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1 2 3 4 Ficha Técnica Coordenação global José António Aranda da Silva Coordenação editorial João Moreira dos Santos Coordenação executiva e produção Boa Disposição, Lda. Design gráfico Boa Disposição, Lda. Revisão de texto Adelaide Correia Edição Apifarma – Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica. Impressão Jorge Fernandes, Lda. Dep. legal ??????? ISBN 978-989-99258-0-9 1.ª edição, 1000 exemplares – Dezembro, 2014. Este livro foi escrito segundo o antigo Acordo Ortográfico. Créditos fotográficos Apifarma: páginas. 77, 79, 87 (diteita), 95, 117, 125-128, 133-135, 139 (inferior), 141-142; 206, 213, 216. Arquivo Diário de Notícias: pág. 78; Arquivo Nacional da Torre do Tombo/DGARQ: capa, sobrecapa e páginas. 61, 64, 74, 76; Atral-Cipan: 87 (esquerda), 98 (direita), 105, 108, 109 (superior); Bayer Portugal: 121, 132; BIAL: 71, 72 (superior), 139, 149, 151; Biblioteca de Arte – Fundação Calouste Gulbenkian: 72, 81 (inferior), 81-83, 85, 88, 89 (inferior), 93, 98 (esquerda), 100, 102-103, 107 (superior), 119; Biblioteca Nacional: 63, 68, 69, 70 (superior), 91, 105, 107 (inferior), 108, 109 (superior), 112, 116, 120, 123 (inferior); Bluepharma: 136,137, (superior); Câmara Municipal de Lisboa - Divisão de Arquivo Municipal Fotográfico: 66, 99; Centro de Documentação Farmacêutica - Ordem dos Farmacêuticos: 65 e 70 (inferior); Iberfar: 109 (inferior); Infarmed: 130, 131 (inferior); João Moreira dos Santos: 114-114; Medinfar: 122; Museu da Farmácia: 12, 30, 58, 144, 154, 162, 190, 202, 208, 218, 222; Pfizer: 110; Tecnimede: 129. Nota: As ilustrações dos separadores de capítulos deste livro fazem parte da colecção iconográfica do Museu da Farmácia, representando excertos de uma colecção de cartazes de publicidade farmacêutica e parafarmacêutica (na época, as águas minerais e os vinhos nutritivos eram considerados produtos medicinais) produzida no início do século XX pela Empresa Técnica Publicitária, de Raúl de Caldevilla, e também pela Litografia Luzitana (Água Oxigenada da Companhia Portuguesa Higiene) e por A Editora, Lda. (Aseptal). 5 6 Agradecimentos A Apifarma agradece a todas as individualidades e autores que participaram neste livro e também às personalidades e instituições que, através do seu testemunho ou da cedência de documentos e materiais fotográficos, contribuíram para a investigação histórica sobre o estabelecimento e desenvolvimento da indústria farmacêutica em Portugal: António José de Barros Veloso (médico); Arquivo Nacional da Torre do Tombo/DGARQ; AtralCipan; Bayer; Bial; Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian; Biblioteca Nacio- nal; Bluepharma; Câmara Municipal de Lisboa - Divisão de Arquivo Municipal Fotográfico; Centro de Documentação Farmacêutica da Ordem dos Farmacêuticos; Grupo Tecnimede; Irene Flunser Pimentel (investigadora); José Pedro Sousa Dias (Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa); Labesfal-Fresenius Kabi; Maria das Neves; Maria João Macieira; Medinfar; Museu da Farmácia/Associação Nacional das Farmácias; Laboratórios Pfizer, Lda.; Nuno Coelho Rodrigues (farmacêutico de indústria); Sofarimex. 7 Índice INTRODUÇÃO 11 João Almeida Lopes I. TESTEMUNHOS INSTITUCIONAIS 12 Eurico Castro Alves (Presidente do Infarmed) 15 José Manuel Silva (Bastonário da Ordem dos Médicos) 17 Carlos Maurício Barbosa (Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos) 19 Laurentina Pedroso (Bastonária da Ordem dos Médicos Veterinários) 21 Orlando Monteiro da Silva (Bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas) 23 Germano Couto (Bastonário da Ordem dos Enfermeiros) 25 Associações de Doentes 26 II. PASSADO PRESENTE E FUTURO 30 II.1 Uma Visão da Indústria Farmacêutica 33 Luís Portela 34 Thebar Miranda 37 II.2 Duas Lideranças, Duas Perspectivas 40 João Gomes Esteves 41 Luiz Chaves