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Direitos Fundamentais na Constituição Brasileira

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FACULDADE DE DIREITO
	
	
DISCIPLINA:
	
DIREITO CONSTITUCIONAL
	
SEMESTRE:
	
3º (QUINTO)
	
CARGA HORÁRIA:
	
QUATRO AULAS SEMANAIS
	
TURNO:
	
NOTURNO
	
PROFESSOR:
	
JOSÉ NATANAEL FERREIRA
	
PERÍODO:
	
1° SEMESTRE 2014
PLANO DE AULA
DIREITO CONSTITUCIONAL II
AULA N° 05	
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA
Considerações sobre os direitos individuais e os direitos coletivos
—dos direitos individuais
—classificação dos direitos individuais
—dos direitos sociais
Considerações sobre o direito à vida
Considerações sobre os direitos à privacidade e à vida privada 
Questões	
Bibliografia
DIREITO CONSTITUCIONAL II		AULA N° 04
DIREITOS FUNDAMENTAIS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
Considerações sobre os direitos individuais e os direitos coletivos
—	dos direitos individuais
A Constituição Federal trata dos direitos e deveres individuais no artigo 5º, assegurando que todos “...são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade...” na forma dos incisos seguem inscritos.
Alguns dos direitos aludidos são também extensivos às pessoas jurídicas, tais como o direito à indenização por dano material ou à imagem (inciso V), o sigilo de correspondências (inciso XII), a liberdade de associação para fins lícitos (em sindicatos, por exemplo – inciso XVII), o direito de propriedade e de prévia e justa indenização na hipótese de desapropriação (incisos XXII e XXIV). 
Aos estrangeiros não residentes, mas que se encontrem no país, também são extensivos esses direitos (além daqueles de que tratam as Convenções e Tratados internacionais de que o Brasil seja parte), uma vez que o princípio da dignidade humana, conformador da Constituição Federal brasileira, veda tanto a discriminação como a ofensa a direitos jurídicos em razão da origem. 
Não se pode afirmar nem entender que os direitos e garantias fundamentais constantes da Constituição Federal brasileira sejam estendidos ao estrangeiro não residente no país e que não se encontrem em solo brasileiro, entretanto, ao estrangeiro não residente que, mesmo transitoriamente, se encontre em solo brasileiro, os direitos e garantias fundamentais são-lhe assegurados: direito à vida (caput), direito à intimidade (inciso X), direito a não ser submetido a torturas ou a tratamentos desumanos ou degradantes (inciso III), direito à liberdade (inciso II).
—classificação dos direitos individuais da Constituição Federal
Pode-se classificar os direitos individuais em direito à vida; direito à igualdade, direito à liberdade, direito à segurança, direito à propriedade (CF/88, artigo 5º, caput), porém, essa classificação mostra-se insatisfatória.
Pode-se, também, classificar os direitos individuais em:
__	direitos individuais expressos, ou explícitos, que seriam aqueles todos enumerados nos setenta e oito incisos do artigo 5º;
__	direitos individuais implícitos, aqueles que se encontram subentendidos “...nas regras de garantias...”, a exemplo do direito à identidade pessoal;
__	direitos individuais decorrentes do regime e dos tratados internacionais subscritos pelo Brasil, os quais não se encontram enumerados no texto constitucional, nem expressa e nem implicitamente, mas tenham fonte naqueles instrumentos do direito internacional.
Porém, classificação bem aceita é a ofertada por José Afonso da Silva:[1: SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 21ª ed. — São Paulo : Malheiros, 2002, p. 193/194]
_	direito à vida
_	direito à intimidade
_	direito de igualdade
_	direito de liberdade
_	direito de propriedade
—	dos direitos sociais
A Constituição Federal trata dos direitos e deveres coletivos nos artigos:
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social (e enumera trinta e quatro incisos)
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o que enumera em oito incisos
O direito de greve é disciplinado no artigo 9º.
O artigo 10 assegura a “...a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação...”.
