geneticamente idênticas derivadas por mitose de uma única célula original ou indivíduo geneticamente idêntico a outro, produzido por manipulação genética. Em humanos, os clones naturais são os gêmeos idênticos que se originam da divisão de um óvulo fertilizado. No caso da Dolly o processo de clonagem foi feito a partir de uma glândula mamária de uma ovelha cujo núcleo foi retirado e inserido em um óvulo em que o núcleo já havia sido removido. Essa célula foi exposta a uma corrente elétrica e, o novo núcleo, começou a se comportar como um núcleo zigótico, dividindo-se e dando origem a mórula e blastocisto. O embrião foi colocado em útero de ovelha “de aluguel” e assim nasceu a Dolly.
 Dolly foi o primeiro sucesso. Antes dela inúmeras tentativas já haviam falhado. Todas essas tentativas, contudo não foram em vão: descobriu-se que apenas células no estado de quiescência (período G0) do ciclo celular poderiam ser usadas em clonagens. Embora Dolly tenha sido um sucesso no quesito clonagem, ela viveu apenas seis anos. Ela teve que ser sacrificada por apresentar inúmeras doenças degenerativas típicas de ovelhas velhas. Isso ocorreu, pois o núcleo utilizado para cria- lá já havia passado por inúmeras divisões na “ovelha mãe” e no fim de cada divisão celular os telômeros (extremidade do cromossomo) ficam mais curtos (acredita-se que este encurtamento seja um sinal de envelhecimento celular). Assim, Dolly não nasceu e viveu com sua idade, ela já nasceu com a idade celular de sua “mãe”. 
Clonagem reprodutiva
 Uma das grandes descobertas que a Dolly possibilitou foi que uma célula diferenciada poderia ser reprogramada ao estágio inicial e voltar a ser totipotente. A clonagem reprodutiva consiste exatamente no processo feito com a ovelha Dolly. Se fosse feito em humanos, daria origem a outro ser idêntico com as mesmas características físicas, igual ao original - o clone.
 Utilizando-se de embriões que seriam inviáveis para a implantação, a clonagem terapêutica cria uma possibilidade enorme na linha de transplantes, pois tem a vantagem de evitar as rejeições com o doador sendo a própria pessoa. Esta técnica tem suas limitações. Ela não poderia ser usada quando o doador fosse portador de uma doença genética, pois a mutação patogênica persistiria. Além disso, também existe o problema da idade da célula, ela seria mais jovem ou teria a mesma idade das células do doador. Por ser algo muito novo, ainda necessita de muita pesquisa antes de se tornar um tratamento viável e de larga escala. 
Figura 6. Representação de clonagem reprodutiva.
Fonte: http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Biotecnologia/biotecnologia2.php
Terapia celular com outras fontes de células-tronco
 Apesar das células-tronco embrionárias serem uma ótima opção para tratamentos, os entraves éticos barram sua utilização. No entanto, os blastocistos não são a única fonte de células-tronco. Afortunadamente, alguns tecidos se renovam continuamente durante toda a vida do indivíduo adulto. Graças a essa necessidade, as células-tronco persistem no indivíduo adulto. A diferenciação dessas células tem um potencial de renovação e diferenciação menor do que as embrionárias, seu comportamento e cultura também são diferentes, sendo difícil mantê-los em culturas por longos períodos (diferentemente das embrionárias que podem ser mantidas por anos). Em indivíduos adultos, as células tronco, através de estímulos específicos, podem entrar em divisão gerando novas células tronco ou células precursoras específicas que se dividirão e prosseguirão se diferenciando. Esse processo é extremamente interessante, pois as células -tronco se dividem pouco, e suas sucessoras se dividem com maior velocidade e com maior intensidade, ampliando a população celular e mantendo a linhagem primordial. À medida que a célula vai se diferenciando, ela chega num ponto que sua diferenciação a torna tão específica que ela não se divide mais, como é o caso dos neurônios. Esse mecanismo explica porque populações relativamente pequenas de células tronco são capazes de manter a renovação celular de tecidos como revestimento do intestino e as células sanguíneas. 
 A taxa de proliferação diminui a medida que as células se diferenciam e grande parte das células em animais adultos estarão bloqueadas no estágio de G0 do ciclo celular (fase emque a célula preserva-se até sua morte, quando diferenciada e é ativamente funcional, na composição de um tecido ou órgão, sem realizar divisões). Pequena parte das células diferenciadas nunca mais se dividem e são perdidas durante a vida do organismo, portanto, não pode haver substituição das mesmas.