Costa 46 II.3 Testemunhos Apifarma 48 Eduardo Pinto Leite 49 Leonardo Santarelli 50 Eduardo Leyva 51 Antónia Nascimento 52 António Chaves Costa 53 Cristina Lains 54 Mafalda Araújo 55 Manuel Dargent Figueiredo 56 Teresa Alves 57 8 III. A INDÚSTRIA FARMACÊUTICA EM PORTUGAL: PERSPECTIVA HISTÓRICA 58 Da Companhia Portuguesa Higiene ao primeiro medicamento original de patente mundial: 120 anos de Indústria Farmacêutica em Portugal João Moreira dos Santos 61 IV. INVESTIGAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E SEU CONTRIBUTO PARA A EVOLUÇÃO CIENTÍFICA E PARA A SAÚDE PÚBLICA 144 Francisco Batel Marques 147 Patrício Soares da Silva 149 V. O VALOR DO MEDICAMENTO E O SEU CONTRIBUTO PARA A SOCIEDADE 154 José Aranda da Silva 157 VI. O SECTOR FARMACÊUTICO NACIONAL E MUNDIAL 162 Mercado do Medicamento Mundial, Europeu e Nacional Heitor Costa 165 Medicamento Veterinário Helena Ponte 186 Diagnósticos in vitro Isabel Abreu 188 VII. VALOR DOS RECURSOS HUMANOS E SUA EVOLUÇÃO 190 Helda Azevedo 193 VIII. IMPORTÂNCIA ECONÓMICA E ESTRATÉGICA DA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA 202 Pedro Ferraz da Costa 205 IX. RESPONSABILIDADE SOCIAL E PLATAFORMAS DE COLABORAÇÃO E DESENVOLVIMENTO 208 Apifarma 211 X. RELAÇÕES INTERNACIONAIS 218 Apifarma 221 XI. DIAGRAMA ILUSTRATIVO DE MOMENTOS-CHAVE DA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA EM PORTUGAL 222 João Moreira dos Santos 224 9 “Iremos, enfim, até onde as circunstâncias nos permitirem no sentido da perfeição da nossa indústria”. Excerto do discurso de Francisco Cortez Pinto, primeiro Presidente do Grémio, na cerimónia de entrega do Alvará do GNIEF, em 14 de Fevereiro de 1939. 10 11 INTRODUÇÃO Celebrar os 75 anos da Apifarma – Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica é uma oportunidade única para reconhecer o forte compromisso das empresas farmacêuti- cas com a disponibilidade contínua de respostas mais ade- quadas às necessidades em Saúde dos portugueses e, si- multaneamente, assinalar a capacidade demonstrada para construir soluções de futuro para o País. Desde o Grémio Nacional dos Industriais de Especialida- des Farmacêuticas, criado em 1939, até hoje, foram inúme- ras, e muitas vezes complexas, as mudanças atravessadas pelas empresas farmacêuticas em Portugal. João Almeida Lopes Presidente da Direcção da Apifarma As transformações sociais e tecnológicas vividas pelo País repercutem-se directamente na investigação, desenvolvi- mento e produção de medicamentos e meios de diagnóstico in vitro em Portugal e obrigam a saber acompanhar perma- nentemente a mudança, sem colocar em causa a missão de inovação da Indústria Farmacêutica. Um exemplo desta capacidade de adaptação e criação da Indústria Farmacêutica em Portugal está no contínuo cres- cimento das parcerias entre empresas e centros nacionais de mérito reconhecido internacionalmente, procurando au- mentar a taxa de sucesso entre a investigação de novas mo- léculas e o seu desenvolvimento clínico. Simultaneamente, e porque a inovação farmacêutica só assume verdadeiramente o seu valor quando é colocada à disposição dos doentes que dela necessitam, o garantir da acessibilidade ao medicamento e aos meios de diagnóstico in vitro assume-se, também, como uma missão das empre- sas farmacêuticas em Portugal e da sua Associação. Repercutindo a postura dos seus associados na sua in- tervenção, a Apifarma soube, também, ao longo destas dé- cadas, procurar modelos mais dinâmicos e representativos da diversidade empresarial que a constitui, tendo sempre presente que o envolvimento das empresas associadas é fundamental para a solidez da sua acção. Com a edição desta obra, pretendemos dar a conhecer o que foram esses momentos de mudança e o que caracteriza o investimento em inovação por parte das empresas farma- cêuticas associadas da Apifarma, bem como o impacto po- sitivo da sua actividade na Saúde,na Ciência e na Economia nacionais. É, ainda, extremamente gratificante constatar, através dos nomes que assinam os vários capítulos desta obra, a dispo- nibilidade de tantas personalidades de mérito reconhecido para se associarem à Apifarma nesta iniciativa. Tal só pode ser entendido como uma demonstração de que, enquanto associação, soubemos ser parceiros respon- sáveis de todos os que pensam e se preocupam com a Saú- de em Portugal. 