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Material elaborado por Ivan Eugênio Conjunto dos Naturais A idéia de números naturais está ligada com a de contar elementos de um conjunto, e essa é uma motivação para defini-los. Mas não trataremos dessa relação aqui. Vamos, a partir de axiomas e definições, obter as principais propriedades dos números naturais. 1– Axiomas de Peano Os axiomas apresentados abaixo, chamados de Axiomas de Peano, são as três propriedades básicas que definem os números naturais. Axioma 1.1: Existe uma função injetiva . A imagem é chamada de sucessor de . Axioma 1.2: Existe um único número natural, , tal que . Axioma 1.3: Se um conjunto é tal que e , ou seja, , então . Expliquemos brevemente os axiomas. O primeiro axioma define uma função, mas, além disso, afirma a existência dessa função e, portanto, afirma a existência do conjunto dos naturais ( ). Já o segundo diz que existe um (único) número natural que não é sucessor de nenhum outro número natural (intuitivamente, podemos pensar esse número como o primeiro número natural). Esse axioma afirma, claro, que o conjunto dos naturais não é vazio, mas, mais que isso, como veremos mais adiante, garante que o conjunto dos naturais é infinito. O terceiro axioma, chamado de Princípio da Indução, dá a base para um método de demonstração chamado método de indução. Esse método consiste na seguinte afirmativa: “se uma propriedade P vale para o número 1 e, ao supor* que P valha para n, obtemos que P vale para , então a propriedade P vale para todo ”. Um exemplo de demonstração por esse método segue no teorema abaixo. Observação: A suposição referida no destaque feito por * é chamada de hipótese indutiva. Veja que o que se deve mostrar é que a implicação é verdadeira e, dessa forma, usar a hipótese “ vale para n” na demonstração da validade para é lícito. Teorema 1.1: tem-se . Demonstração: Pelo Axioma 1.2, já temos que a afirmação vale para 1, ou seja, . Supondo que valha para n, isto é, , temos que , afinal a função é injetiva e, se tivéssemos , teríamos , contrariando a hipótese indutiva. QED Observação 1: Na demonstração acima, sendo mais preciosistas, deveríamos ter definido um subconjunto tal que e seguir a demonstração Material elaborado por Ivan Eugênio mostrando que e que , mas esse detalhe foi omitido e muitas vezes se fará isso. No entanto, existem casos em que é útil fazer a demonstração considerando esse detalhe. Observação 2: Muitos são tentados a se convencerem de alguma suposta propriedade dos números naturais através de exemplos. Ou seja, mostrando a validade para casos particulares. Mas lembremos que os naturais são infinitos e, por mais que mostremos que uma propriedade vale para muitos naturais, sempre existirá uma infinidade deles para os quais não se pode garantir que valha. “Coincidências” podem servir de motivação para conjecturar que alguma propriedade valha para todos os naturais, mas devemos mostrar tal validade e o princípio da indução é o que nos permite, muitas vezes, realizar a demonstração. Um exemplo de porque não devemos ceder à tentação é a função, definida nos naturais, , que, com paciência, podemos verificar que gera números primos até , mas falha em gerar um número primo para , pois . O terceiro axioma (Princípio da Indução) merece explicações extras devido a suas sutilezas. Na hipótese indutiva, deve ser “livre” no sentido de que não exista alguma condição que o impeça de ser determinados valores naturais (não se pode impor uma condição que obrigue por exemplo). Sendo assim, na hipótese indutiva se está supondo para um em particular, mas, como pode ser qualquer natural, de certa forma se está supondo para todos os naturais. Isso parece contraditório diante do fato de termos de provar para logo em seguida, mas a demonstração importante nessa parte do processo é a da implicação (mostrar que ). Junto à primeira parte do processo, mostrar para , podemos observar a intuição por trás do axioma. Mostrando para uma propriedade para e a implicação da indução, temos que a afirmação vale para , mas é um número natural e, assim, também temos que vale para e assim por diante percorrendo todos os naturais. Ou seja, em essência, o Princípio da Indução consiste em afirmar que todo número natural pode ser obtido através de diversas aplicações da função sucessor sobre o número (tornando possível percorrer os naturais por sucessões a partir do ). Isso nos leva a perguntar se o axioma não é dispensável já que os dois primeiros nos garantem que só o número não é sucessor de outro natural e a função é injetora. Não seria estranho conjecturar que qualquer número natural pode ser obtido aplicando a função sucessor diversas vezes sobre o número apenas com os dois primeiros axiomas. No entanto, foi necessária a indução para mostrar o Teorema 1.1 (veja Exercício 1.1), que garante que . Sem esse teorema, nada garante que, em algum momento e, assim, não se conseguiria percorrer todos os naturais por sucessões a partir do . Ou seja, o Princípio da Indução não pode ser obtido a partir dos outros dois axiomas. Exercício 1.1: Encontre um conjunto onde valham os dois primeiros axiomas, mas não valha o Teorema 1.1. Material elaborado por Ivan Eugênio Exercício 1.2: Encontre um conjunto onde valham os dois primeiros axiomas, o Teorema 1.1, mas não valha o Princípio da Indução. SUGESTÃO: Use os naturais mais um “apêndice” consistente com os dois primeiros axiomas e o teorema. 