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AULA 11

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FACULDADE DE DIREITO 
 
 
José Natanael Ferreira 
1 
 
 
DISCIPLINA: 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
SEMESTRE: 
 
3º (TERCEIRO) 
 
 
 
CARGA HORÁRIA: 
 
QUATRO AULAS SEMANAIS 
 
 
TURNO: 
 
 
NOTURNO 
 
 
PROFESSOR: 
 
JOSÉ NATANAEL FERREIRA 
 
 
PERÍODO: 
 
1° SEMESTRE 2014 
 
PLANO DE AULA 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL II 
 
ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO ESTADO BRASILEIRO 
 
AULA N° 11 
 
 
 
1. CONTEXTUALIZAÇÃO DA FORMA FEDERAL DO ESTADO BRASILEIRO 
 
2. A ESTRUTURA BÁSICA DA FEDERAÇÃO BRASILEIRA 
— Brasília, sede do Distrito Federal e capital da República 
— Territórios Federais 
— Formação de Estados 
— Organização de plebiscitos para a formação de Estados 
— Formação de Municípios 
— Vedações constitucionais de natureza federativa 
 
3. SISTEMA CONSTITUCIONAL DE REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS 
— Conceito de competências 
— Classificação das competências 
— Formação de Estados 
— Organização de plebiscitos para a formação de Estados 
— Formação de Municípios 
— Vedações constitucionais de natureza federativa 
 
4. SISTEMA DE EXECUÇÃO DE SERVIÇOS 
 
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 FACULDADE DE DIREITO 
 
 
José Natanael Ferreira 
2 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL II -AULA N° 11 
 
ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO ESTADO BRASILEIRO 
 
1. CONTEXTUALIZAÇÃO DA FORMA FEDERAL DO ESTADO BRASILEIRO 
 
A Constituição Federal de 1988 adotou, para o Estado brasileiro, a forma 
federativa, forma essa que, primeiramente, foi constitucionalmente adotada por meio 
da primeira Constituição Republicana, de 1889. Segundo a atual Constituição 
Federal, a “...República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos 
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de 
Direito...” (art. 1º, caput). 
 
 
“...O federalismo, como expressão do Direito Constitucional, nasceu com a 
Constituição norte-americana de 1787. Baseia-se na união de coletividades 
políticas autônomas. Quando se fala em federalismo, em Direito Constitucional, 
quer-se referir a uma forma de Estado, denominada federação ou Estado 
federal, caracterizada pela união de coletividades públicas dotadas de 
autonomia político-constitucional, autonomia federativa. O Brasil [...] assumiu a 
forma de Estado federal em 1889, com a proclamação da República, o que foi 
mantido nas constituições posteriores, embora o federalismo da Constituição de 
1967 e de sua Emenda 1/69 tenha sido apenas nominal...”1. 
 
O que distingue a forma de Estado unitário da forma de Estado federal é, 
justamente, a existência ou não de coletividades regionais dotadas de autonomias 
político-administrativas, mais ou menos amplas conforme seja a conformação 
histórica, política e jurídico-constitucional do Estado em questão. 
 
 
— Estado unitário: constitui-se de um único centro de poder político com 
atuação por todo o território, população e coletividades 
regionais do Estado, e as eventuais descentralizações 
administrativas regionais e locais caracterizam-se por 
serem apenas autárquicas e não autônomas e nem 
políticas. Exemplos: Chile, França, Uruguai, Paraguai). 
 
 
1 SILVA, José Afonso da.Curso de Direito Constitucional Positivo. 21ª ed. — SãoPaulo : Malheiros, 2002, p.99 
 
 FACULDADE DE DIREITO 
 
 
José Natanael Ferreira 
3 
 
— Estado federal: possui por maior característica a partição do poder entre 
unidades regionais situadas no território sobre o qual 
mantém a jurisdição. A par do poder central (que atua 
sobre todo o território e sobre toda a população do Estado), 
há, também, centros de poder regionais que desfrutam de 
autonomias administrativas, jurídicas e políticas, mais ou 
menos amplas conforme seja a conformação histórica, 
política e jurídico-constitucional do Estado em questão. Nos 
Estados Unidos, é ampla a autonomia dos Estados 
federados, ao passo em que, no Brasil, essa autonomia é 
bastante mais reduzida. Não obstante as autonomias 
regionais, somente o poder central detém a soberania e a 
representatividade perante a comunidade internacional. 
Exemplos: Estados Unidos, Brasil. 
 