12 1. Excerto de cartaz publicitário do «Sanogenol: Poderoso Tónico» Companhia Portuguesa de Higiene (1910-1916) 13 TESTEMUNHOS INSTITUCIONAIS 14 15 Há quem diga, e as estatísticas confirmam, que atingem maior longevidade aqueles que mais aniversários cele- bram! Este princípio, que alguns interpretam como graça, encerra, contudo, em si uma filosofia de vida. Na verdade, são os que melhor sabem fazer o seu caminho que mais aniversários cumprem. É acreditando nisso, e considerando que estas datas são sempre bons motivos para expressar o que pensamos, que saudamos e cumprimentamos a Apifarma pela sua já lon- ga existência, destacando o papel preponderante que tem tido ao longo destes anos na Indústria Farmacêutica por- tuguesa. Conforme disse Louis Pasteur, “a sorte joga a fa- vor de uma mente preparada” e, portanto, pode afirmar-se que esta instituição alcançou já uma notável maturidade do alto dos seus 75 anos de vida. É incontornável reconhecer que a Apifarma é hoje, gra- ças ao empenho que tem demonstrado em apoiar a ciên- cia, uma instituição que tem merecido o respeito de todo Eurico Castro Alves Presidente do Infarmed o sector da Saúde e que vem conquistando e contando com o apreço dos nossos parceiros internacionais enquan- to mediador e elemento proactivo e estabilizador, sendo mesmo por muitos considerada um alicerce iniludível da indústria dos medicamentos. Acompanhando esse esforço, o Infarmed, I.P., enquanto regulador e supervisor do sector dos medicamentos de uso humano, não pode deixar de elogiar tal empenho. Ciente de que vem cumprindo a sua missão, notamos, positivamente, a atenção e o apoio entregues ao desen- volvimento de terapias inovadoras que vêm contribuindo para dar resposta às constantes buscas de novos trata- mentos num mundo sujeito a riscos e desafios e onde o conhecimento pode significar, em último ratio, a resposta para o futuro da Humanidade. Foi Isaac Newton que lembrou: “o que sabemos é uma gota, o que ignoramos é um oceano”. Imbuído deste senti- mento de compromisso e seguro do sucesso deste esforço de harmonia entre os vários agentes da Indústria Farma- cêutica, o Infarmed releva a vontade expressa pela prática diária da Apifarma em defender a segurança necessária aos que lutam pelo desenvolvimento da verdadeira e sé- ria ciência de inovação, proporcionando o alargamento da longevidade e o bem-estar das pessoas e contribuindo também, de forma inquestionável, para o desenvolvimento económico e social do nosso País. Não menos importante, e enquanto testemunhas da sua firmeza em defender os seus associados e os seus inte- resses, é de toda a justiça referir que apreciamos a forma como o tem feito, guiando-se por regras de uma sociedade ocidental livre e democrática e no respeito pelos princí- pios sagrados de um Estado de Direito. Ainda recentemente, a par com o sentido de responsa- bilidade social adequado ao funcionamento do sector do medicamento, num momento tão delicado para o nosso País como o atual, soube reger-se por princípios éticos e deontológicos, observando sempre padrões de rigorosa defesa da qualidade. 