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Universidade Federal de Lavras Departamento de Biologia Setor de Biologia Celular Fundamentos de Biologia Celular - GBI 174 Notas de Aula Tema 8 – Citoesqueleto O citoplasma das células eucarióticas é constituído por uma rede intrincada de filamentos proteicos que se estende por todo seu interior, denominada Citoesqueleto (Figura 1). Figura 1 – Representação dos filamentos do Citoesqueleto de uma célula eucariótica que se estendem por todo o citoplasma. A denominação do citoesqueleto veio da ideia de que sua única função era manter a forma das células, logo após sua visualização em microscopia eletrônica. No entanto, o conhecimento a respeito dos constituintes do citoesqueleto tem avançado muito, tanto no que diz respeito à sua composição, quanto à sua formação e comportamento, revelando que ele desempenha várias outras funções, sendo muitas de natureza dinâmica. Portanto, eles não funcionam apenas como “ossos” das células conferindo sustentação, mas também como “músculos” possibilitando movimentos e alterações de formas. As células eucarióticas são mais especializadas e complexas que as células procariotas. Logo, a compartimentalização interna dessas células implica na necessidade de um citoesqueleto que mantenha as suas estruturas em locais apropriados no seu interior, favoreça a comunicação entre seus compartimentos e controle seus movimentos. Três filamentos compõem o citoesqueleto: (1) microfilamentos; (2) filamentos intermediários e (3) microtúbulos. Esses filamentos diferem quanto a composição proteica, estrutura, localização, proteínas associadas e função nas células (Figura 2). Figura 2 – Os três tipos de filamentos que constituem o citoesqueleto de células eucarióticas: (A) Microfilamentos de actina, formados pela proteína globular actina, apresentam 7nm de diâmetro e conferem força motriz à célula; (B) Filamentos Intermediários, formados por proteínas fibrosas, apresentam de 8 a 10nm de diâmetro e conferem resistência a célula; (C) Microtúbulos, formados pela tubulina (dímero de α e β tubulina), são tubo ocos de 25nm de diâmetro que estão envolvidos em movimentos celulares. A distribuição preferencial dos três tipos de elementos do citoesqueleto é característica nas células; além disso a variabilidade de proteínas que se associam a eles modula a sua estrutura e função. As propriedades mecânicas conferidas a cada tipo de filamento é determinada por sua composição proteica: os microfilamentos (Figura 2A) são estruturas sólidas, helicoidais, finíssimas (7nm de diâmetro) compostos de actina; os filamentos intermediários (Figura 2B) são fibras resistentes, semelhantes a uma corda, compostos por várias proteínas fibrosas (8 a 10nm de diâmetro) ; enquanto os microtúbulos (Figura 2C) são tubos rígidos (25nm de diâmetro) compostos por subunidades de tubulina. A B C 8.1 Os Microtúbulos Os microtúbulos (MTs) são filamentos retilíneos com vários micrômetros de comprimento que, em corte transversal, apresentam-se como anéis de 25 nm de diâmetro externo, com o interior oco e uma parede formada por 13 unidades globosas. Longitudinalmente , os MTs são formados por 13 protofilamentos (cadeidas de tubulina associada mesma orientação) que se conectam paralelamente para formar a parede do MT. A tubulina é uma proteína globular com duas subunidades polipeptídeas, α e β tubulina, caracterizando um heterodímero. Os microtúbulos estão presentes em todo o citoplasma, partindo da região que os forma (centrossoma) mas podem concentrar-se em regiões específicas de acordo com a atividade que a célula desempenha naquele instante. Figura 3 – A tubulina, proteína que constitui os MTs, é um heterodímero de α e β tubulinas. Os heterodímeros se associam formando protofilamentos. Para formar a estrutura tubular oca dos MTs 13 protofilamentos se dispõe paralelamente. A formação dos MTs A polimerização dos MTs ocorre a partir de subunidades de tubulinas livres no citosol. O processo de polimerização é dependente de GTP. Quando a tubulina está ligada ao GTP ela se associa de forma estável a outra tubulina favorecendo a polimerização dos protofilamentos dos microtúbulos (Figura 4). Depois de usa incorporação ao protofilamento, o GTP é hidrolisado a GDP, favorecendo a despolimerização dos MTs, já que essa mudança torna a associação entre as tubulinas mais fraca. Essa relação entre monômeros com GTP ou GDP faz com que a montagem dos monômeros de tubulina seja um fenômeno polarizado, em que os dímeros se unem a um dos extremos dos microtúbulos (extremidade positiva) enquanto outros se desprendem da outra extremidade (extremidade negativa) (Figura 4). Esta possibilidade de rápida polimerização e despolimerização confere a propriedade