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ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS Didatismo e Conhecimento 1 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS Profª. Esp. Caroline Penteado Manoel Formada em Administração com Habilitação em Comércio Exterior pela UNIVEM de Marília. MBA em Gestão Empresarial – INBRAPE, Licenciada em Administração. Professora Universi- tária. 1. CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS. Sem o estoque de certas quantidades de materiais que aten- dam regularmente às necessidades dos vários setores da organiza- ção, não se pode garantir um bom funcionamento e um padrão de atendimento desejável. Estes materiais, necessários à manutenção, aos serviços administrativos e à produção de bens e serviços, for- mam grupos ou classes que comumente constituem a classificação de materiais. Estes grupos recebem denominação de acordo com o serviço a que se destinam (manutenção, limpeza, etc.), ou à na- tureza dos materiais que neles são relacionados (tintas, ferragens, etc.), ou do tipo de demanda, estocagem, etc. Classificar um material então é agrupá-lo segundo sua forma, dimensão, peso, tipo, uso etc. A classificação não deve gerar con- fusão, ou seja, um produto não poderá ser classificado de modo que seja confundido com outro, mesmo sendo semelhante. A clas- sificação, ainda, deve ser feita de maneira que cada gênero de ma- terial ocupe seu respectivo local. Por exemplo: produtos químicos poderão estragar produtos alimentícios se estiverem próximos en- tre si. Classificar material, em outras palavras, significa ordená-lo segundo critérios adotados, agrupando-o de acordo com a seme- lhança, sem, contudo, causar confusão ou dispersão no espaço e alteração na qualidade. O objetivo da classificação de materiais é definir uma cata- logação, simplificação, especificação, normalização, padronização e codificação de todos os materiais componentes do estoque da empresa. 1.1. ATRIBUTOS PARA CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS. O sistema de classificação é primordial para qualquer Depar- tamento de Materiais, pois sem ele não poderia existir um controle eficiente dos estoques, armazenagem adequada e funcionamento correto do almoxarifado. O princípio da classificação de materiais está relacionado à: • Catalogação A Catalogação é a primeira fase do processo de classificação de materiais e consiste em ordenar, de forma lógica, todo um con- junto de dados relativos aos itens identificados, codificados e ca- dastrados, de modo a facilitar a sua consulta pelas diversas áreas da empresa. Simplificar material é, por exemplo, reduzir a grande diver- sidade de um item empregado para o mesmo fim. Assim, no caso de haver duas peças para uma finalidade qualquer, aconselha-se a simplificação, ou seja, a opção pelo uso de uma delas. Ao simpli- ficarmos um material, favorecemos sua normalização, reduzimos as despesas ou evitamos que elas oscilem. Por exemplo, cadernos com capa, número de folhas e formato idênticos contribuem para que haja a normalização. Ao requisitar uma quantidade desse ma- terial, o usuário irá fornecer todos os dados (tipo de capa, número de folhas e formato), o que facilitará sobremaneira não somente sua aquisição, como também o desempenho daqueles que se ser- vem do material, pois a não simplificação (padronização) pode confundir o usuário do material, se este um dia apresentar uma forma e outro dia outra forma de maneira totalmente diferente. • Especificação Aliado a uma simplificação é necessária uma especificação do material, que é uma descrição minuciosa para possibilitar melhor entendimento entre consumidor e o fornecedor quanto ao tipo de material a ser requisitado. • Normalização A normalização se ocupa da maneira pela qual devem ser utili- zados os materiais em suas diversas finalidades e da padronização e identificação do material, de modo que o usuário possa requisitar e o estoquista possa atender os itens utilizando a mesma termino- logia. A normalização é aplicada também no caso de peso, medida e formato. • Codificação É a apresentação de cada item através de um código, com as informações necessárias e suficientes, por meio de números e/ou letras. É utilizada para facilitar a localização de materiais armaze- nados no estoque, quando a quantidade de itens é muito grande. Em função de uma boa classificação do material, poderemos partir para a codificação do mesmo, ou seja, representar todas as infor- mações necessárias, suficientes e desejadas por meios de números e/ou letras. Os sistemas de codificação mais comumente usados são: o alfabético (procurando aprimorar o sistema de codificação, passou-se a adotar de uma ou mais letras o código numérico), alfa- numérico e numérico, também chamado “decimal”. A escolha do sistema utilizado deve estar voltada para obtenção de uma codifi- cação clara e precisa, que não gere confusão e evite interpretações duvidosas a respeito do material.. Este processo ficou conhecido como “código alfabético”. Entre as inúmeras vantagens da codi- ficação está a de afastar todos os elementos de confusão que por- ventura se apresentarem na pronta identificação de um material. O sistema classificatório permite identificar e decidir priori- dades referentes a suprimentos na empresa. Uma eficiente gestão de estoques, em que os materiais necessários ao funcionamento da empresa não faltam, depende de uma boa classificação dos mate- riais. Para Viana (2006) um bom método de classificação deve ter algumas características: ser abrangente, flexível e prático. • Abrangência: deve tratar de um conjunto de caracterís- ticas, em vez de reunir apenas materiais para serem classificados; • Flexibilidade: deve permitir interfaces entre os diversos tipos de classificação de modo que se obtenha ampla visão do ge- renciamento do estoque; • Praticidade: a classificação deve ser simples e direta. Para atender às necessidades de cada empresa, é necessária uma divisão que norteie os vários tipos de classificação. Didatismo e Conhecimento 2 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS 1.2. TIPOS DE CLASSIFICAÇÃO 1.3. METODOLOGIA DE CÁLCULO DA CURVA ABC. Dentro das empresas existem vários tipos de classificação de materiais. Para o autor Viana (2006, p.52-63) os principais tipos de clas- sificação são: Por tipo de demanda, materiais críticos, perecibilida- de, quanto à periculosidade, possibilidade de fazer ou comprar, ti- pos de estocagem, dificuldade de aquisição e mercado fornecedor. • Por tipo de demanda: A classificação por tipo de de- manda se divide em materiais não de estoque e materiais de esto- que. Materiais não de estoque: são materiais de demanda impre- visível para os quais não são definidos parâmetros para o ressu- primento. Esses materiais são utilizados imediatamente, ou seja, a inexistência de regularidade de consumo faz com que a compra desses materiais somente seja feita por solicitação direta do usu- ário, na ocasião em que isso se faça necessário. O usuário é que solicita sua aquisição quando necessário. Devem ser comprados para uso imediato e se forem utilizados posteriormente, devem fi- car temporariamente no estoque. A outra divisão são os Materiais de estoques: são materiais que devem sempre existir nos estoques para uso futuro e para que não haja sua falta são criadas regras e critérios de ressuprimento automático. Deve existir no estoque, seu ressuprimento deve ser automático, com base na demanda pre- vista e na importância para a empresa. Os materiais de estoque se subdividem ainda; Quanto à apli- cação, Quanto ao valor de consumo e Quanto à importância ope- racional. • Quanto à aplicação eles podem ser: Materiais produtivos que compreendem todo material ligado direta ou indi- retamente ao processo produtivo. Matéria prima que são materiais básicos e insumos que constituem os itens iniciais e fazem parte do processo produtivo. Produtos em fabricaçãoque são também conhecidos como materiais em processamento que estão sendo processados ao longo do processo produtivo. Não estão mais no estoque porque já não são mais matérias-primas, nem no esto- que final porque ainda não são produtos acabados. Produtos aca- bados: produtos já prontos. Materiais de manutenção: materiais aplicados em manutenção com utilização repetitiva. Materiais improdutivos: materiais não incorporados ao produto no processo produtivo da empresa. Materiais de consumo geral: materiais de consumo, aplicados em diversos setores da empresa. • Quanto ao valor de consumo: Para que se alcan- ce a eficácia na gestão de estoque é necessário que se separe de forma clara, aquilo que é essencial do que é secundário em termos de valor de consumo. Para fazer essa separação nós contamos com uma ferramenta chamada de Curva ABC ou Curva de Pareto, ela determina a importância dos materiais em função do valor expres- so pelo próprio consumo em determinado período. Curva ABC é um importante instrumento para se examinar estoques, permitindo a identificação daqueles itens que justificam atenção e tratamento adequados quanto à sua administração. Ela consiste na verificação, em certo espaço de tempo (normalmente 6 meses ou 1 ano), do consumo em valor monetário, ou quantidade dos itens do estoque, para que eles possam ser classificados em ordem decrescente de importância. Os materiais são classificados em: - Classe A: Grupo de itens mais importante que devem ser tra- balhados com uma atenção especial pela administração. Os dados aqui classificados correspondem, em média, a 80% do valor mone- tário total e no máximo 20% dos itens estudados (esses valores são orientativos e não são regra). - Classe B: São os itens intermediários que deverão ser trata- dos logo após