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FICHAMENTO oração aos moçoa final

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
CURSO DE DIREITO
ANDRESSA PINHEIRO ROSA DE ABREU
FICHAMENTOS
SÃO LUÍS
2017
BARBOSA, Rui. Oração aos Moços. 5 ed. Rio de Janeiro: Fundação Casa de
Rui Barbosa, 1997. 52 p.
Não quis Deus que os meus cinqüenta anos de consagração ao Direito viessem receber no templo do seu ensino em S. Paulo o selo de uma grande bênção, associando−se hoje com a vossa admissão ao nosso sacerdócio, na solenidade imponente dos votos, em que o ides esposar. (pág.11)
“Mas, recusandom-e o privilégio de um dia tão grande, ainda me consentiu o encanto de vos falar, de conversar convosco, presenteentre vós em espírito; o que é, também, estar presente em verdade.” (pág.11)
“Não é certo, como corre mundo, ou, pelo menos, muitas e muitíssimas vezes, não é verdade, como se espalha fama, que ‘longe da vista, longe do coração’. (pág. 12)
[...] o coração não é tão frívolo, tão exterior, tão carnal quanto se cuida. Há, nele, mais que um assombro fisiológico: um prodígio moral. É o órgão da fé, o órgão da esperança, o órgão do ideal. Vê, por isso, com os olhos d’alma, o que não vêem os do corpo. Vê ao longe, vê em ausência, vê no invisível, e até no infinito vê. (pág.13)
Entre vós, porém, moços, que me estais escutando, ainda brilha em toda a sua rutilância o clarão da lâmpada sagrada, ainda arde em toda a usa energia o centro de calor, a que se aquece a essência d'alma. Vosso coração, pois, ainda estará incontaminado; e Deus assim o preserve. (p.14)
“Tenho o consolo de haver dado a meu país tudo o que me estava ao alcance: a desambição, a pureza, a sinceridade, os excessos de atividade incansável, com que, desde os bancos acadêmicos, o servi, e o tenho servido até hoje.” (pág.16).
“Nem toda ira, pois, é maldade; porque a ira, se, as mais das vezes, rebenta agressiva e daninha, muitas outras, oportuna e necessária, constitui o específico da cura.” (pág.19)
“Então, não somente não peca o que se irar, mas pecará, não se irando. Cólera será; mas cólera da mansuetude, cólera da justiça, cólera que reflete a de Deus, face também celeste do amor, da misericórdia e da santidade.” (pág.20)
Estou-vos abrindo o livro da minha vida. Se me não quiserdes aceitar como expressão fiel da realidade esta versão rigorosa de uma das suas páginas, com que mais me consolo, recebei-a, ao menos, como ato de fé, ou como conselho de pai a filhos, quando não como o testamento de uma carreira, que poderá ter discrepado, muitas vezes, do bem, mas sempre o evangelizou com entusiasmo, o procurou com fervor, e o adorou com sinceridade. (p.22)
“Que seria, hoje, de mim, se o veto dos meus adversários, sistemático e pertinaz, me não houvesse poupado aos tremendos riscos dessas alturas [...]" (p.23). "Amigos e inimigos estão, amiúde, em posições trocadas. Uns nos querem mal, e fazem bem. Outros nos almejam o bem, e nos trazem o mal.” (p.23) 
“A parte da natureza varia ao infinito. Não há, no universo, duas coisas iguais.”. (pág.26)
“A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam.” (pág.26)
“Oração e trabalho são os recursos mais poderosos na criação moral do homem.”(pág.26)
“O indivíduo que trabalha, acerca-se continuamente do autor de todas as coisas, tomando na sua obra uma parte, de que depende também a dele. O criador começa, e a criatura acaba a criação de si própria.” (pág.27)
“[...]o célebre P.e Martín Gutiérrez, que o escusasse da vida escolar, e o entregasse aos misteres corporais irmão coadjutor. Gutiérrez animou−o a orar, persistir, e esperar. De repente se lhe alagou de claridade a inteligência.”(pág.27)