— Estado autonômico (ou Estado regional): no entremeio entre o Estado 
unitário e o Estado federal, o Estado autonômico se 
constitui em alternativa à secessão em decorrências de 
razões étnicas, históricas, religiosas, políticas ou de 
quaisquer outras que, eventualmente, possam causar a 
separação de parte de determinado Estado já existente 
(unitário ou federal), tal como aconteceu as ex Iugoslávia, 
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS. Para 
evitar a separação, e como forma de manter o Estado 
constituído, resolve-se (administrativa, jurídica e 
politicamente), conceder maiores poderes e autonomias às 
regiões internas, que passam a deter maiores poderes 
administrativos, políticos e jurídicos, a exemplo do que se 
tem em Estados como a Espanha, a Itália. 
 
“...Mas o Estado federal é considerado uma unidade nas relações 
internacionais. Apresenta-se, pois, como um Estado que, embora aparecendo 
único nas relações internacionais, é constituído por Estados-membros dotados 
de autonomia, notadamente quanto ao exercício de capacidade normativa sobre 
matérias reservadas à sua competência...”2. 
 
 
 
2 SILVA, op. cit., p. 101 
 
 FACULDADE DE DIREITO 
 
 
José Natanael Ferreira 
4 
 
No federalismo brasileiro, reconhece-se a soberania apenas à União, que 
representa o Estado da República Federativa do Brasil nas suas relações 
internacionais, mas, internamente, reconhece-se autonomia administrativa, jurídica e 
política aos Estados-membros, ao Distrito Federal e aos Municípios. A delimitação 
das autonomias dos entes políticos federados brasileiros é dada pela partição de 
competências outorgadas pela Constituição Federal. 
 
 
 
2. A ESTRUTURA BÁSICA DA FEDERAÇÃO BRASILEIRA 
 
A estrutura básica de federação brasileira consta do caput do artigo 18 da 
Constituição Federal, reforçando o contido no caput do artigo 1º, dizendo que 
compõem a República Federativa do Brasil a União, os Estados, o Distrito Federal e 
os Municípios, sendo o Brasil o único exemplo em que, constitucionalmente, os 
Municípios são considerados entes políticos federados, pois eles, em verdade, são 
divisões administrativas locais dos Estados-membros (Estados federais) ou dos 
próprios Estados (Estados unitários). 
 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do 
Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. 
§ 1º - Brasília é a Capital Federal. 
§ 2º - Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em 
Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei 
complementar. 
§ 3º - Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se 
para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios 
Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, 
através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar. 
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-
ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar 
Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às 
populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de 
Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei. 
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o 
funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relaçõesde 
dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de 
interesse público; 
II - recusar fé aos documentos públicos; 
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si. 
 
 FACULDADE DE DIREITO 
 
 
José Natanael Ferreira 
5 
 
BRASÍLIA, SEDE DO DISTRITO FEDERAL E CAPITAL DA REPÚBLICA 
“...Brasília é a Capital Federal...” (CF/88, art. 18, § 1º), e “...não se encaixa no 
conceito geral de cidades, porque não é sede de Município. [...] Brasília tem como 
função servir de Capital da União, Capital Federal e, pois, Capital da República 
Federativa do Brasil, e também sede do governo do Distrito Federal, conforme dispõe 
o art. 6º da respectiva Lei Orgânica...”3. 
 