2– Soma e produto de números naturais Definição 2.1: A operação , tal que: a) b) , sempre que está definida, é chamada de soma. Definição 2.2: A operação , tal que: a) b) , sempre que está definido, é chamada de produto. Observação 1: Como definimos acima que , no método de indução a condição “ ” pode ser reescrita como “ ”. Observação 2: Podemos omitir o símbolo do produto e escrever . Exercício 2.1: Demonstre que . Não demonstraremos aqui, mas essas operações são consistentes com os axiomas e são únicas (isto é, as propriedades apresentadas são suficientes para definir as operações). Como ilustração de como obtemos a soma entre dois números naturais, façamos a soma : Agora demonstraremos algumas propriedades básicas dessas operações. Devemos ficar atentos a quais propriedades já foram demonstradas, pois, muitas vezes, usaremos teoremas já demonstrados sem aviso. Teorema 2.1 (associatividade da soma): . Demonstração: Fixemos e arbitrários. Vamos mostrar a propriedade por indução sobre . Para é verdade, pois . Supondo que valha para , ou seja, , temos que vale para Material elaborado por Ivan Eugênio , afinal, + = + + ∗= + + = + + +1. QED Observação: Na passagem destacada com *, parece que usamos o que queremos demonstrar para chegar à nossa conclusão, mas veja que o que usamos foi a hipótese indutiva, o que é lícito. Lema 2.1: . Demonstração: Para vale claramente, pois . Supondo para , ou seja,, então vale para , afinal, . QED Exercício 2.2: Mostre que . Teorema 2.2: (comutatividade da soma): . Demonstração: Fixemos um n arbitrário e façamos a indução sobre m. O teorema é válido para , pois pelo Lema 2.1. Supondo para , isto é, , temos que vale para , já que . Nas últimas duas passagens, usamos o Lema 1.2.1 e a associatividade respectivamente. QED Teorema 2.3 (associatividade do produto): . Teorema 2.4 (comutatividade do produto): . Exercício 2.3: Demonstre os dois últimos teoremas. Teorema 2.5 (distributividade): . Demonstração: Tomemos e arbitrários e prossigamos por indução sobre . A afirmação vale para , pois por definição. Supondo para , ou seja, , obtemos que vale para , pois . QED Teorema 2.6 (leis de corte): valem que: a) b) Material elaborado por Ivan Eugênio Demonstração: (a): Considerando e fixos e fazendo a indução sobre , temos que a propriedade vale para , pois , já que é injetora. Supondo que valha para , ou seja, , obtemos que vale para , afinal, , que, pela hipótese indutiva, é equivalente a . QED Exercício 2.4: Faça a demonstração da parte (b) do teorema acima. Exercício 2.5: Caso tenha dúvida em algum teorema demonstrado, identifique as propriedades (definições e teoremas) usadas em cada passo da demonstração. O que foi feito até agora (e esse é o objetivo desse texto) foi uma formalização de propriedades operacionais que nos são comuns desde a infância. Observamos que, do ponto de vista formal, as propriedades não são tão evidentes. Observação: “Mas e o zero?” Muitos aprendem os naturais com o zero incluído. A opção tomada aqui, de não incluí-lo, foi devida a “gosto” e algumas facilidades em termos de demonstrações e definições. Axiomaticamente, o conjunto com o zero incluído, ou não, permanece o mesmo, pois a única mudança nos axiomas é a troca do símbolo “1” pelo “0”, que é uma mera questão de notação. A mudança está na estrutura formada sobre , onde o zero faz o papel de elemento neutro da soma e nulo do produto, ou seja, a soma e produto são definidos de forma diferente. 3– Relação de ordem em Tendo à disposição as propriedades da adição, podemos definir uma relação de ordem em através da definição abaixo. Definição 3.1: Dizemos que é menor que e denotamos por quando existe tal que . Dizemos que é maior que e denotamos quando . Muitas vezes também é útil termos à disposição as relações (lê-se “n é menor ou igual a m”) e (“n é maior ou igual a m”), que significam, respectivamente, “ ” e “ ”. Teorema 3.1: O número 1 é o menor número natural. Ou seja, ou . Demonstração: A propriedade claramente vale para , pois . Se , temos, pelo Axioma 1.2 (1 é o único natural que não é sucessor de outro), que existe tal que e, portanto, . QED Material elaborado por Ivan Eugênio Teorema 3.2 (transitividade da ordem): Se são tais que e , então . Demonstração: Sabendo que e , temos , onde . QED Teorema 3.3 (monotonicidade da ordem): e . Exercício 3.1: Demonstre o teorema acima. Exercício 3.2: Demonstre que, se e , então e . SUGESTÃO: Use os dois últimos teoremas. Teorema 3.4 (tricotomia): Dados quaisquer, vale uma, e apenas uma, das afirmações: , e . Demonstração: Primeiro mostremos que só pode valer uma dessas afirmativas. Ou seja, ao ser uma verdadeira, as restantes não podem ser. a) : Se , então para algum . Isso já exclui a possibilidade de (Exercício 2.1). Supondo, por absurdo que também vale , temos que