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(BARROS, M. R. J) A MATERIALIDADE DA TECNICA. UM DIAGNOSTICO DO ACERVO DO IST

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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DO TRABALHO E DA EMPRESA 
Departamento de História 
Departamento de Antropologia 
 
 
 
 
A MATERIALIDADE DA TÉCNICA. 
UM DIAGNÓSTICO DO ACERVO 
MUSEOLÓGICO DO IST. 
 
Miriam Rute de Jesus Barros 
 
 
 
 
 
Tese submetida como requisito parcial para obtensão do grau de 
Mestre em Museologia: Conteúdos Expositivos 
 
 
Orientador: 
Doutor Jorge Freitas Branco, professor associado com agregação, 
Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa 
 
Outubro, 2007 
I 
 
RESUMO 
Esta dissertação centra-se no processo de constituição da memória de uma instituição 
universitária (o Instituto Superior Técnico, IST) vista numa perspectiva construída na 
materialidade da técnica. Partindo do acervo museológico existente, faz-se um diagnóstico 
preliminar das colecções, seguindo três perspectivas: 1) a informação sobre os objectos e a 
instituição expressa no seu inventário, com as suas diferentes elaborações e problematizações; 
2) a gestão da colecção no âmbito dos parâmetros de valorização do acervo e a sua utilização 
nos diferentes contextos da instituição e dos seus museus; 3) a caracterização do seu acervo, 
através da análise da sua organização e especificidades, e a forma como tem sido usada na 
projecção e consolidação da memória do IST. A pesquisa insere-se no projecto “IST: Um 
Século de Existência. Cultura, Tecnologia e Sociedade”. 
Palavras-chave: museologia, colecção, IST, instrumentos científicos 
 
 
ABSTRACT 
The Materiality of Technique. A Diagnose of the Collections of IST. 
This study centers in the process of constitution of the memory in a university institution (the 
Technical Institution of High Education, IST), from a point of view that is based on the 
technical materiality. Working with the existing museological artifacts, this study results in a 
preliminary diagnose of the different collections, following three perspectives: 1) the 
information about the objects and the institution that is expressed in its inventory, with 
different elaborations and problems; 2) the management of the collection in the scope of the 
parameters of valuation of the artifacts and its use in the different contexts of the institution 
and its museums; 3) the characterization of its collection, through the analysis of its 
organization and particularities, and the form as it has been used in the projection and 
consolidation of the memory of the IST. This investigation in included in the project “IST: 
One Century of Existence. Culture, Technology and Society.” 
Keywords: museology, collection, IST, scientific instruments 
II 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Este estudo, apesar de individual, envolveu na sua realização a colaboração de outras pessoas, 
a quem não posso deixar de agradecer. 
O meu primeiro agradecimento é para o Professor Doutor Jorge Freitas Branco. Agradeço-lhe 
pela oportunidade de participar no projecto do Instituto Superior Técnico, a sua orientação e 
os seus ensinamentos, mas também a sua disponibilidade, a sua compreensão, os seus 
comentários críticos e o apoio constantes prestados durante a realização do trabalho. 
Agradeço igualmente ao IST, na pessoa do seu director, Professor Doutor Matos Ferreira, 
pelo entusiasmo e apoio no projecto, criando as condições necessárias à realização do nosso 
trabalho, nomeadamente a bolsa de investigação, espaço e equipamentos. Aos consultores do 
projecto fica a minha gratidão pela disponibilidade de contribuição com documentos e 
informações importantes para a compreensão do universo IST e sua história. Em especial, à 
Engª Fátima Rodrigues pela constante ajuda no estudo das colecções do IST. 
Agradeço à Maria João os momentos de trabalho de equipa que tivemos ao longo da 
descoberta da colecção e dos espaços do IST e à Mónica pela partilha de experiências de 
investigação nesta área. 
 
À minha família, pelos incentivos e pelo simples facto de existirem na minha vida e de a 
tornarem importante, em especial ao meu marido, João David, pelo apoio, dedicação, 
paciência e serenidade com que acompanhou todo o processo, vai a minha total confiança e 
gratidão. 
Ao meu Abba Pai pela sua constante fidelidade. 
 
III 
 
ÍNDICE 
 
Índice de Ilustrações .................................................................................................................. V 
Índice de abreviaturas ............................................................................................................... VI 
 
INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1 
Objecto de Estudo .............................................................................................................. 3 
Metodologia ......................................................................................................................... 4 
CAPÍTULO 1. BASE DE DADOS E INVENTÁRIO ............................................ 9 
Objectivos .......................................................................................................................... 10 
Elaboração ......................................................................................................................... 14 
Comparação com outras bases de dados .................................................................... 17 
Problematizações ............................................................................................................. 20 
CAPÍTULO 2. A GESTÃO DA COLECÇÃO ....................................................... 25 
O valor do saber científico e tecnológico .................................................................... 25 
O Contexto do Ensino e Prática da Engenharia ....................................................... 27 
Projecto de um Museu IST ............................................................................................ 28 
CAPÍTULO 3. CARACTERIZAÇÃO DO ACERVO ......................................... 31 
Equipando os espaços de investigação ........................................................................ 31 
Os núcleos .......................................................................................................................... 32 
A colecção de Minas ........................................................................................................ 32 
A colecção de Física ........................................................................................................ 41 
A colecção de Química .................................................................................................... 46 
A colecção de Electricidade ............................................................................................ 48 
Colecção das Oficinas ..................................................................................................... 52 
Colecção de Engenharia Civil e Arquitectura ................................................................ 54 
IV 
 
O papel das Oficinas ....................................................................................................... 55 
Oficina de Instrumentos de Precisão .............................................................................. 57 
Oficina de Carpintaria .................................................................................................... 58 
Oficina de Serralharia ..................................................................................................... 62 
O papel das exposições .................................................................................................... 64 
CONCLUSÃO ....................................................................................................................67 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................... 69 
ANEXOS: BASE DE DADOS EM FORMATO DIGITAL.....................................CD 
V 
 
ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES 
 
Imagem 1. Fotografia da maquete do campus da Alameda, apresentada no início dos anos 80. Legenda 
original: “Outra vista geral do conjunto a partir de pontos de vista a SB. Observa-se claramente a 
conservação do património edificado existente no respeitante ao partido arquitectónico das torres 
propostas; bem como a integração e a aproximação de escala apresentada pelo edifício do 
departamento de Civil proposto, relativamente às envolventes construídas existentes.” Fonte: Fundo 
fotográfico do Gabinete de Obras, IST. ........................................................................................................ 2 
Imagem 2. Modelos de ficha de inventário do MuseuIST. Fonte: Inventário do Museu IST. ................................. 9 
Imagem 3. Termómetro-Barómetro (Invº 1986). Fonte: Inventário MuseuIST .................................................... 31 
Imagem 4. Estojo de madeira com amostras de produtos Químicos. (Invº 2791). Fonte: Inventário MuseuIST . 34 
Imagem 5. Modelos cristalográficos em vidro (Invº 2848 e 2849). Fonte: Inventário MuseuIST ........................ 35 
Imagem 6. Fotografia geral do Museu de Geologia. Fonte: Inventário MuseuIST .............................................. 36 
Imagem 7. Banco e Mesa para trabalhos de campo (Invº 2912 e 2913). Fonte: Inventário Museu IST .............. 37 
Imagem 8. Na ficha de inventário consta “Retratos de geólogos” (Invº 2917 e 2918). Fonte: Inventário 
Museu IST ................................................................................................................................................... 38 
Imagem 9. Modelo de Bomba hidráulica (Invº 1405). Fonte: Catálogo”Modelos de Minas do Séc. XIX” ......... 40 
Imagem 10. Modelo de Skip do “Poço C” (Invº 1375). Fonte: Catálogo “Modelos de Minas do Séc. XIX” ...... 40 
Imagem 11. Ampolas de gás e instrumentos de vidro. Fonte: Inventário Museu IST .......................................... 44 
Imagem 12. Fotografia do Professor Charles Lepierre (Invº 1599). Fonte: Inventário MuseuIST ..................... 47 
Imagem 13. Resistência de cavilhas (Invº 1531). Fonte: Inventário Museu IST ................................................. 47 
Imagem 14. Mostruário com tubos e caixas de material eléctrico (Invº 1250). Fonte: Inventário Museu IST .. 49 
Imagem 15. Mostruário de esquemas de ligções eléctricas (Invº 1251). Fonte: Inventário Museu IST .............. 49 
Imagem 16. Quadros didácticos (Invº 2357 e 2358). Fonte: Inventário Museu IST ............................................ 51 
Imagem 17. Fonte de alimentação (Invº 1927). Fonte: Inventário Museu IST .................................................... 52 
Imagem 18. Máquina de frezar (Invº 1721). Fonte: Inventário Museu IST ......................................................... 53 
Imagem 19. Esferómetros (Invº 1035 e 1036). Fonte: Inventário Museu IST ...................................................... 58 
Imagem 20. Nónios angulares (Invº 2501 e 2502). Fonte: Inventário Museu IST ............................................... 58 
Imagem 21. Miliamperímetro (Invº 1451). Fonte: Inventário Museu IST ........................................................... 60 
Imagem 22. Suporte de madeira (Invº 1670). Fonte: Inventário Museu IST ...................................................... 60 
Imagem 23. Torno mecânico e detalhe de gaveta (Invº 2778). Fonte: Inventário Museu IST ............................. 61 
Imagem 24. Móvel/Vitrine com instrumentos de Física (Sala de Reuniões). ....................................................... 61 
Imagem 25. Parafusos (Invº 1808). Fonte: Inventário MuseuIST ....................................................................... 62 
Imagem 26. Espalhadores de gás (Invº 1809). Fonte: Inventário MuseuIST ...................................................... 62 
Imagem 27. Moldes (Invº 1818 e 1819). Fonte: Inventário MuseuIST ................................................................ 63 
 