as medidas tomadas sobre os itens de classe A; são os segundos em importância. Os dados aqui classificados corres- pondem em média, a 15% do valor monetário total do estoque e no máximo 30% dos itens estudados (esses valores são orientativos e não são regra). - Classe C: Grupo de itens menos importantes em termos de movimentação, no entanto, requerem atenção pelo fato de gera- rem custo de manter estoque. Deverão ser tratados, somente, após todos os itens das classes A e B terem sido avaliados. Em geral, somente 5% do valor monetário total representam esta classe, po- rém, mais de 50% dos itens formam sua estrutura (esses valores são orientativos e não são regra). A Curva ABC é muito usada para a administração de estoques, para a definição de políticas de vendas, para estabelecimento de prioridades, para a programação da produção. Analisar em profundidade milhares de itens num estoque é uma tarefa extremamente difícil e, na grande maioria das vezes, desnecessária. É conveniente que os itens mais importantes, se- gundo algum critério, tenham prioridade sobre os menos impor- tantes. Assim, economiza-se tempo e recursos. Para simplificar a construção de uma curva ABC, separamos o processo em 6 etapas a seguir: 1º) Definir a variável a ser analisada: A análise dos estoques pode ter vários objetivos e a variável deverá ser adequada para cada um deles. No nosso caso, a variável a ser considerada é o custo do estoque médio, mas poderia ser: o giro de vendas, o mark- -up, etc. 2º) Coleta de dados: Os dados necessários neste caso são: quantidade de cada item em estoque e o seu custo unitário. Com esses dados obtemos o custo total de cada item, multiplicando a quantidade pelo custo unitário. 3º) Ordenar os dados: Calculado o custo total de cada item, é preciso organizá-los em ordem decrescente de valor, como mostra a tabela a seguir: Didatismo e Conhecimento 3 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS Item Quant. Média em estoque (A) Custo unitário (B) Custo total (A x B) Ordem Unidades R$/unid. R$ Apontador 5 2.000,00 10.000,00 3º Bola 10 70,00 700,00 10º Caixa 1 800,00 800,00 9º Dado 100 50,00 5.000,00 5º Esquadro 5000 1,50 7.500,00 4º Faca 800 100,00 80.000,00 1º Giz 40 4,00 160,00 11º Herói 50 20,00 1.000,00 8º Isqueiro 4 30,00 120,00 12º Jarro 240 150,00 36.000,00 2º Key 300 7,50 2.250,00 6º Livro 2000 0,60 1.200,00 7º TOTAL 144.730,00 4º) Calcular os percentuais: Na tabela a seguir, os dados foram organizados pela coluna “Ordem” e calcula-se o custo total acumulado e os percentuais do custo total acumulado de cada item em relação ao total. Ordem Item Quant. Média em estoque (A) Custo unitário (B) Custo total (A x B) Custo total acumulado Percen- tuais % Unidades R$/unid. R$ 1º Faca 800 100,00 80.000,00 80.000,00 55,3 2º Jarro 240 150,00 36.000,00 116.000,00 80,1 3º Apontador 5 2.000,00 10.000,00 126.000,00 87,1 4º Esquadro 5000 1,50 7.500,00 133.500,00 92,2 5º Dado 100 50,00 5.000,00 138.500,00 95,7 6º Key 300 7,50 2.250,00 140.750,00 97,3 7º Livro 2000 0,60 1.200,00 141.950,00 98,1 8º Herói 50 20,00 1.000,00 142.950,00 98,8 9º Caixa 1 800,00 800,00 143.750,00 99,3 10º Bola 10 70,00 700,00 144.450,00 99,8 11º Giz 40 4,00 160,00 144.610,00 99,9 12º Isqueiro 4 30,00 120,00 144.730,00 100,0 TOTAL 144.730,00 5º) Construir a curva ABC Desenha-se um plano cartesiano, onde no eixo “x” são distribuídos os itens do estoque e no eixo “y”, os percentuais do custo total acumulado. Didatismo e Conhecimento 4 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS 6º) Análise dos resultados Os itens em estoque devem ser analisados segundo o critério ABC. Na verdade, esse critério é qualitativo, mas a tabela abaixo mostra algumas indicações para sua elaboração: Classe % itens Valor acumulado Importância A 20 80% Grande B 30 15% Intermediária C 50 5% Pequena Pelo nosso exemplo, chegamos à seguinte distribuição: Classe Nº itens % itens Valor acumulado Itens em estoque A 2 16,7% 80,1% Faca, Jarro B 3 25,0% 15,6% Apontador, Esquadro, Dado C 7 58,3% 4,3% Key, Livro, Herói, Caixa, Bola, Giz, Isqueiro. A aplicação prática dessa classificação ABC pode ser vista quando, por exemplo, reduzimos 20% do valor em estoque dos itens A (apenas 2 itens), representando uma redução de 16% no valor total, enquanto que uma redução de 50% no valor em estoque dos itens C (sete itens), impactará no total em apenas 2,2%. Logo, reduzir os estoques do grupo A, desde que calculadamente, seria uma ação mais rentável para a empresa do nosso exemplo. • Quanto à importância operacional: Esta classificação leva em conta a imprescindibilidade ou ainda o grau de dificuldade para se obter o material. Os materiais são classificados em materiais: - Materiais X: materiais de aplicação não importante, com si- milares na empresa; - Materiais Y: materiais de média importância para a empresa, com ou sem similar; - Materiais Z: materiais de importância vital, sem similar na empresa, e sua falta ocasiona paralisação da produção. Quando ocorre a falta no estoque de materiais classificados como “Z”, eles provocam a paralisação de atividades essenciais e podem colocar em risco o ambiente, pessoas e patrimônio da empresa. São do tipo que não possuem substitutos em curto prazo. Os materiais classificados como “Y” são também imprescindíveis para as atividades da organização. Entretanto podem ser facilmen- te substituídos em curto prazo. Os itens “X” por sua vez são aque- les que não paralisam atividades essenciais, não oferecem riscos à segurança das pessoas, ao ambiente ou ao patrimônio da organi- zação e são facilmente substituíveis por equivalentes e ainda são fáceis de serem encontrados. Para a identificação dos itens críticos devem ser respondidas as seguintes perguntas: O material é imprescindível à empresa? Pode ser adquirido com facilidade? Existem similares? O material ou seu similar podem ser encontrados facilmente?. Ainda em relação aos tipos de materiais temos; •Materiais Críticos: São materiais de reposição específi- ca, cuja demanda não é previsível e a decisão de estocar tem como base o risco. Por serem sobressalentes vitais de equipamentos pro- dutivos, devem permanecer estocados até sua utilização, não es- tando, portanto, sujeitos ao controle de obsolescência. A quantidade de material cadastrado como material crítico dentro de uma empresa deve ser mínimo. Os materiais são classificados como críticos segundo os se- guintes critérios: Críticos por problemas de obtenção de material importado, único fornecedor, falta no mercado, estratégico e de difícil obtenção ou fabricação; Críticos por razões econômicas de materiais de valor elevado com alto custo de armazenagem ou de transporte; Críticos por problemas de armazenagem ou transporte de materiais perecíveis, de alta periculosidade, elevado peso ou grandes dimensões; Críticos por problema de previsão, por ser di- fícil prever seu uso; Críticos por razões de segurança de materiais de alto custo de reposição ou para equipamento vital da produção. • Perecibilidade: Os materiais também podem ser classi- ficados de acordo com a possibilidade de extinção de suas proprie- dades físico-químicas. Muitas vezes, o fator tempo influencia na classificação; assim, quando a empresa adquire um material para ser usado em um período, e nesse período o consumo não ocorre, sua utilização poderá não ser mais necessária, o que inviabiliza a estocagem por longos períodos. Ex. alimentos, remédios; • Quanto à periculosidade: O uso dessa classificação per- mite a identificação de materiais que devido a suas características físico-químicas, podem oferecer risco à segurança no manuseio, transporte, armazenagem. Ex. líquidos inflamáveis. • Possibilidade de fazer ou comprar: Esta classificação visa determinar quais os materiais que poderão ser recondiciona- dos, fabricados internamente ou comprados: - Fazer internamente: fabricados na empresa; - Comprar: adquiridos no mercado; - Decisão de comprar ou fazer: sujeito à análise de custos; - Recondicionar: materiais passíveis de recuperação sujeitos a análise de custos. • Tipos de estocagem: Os materiais podem ser classifica- dos em materiais de estocagem permanente e temporária. - Permanente: materiais para os quais foram aprovados níveis de estoque e que necessitam de ressuprimento constantes. - Temporária: materiais de utilização imediata e sem ressupri- mento, ou seja, é um material não de estoque. Didatismo e Conhecimento 5 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS • Dificuldade de aquisição: Os materiais podem ser clas- sificados por suas dificuldades de compra em materiais de difícil aquisição e materiais de fácil aquisição. As dificuldades podem advir de: Fabricação especial: envolve encomendas especiais com cronograma de fabricação longo; Escassez no mercado: há pouca oferta no mercado e pode colocar em risco o processo produtivo; Sazonalidade: há alteração da oferta do material em determinados períodos do ano; Monopólio ou tecnologia exclusiva: dependência de um único fornecedor; Logística sofisticada: material de trans- porte especial, ou difícil acesso; Importações: os materiais sofrer entraves burocráticos, liberação de verbas ou financiamentos ex- ternos. • Mercado fornecedor: Esta classificação está intima- mente ligada à anterior e a complementa. Assim temos: Materiais do mercado nacional: materiais fabricados no próprio país; Ma- teriais do mercado estrangeiro: materiais fabricados fora do país; Materiais em processo de nacionalização: materiais aos quais es- tão desenvolvendo fornecedores nacionais. 