e, assim, , que é um absurdo. Bastando inverter e se consegue a demonstração para . b) : Se , não se pode ter nem , pois implicariam, respectivamente, que e . Agora mostremos que para todo alguma dessas propriedades deve ser satisfeita. Sendo um natural arbitrário fixo, consideremos o conjunto . Vamos mostrar, por indução sobre n, que . Temos que pelo Teorema 1.3.1. Supondo que , vamos ter que . Mas, para prosseguir a demonstração (provar que ), devemos separar nos casos , e . a) ( ): Nesse caso, existe de forma que . Caso , e, assim, . Mas, se , observemos que existe tal que , ou seja, , que é o mesmo que . Logo também nesse caso. b) ( ): Vemos, nesse caso, que para algum . Obtendo o sucessor de ambos os membros, temos e, dessa forma, concluímos que , que implica c) ( ): Basta observar que . Assim, como se pode ver, , mostrando que . Mostramos, portanto, que . Material elaborado por Ivan Eugênio QED Observação: Veja que, tomando como relação de ordem a dada por “ ”, a transitividade continua valendo e, junto à tricotomia, faz dessa relação de ordem uma ordem total. Pode-se dizer que é totalmente ordenado por , pois, para que se encaixe precisamente na definição que damos para relação de ordem total, basta acrescentar os pares tais que . Para demonstrar o Teorema 3.7, que é um dos resultados mais importantes da relação de ordem, vamos usar uma nova formulação da indução, dada abaixo. Teorema 3.5 (Indução Completa): Se , e +1 , então = . Demonstração: Seja o conjunto tal que e +1 . Consideremos também o conjunto definido por = 1,2, , . Observemos que . Mostraremos que e, portanto, que . , pois é equivalente a , que é verdade por hipótese. Supondo que , ou seja, , temos que , pois, pela hipótese indutiva e a propriedade do conjunto , temos que e, assim, . Logo, e, por seguinte, . QED Na demonstração do teorema acima, usamos um fato que ainda não foi demonstrado: não existe número natural entre e . A demonstração fica como exercício. Exercício 3.3: Sendo um natural e seu sucessor, mostre que não existe número natural tal que . SUGESTÃO: Não é necessário usar indução. Pode-se ter, ainda, mais uma generalização da indução, como mostrado abaixo. Teorema 3.6: Se , e, para todo tal que , se tem , então . Demonstração: Consideremos o conjunto . Tem-se que e, se , então (seja porque ou porque , donde pela propriedade do conjunto ). Logo, e . QED Observação: Embora não seja possível definir uma operação de subtração entre naturais, chamaremos o número natural tal que . Veja que devemos ter para que seja natural. Exemplo 3.1: O número de diagonais de um polígono convexo de vértices é Façamos a demonstração desse teorema da geometria porindução. Material elaborado por Ivan Eugênio O resultado é válido para (triângulo), pois e se sabe que o triângulo não possui diagonais. Supondo que valha para , mostremos que vale para . Tendo um polígono convexo de vértices, ao acrescentar um novo vértice, todas as diagonais do polígono anterior continuam a ser diagonais do novo e um dos lados se torna uma diagonal (afinal, o novo vértice aparece entre dois já existentes e o seguimento de reta que liga esses dois já existentes se torna uma diagonal). Além disso, se formam mais diagonais, que são os seguimentos de reta que ligam o novo vértice a cada vértice não adjacente (isto é, não vizinho). Assim, esse novo polígono possuirá um número de diagonais igual a , mostrando o resultado. Abaixo está ilustrada a passagem de um quadrilátero para um pentágono. Observação 1: No exemplo acima usamos um pouco de liberdade sem nos prender só ao que temos formalmente estabelecido até o momento. Observação 2: Chamasse polígono convexo o que, em cada vértice, tem o ângulo interno inferior a . Definição 3.2 (mínimo e máximo): Diz-se que é o elemento mínimo (ou menor elemento) de um conjunto e denotamos por , quando e, , ( é uma relação de ordem total). De forma análoga, diz-se que é o elemento máximo (ou maior elemento) de um conjunto e denotamos por , quando e, , . Exemplo 3.2: Considerando o conjunto , temos que e . Definição 3.3 (boa ordem): Um conjunto é dito bem ordenado quando todo subconjunto não vazio de possui menor elemento. Em símbolos, ∅ ∃ | =min , onde é o conjunto das partes de . Observação: As duas últimas definições não se restringem apenas aos naturais. Pode-se ver que, se um conjunto possui elemento mínimo (máximo), ele é único. Com efeito, se e são mínimos (máximos) de um conjunto , então ( ), pelo fato de ser um mínimo (máximo), e ( ), pelo fato de ser um mínimo (máximo). Logo . Exercício 3.4: Mostre que não possui elemento máximo. Material elaborado por Ivan Eugênio Definição 3.4: Dado , esse é dito limitado se existe de forma que, , . Teorema 1.3.7 (Princípio da Boa Ordem): é bem ordenado. Demonstração: Consideremos a existência de um conjunto que não possui menor elemento. Mostraremos que esse só pode ser o conjunto vazio. Sendo , , pois é o menor número natural e, assim, não pode pertencer a . Suponhamos que , então temos que , pois, se tivéssemos , esse seria o menor elemento de . Pelo Teorema 3.5, e, portanto, ∅. QED Exercício 3.5: Considerando limitado, mostre que esse possui elemento máximo. 