16 Na área da Saúde, os desafios estabelecidos represen- tam um equilíbrio difícil entre a manutenção e a aplicação de medidas que visam a sustentabilidade do Sistema de Saúde. Por um lado, é necessário garantir a qualidade e equidade no seu acesso, mas, por outro lado, é necessário permitir a redução da despesa sem sacrificar o acesso equitativo de todos os cidadãos aos cuidados de Saúde. É conhecida a pressão que os agentes envolvidos no cir- cuito do medicamento têm suportado nos últimos anos. No entanto, é necessário ter em consideração a impor- tância de garantir o acesso a medicamentos seguros, de qualidade, eficazes e a preços comportáveis, reduzindo o esforço financeiro dos cidadãos. Neste contexto, todos têm sido chamados a contribuir e a fazer parte da solução, e o Infarmed tem encontrado junto dos agentes do sector, nomeadamente nos represen- tantes da Indústria Farmacêutica, um espírito de missão que muito nos tem impressionado. Reconhecendo esse empenho, o Infarmed assistiu à sua materialização através de diversos compromissos assumi- dos entre a Apifarma e o Ministério da Saúde no âmbi- to do controlo da despesa com medicamentos. É justo e merecido o agradecimento ao contributo que a Indústria Farmacêutica tem realizado neste domínio, bem como no cumprimento dos objectivos estruturais assumidos no contexto do Programa de Assistência. Associando-se a este alento, não podemos deixar passar esta ocasião sem destacar o melhor exemplo deste espíri- to de compromisso, que é o Banco de Medicamentos. Este projecto, que permite vincar os valores que nos unem enquanto sociedade – a entreajuda e a solidarieda- de –, mediante pontes de entendimento entre o Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança Social, o Ministério da Saúde (através do Infarmed), a Indústria Farmacêutica e a União das Misericórdias Portuguesas, concretizou um sistema de apoio complementar à população mais vulnerá- vel, promovendo o acesso dos mais idosos ao medicamen- to. Desde o início do projecto do Banco de Medicamentos, a 1 de Dezembro de 2012, já foram doadas cerca de 145 mil embalagens, correspondentes a um Preço de Venda ao Público de aproximadamente um milhão e 500 mil euros. O Infarmed encontra-se, actualmente, a implementar um sistema de avaliação de tecnologias de Saúde aplicado aos medicamentos e dispositivos médicos. Este sistema con- templa a selecção das tecnologias de Saúde com base em critérios de custo-efectividade e permitirá a monitorização da sua utilização, estimulando e premiando o desenvolvi- mento de inovação relevante. A finalidade é garantir a equidade de acesso a nível na- cional de medicamentos e dispositivos médicos, disponi- bilizando os tratamentos mais aconselhados à situação clínica de cada doente, adequando-os aos recursos do Sis- tema de Saúde Nacional. Ao nível da Agência Europeia do Medicamento, têm-se promovido diversos projetos-piloto no âmbito da avaliação de tecnologias de Saúde, nos quais o Infarmed participa, que visam redefinir os modelos de avaliação custo-efecti- vidade de medicamentos e dispositivos médicos utilizados a nível europeu, com vista a estabelecer as bases para a implementação de um futuro Sistema Europeu de Avalia- ção de Tecnologias de Saúde. O objectivo é permitir uma maior celeridade na introdução de inovação e, acima de tudo, tornar mais equitativo o acesso entre os cidadãos dentro do espaço europeu, no seio do qual, estamos cer- tos, a Apifarma desempenhará um papel preponderante, como tem sido sua prática. Termino com uma palavra de apreço e reconhecimento a todos os dirigentes e funcionários da Apifarma que, ao longo destes anos, a souberam dignificar e tornar num tão importante parceiro na complexa cadeia de Saúde, de tal forma que não é possível vislumbrar um futuro em que a Indústria Farmacêutica não esteja presente. Ao actual presidente da Apifarma, Dr. Almeida Lopes, endereço um especial cumprimento e formulo votos dos maiores sucessos na continuidade do excelente trabalho até agora desenvolvido. 