TERRITÓRIOS FEDERAIS 
Os anteriores Territórios Federais do Amapá e Roraima foram, com a 
Constituição Federal de 1988, transformados em Estados Federados, assim como já 
havia acontecido anteriormente com o então Território de Rondônia. Por sua vez, o 
Território de Fernando de Noronha, na mesma oportunidade, foi extinto e sua área 
incorporada ao Estado de Pernambuco. 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
Ato Das Disposições Constitucionais Transitórias –ADCT 
Art. 14. Os Territórios Federais de Roraima e do Amapá são transformados em 
Estados Federados, mantidos seus atuais limites geográficos. 
§ 1º - A instalação dos Estados dar-se-á com a posse dos governadores eleitos em 
1990. 
§ 2º - Aplicam-se à transformação e instalação dos Estados de Roraima e 
Amapá as normas e critérios seguidos na criação do Estado de 
Rondônia, respeitado o disposto na Constituição e neste Ato. 
§ 3º - O Presidente da República, até quarenta e cinco dias após a promulgação da 
Constituição, encaminhará à apreciação do Senado Federal os nomes dos 
governadores dos Estados de Roraima e do Amapá que exercerão o Poder 
Executivo até a instalação dos novos Estados com a posse dos 
governadores eleitos. 
§ 4º - Enquanto não concretizada a transformação em Estados, nos termos deste 
artigo, os Territórios Federais de Roraima e do Amapá serão beneficiados 
pela transferência de recursos prevista nos arts. 159, I, "a", da Constituição, e 
34, § 2º, II, deste Ato. 
Art. 15. Fica extinto o Território Federal de Fernando de Noronha, sendo sua 
área reincorporada ao Estado de Pernambuco. 
 
 
Atualmente, inexistem Territórios Federais como entidades político-
administrativas, porém, a Constituição Federal ainda deles trata no §2º do artigo 18, 
dizendo que os: “...Territórios Federais integram a União, e sua criação, 
transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em 
lei complementar...”, considerando-os, então, meras autarquias federais4. 
 
3 SILVA, op. cit., p. 471 
4 SILVA, op. cit., p. 47 
 
 FACULDADE DE DIREITO 
 
 
José Natanael Ferreira 
6 
 
FORMAÇÃO DE ESTADOS 
Fundamento: Constituição Federal, artigos 18, § 3º, e 48, VI 
 
Os Estados são instituições que, como conditio sine qua non, tipificam os 
Estados federais, e independem das denominações que se lhes dêem: 
— Estados = Brasil, Estados Unidos, Venezuela 
— Províncias = Argentina 
— Cantões = Suiça 
— Länder = Alemanha 
“...Não é o nome que lhes dá a natureza, mas o regime de autonomia...”5. 
 
 
No Brasil, a possibilidade de se formar novos Estados-membros é dada pela 
Constituição Federal, nos artigos 18, § 3º, e 48, VI: 
Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa 
do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. 
§ 3º - Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou 
desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem 
novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação 
da população diretamente interessada, através de plebiscito, 
e do Congresso Nacional, por lei complementar. 
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente 
da República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 
51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da 
União, especialmente sobre: 
VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de 
Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembléias 
Legislativas; 
 
Incorporar-se entre si= fusão entre dois ou mais Estados, sendo que o(s) 
Estado(s) incorporado(s) perde(m) sua(s) personalidade(s), que se 
integra(m) ao Estado-incorporador. Em tais casos, devem ser ouvidas 
as populações dos Estados que desejam se incorporar. 
 
“...No caso de incorporação de Estados entre si, devem ser ouvidas todas as 
Assembléias dos Estados que desejam incorporar-se...”6. 
 
5 SILVA, op. cit., p. 471 
6 SILVA, op. cit., p. 472 
 
 FACULDADE DE DIREITO 
 
 
José Natanael Ferreira 
7 
 
Subdividir-se= diz respeito à divisão do território em duas ou mais partes. 
Nessa hipótese, um Estado divide-se em dois ou mais Estados, 
perdendo sua original personalidade, com cada qual das partes 
assumindo personalidade própria. Deve-se, então, ser consultada a 
população do Estado que pretende subdividir-se. 
 