4– Potência de números naturais Com as operações de soma e produto definidas, pode-se definir a potência de números naturais. Definição 4.1: Sendo definimos: a) b) sempre que está bem definido. Exemplo 4.1: Como exemplo de como obter potências de naturais, encontremos . Através da definição, temos , e . Teorema 4.1: . Demonstração: Demonstremos por indução sobre n. Para , por definição. Supondo que valha para , ou seja, , temos que , mostrando que vale para e, por seguinte, . QED Teorema 4.2: valem: a) b) c) Demonstração: (a): Sendo um natural arbitrário, demonstraremos a propriedade por indução sobre . Para temos por definição. Supondo para , isto é, , temos que vale para , pois , completando a demonstração. Material elaborado por Ivan Eugênio (b): Novamente tomaremos arbitrários e prosseguiremos por indução sobre . Para temos pela definição. Observemos que basta mostrar que , pois a segunda igualdade é imediata pela comutatividade do produto. Supondo para , ou seja, , temos , onde usamos a parte (a) do teorema, demonstrada acima. (c): , mostrando que a propriedade vale para . Supondo que valha para , ou seja, , vemos que vale para , afinal, . Isso completa a demonstração. QED Exemplo 1.4.1: para todo . Para temos . Supondo para , isto é, , temos que vale para , afinal, sendo , , por hipótese, e , temos (isso porque, lembrando do Teorema 3.3, se e , então ). Exercício 4.1: Mostre que, para todo , temos . SUGESTÃO: Use o resultado do exemplo acima. Exercício 4.2: Demonstre que . 5– Somatório e produtório Para um tratamento mais geral (embora não o mais geral possível) dos operadores que serão apresentados, consideraremos uma estrutura qualquer com as seguintes propriedades: a) A operação + (soma) é comutativa e associativa. b) A operação (produto) é comutativa, associativa, distributiva em relação à soma e possui unidade (elemento, chamado de “1”, tal que ). Definição 5.1 (somatório): Sendo uma família de elementos tal que , ou seja, indexado pelos primeiros números naturais, definimos o operador somatório desses elementos por: a) b) sempre que está definido. Como exemplo, obtemos o somatório dos elementos do conjunto : Material elaborado por Ivan Eugênio Observação: Pode-se ver que, ao mudarmos o índice por qualquer outro, por exemplo, , o somatório não se altera, ou seja, . Diz-se que os índices são mudos. Teorema 5.1: . Demonstração: Demonstremos por indução sobre n. Para é verdade por definição. Supondo que seja verdade para , ou seja, , temos que é verdade para , afinal, . QED Corolário: O somatório não depende de uma particular indexação de . Demonstração: Sendo a soma por uma indexação, consideremos outra indexação tal que . Pela associatividade e comutatividade da soma, a soma deve ser igual à , mostrando que não depende da indexação. QED O teorema apresentado é a motivação para se definir o somatório, e justifica seu nome. Como veremos, a vantagem da notação de somatório vai além de ser uma notação compacta: muitas manipulações complexas de serem realizadas são mais simples através de somatórios. Abaixo são apresentadas algumas propriedades do somatório. Teorema 5.2: Demonstração: Para a afirmação é verdadeira já que . Supondo que seja verdadeira para , isto é, , será verdadeira para , já que . QED Observação: Estamos chamando de o resultado da soma de n unidades ( n vezes), ou seja, . Teorema 5.3 (homogeneidade):Demonstração: Do Teorema 1.5.1 e da distributividade do produto em relação à soma, temos que . QED Material elaborado por Ivan Eugênio Teorema 5.4 (propriedade aditiva): , =1 =1 . Demonstração: , onde se usou o Teorema 1.5.1 e a associatividade e comutatividade da soma. QED Teorema 5.5 (propriedade telescópica): Se, além das propriedades já exigidas para a estrutura sobre , a soma possuir elemento neutro para a soma (esse chamado de ) e todo elemento de possuir elemento inverso pela soma, ou seja, ∃ , então . Demonstração: , onde foi apenas necessário “deslocar” os parênteses (usando associatividade) de forma que os termos que se anulam fossem somados. QED Exemplo 5.1: O somatório (de números reais) pode ser obtido vendo que (verifique!). De fato, pois, sendo , , que, pelo teorema acima, nos leva a . Exercício 1.5.1: Mostre que onde . SUGESTÃO: Use a propriedade telescópica. Sabe-se que a indexação de é obtida por uma função sobrejetora , onde . É natural que possa existir alguma regra que defina essa função e, assim, muitas vezes se pode escrever . Como também é possível ter o mesmo conjunto como a imagem de (com mesma regra definidora), é mais comum definirmos as funções com contradomínio e obter como a imagem. Para algumas “classes” de conjuntos, é possível obter uma fórmula fechada para o operador somatório. O exemplo abaixo, onde encontramos uma fórmula fechada para subconjuntos de da forma , ilustra isso. Exemplo 5.2: Considere o subconjunto de . O somatório desse conjunto é dado por . A demonstração de tal resultado pode ser obtida por indução. De fato, o resultado é válido para e, ao supor que seja válido para , isto é, , temos que o resultado vale para , afinal, . Material