2. GESTÃO DE ESTOQUES. A administração de estoques, ou gestão de estoques é, ba- sicamente, o ato de gerir recursos ociosos possuidores de valor econômico e destinado ao suprimento das necessidades futuras de material, numa organização. As principais funções do estoque são: a) Garantir o abastecimento de materiais à empresa, neutrali- zando os efeitos de: demora ou atraso no fornecimento de mate- riais; sazonalidade no suprimento; riscos de dificuldade no forne- cimento. b) Proporcionar economias de escala: através da compra ou produção em lotes econômicos; pela flexibilidade do processo pro- dutivo; pela rapidez e eficiência no atendimento às necessidades. A administração de estoques deverá conciliar da melhor ma- neira possível, os objetivos dos quatro departamentos (Compras, Produção, Vendas e Financeiro), sem prejudicar a operacionalida- de da empresa. A função do controle de estoque é : a) determinar “o que” deve permanecer em estoque (Número de itens); b) determinar “quan- do” se devem reabastecer os estoques (Periodicidade); c) determi- nar “quanto” de estoque será necessário para um período prede- terminado; quantidade de compra; d) acionar o Departamento de Compras para executar aquisição de estoque; e) receber, armazenar e atender os materiais estocados de acordo com as necessidades; f) controlar os estoques em termos de quantidade e valor, e fornecer informações sobre a posição do estoque; g) manter in- ventários periódicos para avaliação das quantidades e estados dos materiais estocados; h) identificar e retirar do estoque os itens ob- soletos e danificados. Manter estoques é um efeito que encobre ineficiência do pro- dutor ou do fornecedor. Estoques consomem recursos que pode- riam aumentar o resultado de uma empresa. Por exemplo: • Recursos Financeiros – o valor pago pelos itens e esto- que poderia estar rendendo juros em aplicações financeiras ou re- duzindo juros pagos pela empresa por conta de empréstimos; • Espaço no chão de fábrica – espaço é um recurso escas- so e caro. Gastar dinheiro com aluguéis ou na compra de galpões maiores do que o necessário é uma perda para a empresa; • Movimentação desnecessária – estoques obstruem corre- dores e inviabilizam a instalação de um arranjo físico mais adequa- do para os equipamentos produtivos. • Mão de obra – se existe estoque, são necessários funcio- nários para receber, armazenar, controlar e expedir; • Perdas e danos – Estoques estão sujeitos a se deteriorar se não forem utilizados dentro de um prazo estipulado pelo fabri- cante. Além disso, podem acontecer acidentes danificando os ma- teriais estocados, de modo que fiquem inutilizados ou requeiram consertos; • Custos – o seguro necessário para os estoques é um custo desnecessário. Manter estoque pode ser viável quando: Há dependência de fatores com variabilidade muito grande, tais como: desembaraço alfandegário, condições de tráfego, disponibilidade de frete, etc; Os custos de perda de vendas e de manutenção da fábrica parada por faltas de materiais ou componentes comprados são maiores do que o custo de manutenção do estoque; Há previsão de aumentos consideráveis no preço de compra, tais como desvalorização cam- bial, escassez no mercado internacional, etc. Classificação dos estoques os estoques podem se dividir em: Estoques de Matérias-Primas (MPs); Estoques de Materiais em Processamento ou em Vias; Estoques de Materiais Semi acabados; Estoques de Materiais; acabados ou Componentes; Estoques de Produtos Acabados (PAs). - Estoques de Matérias-Primas (MPs): Constituem os in- sumos e materiais básicos que ingressam no processo produtivo da empresa. - Estoques de Materiais em Processamento ou em Vias: Também denominados materiais em vias - são constituídos de ma- teriais que estão sendo processados ao longo das diversas seções que compõem o processo produtivo da empresa. - Estoques de Materiais Semi acabados: Referem-se aos materiais parcialmente acabados, cujo processamento está em algum estágio intermediário de acabamento e que se encontram também ao longo das diversas seções que compõem o processo produtivo. - Estoques de Materiais Acabados ou Componentes: Tam- bém denominados componentes- referem-se a peças isoladas ou componentes já acabados e prontos para serem anexados ao pro- duto. - Estoques de Produtos Acabados (PAs): Se referem aos produtos já prontos e acabados, cujo processamento foi comple- tado inteiramente. 3. COMPRAS. 3.1 ORGANIZAÇÃO DO SETOR DE COMPRAS. 3.2 ETAPAS DO PROCESSO. 3.3 PERFIL DO COMPRADOR. 3.4 MODALIDADE DE COMPRA. 3.5 CADASTRO DE FORNECEDORES. O sistema de compras baseia-se em uma ação que envolve atividades de pesquisas para a melhor adequação dos objetivos or- ganizacionais. Suas atividades básicas são: analisar ordem de pedido, buscar melhores preços, encontrar fornecedores certos, fontes de forneci- mentos, novos materiais, novos mercados e assim por diante. Didatismo e Conhecimento 6 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS Compras dependem de sistemas de gestão moderna e com uso de tecnologia, são fontes geradoras de benefícios e de lucros para as empresas. compras deve trabalhar com pesquisa constante em todo seu envolvimento. Podemos ressaltar as seguintes ações; Suprimentos e de Apoio. Ações de suprimento: Solicitação de compras; Coleta de pre- ços; Análise dos preços; Pedido de Compras; Acompanhamento do pedido. Ações de apoio: Desenvolvimento de fornecedores; Desen- volvimento de novos materiais; Qualificação de fornecedores; Ne- gociação Solicitação de Compras. É o documento que contém as informações sobre o que comprar. Pode ser originado por vários setores, dependendo do tipo de material: Material processo de fa- bricação (matéria-prima, material de manutenção e material auxi- liar) – Estoque; Material de uso específico do solicitante, originado nos setores funcionais da empresa. O Objetivos da função de compras: Apesar da variedade de compras que uma empresa realiza, há alguns objetivos básicos da atividade de compras, que são válidos para todos os materiais e serviços comprados. Materiais e serviços podem: Ser da qualidade certa; Ser entregues rapidamente, se necessário; Ser entregues no momento certo e na quantidade correta; Ser capazes de alteração em termos de especificação, tempo de entrega ou quantidade (fle- xibilidade); Ter preço correto. Podemos classificar as mercadorias de uma empresa em três tipos, de acordo com a rotatividade de seus estoques: Mercado- rias de alto giro;Mercadorias de médio giro; Mercadorias de baixo giro. As mercadorias de alto giro são aquelas destinadas a provocar tráfego no salão de vendas. Esse tipo de mercadoria quase sempre dá pouco lucro, mas exerce um efeito de atração da clientela. Num bar, por exemplo, são aquelas que ficam bem à vista do freguês: cigarro, fósforo, chicletes, balinhas etc. As mercadorias de médio e baixo giro são aquelas que apre- sentam uma rotação de estoque mais lenta. Permitem taxas de mar- cação mais elevadas para compensar a demora de suas saídas. Como pode ser observado, para analisar se o que você está comprando para vender no varejo são os tipos de mercadorias ideais para o seu ramo de atividade, tem-se, obrigatoriamente, de levar em consideração a rotatividade dos seus estoques, utilizando o seguinte roteiro: Agrupamento das mercadorias de acordo com a sua frequência de saída (alta, média ou baixa rotatividade); Le- vantamento dos custos das mercadorias em estoque, por grupos, de acordo com o seu giro; Somatório dos valores encontrados nos grupos de mercadorias; Cálculo do percentual correspondente a cada grupo, em relação ao somatório; Análise dos percentuais en- contrados. Etapas do processo de compra; 1) Coleta de Preços: Docu- mento de registro da pesquisa de preços que fazemos em função de ter recebido a solicitação de compra dos fornecedores que temos aprovado para este material específico. Nele anotamos os dados recebidos dos fornecedores. 2) Pedido de Compras: É o contrato formal entre a empresa e o fornecedor, deverá representar todas as condições estabelecidas nas negociações. No pedido deverá cons- tar: preço unitário e total, condições de fornecimento, prazo de en- trega, condições de pagamento, especificações técnicas do forneci- mento, embalagens e transporte. 3) Acompanhamento do Pedido: Conhecido como follow-up, é o procedimento para manter sob controle todos os pedidos, até o momento em que ele é liberado para o processo de nossa empresa. Sua finalidade é evitar atrasos, problemas para o cliente na entrega do pedido. 4) Desenvolvimento de fornecedores: É o procedimento que possibilita à empresa sele- cionar os futuros fornecedores sendo os melhores fornecedores do mercado e que tenham condições de atender a todas especificações e exigências da empresa. 5) Desenvolvimento de novos materiais: É o procedimento que possibilita à empresa pesquisar e selecionar novos materiais ou materiais alternativos o principal objetivo é estabelecer alternativas econômicas ou técnicas para melhorar o desempenho dos produtos no mercado. Baseando-se em especifi- cações e parâmetros fornecidos pelo mercado ou pela engenharia. 6) Qualificação de fornecedores: É responsabilidade da área de engenharia; a área de compras tem um a função de ligação entre o fornecedor e a engenharia, ou seja, pesquisa de mercado. 