“...No de subdivisão, para formação de novos Estados, só há uma Assembléia a 
ser ouvida. Se a subdivisão destinar-se a anexar-e a outro ou outros Estados, 
as Assembléias destes também precisam ser ouvidas, para dizerem se aceitam 
ou não a anexação...”7. 
 
Desmembrar-se= trata-se da separação de uma ou mais partes do Estado 
original para formação de outro(s), sem que aquele perca sua 
personalidade original. É a separação de parte(s) do Estado original, 
sem que este Estado original deixe de sê-lo. Nessa hipótese, a parte 
que se separou pode tanto constituir novo Estado ou fundir-se a outro 
Estado já existente, ou, ainda, formar Território Federal. A população a 
ser consultada é aquela da área que deseja desmembrar-se do Estado 
original. 
 
“...No caso de desmembramento, ouve-se só a Assembléia do Estado 
desmembrando, se o desmembramento visa formar novo Estado, mas se este 
se destina a anexar a outro ou a outros, as Assembléias deste também devem 
ser auscultadas...”8. 
 
 
 
ORGANIZAÇÃO DE PLEBISCITOS PARA A FORMAÇÃO DE ESTADOS 
Os plebiscitos requeridos pelo § 3º do artigo 18 da Constituição Federal devem 
ser organizados e realizados pelos respectivos Tribunais Regionais Eleitorais, e, 
quando aprovados pelas populações consultadas a respeito das alterações 
propostas, seus processos são, então, encaminhados às Assembleias Legislativas 
envolvidas para que se pronunciem no prazo disposto na lei ou concedido pela 
Justiça Eleitoral. Ofertadas as manifestações pelas Assembleias Legislativas, os 
processos são encaminhados ao Congresso Nacional, para que haja a decisão por 
meio de lei complementar. 
 
7 SILVA, op. cit., p. 472 
8 SILVA, op. cit., p. 472 
 
 FACULDADE DE DIREITO 
 
 
José Natanael Ferreira 
8 
 
“...O plebiscito deve ser organizado pelos Tribunais Regionais Eleitorais. 
Verificado o pronunciamento plebiscitário favorável a qualquer das alterações 
mencionadas, o processo será remetido à Assembléia ou Assembléias 
competentes para pronunciamento no prazo legal, ou, na falta, em prazo 
indicado pela Justiça Eleitoral. Depois disso, o expediente seguirá para o 
Congresso Nacional, para decisão mediante lei complementar (art. 69). O 
Congresso não está vinculado nem ao pronunciamento plebiscitário nem ao das 
Assembléias, notando-se que estas não decidem, apenas opinam pela 
aprovação, pela rejeição ou simplesmente se abstêm de tomar partido...”9. 
 
FORMAÇÃO DE MUNICÍPIOS 
Fundamento: Constituição Federal, artigo 18, § 4º 
Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do 
Brasil compreende a União,os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. 
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de 
Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período 
determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de 
consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos 
Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de 
Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei. 
 
Desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, os Municípios 
passaram, constitucionalmente, a integrar a federação brasileira, em evidente 
contrassenso com a própria natureza dos Municípios, os quais são divisões 
administrativas dos Estados federados. 
 
Há federação de Estados. Não há federação de Municípios. Nos Estados 
federais, o território é subdivido administrativa, jurídica e politicamente em território 
regionais dos Estados-membros (Províncias,Cantões, Länder). Nos Estados unitários 
é que, ausente a subdivisão territorial regional na forma dos Estados autônomos, há a 
subdivisão local do território em Municípios, porém, contraditória e heterodoxamente, 
a Constituição Federal de 1998 inseriu os Municípios brasileiros como entes políticos 
federados, em razão do quê houve e há muitas críticas de constitucionalistas a essa 
figura que se mostra estranha. 
 