elaborado por Ivan Eugênio Observação: Como ainda não temos os naturais como um subconjunto dos reais, devemos tomar cuidado com o que estamos simbolizando por . Estamos considerando que os três números da expressão são naturais e eles são tais que (veja que é necessário que seja um múltiplo inteiro de para que a expressão possua sentido). Ou seja, é o número natural tal que . No entanto, embora seja necessário salientar tais detalhes para um tratamento mais rigoroso, vezes iremos manipular expressões omitindo essas explicações “preciosistas”. Em alguns casos, podemos querer a soma dos elementos de de ( a e não de a . Definimos, para esses casos, e sempre que está definido. Também é possível que se queira não considerar algum elemento de e, nesse caso, sendo ( ) o elemento não considerado, definimos . Observação 1: Nas definições acima, usamos o sinal de menos, que está, normalmente, associado à soma com o inverso aditivo ( ), mas, mesmo que a estrutura sobre A (conjunto do qual é subconjunto) não admita inverso aditivo para seus elementos, é possível definir uma “subtração” em A da forma como foi feita com os números naturais (veja a observação após o Teorema 1.3.6). Observação 2: Considerando a expressão , chamamos de limite inferior do somatório e de limite superior do somatório. Observação 3: Uma definição alternativa, em alguns casos, para é , mas nem sempre é conveniente. Exercício 5.2: Mostre que com . Exemplo 5.3: Usando o que foi mostrado no Exemplo 5.2, podemos ver que onde . Exercício 5.3: Mostre que de duas formas: por indução e usando as propriedades do somatório. Exercício 5.4: Mostre que . Essa propriedade é chamada de abertura e uma manipulação útil que pode ser feita é . Material elaborado por Ivan Eugênio Muitas vezes se deseja aplicar o operador somatório mais de uma vez, ou seja, ter expressões da forma , etc.. Para o somatório duplo (expressão da forma ), pode-se ver que isso é possível se tivermos o conjunto de forma que (o que faz com que ). Veja que na expressão o índice não está sendo somado e sim pode admitir um valor arbitrário em . Um índice que apareça dessa forma é chamado de índice livre. Observamos também que existe uma coerência do índice livre em ambos os membros da expressão, ou seja, o índice livre recebe mesmo “nome” (no caso, ) em ambos os lados da expressão. Pelo Teorema 5.1 obtemos que o somatório de um conjunto tal que é dado por: Exemplo 5.4: Seja de forma que . Nesse caso temos: Para um somatório múltiplo (duplo, triplo,...), podemos ter uma notação um pouco mais curta, como feito abaixo (com somatórios): Material elaborado por Ivan Eugênio Por exemplo, podemos denotar o somatório duplo por . No caso de todos os limites superiores coincidirem, basta escrevê-lo uma única vez (por exemplo, ). Também é comum omitir os limites inferiores e superiores caso sejam subentendidos. Por exemplo, se se está trabalhando sempre com somatórios de 1 até , se subentende por . Teorema 5.6 (comutatividade do somatório): e tal que ) tem-se ou, em notação mais compacta, (veja que essa última igualdade vem do fato dos índices serem mudos – apenas se renomeou por e vice-versa). Demonstração: Demonstremos por indução sobre tomando um arbitrário. Para , o resultado é verdadeiro,pois . Supondo que valha para , ou seja, , temos que vale para , afinal, . QED Para visualizar melhor a última passagem, lembre-se que e, assim, . Corolário: e tal que ) tem-se . Esse corolário, que é uma conseqüência imediata do teorema, é um resultado muitas vezes útil. Se admitirmos na estrutura sobre A um elemento neutro para a soma (elemento 0), podemos definir uma função, chamada de Delta de Kronecker, que é muito útil algebricamente. Definição 5.2 (Delta de Kronecker): Se existe em A um elemento, denotado , tal que , então definimos a função de forma que: A principal propriedade dessa função é ( . Para mostrar essa propriedade, basta vermos que (pois e todos os outros termos se anulam). Naturalmente, a propriedade também vale caso existam outros índices livres além de , ou seja, (k e j são índices livres). Em particular, temos . Material elaborado por Ivan Eugênio Exercício 5.5: Mostre que . SUGESTÃO: Veja que sempre vale . Exemplo 5.5: O somatório é dado por (veja a Definição 1.3.2). De fato, pois . O é devido ao fato de que, sendo e , se anula para todo (caso ) ou para todo (caso ). Exercício 5.6: Verifique explicitamente o resultado do exemplo anterior para . Exercício 5.7: Mostre que SUGESTÃO: Observe que . Exemplo 5.6: Para adequarmos algumas expressões a determinadas convenções, às vezes é necessário realizar uma fatoração do tipo , onde usamos a propriedade . Sendo e , quanto é ? Num primeiro impulso, poderíamos pensar que , onde se usou o Teorema 5.3, mas é simples encontrar um contra exemplo que mostre a falsidade dessa expressão. Com efeito, ao passo que , e . Mas o que há de errado na manipulação feita inicialmente? Devemos ver que os índices são independentes (a “variação” de um não influencia na do outro) e, ao fazer o produto posto, devemos renomear ao menos um dos índices para garantir a independência. Ou seja, a expressão correta é . Aqui podemos ver uma das vantagens da notação de somatório. O que está “dentro” de um somatório pode ser manipulado da mesma forma como é feito caso não existisse o somatório (na última passagem simplesmente se considerou uma constante e, assim, pelo Teorema 5.3, pôde “entrar” no somatório de índice ). Exemplo 5.7: Considerando a soma , podemos ver que = =1 =1 = =1 +12= +12 =1 = +12 +12= +1 +14, onde se usou o resultado obtido no Exemplo 1.5.2. Consideremos, para o próximo teorema, que a estrutura sobre constitui, mais precisamente, um corpo ordenado1. 