VI 
 
ÍNDICE DE ABREVIATURAS 
 
IST – Instituto Superior Técnico 
GGMCC – Gabinete de Gestão do Museu e Centro de Congressos 
GGMIST – Gabinete de Gestão do Museu IST 
ISEP – Instituto Superior de Engenharia do Porto 
FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto 
 
 
1 
 
INTRODUÇÃO 
 
“Science discovers these laws of power, motion and transformation; industry applies 
them to raw matter which the earth yields us in abundance, but which becomes valuable 
only by knowledge; art teaches us the immutable laws of beauty and symmetry, and gives 
to our productions forms in accordance with them.”1 
Príncipe Alberto de Inglaterra, presidente da Comissão Real da Exposição Universal de 1851 
 
Desde meados do século XIX até aos nossos dias, as Exposições Universais têm-se afirmado 
como promotoras do desenvolvimento económico, dos diálogos culturais e da projecção de 
imagens de identidade nacionais através dos pavilhões que albergam as mais diversas 
exposições de objectos e temáticas. A primeira Exposição Universal realizada no Palácio de 
Cristal de Londres, em 1851, tinha como título: “Great Exhibition of the Works of Industry of 
All Nations”. O estudo crescente sobre a história destas exposições e o seu impacto na 
sociedade aponta para o papel instrumental destas exposições na projecção e exibição dos 
feitos tecnológicos da indústria, durante os primeiros quase cem anos (1851-1938). Thomas 
Schlereth (1992), ao estudar os exemplos das Exposições Universais nos Estados Unidos da 
América, valoriza igualmente esta preocupação das “nações” de mostrarem as suas inovações 
tecnológicas através dos produtos manufacturados e das grandes maquinarias instaladas, ou 
seja, a visão de um mundo industrializado. Contudo, os discursos apresentados não se 
centravam apenas nos objectos em si, mas também na valorização da experiência no modo de 
fazer e do investimento no ensino para a tecnologia. Eventos como estes eram símbolos de 
uma máquina em movimento; movimento de pessoas, de estatutos sociais, de bens de 
consumo, de culturas, de industrializações, de formas de se dar a conhecer. O olhar é 
apontado para o sentido do futuro e não para o que ficou atrás. Mas a celebração de um futuro 
também dava lugar a uma celebração do passado, da história e da memória através da 
afirmação de identidades nacionais distintas (Heitor, 2003). 
A celebração de momentos importantes na vida das pessoas e das instituições foi sempre 
marcada pela produção de lembranças como elementos de definição e caracterização do 
presente. A preparação das celebrações do centenário do Instituto Superior Técnico (1911-
2011) reveste-se também deste espírito de celebração da memória do passado, do estatuto do 
presente e dos projectos para o futuro, que advém da tradição das exposições universais. Foi 
 
1 Excerto do discurso de anúncio da realização da Exposição Universal, num banquete realizado em Londres, em 
Outubro de 1849. Disponível em http://pages.zoom.co.uk/leveridge/albert.html. 
2 
 
elaborado e desenvolvido um projecto de construção de discursos da memória, reunindo 
investigadores do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE)2, 
bolseiros do IST e um grupo de consultores científicos ligados à vida da Instituição, pelas 
funções que nelas desempenharam. O título do projecto é “IST: Um século de existência. 
Cultura, Tecnologia e Sociedade” definindo três componentes de trabalho: 1) história dainstituição, através da análise das relações entre universidade, indústria e sociedade e entre 
alunos, professores e engenheiros; 2) história do movimento estudantil e do seu papel dentro 
do IST e na sociedade, contribuindo para uma visão mais ampla do movimento estudantil em 
Portugal; 3) estabelecimento de uma colecção de artefactos técnicos com o objectivo de 
elaborar uma proposta preliminar de um MuseuIST, reconhecendo que os objectos 
incorporados na instituição, mas que caíram em desuso, são manifestações físicas de formas 
de adquirir, transmitir e representar o conhecimento da engenharia. 
 
Imagem 1. Fotografia da maquete do campus da Alameda, apresentada no início dos anos 80. 
Legenda original: “Outra vista geral do conjunto a partir de pontos de vista a SB. Observa-se claramente a 
conservação do património edificado existente no respeitante ao partido arquitectónico das torres propostas; 
bem como a integração e a aproximação de escala apresentada pelo edifício do departamento de Civil proposto, 
relativamente às envolventes construídas existentes.” Fonte: Fundo fotográfico do Gabinete de Obras, IST. 
1. Edifício de Civil, Centro de Congressos e MuseuIST 
2. Complexo Interdisciplinar 
3. Pavilhão Central. Sala de Reuniões 
4. Museus do departamento de Minas 
5. Espaço das antigas oficinas 
 
2 A equipa inclui elementos ligados às áreas de Antropologia, História, Arquivística e Museologia, como 
também se verifica com os bolseiros do IST. 
1
2 
3
4 
5 
3 
 
Objecto de Estudo 
A tarefa proposta, no âmbito da componente museológica do projecto, iniciou-se em 
Setembro de 2006 e propunha-se a reunião de artefactos técnicos, elaborar a documentação 
dos objectos, estabelecer os parâmetros da colecção, fazer um primeiro plano de inventário, 
manutenção e armazenamento, e elaborar uma base de dados dos objectos. Os objectivos 
desta tarefa passavam pela constituição de uma colecção para um Museu IST, um catálogo 
descritivo e a contribuição para o registo cronológico da própria instituição. Por outro lado, o 
contacto estabelecido com os diferentes departamentos do IST revelou-nos a existência de um 
Gabinete de Gestão do Museu e Centro de Congressos (GGMCC) e um conjunto de museus 
já estabelecidos (dois museus ligados ao Departamento de Engenharia de Minas e um museu 
do Departamento de Engenharia Civil). Existe portanto um conjunto de objectos científicos e 
técnicos, assumidos como colecção, e pessoas responsáveis pela sua conservação e 
preservação. 
O GGMCC é dirigido actualmente pela Engenheira Fátima Rodrigues, a qual nos 
disponibilizou a consulta e análise de um conjunto de dossiers com fichas de inventário e 
fotografias dos cerca de 2000 objectos da colecção do IST, designada por Colecções de 
Instrumentos Didácticos e de Investigação do IST3. Assim, tornou-se premente a análise e 
estudo deste inventário, a partir do qual estabeleceríamos as bases e fundamentos para o nosso 
projecto de constituição de uma colecção. Deixaríamos de lado os casos dos museus já 
estabelecidos, uma vez que a musealização dos objectos em espaços próprios já estava 
organizada, apesar de não estudada de uma forma aprofundada. No entanto, ao longo da 
investigação, e na sequência de contactos realizados com a Eng.ª Fátima Rodrigues, 
percebemos que a existência de fichas de inventário de uma determinada colecção de objectos 
não correspondia, no presente momento, a uma gestão ou tutela directa do GGMCC, mas sim 
a cada um dos departamentos. Nestes moldes, a análise e estudo da colecção do GGMCC 
ficaria então limitada a um pequeno número de objectos que não demonstrariam na 
globalidade o papel que os artefactos técnicos têm na construção da memória do IST. 
Valorizando acima de tudo as fichas de inventário existentes, optou-se pela observação de 
todos os aspectos das colecções existentes no IST. 
A tarefa que nos estava proposta de constituição de uma colecção de objectos do IST foi 
sendo substituída por uma observação do acervo que se afirmava como sendo mais importante 
 
3 Esta designação está patente nas fichas de inventário que se encontram no Gabinete de Gestão do Museu e 
Centro de Congressos do IST. 
4 
 
neste momento de iniciar, até porque, não existia uma consciência assumida das colecções já 
reunidas, de que forma elas se encontravam organizadas e conservadas e como estavam a ser 
usadas para a expressão de uma memória histórica. Por isso, também foi nossa opção deixar 
de lado a tarefa de reunir objectos para a constituição de uma colecção e nos centrarmos num 
diagnóstico preliminar da forma como essa colecção foi sendo constituída ao longo de quase 
um século. Por outro lado, pela dimensão da colecção e a impossibilidade de realizar um 
estudo sistemático4 dos objectos que a constituem, que nos levaria a uma melhor compreensão 
da colecção, o objecto de estudo desta dissertação são as colecções do Instituto Superior 
Técnico, como elementos que representam a ligação entre história, memória, identidade e 
cultura da engenharia e da técnica em Portugal. 
 