O artigo 11 diz que nas “...empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores...”.
Os direitos sociais valorizam o trabalho humano (construtor de riquezas e da dignidade da pessoa), e objetiva cumprir um dos fundamentos da República e da ordem econômica (CF/88, art. 1º, IV; art. 170, caput).
Considerações sobre o direito à vida
Em termos simplistas, a vida da pessoa começa com a concepção e cessa com a morte, e, nesse entremeio, há toda uma existência que merece respeito pelo fato de a pessoa ser humana: o respeito ao seu direito à vida, qual abarca:
—	direito à existência: que significa estar e continuar vivo, e defender esse direito até mesmo com o sacrifício da vida de outrem para se salvar ou em hipótese de necessidade. É o direito de não ter a vida interrompida senão por causa natural. No ordenamento brasileiro, a lei penal pune os atos de interrupção violenta da vida, e não permite, por exemplo, a eutanásia (morte sem sofrimento) e a prática de racismo (pois ofende a dignidade humana e o direito à vida sem discriminação). Entretanto, a própria Constituição excepciona, no artigo 5º, XLVII, “a”, admitindo a pena de morte em casos de crimes de guerra, pois ela considera a existência e a integridade da Pátria valores superiores ao direito individual à vida daqueles que praticaram tais crimes.
—	direito à integridade física:	 a pessoa possui o direito de ter o seu corpo íntegro, isento de agressões por parte de terceiros. As lesões corporais são punidas pela legislação, inclusive sendo motivo de reparação civil. A Constituição proíbe a tortura e os tratamentos desumanos ou degradantes, e diz a “...lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização...” (art.199,§4º). Não se permite a mercancia de corpos ou de órgãos humanos.
A Lei Federal nº 9.343/1997, dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento:
Art. 1º A disposição gratuita de tecidos, órgãos e partes do corpo humano, em vida ou post mortem, para fins de transplante e tratamento, é permitida na forma desta Lei.
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, não estão compreendidos entre os tecidos a que se refere este artigo o sangue, o esperma e o óvulo.
Art. 2º A realização de transplante ou enxertos de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano só poderá ser realizada por estabelecimento de saúde, público ou privado, e por equipes médico-cirúrgicas de remoção e transplante previamente autorizados pelo órgão de gestão nacional do Sistema Único de Saúde.
(...)
Art. 4o A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas para transplantes ou outra finalidade terapêutica, dependerá da autorização do cônjuge ou parente, maior de idade, obedecida a linha sucessória, reta ou colateral, até o segundo grau inclusive, firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da morte.
(...)
Art. 6º É vedada a remoção post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo de pessoas não identificadas.
A lei penal(Decreto-Lei nº 2.848/1940 – Código Penal- CP) pune criminaliza e pune a prática voluntária do aborto (abortamento), nos artigos 123 a 126 do Código Penal ressalvadas as hipóteses:
—	em que não haja outro meio de salvar a vida da gestante, e
—	se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
No entanto, o Supremo Tribunal Federal – STF, no julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental – ADPF nº 54/DF, julgou ser constitucional a interrupção da gravidez em casos de anencefalia, respeitada a vontade da gestante.
—	direito à integridade moral: “...A moral individual sintetiza a honra da pessoa, o bom nome, a boa fama, a reputação que integram a vida humana como dimensão imaterial. Ela e seus componentes são atributos sem os quais a pessoa fica reduzida a uma condição animal de pequena significação...”. A integridade moral compõe a dignidade da pessoa, e esse é um dos fundamentos pelos quais se pauta a República Federativa do Brasil. A Constituição garante o direito à indenização em casos de ofensa à integridade moral da pessoa (art. 5º, X), seja essa violação advinda de particulares ou do Poder Público.[2: SILVA, op. cit., p. 200]
Considerações sobre os direitos à privacidade e à vida privada 