 A maioria dos tecidos possuem células capazes de retomar a proliferação para substituição de células que foram perdidas por lesões ou morte celulares. Além disso, há tecidos que contêm células que se dividem constantemente por meio da vida para reposição de células que têm alta taxa de reposição nos animais adultos. A proliferação celular é balanceada com a morte celular para manter um equilíbrio de número constante de células em órgãos e tecidos.
 A dificuldade no estudo de células-tronco do adulto se dá não só por sua pequena quantidade, mas também por não possuírem uma morfologia característica e por estarem dispersas e não em uma região específica.
 Pesquisas recentes mostraram que células-tronco retiradas da medula de indivíduos com problemas cardíacos foram capazes de reconstituir o músculo do seu coração, o que abre perspectivas fantásticas de tratamento para pessoas com problemas cardíacos. A maior limitação da técnica, do autotransplante (células tronco adultas) é que ela não serviria para portadores de doenças genéticas. 
Figura 7. Célula-tronco da medula óssea.
Fonte: https://www.coladaweb.com/medicina-e-enfermagem/celulas-tronco
As células hematopoiéticas
 No caso das células sanguíneas, sua célula-tronco reside na medula óssea . São as células-tronco hematopoiéticas (CDH) que dão origem a hemácias, leucócitos e plaquetas. A diferenciação, isto é, se essas CDH vão continuar sendo células-tronco ou se tornar mais especificas se deve, em parte, ao fato de as células-tronco sanguíneas expressam em sua superfície uma proteína a Notche. Outro tipo de célula tronco que reside na medula, as células-tronco estromais (CTE), possui um receptor para essa proteína. Quando ocorre o reconhecimento e adesão entre células tronco hematopoiéticas e estromais, a primeira permanecerá célula tronco após a divisão. Se não correr esse reconhecimento a célula pode tomar duas vias; ou entra em divisão e diferenciação ou então morrerá. É óbvio que é proteína Notch não é o único fator envolvido na diferenciação ou manutenção das células tronco hematopoiéticas, contudo é algo intrigante e objeto de estudo de muitos pesquisadores.
 A existência de células hematopoiéticas precursoras são bem conhecidas e utilizadas em larga escala já a um bom tempo, principalmente em portadores de leucemia. Recentemente foi descoberta a existência de outro tipo de célula-tronco residindo na medula: as células tronco mesenquimais ou estromais que possuem receptor para a proteína notch.
Figura 8. Representação da célula hematopoiética.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Hemocitoblasto
Aplicações médicas das células tronco
 Por sua capacidade de replicação, assim como diferenciação para origem de vários tipos celulares, as células –tronco são importantes em aplicações médicas. Como exemplo, sabe-se que é possível utilizar as células-tronco para tratamentos de doenças humanas e reparação de danos em tecidos. As células-tronco com a grande capacidade de diferenciação são as células-tronco embrionárias (células ES) qu estão presentes nos estágios embrionários iniciais e podem originar tipos diferenciados de células dos organismos adultos. Essas células podem ser cultivadas de embriões de camundongo e usadas para introdução de genes alterados em camundongos. No ano de 1998, dois grupos de pesquisadores relataram o isolamento de células ES de embriões humanos, criando a possibilidade de que essas células-tronco humanas pudessem ser utilizadas na medicina. 
 Na clonagem terapêutica , o núcleo de uma célula humana adulta seria transferido para um oócito, que seria utilizado para produção de um embrião inicial em cultura. As células ES cultivadas desse embrião clonado poderiam, ser usadas para geração de tipos adequados de células diferenciadas para a transplantoterapia. As células diferenciadas derivadas desse procedimento, seriam geneticamente idênticas ao receptor do transplante, prevenindo complicações potenciais de rejeição imune.
 
Figura 9. Representação de clonagem terapêutica.
Fonte: http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Biotecnologia/biotecnologia2.php
 A possibilidade dessa transplantoterapia oferece a possibilidade de tratamento de várias doenças como, Parkinson, Alzheimer, diabete e lesões da medula espinhal. Em algumas pesquisas o sucesso foi alcançado, porém, ainda há muitos obstáculos a serem atravessados antes da clonagem ser feita em humanos. O desenvolvimento da clonagem terapêutica também levanta preocupações éticas, não apenas com clonagem reprodutiva, mas também com respeito à destruição dos embriões que constituem a fonte das células ES. Ao encontrar células- tronco no cérebro a comunidade cientifica ficou eufórica com as possibilidades. Além de sua possibilidade de recuperação e cura de sequelas causadas por acidentes, abriu-se a porta para cura de doenças como Alzheimer e Parkinson.
Figura 10. Comparação entre um cérebro saudável e um com Alzheimer.