de instabilidade dinâmica aos MTs, a qual está intimamente ligada à sua função de promover movimentos celulares. Figura 4 – Formação dos MTs a partir da fosforilação do heterodímero de tubulina. Na extremidade de crescimento (+) as tubulinas fosforiladas ligadas ao GTP são adicionadas. Nas extremiadades de encurtamento (-) as tubulinas estão ligadas ao GDP, após a hidrólise do GTP, o que favorece a despolimerização A extremidade negativa pode estabilizar-se no centro organizador dos MTs, ou centrossomo. Esta é uma região da célula que irá nuclear a polimerização dos microtúbulos a partir de anéis de γ-tubulina. Nas células animais o centrossomo possui um par de centríolos; as células vegetais são acentriolares e o centro organizador dos MTs, ou centrossomo, é difuso (Figura 5). Na maioria das vezes, várias outras proteínas, genericamente denominadas proteínas associadas aos microtúbulos (MAPs) podem associar-se aos MTs. As MAPs possuem a função de estabilizar o MT ou promover sua associação com outros componentes celulares. Dentre estas proteínas as mais proeminentes são as proteínas motoras dineína e cinesina (ou quinesina) que estão associadas ao transporte de vesículas celulares. Essas proteínas possuem uma região globular que se associam aos MTs e a outra extreminadade (cauda) que se associa às vesículas que serão carregadas pela célula. Os MTs funcionam como “trilhos” por onde estas proteínas “caminham”, com gasto de ATP, transportando vesículas. Além de se diferirem estruturalmente (Figura 6), as dineínas e cinesinas se distinguem funcionalmente: a dineína se desloca através dos MTs em direção à extremidade negativa (-), enquanto a cinesina se desloca na direção da extremidade positiva (+). watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce . Figura 5 – Formação dos MTs a partir do centrossomo ou centro organizador dos MTs. A nucleação dos microtúbulos na extremidade (-) se dá a partir de um anel de γ-tubulina. Em células animais é observado um par de centrílolos no centrossomo. Figura 6 – Associação das proteínas motoras Dineína e Cinesina aos MTs (A). A Dineína se desloca ao longo dos MTs em direção a extreminadade menos, enquanto a cinesina vai na direção oposta, para a extremidade mais. (B) movimento das proteinas motoras que caminham pelos MTs em consequência da mudanção de conformação. (C) O papel do ATP no deslocamento. (C) 8.2 Os Microfilamentos de Actina Os microfilamentos (MFs) são as estruturas filamentosas mais delgadas do citoplasma, com diâmetro entre 6 e 8 nm. São formados por monômeros da proteína globular actina, que se associam formando uma hélice (Figura 7). Eles são filmentos mais curtos e flexíveisquando comparados aos MTs. Figura 7 – O monômero de actina que constitui os MFs é uma proteína globular duas extremidades diferenciadas que conferem que se encaixam para formar o filamento conferindo polaridade a ele. A formação dos MFs À semelhança do que é observado para os MTs, os MFs também possuem instabilidade dinâmica, dependente de ATP, apresentando extremidades de crescimento (+) e extremidades de encurtamento (-), de onde são, respectivamente, adicionados e retirados monômeros de actina (Figura 8). O monômero de actina fosforilado (Actina com ATP associado) fica estável para se ligar à extremiadade (+) da actina filamentosa enquanto que a desfosforilação da actina (actina associado ao ADP) cria as condições necessárias para o monômoro se dissociar do filamento na extremidade (-). A qualquer momento, em função da necessidade da célula, monômeros de actina globular podem se associar, gerando a actina filamentosa ou MFs. Este dinamismo está relacionado ao deslocamento celular e a alterações no formato das células. Figura 8 – A instabilidade dinâmica dos MFs. Monômeros de actina associados ao ATP se ligam ao MF na extremidade (+), enquanto monômeors ligados ao ADP se dissociam do MF na extremiade (-). watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce Assim como foi observado para ps MTs há proteínas que se associam ao MFs contribuindo para suas funçãoes de força motriz na célula. Dentre as proteínas que se associam ao MFs, destacamos as proteínas motoras da família das miosinas, que à semelhança das dineínas e cinesinas, usam os MFs como trilhos para direcionar o deslocamento de outros filamentos ou de organelas. A miosina I possui uma cabeça globular em uma extrmidade e uma cauda na extremidade oposta e tem a função de ligar os MFs a uma estrutura celular, como vesícula, organela, membrana plasmática, entre outras (Figura 9A). Já a proteína motora miosina tipo II, com função de ligar dois MFs, possui duas cabeças globulares em uma das extremidades. Cada uma delas se liga a um filamento de actina da