“O trabalho, pois, vos há de bater à porta dia e noite; e nunca vos negueis às suas visitas, se quereis honrar vossa vocação, e estais dispostos a cavar nos veios de vossa natureza, até dardes com os tesoiros.”(pág.28)
“Não invertais a economia do nosso organismo: não troqueis anoite pelo dia, dedicando este à cama, e aquela às distrações.” (pág.29)
“Mas, senhores, os que madrugam no ler, convém madrugarem também no pensar. Vulgar é o ler, raro o refletir.” (pág.32)
Ora, senhores bacharelandos, pesai bem que vos ides consagrar à lei, num país onde a lei absolutamente não exprime o consentimento da maioria, onde são as minorias, as oligarquias mais acanhadas, mais impopulares e menos respeitáveis, as que põem, e dispõem, as que mandam, e desmandam em tudo[...]. (pág.35)
“É verdade que a execução corrige, ou atenua, muitas vezes, a legislação de má nota. Mas, no Brasil, a lei se deslegitima, anula e torna inexistente, não só pela bastardia da origem, senão ainda pelos horrores da aplicação.” (pág.36)
Que extraordinário, que imensurável, que, por assim dizer, estupendo e sobre−humano, logo, não será, em tais condições, o papel da justiça! Maior que o da própria legislação. Porque, se dignos são os juízes, como parte suprema, que constituem, no executar das leis – em sendo justas, lhes manterão eles a sua justiça, e, injustas, lhes poderão moderar, se não, até, no seu tanto, corrigir a injustiça. (pág.36)
“Ora, senhores, esse poder eminencialmente necessário, vital e salvador tem os dois braços, nos quais agüenta a lei, em duas instituições: a magistratura e a advocacia [...].” 
(pág.37)
Encarai, jovens colegas meus, nessas duas estradas [magistratura e advocacia], que se vos patenteiam. Tomai a que vos indicarem vossos pressentimentos, gostos e explorações, no campo dessas nobres disciplinas, com que lida a ciência das leis e a distribuição da justiça. Abraçai a que vos sentirdes indicada pelo conhecimento de vós mesmos. (pág.38)
“Elegeis [a magistratura], então, a mais eminente das profissões, a que um homem se pode entregar neste mundo.” (pág.39)
“Não sejais, pois, desses magistrados, nas mãos de quem os autos penam como as almas do purgatório, ou arrastam sonos esquecidos como as preguiças do mato.” (pág.40)
“Não imiteis os que, em se lhes oferecendo o mais leve pretexto, a si mesmos põem suspeições rebuscadas, para esquivar responsabilidades, que seria do seu dever arrostar sem quebra de ânimo ou de confiança no prestígio dos seus cargos.” (pág.41)
Não sigais os que argumentam com o grave das acusações, para se armarem de suspeita e execração contra os acusados; como se, pelo contrário, quanto mais odiosa a acusação, não houvesse o juiz de se precaver mais contra os acusadores, e menos perder de vista a presunção de inocência, comum a todos os réus, enquanto não liquidada a prova e reconhecido o delito. (pág.41)
Não julgueis por considerações de pessoas, ou pelas do valor das quantias litigadas, negando as somas, que se pleiteiam, em razão da sua grandeza, ou escolhendo, entre as partes na lide, segundo a situação social delas, seu poderio, opulência e conspicuidade. (pág.41)
“Não vos mistureis com os togados, que contraíram a doença deachar sempre razão ao Estado, ao Governo, Fazenda[...].” (pág.42)
Magistrados futuros, não vos deixeis contagiar de contágio tão maligno. Não negueis jamais ao Erário, à Administração, à União os seus direitos. São tão invioláveis, como quaisquer outros. Mas o direito dos mais miseráveis dos homens, o direito do mendigo, do escravo, do criminoso, não é menos sagrado, perante a justiça, que o do mais alto dos poderes. Antes, com os mais miseráveis é que a justiça deve ser mais atenta, e redobrar de escrúpulo; porque são os mais maldefendidos, os que suscitam menos interesse, e os contra cujo direito conspiram a inferioridade na condição com a míngua nos recursos. (pág.43).