7) Nego- ciação: É um procedimento de relacionamento entre a empresa e o fornecedor , quando ambas as partes ganham, esse procedimento é fácil não cria conflito entre as partes, é um importante elemento de fortalecimento dos laços de interesses, de melhorias contínuas e principalmente de aumento dos lucros para ambas empresas. Compras e Desenvolvimento de Fornecedores: A atividade de compras é realizada no lado do suprimento da empresa, estabele- cendo contratos com fornecedores para adquirir materiais e servi- ços, ligados ou não à atividade principal. Os gestores de compras fazem uma ligação vital entre a em- presa e seus fornecedores. Para serem eficazes, precisam compre- ender tanto as necessidades de todos os processos da empresa, como as capacitações dos fornecedores que podem fornecer pro- dutos e serviços para a organização. A figura abaixo demonstra as etapas da interação empresa/fornecedor: Prepara pedido de compra FORNECEDORES Unidade ProdutivaFunção de compras Requisições de produtos e serviços Prepara solicitações de cotações Preparam cotações: Especificações; Preço e Prazo, etc. Seleciona o fornecedor preferencial Recebe os produtos e serviços Produz produtos e serviços Discute com o requisitante Pedido Entrega produtos e serviços Discute com o requisitante Solicitações Cotações Função de compras A compra interfere diretamente nas vendas. A qualidade, quantidade, preço e prazo dos produtos fabricados numa indústria dependem muito das condições em que foram adquiridos os insu- mos e as matérias-primas. No comércio, as compras de mercado- rias realizadas em melhores condições proporcionam venda mais rápida e, possivelmente, com maior margem de lucro. A gestão de compras é tida como um fator estratégico nos ne- gócios. Comprar significa procurar, adquirir e receber mercadorias e insumos necessários à manutenção, funcionamento e expansão da empresa. As compras são responsáveis por uma margem de 50% a 80% dos gastos da empresa e, portanto, causa grande im- pacto nos lucros. Vejamos quais são as modalidades de compras mais utiliza- das: Didatismo e Conhecimento 7 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS • Compras de emergência – realizadas às pressas para atender uma necessidade surgida de surpresa. Isso é desvantajoso porque reduz seu poder de negociação com o fornecedor e a com- petitividade da empresa no mercado. As compras de emergência ocasionam aquisição de mercadorias com preços altos e rupturas no estoque, além da paralisação da unidade, motivado por falta de controle por parte de quem requisita ou compra. Assim, parareduzir ou anular as compras de emergência, a empresa deve esta- belecer controle de estoque adequado. • Compras especulativas – são feitas para especular com possível alta de preços, geralmente antes da necessidade se apre- sentar. Esta modalidade é perigosa, pois além de comprometer o capital de giro pode acarretar prejuízos para a empresa, se não acontecer a alta de preços prevista. • Compras contratadas – realizadas por meio de contra- tos que preveem a entrega dos produtos em épocas preestabeleci- das. Esta modalidade é muito utilizada na indústria, para forneci- mento de matéria-prima e no comércio, para mercadorias espe- ciais, modelos exclusivos ou produtos novos não lançados ainda no mercado. • Compras de reposição – compras realizadas para adqui- rir mercadorias que apresentam comportamento estável de vendas. É muito utilizada no comércio, principalmente em supermercados, onde os produtos de primeira necessidade (pão, leite, arroz, feijão, outros produtos alimentícios) e produtos de higiene e limpeza pes- soal (sabonete, pasta de dentes e outros) apresentam um comporta- mento de vendas equilibrado, durante o ano todo. Não é tão fácil definir quais os fornecedores que apresentam todas as condições necessárias: se o preço de aquisição é justo e oferece condições de marcar um preço de venda que permita con- correr no mercado e, ao mesmo tempo, obter uma boa margem de lucro; se a qualidade dos produtos oferecidos tem a perfeição do acabamento exigida pelo consumidor; se a quantidade ofere- cida é suficiente para as necessidades de produção e vendas de um determinado período; se os prazos de entrega satisfazem as programações de vendas da empresa; se os prazos de pagamento cobrem os prazos médios de vendas e não comprometem o capital de giro próprio. Toda empresa deve possuir um bom cadastro, onde são regis- tradas as informações necessárias sobre os fornecedores (endere- ço, número do CNPJ, número da inscrição, objetivos sociais, pes- soas para contato, linhas de produtos ou mercadorias, prazo médio de entrega, condições de pagamento, política de descontos etc). As atividades de compras nas pequenas empresas, geralmen- te são funções exercidas pelo proprietário. De qualquer modo o encarregado de compras – seja ele o próprio dono ou um funcio- nário – deve conhecer e seguir algumas regras básicas ao bom desempenho de suas funções: Ele conhece bem o mercado? Ele conhece bem os estoques da empresa? Ele conhece o orçamento da empresa? Ele é cauteloso?Ele acompanha permanentemente os pedidos? Ele faz os pedidos por escrito? Ele é atualizado? Ele possui requisitos para desenvolver suas tarefas (responsabilidade; paciência; habilidade no trato com pessoas; bom senso e iniciativa; capacidade para se comunicar; senso de organização; boa memó- ria; gosto pela leitura)?. 4. COMPRAS NO SETOR PÚBLICO, 4.1 MODALIDADES, DISPENSAS E INEXIGI- BILIDADE DE LICITAÇÃO PÚBLICA. 4.2 OBJETO DE LICITAÇÃO, 4.3 EDITAL DE LICITAÇÃO, 4.4 PREGÃO, 4.5 CONTRATOS E COMPRAS e 4.6 CONVÊNIOS, CONTRATOS DE GESTÃO E TERMOS SIMILARES. Nas empresas estatais e autárquicas, como também no serviço público em geral, ao contrário da iniciativa privada, as aquisições de qualquer natureza obedecem a Lei nº. 8.666, de 21-6-1993, al- terada pela Lei nº. 8.883, de 8-6-1994, motivo pelo qual se tornam totalmente transparentes. Observa-se que a diferença entre os tipos de compras é a formalidade no serviço público e a informalidade na iniciativa privada. Independentemente dessa particularidade, os procedimentos são praticamente idênticos. O artigo 14 da lei de licitações e contratos administrativos disciplina de forma objetiva: para que a administração efetue qualquer compra, preliminarmen- te, deve curvar-se a dois princípios fundamentais: 1 - A definição precisa do seu objeto; 2 - A existência de recursos orçamentários que garantam o pagamento resultante. Assim está determinado no citado artigo 14: “Art. 14 - Nenhuma compra será feita sem a adequada ca- racterização de seu objeto e indicação dos recursos orçamentários para seu pagamento, sob pena de nulidade do ato e responsabilida- de de quem lhe tiver dado causa ”. Para se caracterizar o objeto da compra deve-se: 1. Avaliar a necessidade (planejamento); 2. Definir o quanto adquirir; 3. Verifi- car as condições de guarda e armazenamento; 4. Buscar atender o princípio da padronização; 5. Obter as informações técnicas quan- do necessárias; 6. Proceder a pesquisas de mercado; 7. Definir a modalidade e tipo de licitação ou a sua dispensa / inexigibilidade; 8. Indicar (empenho) os recursos orçamentários. O Objeto de Licitação é o bem/ serviço ao qual a Administra- ção pretende adquirir. Ex.: Prestação de serviços de mão de obra, Aquisição de Móveis, etc. Nos tempos atuais, diante de tamanha evolução no campo tec- nológico, empresarial e social, o Estado não pode ficar à margem, apenas como expectador. A ideia de uma Administração Pública baseada na tradição, na rigorosidade formal, numa ordem burocrá- tica pesada, está se tornando modelo ultrapassado e nada eficiente. Urge a necessidade de um modelo gerencial na gestão admi- nistrativa, capaz de realizar a função pública de forma eficiente, moderna, acompanhando a evolução econômica e financeira da sociedade, sem olvidar dos princípios basilares que orientam a Ad- ministração Pública. Com a crescente demanda por bens, obras, serviços em todo o País, quando ao Estado cumpre garantir o desenvolvimento econô- mico e social, tornou-se imprescindível adoção de procedimentos e mecanismos de controle, que garantam a aplicação do grande volume de recursos disponíveis, com eficiência e transparência. Uma das formas eficientes utilizadas pela Administração Pública é a licitação. A Constituição de 1988, art. 37, inc. XXI criou bases, nas quais mais tarde, em 21 de junho de 1993, assentou-se a Lei Fe- deral nº 8.666, que instituiu o Estatuto das Licitações e Contratos Administrativos. Para o setor público o instrumento utilizado para compras é a licitação, como forma de dar transparência à compra pública. Didatismo e Conhecimento 8 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS Licitação é o procedimento administrativo pelo qual uma pessoa governamental pretendendo alienar, adquirir ou locar bens, realizar obras ou serviços, segundo condições por ela estipuladas previamente, convoca interessados na apresentação de propostas, a fim de selecionar a que se revele mais conveniente em função de parâmetros antecipadamente estabelecidos e divulgados. Este pro- cedimento visa garantir duplo objetivo: de um, lado proporcionar às entidades governamentais possibilidade de realizarem o negó- cio mais vantajoso; de outro, assegurar aos administrados ensejo de disputarem entre si a participação nos negócios que as pessoas administrativas entendam de realizar com os particulares. A Administração Pública lançará mão da licitação toda vez que for comprar bens, executar obras, contratar serviços, ou con- ceder a um terceiro o poder de, em seu nome, prestar algum tipo de serviço público, como é o caso das concessões. Quem está obrigado a licitar: União, Estados, Municípios, Distrito Federal, Territórios e autarquias estão obrigados a licitar, em obediência às pertinentes leis de licitação, o que é ponto in- controverso. O problema que se põe é saber se as sociedades de economia mista e empresas públicas também se sujeitam ao dever de licitar. Inexigibilidade De Licitação: A obrigatoriedade somente não se aplica em determinados casos descritos a seguir conforme de- creto-lei Nº 200 de 25 de fevereiro de 1967: Art. 126. As compras, obras e serviços efetuar-se-ão com estrita observância do princípio da licitação. A licitação