célula. Além disso, para realizar movimentos como o de contração muscular, as miosinas tambem se associam propiciando o deslizamento de um MFs sobre o outro (Figura 9 B). Figura 9 – Asssociação de proteínas motoras da família Miosina aos MFs. (A) Miosina tipo I se associa a estruturas celuares como vesículas e a membrana plasmática. (B) Miosina tipo II liga dois filamentos de MFs. 8.3. Filamentos Intermediários Os filamentos intermediários (FIs) são assim denominados por apresentarem espessura entre 8 e 10 nm, a qual está entre a dos microtúbulos e a dos microfilamentos. São os mais distintos dos três componentes do citoesqueleto. São formados por diferentes tipos de proteínas fibrosas que se associam formando uma estrutura semelhante a uma corda altamente estável (Figura 10). As proteínas que formam os FIs possuem uma estrutura básica comum que consiste em uma cabeça globular N-terminal e uma cauda carboxi-terminal também globular, associadas a um domínio central em forma de bastão alongado (Figura 10). Esses domínios centrais das proteínas fibrosas que formam os FIs são bem conservados evolutivamente e possuem tamanho e sequência de aminoácidos similares, de modo que a união dessas proteínas forma estrutura interna semelhante. Já as regiões globulares da cabeça e cauda das proteínas fibrosas dos FIs são variáveis tanto em tamnho como em sequencia de aminoácidos, o que carcateriza os diferentes tipos de FIs existentes. watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce Figura 10 – Aspectos estruturais dos FIs intermediários. (A) Estrutura terciária de uma proteína típica de FI. (B – D) Sucessão de associações entre as proteínas para formar a estrutrua em corda dos FIs. (F) Detalhes dos FIs. A formação dos FIs Para formar a estrutura semelhante a uma corda, característica dos FIs, ocorre o enrolamento dos domínios centrais de duas proteínas fibrosas formando uma estrutura espirialda, estável. Esse dímero de associa a um outro dímero formando um tetrâmero. Os tetrâmeros, por sua vez, se ligam uns aos outros pelas extremidades e pela lateral formando protofilamentos. A associação de vários protofilamentos origina forma o FI final (Figura 10). Devido à forma de associção das pretéinas para formar os FIs não há polaridade (+) ou (-) como observda para MTs e MFs e eles são estáveis. Os FIs são abundantes no citoplasma das células animais, estando presentes na forma de neurofilamentos nos neurônios, queratina em células epiteliais, vimentinas em células embrionárias e proteínas gliais em células da glia. Eles formam uma rede por todo o citoplasma e interconectam o núcleo à superfície celular, conferindo resistência às células. Estão presentes em todas as células eucarióticas dentro do núcleo. As proteínas chamadas laminas estão inseridas na face interna do envelope nuclear formando a lâmina nuclear, que constitui um arbouço protéico ao qual a cromatina do núcleo interfásico se ancora (Figura 11). A lâmina nuclear é ainda a responsável pelos processos de desorganização e reorganização do envelope nuclear durante a divisão celular. watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce Figura 11 – Os FIs que se conectam a face interna da membrana nuclear é formado pela proteína fibrosa laminina e contribui para a estruturação do núcleo, ancoragem da cromatina e desintegração do envoltório nuclear durante a divisão celular. 8.4. Distribuição do Filamentos do Citoesqueleto em Células animais e vegetais Apesar de terem a propriedade de se reorganizarem completamente ao longo da vida da células, especialmente os MTs e os MFs, os filamentos do citoesqueleto apresentam uma localização preferencial. Na célula animal observa-se que os MTs se distribuem a aprtir do centro organizador do MTs (centrossomo), onde se posiciona a extremidade (+) para todo o citoplasma da célula (Figura 12 A). Já os MFs estão dispersos por todo o citoplasma, com maior concnetração no córtex, logo abaixo da membrana plasmática (Figura 12 B). Os FI atravessam o citoplasma da célula, se estendo de uma extremidade da membrana a outra quando participam de junções celulares, e ainda estão dentro do núcleo formando a lâmina nuclear (Figura 12 C). Figura 12 – Representação da ditribuição dos filamentos do citoesqueleto em uma célula animal (A) MTS, (B) MFs e (C) FIs. A B C watan Realce watan Realce watan Realce A célula vegetal é pobre em FIs uma vez que a função de sustentação é desempenhada pela parede celular. Seu principal papel nas células vegetais é a formação da lâmina nuclear dentro do núcleo, assim como em todas as células eucarióticas. A distribuição de MTs e MFs depende do estágio de diferenciação da célula. Em células em desenvolvimento (Figura 13 A) os micrtúbulos estão dispersos pelo citoplasma de forma ordenada pois contribuem para o sentido no qual as microfibrilas de celulose serão depositadas na parede celular contribuindo para seu crescimento. Em células diferenciadas, a distribuição dos MTs pelo citoplasma é menos previsível, caracterizando uma distribuição aleatória (Figura 13 B). Já os MFs se distribuem por todo o citoplasma, tanto nas células em crescimento quanto as células em desenvolvimento, próximo a membrana do vacúolo e sustentam os plasmodesmos,canal citoplasmático que passa por dentro das pontoações e que permite a comunicação entre as células vizinhas (Figura 13). Figura 13 – Distribuição dos filamentos do citoesquelto nas células vegetais. 