“Outro ponto dos maiores na educação do magistrado: corar menos de ter errado que de se não emendar. Melhor será que a sentença não erre. Mas, se cair em erro, o peior é que se não corrija.” (pág.44)
Não anteponhais o draconianismo à eqüidade. Dados a tão cruel mania, ganharíeis, com razão, conceito de maus, e não de retos. (pág.45)
“Não militeis em partidos, dando à política o que deveisà imparcialidade.” (pág.45)
“Não cortejeis a popularidade. Não transijais com as conveniências. Não tenhais negócios em secretarias. Não delibereis por conselheiros, ou assessores.” (pág.45)
“Não há justiça, onde não haja Deus.” (p.45)
“Na missão do advogado também se desenvolve uma espécie de magistratura. As duas se entrelaçam, diversas nas funções, mas idênticas no objeto e na resultante: a justiça. Com o advogado, justiça militante. Justiça imperante, no magistrado.” (pág.46)
Legalidade e liberdade são as tábuas da vocação do advogado. Nelas se encerra, para ele, a síntese de todos os mandamentos. Não desertar a justiça, nem cortejá−la. Não lhe faltar com a fidelidade, nem lhe recusar o conselho. Não transfugir da legalidade para a violência, nem trocar a ordem pela anarquia. Não antepor os poderosos aos desvalidos, nem recusar patrocínio a estes contra aqueles. Não servir sem independência à justiça, nem quebrar da verdade76 ante o poder. (pág.46)
Mãos à obra da reivindicação de nossa perdida autonomia; mãos à obra da nossa reconstituição interior; mãos à obra de reconciliar-mos a vida nacional com as instituições nacionais; mãos à obra de substituir pela verdade o simulacro político da nossa existência entre as nações. Trabalhai por essa que há de ser a salvação nossa. (pág.50)
SANTOS, BOAVENTURA DE SOUSA. Introdução à sociologia da administração da justiça. Revista crítica de ciências sociais, n° 21, 1989, pp.11-37;______ in SANTOS, BOAVENTURA DE SOUZA, Pela Mão de Alice. O social e o político na pós-modernidade, Porto, Afrontamento, 1994. Disponível em: file:///C:/Users/Andressa/Downloads/Introdu%C3%A7%C3%A3o%20%C3%A0%20Sociologia%20da%20Administra%C3%A7%C3%A3o%20da%20Justi%C3%A7a.pdf. Acesso em: 03 abril 2017.
A sociologia do direito só se constitui em ciência social, na acepção contemporânea de termo, isto é, em ramo especializado da sociologia geral, depois da segunda Guerra Mundial [...] a sociologia do Direito ocupa-se de um fenômeno social, o direito, sobre o qual incidem séculos de produção intelectual cristalizada na idade moderna em disciplinas como a filosofia do direito, a dogmática jurídica e a história do direito. (pág.11-12)
[...] no período inicial [consiste] uma visão normativa de direito em detrimento de uma visão institucional e organizacional. [Um dos primeiros debates era] o que opõe os que defendem uma concepção de direito enquanto variável dependente, nos termos da qual o direito se deve limitar a acompanhar e a incorporar os valores sociais e os padrões de conduta espontânea e paulatinamente constituídos na sociedade, e os que defendem uma concepção do Direito enquanto variável independente, nos termos da qual o direito deve ser um activo promotor da mudança social tanto no domínio material como no da cultura e das mentalidades [...]. (pág.12)
“No primeiro quarto do nosso século a visão normativa substantiva continuou a dominar, ainda que com nuances, o pensamento sociológico sobre o direito. (pág.13)
[...] tradição intelectual diversificada mas em que domina a visão normativa e substantiva do direito teve uma influência decisiva na constituição do objeto da sociologia do direito no pós-guerra [...] [em qualquer tema eram centrados] preferencialmente nas preocupações sociais dos países desenvolvidos, são nítidos o privilegiamento das questões normativas e substantivas do direito e a relativa negligência das questões processuais, institucionais e organizacionais. (pág.14)
