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Esco´rias e refrata´rios Prof. Luiz T. F. Eleno Departamento de Engenharia de Materiais Escola de Engenharia de Lorena Universidade de Sa˜o Paulo 2016 LOM3027 (EEL-USP) Esco´rias e refrata´rios Prof. Luiz T. F. Eleno 1 / 23 Esco´rias Esco´ria: mistura de o´xidos e silicatos fundidos � a`s vezes tambe´m fosfatos e boratos, sulfetos, carbonetos, haletos. � Ponto de fusa˜o deve ser preferencialmente baixo Formada durante � fusa˜o-reduc¸a˜o de mine´rios � refino de metais Coleta os componentes indesejados Facilmente removida porque e´ imisc´ıvel no produto meta´lico e tem densidade muito menor LOM3027 (EEL-USP) Esco´rias e refrata´rios Prof. Luiz T. F. Eleno 2 / 23 Fluxantes Fluxante: aditivo usado para controlar propriedades da esco´ria: � ponto de fusa˜o � viscosidade � densidade � outras propriedades qu´ımicas (basicidade, etc.) Fluxantes comuns: � cal (CaO) e magne´sia (MgO) para ferro e ac¸o � s´ılica (SiO2) para cobre LOM3027 (EEL-USP) Esco´rias e refrata´rios Prof. Luiz T. F. Eleno 3 / 23 Refrata´rios Refrata´rio: material resistente ao calor para revestimento de fornos, cadinhos, gaseodutos e outros equipamentos Composic¸a˜o: geralmente o´xidos de metais menos nobres e de semi-metais: Si, Al, Ca, Mg, Cr, . . . � deve resultar em ponto de fusa˜o o mais alto poss´ıvel. � componentes na˜o-o´xidos: C, SiC, CaS, CaC2, CaF2, . . . LOM3027 (EEL-USP) Esco´rias e refrata´rios Prof. Luiz T. F. Eleno 4 / 23 Sistema CaO–SiO2–Al2O3 Projec¸a˜o da superf´ıcie liquidus Visa˜o tridimensional da superf´ıcie liquidus LOM3027 (EEL-USP) Esco´rias e refrata´rios Prof. Luiz T. F. Eleno 5 / 23 Sistema CaO–SiO2–Al2O3 importante para � esco´ria de alto-forno � refrata´rios s´ılico-aluminosos � vidros (na maior parte, com substituic¸a˜o de CaO por o´xidos de metais alcalinos) � cimento Portland pontos de fusa˜o dos o´xidos puros: � CaO: 2572℃ � SiO2: 1600℃ � Al2O3: 2072℃ I a mistura leva a um abaixamento da superf´ıcie liquidus do sistema temperaturas de fusa˜o . 1400℃: � 40–70% SiO2, 10–20% Al2O3 → esco´ria de alto-forno � CaO / Al2O3 ≈ 1, ate´ ≈ 10% SiO2 temperaturas de fusa˜o & 1800℃: � base dos refrata´rios silico-aluminosos: I tijolos refrata´rios (fireclay bricks), mulita, tijolos de alta alumina LOM3027 (EEL-USP) Esco´rias e refrata´rios Prof. Luiz T. F. Eleno 6 / 23 Sistema CaO–SiO2–Al2O3 LOM3027 (EEL-USP) Esco´rias e refrata´rios Prof. Luiz T. F. Eleno 7 / 23 Basicidade da esco´ria/refrata´rio Analogia a` basicidade de uma soluc¸a˜o aquosa (pH = log10[H +]) Esco´rias/refrata´rios com alta s´ılica (SiO2) sa˜o ditos a´cidos; esco´rias com mais CaO sa˜o ba´sicos � de fato: I soluc¸o˜es aquosas com esco´rias solidificadas com alta SiO2 parcialmente dissolvidas apresentam pH < 7 I e pH > 7 para esco´rias com mais CaO � outros componentes I ba´sicos: MgO, MnO; I a´cidos: P2O5, TiO2 Mas na˜o ha´ uma escala absoluta de basicidade de esco´rias e refrata´rios � existem diversas propostas de escalas comparativas de basicidade: CaO SiO2 , CaO− 4P2O5 SiO2 , CaO+MgO SiO2 + Al2O3 Escalas medem qualitativamente a tendeˆncia a` formac¸a˜o de silicatos/fosfatos ⇒ poder desoxidante/desfosforizante LOM3027 (EEL-USP) Esco´rias e refrata´rios Prof. Luiz T. F. Eleno 8 / 23 Basicidade o´xidos a´cidos tem maior afinidade por esco´rias ba´sicas e vice-versa � exemplo: so´ e´ poss´ıvel remover P do gusa se a esco´ria e´ ba´sica � outro