17 Um aniversário de diamante é um tempo de congratular, festejar, parabenizar, mas também de analisar, repensar, futurar.Para um médico comum, a Apifarma não diz muito, visto que com ela não tem contactos directos. São os laboratórios da Indústria Farmacêutica, individual- mente, que contactam com os médicos, simbolizando a in- vestigação, o medicamento, a terapêutica, a recuperação. É através dos recursos desenvolvidos essencialmente pela Indústria Farmacêutica que o médico exerce a sua nobre e difícil missão, que visa a cura, o tratamento ou o alívio do sofrimento. Foi o desenvolvimento da investigação e da Indústria Far- macêutica que permitiram o crescimento da Medicina e a realização do médico como verdadeiro médico. É o apoio da Indústria Farmacêutica que facilita, e em José Manuel Silva Bastonário da Ordem dos Médicos muitos casos é a única forma de tal ser possível, o acesso dos profissionais de Saúde ao conhecimento científico ac- tualizado, às reuniões científicas e discussão interpares, à assinatura de revistas científicas, a tratados de medicina, a tecnologia inovadora, a projectos de investigação, etc. A Indústria Farmacêutica faz tudo aquilo que o Estado também devia fazer, mas não faz e critica!... Felizmente, e com a cooperação da Apifarma, a relação entre indústria e profissionais de Saúde é cada vez mais escrutinada e transparente. Ainda bem que assim é por- que ninguém deve ter nada a esconder. Os tempos actuais são bem diferentes daqueles em que foi criado, há 75 anos, o Grémio Nacional dos Industriais de Especialidades Farmacêuticas. São os problemas próprios de um País perdido nos labirin- tos de uma democracia jovem e impreparada, em crise de evolução e austeridade, com o desbravar de novos, desa- fiantes e contraditórios caminhos para a Indústria Farma- cêutica. Cada vez mais, o associativismo é essencial para a so- brevivência colectiva. Por isso mesmo, a Apifarma adquire agora um maior protagonismo e visibilidade públicas, que se renovam ciclicamente na dialética dos complexos acor- dos com o Governo. Tigre de papel, a Apifarma deve reconstruir-se para o futuro. Fazer 75 anos em tempos de grave crise, cuja espiral se continuará a agravar, impõe novos paradigmas e obriga a um reflexivo e audaz desbravar das estradas do futuro. Da parte dos médicos e dos doentes, num caminho que tem algumas pedras e alçapões, felizmente em menor nú- mero do que os êxitos, tem o reconhecimento pelo insubs- tituível papel como parceiro na locomotiva do desenvolvi- mento da Medicina científica. A Apifarma vista por um Médico 18 19 Carlos Maurício Barbosa Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos Fundada em 1975, sucedendo ao Grémio Nacional dos Industriais de Especialidades Farmacêuticas, criado em 1939, a Apifarma tem sabido congregar as empresas far- macêuticas que operam em Portugal, nacionais e multina- cionais, defendendo os seus legítimos interesses, procu- rando corresponder às suas necessidades e expectativas e contribuindo para o desenvolvimento do cluster português da Saúde e para a modernização do Sistema de Saúde e, por conseguinte, para o fortalecimento da competitivida- de do País. A Apifarma tem, por razões de história, de função e de competência, um lugar na primeira linha do sector da Saúde em Portugal. Assume-se e é considerada como um importante parceiro e interlocutor para a definição das po- líticas do sector. A História da Apifarma e da Indústria Farmacêutica em Portugal cruzam-se em muitos pontos com a História da profissão farmacêutica dos últimos 75 anos. Numa época em que Portugal era um País relativamente rural e pouco industrializado, com fronteiras predominan- temente fechadas e com uma população de baixos níveis de qualificação escolar, em que, aliás, o analfabetismo era vulgar, os industriais do sector farmacêutico, muitos dos quais farmacêuticos de formação, iniciaram um caminho de desenvolvimento de uma indústria que, hoje, tem um papel essencial na redução da