Metodologia 
A metodologia adoptada para este diagnóstico das colecções do IST é semelhante a outros 
campos de investigação, tendo em conta o contexto da própria instituição e as informações 
que conseguimos reunir, que nos apontaram para diferentes possibilidades de análise do 
objecto de estudo. Os primeiros contactos com o IST deram-se através de reuniões de 
preparação do projecto IST: Um século de existência. Cultura, Técnica e Sociedade, de 
constituição da equipa de investigação, de elaboração de linhas metodológicas e divisão de 
tarefas. Dentro da componente museológica do projecto, iniciámos um trabalho de campo em 
conjunto, e apenas no desenrolar da investigação pudemos também dividir tarefas entre os 
elementos do grupo. Em seguida, optámos por estabelecer contactos através de entrevistas 
informais realizadas com os responsáveis pelos departamentos (unidades académicas), como 
elementos principais da estrutura do ensino, que nos revelaram um pouco da história e 
organização do departamento, dos seus percursos académicos (revelando memórias da 
vivência no IST) e de algumas indicações acerca da existência de artefactos técnicos ligados à 
sua profissão, à sua área da engenharia, ao ensino e à investigação. Os departamentos e os 
responsáveis contactados foram os seguintes: 
1. Matemática (DM), Prof. Carlos Alves (na qualidade de presidente do departamento) e 
Prof. João Branco. 
 
4 A elaboração de um estudo sistemático desta colecção implicaria a revisão e tratamento museológico dos 
objectos desta colecção, um por um. A forma como muitos dos objectos estão acondicionados, espalhados por 
diferentes espaços do IST, e o facto de muitos dos objectos não terem uma etiqueta de identificação e 
inventariação, não permite por agora a realização dessa tarefa. 
5 
 
2. Física (DF), Prof. Paulo Freitas (na qualidade de presidente do departamento) e Prof. 
Luis Melo. 
3. Engenharia e Gestão (DEG), Prof. Paulo Correia (na qualidade de presidente do 
departamento). 
4. Engenharia Mecânica (DEM), Prof. Manuel Pereira de Freitas (na qualidade de 
presidente do departamento). 
5. Engenharia Química e Biológica (DEQB), Doutora Maria Cândida Vaz (na 
qualidade de directora do Laboratório de Águas, o qual é independente do IST em 
termos administrativos, mas que se encontra dentro do campus). 
6. Engenharia de Materiais (DEMAT), Prof. Fernanda Margarido (na qualidade de 
presidente do departamento). 
7. Engenharia de Minas e Georrecursos (DEMG), Prof. António Jorge Sousa (na 
qualidadede presidente do departamento) e Prof. Luís Aires-Barros. 
8. Secção Autónoma de Engenharia Naval, Prof. Carlos Guedes Soares (na qualidade 
de presidente do departamento) e Prof. Yordan Garbatov. 
9. Engenharia Civil e Arquitectura (DECivil), Prof. Dinar Camotim (na qualidade de 
responsável pelo Museu de Engenharia Civil) e Leonor Regateiro. 
10. Engenharia Electrotécnica e de Computadores (DEEC), Prof. João Paulo Teixeira 
(na qualidade de presidente do departamento) e os Professores: Isabel Lourtie e 
Pedro Flores Correia. 
Nas fichas de inventário que se referiam à colecção de Física existia a indicação da colecção 
estar relacionada com o Prof. Manuel Alves Marques e com ele tivemos dois encontros para 
poder compreender melhor a sua relação com os objectos em causa e também com o IST, o 
qual abordarei adiante com mais detalhe. Infelizmente, não nos foi possível ainda estabelecer 
contactos com o Departamento de Informática; e com o Engenheira Teresa Ruano Pera, a qual 
nos ajudaria a formular uma visão mais rigorosa deste património universitário, pelo facto de 
ter sido a primeira responsável pelas colecções do IST. 
As visitas a outros museus e colecções nacionais, permitiu-nos estabelecer um paralelo entre 
os diferentes discursos que emanam das formas expositivas de tipos de museus bastante 
diferentes ou mesmo similares. O Museu da Farmácia5 é o exemplo de um discurso 
museológico que procura mostrar o desenvolvimento das descobertas científicas da empresa 
 
5 O Museu da Farmácia pertence à Associação Nacional das Farmáciase e foi inaugurado em Junho de 1996. 
http://www.anf.pt/site/index.php?page=data/anf/museu_farmacia.php . 
6 
 
farmacêutica a partir de uma linha cronológica que é condutora do percurso expositivo e dos 
objectos expostos. Por outro lado, a Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves6 adopta um 
discurso de valorização da imagem do médico coleccionador de arte, demonstrando um 
estatuto de prestígio na sociedade portuguesa pela sua relação com os pintores portugueses do 
naturalismo (que constituiu uma grande parte da sua colecção) e também pela sua ligação a 
figuras como, por exemplo, Calouste Gulbenkian, de quem foi médico pessoal. 
Dentro da tipologia de museus de ciência e tecnologia, tivémos a oportunidade de conhecer o 
trabalho desenvolvido, principalmente, no contexto universitário. Estabelecemos paralelos e 
semelhanças com as colecções do Museu da Ciência e Laboratório Chimico7, e do 
Observatório Astronómico8, pertencentes à Universidade de Lisboa; do Museu da Ciência e 
Laboratório Chimico9, do Observatório Astronómico10 e do Museu de Física11, pertencentes à 
Universidade de Coimbra; do Museu de Ciência e do Museu de História Natural, pertencentes 
à Universidade do Porto12. Na área da engenharia foi importante para nós conhecer o Museu 
Parada Leitão13, do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), e o Museu da 
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). 
A par destes museus e colecções destacamos duas exposições que se realizaram durante o 
período da nossa investigação, relevantes para o nosso trabalho pelos discursos que 
 
6 Em 1964, o Dr. Anastácio Gonçalves legou ao Estado, em testamento, a Casa Malhoa e a quase totalidade do 
seu espólio com cercade 2000 obras de arte. Em 1980, a Casa-Museu abriu as suas portas ao público. 
http://www.cmag-ipmuseus.pt/ . 
7 O Museu da Ciência foi criado em 1985 e tem colecções de Física, Química, Matemática e Astronomia 
[http://www.mc.ul.pt/]. Este laboratório foi muito recentemente submetido a um projecto de recuperação pelo 
Museu da Ciência, juntamente com o Anfiteatro de Química. O projecto iniciou-se em 1998 com o estudo de 
reposição da sua traça inicial e dos equipamentos científicos através da documentação existente. 
[http://www.mc.ul.pt/lab/]. 
8 O Observatório Astronómico de Lisboa foi edificado entre 1861-67. Foi integrado na Faculdade de Ciências da 
Universidade de Lisboa em Março de 1995. Actualmente as actividades e objectivos incluem a investigação 
científica e histórica, a preservação e divulgação patrimonial [http://www.oal.ul.pt/]. 
9 Esta colecção corresponde a um projecto museológico que procurou reunir o acervo científico, disperso pelos 
vários museus e faculdades da universidade, numa mesma estrutura e representativa do vasto espólio, dando 
origem a uma exposição permanente intitulada “Segredos da luz e da matéria” (Mota, 2006) e a renovação do 
Laboratório e Anfiteatro Químico [http://www.uc.pt/informacaosobre/universidadecoimbra/mci]. 
10 Dispõe de um conjunto museológico de instrumentos de observação e medição astronómica e terrestre, mapas 
celestes. Têm um protótipo de inventário disponível online [ http://www.astro.mat.uc.pt ]. Foi através deste que 
estabelecemos os nossos primeiros contactos com colecções semelhantes à do IST, sendo que têm instrumentos 
porvenientes do Instituto Industrial de Lisboa. 
11 Tem a sua origem no Gabinete de Física Experimental, integrado na Faculdade de Filosofia no âmbito da 
reforma pombalina da Universidade de 1772, com uma colecção de instrumentos científicos e didácticos de 
Física dos séculos XVIII e XIX [http://museu.fis.uc.pt/]. 
12 A Universidade do Porto está a desenvolver uma rede entre todos os seus museus e um inventário sistemático 
e catalogação de todas as suas colecções [http://sigarra.up.pt/up/web_base.gera_pagina?p_pagina=2419]. 
13 O museu nasce, em 1998, com o objectivo de reunir e expor a colecção de instrumentos científico-didácticos, 
passando a ser uma unidade da Fundação Instituto Politécnico do Porto, em 2004. O seu nome é uma 
homenagem a Parada Leitão, 1º director da Escola Industrial do Porto e lente de Física na instituição. 
7 
 