1 Um corpo ordenado é uma estrutura com as operações de adição e multiplicação com propriedades idênticas a dessas operações nos números reais e, além disso, para dois elementos e quaisquer no conjunto, sempre vale uma, e apenas uma das afirmativas: , ou . Material elaborado por Ivan Eugênio Para que tenhamos o próximo resultado, teremos que considerar um resultado preliminar: quaisquer que sejam com e temos . Com efeito, pela monotonicidade da soma, e e, portanto, . Teorema 5.7: Considerando os conjuntos , com sendo um corpo e a relação de ordem a de um corpo ordenado, se, , , então . Demonstração: A propriedade vale para , pois por hipótese. Supondo que valha para , ou seja, , temos que vale para , pois temos , afinal, e . QED Exercício 5.8: Mostre que o resultado acima vale para , com a relação de ordem definida para (secção 3). Veja que não é um corpo. Exemplo 5.8: Considerando e com , temos que , pois (mostre isso). Veja que, embora não saibamos os resultados explícitos dos somatórios, é possível dizer que um somatório é maior que o outro. Exercício 5.9: Mostre que . SUGESTÃO: Lembre-se do Teorema 5.2. O teorema seguinte garante uma manipulação bastante útil em várias situações. Teorema 5.8 (mudança de variável): Sendo , temos que , onde e são tais que as subtrações feitas sejam positivas (num caso mais geral, que não apresentaremos agora, essa restrição pode ser eliminada). Demonstração: Usemos o Teorema 3.6 para realizar a demonstração. O teorema é válido para , pois, por um lado, e, por outro lado, . Supondo que valha para , ou seja, , temos que vale para , afinal, + + +1 = = + +1= = +1 . A segunda igualdade se demonstra analogamente. QED Exemplo 5.9: Embora possa parecer estranha a manipulação apresentada no Teorema 5.8, podemos ver o quanto ela é simples por um exemplo. Considere de Material elaborado por Ivan Eugênio forma que queiramos o somatório de 5 a 8. Ou seja, . Mas vemos que o somatório não se altera ao somarmos 2 aos limites do somatório e subtrairmos 2 da variável. De fato, pois . Podemos definir em um corpo uma potência de expoente “inteiro”, como feito abaixo. Definição 5.3 (potência com expoente inteiro): Sendo um corpo, , e , definimos: a) b) sempre que está definido. c) se está definido. Não é difícil verificar que as propriedades demonstradas para a potência de naturais continuam válidas para esse caso. Temos ainda que . Pela definição, , mas, sendo , . Isso parece contraditório, fazendo-nos pensar se é realmente uma definição apropriada, mas o resultado apresentado é conveniente por diversos motivos. Duas outras propriedades dessa definição de potência são dadas no teorema abaixo.Teorema 5.9: Sendo um corpo com a potência de expoente inteiro definida como acima, temos que: a) se ou . b) se . Demonstração: (a): Se , a expressão só fica definida com e, nesse caso, temos . No caso de , qualquer expoente é válido e, assim, demonstremos o resultado por indução sobre já observando que o resultado é válido para , pois . O resultado vale para já que e, ao supormos que valha para , isto é, , temos que vale para , afinal, , mostrando o resultado. (b): Demonstremos por indução sobre já vendo que o resultado é válido para , afinal, . O resultado vale para , já que , e, ao supor Material elaborado por Ivan Eugênio que valha para , ou seja, , obtemos que o resultado vale para , pois e isso completa a demonstração. QED Defninição 5.4 (produtório): Sendo uma família de elementos tal que , definimos o operador produtório desses elementos por: a) b) sempre que está definido. Essa definição é semelhante à de somatório (apenas se trocou a soma pelo produto). A propriedade demonstrada no Teorema 5.1 possui análogo nesse caso (mostre isso), ou seja, e o corolário também continua válido. Como será visto, existem outras mais características do operador produtório que são análogas a alguma do somatório. Observação: Os índices do produtório também são mudos. Ou seja, o produtório não muda se mudarmos o nome dos índices. Para simplificar o tratamento do que será visto a seguir, vamos admitir que a estrutura sobre é um corpo ordenado. Mas algumas das propriedades podem valer para outras estruturas se forem tomados os devidos cuidados. Muitas demonstrações serão deixadas como exercício devido à semelhança com as já feitas para o somatório. Teorema 5.10: Para o produtório valem as seguintes afirmações: a) b) c) Exercício 5.10: Mostre o teorema acima. Salvo alguns detalhes, podemos ver que essas propriedades são análogas às mostradas nos teoremas 5.2, 5.3 e 5.4. Lembremos