8.5. Funções dos Filamentos do Citoesqueleto nas Células Juntos os filamentos do citoesqueleto contribuem para a manutenção da estrutura das células e dá suporte para célula resistir às pressões mecânicas, especialmente nas células que não apresentam parede celular. Individualmente, eles ainda estão envolvidos em processos de diferenciação, mobilidade (movimento dentro da célula) e motilidade (movimento da célula), na organização espacial das organelas e moléculas no citoplasma e nos processos de reorganização celular como é o caso da divisão. A participação do citoesqueleto na divisão será tratada no tema Divisão celular. A seguir detalharemos algumas das funções de cada componente do citoesqueleto. a) Célula Diferenciada b) Célula em Crescimento difuso pd – plasmodesma cw – parede celular v – vacúolo n - núcleo watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce Aspectos funcionais dos MTs Transporte de vesículas: No citoplasma de uma célula ativa, os MTs participam do transporte vesicular sevindo como vias que as proteínas motoras, dineínas e cinesinas, usam para “caminhar” carregando vesículas, com gasto de energia. A estrutura polarizada dos MTs (extremidade + e extremidade -) é reconhecida diferentemente por essas duas classes de proteínas, o que determina transporte em direções opostas. Dineínas se deslocam para a extremidade (-), enquanto cinesinas se desolcam para a extremidade (+) (Figura 14). Figura 14 – Papel dos microtúbulos no transporte vesicular pelas proteínas motoras dineínas e cinesinas. Um exemplo desse transporte vesicular já foi visto quando do estudo da formação de uma nova parede celular. Ao final da divisão mitótica em células vegetais, a separação do citoplasma (citocinese) se dá pela formação de uma nova parede celular e fechamento de cada célula filha por membrana plasmática. Para a formação da nova parede, os microtúbulos remanescentes do fuso mitótico formam o fragmoplasto, que direciona as vesículas do Complexo de Golgi repletas de pecitnas para a placa celular onde as vesículas se fundem para formar a lamela média (Fig.15) Figura 15 – Papel dos MTs na formação da parede celular: formação fragmoplasto que direciona as vesículas do Complexo de Golgi para formação da lamela média e separar as duas células filhas (citocinese). watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce Organização interna da célula: O posicionalmento dos MTs também é importante para o posicionamento das organelas no citoplasma, garantindo que elas estejam estrategicamente posicionadas, especialmente com relação às organelas com as quais têm relação funcional. As proteínas motoras, dineínas e cinesinas, podem estar envolvidas nesse processo servindo como a força que mantém constantemente as membranas das organelas associadas aos MTs. Mobilidade de alguns tipos celulares: Os cílios e flagelos são estruturas microtubulares responsáveis pela motilidade celular. Estas estruturas podem provocar o deslocamento de células num meio líquido ou provocar correntes no líquido que as circundam. O cílio eucariótico é uma estrutura microtubular curta que se projeta para o meio extracelular. É observado, normalmente em grande número, em muitas classes de protozoários provocando o rápido deslocamento destes organismos no meio líquido. Estas estruturas também são observadas em lâminas epiteliais que revestem cavidades internas do aparelho respiratório e partes do trato genital, onde produzem ondas de contração sincronizadas, para movimentar partículas sólidas em suspensão. O flagelo eucariótico é uma estrutura microtubular longa, normalmente escassa (um ou poucos por célula), que se projeta para o meio extracelular. O flagelo é a estrutura utilizada por alguns protozoários e pelos espermatozóides dos metazoários para locomoverem-se no meio líquido. Tanto cílios como flagelos apresentam um eixo de sustentação, o axonema, formado por um conjunto de microtúbulos conhecido como complexo "9 + 2" conectados por braços de dineína, formando uma estrutura coesa responsável