exemplo: para uma esco´ria de alto-forno a´cida, o teor de Si no gusa sera´ maior I P2O5 e SiO2 sa˜o o´xidos a´cidos, que preferem se “neutralizar” (salt out) numa esco´ria ba´sica LOM3027 (EEL-USP) Esco´rias e refrata´rios Prof. Luiz T. F. Eleno 9 / 23 Esco´rias de alto-forno Outros componentes MgO, MnO resultado similar a` cal (CaO) ⇒ sa˜o usados como substitutos de parte da cal efeito sobre a temperatura liquidus � esco´rias a´cidas (alta SiO2): pouco efeito � esco´rias ba´sicas (baixa SiO2): grande efeito: 10% de substituic¸a˜o de CaO por MgO abaixa de va´rias centenas de ℃ I mas, para maiores % de substituic¸a˜o, volta a aumentar � efeito do MnO: mesma tendeˆncia, mas menos pronunciado efeito sobre as atividades � p/ % MgO ou MnO fixa: aMnO baixa para esco´ria a´cida, consideravelmente maior para esco´ria ba´sica � tambe´m aumenta aCaO I ⇒ MnO (ou MgO) e CaO sa˜o fortemente ligados em esco´rias a´cidas LOM3027 (EEL-USP) Esco´rias e refrata´rios Prof. Luiz T. F. Eleno 10 / 23 Esco´rias de alto-forno Outros componentes TiO2 diminui a basicidade da esco´ria (efeito inverso ao do MnO e MgO) ponto de fusa˜o do TiO2: 1842℃ parcialmente imisc´ıvel em SiO2 com CaO, forma o composto esta´vel CaTiO3 esco´rias com alto TiO2 podem servir de mate´ria prima para extrac¸a˜o de Ti meta´lico. LOM3027 (EEL-USP) Esco´rias e refrata´rios Prof. Luiz T. F. Eleno 11 / 23 Componentes na˜o-o´xidos em esco´rias Enxofre na esco´ria os ı´ons sulfeto (S2−) se encontram combinados na forma de sulfeto, principalmente CaS no metal l´ıquido, S se encontra dissociado: [S] S transita entre metal l´ıquido e esco´ria atrave´s das reac¸o˜es: 1/2 S2(g) + (CaO)esc. → (CaS)esc. + 1/2 O2(g) 1/2 S2(g) + (O 2−)esc. → (S2−)esc. + 1/2 O2(g) 1/2 S2(g) → [S]metal a reac¸a˜o do meio tem uma constante de equil´ıbrio dada por K = aS2− aO2− √ pO2 pS2 = fS2−(%S)esc. aO2− √ pO2 pS2 define-se a capacidade de sulfeto (CS) de uma esco´ria como CS = K aO2−/fS2− ⇒ CS = (%S)esc. √ pO2 pS2 LOM3027 (EEL-USP) Esco´rias e refrata´rios Prof. Luiz T. F. Eleno 12 / 23 Capacidade de sulfeto Enxofre CS mede a capacidade de uma esco´ria absorver sulfetos � e portanto enxofre aumenta com a basicidade da esco´ria (CaO, MnO, FeO) e diminui com MgO e Al2O3 1650℃ 1500℃ LOM3027 (EEL-USP) Esco´rias e refrata´rios Prof. Luiz T. F. Eleno 13 / 23 Componentes na˜o-o´xidos em esco´rias Outros elementos Carbono: � na forma de carboneto (principalmente CaC2) para condic¸o˜es altamente redutoras: CaO + 3 C → CaC2 + CO Flu´or: � na forma de fluoretos (principalmente fluorita, CaF2) I adicionada para abaixar o ponto de fusa˜o de esco´rias de refino secunda´rio de ac¸o Gases: � CO2, formando ı´ons carbonato (CO − 3 ) � H2O, inicialmente se dissociando em H + e OH−, mas depois formando ligac¸o˜es (“pontes”) de hidrogeˆnio entre os silicatos I na˜o tem muito efeito, aparte ser um canal de transfereˆncia de H para o metal l´ıquido (em quantidade pequena) LOM3027 (EEL-USP) Esco´rias e refrata´rios Prof. Luiz T. F. Eleno 14 / 23 Esco´rias ferrosas Formadas em condic¸o˜es oxidantes, ao inverso do alto-forno � produc¸a˜o de ac¸o (refino prima´rio do gusa e refino secunda´rio do ac¸o) � produc¸a˜o prima´ria de cobre Componentes: � majorita´rios: FeO, CaO, SiO2(com parte do Fe na forma de Fe2O3) � minorita´rios: MgO, MnO, Al2O3, P2O5, ZnO LOM3027 (EEL-USP) Esco´rias e refrata´rios Prof. Luiz T. F. Eleno 15 / 23 Propriedades f´ısicas de esco´rias