Grosso modo, pode-se dizer que a privacidade e a vida privada, aí considerada intimidade pessoal e familiar, são elementos que corroboram para conformar a dignidade da pessoa. Aqueles que, por dolo ou culpa de terceiros, têm sua intimidade, privacidade e vida privada devassadas, sentem-se ofendidos em sua honra, em sua dignidade, em seu bem estar social.
O que a pessoa é, tem, faz, pratica, pensa ou comunica com o desejo maior de manter na estrita esfera pessoal ou, quando muito, no círculo restrito do âmbito familiar ou social, constitui seu right of privacy, o qual, segundo a Corte Suprema dos Estados Unidos da América, diz respeito ao “...direito de toda pessoa tomar sozinha as decisões na esfera da sua vida privada...”[3: SILVA, op. cit., p. 205]
No tocante a tal direito, a Constituição Federal, no artigo 5º, assegura:
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;
As pessoas possuem o direito de serem deixadas tranquilas, em paz, de estarem a sós consigo mesmas, com seus costumes, seus modos, seus segredos, seus familiares, enfiem, possuem o direito à privacidade e à vida privada, não cabendo a terceiros invadir essas esferas.
A inviolabilidade do domicílio da pessoa e das suas comunicações também se insere no conceito de privacidade, mas abrange, ainda, o direito à segurança, de se sentir tranquilo para viver sua vida rotineira (conquanto não ofenda direitos alheios).
A intimidade e a vida privada, quando solapado esse direito, a vítima possui o direito subjetivo à indenização como forma de amenizar a dor e o sofrimento, e, principalmente, de amenizar a ofensa que tornou públicos valores que deseja manter consigo e com mais aqueles com quem desejasse.
O domicílio somente pode ser violado sem o consentimento do proprietário em casos específicos: em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial, e a violação de tal direito também fundamenta pretensão reparatória. 
Da mesma forma quanto ao sigilo das comunicações, que, salvo por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal, deve ser mantido da esfera privada, sem alardeios àqueles a quem não interessa diretamente.
“...A esfera da inviolabilidade, assim, é ampla, “abrange o modo de vida doméstico, nas relações familiares e afetivas em geral, fatos, hábitos, local, nome, origem, imagem, pensamentos, segredos, e, bem assim, as origens e planos futuros do indivíduo”...[...] A tutela constitucional visa proteger a pessoa de dois atentados particulares: a) ao segredo da vida privada; e b) à liberdade da vida privada [...]. São duas variedades principais de atentados ao segredo da vida privada: a divulgação [...] a investigação. [...] A violação da privacidade, portanto, encontra no texto constitucional remédios expeditos. Essa violação, em algumas hipóteses, já constitui ilícito penal. Além disso, a Constituição foi explícita em assegurar, ao lesado, direito à indenização por dano material ou moral decorrente da violação da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas, em suma, do direito à privacidade...”.[4: SILVA, op. cit., p. 204 a 209]
Questões
Os direitos e garantias fundamentais são aplicáveis aos estrangeiros não residentes no Brasil, mas que se encontrem transitoriamente no país? Explique.
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Os direitos e garantias fundamentais são aplicáveis às pessoas jurídicas com sede no país? Explique.
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O rol de direitos e garantias fundamentais mencionado explicitamente na Constituição Federal, mais precisamente no artigo 5º, é taxativo? Explique.
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Bibliografia
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. DIREITO CONSTITUCIONAL. 21ª ed. — São Paulo : Atlas, 2008
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 21ª ed. — São Paulo : Malheiros, 2002
BANDEIRA DE MELO, Celso Antônio. Curso de DIREITO CONSTITUCIONAL. 28ª ed. — São Paulo : Malheiros, 2011
MEIRELLES, Hely Lopes. DIREITO CONSTITUCIONAL Brasileiro. 35ª ed. — São Paulo : Malheiros, 2009

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