estimularam. A exposição “Ingenuidades – Fotografia e Engenharia, 1846-2006”, 
comissariada por Jorge Calado e que esteve patente na galeria de exposições temporárias da 
Sede da Fundação Calouste Gulbenkian, procurou mostrar as grandes obras da engenharia 
nacional e internacional no seu diálogo com os elementos da natureza – terra, água, ar e fogo 
(Fundação Calouste Gulbenkian, 2007). Apresentou um discurso de valorização da 
genialidade do cientista e do engenheiro nos projectos e obras que constrói para a sociedade, 
através da fotografia, mostrando também os aspectos positivos e os aspectos negativos dessa 
mesma criatividade e aplicação, nomeadamente o impacto que tem na natureza e na 
sociedade. A exposição "Depósito: anotações sobre densidade e conhecimento", comissariada 
por Paulo Cunha e Silva e que esteve patente no edifício da Reitoria da Universidade do 
Porto, procurou construir uma narrativa em torno da História da Natureza e da História do 
Conhecimento através de um conjunto de objectos provenientes dos diferentes núcleos 
museológicos da Universidade do Porto, das Ciências Naturais às Belas Artes, dispostos numa 
estante monumental (Universidade do Porto, 2007). Ambas as exposições revelaram-se 
extremamente interessantes para o trabalho que temos estado a desenvolver, pelo facto de 
abordarem questões convergentes com o nosso tema: 1) a forma como a engenharia se 
projecta na sociedade através da imagem de si própria e do seu impacto na natureza; 2) qual o 
papel que as colecções universitárias desempenham na evocação de um passado e na 
construção de um futuro, estimulando o diálogo para um projecto de unificação dos núcleos 
museológicos. 
Também estivemos presentes em palestras e encontros. Destacamos uma acção dinamizada 
pelos docentes da Área Científica das Geociências do Departamento de Engenharia de Minas 
e Georrecursos, com o objectivo de promover a dinamização dos Museus Alfredo Bensaúde e 
Décio Thadeu do Instituto SuperiorTécnico. Assistimos ao 8º Encontro Internacional do 
Universeum Network, realizado no Museu de Ciência da Universidade de Lisboa, com o 
tema: “University Heritage: Universal Heritage?”, que nos deu a oportunidade de contactar 
com as pessoas que estão a trabalhar em museus e colecções muito semelhantes à do IST, 
tanto a nível nacional como internacional. 
Temos consciência de que não foi possível consultar todas as obras bibliográficas que 
remeteriam para a problemática desta colecção, nomeadamente aquelas que se prendem com 
colecções de instituições universitárias que procuraram através da publicação celebrar a sua 
história e memória. Infelizmente, também, não nos foi possível fazer um estudo dos 
documentos existentes nos arquivos do IST, que poderiam remeter para estes objectos, uma 
8 
 
tarefa que nos levaria a despender muito tempo pelo facto de não se encontrar totalmente 
organizado e espalhado pelos serviços académicos. Pensamos, no entanto, que conseguimos 
reunir um conjunto de obras bibliográficas que nos auxiliaram na construção desta dialéctica 
entre colecção, museu, memória, instituição. Queremos destacar aqui duas obras 
fundamentais na nossa investigação pelo facto de se referirem ao contexto português. A 
primeira referência bibliográfica é a de Maria de Lurdes Rodrigues, Os Engenheiros em 
Portugal. Profissionalização e Protagonismo, uma tese de doutoramento em Sociologia pelo 
Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), cujo principal objectivo foi 
o de identificar o lugar que os engenheiros ocupam na sociedade portuguesa, dando um 
grande destaque ao papel que o IST desempenhou na sua formação e profissionalização. 
Numa outra vertente, propõe um primeiro olhar sobre os museus de ciência, através da sua 
tese de doutoramento em Ciências Sociais apresentada à Universidade de Lisboa, pelo 
Instituto de Ciências Sociais, sob o título A musealização de ciência em Portugal. Apesar da 
referência ao IST ser bastante sucinta, destacando apenas o Museu de Engenharia Civil, o seu 
trabalho de reunião e análise dos exemplos de museus de ciência e os seus marcos na história 
da museologia em Portugal é bastante importante pelos parâmetros e definições que 
estabelece em relação às tipologias de museus de ciência (Delicado, 2006). 
Fora das referências bibliográficas tradicionais, compilaram-se acessos a sites de colecções 
nacionais e internacionais, principalmente aqueles que permitem aceder à sua base de dados. 
Os tipos de sites consultados remetem para colecções de universidades e institutos, museus de 
história da ciência e da tecnologia, colecções particulares de objectos científicos, bases de 
dados gerais internacionais com listagens de instrumentos científicos e construtores, conjunto 
de catálogos antigos digitalizados pertencentes a bibliotecas ou instituições, sites de marcas e 
de construtores (onde apresentam a sua história e principais áreas científicas desenvolvidas), 
observatórios e laboratórios. Esta ampla utilização do suporte informático permitiu: 1) a 
comparação entre colecções, a sua gestão e organização, entre discursos e narrativas 
históricas, 2) a identificação dos objectos, os seus teorizadores, como se desenvolveram, que 
funções desempenhavam; 3) ser um instrumento de legitimação da própria colecção do IST. 
Esta dissertação é uma primeira abordagem ao universo da materialidade técnica representada 
pelos objectos que constituem as colecções do Instituto Superior Técnico e em que se 
pretende dar a conhecer aspectos da cultura institucional e da identidade de um grupo 
profissional (Rodrigues, 1999). 
9 
 
CAPÍTULO 1. BASE DE DADOS E INVENTÁRIO 
O tema que nos cabe apresentar neste capítulo, corresponde aos primeiros momentos do nosso 
trabalho de campo. Após os contactos com os Departamentos do IST, foi-nos possível 
observar em alguns destes departamentos a existência de vários conjuntos de objectos, 
caracterizados como sendo antigos, ou por estarem em desuso, guardados na sua maioria em 
caves ou gabinetes; outros estavam já organizados numa estrutura museológica; e outros 
ainda, estão espalhados por corredores e vãos de escada, com uma preocupação de 
conservação e até mesmo tentativa de re 
utilização, como manifestação do conhecimento técnico adquirido e dos trabalhos 
desenvolvidos. Mas como já referi, a nossa base de trabalho foi a análise da colecção já 
existente através do seu inventário. No entanto, este inventário não se encontrava 
informatizado (Imagem 2) e, por isso, iniciámos a nossa investigação com a elaboração de 
uma base de dados. 
 
Imagem 2. Modelos de ficha de inventário do MuseuIST. Fonte: Inventário do Museu IST. 
 
10 
 
Objectivos 
Uma das principais preocupações relativas ao estudo de colecções é o seu registo, 
preservação, gestão, investigação e comunicação da informação (Perkins, 1991; Keene, 1998). 
No entanto, é apenas a partir dos anos 1970 que os museus experimentam uma mudança 
radical na sua atitude em relação à documentação das colecções (Sarasan, 2003). Na verdade, 
para além da dimensão física do próprio objecto, ele carrega em si uma dimensão de 
informação. A grande maioria dos objectos foram coleccionados por aquilo que representam e 
não apenas pelas suas características estéticas ou funcionais. Os objectos representam um 
conjunto de conhecimentos e informações sobre tempo, espaços, pessoas, culturas, histórias, 
no qual tiveram a sua origem e a sua função (Hooper-Greenhill, et al., 2000). No entanto, para 
podermos conhecer a colecção é necessário associar a informação geral e específica a cada 
um dos objectos. Mas na prática isso apenas se concretiza quando se está na iminência da 
realização de um catálogo ou de uma exposição. Para poder construir a narração da memória 
através dos objectos recorre-se à documentação existente na instituição, adaptando e 
seleccionando a informação que se quer mostrar (Handler, et al., 1997), ao mesmo tempo que 
se procura registar informação menos aceitável para o assunto que se quer tratar, esperando 
uma outra oportunidade de reflexão e interpretação. Esta é uma tarefa que se mostra bastante 
árdua para o pessoal do museu, pois o ideal seria que esta informação fosse trabalhada a partir 
do momento em que a colecção é reunida, e inserida na colecção. 
Podemos definir várias áreas de informação: a informação que se prende com o objecto em si, 
a informação do seu contexto e a informação externa, onde poderemos incluir o objecto. 
Relativamente à própria informação do objecto, o que se procura é descrever todas as suas 
características físicas e as que estão ligadas à sua funcionalidade. As informações do contexto 
prendem-se com conceitos desenvolvidos, sendo o objecto seu testemunho, ou então, 
associações, instituições e até mesmo pessoas que estiveram ligadas a ele, apontando para a 
dimensão social e cultural. Poderíamos registar as memórias associadas, por exemplo, aos 
espaços de trabalho ou instituições de ensino. A informação externa possibilita os diálogos de 
semelhanças e confrontos com outras colecções, elaborando outro tipo de bases de dados que 
procuram mostrar uma imagem mais global do tipo de objectos que estamos a tratar. Um bom 
exemplo disso é o catálogo electrónico de instrumentos científicos medievais e renascentistas, 
Epact, que consiste em 520 entradas provenientes das colecções de quatro museus Europeus: 
Museum of the History of Science, Oxford; Instituto e Museo di Storia della Scienza, 
Florença; British Museum, London; Museum Boerhaave, Leiden (Museum of the History of 
11 
 
