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Demanda, Oferta e Equlíbrio de Mercado-2a parte

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DEMANDA, OFERTA E EQUILÍBRIO DE MERCADO
PARTE-2
PROF. ANDRÉ MOURÃO
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INTERFERÊNCIA DO GOVERNO NO EQUILÍBRIO DE MERCADO
O governo intervém na formação de preços de mercado quando fixa impostos, tarifas alfandegárias, dá subsídios, estabelece os critérios de reajuste do salário mínimo, fixa preços mínimos para produtos agrícolas, decreta tabelamentos ou, ainda, congela preços e salários.
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ESTABELECIMENTO DE IMPOSTOS
Embora seja tratado nos capítulos de Macroeconomia o papel do governo por meio dos instrumentos da política tributária, é interessante observar o enfoque microeconômico da tributação, que ressalva a questão da incidência do tributo.
Sabemos que quem recolhe a totalidade do tributo é a empresa, mas isso não quer dizer que é ela quem efetivamente paga. Assim, saber sobre quem recai efetivamente o ônus do tributo é uma questão da maior importância na análise dos mercados.
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ESTABELECIMENTO DE IMPOSTOS
Os tributos podem ser impostos, taxas e contribuições de melhorias.
Os impostos dividem-se em:
Impostos indiretos: impostos incidentes sobre o consumo ou sobre as vendas. Exemplos: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);
Impostos diretos: impostos incidentes sobre a renda e o patrimônio. Exemplos: Imposto de Renda (IR), e Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).
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ESTABELECIMENTO DE IMPOSTOS
Entre os impostos indiretos destacamos:
Imposto específico: o valor do imposto é fixo, independentemente do valor da unidade vendida. Exemplo: para cada carro vendido, recolhe-se, a título de imposto, R$5.000,00 ao governo (esse valor é fixo e independe do valor do automóvel);
Imposto ad valorem: é um percentual (alíquota) aplicado sobre o valor da venda. Exemplo: supondo a alíquota do IPI sobre automóveis de 10%, se o valor do automóvel for de R$50.000,00, o valor do IPI será de R$5.000,00; se seu valor aumentar para R$60.000,00, o valor do IPI será de R$6.000,00.
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ESTABELECIMENTO DE IMPOSTOS
Assim, como se pode notar, a alíquota permanece inalterada em 10%, enquanto o valor do imposto varia com o preço do automóvel.
No Brasil, há poucos impostos específicos, sendo a quase totalidade dos impostos incidentes sobre o consumo do gênero ad valorem.
No ato do recolhimento, um aumento de impostos representa um aumento de custos de produção para a empresa. Se ela quiser continuar vendendo as mesmas quantidades anteriores, terá de elevar o preço de seu produto, ou seja, procurará repassar o imposto para o consumidor. Caso contrário, terá de reduzir seu volume de produção.
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ESTABELECIMENTO DE IMPOSTOS
A proporção do imposto paga por produtores e consumidores é chamada incidência tributária, que mostra sobre quem recai efetivamente o ônus do imposto.
O produtor procurará repassar a totalidade do imposto aos consumidores, entretanto, a margem de manobra de repassá-lo dependerá do grau de sensibilidade dos consumidores alterações do preço do bem. 
E essa sensibilidade (ou elasticidade) dependerá do tipo de mercado.
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ESTABELECIMENTO DE IMPOSTOS
Quanto mais competitivo ou concorrencial o mercado, maior a parcela do imposto paga pelos produtores, pois eles não poderão aumentar o preço do produto para nele embutir o tributo. O mesmo ocorrerá se os consumidores dispuserem de vários substitutos para esse bem. Por outro lado, quanto mais concentrado o mercado, ou seja, com poucas empresas, maior o grau de transferência do imposto para os consumidores finais, que contribuirão com maior parcela do imposto.
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CONCEITO DE ELASTICIDADE
Cada produto tem uma sensibilidade específica com relação às variações dos preços e da renda. Essa sensibilidade ou reação pode ser medida por meio do conceito de elasticidade. Genericamente, a elasticidade reflete o grau de reação, ou sensibilidade de uma variável quando ocorrem alterações em outra variável, coeteres paribus.
Trata-se de um conceito econômico que pode ser objeto de cálculo a partir de dados do mundo real, permitindo-se, desse modo, o confronto das proposições da teoria econômica com os dados da realidade.