que num corpo é sempre possível definir uma operação ∗ , chamada divisão, onde . Assim, temos o teorema seguinte. Teorema 5.11: Sendo com , temos que vale: a) b) se . Material elaborado por Ivan Eugênio Exercício 5.11: Mostre o teorema acima. A propriedade apresentada na parte (a) do teorema acima na verdade é análoga a uma propriedade não apresentada do somatório: (mostre isso considerando a operação subtração definida para corpos). Já a apresentada na parte (b) é a propriedade telescópica do produtório. Exemplo 5.10: Sendo tal que , quanto é =1 1 +1? Podemos resolver tal questão observando que 1 +1= +1 . Assim, . Ora, sendo , temos que esse produtório é telescópico e, dessa forma, . Exemplo 5.11: Considerando tal que , podemos usar o resultado anterior para encontrar o produtório . De fato, pois e, portanto, . Exercício 5.12: Sendo tal que , encontre . De forma análoga ao somatório, é possível que se queira o produtório de um conjunto de ( ) a e, para esse caso, definimos e sempre que está definido. Também podemos não querer considerar um determinado elemento de e, sendo o indesejado ( ), definimos . Exercício 5.13: Mostre que com . Exercício 5.14: Mostre que, sendo tal que , . Exercício 5.15: Mostre que . Essa é a propriedade de abertura para o produtório. Também não é estranha a idéia de produtório duplo, triplo, etc.. Assim, podemos ter expressões do tipo . Como o caso é análogo ao do somatório, podemos adotar todas as notações já introduzidas para somatórios múltiplos. Teorema 5.12 (comutatividade do produtório): e tal que ) tem-se ou, de forma mais compacta, (essa última igualdade vem do fato dos índices serem mudos – apenas se renomeou por e vice-versa). Material elaborado por Ivan Eugênio Exercício 5.16: Mostre o teorema acima. Corolário: e tal que ) tem-se . Exercício 5.17: Demonstre o corolário acima. Esse corolário é o resultado análogo ao obtido para o somatório. Exemplo 5.12: Considerando tal que , temos que , onde se usou o fato de ser um produto telescópico e os resultados dos exemplos 5.10 e 5.11. Poder-se-ia obter o mesmo resultado usando o corolário do teorema. De fato, pois . Teorema 5.13 (mudança de variável): Sendo , temos que , onde e são tais que as subtrações feitas sejam positivas (é possível tirar essa restrição num caso mais geral, que não será apresentado agora). Demonstração: Usemos o Teorema 1.3.6. O teorema é válido para , pois, por um lado, e, por outro lado, . Supondo que valha para , isto é, , temos que vale para , afinal, 1 = = +1= = +1 . A segunda igualdade se demonstra analogamente. QED 6– Teorema Binomial de Newton Consideraremos a estrutura um corpo e, para auxiliar as definições que serão feitas, definiremos o conjunto tal que . O Teorema Binomial de Newton é o teorema que nos permite expandir expressões da forma ( ), chamados de binômios, em um polinômio (expressão da forma ). Não é difícil ver que a expressão dá origem a um polinômio, mas oteorema que será demonstrado nos permite encontrar os coeficientes do polinômio (os ) facilmente. Definição 6.1 (fatorial): Definimos a função fatorial por: Material elaborado por Ivan Eugênio a) b) sempre que está definido. De imediato podemos ver que . Um resultado que podemos ter é que se . Demonstremos isso por indução. O resultado vale para , pois e, ao supor que valha para , ou seja, , temos que vale para , pois . Outro resultado é se (mostre isso). O fatorial é útil em várias áreas na matemática. Em especial, na Análise Combinatória. Para a próxima definição, tomemos . Definição 6.2 (coeficiente binomial): O coeficiente binomial é definido pela função ( ): tal que: Duas propriedades que podemos perceber dessa função são e . De fato, pois e Exercício 6.1: Mostre que . Essa definição também é muito freqüente na matemática em diversas áreas. Abaixo segue um teorema que nos será necessário na demonstração do Teorema Binomial de Newton. Teorema 6.1 (relação de Stifel): Sendo com temos que: Demonstração: Sendo , pode-se ver que existe em tal que . Assim, tomando o lado direito da expressão: Material elaborado por Ivan Eugênio QED Teorema 6.2 (Teorema Binomial de Newton): Para quaisquer e , vale que: Demonstração: Demonstraremos por indução sobre já observando que o resultado é satisfeito para , pois . Podemos ver que o resultado vale para já que . Ao supor que valha para , isto é, , temos que vale para . Com efeito: Material elaborado por Ivan Eugênio E esse é o resultado procurado. QED Mas o que queremos é o resultado para em geral, embora o resultado acima já seja realmente útil. Poderíamos ter demonstrado já para o caso geral, mas tornaria a demonstração mais complicada. Demonstrado o teorema acima, o resultado geral é um corolário. Corolário: Para quaisquer e , vale que: Demonstração: Como o resultado é claro para (esse é um dos motivos de ser conveniente), vamos demonstrar para . Nesse caso, temos: QED Material elaborado por Ivan Eugênio Existem generalizações do teorema para fracionário e negativo, mas esses casos resultam em polinômios de infinitos termos (uma série infinita – foram esses os casos que Newton realmente estudou). Observação importante: Devido à nossa escolha de não incluir o zero nos naturais, tivemos que enunciar o teorema como feito acima. No entanto pode-se ver que, por uma mudança de variável (por enquanto ilícita), podemos reescrever o teorema como , que é uma expressão visivelmente mais simples. Dentro do que temos, podemos “improvisar” definindo se e se , onde com . Alguns resultados imediatos do teorema são: a) , onde se usou o teorema com . b) se , onde se usou o teorema com . O Teorema Binomial de Newton transforma expressões da forma em uma soma onde, basicamente, se precisa apenas calcular os coeficientes (ou se a soma começa de ). É muito mais simples, em geral, calcular esses coeficientes que a expressão por multiplicações sucessivas, mas a relação de Stifel nos traz mais um resultado facilitador. Considerando os binômios e , com coeficientes binomiais, respectivamente, da forma e , a relação pode ser vista como “o coeficiente (lembrando que a soma começa de ) do binômio é igual à soma dos coeficientes e do binômio ”. Essa afirmação só faz sentido caso não corresponda a uma extremidade do binômio ( ou no caso de ), no entanto se sabe que nas extremidades o coeficiente binomial é . Começando pelos binômios , donde se tem que o coeficiente é , e , que possui coeficientes binomiais e , podemos obter os coeficientes dos binômios com pela relação de Stifel. Por exemplo, os coeficientes de são e , onde o primeiro e o último são por serem extremidades e o segundo se obtêm por . Realizando sucessivamente esse processo obtemos os seguintes resultados: Como se pode ver, é simples obter essa sucessão (chamada de Triângulo de Pascal). Mas, além dos coeficientes, temos que ter os expoentes. Não é difícil verificar que,considerando o binômio , o expoente de decresce de até Material elaborado por Ivan Eugênio ao passo que o de cresce de até . Assim, por exemplo, a expressão pode ser escrita como , onde usamos o Triângulo de Pascal. Exercício 1.6.2: Faça a expansão dos binômios , e . Exercícios III – 1 Durante os exercícios, considere que as propriedades operacionais e de ordem são a de um corpo. Considere também que . 1 – Mostre que o Princípio da Boa Ordem implica o Princípio da Indução (Axioma 1.1.3). 2 – Um número natural é dito par se existe tal que e um número é dito ímpar se existe tal que . Mostre que, dado um , é par ou ímpar e não pode ser ambos. Mais precisamente, sendo o conjunto dos naturais pares e o conjunto dos naturais ímpares, mostre que e que ∅. 3 – Dado não vazio tal que , mostre que existe de forma que (conjunto dos múltiplos de ). 4 – Mostre que todo natural par pode ser escrito como para algum e ímpar. 5 – Usando indução, mostre que: a) b) c) d) e) se e . 6 – Torre de Hanói é um conhecido jogo constituído de três hastes (1, 2 e 3) e um conjunto de discos com diâmetros distintos, os quais colocados em ordem crescente de diâmetro na haste 1 (contando de cima para baixo). O objetivo é passar esses discos para a haste 3 com o menor números de movimentos possível (um movimento consiste em passar um disco de uma haste para outra). As regras são as seguintes: a) Só se pode mover um disco de cada vez. b) Só se pode mover o disco de menor diâmetro numa haste. c) Um disco de diâmetro menor nunca poderá estar embaixo de um disco de diâmetro maior. Mostre que o menor número possível de movimentos para uma Torre de Hanói com discos é . Compare o resultado com o do item (c) do exercício anterior e interprete-o. SUGESTÃO: Use indução e observe que, para uma torre de ( ) discos, Material elaborado por Ivan Eugênio precisamos colocar primeiros discos na haste 2 para ser possível passar o último (de diâmetro maior) para a haste 3. 7 – Considere retas num plano. Mostre que o “mapa” formado por essas retas pode ser colorido com duas cores sem que regiões vizinhas sejam coloridas com a mesma cor (uma região é vizinha de outra se existe um segmento de reta separando-as). 8 – Os seguintes “teoremas”, claramente falsos, possuem falhas em suas “demonstrações”. Encontre essas falhas: Teorema 1: Uma função tal que possui elementos (indexado pelos primeiros números naturais) necessariamente é uma função constante*. Demonstração: Demonstremos por indução. O resultado é válido para , pois . Supondo que seja válida para , isto é, com e possuindo elementos, temos que é válida para . De fato, pois, considerando com elementos e tomando dois elementos quaisquer distintos , temos que e possuem elementos e, pela hipótese indutiva, e , que implica , mostrando o resultado. *: De forma geral, uma função é dita constante quando para algum , ou seja, quando a imagem de é um conjunto unitário. Teorema 2: Considerando e , temos . Demonstração: Usaremos a indução completa para demonstrar esse teorema. O resultado é válido para , pois . Supondo que seja válido para todo , temos que é válido para , afinal 9 – Sendo e , mostre que Material elaborado por Ivan Eugênio 10 – Encontre formulas para as seguintes expressões: a) com . b) com . c) d) e) f) 11 – Mostre que: a) b) e com c) d) e) f) g) SUGESTÃO: Aplique o teorema binomial à 1 . h) i)
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