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CAPÍTULO 13 Da paz à guerra • Hobsbawm afirma que antes de 1914 a paz era o quadro normal e esperado das vidas europeias, isso porque, como afirmou Tomas Hobbes “a guerra não consiste apenas na batalha, ou no ato de lutar, mas num lapso de tempo durante o qual o desejo de rivalizar através das batalhas é suficientemente conhecido” (a vida do soldado e do marinheiro na Europa era bem pacífica, deixando de lado a guerra britânica na África do Sul; as sérias guerras entre exércitos da Rússia czarista contra turcos (1870) e contra os japoneses (1904-1905); as lutas do exército japonês contra a China e Rússia); • Os Bálcãs eram conhecidos como o “barril de pólvora da Europa” e foi ali que a explosão global de 1914 começou; • Havia enraizada uma crença de que uma guerra mundial não podia “realmente” acontecer; • Governos que não entendiam o caráter catastrófico da guerra, lançaram-se na corrida para se equipar com armamentos produzidos por novas tecnologias (tecnologia da morte). A corrida armamentista começou modesta na final da década de 1880 e se acelerou no século XX “cada vez mais fizeram a morte em prol de várias pátrias um subproduto da indústria em grande escala”; • Governo essência para alguns setores da indústria, no caso, a indústria de armamentos; • Os Estados eram obrigados a garantir a existência de poderosas industrias nacionais de armamentos, a arcar com boa parte do custo de seu desenvolvimento técnico e fazer que permanecessem rentáveis; • Essa parte do capítulo lança a ideia de que os anos que antecederam a guerra, foram marcados por uma corrida armamentista na Europa. Porém, não foi essa corrida que levou a Europa à guerra, mas a situação internacional que lançou essas nações nessa competição. Uma discussão sobre a gênese da I Guerra • Nenhum governo de potências importantes queria uma guerra de grandes proporções: a guerra era inevitável e coube aos governos escolher um momento propício ou menos desfavorável; • Descobrir as origens da I Guerra não equivale a descobrir o agressor/ culpado. Pelo contrário, repousa na natureza de uma situação internacional em processo de deterioração progressiva que escapava ao controle dos governos; • Em 1880 dois grupos de enfrentavam na Europa devido disputas inadministráveis: de um lado a Alemanha, do outro a França. • O problema que separava a Alemanha, aliada da Áustria-Hungria (Alemanha foi crucial para manter vivo o multinacional Império Habsburgo) da França: ao vencer a França em 1871 anexou grandes porções francesas (Alsácia-Lorena); • O problema que separava Rússia e Áustria-Hungria: a nível de influência russa sobre os bálcãs; • Porém, nenhum desses problemas foram considerados merecedores de uma guerra. • 3 problemas transformaram o sistema de aliança numa bomba relógio: 1) A situação do fluxo internacional (desestabilizado por novos problemas e ambições mútuas entre as nações); 2) A lógica do planejamento militar conjunto que congelou os blocos que se confrontavam; 3) Integração da Grã-Bretanha ao bloco antialemão • Tríplice Entente (Rússia, França e Grã-Bretanha) • Mesmo que o desenvolvimento capitalista e o imperialismo tenham certo grau de responsabilidade na derrapagem descontrolada do mundo em direção a um conflito mundial, é impossível afirmar que muitos dos capitalistas fossem provocadores consciente da guerra. Isso porque, a paz mundial era vantajosa aos homens de negócio e a guerra aceitável somente na medida que não prejudicasse os seus negócios. Então porque os capitalistas desejaram perturbar a paz internacional se o tecido da liberdade internacional para negociar e as transações financeiras dependiam dela? • A partir do século XX a economia mundial deixara totalmente de ser um sistema solar girando em torno de um único país: a Grã-Bretanha. Ela não era mais o principal mercado importador e as economias industriais nacionais passaram a se enfrentar mutuamente e a concorrência econômica passou a estar no Estado; • A economia passou a ser a base do poder internacional: uma nação só seria grande se se ao mesmo tempo fosse uma grande economia; • Em virtude dessa fusão entre economia e política, nem a divisão pacífica das áreas disputadas em “zonas de influência” podia manter a rivalidade internacional sob controle. A única coisa que poderia controlar essa rivalidade internacional era a limitação deliberada de objetivos; • A acumulação capitalista não tinha limites; • “quanto mais poderosa for a economia de um país, maior será sua população, maior o lugar internacional de seu Estado-Nação”: não havia limites teóricos ao lugar que um país poderia sentir que lhe cabia; • A Alemanha construiu uma esquadra de guerra alemã e tinha como objetivo o conflito com a marinha britânica: para ter poder global era necessária uma marinha global; • A grã- Bretanha defendeu ao máximo a preservação do status quo e a Alemanha sua modificação; • Assim, a GB considerava a Alemanha o mais provável e perigoso adversário potencial, aproximando-se assim, da França e da Rússia definitivamente a Alemanha era a força dominante na Europa; • A tríplice aliança se formou em 1882 e a tríplice entente em 1907: os governos tentaram romper o sistema de blocos, mas falharam inúmeras vezes; • Cada vez mais as crises internacionais eram solucionadas por “malabarismo político”, ou seja, pela ameaça de guerra; • Revoluções na periferia das sociedades plenamente “burguesas” (Revolução Russa de 19051, Revolução Turca2): desestabilizou a situação internacional; • As crises internas e internacionais nos últimos anos anteriores a 1914 fundiram-se; 1 Deixou o império czarista temporariamente incapacitado; incentivou as reinvindicações no Marrocos pela Alemanha. 2 Destruiu acordos que visavam o equilíbrio internacional no Oriente Próximo e a Áustria aproveitou a situação para anexar a Bósnia-Herzegovina, propiciando crise na Rússia
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