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CONCEITO DE ELASTICIDADE
O conceito de elasticidade representa uma informação bastante útil tanto para as empresas como para a administração pública. Nas empresas, a previsão de vendas é de extrema importância, pois permite uma estimativa da reação dos consumidores em face das alterações nos preços da empresa, dos concorrentes e em seus salários. Para o planejamento macroeconômico, a elasticidade é de igual importância, pois pode-se prever, por exemplo, qual seria o impacto de uma desvalorização cambial sobre o saldo da balança comercial, ou qual a sensibilidade dos investimentos privados alterações na tributação ou na taxa de juros.
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ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA
Conceito: é a resposta relativa da quantidade demandada de um bem X às variações de seu preço, ou, de outra forma, é a variação percentual na quantidade procurada do bem X em relação a uma variação percentual em seu preço, coeteres paribus.
Podemos expressar simbolicamente tal conceito da seguinte forma:
EpD = variação percentual em Qd
		 variação percentual em P
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ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA
Como a correlação entre preço e quantidade demandada é inversa, ou seja, a uma alteração positiva de preços corresponderá uma variação negativa da quantidade demandada, o valor encontrado da elasticidade-preço, da demanda será negativo.
Para evitar problemas com o sinal, o valor da elasticidade normalmente é colocado em módulo.
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ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA
Demanda elástica: a variação da quantidade demandada supera a variação do preço. 
|EpD| > 1
Os consumidores desse produto têm grande reação ou resposta, nas quantidades, a eventuais variações de preços. Em caso de aumento de preços, diminui drasticamente o consumo, logo, quando há quedas do preço de mercado, aumenta o consumo em uma vez e meia a variação do preço.
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ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA
Demanda inelástica: ocorre quando uma variação percentual no preço provoca uma variação percentual relativamente menor nas quantidades procuradas, coeteres paribus.
|EpD| < 1
Demanda de elasticidade-preço unitária: as variações percentuais no preço e na quantidade são de mesma magnitude.
|EpD| = 1
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FATORES QUE INFLUENCIAM O GRAU DE ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA
Existência de bens substitutos: quanto mais substitutos houver para um bem, mais elástica será sua demanda, pois pequenas variações em seu preço para cima, por exemplo, farão com que o consumidor passe a adquirir seu substituto, provocando queda em sua demanda mais que proporcional à variação do preço.
Essencialidade do bem: se o bem é essencial, sua demanda será pouco sensível à variação de preço, terá, portanto, demanda inelástica.
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FATORES QUE INFLUENCIAM O GRAU DE ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA
Incidência tributária e elasticidade-preço da demanda:
Vimos que o recolhimento de impostos aos cofres públicos é feito pelas empresas, entretanto, isso não significa que elas efetivamente pagarão a totalidade do imposto, pois podem repassar parte do ônus para o consumidor final, via aumento de preços de seus produtos.
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FATORES QUE INFLUENCIAM O GRAU DE ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA
Quanto mais inelástica for a demanda do bem, maior será proporção do imposto repassada ao consumidor e menor a parcela paga pelo produtor. O consumidor não tem muitas condições de diminuir o consumo do bem, provavelmente porque tem poucos produtos substitutos. Trata-se de uma característica mais comum em mercados em que a produção está concentrada em poucas empresas.
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FATORES QUE INFLUENCIAM O GRAU DE ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA
Quanto mais elástica for a demanda do bem, menor será a proporção do imposto repassada ao consumidor e maior a parcela paga pelo produtor. Mercados com
um número bastante grande de empresas produtoras costumam apresentar esse comportamento.
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ELASTICIDADE-RENDA DA DEMANDA
O coeficiente de elasticidade-renda da demanda (Er) mede a variação percentual da quantidade da mercadoria comprada resultante de uma variação percentual na renda do consumidor, coeteres paribus.
Er = variação percentual na quantidade demandada
		 variação percentual na renda do consumidor
Se a elasticidade-renda da demanda (Er) é positiva, mas menor que 1, o bem é normal, isto é, aumentos da renda levam a aumentos menos que proporcionais no consumo.
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ELASTICIDADE-RENDA DA DEMANDA
Se a elasticidade-renda da demanda (Er) é negativa, o bem é inferior, ou seja, aumentos de renda levam a quedas no consumo do bem, coeteres paribus.