pelo batimento quando as dineínas são fosforiladas (Figura 16). O axonema é envolto pela membrana plasmática. A ausência ou deficiência nas dineínas do axonema torna o cílio ou flagelo funcionalmente deficiente, causando patologias como esterilidade masculina por imbobilidade dos espermatozóídes, bronquite e sinusite. Figura 16 – Estrutura dos cílios e flagelos eucarióticos: axonema formado por 9 + 2 microtúbulos interligados por dineínas e revestido por membrana plasmática. watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce Aspectos funcionais dos MFs Movimentos no citoplasma: A ciclose é uma corrente citoplasmática que promove deslocamento de organelas, vesículas e produtos do metabolismo, promovendo distribuição homogênea desses produtos e viabilizando o intercâmbio entre os compartimentos celulares. Isso é essencial para o bom funcionamento da célula eucariótica, uma vez que somente a difusão seria insuficiente para a distribuição adequada de metabólitos por toda a célula, que é grande e muito densa. Essa corrente é desencadeada pelo deslocamento de algumas organelas (cloroplastos e mitocôndrias) ao longo dos microfilamentos por meio de uma miosina motora que liga-se por uma extremidade ao filamento de actina, e pela outra a proteínas da membrana de uma organela citoplasmática, arrastando-a à medida que a miosina se move ao longo do filamento de actina (Figura 17). Em células vegetais , a ciclose é facilmente visível em microscopia de luz, onde é possível observar o deslocamento dos cloroplasto no espaço delimitado entre a membrana plasmática e a membrana do vacúolo. Figura 17 – Participação dos microfilamentos em interação com miosina motora na geração de ciclose em uma célula vegetal. Contração muscular: No citoplasma da célula muscular existem várias unidades de contração compostas individualmente por cerca de 300 moléculas de miosina associadas para formar um filamento espesso que é circundado por uma “gaiola” de filamentos delgados (microfilamentos de actina). Na contração muscular, os filamentos delgados deslizam sobre os espessos em decorrência de ciclos de ligação de ATP, hidrólise a ADP e saída do ADP que mediam a associação das cabeças das miosinas com os MFs, o deslocamento simultâneo desses filamentos (contração) e o desligamento entre as cabeças de miosina e os MFs (relaxamento) (Figura 18). watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce Figura 18 – A interação da actina com a miosina II com gasto de ATP promove o deslocamento dos MFs e consequente a contração das células musculares. Aspectos funcionais dos FIs Sustentação mecânica: Uma das princiapis funções dos FIs é a de sustenação mecânica das células desprovidas de parede. Sua ampla distribuição pelo citoplasma mantém a forma da célula e quando associadas a junções da membrana plasmática não apenas participam da manutenção da forma da célula individualmente, mas também da integridade do tecido. Nostecidos epiteliais a rede de FIs é fundamental para a resistência a formas deformadoras sem perda de elasticidade (Figura 19). Figura 19 – Interação entre FIs (azul) e microtúbulos (verde) para manutenção da forma típica do neurônio (A). Rede de FIs de um tecido epitelial contendo várias junções que mantêm a integridade do tecido (B). Estruturação e organização do núcleo. Em todas as células eucarióticas, a superfície interna do núcleo é revestida por uma rede de filamentos intermediários (laminas) que formam a lâmina nuclear, uma estrutura estável que participa da estabilização do núcleo e de sua organização interna, especialmente do posicionamento da cromatina. Portanto, os FIs são o único elemento do citoesqueleto presente no interior do núcleo. watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce watan Realce EXERCÍCIOS PROPOSTOS 1. O que é o citoesqueleto e que componentes os forma? 2. Caractertize os componentes do citoesqueleto no que diz respeito à composição, diâmetro e localização na célula. 3. O que é instabilidade dinâmica? 4. Qual a função das dineínas e quinesinas? 5. Qual a função das miosinas? 6. Como se dá a formação dos filamentos intermediários? 7. Como os microfilamentos direcionam a ciclose? 8. Como os microtúbulos participam do tráfego de vesículas? 9. De que forma os microtúbulos conferem a alguns tipos celulares a capacidade de se deslocarem? BIBLIOGRAFIA: ALBERTS, B. et al. Fundamentos de biologia celular. 3a ed. Porto Alegre: Artmed editora, 2011. 864p. CARVALHO, H.F.; RECCO-PIMENTEL, S.M. A Célula. 3 ed. São Paulo. Editora Manole. 2013. 590 p. JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia Celular e Molecular. 9ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012, 376p
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