Ponto de fusa˜o (Tf ): � o mais baixo poss´ıvel Densidade (ρ): func¸a˜o ≈ linear e crescente com a % CaO � influencia na velocidade de separac¸a˜o metal/esco´ria Tensa˜o superficial (σ): � maior σ, menor absorc¸a˜o de esco´ria pelo refrata´rio (molhabilidade do refrata´rio pela esco´ria) � menor σ: maior facilidade de transfereˆncia de elementos entre metal e esco´ria � diminuic¸a˜o da tensa˜o superficial leva a formac¸a˜o de “espuma” de esco´ria ⇒ isolante te´rmico parcial, que retarda a transfereˆncia de calor da chama para as fases l´ıquidas � aumenta com % CaO, FeO, Al2O3 � diminui com % SiO2 e tambe´m com o´xidos alcalinos, a´cido bo´rico (H3BO3), CaS e a´cido fosfo´rico (H3PO4) � temperatura tem pouca influeˆncia (10% de diminuic¸a˜o com ∆T ≈ 200℃) LOM3027 (EEL-USP)Esco´rias e refrata´rios Prof. Luiz T. F. Eleno 16 / 23 Propriedades f´ısicas de esco´rias Viscosidade (ν): ν = tensa˜o de cizalhemento taxa de cizalhemento � medida em poise (g/cm/s) linhas de iso-viscosidade (em poise) a 1450℃ � ↑ % SiO2 ⇒ ↑ ν � ↑ % CaO ⇒ ↓ ν ⇒ ν varia de va´rias ordens de grandeza com a basicidade! Mas: � ↑ TiO2: ↓ ν, mesmo aumentando acidez da esco´ria � ↑ Al2O3: ↑ ν quase tanto quanto SiO2, mesmo sendo praticamente “neutra” LOM3027 (EEL-USP) Esco´rias e refrata´rios Prof. Luiz T. F. Eleno 17 / 23 Refrata´rios LOM3027 (EEL-USP) Esco´rias e refrata´rios Prof. Luiz T. F. Eleno 18 / 23 Refrata´rios esco´rias: baixa Tf , baixa ν refrata´rios: alta Tf , alta ν ( ⇒ alta resisteˆncia) Refrata´rios o´xidos s´ılica tijolos refrata´rios (s´ılico-aluminosos) alumina cromita, (Fe,Mg)(Cr,Al)2O4 magnesita (MgO) dolomita (MgO + CaO) forsterita (Mg2SiO4) o´xidos especiais (ZrO2, ThO2, BeO) Refrata´rios na˜o-o´xidos carbono amorfo grafita carboneto de sil´ıcio (SiC) compostos especiais (TiC, TiB2, BN) metais de alt´ıssimo ponto de fusa˜o (W, Ta, Mo) metais (Fe, Cu) refrigerados a` a´gua LOM3027 (EEL-USP) Esco´rias e refrata´rios Prof. Luiz T. F. Eleno 19 / 23 Basicidade de refrata´rios o´xidos Basicidade s´ılica, tijolos s´ılico-aluminosos → refrata´rios a´cidos magnesita, dolomita, forsterita → refrata´rios ba´sicos alumina, cromita → refrata´rios neutros LOM3027 (EEL-USP) Esco´rias e refrata´rios Prof. Luiz T. F. Eleno 20 / 23 Refrata´rios o´xidos SiO2–FeO SiO2–Al2O3 FeO–MgO refrata´rios comerciais na˜o sa˜o puros! � ⇒ ma´xima temperatura de operac¸a˜o algumas dezenas de ℃ abaixo da linha solidus LOM3027 (EEL-USP) Esco´rias e refrata´rios Prof. Luiz T. F. Eleno 21 / 23 Propriedades de refrata´rios Resisteˆncia ao choque te´rmico � condutividade te´rmica I se baixo, induz gradiente de temperatura entre parede e interior � expansa˜o te´rmica de diferentes fases � estabilidade te´rmica I exemplo negativo: transformac¸o˜es polimo´rficas da s´ılica LOM3027 (EEL-USP) Esco´rias e refrata´rios Prof. Luiz T. F. Eleno 22 / 23 Propriedades de refrata´rios Resisteˆncia ao ataque pela esco´ria � Princ´ıpio fundamental: I esco´ria a´cida ⇒ refrata´rio a´cido I esco´ria ba´sica ⇒ refrata´rio ba´sico � ale´m disso, e´ func¸a˜o da porosidade do refrata´rio e da viscosidade da esco´ria Resisteˆncia a` reduc¸a˜o � em condic¸o˜es fortemente redutoras: I o´xidos podem ser parcialmente reduzidos I exemplo: Al l´ıquido em cadinho de quartzo: 4 Al + 3 SiO2 → 2 Al2O3+ 3 Si I formac¸a˜o de produtos vola´teis: SiO, vapor de Mg, . . . LOM3027 (EEL-USP) Esco´rias e refrata´rios Prof. Luiz T. F. Eleno 23 / 23