Se a elasticidade-renda da demanda (Er) é positiva e maior que 1, o bem é superior ou de luxo, ou seja, aumentos na renda dos consumidores levam a um aumento mais que proporcional no consumo do bem. Por exemplo: Er = 1,5, um aumento da renda do consumidor de, digamos, 10% levará a um aumento de 15% do consumo desse bem, coeteres paribus.
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ELASTICIDADE-RENDA DA DEMANDA
É oportuno salientar que a distinção entre bem normal e bem inferior não tem muito significado para os consumidores mais pobres, para os quais praticamente todos os bens são normais.
Produtos mais sofisticados, como eletrônicos e automóveis, apresentam elasticidade-renda da demanda superior à dos produtos básicos, como alimentos, que têm um limite fisiológico a seu consumo, ou seja, se houver aumento na renda dos consumidores, eles consumirão muito mais arroz, açúcar do que já consomem, mas certamente gastarão em bens de consumo duráveis, como TV, automóvel, microcomputador.
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ELASTICIDADE-RENDA DA DEMANDA
O conceito de elasticidade-renda da demanda é muito utilizado para ilustrar uma tese defendida por muitos economistas, principalmente na América Latina, denominada deterioração dos termos de troca no comércio internacional, mostrando que os países que exportam bens manufaturados, de alta elasticidade-renda, têm vantagens no comércio internacional, relativamente aos exportadores de produtos básicos (commodities em geral), de baixa elasticidade-renda da demanda. 
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ELASTICIDADE-RENDA DA DEMANDA
Como normalmente são os países desenvolvidos que exportam bens manufaturados, enquanto os países mais pobres tendem a exportar produtos básicos ou commodities, o crescimento da renda mundial tenderia a favorecer as exportações dos países desenvolvidos, relativamente aos países mais pobres.
Apesar de nos últimos anos muitos países emergentes, produtores de commodities, como Brasil, países árabes, Argentina, Chile e outros, estarem se beneficiando do comércio exterior, impulsionados pelo crescimento da China e da Índia, a elasticidade-renda da demanda é uma informação importante para entendermos os determinantes do comércio entre os países.
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ELASTICIDADE-PREÇO CRUZADA DA DEMANDA
A elasticidade-preço cruzada da demanda mede a mudança percentual da quantidade demandada do bem x quando se modifica percentualmente o preço de outro bem. Desse modo, a elasticidade-preço cruzada da demanda (Exy) mede a variação percentual na quantidade procurada do bem x com relação à variação percentual no preço do bem y, coeteres paribus.
Ex y = variação percentual na quantidade demandada de um bem x
		 variação percentual no preço de um bem y
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ELASTICIDADE-PREÇO CRUZADA DA DEMANDA
Se x e y forem bens substitutos, Ex y será positiva: um aumento no preço do guaraná deve provocar uma elevação do consumo de soda, coeteres paribus.
Se x e y forem bens complementares, Ex y será negativa: um aumento no preço da camisa social levará a uma queda na demanda de gravatas, coeteres paribus.
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ELASTICIDADE-PREÇO DA OFERTA
O mesmo raciocínio utilizado para a demanda também se aplica à oferta, observando-se, no entanto, que o resultado da elasticidade será positivo, pois a correlação entre preço e quantidade ofertada é direta.
Quanto maior o preço, maior a quantidade que o empresário estará disposto a ofertar, coeteres paribus.
EpO = variação percentual na quantidade ofertada
		 variação percentual no preço do bem
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ELASTICIDADE-PREÇO DA OFERTA
As elasticidades da oferta são menos difundidas que as da demanda. 
A elasticidade-preço da oferta mais frequentemente estudada é a dos produtos agrícolas, sendo inclusive apontada como a principal causa da inflação, de acordo com a chamada corrente estruturalista. Segundo essa tese, em países em via de desenvolvimento, a elasticidade da oferta de produtos agrícolas seria inelástica, pouco sensível a variações de preços.
Isso seria devido à estrutura fundiária na agricultura, pouco voltada a estímulos dados pela demanda (e, portanto, de preços).
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ELASTICIDADE-PREÇO DA OFERTA
De um lado há latifúndios que estão mais preocupados com a especulação com terras do que com produtividade, e, de outro, existem os minifúndios, que praticam uma agricultura apenas para sua subsistência, não produzindo para o mercado.
Assim, a produção agrícola seria inelástica a estímulos de preços.

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