Para a criação, incorporação, fusão e desmembramento de Municípios, a 
Constituição Federal faz remissão à necessidade: 
 
9 SILVA, op. cit., p. 473 
 
 FACULDADE DE DIREITO 
 
 
José Natanael Ferreira 
9 
 
 
— lei estadual, obedecido o período previamente estabelecido por lei 
complementar federal; 
 
— consulta prévia, por plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos nas 
alterações que se propõem; 
 
— Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados previamente, 
demonstrando que o(s) novo(s) Município(s) possui(em) viabilidade financeira 
para existir e para se governar sem a dependência exclusiva dos repasses 
constitucionais. 
 
“...Outro aspecto que mostra que os Municípios continuam a ser divisões dos 
Estados acha-se no fato de que sua criação, incorporação, fusão e 
desmembramento far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por 
lei complementar federal (art. 18, § 4º [...]), e dependerão de plebiscito (que é 
sempre consulta prévia) das populações diretamente interessadas. A 
Constituição aqui, diferentemente do que fez em relação aos Estados, usou 
”populações” no plural, a querer dizer que será consultada a população da área 
a ser desmembrada e da área de que se desmembra, ao contrário do que 
ocorreu sempre, quando o plebiscito importava apenas na consulta da 
população da área cuja emancipação se pleiteava...”10 
 
 
VEDAÇÕES CONSTITUCIONAIS DE NATUREZA FEDERATIVA 
Fundamento: Constituição Federal artigo 19 
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos 
Municípios: 
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o 
funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de 
dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de 
interesse público; 
II - recusar fé aos documentos públicos; 
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si. 
 
As disposições do artigo 19 da Constituição Federal constituem-se em normas 
gerais, direcionadas à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, 
objetivando o equilíbrio do sistema federativo. 
 
10 SILVA, op. cit., p. 473 
 
 FACULDADE DE DIREITO 
 
 
José Natanael Ferreira 
10 
 
Ao vedar o estabelecimento de cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, 
embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes 
relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de 
interesse público, a Constituição busca reforçar a laicidade do Estado e a liberdade 
de consciência e de crença e o livre exercício dos cultos religiosos e a proteção aos 
locais de culto e a suas liturgias (art. 5º, VI), pondo obstáculo à mescla de assuntos 
estatais com assuntos religiosos, os quais, direta ou indiretamente, possuem 
tendência à teocratização do Estado. 
 
Com a vedação aos entes políticos federados de recusarem fé aos documentos 
públicos há o reforço aos princípios administrativos da legalidade dos atos da 
Administração e da moralidade administrativa. 
 
Ao não permitir que haja distinções entre brasileiros ou preferências entre si por 
parte da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a Constituição 
Federal ampara os princípios da igualdade e o da não-discriminação, e possibilita que 
a autoridade e ou o ente federal que pratique ato discriminatório por meio das 
distinções então vedadas possa sofrer punições estabelecidas em lei (art. 5º, XLI = 
“...a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades 
fundamentais...”). 
 
 
 
 
 
3. SISTEMA CONSTITUCIONAL DE REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS 
 
CONCEITO DE COMPETÊNCIAS 
 
“...Competência é a faculdade juridicamente atribuída a uma entidade ou a um 
órgão do Poder Público para emitir decisões. Competências são as diversas 
modalidades de poder de que se servem os órgãos ou entidades estatais para 
realizar suas funções. Isso permite falar em espécies de competências, visto 
que as matérias que compõem seu conteúdo podem ser agrupadas em classes 
, segundo sua natureza , sua vinculação cumulativa a mais de entidade e seu 
vínculo a função de governo...”11. 
 