Science, et al., 2001). O estabelecer ligações entre diferentes bases de dados através de 
hiperligações (links) é um recurso bastanteútil, e em termos práticos não sobrecarrega 
demasiado a nossa própria base de dados, com textos, imagens e outros documentos. 
Uma base de dados é uma ferramenta fundamental na conservação e preservação, na 
investigação, no auxílio a exposições e no papel educacional das colecções. Para as questões 
relacionadas com a conservação e preservação, o registo deste tipo de informação permite 
construir o historial do objecto na sua valorização e preocupação em preservar. As acções de 
conservação, através de limpeza e restauro, na maioria das vezes realizam-se para a 
participação numa exposição ou a realização de trabalhos fotográficos para catálogos ou capas 
de publicações da instituição. Também estas informações são importantes que fiquem 
registadas pois assim será possível a elaboração de um plano de conservação e preservação da 
colecção no seu todo, tendo em conta outras informações como o material de que é 
constituído o objecto ou a sua localização dentro da própria instituição. O registo dos detalhes 
do objecto, através por exemplo de fotografias de detalhes, em momentos chave de 
mobilidade dentro da instituição, desde que entra na colecção, passando pelos momentos em 
que vai para uma exposição e regressa ao seu local original, pode ajudar na avaliação da 
necessidade ou não de adoptar determinadas políticas de conservação e preservação, 
prolongando a vida do objecto. 
Para as questões que desempenham na investigação podemos considerar três tipos de 
informação que advém desse facto: 1) a investigação realizada pela equipa do museu centra-se 
principalmente na história do objecto e o seu contexto dentro da instituição, essa informação 
que advém dessas notas deve ser registada na base de dados para uma melhor compreensão do 
objecto em si; 2) a investigação realizada para uma determinada exposição, que têm um tema 
e conceitos que são enfatizados, em que a escolha de determinados objectos como 
construtores desse discurso resulta em informação (transposta para catálogos e legendas) que 
permitirá compreender as diferentes interpretações da colecção; 3) a investigação realizada 
por pessoas exteriores ao museu, como por exemplo, artigos de professores em que se 
demonstra a utilização desse objecto para determinados estudos ou projectos, ou então, o 
estudo de uma área científica (ex: história da química) que permitem observar um diálogo 
entre as informações de diferentes origens. Assim, podemos concluir que este exercício de 
reunir informação sobre os objectos e as colecções torna a tarefa de elaboração de uma 
exposição mais eficaz, pelo que a informação funciona como fundamento da elaboração do 
discurso que se quer expressar, ou até mesmo, pode suscitar novos discursos. 
12 
 
O papel educacional deste tipo de informação prende-se principalmente com as relações 
entre museu e escola. Nos tempos que correm, a informática tem tido um papel cada vez mais 
preponderante na forma como se faz educação. E também é certo que os museus podem 
providenciar conteúdos para o currículo escolar. Por isso, as actividades e os projectos 
pedagógicos desenvolvidos com base em determinados objectos também devem fazer parte da 
informação da colecção. 
Mas as questões não se levantam apenas no âmbito do tipo de informação que se pode reunir e 
que se considera importante. É necessário reflectir também sobre a importância de uma 
informatização desses registos e consequentemente a escolha de um sistema que corresponda 
às necessidades da instituição. A sofisticação das bases de dados e das aplicações informáticas 
actuais permite reunir todo o tipo de informação – textos, fotografias, vídeos, som, simulações 
– de uma forma organizada e de fácil acesso. O lápis e o papel têm sido substituídos por 
sistemas computacionais. A quantidade de informação que tem de ser gerida vai-se 
acumulando e, como defende Perkins, os museus tornam-se sistemas de informação que têm 
de interligar os dados existentes e a criação de novas informações (1991, p. 179). 
Num artigo sobre a relação entre os museus e os computadores, Robert Chenhall (1987, 
p. 103-104) propõe cinco condições a ter em conta antes da elaboração de um sistema eficaz. 
A primeira, aponta para a escolha de um conceito claro relativamente aos objectivos que se 
pretendem com a base de dados (controlo da colecção, utilidade na localização de objectos 
necessários para uma determinada exposição, acesso a informação por parte de especialistas 
da área). 
A segunda condição é que esta tarefa precisa de ser suportada por uma decisão firme da 
direcção da instituição, sob pena de poder resultar na criação de uma base de dados pessoal, 
para investigação individual, que a longo prazo não resulta em benefício para a instituição. 
A terceira condição, diz respeito à necessidade de pessoal com a responsabilidade de criar a 
estrutura da base de dados e o seu carregamento de forma a corresponder aos objectivos 
estabelecidos. 
A quarta condição remete para o desenvolvimento de um sistema de informação que seja 
consistente e adequado às definições da colecção e às particularidades da informação que dali 
advém. 
13 
 
Por último, a quinta condição diz respeito à escolha do programa informático de acordo com o 
plano desenvolvido. Numa mesma linha de pensamento, mas com algumas variantes, Perkins 
propõe quatro funções principais para o processo de planeamento da informação: estabelecer 
objectivos, listar prioridades, afirmar os requisitos necessários (equipamento e informação) e 
preparar para a sua implementação. Ou seja, independentemente de outras questões como os 
custos e as equipas preparadas para a realização destas tarefas, que não nos interessa por 
agora analisar e discutir, é importante estabelecer um plano de organização da informação 
(como e o quê) antes de estabelecer um sistema informatizado da informação acerca das 
colecções. 
Para tratarmos e analisarmos o conteúdo deste inventário da colecção IST, parecia-nos à 
primeira vista importante transportar toda a informação para formato digital. Foi necessário 
elaborar uma ficha de inventário com uma nova caracterização e definição em termos de 
estrutura e organização dos campos que a constituem. Em termos práticos, a existência de 
uma base de dados informática permite-nos uma manipulação mais eficaz da informação. 
Também permite a partilha da colecção e o estabelecimento de um diálogo de semelhanças e 
contrastes com outras colecções, tanto nacionais como internacionais. Uma outra razão 
prende-se com a existência de um problema inicial de gestão desta colecção, que abordarei 
mais adiante, ou seja, surgiram dificuldades em perceber a organização e as diferentes tutelas 
desta colecção. No que diz respeito às fichas de inventário, não obedeciam todas a um modelo 
de estrutura homogénea, nem a informação que era colocada nos campos, em alguns casos, 
obedecia à sua designação. Daí que tentámos construir uma ficha de inventário digital, onde 
pudéssemos organizar a informação contida nas fichas de inventário originais. Não 
estabelecemos um plano para a instalação de um sistema de informação definitivo, mas 
procurámos organizar os dados que já possuíamos. Reconhecendo a existência de algumas 
falhas nesta proposta da nova ficha de inventário, tentámos comparar com outros dois 
inventários de instituições de ensino de engenharia disponíveis: colecção do Instituto Superior 
de Engenharia do Porto (on-line) e a colecção da Faculdade de Engenharia da Universidade 
do Porto (em suporte CD). 
 
14 
 
Elaboração 
Dado o limite temporal, optámos por elaborar uma ficha de inventário utilizando o Microsoft 
Office Acess14 (MSAcess). A base de dados à qual me reportarei encontra-se em formatodigital (CD-ROM), no Anexo. 
A forma de carregamento da base de dados pelo qual se optou foi o de transportar toda a 
informação contida nas fichas de inventário. Nos casos em que uma ficha de dados 
apresentava mais do que um objecto em termos de quantidade, optou-se por atribuir a cada 
um uma ficha de inventário. No entanto, há excepções: caso em que a fotografia que 
acompanha a ficha de inventário não nos permite confirmar a quantidade. No fim do 
carregamento, tentou-se ajustar algumas informações através do confronto com outras bases 
de dados e catálogos. 
Teve-se em vista três áreas gerais de classificação – Identificação, Historial e Características – 
dentro das quais estabelecemos os campos que mais se adequavam a cada uma das áreas. Isto 
permitiu também uma maior facilidade de inserção dos dados. Para uma melhor compreensão 
dos campos escolhidos, procuraremos caracterizar cada um deles e justificar a metodologia 
seguida através da tabela esquemática da ficha de inventário elaborada, estabelecendo 
também as mudanças pontuais em relação às fichas de inventário originais (em suporte de 
papel). 
Campos Definições e características 
Identificação 
Número inventário Neste caso trata-se de um número de quatro (4) dígitos, iniciado no número 
1001 e atribuído de forma sequencial, pela equipa de investigação do projecto, 
em consequência da existência de três inventários distintos (A, B, e C), com 
sequências numéricas diferentes, como forma de se destacar dos mesmos. 
Nº Inventário A 
Nº Inventário B 
Nº Inventário C 
Número com um (1) a três (3) dígitos, atribuído pelo Gabinete de Gestão do 
Museu IST. Os diferentes inventários (A, B, e C) correspondem a diferentes 
momentos de inventariação e tratamento da colecção. 
 