Fonte: https://auladepatologia.wordpress.com/2009/12/01/alzheimer/
 No epitélio do trato digestivo, as células-tronco se localizam em criptas e dão origem a muitos tipos celulares: células absortivas, secretoras (de muco), de Paneth (relacionadas à imunidade) e enteroendócrinas. A renovação desse epitélio é muito rápida, apesar de as células-tronco ali se dividirem apenas uma vez a cada 24 horas. Já o ciclo celular nas células intermediárias (ainda não completamente diferenciadas) leva apenas duas horas, evidenciando o efeito amplificador da proliferação dessas células. Enquanto ao epitélio digestivo cabe absorver todos os nutri entes atuando como uma barreira seletiva entre o meio extra e o intracorporal, daí sua estrutura – uma fina na camada de células fortemente ligadas umas às outras através de junções de adesão e de oclusão – a pele, é essencialmente relacionada à função de revestimento. 
 A absorção de substâncias através da pele é muito pequena, cabendo a este verdadeiro órgão impedir, por um lado, a perda excessiva de fluidos e sais corporais e, pelo outro, o efeito de agentes ambientais sobre o organismo. A impermeabilidade da pele depende de duas de suas características: 1– a camada mais externa, composta por células mortas e queratinizadas que descamam constantemente; 2 – das junções de adesão e de oclusão. 
 Em contato com a lâmina basal, as células são mais indiferenciadas. Nessa camada estão as células-tronco. Acima desta, está a camada espinhosa. Após a camada espinhosa, situam-se as células granulosas, onde, além de junções de adesão, junções de oclusão formam uma barreira eficaz contra perda de líquidos e sais para o meio externo. As células desta camada também contêm grânulos de melanina, responsáveis pela coloração da pele. Progressivamente as células granulosas vão morrendo, formando várias camadas de células mortas e queratinizadas. As camadas externas da pele são substituídas centenas de vezes ao longo de nossa vida. Na camada basal, residem as células-tronco indiferenciadas que capitaneiam o processo de divisão e diferenciação.
Proliferação das células diferenciadas
 As células de animais adultos podem ser agrupadas em três categorias no sentido de proliferação celular e substituição. Poucos tipos de células diferenciadas não são capazes de realizarem a divisão celular e não podem sofrersubstituição se forem perdidas, como exemplo as células do músculo cardíaco humano. Tais células são produzidas no desenvolvimento embrionário, diferenciadas e então conservadas através da vida do animal.
 Outro tipos de células diferenciadas podem reter a capacidade de proliferação. Essas células entram na fase G0 do ciclo celular, mas retomam a proliferação em resposta à danos ou morte celular. Esses tipos de células são: fibroblastos de pele, células musculares lisas, células endoteliais que retém vasos sanguíneos e células epiteliais de alguns órgãos internos, como o fígado. Como exemplo de proliferação controlada dessas células, têm-se a proliferação dos fibroblastos da pele com o objetivo de reparar danos que decorreram de corte ou ferida. Outro exemplo são as células do fígado que dividem-se raramente. Porém, se um grande número de células do fígado são perdidas, as células restantes são estimuladas a se proliferarem para reposição do tecido perdido. Por isso, é possível transplante de fígado entre seres vivos.
 A maioria das células completamente diferenciadas, não está apta para a divisão celular, mas estas células podem ser substituídas pela proliferação de células menos diferenciadas, chamadas células-tronco, que estão presentes em tecidos de animais adultos.
As diversas camadas do epitélio.
 A proliferação in vitro de células epiteliais já é uma realidade e tem sido empregada no tratamento de queimados. Para isso muito contribuíram as pesquisas sobre a interação entre células epiteliais e moléculas da membrana basal, demonstrando mais uma vez que a pesquisa básica não pode nem de longe ser considerada um luxo inútil. Quando menos se espera, aqueles conhecimentos que pareciam tão teóricos tornam-se fundamentais para a resolução de uma questão prática. 
Células-tronco
 A característica essencial das células-tronco é sua divisão para produção de células-filhas que podem se diferenciar ou permanecer como células tronco. Como a divisão dessas células produz novas células-tronco, bem como células-filhas direnciadas, as células tronco constituem populações auto-renováveis que podem servir como fonte para produção de células diferenciadas durante toda a vida. 
O papel das células-tronco é evidente em muitos tipos de células diferenciadas, incluindo células sanguíneas, células epiteliais da pele e células epiteliais de revestimento do trato digestivo, que apresentam curto período de vida e devem ser substituídas por proliferação celular contínua, nos animais adultos. Em todos esses casos, as células totalmente diferenciadas não sofrem reprodução, mas são constantemente renovadas por proliferação de células-tronco que, a seguir, se diferenciam para manter um número estável de células diferenciadas. 