 
 
11 SILVA, op. cit., p.478 e 479 
 
 FACULDADE DE DIREITO 
 
 
José Natanael Ferreira 
11 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS12 
Na forma constitucional brasileira, pode-se classificar as competências e dois 
grupos, com suas respectivas subclasses: 
COMPETÊNCIA MATERIAL COMPETÊNCIA LEGISLATIVA 
EXCLUSIVA 
 
 
“...Art. 21. Compete à União...” 
EXCLUSIVA 
“...Art. 25. [...] § 1º - São reservadas aos Estados 
as competências que não lhes sejam vedadas 
por esta Constituição. § 2º - Cabe aos Estados 
explorar diretamente, ou mediante concessão, os 
serviços locais de gás canalizado, na forma da 
lei, vedada a edição de medida provisória para a 
sua regulamentação...” 
COMUM, CUMULATIVA OU PARALELA 
 “...Art. 23. É competência comum da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios...” 
PRIVATIVA 
“...Art. 22. Compete privativamente à União 
legislar sobre...” 
 CONCORRENTE 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao 
Distrito Federal legislar concorrentemente 
sobre...” 
 SUPLEMENTAR 
“...Art. 24. [...]§ 2º - A competência da União 
para legislar sobre normas gerais não exclui a 
competência suplementar dos Estados...” 
 
No tocante à competência legislativa suplementar, deve-se atentar que: 
— no âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-
á a estabelecer normas gerais (art. 24, § 1º); 
 
— a competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a 
competência suplementar dos Estados (art. 24, § 2º); 
 
— inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a 
competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades (art. 24, § 3º); 
 
— a superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia 
da lei estadual, no que lhe for contrário (art. 24, § 4º); 
 
— aos Municípios compete legislar sobre assuntos de interesse local, 
suplementando a legislação federal e a estadual no que couber (art. 30, I e II); 
 
— a competência exclusiva não admite suplementariedade; 
 
— a competência privativa admite suplementariedade. 
 
12 SILVA, op. cit.,p 475 a 481 
 
 FACULDADE DE DIREITO 
 
 
José Natanael Ferreira 
12 
 
“...Essas mesmas competências podem ser classificadas quanto à forma, 
conteúdo, extensão e origem...”13. 
 
Competência quanto à FORMA (processo de sua distribuição) 
 
a) competência enumerada ou expressa: quando exposta explicitamente 
pela Constituição Federal para determinado ente político federado (artigos 
21 e 22); 
 
b) competência reservada ou remanescente: compreende as matérias não 
expressamente incluídas na enumeração constitucional, entendendo ser a 
competência que sobra a uma entidade, após a enumeração anterior da 
competência de outra (“...art. 25. [...] § 1º - São reservadas aos Estados as 
competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição...”); 
 
c) competência residual: trata-se da competência que sobra após a 
enumeração das competências de todas as entidades federadas (art. 154, I); 
 
d) implícita ou resultante (inerente ou decorrente): “...porque decorre da 
natureza do ente [...], quando se refere à prática de atos ou atividades 
razoavelmente considerados necessários ao exercício de poderes 
expressos, ou reservados; por exemplo, no silêncio da Constituição de 1891, 
o STF decidiu que a expulsão de estrangeiros era da competência da União, 
embora isso não estivesse dito naquela Carta Magna...”14. 
 
 
Competência quanto ao CONTEÚDO 
— competência econômica 
— competência social 
— competência político-administrativa 
— financeira e tributária 
“...É cabível falar-se, também, numa área de competência internacional: direitos 
de paz e guerra, de legação e de fazer tratados, que, no Estado federal, é por 
princípio, exclusiva da União, se bem que se permite aos Estados federados, 
geralmente autorizados por órgãos federais (Senado, no caso brasileiro, art. 52, 
V), realizar certos negócios externos...”15. 
 