14 Não será o formato digital mais eficaz para este caso de gestão de uma colecção, mas apesar de ter havido 
também a possibilidade de construí-la em suporte do FileMaker (Macintosh) não tínhamos as condições de 
equipamentos, nem o conhecimento de como funcionava o programa, para que o trabalho pudesse fluir. Para 
além disso, a informação em Acess permite no futuro a sua transposição para outras plataformas informáticas 
com alguma facilidade e compatibilidade. 
15 
 
Designação_1 
Designação_2 
Designação_3 
Nome comum pelo qual é designado o objecto, normalmente tendo em conta a 
sua função. A “designação 1” corresponde à designação na língua portuguesa, 
a “designação 2” à língua inglesa e a “designação 3” a casos de designações 
originais pelos quais os objectos foram primeiramente conhecidos, 
nomeadamente para os casos de língua alemã e língua francesa. 
Marca A entidade que planeia ou executa um aparelho ou modelo. 
Construtor O autor que produz a peça (autor material). 
Fornecedor A entidade que vende o objecto à entidade proprietária da peça. 
Datação A data exacta ou aproximada em que o objecto foi construído/fabricado. 
Descrição Registo da sua função e modo de funcionamento, das suas características 
formais externas e internas, de inscrições patentes no objecto, de outras 
observações. 
Estojo Registo da existência ou não de um contentor (caixa) para a acomodação e 
conservação do objecto e seus acessórios, quando existirem. As formas de 
registo já pré-definidas são: não; sim; sim – original; sim – não original. 
Fotografia Número atribuído às fotografias tiradas ao objecto, individualmente ou em 
conjuntos, e que acompanham as fichas de inventário em formato de papel. 
Imagem Imagens fotográficas do objecto ou conjunto de objectos, aspecto geral e 
detalhes (ex. inscrição da marca ou construtor). 
Colecção Com o objectivo de criar grupos de objectos de acordo com determinadas 
especificações que podem ser: o lugar de investigação, a área de ciência ou 
técnica, ou a pessoa que reuniu determinado conjunto. 
Localização Designação do lugar onde o objecto se encontra no momento actual 
(espaço/edifício, andar, armário, prateleira, caixa). Permite um maior controlo 
da mobilidade do objecto e um registo do percurso histórico. 
Historial 
Data de Aquisição A data em que o objecto entrou na instituição, independentemente da função a 
que se destinava. 
Modalidade de 
Aquisição 
Identificação do modo como o objecto foi adquirido de acordo com registos 
pré-definidos: compra, doação, empréstimo, depósito. 
Preço de Aquisição Registo do preço de aquisição na altura da compra, que seja conhecido, por 
exemplo, através de uma factura ou de uma requisição. 
Fornecedor Registo do fornecedor a quem foi adquirido o objecto, que seja conhecido, por 
exemplo, através de um a factura ou de uma requisição. 
16 
 
Conservação Avaliação de acordo com registo pré-definido: bom, médio, mau. 
Restauro Informação relativa ao tipo de restauro que foi realizado, a data e a instituição 
onde se procedeu ao mesmo. Também contém observações relativas a 
necessidades de restauros e sua justificação. 
Bibliografia Informação de bibliografia onde aparecem referências ao objecto (ex: catálogos 
de exposições), a objectos semelhantes (ex: monografias de história dos 
instrumentos científicos) ou a métodos e aplicações de funcionamento do tipo 
de objecto (ex: revistas técnicas). 
Exposições Informação relativa às exposições onde esteve o objecto: título da exposição, 
local e data em que decorreu, número no catálogo/exposição. 
Sites Hiperligações que remetem para informações complementares do objecto, 
nomeadamente, marcas e construtores, funcionalidades, colecções semelhantes, 
etc. 
Documentação Imagem de documentos respeitantes ao objecto: factura, imagem de catálogos 
de fabricantes ou construtores, etc. 
Características 
Dimensões 
 Altura (cm) 
 Largura (cm) 
 Profundidade (cm) 
 Diâmetro (cm) 
 Peso (gr) 
Grupo de informação específica que permite identificar o tamanho do objecto 
para efeito de armazenamento, espaço de exposição, circulação/mobilidade 
para espaços externos ou internos, dentro ou fora da instituição e do país. 
Material 
 Madeira 
 Vidro 
 Metal 
 Plástico 
 Outros 
Grupo de informação específica que permite identificar todos os materiais 
constitutivos do objecto para efeito de conservação e preservação em situações 
de armazenamento, exposição e transporte. Os registos são feitos através de 
uma lista de designações já pré-definidas, de acordo com a sua área material 
(ex: metal – ferro, aço, cobre, etc.). 
Avaliação Valor monetário do objecto, aproximado, através, por exemplo, da comparação 
com outros objectos semelhantes que ainda se encontram no circuito comercial, 
para servir de referência à realização de seguros. 
Avaliador Entidade que estabelece o valor monetário do objecto. 
 
17 
 
Comparação com outras bases de dados 
Como elemento comparativo propomos as fichas de inventário elaboradas pelas instituições 
de ensino de engenharia do Porto. São as que se aproximam mais da nossa área científica de 
acção e estão acessíveis para consulta pública. 
O inventário da colecção do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), Museu 
Parada Leitão, encontra-se disponível on-line (Museu Parada Leitão) e é o resultado de cerca 
de oito anos de trabalho no projecto de estudo das colecções existentes e da reunião de 
objectos e de informação, dirigidos pela Dr.ª Patrícia Costa. Um dos resultados mais visíveis é 
a edição de uma publicação comemorativa dos seus 150 anos de existência (Santos, 2005). 
Denota-se portanto um trabalho moroso que passou muitas vezes pela tentativa de reunir 
esforços na busca e partilha dessa informação entre colecções de várias instituições. A sua 
ficha deinventário foi planeada a partir de vários exemplos e modelos, entre outros do 
Science Museum de Londres, e foi desenvolvida informaticamente por equipas de pessoal 
formado em informática da própria instituição. O resultado é uma ficha de inventário bem 
organizada que permite o acesso fácil à informação que se pretende, apesar do motor de busca 
ainda não estar a funcionar plenamente, fazendo apenas a pesquisa por número de inventário 
ou por designação. 
Áreas de classificação Campos incluídos 
Informação do Objecto • Nº de inventário; 
• Instituição Proprietária; 
• Super-categoria; 
• Categoria; 
• Subcategoria; 
• Designação genérica; 
• Outro nº de inventário 
Detalhes do Objecto [campo de texto livre] 
Identificação • Denominação específica; 
• Descrição; 
• Finalidade; 
• História do Objecto; 
• Localização 
Marcas e Inscrições • Marca; 
• Número [de série/modelo]; 
• Local; 
• Proveniência (dentro da 
instituição); 
• Inscrições 
Informação Técnica • Tipo de material • Medição; 
18 
 
• Parte descrita [ex: altura]; 
• Tipo de Medida; 
• Unidade de Medida 
Datação • Época / Período Cronológico; 
• Século(s); 
• Ano(s); 
• Justificação da Data; 
• Outras datações 
Conservação • Estado; 
• Data; 
• Especificações 
Incorporação • Data; 
• Ano(s); 
• Modo de incorporação (compra, 
etc.); 
• Preço; 
• Especificação 
Imagem / Som 
Bibliografia [campo de texto livre] 
Exposições • Título; 
• Local; 
• Início; 
• Fim; 
• Catálogo (o nº no catálogo) 
Intervenções • Local; 
• Especificações; 
• Processo; 
• Outra; 
• Início; 
• Fim 
Observações [campo de texto livre] 
 
Comparando ambas as fichas de inventário (IST e ISEP) destaco aqui alguns campos que se 
poderiam incluir, continuando o trabalho de reunião de informação. Parece-nos que a 
caracterização de “categoria” e “subcategoria” (Informação do Objecto) é importante, na 
medida que a partir deste campo se pode definir a área de engenharia a que pertence o 
objecto, sendo uma alternativa mais aceitável museologicamente do que o nosso campo 
“colecção” (Identificação). Da mesma forma o campo “Proveniência (dentro da instituição) ” 
(Marcas e Inscrições) é importante para estabelecer o percurso do objecto no espaço do 
Instituto, ajudando também na própria caracterização dos espaços laboratoriais ou de ensino. 
O campo “Inscrições” (Marcas e Inscrições) permite não só registar os elementos marcados 
no próprio objecto, mas também registar o nome do fabricante ou da marca tal como é inscrita 
19 
 
no objecto, deixando para o campo “Marcas” (Marcas e Inscrições) a inserção do nome do 
construtor ou da marca através de uma nomenclatura pelo qual é geralmente reconhecida, até 
mesmo para estabelecer relações com as referências internacionais. 
O inventário da colecção da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto15 (FEUP) 
encontra-se disponível através de um CD (Biblioteca da Faculdade de Engenharia da 
Universidade do Porto, 2007) e é o resultado de um trabalho inserido nos Serviços de 
Documentação e Informação, percorrendo núcleo por núcleo cada um dos seis departamentos, 
e consequentemente a elaboração de uma exposição dando conta da informação existente. A 
sua ficha de inventário é mais simples mas denota-se um cuidado de planeamento da sua 
estrutura, dos campos que incluiria e o tipo de informação que seria tratada, através de listas 
de conceitos e normas de inventário já pré-definidos. Permite uma “pesquisa global” através 
de palavras, designação, nº de inventário e autor; existem também “filtros opcionais” por área 
de conhecimento, utilização, ou departamento. 
Campos Normas instituídas 
Ficha Simples 
Nº inventário Composto por nove dígitos que foi atribuído de forma sequencial. 
Departamento Entende-se a sigla atribuída a cada um dos departamentos representados na FEUP. 
Designação Identidade estrita e inequívoca do objecto (nome comum do objecto 
museológico), normalmente tendo em conta a função do mesmo. 
Título Por título entende-se a denominação originalmente atribuída pelo autor. É 
registado integralmente, sendo composto pela designação, marca e modelo da 
peça quando forem conhecidos. 
Ficha específica 
Autorias Neste parâmetro foi estipulado o preenchimento de dois sub-campos: Autor 
(entende-se todo e qualquer interveniente no processo de criação e fabrico de uma 
peça) e Tipos de autoria (designer, fabricante, inventor, teorizador, vendedor) 
Categorias 
 