só será dispensada nos casos previstos nesta lei. § 2.0. É dispensável a licitação: Nos casos deguerra, grave per- turbação da ordem ou calamidade pública; Quando sua realiza- ção comprometer a segurança nacional, a juízo do Presidente da República; Quando não acudirem interessados à licitação anterior, mantidas, neste caso, as condições preestabelecidas; Na aquisição de materiais, equipamentos ou gêneros que só podem ser forneci- dos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivos, bem como na contratação de serviços com profissionais ou firmas de notória especialização; Na aquisição de obras de arte e objetos históricos; Quando a operação envolver concessionário de serviço público ou, exclusivamente, pessoas de direito público interno ou entidades sujeitas ao seu controle majoritário; Na aquisição ou ar- rendamento de imóveis destinados ao Serviço Público; Nos casos de emergência, caracterizada a urgência de atendimento de situa- ção que possa ocasionar prejuízos ou comprometer a segurança de pessoas, obras, bens ou equipamentos; Nas compras ou execução de obras e serviços de pequeno vulto, entendidos como tal os que envolverem importância inferior a cinco vezes, no caso de com- pras e serviços, e a cinquenta vezes, no caso de obras, o valor do maior salário mínimo mensal. Como todo sistema jurídico, o instituto das licitações também tem seus princípios norteadores. Discorreremos acerca de alguns deles, ainda que forma bastante simples. O princípio da legalidade, como princípio geral previsto no art. 5º, II, da Constituição de 1988, segundo o qual “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer senão em virtude de lei”, obri- ga a Administração Pública, quando da compra, obra, contração de serviços ou alienação, a proceder de acordo com o que a Consti- tuição Federal e Leis preveem. A não observação desse princípio impregnará o processo licitatório de vício, trazendo nulidade como consequência. Pelo princípio da isonomia, é assegurada a igualdade no tra- tamento a todos quantos venham participar do certame licitatório. O princípio da competitividade garante a livre participação a todos, porém, essa liberdade de participação é relativa, não signifi- cando que qualquer empresa será admitida no processo licitatório. Por exemplo, não faz sentido uma empresa fabricante de automó- veis tencionar participar de um processo de licitação, quando o objeto do certame seja compra de alimentos. A Administração Pública se balizará no princípio da impes- soalidade para evitar a preferência por alguma empresa especifi- camente, cuja não observação implicaria prejuízo para a lisura do processo licitatório, e como consequência a decretação da nulidade do processo. Como a licitação busca atender ao interesse público, à coleti- vidade, a escolha e julgamento da melhor proposta obedecerão ao princípio da publicidade, que visa tornar a futura licitação conhe- cida dos interessados e dar conhecimento aos licitantes bem como à sociedade em geral, sobre seus atos. Outra função desse princí- pio é garantir aos cidadãos o acesso à documentação referente à licitação, bem como sua participação em audiências públicas, nas hipóteses previstas no art. 39, da Lei nº 8.666/93. A proposta mais vantajosa nem sempre é a mais barata. Como dizem alguns, às vezes o barato sai caro. A Administração Pública deve saber definir quando, quanto, o que e por que vai comprar, a exemplo da situação onde há opção de compra ou locação. É nessa análise que o princípio da economicidade se revela, auxiliando a aplicação dos recursos públicos com zelo e eficiência. Modalidades da Licitação: Cinco são as modalidades de li- citação previstas na lei - art. 22 (O § 8’ veda a criação de outras modalidades licitatórias ou sua combinação): Concorrência - é a modalidade de licitação própria para contratos de grande valor, em que se admite a participação de quaisquer interessados, cadas- trados ou não, que satisfaçam as condições do edital, convocados com a antecedência mínima prevista na lei, com ampla publicidade pelo órgão oficial e pela imprensa particular; Tomada de preços - é a licitação realizada entre interessados previamente registra- dos, observada a necessária habilitação, convocados com a ante- cedência mínima prevista na lei, por aviso publicado na imprensa oficial e em jornal particular, contendo as informações essenciais da licitação e o local onde pode ser obtido o edital. A nova lei apro- ximou a tomada de preços da concorrência, exigindo a publicação do aviso e permitindo o cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas; Convite - é a modalidade de licitação mais simples, destinada às contratações de pequeno valor, consistindo na solicitação escrita a pelo menos três interessados do ramo, registrados ou não, para que apresentem suas propostas no prazo mínimo de cinco dias úteis. O convite não exige publica- ção, porque é feito diretamente aos escolhidos pela Administração através de carta-convite. A lei nova, porém, determina que cópia do instrumento convocatório seja afixada em local apropriado, estendendo-se automaticamente aos demais cadastrados da mesma categoria, desde que manifestem seu interesse até vinte e quatro horas antes da apresentação das propostas; Concurso - é a modali- dade de licitação destinada à escolha de trabalho técnico ou artís- tico predominantemente de criação intelectual. Normalmente, há atribuição de prêmio aos classificados, mas a lei admite também a oferta de remuneração; Leilão - é espécie de licitação utilizável na venda de bens móveis e semoventes e, em casos especiais, também de imóveis. • Publicação Dos Editais: os editais de concorrência, to- mada de preços, concurso e leilão deverão ser publicados com an- tecedência, no mínimo, por uma vez no Diário Oficial da União, no Diário Oficial do Estado, ou em jornal de grande circulação no Estado e também, se houver, em jornal de circulação no Municí- pio, dependendo da estância da licitação. Didatismo e Conhecimento 9 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS • Prazos Para Publicação Do Edital: o prazo mínimo que deverá mediar entre a última publicação do edital resumido ou da expedição do convite e o recebimento das propostas será: De qua- renta e cinco dias para: Concurso; Concorrência: do tipo “melhor técnica” ou “técnica e preço”, ou execução por empreitada inte- gral; De trinta dias para: Concorrência, nos casos não especifica- dos acima; Tomada de preços, quando a licitação for do tipo “me- lhor técnica” ou “técnica e preço”; De quinze dias para: Tomada de preços, nos casos não especificados acima; Leilão; De cinco dias úteis para: Convite. • Procedimento Da Licitação: Apesar dos atos que com- põem o procedimento terem, cada um, finalidade específica, eles têm um objetivo comum: a seleção da melhor proposta. Este ato derradeiro do procedimento é um ato unilateral que se inclui dentro do próprio certame, diferentemente do contrato, que é externo ao procedimento. “O procedimento da licitação será iniciado com a abertura de processo administrativo, devidamente autuado, proto- colado e numerado, contendo a autorização respectiva, a indicação sucinta de seu objeto e do recurso próprio para a despesa, e ao qual serão juntados oportunamente: “Da Requisição de Compra deverá constar obrigatoriamente: Justificativa do pedido, endossada pelo titular do órgão; Especificação adequada do produto a ser adqui- rido; Indicação do recurso próprio a ser onerado, devidamente confirmado pela Seção de Contabilidade da unidade requisitante; Atendimento ao princípio de padronização, sempre que possível for; Indicação dos fatores a serem considerados e expressamente declarados no Edital, para fins de julgamento das propostas. Segundo Hely Lopes Meirelles, esta é a fase interna da licita- ção à qual se segue a fase externa, que se desenvolve através dos seguintes atos, nesta ordem: 1. Edital ou convitede convocação dos interessados; 2. Recebimento da documentação e propostas; 3. Habilitação dos licitantes; 4. Julgamento das propostas (classifica- ção) 5. Adjudicação e homologação. A modalidade em que todas as fases da licitação se encontram claramente definidas é a concorrência. 1) Edital: “É o instrumento pelo qual a Administração leva ao conhecimento público a abertura de concorrência, de tomada de preços, de concurso e de leilão, fixa as condições de sua realização e convoca os interessados para a apresentação de suas propostas”. Como lei interna da licitação, vincula a Administração e os parti- cipantes. Funções do edital: o edital dá publicidade à licitação; Iden- tifica o objeto licitado e delimita o universo das propostas; Cir- cunscreve o universo dos proponentes; Estabelece os critérios para análise e avaliação dos proponentes e das propostas;Regula atos e termos processuais do procedimento; Fixa cláusulas do futuro contrato. 2) Habilitação: A habilitação, por vezes denominada “qua- lificação”, é a fase do procedimento em que se analisa a aptidão dos licitantes. Entende-se por aptidão a qualificação indispensável para que sua proposta possa ser objeto de consideração, sendo que o licitante pode ser habilitado ou não pelo órgão competente. Obs: Na modalidade de licitação chamada “convite” inexiste a fase de habilitação. Ela é presumida; é feita a priori pelo próprio órgão licitante que escolhe e convoca aqueles que julgam capaci- tados a participar do certame, admitindo, também, eventual inte- ressado, não convidado, mas cadastrado. 