13 SILVA, op. cit., p. 478 
14 SILVA, op. cit., p. 478 
15 SILVA, op. cit., p. 478 e 479 
 
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José Natanael Ferreira 
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Competência quanto à EXTENSÃO 
Diz respeito à autorização constitucional concedida a uma ou mais entidade 
federada para a elaboração de normas legislativas ou para a concretização material 
de determinadas matérias, e se distingue em: 
 
— competência exclusiva, quando é concedida a uma entidade, com a 
exclusão das demais para atuar em determinada matéria (art. 21); 
 
— competência privativa, quando outorgada a uma entidade, porém, com 
possibilidade de delegação a outra (artigo 22, caput, cc. parágrafo único) 
e de competência suplementar (artigo 24 e parágrafos); 
 
— competência comum, cumulativa ou paralela, “...faculdade de legislar 
ou praticar certos atos, em determinada esfera, juntamente e em pé de 
igualdade, consistindo, pois, num campo de atuação comum a várias 
entidades, sem que o exercício de uma venha a excluir a competência de 
outra, que pode assim ser exercida cumulativamente (art. 23)...”16; 
 
— competência concorrente, com possibilidade de disposição sobre o 
mesmo assunto ou matéria por mais de uma entidade federativa (art. 24); 
 
— competência concorrente, com primazia da União para a fixação de 
normas gerais (parágrafos do artigo 24) 
 
— competência suplementar, correlata à competência concorrente, de 
diz do “...poder de formular normas que desdobrem o conteúdo de princípios ou 
normas gerais ou que supram a ausência ou omissão destas (art. 24, §§ 1º a 4º)...”17. 
 
 
Competência quanto à ORIGEM 
Originária Delegada 
Estabelecida originalmente pela 
Constituição em favor de uma entidade 
estatal 
Quando a entidade recebe sua 
competência por delegação da 
entidade estatal que a recebera 
originalmente da Constituição 
— artigo 21 - artigo 22, parágrafo único 
- artigo 23, parágrafo único 
 
16 SILVA, op. cit., p. 479 
17 SILVA, op. cit. 479 
 
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4. SISTEMA DE EXECUÇÃO DE SERVIÇOS 
 
A execução dos serviços e a prestação dos serviços públicos se inserem nas 
atividades precípuas que justificam a existência do Estado, dentre essas a de atender 
o interesse público e a de realizar o bem comum. E esses serviços são realizados e 
prestados por pessoas servidoras do Estado, a ele vinculadas. 
 
No sistema federativo brasileiro, todas as entidades federadas (União, Estados, 
Distrito Federal e Municípios) possuem quadro próprio de servidores, aptos e 
habilitados à realização e à prestação de serviços, observadas as respectivas 
competências constitucionais determinadas a cada uma dessas entidades estatais. 
 
“...Outro problema que integra a estrutura do federalismo é o da execução de 
serviços de competência das entidades que compõem o Estado federal. É que, 
neste, como se sabe, as entidades autônomas têm organização administrativa e 
serviços que se incluem nas respectivas competências. [...] O sistema brasileiro 
é o da execução imediata. União, Estados, Distrito Federal e Municípios 
mantêm, cada qual, seu corpo de servidores públicos, destinados a executar os 
serviços das respectivas administrações (arts. 37 e 39)...”. 
 
Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do 
desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. A União, os Estados, o Distrito 
Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e os 
convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão associada 
de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, 
pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos — —art. 23, 
parágrafo único, cc. artigo 241 
 
— Consórcio: acordo firmado por entidades políticas federadas, da mesma 
espécie (Município com Município; Estado com Estado); 
 
— Convênio: acordo firmado por entidades políticas de naturezas distintas 
(União-Estado; Estado-Municípios; União-Municípios), ou entre 
entidades públicas e entidades privadas, “...não nos parece estar 
excluída a possibilidade de convênios entre uma entidade 
federada e uma autarquia vinculada a outra entidade 
federada...”18 
 
18 SILVA, op. cit., 481 
 
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José Natanael Ferreira 
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 28ª ed. —São Paulo : 
Malheiros, 2013 
 
SILVA, José Afonso da.Curso de Direito Constitucional Positivo. 21ª ed. — São Paulo 
: Malheiros, 2002 
 
_______. Aplicabilidade das normas constitucionais. 8ª ed. — Malheiros : São Paulo, 
2012 
 
TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. 2ª ed. — São Paulo : 
Saraiva, 2002,

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