“No entanto, esta conjuntura intelectual em breve se alterou [...] condições teóricas e condições sociais [...] Entre as primeiras, as condições teóricas, salienta três. Em primeiro lugar, o desenvolvimento das organizações.” (pág.14)
“A segunda condição teórica é constituída pelo desenvolvimento da ciência política e pelo interesse que esta revelou pelos tribunais enquanto instância de decisão e de poder políticos.” (pág.15)
“A terceira condição teórica é constituída pelo desenvolvimento da antropologia do direito ou da etnologia jurídica [...].” (pág.15)
“[Entre as condições sócias] A primeira diz respeito a lutas sociais protagonizadas por grupos sociais até então sem tradição histórica de acção coletiva de confrontação, os negros, os estudantes, amplos setores da pequena burguesia em luta por novos direitos [...].” (pág.15)
 
A segunda condição social do interesse da sociologia pelo processo e pelos tribunais é constituída pela eclosão, na década de 60, da chamada crise da administração da justiça, uma crise de cuja persistência somos hoje testemunhas [...] As lutas sociais [...] aceleraram a transformação do Estado Liberal no Estado assistencial ou no Estado-providência [...] significou a expansão dos direitos sociais,e através deles, a integração das classes trabalhadoras nos circuitos do consumo anteriormente fora do seu alcance. Esta integração, por sua vez implicou que os conflitos emergentes dos novos direitos sociais fossem constitutivamente conflitos jurídicos cuja dirimição caberia aos tribunais [...]. (pág.16)
De tudo isto resultou uma explosão de litigiosidade à qual a administração da justiça dificilmente poderia dar resposta. Acresce que esta explosão veio a agravar-se no início da década de 70, ou seja, num período em que a expansão econômica terminava [...] daí resultou a redução progressiva dos recursos financeiros do estado e a sua crescente incapacidade para dar cumprimento aos compromissos assistenciais e providenciais assumidos para com as classes populares [...]. (pág.17)
“O tema acesso a justiça é aquele que mais diretamente equaciona as relaççoes entre bo direito civil e a justiça social.” (pág.18)
[...] a contribuição da sociologia consistiu em sistemática e empiricamente os obstáculos ao acesso efectivo à justiça por parte das classes populares com vista a propor às soluções que o melhor pudessem solucionar. [...] Estes estudos revelam que a justiça civil é cara para os cidadãos em geral, mas revelam sobretudo que a justiça civil é proporcionalmente mais cara para os cidadãos economicamente mais débeis. (pág.19)
De facto, verificou-se que essa vitimização é tripla na medida em que um dos outros obstáculos investigados, a lentidão dos processos, pode ser facilmente convertido em num custo econômico adicional e este é proporcionalmente mais gravoso para os cidadãos de menos recursos. (pág.19)
Estas verificações têm levado a sociologia jurídica a concluir que as reformas do processo, embora importantes para fazer baixar os custos econômicos decorrentes da lentidão da justiça, não são de modo algum uma panacéia. É preciso levar em conta e submeter a análise sistemática outros factores quiça mais importantes. [...] Estudos revelam que a distância dos cidadãos em relação a administração da justiça é tanto maior quanto mais baixo é o estrato social a que pertencem [...]. (pág.20)
O conjunto destes estudos revelou que a discriminação social no acesso a justiça é um fenômeno muito mais complexo do que á primeira vista pode parecer, já que, para além das condicionantes econômicas, sempre mais óbvias, envolve condicionantes sociais e culturais [...]. (pág.21)