Com o objectivo de criar grupos de objectos segundo um determinado padrão de 
conceitos, foi criada uma listagem de categorias que é utilizada para identificar as 
peças: Área de conhecimento (áreas de estudo e investigação a que respeitam as 
peças) e Utilização (tipologias de objectos quanto à sua função/uso para o estudo e 
 
15 A museóloga responsável pela colecção é a Dr.ª Susana Medina que, juntamente com uma equipa onde se 
inserem outros técnicos de museologia, de conservação e de tratamento de imagens digitais, têm trabalhado no 
tratamento do inventário e dos objectos. 
20 
 
investigação: aparelho, mecanismo, máquina, instrumento, mobiliário, utensílio) 
Marca Marca de fabricante, marca de posse, marca de fornecedor 
Departamento Entende-se a sigla atribuída a cada um dos departamentos representados na FEUP. 
Estado de 
conservação 
Com vista a uma normalização, foram utilizadas as normas para avaliação do 
estado de conservação do IPM: muito bom, bom, regular, deficiente, mau. 
Função A utilidade e a funcionalidade dos objectos antes de ser incorporado numa 
colecção museológica. 
Inscrição Toda e qualquer referência textual incisa, gravada, pintada, impressa ou 
estampada na peça (com excepção do título e da subscrição, que constituem 
campos de informação específicos). 
Localização Permite registar as localizações do objecto dentro e também fora da instituição a 
que pertence e, ao mesmo tempo, criar um histórico dos sítios onde esteve 
localizado o objecto e datas relativas à sua mobilidade. 
Marcas Os registos presentes no objecto que dão alguma informação sobre o objecto seja 
ela a indicação do local de fabrico, da pessoa ou fabricante que a produziu, etc. 
Materiais Grupo de informação específica permite a identificação de todos os materiais 
existentes nos objectos 
 
Apesar de ser mais simples, esta ficha de inventário é exemplo da forma como a informação é 
dada a conhecer a um público mais geral, sem correr o risco de ser muito desgastante na 
apresentação da informação, ou muito sucinto na apresentação dos conhecimentos que se tem 
do objecto. Apesar de algumas categorias misturarem informação distinta, como por exemplo 
no caso das “Autorias” colocando no mesmo espaço “inventor” e “vendedor”, não deixa de 
ser uma tentativa de agrupar os dados de uma forma coerente, abarcando todas as dimensões 
de caracterização do objecto. À semelhança do inventário do ISEP, destacamos o campo 
“Categoria”, pois permite uma melhor definição do papel do objecto dentro do contexto da 
instituição e do modelo de ensino adoptado. 
 
Problematizações 
Este trabalho permitiu-nos, acima de tudo, conhecer o universo da colecção e os núcleos pelos 
quais estão organizados. Este conhecimento, a par do contacto físico com os objectos e os 
espaços onde estão guardados, suscitou algumas problemáticas de gestão e de registo de 
informação da colecção. Nomearei algumas dessas problematizações, sem qualquer sentido de 
21 
 
grandeza de valor, mas meramente descritivo tentando seguir a disposição dos campos da 
ficha de inventário. 
Número de Inventário. A numeração atribuída aoinventário da colecção constitui-se desde o 
início como um exemplo curioso. Existem três inventários diferentes (A, B e C), que foram 
realizados em diferentes alturas. As informações que temos em rodapé de algumas fichas de 
inventário apontam para a definição dos inventários: o Inventário A corresponde ao inventário 
antigo, o Inventário B corresponde ao inventário em curso, e o Inventário C corresponde ao 
inventário da Sala de Reuniões16. A cada um deles corresponde uma numeração sequencial 
própria. Mas mesmo dentro de cada um dos inventários, alguns sub-núcleos apresentam a sua 
numeração sequencial. Isto colocava-nos alguns problemas na identificação dos objectos pelo 
facto de haver números repetidos, podendo correr-se o risco de trocas de informações e 
referências, apesar de em alguns casos haver a inclusão de uma letra referente à área 
científica. Teríamos de nos socorrer de outros elementos para fazer essa distinção, como a 
fotografia do objecto ou a designação. É o exemplo da atribuição de um único número de 
inventário para um conjunto de objectos semelhantes que através da fotografia pudemos 
constatar que se tratava de uma repetição em termos quantitativos, mas que o conteúdo da 
informação era diferente. A melhor opção foi a atribuição de um número de inventário 
diferente para cada um dos objectos (ex: invº 2035, 2036, 2037, 2038, 2039). Devido à 
simplicidade do programa informático usado na elaboração da ficha de inventário, optámos 
por atribuir uma numeração sequencial única, incluindo todos os núcleos. 
Designações. Neste campo, a informação deveria corresponder a uma nomenclatura 
normalizada, uma vez que a designação não se encontra inscrita no próprio objecto, excepto 
um ou outro caso em que alguns instrumentos vêm acompanhados por manuais de utilização, 
mas nem sempre em português. No caso das designações em inglês essa identificação, com o 
auxílio da imagem do objecto, torna-se mais fácil devido à comparação com outras colecções 
de instrumentos científicos e outros artefactos técnicos disponíveis on-line. No caso das 
designações em português iniciou-se há pouco tempo um projecto de construção de um 
thesaurus entre as várias instituições que têm colecções científicas e tecnológicas, numa 
tentativa de normalizar essas mesmas designações. Um dos aspectos que podemos constatar é 
o não preenchimento de muitos destes campos ou então a existência de designações muito 
gerais, por exemplo: “instrumento de medição” (podendo tratar-se de uma régua ou de um 
 
16 A Sala de Reuniões está localizada no Pavilhão Central (edifício principal dos serviços centrais) do Campus da 
Alameda. 
22 
 
termómetro), “acessório de um instrumento”, “aparelho eléctrico”, “suporte de um 
instrumento” ou apenas “instrumento”. Este aspecto tem consequências na identificação das 
funções dos respectivos objectos e melhor compreensão do papel que desempenhavam na 
instituição. Ronald Kley (1987), abordando a questão da nomenclatura e da classificação, 
afirma que esta necessidade de identificar as coisas pelo nome é um acto de conveniência, na 
medida em que queremos que os que nos rodeiam percebam aquilo que estamos a designar. 
No contexto do registo museológico da informação, a forma como a comunicamos deve ser o 
mais coerente possível, sobrepondo-se a aspectos temporais, espaciais e culturais. 
A forma como designamos um determinado objecto na colecção do IST não deverá ser 
diferente da forma como o mesmo objecto é designado na colecção do ISEP. Por isso, é 
necessária a elaboração de um sistema de designações que permita uma certa consistência na 
catalogação. O mesmo se aplica para a escolha de adopção de classificações gerais ou 
classificações mais específicas. Ou seja, em que medida a designação deve cingir-se aos 
aspectos gerais, por exemplo “balança”, “amperímetro” ou devemos apontar neste campo para 
designações mais específicas, como “balança de precisão”, “balança mecânica”, 
“amperímetro de ferro móvel”, “amperímetro electrodinâmico”, que permitem uma 
identificação mais directa do objecto e aponta para as diferenças físicas e também de 
aplicação prática. No caso do inventário do IST, ambos os casos de designações aparecem 
misturados, sendo que o nosso escasso conhecimento sobre estes tipos de objectos não 
permitia uma revisão das designações e a elaboração de uma lista pré-definida. 
Marca e Construtor. Através de uma listagem de toda a informação que aparecia nas fichas, 
foi possível fazer uma análise das principais marcas e construtores em confronto com bases de 
dados de construtores de um determinado país ou de catálogos digitalizados disponíveis on-
line e páginas da internet das respectivas marcas. Este confronto permitiu perceber que nem 
sempre a informação de um determinado construtor é registada da mesma forma. Exemplo 
disso é o caso da marca “Leybolds” que aparece de várias formas: “Leybold (England)” ou 
“E. Leybold's Nachfolger (Cologne)”. Através de outras colecções tentámos estabelecer uma 
nomenclatura coerente para uma melhor identificação dos grupos de objectos associados a 
uma determinada marca. Neste caso, a existência de um campo de “Inscrições” pode ajudar a 
manter ambos os registos. Um outro aspecto que não conseguimos resolver é a distinção entre 
os próprios campos “marca” e “construtor” para a escolha da informação a registar, pois nas 
fichas de inventário elas encontram-se frequentemente misturadas. Através de outras bases de 
dados, percebemos que os campos estão ligados e que essa distinção se faz essencialmente 
23 
 
