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CIVIL 8. AULA 09 Da Sucessão testamentária

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DA SUCESSÃO 
TESTAMENTÁRIA
Conceito 
 Decorre de expressa manifestação de
última vontade, em testamento ou
codicilo.(Carlos Roberto Gonçalves)
Histórico
 O testamento é criado pelos romanos com a 
Lei das XII Tábuas. 
TÁBUA QUINTA
Das heranças e tutelas
1. As disposições testamentárias de um pai de família sobre os seus bens, ou a tutela dos filhos, terão a força de 
lei.
2. Se o pai de família morrer intestado, não deixando herdeiro seu (necessário), que o agnado mais próximo seja o 
herdeiro.
3. Se não houver agnados, que a herança seja entregue aos gentis.
4. Se um liberto morrer intestado, sem deixar herdeiros seus, mas o patrono ou os filhos do patrono a ele 
sobreviverem, que a sucessão desse liberto se transfira ao parente mais próximo da família do patrono.
5. Que as dívidas ativas e passivas sejam divididas entre os herdeiros, segundo o quinhão de cada um.
6. Quanto aos demais bens da sucessão indivisa, os herdeiros poderão partilhá-los, se assim o desejarem; para 
esse: fim o pretor poderá indicar três árbitros.
7. Se o pai de família morrer sem deixar testamento, indicando um herdeiro seu impúbere, que o agnado mais 
próximo seja o seu tutor.
8. Se alguém tornar-se louco ou pródigo e não tiver tutor, que a sua pessoa e seus bens sejam confiados à
curatela dos agnados e, se não houver agnados, à dos gentis
 Na Idade Média havia forte presença 
das autoridades cléricas e políticas nas 
práticas testamentárias, incentivando, 
inclusive, a realização de testamentos.
 “O Direito Canônico instituiu o testamento feito 
perante o paróco, perante duas ou três 
testemunhas idôneas, e o testamento ad pias 
causas, feito por qualquer modo capaz de 
provar a disposição. Por essa forma, cercou as 
disposições testamentárias de favores 
excepcionais, no interesse da Igreja; porem, 
para maior estímulo dos crentes abastados, 
decretados a privação da comunhão e da 
sepultura àquele que morresse esquecido de 
deixar alguma coisa à Igreja. Para obviar tal 
condenação, na falta de testementificação, os 
herdeiros concordavam em despojar-se de uma 
parte da herança em proveito da alma do 
falecido.” (Clovis Beviláqua)
 De toda sorte, “o fundamento decisivo 
para a o reconhecimento da sucessão 
testamentária foi a afirmação da 
propriedade privada.” (Cristiano Chaves 
e Nelson Rosenvald)
 No Brasil, o sucessão testamentária 
está presente desde as Ordenações 
Portuguesas, consolidando-se no 
Código Civil de 1916 e no atual de 
2002.
 De acordo com o art. 1786 do CC: “A 
sucessão dá-se por lei ou por disposição de 
última vontade.” 
 E no art. 1.788 afirma: “Morrendo a pessoa 
sem testamento, transmite a herança aos 
herdeiros legítimos; o mesmo ocorrerá 
quanto aos bens que não forem 
compreendidos no testamento; e subsiste a 
sucessão legítima se o testamento caducar, 
ou for julgado nulo.”

“Procurando conciliar a autonomia 
privada e a especial proteção da família 
(CF, art. 226), consagra-se um sistema 
dual sucessório: i) sucessão legítima (por 
força de lei, em favor de pessoas 
previamente estabelecidas no próprio 
Código Civil; ii) sucessão testamentária 
(de acordo com a vontade do autor da 
herança, expressa em declaração de 
última vontade, testamento.)” (Cristiano 
Chaves e Nelson Rosenvald)
Testamento
 Conceito: é ato revogável pelo qual 
alguém, de conformidade com a lei, 
dispõe total ou parcialmente de seu 
patrimônio, para depois de sua morte, 
ou faz outras declarações de última 
vontade.
Características do testamento
 É ato personalíssimo (art. 1.858 CC): o 
testamento só pode ser feito pelo próprio 
testador, sem interferência de quem quer que 
seja. O ato praticado por outrem não tem 
validade jurídica por razões óbvias.
 É negócio jurídico unilateral: a declaração de 
vontade emana de uma só parte 
isoladamente. O Código Civil proíbe o 
chamado testamento de mão-comum.
 É ato solene : pois a lei estabelece 
forma rígida para sua feitura.
 É revogável: o testador pode modificar 
ou revogar sua vontade, sendo tal 
prerrogativa ilimitada.
 Exceção: art. 1.609, III, CC 
(reconhecimento de filho)
 Ato gratuito: não exige contraprestação 
do beneficiado.
 É ato causa mortis: só produz efeitos 
depois da morte.
 Capacidade ativa: é aferida no momento da
feitura do testamento. Em regra, todas as
pessoas são capazes para fazer testamento,
inclusive os menores entre 16 e 18 anos,
independentemente de assistência.
Capacidade para fazer 
testamento
 Não podem testar:
a) Incapazes: somente os absolutamente incapazes;
b) Aquele que no ato de fazê-lo não tiver pleno
discernimento, ainda que por motivo transitório
(embriaguez, hipnose, substâncias entorpecentes);
 A incapacidade superveniente não invalida o
testamento, bem como o testamento do incapaz não
se valida com a superveniência da capacidade.
Capacidade para receber por 
testamento
 Capacidade passiva: é aferida no momento da
abertura da sucessão.
 Podem receber por testamento: as pessoas naturais
vivas, já concebidas ou a prole eventual, bem como
as pessoas jurídicas existentes ou a serem
constituídas como fundação.
 Não podem receber por testamento: as pessoas
apontadas nos arts. 1801 e 1802 do CC**.
 Os filhos do herdeiro testamentário morto não
herdam porque não há direito de representação na
sucessão testamentária.
 **Art. 1.801. Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários:
 I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge 
ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos;
 II - as testemunhas do testamento;
 III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, 
estiver separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos;
 IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante 
quem se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento.
 Art. 1.802. São nulas as disposições testamentárias em favor de 
pessoas não legitimadas a suceder, ainda quando simuladas sob a 
forma de contrato oneroso, ou feitas mediante interposta pessoa.
 Parágrafo único. Presumem-se pessoas interpostas os ascendentes, os 
descendentes, os irmãos e o cônjuge ou companheiro do não 
legitimado a suceder.

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