3) Classificação: “É o ato pelo qual as propostas admitidas são ordenadas em função das vantagens que oferecem, na confor- midade dos critérios de avaliação estabelecidos no edital”. Após se confrontar as ofertas, classificam-se as propostas e escolhe-se o vencedor, a partir das vantagens que oferecem, na conformidade dos critérios de avaliação estabelecidos no edital a quem deverá ser adjudicado o objeto da licitação.” A classificação se divide em duas fases: Na primeira, ocorre a abertura dos envelopes “propos- ta” entregues pelos participantes do certame. Os envelopes são abertos em ato público, previamente designado, do qual se lavrará ata circunstanciada; Na segunda, há o julgamento das propostas, que deve ser objetivo e em conformidade com os tipos de licitação. Critérios de classificação: Existem quatro tipos básicos de licitação (4 critérios básicos para avaliação das propostas): Licitação de me- nor preço - é a mais comum. O critério do menor preço é, sem dú- vida, o mais objetivo. É usual na contratação de obras singelas, de serviços que dispensam especialização, na compra de materiais ou gêneros padronizados; Licitação de melhor técnica - esse critério privilegia a qualidade do bem, obra ou serviço proposto em função da necessidade administrativa a ser preenchida. O que a Adminis- tração pretende é a obra, o serviço, o material mais eficiente, ma is durável, mais adequado aos objetivos a serem atingidos; Licitação de técnica e preço - neste tipo de licitação, combinam-se os dois fatores: técnica e preço. Esse critério pode consistir em que a técnica e preço sejam avaliados separadamente, de modo a que, após selecionar as pro- postas que vierem a alcançar certo índice de qualidade ou de téc- nica, o preço será o fator de decisão. Pode-se, ainda atribuir pesos, ou seja, ponderação aos resultados da parte técnica e ponderação ao preço, que serão considerados em conjunto; Licitação de maior lance ou oferta - nos casos de alienação de bens ou concessão de direito real de uso (art. 45 § 1’ da Lei 8.666/93). As propostas que estiverem de acordo com o edital serão classificadas na ordem de preferência, na escolha conforme o tipo de licitação. Aquelas que não se apresentarem em conformidade com o instrumento convo- catório serão desclassificadas. Não se pode aceitar proposta que apresente preços unitários simbólicos, irrisórios ou de valor zero, ainda que o instrumento convocatório não tenha estabelecido limi- tes mínimos (v. § 3’ do art. 44 da Lei 8.666/93). O pregão é a modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços comuns em que a disputa pelo fornecimento é feita em sessão pública, por meio de propostas e lances, para classificação e habilitação do licitante com a proposta de menor preço. A grande inovação do pregão se dá pela inversão das fases de habilitação e análise das propostas. Dessa forma, apenas a docu- mentação do participante que tenha apresentado a melhor proposta é analisada. Além disso, a definição da proposta mais vantajosa para a Ad- ministração é feita através de proposta de preço escrita e, após, disputa através de lances verbais. Após os lances, ainda pode haver a negociação direta com o pregoeiro, no intuito da diminuição do valor ofertado. O pregão vem se somar às demais modalidades previstas na Lei n.º 8.666/93, que são a concorrência, a tomada de preços, o convite, o concurso e o leilão. Diversamente destas modalidades, o pregão pode ser aplicado a qualquer valor estimado de contra- tação, de forma que constitui alternativa a todas as modalidades. Outra peculiaridade é que o pregão admite como critério de julga- mento da proposta somente o menor preço. Didatismo e Conhecimento 10 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS O pregão foi instituído exclusivamente no âmbito da União, ou seja, só pode ser aplicado na Administração Pública Federal, compreendidos os três Poderes. Especificamente, alcança os mes- mos órgãos e entidades da Administração Federal sujeitos à inci- dência da Lei n.º 8.666/93: a administração direta, as autarquias, as fundações, as empresas públicas e as sociedades de economia mista. Bens e Serviços Comuns Bens e serviços comuns são aqueles cujos padrões de desem- penho e qualidades possam ser objetivamente definidas pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado. Trata-se, portanto, de bens e serviços geralmente oferecidos por diversos fornecedo- res e facilmente comparáveis entre si, de modo a permitir a decisão de compra com base no menor preço. A relação dos bens e serviços que se enquadram nessa tipifica- ção está contida no Anexo II do Decreto n.º 3.555, de 8 de agosto de 2000, que regulamenta o pregão. Base Legal A Lei n.º 10.520, de 17 de julho de 2002, instituiu o pregão como nova modalidade de licitação. O Decreto n.º 3.555/00 deta- lha os procedimentos previstos na Lei e especifica os bens e ser- viços comuns. Etapa Competitiva A etapa competitiva transcorre durante a sessão pública do pregão, que consiste em evento no qual são recebidas as propostas escritas e a documentação de habilitação, realizada a disputa por lances verbais e o seu julgamento e classificação, seguido da ha- bilitação da melhor proposta e, finalmente, da proclamação de um vencedor. A etapa competitiva poderá ser sucessivamente retoma- da no caso de descumprimento dos requisitos de habilitação, pelo vencedor. A sessão pública será realizada no dia, hora e local que tenham sido designados no Edital. A sequência de procedimentos descrita a seguir deverá ser obrigatoriamente observada na etapa competitiva do pregão. Credenciamento Os interessados devem comparecer no dia, hora e local pre- vistos, diretamente ou por seus representantes legais, que deverão se identificar e comprovar possuírem os poderes exigidos para a formulação de propostas e participação no pregão. Recebimentos dos envelopes Verificadas as credenciais de todos os presentes, é declarada aberta a sessão pelo pregoeiro, que transcorrerá de forma ininter- rupta até o encerramento dos trabalhos. São então recebidas as propostas dos licitantes e respectivas documentações de habilitação, em dois invólucros separados, da seguinte forma: 1. Envelope contendo a proposta; 2. Envelope contendoa documentação de habilitação do interessado. Importante inovação trazida pelos procedimentos do pregão, a comprovação documental de atendimento aos requisitos da ha- bilitação só será verificada no caso da proposta vencedora. Isto simplifica o processo, evitando o exame demorado e trabalhoso de extensa documentação apresentada por todos os participantes. Abertura das Propostas e Classificação dos Licitantes de Me- lhor Oferta Imediatamente após a sua entrega, os envelopes contendo as propostas de preço são abertos. O pregoeiro faz a leitura dos envelopes com o preço ofertado de cada participante, o qual será registrado no sistema informatiza- do e projetado em tela, ou, alternativamente, será anotado em qua- dro-negro, assegurando perfeita visualização e acompanhamento por todos os presentes. Nesta etapa é realizada a classificação das propostas cujos licitantes poderão participar da etapa de apresentação de lances verbais. A participação só é permitida para aqueles ofertantes cujas propostas por escrito apresentem valor situado dentro de um inter- valo entre o menor preço oferecido e os demais. O objetivo é esti- mular os participantes a apresentarem propostas compatíveis com a realidade do mercado, punindo a tentativa de inflacionar preços. Assim, o pregoeiro anunciará a proposta por escrito de menor preço e em seguida aquelas cujos preços se situem dentro do inter- valo de 10% acima da primeira. Somente estes ofertantes poderão fazer lances verbais adicionalmente às propostas escritas que te- nham apresentado. Não havendo pelo menos três propostas de preços nas condi- ções definidas no parágrafo anterior, o pregoeiro classificará as três melhores, quaisquer que sejam os preços oferecidos. Lances Verbais Nesta etapa, é franqueada a formulação dos lances verbais, que necessariamente devem contemplar preços de valor decres- cente em relação à proposta por escrito de menor valor. O pregoeiro convidará o participante selecionado que tenha apresentado a proposta selecionada de maior valor, para dar iní- cio à apresentação de lances verbais. Os lances serão formulados obedecendo à sequência do maior para o menor preço escrito se- lecionado. Sempre que um licitante desistir de apresentar lance, ao ser convidado pelo pregoeiro, será excluído da disputa verbal. A ausência de lance verbal não impede a continuação da ses- são para a etapa de julgamento e classificação, que nesse caso exa- minará as ofertas escritas. Julgamento e Classificação Final Esgotada a apresentação de lances verbais, o pregoeiro passa ao julgamento da proposta de menor preço. A modalidade pregão prevê a aplicação tão somente da licitação de tipo menor preço, que define como vencedor o licitante que apresente a proposta mais vantajosa para a Administração Pública. O pregoeiro procederá à classificação do último lance apre- sentado por cada licitante, conforme ordenação crescente de preço. No caso de participante que não tenha apresentado lance verbal, é classificada a proposta por escrito apresentada inicialmente. Da mesma forma, na hipótese de não haver apresentação de lance ver- bal pelos participantes, o pregoeiro classificará as propostas por escrito. Realizada a classificação das propostas, a de menor valor será então examinada em relação a sua aceitabilidade. Este exame com- preende a verificação da compatibilidade da proposta com o preço estimado pela Administração Pública na elaboração do Edital. O pregoeiro poderá negociar diretamente com o licitante, visando obter reduções adicionais de preço. Não há obrigação de aceitar proposta cujo valor seja excessivo em relação à estimativa de pre- ço previamente elaborada pela Administração. O exame de aceitabilidade também considera a