mortalidade e da morbili- dade e na promoção da qualidade de vida das populações. E, simultaneamente, reveste-se de interesse estratégico para o País, assumindo uma posição de elevado relevo na economia nacional e na captação de investimento. Ao longo destes anos, centenas de farmacêuticos têm sido parte integrante, por mérito próprio, do desenvolvi- mento da Indústria Farmacêutica em Portugal. Recordo, em particular, a criação, pouco depois da transformação do Grémio na Apifarma, do Grupo de Farmacêuticos de Indústria (na época conhecido por GRUFIS), cuja primeira reunião teve lugar em 1977, e que, mais tarde, veio a dar origem ao actual Conselho do Colégio de Especialidade de Indústria Farmacêutica da Ordem dos Farmacêuticos. Actualmente, o título de especialista em Indústria Farma- cêutica, atribuído pela Ordem dos Farmacêuticos, é condi- ção consagrada na lei para o exercício da direcção técnica das unidades industriais de produção de medicamentos. E, de forma crescente, os farmacêuticos têm vindo a exer- cer funções de maior diferenciação e responsabilidade na Indústria Farmacêutica, designadamente nas áreas da in- vestigação científica, desenvolvimento tecnológico e ino- vação, gestão, planeamento, produção, controlo de quali- dade, assuntos regulamentares, farmacovigilância, acesso ao mercado, avaliação económica, logística, comercial, promoção, informação e formação científica. Neste momento de comemoração, gostaria de prestar a minha homenagem aos fundadores da Apifarma, pela sua visão estratégica e pelo importante contributo que deram ao sector da Indústria Farmacêutica em Portugal. E na pessoa do seu ilustre presidente, Dr. João Pedro Almeida 20 Lopes, gostaria de homenagear todos os dirigentes, desde a fundação, que souberam construir o prestígio institu- cional da Apifarma. Todos colocaram o seu empenho, co- nhecimento e bom nome ao serviço do sector e do capital intangível que, hoje em dia, a Apifarma detém. Nos anos mais recentes, a cadeia de valor do medica- mento tem sido chamada a contribuir de forma marcada para a redução da despesa pública com medicamento, de que são exemplo os sucessivos acordos assinados pela Apifarma com o Ministério da Saúde. Reconhecidamente, esta constitui uma situação sem par no sector da Saúde e mesmo nos outros sectores da economia portuguesa. Neste contexto, parece ser de elementar prudência que se registem preocupações sobre o uso recorrente e cumu- lativo de um tal mecanismo de política orçamental (é dis- so que, no fundo, se trata), pois ele pode afectar alicerces da viabilidade empresarial, despromover a estabilidade e a previsibilidade do sector, desincentivar o investimento e o reinvestimento das empresas. A Ordem dos Farmacêuticos cultiva o espírito de coope- ração, diálogo, auscultação e, tanto quanto possível, en- tendimento com todas as entidades do sector da Saúde em geral e da área farmacêutica em particular. Sempre em absoluto respeito pelas posições institucionais de cada um. Estes são princípios fundamentais que assumi e que norteiam a minha acção na direcção da Ordem. Ora, no caso das relações com a Apifarma, há natural- mente confluências e complementaridades, o que muito me apraz registar, porque são condições propiciadoras de elevados graus de cooperação entre as duas instituições, em prol da valorização do papel do Farmacêutico e da In- dústria Farmacêutica na sociedade. 