No imediato pós-guerra, vigorava na maioria dos países um sistema de assistência jurídica gratuita organizada pela ordem dos advogados [...] Os inconvenientes deste sistema eram muitos e foram rapidamente denunciados. [...] A denúncia das carências deste site ma privado e caritativo levou a que, na maioria dos países, ele fosse sendo substituído por um sistema público e assistencial organizado ou subsidiado pelo estado. [...] [os serviços jurídicos gratuitos/ judicare tinham limitações] Em primeiro lugar apesar de em teoria o sistema incluir a consulta jurídica independentemente da existência de um litígio, o facto é que na prática, se concentrava na assistência judiciária. Em segundo lugar, este sistema limitava-se a tentar vencer os obstáculos econômicos ao acesso à justiça, mas não os obstáculossociais e culturais. (pág.22)
A concepção da administração da justiça como uma instância política inicialmente propugnada pelos cientistas políticos que viram nos tribunais um sub-sistema do sistema político global, partilhando com este a característica de processarem uma série de imputs externos[...]. (pág.24)
Uma tal concepção dos tribunais teve duas conseqüências muito importantes. Por um lado, colocou os juízes no centro do campo analítico. [...] A segunda conseqüência constitui em desmentir por completo a idéia convencional da administração da justiça como uma função neutra protagonizada por um juiz apostado apenas em fazer justiça acima e eqüidistantes dos interesses das partes. (pág.24)
Este tema [os conflitos sociais e os mecanismos da sua resolução] constitui a terceira contribuição da sociologia para a administração da justiça. [Com base em estudos concluiu-se que] Em primeiro lugar, de um ponto de vista sociológico, o Estado contemporâneo não tem o monopólio da produção e distribuição do direito. [...] Em segundo lugar, o relativo declínio da litigiosidade civil, longe de ser indício de diminuição da conflitualidade social e jurídica, é antes o resultado do desvio dessa conflitualidade para outros mecanismos de resolução informais, mais baratos e expeditos, existentes na sociedade. (pág.27)
“Estas conclusões não deixaram de influenciar algumas das reformas de administração da justiça nos últimos anos. Distinguirei dois tipos de reformas: as reformas no interior da justiça civil tradicional e a criação de alternativas.” (pág.27)
A democratização da administração da justiça é uma dimensão fundamental da democratização da vida social, econômica e política. Esta democratização tem duas vertentes. A primeira diz respeito a constituição interna do processo e inclui uma série de orientações tais como: o maior envolvimento e participação dos cidadãos, individualmente ou em grupos organizados na administração da justiça [...] A segunda vertente diz respeito à democratização do acesso à justiça. (pág.28).
A contribuição maior da sociologia para a democratização da administração da justiça consiste em mostrar empiricamente que as reformas do processo ou mesmo do direito substantivo não terão muito significado se não forem complementadas com outros dois tipos de reformas. Por um lado, a reforma da organização judiciária [...] por outro lado, a reforma da formação e dos processos de recrutamento dos magistrados [...]. (pág. 32)
“A igualdade perante a lei representa uma das mais importantes conquistas da modernidade.” (pág. 170)
[...] as elaborações teóricas jusnaturalistas, desenvolvidas nos séculos XVII e XVIII, apesar das significativas diferenças entre os autores, têm em comum não apenas a caracterização dos homens como sujeitos, como portadores de direitos, entes individuais autônomos, mas também a afirmação de que a realização dos direitos naturais e da lei universal exigem que a justiça seja administrada por uma instituição independente. Houve uma mudança de qualidade nos termos da discussão [...]. (pág.170)
“Tais inovações implicaram uma nova compreensão a respeito da desigualdade. A desigualdade social – e este é o ponto central – deixou de ser vista como natural.” (pág.171)
“Estas concepções produzem conseqüências na prática concreta e na vida social de grande magnitude. Um dos mais importantes efeitos da incorporação de direitos é reduzir as desigualdades [...].” (pág.172)

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