compatibilidade da proposta com os requisitos definidos no edital, relativamente a: 1. Prazos de fornecimento; 2. Especificações técnicas; 3. Parâmetros de desempenho e de qualidade. Didatismo e Conhecimento 11 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS Habilitação A fase de habilitação tem lugar depois de classificadas as pro- postas e realizado seu julgamento, identificada aquela de menor preço. Sendo assim, a habilitação ocorre depois do julgamento da proposta de menor preço ofertada. Depois de encerrada a etapa de competição entre propostas de preço, o pregoeiro procederá à abertura do envelope contendo a documentação de habilitação do licitante que tiver apresentado a melhor proposta julgada, ou seja, aquela de menor preço, consi- derada aceitável. Será examinada tão somente a documentação do vencedor da etapa competitiva entre preços. O exame constará de verificação da documentação relativa a: 1. Habilitação jurídica; 2. Qualificação técnica; 3. Qualificação econômico-financeira; 4. Regularidade fiscal; e conformidade com as disposições constitucionais relativas ao trabalho do menor de idade. A habilitação jurídica e a qualificação técnica e econômico- -financeira obedecerão aos critérios estabelecidos no Edital. A regularidade fiscal deverá ser verificada em relação à Fa- zenda Nacional, a Seguridade Social e o FGTS. Os fornecedores regularmente cadastrados no Sistema de Cadastramento Unifica- do de Fornecedores - SICAF, estão dispensados de apresentar os documentos de habilitação jurídica, de qualificação econômico- -financeira e de regularidade fiscal. Neste caso, o pregoeiro pro- cederá à consulta ao SICAF, que contém registros relativos a estas exigências de habilitação. O exame da documentação ou a consulta ao SICAF podem resultar na impossibilidade de habilitação do licitante que tenha apresentado a melhor proposta de preço. Neste caso, deverão ser examinados em seguida, os documentos de habilitação do segun- do colocado, conforme a classificação e assim sucessivamente, até que um licitante atenda às exigências de habilitação. Indicação do Vencedor Será declarado vencedor do pregão o licitante que tiver apre- sentado a proposta classificada de menor preço e que subsequente- mente tenha sido habilitado. Qualquer participante pode recorrer, assim que for declarado o vencedor. Não ocorrendo imediata ma- nifestação acompanhada da explicitação dos motivos, será confi- gurada a preclusão do direito de recurso. Recurso A apresentação de recurso não se conclui durante a sessão do pregão. Existindo intenção de interpor recurso, o licitante deve- rá manifestá-la ao pregoeiro, de viva voz, imediatamente após a declaração do vencedor. A manifestação necessariamente explici- tará motivação consistente, que será liminarmente avaliada pelo pregoeiro, o qual decidirá pela sua aceitação ou não. Admitido o recurso, o licitante dispõe do prazo de três dias para apresentação do recurso, por escrito, que será disponibilizado a todos os partici- pantes em dia, horário e local previamente comunicado, durante a sessão do pregão. Os demais licitantes poderão apresentar contra razões em até 3 dias, contados a partir do término do prazo do recorrente. É assegurado aos licitantes vista imediata dos autos do pregão, com a finalidade de subsidiar a preparação de recursos e de contra razões. A decisão sobre recurso será instruída por parecer do prego- eiro e homologada pela Autoridade Competente responsável pela licitação. O acolhimento do recurso implica tão somente na inva- lidação daqueles atos que não sejam passíveis de aproveitamento. Adjudicação e Homologação A adjudicação do licitante vencedor será realizada pelo prego- eiro, ao final da sessão do pregão, sempre que não houver manifes- tação dos participantes no sentido de apresentar recurso. Ocorrendo a interposição de recurso, a adjudicação ou o aca- tamento do recurso será realizado pela Autoridade Competente, depois de transcorridos os prazos devidos e decididos os recursos. A homologação da licitação é de responsabilidade da Autorida-de Competente e só podem ser realizados depois de decididos os recursos e confirmada à regularidade de todos os procedimentos adotados. CONTRATOS E COMPRAS LEI Nº 8.666 - DE 21 DE JUNHO DE 1993 - DOU DE 6/7/93 - Republicada SEÇÃO V - DAS COMPRAS Art. 14. Nenhuma compra será feita sem a adequada caracte- rização de seu objeto e indicação dos recursos orçamentários para seu pagamento, sob pena de nulidade do ato e responsabilidade de quem lhe tiver dado causa. Art. 15. As compras, sempre que possível deverão: I - atender ao princípio da padronização, que imponha com- patibilidade de especificações técnicas e de desempenho, observa- das, quando for o caso, as condições de manutenção, assistência técnica e garantia oferecidas; II - ser processadas através de sistema de registro de preços; III - submeter-se às condições de aquisição e pagamento se- melhantes às do setor privado; IV - ser subdivididas em tantas parcelas quantas necessárias para aproveitar as peculiaridades do mercado, visando economi- cidade; V - balizar-se pelos preços praticados no âmbito dos órgãos e entidades da Administração Pública. §1º O registro de preços será precedido de ampla pesquisa de mercado. §2º Os preços registrados serão publicados trimestralmente para orientação da administração, na imprensa oficial. §3º O sistema de registro de preços será regulamentado por decreto, atendidas as peculiaridades regionais, observadas as se- guintes condições; I - seleção feita mediante concorrência; II - estipulação prévia do sistema de controle e atualização dos preços registrados; III - validade do registro não superior a um ano. §4º A existência de preços registrados não obriga a adminis- tração a firmar as contratações que deles poderão advir, ficando- -lhe facultada a utilização de outros meios, respeitada a legislação relativa às licitações, sendo assegurado ao beneficiário do registro preferência em igualdade de condições. §5º O sistema de controle originado no quadro geral de pre- ços, quando possível, deverá ser informatizado. §6º Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar preço constante do quadro geral em razão de incompatibilidade desse com o preço vigente no mercado. §7º Nas compras deverão ser observadas, ainda: I - a especificação completa do bem a ser adquirido sem indi- cação de marca; II - a definição das unidades e das quantidades a serem adqui- ridas em função do consumo e utilização prováveis, cuja estimati- va será obtida, sempre que possível, mediante adequadas técnicas quantitativas de estimação; Didatismo e Conhecimento 12 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS III - as condições de guarda e armazenamento que não permi- tam a deterioração do material. §8º O recebimento de material de valor superior ao limite es- tabelecido no art. 23 desta lei, para a modalidade de convite, deve- rá ser confiado a uma comissão de, no mínimo, 3 (três) membros. Art. 16. Será dada publicidade, mensalmente, em órgão de di- vulgação oficial ou em quadro de avisos de amplo acesso público, à relação de todas as compras feitas pela administração direta ou indireta, de maneira a clarificar a identificação do bem comprado, seu preço unitário, a quantidade adquirida, o nome do vendedor e o valor total da operação, podendo ser aglutinadas por itens as compras feitas com dispensa e inexigibilidade de licitação. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos casos de dispensa de licitação previstos no inciso IX do art. 24. CAPÍTULO III - DOS CONTRATOS SEÇÃO I - DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 54. Os contratos administrativos de que trata esta lei re- gulam-se pelas suas cláusulas e pelos preceitos de direito público, aplicando-se lhes, supletivamente, os princípios da teoria geral dos contratos e as disposições de direito privado. §1º Os contratos devem estabelecer com clareza e precisão as condições para sua execução, expressas em cláusulas que de- finam os direitos, obrigações e responsabilidades das partes, em conformidade com os termos da licitação e da proposta a que se vinculam. §2º Os contratos decorrentes de dispensa ou de inexigibilida- de de licitação devem atender aos termos do ato que os autorizou e da respectiva proposta. Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as que estabeleçam: I - o objeto e seus elementos característicos; II - o regime de execução ou a forma de fornecimento; III - o preço e as condições de pagamento, os critérios, data- -base e periodicidade do reajustamento de preços, os critérios de atualização monetária entre a data do adimplemento das obriga- ções e a do efetivo pagamento; IV - os prazos de início de etapas de execução, de conclusão, de entrega, de observação e de recebimento definitivo, conforme o caso; V - o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da classificação funcional programática e da categoria econômica; VI - as garantias oferecidas para assegurar sua plena execu- ção, quando exigidas; VII - os direitos e as responsabilidades das partes, as penalida- des cabíveis e os valores das multas; VIII - os casos de rescisão; IX - o reconhecimento dos direitos da Administração, em caso de rescisão administrativa prevista no art. 77 desta lei; X - as condições de importação, a data e a taxa de câmbio para conversão, quando for o caso; XI - a vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a dis- pensou ou a inexigiu, ao convite e à proposta do licitante vencedor; XII - a legislação aplicável à execução do contrato e especial- mente aos casos omissos; XIII - a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação. §1º (Vetado). §2º Nos contratos celebrados pela Administração Pública com pessoas físicas ou jurídicas, inclusive aquelas domiciliadas no estrangeiro, deverá constar necessariamente cláusula que declare competente o foro da sede da Administração para dirimir qualquer questão contratual, salvo o disposto no § 6º do art. 32 desta lei. §3º No ato da liquidação da despesa, os serviços de conta- bilidade comunicarão, aos órgãos incumbidos da arrecadação e fiscalização de tributos da União, Estado ou Município, as caracte- rísticas e os valores pagos, segundo o disposto no art. 63 da Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Art. 56. A critério da autoridade competente, em cada caso, e desde que prevista no instrumento convocatório, poderá ser exi- gida prestação de garantia nas contratações de obras, serviços e compras. §1º Caberá ao contratado optar por uma das seguintes moda- lidades de garantia: I - caução em dinheiro ou títulos da dívida pública; II - seguro-garantia; III - fiança bancária. §2º A garantia a que se refere o caput deste artigo não excede- rá a cinco por cento do valor do contrato e terá seu valor atualizado nas mesmas condições daquele, ressalvado o previsto no § 3º deste artigo. §3º Para obras, serviços e fornecimentos de grande vulto en- volvendo alta complexidade técnica e riscos financeiros considerá- veis, demonstrados através de parecer tecnicamente aprovado pela autoridade competente, o limite de garantia previsto no parágrafo anterior poderá ser elevado para até dez por cento do valor do con- trato. §4º A garantia prestada pelo contratado será liberada ou resti- tuída após a execução do contrato, e, quando em dinheiro, atuali- zada monetariamente. §5º Nos casos de contratos que importem na entrega de bens pela Administração, dos quais o contratado ficará depositário, ao valor da garantia deverá ser acrescido o valor desses bens. Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta lei ficará adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários, exceto quanto aosrelativos: I - aos projetos cujos produtos estejam contemplados nas me- tas estabelecidas no Plano Plurianual, os quais poderão ser prorro- gados se houver interesse da Administração e desde que isso tenha sido previsto no ato convocatório; II - à prestação de serviços a serem executados de forma con- tínua que deverão ter a sua duração dimensionada com vistas à obtenção de preços e condições mais vantajosas para a Adminis- tração, limitada a duração a sessenta meses; III - (Vetado). IV - ao aluguel de equipamentos e à utilização de programas de informática, podendo a duração estender-se pelo prazo de até 48 (quarenta e oito) meses após o início da vigência do contrato. §1º Os prazos de início de etapas de execução, de conclusão e de entrega admitem prorrogação, mantidas as demais cláusulas do contrato e assegurada a manutenção de seu equilíbrio econômico- -financeiro, desde que ocorra algum dos seguintes motivos, devi- damente autuados em processo: I - alteração do projeto ou especificações, pela Administração; II - superveniência de fato excepcional ou imprevisível, estra- nho à vontade das partes, que altere fundamentalmente as condi- ções de execução do contrato; Didatismo e Conhecimento 13 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS III - interrupção da execução do contrato ou diminuição do ritmo de trabalho por ordem e no interesse da Administração; IV - aumento das quantidades inicialmente previstas no con- trato, nos limites permitidos por esta lei; V - impedimento de execução por fato ou ato de terceiro reco- nhecido pela Administração em documento contemporâneo à sua ocorrência; VI - omissão ou atraso de providências a cargo da Adminis- tração, inclusive quanto aos pagamentos previstos de que resulte, diretamente, impedimento ou retardamento na execução do con- trato, sem prejuízo das sanções legais aplicáveis aos responsáveis; §2º Toda prorrogação de prazo deverá ser justificada por es- crito e previamente, autorizada pela autoridade competente para celebrar o contrato. §3º É vedado o contrato com prazo de vigência indetermina- do. Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos ins- tituído por esta lei confere à Administração, em relação a eles, a prerrogativa de: I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de interesse públicos respeitados os direitos do con- tratado; II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no inciso I do art. 79 desta lei; III - Fiscalizar-lhes a execução; IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou par- cial do ajuste. V - nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato, na hipótese da necessidade de acautelar apuração admi- nistrativa de faltas contratuais pelo contratado, bem como na hipó- tese de rescisão do contrato administrativo. §1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos contratos administrativos não poderão ser alteradas sem prévia concordância do contratado. §2º Na hipótese do inciso I deste artigo, as cláusulas econômi- co-financeiras do contrato deverão ser revistas para que se mante- nha o equilíbrio contratual. Art. 59. A declaração de nulidade do contrato administrati- vo opera retroativamente impedindo os efeitos jurídicos que ele, ordinariamente, deveria produzir, além de desconstituir os já pro- duzidos. Parágrafo único. A nulidade não exonera a Administração do dever de indenizar o contratado pelo que este houver executado até a data em que ela for declarada e por outros prejuízos regularmente comprovados, contanto que não lhe seja imputável, promovendo- -se a responsabilidade de quem lhe deu causa. SEÇÃO II - DA FORMALIZAÇÃO DOS CONTRATOS Art. 60. Os contratos e seus aditamentos serão lavrados nas repartições interessadas, as quais manterão arquivo cronológico dos seus autógrafos e registro sistemático do seu extrato, salvo os relativos a direitos reais sobre imóveis, que se formalizam por ins- trumento lavrado em cartório de notas, de tudo juntando-se cópia no processo que lhe deu origem. Parágrafo único. É nulo e de nenhum efeito o contrato ver- bal com a Administração, salvo o de pequenas compras de pronto pagamento, assim entendidas aquelas de valor não superior a 5% (cinco por cento) do limite estabelecido no art. 23, inciso II, alínea a desta lei, feitas em regime de adiantamento. Art. 61. Todo contrato deve mencionar os nomes das partes e os de seus representantes, a finalidade, o ato que autorizou a sua lavratura, o número do processo da licitação, da dispensa ou da inexigibilidade, a sujeição dos contratantes às normas desta lei e às cláusulas contratuais. Parágrafo único. A publicação resumida do instrumento de contrato ou de seus aditamentos na imprensa oficial, que é condi- ção indispensável para sua eficácia, será providenciada pela Admi- nistração até o quinto dia útil do mês seguinte ao de sua assinatura, para ocorrer no prazo de vinte dias daquela data, qualquer que seja o seu valor, ainda que sem ônus, ressalvado o disposto no art. 26 desta lei. Art. 62. O instrumento de contrato é obrigatório nos casos de concorrência e de tomada de preços, bem como nas dispensas e inexigibilidades cujos preços compreendidos nos limites destas duas modalidades de licitação, e facultativo nos demais em que a Administração puder substituí-lo por outros instrumentos hábeis, tais como carta-contrato, nota de empenho de despesa, autorização de compra ou ordem de execução de serviço. §1º A minuta do futuro contrato integrará sempre o edital ou ato convocatório da licitação. §2º Em carta contrato, nota de empenho de despesa, autori- zação de compra, ordem de execução de serviço ou outros ins- trumentos hábeis aplica-se, no que couber, o disposto no art. 55 desta lei. §3º Aplica-se o disposto nos arts. 55 e 58 a 61 desta lei e de- mais normas gerais, no que couber: I - aos contratos de seguro, de financiamento, de locação em que o Poder Público seja locatário, e aos demais cujo conteúdo seja regido, predominantemente, por norma de direito privado. II - aos contratos em que a Administração for parte como usu- ária de serviço público. §4º É dispensável o termo de contrato e facultada a substitui- ção prevista neste artigo a critério da Administração e independen- temente de seu valor, nos casos de compra com entrega imediata e integral dos bens adquiridos, dos quais não resultem obrigações futuras, inclusive assistência técnica. Art. 63. É permitido a qualquer licitante o conhecimento dos termos do contrato e do respectivo processo licitatório e, a qual- quer interessado, a obtenção de cópia autenticada, mediante o pa- gamento dos emolumentos devidos. Art. 64. A Administração convocará regularmente o interessa- do para assinar o termo de contrato, aceitar ou retirar o instrumento equivalente, dentro do prazo e condições estabelecidos, sob pena de decair o direito à contratação, sem prejuízo das sanções previs- tas no art. 81 desta lei. §1º O prazo de convocação poderá ser prorrogado uma vez, por igual período, quando solicitado, pela parte durante o seu transcurso e desde que ocorra motivo justificado aceito pela Ad- ministração. §2º É facultado à Administração, quando o convocado não as- sinar o termo de contrato ou não aceitar ou retirar o instrumento equivalente no prazo e condições estabelecidos, convocar os lici- tantes remanescentes, na ordem de classificação, para fazê-lo em igual prazo e nas mesmas condições propostas pelo primeiro clas- sificado, inclusive quanto aos preços atualizados de conformidade com o ato convocatório, ou revogar a licitação independentemente da cominação prevista no art. 81 desta lei. §3º Decorridos 60 (sessenta) dias da data da entrega das pro- postas, sem convocação
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