Direitos Fundamentais na Constituição de 1988

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FACULDADE DE DIREITO 
 
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DISCIPLINA: 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
SEMESTRE: 
 
3º (QUINTO) 
 
 
 
CARGA HORÁRIA: 
 
QUATRO AULAS SEMANAIS 
 
 
TURNO: 
 
 
NOTURNO 
 
 
PROFESSOR: 
 
JOSÉ NATANAEL FERREIRA 
 
 
PERÍODO: 
 
1° SEMESTRE 2014 
 
PLANO DE AULA 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL II 
 
AULA N° 04 
 
DIREITOS FUNDAMENTAIS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 
 
1. Considerações sobre a elaboração da Constituição Federal de 1988 
 
2. A respeito Dos Princípios Fundamentais da República Federativa do 
Brasil (artigos 1º a 4º da Constituição Federal de 1988) 
— normas 
— princípios 
— princípios políticos-constitucionais 
— princípios jurídico-constitucionais 
— discriminação dos princípios fundamentais 
 
3. A respeito dos Objetivos Fundamentais da República Federativa do 
Brasil (artigo 3º da Constituição Federal de 1988) 
 
4. Questões 
 
5. Bibliografia 
 
 
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DIREITO CONSTITUCIONAL II AULA N° 04 
 
DIREITOS FUNDAMENTAIS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 
 
1. Considerações sobre a elaboração da Constituição Federal de 1988 
 
Após um longo, lento e gradual período de transição, em meados da 
década de oitenta, do século XX, o poder político no Brasil retornou ao comando 
do poder civil, após vinte e um anos de militarismo. 
 
Essa transição passou, primeiramente, pela eleição indireta, pelo 
Congresso Nacional, do primeiro presidente civil desde a eleição de Jânio da 
Silva Quadros no final da década de 50. 
 
Tancredo Neves, então eleito em 15 de janeiro de 1985, não chegou a 
tomar posse, pois foi acometido de grave enfermidade e internado na véspera 
da posse (14 de março de 1985), vindo a falecer em 21 de abril de 1985. 
 
Com a doença e morte de Tancredo Neves, assumiu, como Presidente da 
República, José Sarney, eleito Vice-Presidente na chapa de Tancredo Neves. E 
foi sob o governo de José Sarney que se propôs a Emenda Constitucional nº 26, 
de 27 de novembro de 1985, à Constituição militarista de 1967 (com a Emenda 
Constitucional nº 1/1969), convocando a reunião da Assembleia Nacional 
Constituinte em primeiro de janeiro de 1987, a ser integrada com os membros 
do Congresso Nacional (Deputados Federais e Senadores) que, então, seriam 
eleitos nas eleições de 1986. 
 
A expectativa e a perspectiva de se elaborar uma nova Constituição para o 
Brasil, que afastasse, de vez, todos os resquícios e traumas do longo período 
ditatorial, mobilizaram todos os setores da sociedade brasileira e, ao final, teve-
se uma Constituição que, em seu longo texto, expôs extenso rol protetivo dos 
cidadãos brasileiros, e dos estrangeiros residentes no país, em face dos 
eventuais ou potenciais desmandos, desvarios ou arbitrariedades do Estado. 
 
No que tange ao respeito à pessoa, até mesmo o simbolismo inserto na 
redação do texto constitucional variou em relação a todas as demais outras 
anteriores constituições brasileiras. Nesta, pela primeira vez desde 1824, a 
Declaração de Direitos antecedeu à configuração do Estado.: falou-se, 
primeiramente, dos Fundamentos da República, dos Direitos e Garantias 
Fundamentais e, somente após, da estruturação do Estado brasileiro. 
 
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Os primeiros dezessete artigos (alguns deles recheados de incisos) da 
Constituição brasileira de 1988 cuidam, primeiramente, DOS PRINCÍPIOS 
FUNDAMENTAIS da República (artigos 1º a 4º); DOS DIREITOS E 
GARANTIAS FUNDAMENTAIS (DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E 
COLETIVOS, artigo 5º; DOS DIREITOS SOCIAIS, artigos 6º a 11; DA 
NACIONALIDADE, artigos 12 e 13; DOS DIREITOS POLÍTICOS e DOS 
PARTIDOS POLÍTICOS, artigos 14 a 16, e 17, respectivamente). Somente a 
partir do artigo 18 é que se trata Da Organização do Estado, iniciando-se pela 
Capítulo DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA. 
 