A produção de células sanguíneas é um bom exemplo do papel das células-tronco na manutenção de populações de células diferenciadas. Há muitos tipos diferentes de células sanguíneas com diferentes funções especializadas: eritrócitos transportam O2 e CO2; granulócitos e macrófagos são células fagocitárias; plaquetas que funcionam na coagulação do sangue e linfócitos que são responsáveis pela respota imunológica. Todas essas células têm uma duração de vida limitada, que varia de menos de 24h até alguns meses e são produzidas constantemente pela divisão de uma célula pluripotentes hematopoéticas na medula óssa. Os descendentes das células pluripotentes hematopoéticas, tornam-se comprometidos com diferentes caminhos de diferenciação. As células continuam a proliferar-se e sofrer vários ciclos de divisão enquanto se diferenciam. Porém, uma vez que estejam totalmente diferenciadas, elas param de se proliferar, de modo que a manutenção da população de células sanguíneas diferenciadas é dependente da contínua proliferação da célula pluripotentes hematopoéticas.
Figura 11. Tipos de células-tronco
Fonte: https://planetabiologia.com/o-que-sao-celulas-tronco-tipos-resumo/
Figura 12. Fases da atividade celular de células-tronco.
Fonte: http://atividadecelular.blogspot.com.br/p/celulas-tronco.html
Cordão umbilical e placenta 
 Pesquisas recentes vêm mostrando que o sangue do cordão umbilical e da placenta são ricos em células-tronco. Entretanto, também não sabemos ainda qual é o potencial de diferenciação dessas células em diferentes tecidos. Se as pesquisas com células-tronco de cordão umbilical proporcionarem os resultados esperados, isto é, se forem realmente capazes de regenerar tecidos ou órgãos, esta será certamente uma notícia fantástica, porque não envolveria questões éticas. Teríamos que resolver então o problema de compatibilidade entre as células-tronco do cordão doador e do receptor. Para isto será necessário criar, com a maior urgência, bancos de cordão públicos, à semelhança dos bancos de sangue. Isto porque se sabe que, quanto maior o número de amostras de cordão em um banco, maior a chance de se encontrar um compatível. Experiências recentes já demonstraram que o sangue do cordão umbilical é o melhor material para substituir a medula e m casos de leucemia. Por isso, a criação de bancos de cordão é uma prioridade que já se justifica somente para o tratamento de doenças sanguíneas, mesmo antes de confirmarmos o resultado de outras pesquisas.
Figura 13. Representação do cordão umbilical e sua célula-tronco.
Fonte: http://www.cordvida.com.br/new/celula-tronco-home/o-cordao-umbilical
Conclusão 
 A utilização de células tronco para tratamentos em geral tem trazido inúmeros avanços em várias áreas científicas. No entanto, pesquisas que necessitam de células com maior potencial de diferenciação - as células tronco embrionárias - enfrentam um entrave ético e religioso que atrasam seu desenvolvimento . As novas descobertas sobre as células tronco adultas e a utilização de células placentárias e do cordão umbilical, tem ajudado a contornar esses obstáculos e tem trazido grandes resultados em animais e seres humanos. 
 As células tronco têm o potencial de substituir e revolucionar o transplante de órgãos, pois nessa tecnologia não haveria o problema da rejeição em doenças não genéticas. Doenças neurodegenerativas extremamente complexas veem agora uma luz no fim do túnel, o que poderá mudar a história de muitas pessoas.
Referências Bibliográficas
Texto adaptado de Zatz, Mayana. "Clonagem e células-tronco". Cienc. Cult ., jun. 2004, vol. 56, nº 3, pp. 23-27, ISSN 0009-6725 
ALBERTS, B.; BRAY, D.; HOPKIN, K.; JOHNSON, A.; LEWIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS, K.; WA LTER, P. 2011. Fundamentos da Biologia Celular. 3ª Edição. Editora Artmed.
 ALBERTS, B.; J OHNSON, A.; LEWIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS, K.; WALTER, P. 2010. Biologia Molecular da Célula. 5ª Edição. Editora Artmed. 
COPPER. G. M.; HAUSMAN, R. E.. A célula: Uma abordagem molecular.3ª Edição. São Paulo. Editora: Artmed,2012.
KARP, G. 2010. Cell Biology. 6th Edition.
Ciclo Celular (Interfase, Mitose, Meiose, Apoptose). Disponível em: <http://www.ufrgs.br/biologiacelularatlas/nucleo1.htm >. Acesso em 26 de novembro de 2017.