através da definição “fabricante”. Por outro lado, através dos contactos estabelecidos têm-se 
considerado que “construtor” diz respeito ao fabricante anterior ao século XX, e que “marca” 
é já um conceito dos tempos modernos, ou seja, de objectos fabricados no século XX por 
determinadas empresas comerciais que registam a sua marca. Esta é portanto uma questão 
para reflexão e tentativa de definição. Apesar de não termos feito uma verificação exaustiva 
de todas as marcas que aparecem na base de dados, pudemos perceber que o acesso on-line a 
outras bases de dados e colecções permite facilmente realizar essa tarefa. 
Fornecedor. Neste campo a informação é escassa. Temos a indicação da Empresa Fabril de 
Máquinas Eléctricas (EFACEC), no fornecimento de um motor de corrente alternada (invº 
1312). A que aparece mais vezes na base de dados é Pimentel & Casquilho (Lisboa), em 30 
instrumentos científicos de diferentes marcas. Em alguns casos os fornecedores são as 
próprias marcas, enquanto outros ainda não conseguimos confirmar a sua existência ou 
historial. Seria necessário um trabalho mais detalhado que passaria pela pesquisa no arquivo 
dos serviços de Secretaria tentando encontrar facturas que digam respeito à aquisição destes 
objectos. 
Datação. A grande maioria das fichas de inventário não dispõe desta informação, pelo que se 
torna difícil a elaboração de uma cronologia de aquisição e até mesmo a contextualização dos 
objectos no tempo da sua utilização dentro da instituição. Uma das soluções mais usadas para 
a datação de instrumentos científicos, tal como no caso das designações, são as consultas dos 
catálogos das próprias marcas e construtores. Da mesma forma, o registo do tempo da 
actividade pode ser bastante útil na aproximação de uma datação. No caso de objectos 
fabricados no IST seria importante a identificação de livros de registos dos trabalhos oficinais 
e livros de possíveis vendas ao exterior em que a data venha mencionada. 
Colecção. Estes núcleos estão na sua maioria ligados aos espaços onde estiveram, por 
exemplo laboratórios, bibliotecas, oficinas; mas também aos espaçosonde estão neste 
momento, como é o caso do núcleo da Sala de Reuniões ou do Complexo Interdisciplinar. 
Estes núcleos estão agrupados por domínios (Minas, Química, Física, Electricidade), sendo 
que correspondem a alguns departamentos do IST não estando representados aqui artefactos 
de Mecânica, ou até mesmo de Informática. Uma outra variável que define alguns núcleos é o 
nome de antigos professores, que recolheram alguns objectos em desuso ou cujas famílias 
doaram os seus pertences. Com mais ou menos rigor, os núcleos e sub-núcleos que se nos 
apresentam são: Minas (Mineralogia, Geologia, Exploração de Minas); Química (Biblioteca, 
24 
 
Electroquímica, Laboratório de Química, Laboratório de Química Orgânica, Laboratório de 
Hidrologia, Laboratório de Química Analítica, Laboratório de Química Inorgânica); Física 
(Sala de Reuniões, Laboratório de Física, Complexo Interdisciplinar, Centro de Congressos); 
Electricidade (Máquinas Eléctricas, Medidas Eléctricas, Laboratório de Propagação e 
Radiação); Oficinas (Oficina de Carpintaria, Oficina de Serralharia, Oficina de Instrumentos 
de Precisão); Sr. Valido e Engenharia Civil (Gabinete de Arquitectura). Neste caso, optámos 
por excluir o campo “Proveniência” existente nas fichas de inventário originais pois a 
informação que continham era essencialmente a mesma que neste campo. 
Bibliografia. As fichas de inventário não apresentam muita informação neste campo. 
Consideramos que uma busca pelos catálogos dos construtores e das marcas poderia resultar 
numa informação bastante útil para este campo, entre muitas outras possibilidades, como 
referências em artigos técnicos sobre a função de aparelhos e instrumentos. 
Exposições. A única referência que aparece neste campo diz respeito à realização da 
exposição de Arqueologia Industrial, na Central Tejo, em Maio de 1985. Conseguimos no 
entanto, para alguns casos actualizar o campo através dos catálogos de exposições realizadas 
no IST ou com objectos do IST. 
Sites. Este campo é novo em relação ao modelo da ficha de inventário original, que se 
justifica pelo facto de se tratar de uma ficha informatizada e por permitir este tipo de 
complemento da informação sem sobrecarregar a base de dados. Não procurando ser 
exaustivos, reuniu-se um conjunto de sites relacionados com marcas, mas também com as 
funcionalidades de alguns objectos. 
 
25 
 
CAPÍTULO 2. A GESTÃO DA COLECÇÃO 
 
O valor do saber científico e tecnológico 
Em 2000, realizou-se o primeiro encontro internacional do UNIVERSEUM Network, na 
Universidade Martin-Luther, de Halle-Wittenberg, com a preocupação de preservar, tornar 
acessível e promover o património universitário europeu, material e imaterial, que abrange 
museus, colecções, edifícios históricos, jardins botânicos, arquivos e bibliotecas. A 
Declaração de Halle defende que os “museus e colecções académicas providenciam 
oportunidades especiais para experimentar e participar na vida da universidade. Estas 
colecções servem como um recurso activo para o ensino e a investigação, e também como 
registo histórico único e insubstituível.” Refere ainda que estas colecções são como janelas 
abertas ao público demonstrando o papel da universidade como cooperante na definição e 
interpretação da identidade cultural. 
Em 2001, é criado o Comité Internacional para os Museus e Colecções Universitárias 
(UMAC) do ICOM com o objectivo de promover: o interesse pelo papel das colecções no 
contexto das instituições de ensino superior e as comunidades que servem; oportunidades de 
partilha de recursos das colecções, conhecimentos e experiências; conselhos de protecção do 
património ao cuidado das universidades; e acesso às colecções existentes. Uma das equipas 
do UMAC está a trabalhar numa base de dados internacional de colecções existentes. Neste 
momento existem 2279 registos de museus, galerias e colecções (incluindo jardins botânicos) 
académicas, sendo que em Portugal estão registados 37. O Instituto Superior Técnico está 
registado nesta base de dados, mas apenas se faz referência à Colecção de Instrumentos de 
Física, quando na realidade o património cultural e tecnológico do IST é muito mais 
abrangente. 
É neste âmbito que poderemos considerar que as Colecções de Instrumentos Didácticos e de 
Investigação do IST, por se constituírem como um conjunto de artefactos técnicos que estão 
ligados à memória da instituição universitária, na forma como contribuíram para o ensino da 
engenharia e transmissão do conhecimento científico. 
Sabemos que desde o início que as universidades têm reunido objectos e constituído 
colecções, de livros, documentos, mobiliário, passando pelas colecções ligadas às ciências da 
terra e da vida. A tradição dos gabinetes de curiosidades tinha estabelecido o princípio da 
26 
 
raridade, natural ou artificial, como parâmetro de escolha, mas ao longo dos tempos, os 
parâmetros ligados a categorias ou grandes temas, como física e matemática, foram tornando-
se no elemento de definição das colecções. São formadas por toda a Europa, a partir do século 
XVII, por academias científicas, universidades e indivíduos, e destinavam-se à prática 
experimental (Delicado, 2006). 
A aprendizagem feita através da observação do real é consideravelmente mais eficaz do que 
através de descrições e ilustrações. Assim, podemos concluir que os objectos facilitam a 
transmissão do conhecimento (Hooper-Greenhill, et al., 2000, p. 105-106). As viagens 
realizadas por estudantes e investigadores pelas diversas universidades da Europa, para estudo 
e trabalho de investigação, permitiram a circulação dos conhecimentos e também dos 
instrumentos que se usavam (Taub, 2001, p. 9-14). Podemos considerar dois grandes tipos de 
colecções académicas: as que se associam ao ensino (constituídas na sua grande maioria por 
modelos, instrumentos, espécies naturais, réplicas, maquetas, etc.) e as que estão ligadas à 
investigação (como por exemplo: instrumentos laboratoriais, registos de viagens, relatórios 
de experiências, ilustrações científicas, desenhos e estudos de projectos, etc.). Nesta medida 
temos de ter consciência que a variedade de objectos é bastante ampla e que nem sempre se 
consegue estabelecer a fronteira entre estes dois tipos gerais. 
A utilização das colecções também é bastante dinâmica dentro das próprias instituições, na 
medida em que os objectos que as constituem são reunidos, trocados, doados e usados com 
diferentes propósitos, tanto nas salas de aula como nos laboratórios. A sua acumulação, na 
maior parte das vezes, é consequência de um uso intensivo até ao momento em que se tornam 
obsoletos e adquirem uma nova função – a de fontes representativas de informação – e um 
novo significado histórico. Estas colecções “constituíram a base para a criação de museus de 
história da ciência, ao adquirirem um valor simbólico, associado à memória de um período 
que importava celebrar” (Delicado, 2006). É assim que surgem exemplos como o 
Conservatoire des Arts et Métiers em Paris, fundado em 1794, o Museum of History of 
Science em Oxford, fundado em 1924, o Whipple Museum of the History of Science em 
Cambridge, fundado em 1927, ou o Instituto e Museo di Storia della Scienza em Florença, 
fundado em 1927 (Butler, 1992; McDonald, 2002; Delicado, 2006). 
O exemplo que nos propomos analisar, a colecção do Instituto Superior Técnico, insere-se 
neste âmbito, sendo que é o resultado de quase 100 anos de ensino e transmissão do 
conhecimento científico em Portugal, nomeadamente na área da engenharia. Trata-se portanto 
27 
 
de perceber até que ponto as universidades usam a herança de objectos e colecções 
representativas da história/tradição académica como promoção institucional

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