 
2. A respeito Dos Princípios Fundamentais da República Federativa do 
Brasil (artigos 1º a 4º da Constituição Federal de 1988) 
 
— normas 
“...são preceitos que tutelam situações subjetivas de vantagem ou 
de vínculo, ou seja, reconhecem, por um lado, a pessoas ou a 
entidades a faculdade de realizar certos interesses por ato próprio 
ou exigindo a ação ou a abstenção de outrem, e, por outro lado, 
vinculam pessoas ou entidades à obrigação de submeter-se às 
exigências de realizar uma prestação, ação ou abstenção em 
favor de outrem...”1. 
 
— princípios 
“...são ordenações que se irradiam e imantam os sistemas de 
normas, são [...] ‘núcleos de condensações’ nos quais confluem 
valores e bens constitucionais...”2 
 
— princípios político-constitucionais 
“...decisões políticas fundamentais concretizadas em normas 
conformadoras do sistema constitucional positivo [...], são 
decisões políticas fundamentais sobre a particular forma de 
existência política da nação [...]. São esses princípios 
fundamentais que constituem a matéria dos arts. 1º a 4º do Título I 
da Constituição...”3. 
Exemplos: princípio do Estado Democrático e de Direito; princípio 
da República Federativa; princípio da Tripartição dos Poderes. 
 
1 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 21ª ed. — São Paulo : Malheiros, 2002, p. 91 
2 SILVA, op. cit., p. 92 
3 SILVA, op. cit., p. 93 
 
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— princípios jurídico-constitucionais 
“...São princípios constitucionais gerais, informadores da ordem 
jurídica nacional. Decorrem de certas normas constitucionais e, 
não raro, constituem desdobramentos (ou princípios) derivados 
dos fundamentais, como o princípio da supremacia da constituição 
e o consequente princípio da constitucionalidade, o princípio da 
legalidade, o princípio da autonomia individual, decorrente da 
declaração de direitos, o da proteção social dos trabalhadores, 
fluente de declaração dos direitos sociais; o da proteção da 
família, , do ensino, da cultura, o da independência da 
magistratura, o da autonomia municipal, os da organização e 
representação partidária, os chamados princípios-garantias (o do 
nullum crimen sine lege e o da nulla poena sine lege, o do devido 
processo legal, o do juiz natural, o do contraditório entre outros...”4 
 
— Formas de Estado: Unitário, Federal, Regional ou Autonômico 
— Formas de Governo: Monarquia ou República 
— Sistema de Governo: Parlamentarista ou Presidencialista 
— Regime de Governo: Democracia e Autoritarismo (Ditadura) 
 
Por Fundamentos da República Federativa do Brasil pode-se entender as 
razões pelas quais o Estado brasileiro existe, ou, sob outras palavras, sobre 
quais bases humanísticas, jurídicas, políticas, sociais e ideológicas se estrutura 
o Estado da República Federativa do Brasil. 
 
Constituição Federal da República Federativa do Brasil - 1988 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união 
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito 
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e 
tem como fundamentos5: 
I - a soberania; 
II - a cidadania; 
III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - o pluralismo político. 
 
4 SILVA, op. ci., p. 93 
5 Constituição Federal de 1988: “...Art. 5º [...] XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de 
grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático..” 
 
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Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por 
meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos 
desta Constituição. 
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos 
entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. 
Art.3º Constituem objetivos fundamentais da República 
Federativa do Brasil: 
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; 
II - garantir o desenvolvimento nacional; 
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as 
desigualdades sociais e regionais; 
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, 
sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. 
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas 
relações internacionais pelos seguintes princípios: 
I - independência nacional; 
II - prevalência dos direitos humanos; 
III - autodeterminação dos povos; 
IV - não-intervenção; 
V - igualdade entre os Estados; 
VI - defesa da paz; 
VII - solução pacífica dos conflitos; 
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
IX - cooperação entre os povos para o progresso da 
humanidade; 
X - concessão de asilo político. 
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a 
integração econômica, política, social e cultural dos povos 
da América Latina, visando à formação de uma comunidade 
latino-americana de nações. 
 
 
 
— discriminação dos princípios fundamentais 
 
— relativos à existência, forma, estrutura, e tipo de Estado 
(art. 1º) = República Federativa do Brasil, soberania, Estado 
Democrático de Direito (nome do Estado= República Federativa 
do Brasil; nome do país = Brasil) 
 
 
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— relativos à forma de governo e à organização dos Poderes 
(arts. 1º e 2º) = República e separação dos Poderes (forma e 
princípios advindos desde as Revoluções Liberais do século 
XVIII, e, no Brasil, insertos a partir da Constituição de 1891) 
 
— relativos à organização da sociedade (art. 3º, I) = princípio 
de livre organização social; princípio da convivência justa e 
princípio da solidariedade (segunda e terceira gerações de 
direitos fundamentais) 
 
— relativos ao regime político (art. 1º, parágrafo único) = 
princípio da cidadania; princípio da dignidade da pessoa; 
princípio do pluralismo político; princípio da soberania popular; 
princípio da representação política, princípio da participação 
popular direta 
 
— relativos à prestação positiva do Estado (art. 3º, II) = 
princípio da independência e do desenvolvimento nacional (art. 
3º, II); princípio da justiça social (art. 3º, III), e princípio da não 
discriminação (art. 3º, IV) 
 
— relativos à comunidade internacional (art. 4º) = princípio 
da independência nacional; princípio do respeito aos direitos 
fundamentais da pessoa humana; princípio da 
autodeterminação dos povos; princípio da não-intervenção; 
princípio da igualdade dos Estados; princípio da solução 
pacífica dos conflitos e da defesa da paz; princípio do repúdio 
ao terrorismo e ao racismo; princípio do asilo político princípio 
da cooperação entre os povos e o princípio da integração da 
América Latina 
 
 
3. A respeito dos Objetivos Fundamentais da República Federativa do 
Brasil (artigo 3º da Constituição Federal de 1988) 
 
Na Constituição Federal, os Objetivos Fundamentais (art. 3º) encontram-
se insertos no Título dos Princípios Fundamentais da República Federativa do 
Brasil, valendo dizer que os Objetivos se inserem, integram, compõem os 
Princípios que fundamentam a existência do Estado brasileiro. 
 
 
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“...É a primeira vez que uma Constituição assinala, 
especificamente, objetivos do Estado brasileiro, não todos, que 
seria despropositado, mas os fundamentais, e, entre eles, uns que 
valem como base das prestações positivas que venham 
concretizar a democracia econômica, social e cultural, a fim de 
efetivar na prática a dignidade da pessoa humana...”6. 
 
Constituição Federal da República Federativa do Brasil - 1988 
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República 
Federativa do Brasil: 
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; 
II - garantir o desenvolvimento nacional; 
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as 
desigualdades sociais e regionais; 
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, 
sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. 
 
4. Questões 
 
Você saberia explicar porque se pode afirmar que, historicamente, a 
Constituição Federal de 1988 é considerada uma das mais democráticas, 
senão a mais democrática, das Constituições brasileiras? 
 
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6 SILVA, op. cit., p. 105 e 106 
 
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Explique o princípio fundamental da dignidade da pessoa humana. 
 
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Explique a expressão Estado Democrático de Direito. 
 
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5. Bibliografia 
 
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. DIREITO CONSTITUCIONAL. 21ª ed. — São 
Paulo : Atlas, 2008 
 
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 21ª ed. — São 
Paulo : Malheiros, 2002 
 
BANDEIRA DE MELO, Celso Antônio. Curso de DIREITO CONSTITUCIONAL. 
28ª ed. — São Paulo : Malheiros, 2011 
 
MEIRELLES, Hely Lopes. DIREITO CONSTITUCIONAL Brasileiro. 35ª ed. — 
São Paulo : Malheiros, 2009