21 Os desafios colocados hoje em dia à Classe Médico-Vete- rinária são, em tudo, coincidentes com os princípios de- fendidos pela Indústria Farmacêutica, nomeadamente no que se relaciona com a inovação, a responsabilidade ética e social do bem-estar e Saúde animal, a defesa da quali- dade dos produtos de consumo produzidos em Portugal, bem como com a preservação da qualidade do Ambiente. A Classe Médico-Veterinária, representada pela OMV, sempre atenta e receptiva,em primeira mão, à inovação do conhecimento ligada à Farmacologia e produtos para o tratamento animal, não pode deixar de se associar a um marco tão significativo, em Portugal, reafirmando o empenho dos seus membros na continuidade do desenvol- vimento de uma cada vez maior evidência e necessidade de “Uma Só Saúde”. Não há fronteiras e são cada vez menores as barreiras entre os organismos patogénicos que afectam, simulta- neamente, o Homem e o animal. O desenvolvimento de produtos inovadores é um facto reconhecido e da responsabilidade e cooperação entre a indústria e os diversos profissionais de Saúde. O utente destes produtos mudou significativamente nos últimos 75 anos, bastando por si só uma pequena análise à esperança e qualidade de vida da população portuguesa. Em grande parte, o profissional Médico Veterinário esteve presente, ajudando e aplicando a inovação da Indústria Farmacêutica. Hoje, são ambos (Indústria e Classe Médico-Veterinária) colocados perante novos desafios, não podendo deixar de ser referida a luta contra as bactérias e organismos resis- tentes aos antibióticos. O passado e a ligação de parcerias entre a OMV (e ante- riores organismos de Classe) e a indústria, representada em Portugal pela ApifarmaVet, são a razão e um desafio cada vez maior de futuro ao empenho de muitas das em- presas da Apifarma e profissionais que trabalham juntos no mesmo sentido. Cabe-me, portanto, em nome de todos os profissionais Veterinários, uma palavra de reconhecimento e felicitação pelo actual momento, agradecendo à presente Direcção a continuidade desta ligação. Laurentina Pedroso Bastonária da Ordem dos Médicos Veterinários 22 23 Orlando Monteiro da Silva Bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas Em nome de todos os médicos dentistas portugueses, saúdo a Apifarma por este aniversário especial. De facto, 75 anos são um marco que certamente orgulha todos os associados, mas deve orgulhar, também, todos os portu- gueses. A Vossa instituição é um dos garantes da evolução dos nossos Sistemas de Saúde e da evolução do exercício das profissões da Saúde no País. Uma representação dig- na, dinâmica e activa da indústria responsável pela produ- ção e importação de medicamentos. Por vezes, não é fácil e evidente ver para além do que nos é dado pela nossa realidade. Realidade muito forma- tada pelas circunstâncias de cada um e por um sistema mediático que nos leva a processar e a simplificar muita da informação que nos chega. São estes momentos, es- tes marcos temporais, que nos fazem reflectir um pouco mais e ver um pouco mais além. Quando me pediram, en- quanto bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, um texto sobre os 75 anos da Apifarma, o primeiro impulso foi escrever sobre o relacionamento institucional entre as nossas duas instituições. E seria fácil. O relacionamento é bom e o País tem nestas duas instituições dois parceiros leais, empenhados na construção diária de um Portugal com mais Saúde e mais força económica. Seriam palavras verdadeiras e com sentido. Mas este é o momento de ver e ir mais além. Achei que não me podia deixar tomar pelo fácil, pelo apenas politi- camente correcto. Assim, considerei que este é momento de homenagear os associados da Apifarma, uma comuni- dade dinâmica e activa que, pela sua acção – nem sempre visível ao primeiro olhar, tem levado a que muitos jovens portugueses nela vejam uma referência, um modelo, e in- vistam numa formação nestas áreas, e se entreguem a ambiciosos projectos de investigação. Projectos que co- locam, hoje, Portugal, apesar da sua dimensão e escas- sez de meios, na primeira linha da Indústria Farmacêutica mundial. Vários são os prémios conquistados, várias são as referências internacionais às nossas universidades, vá- rios são os galardões de reconhecimento a empresas e centros de investigação nacionais. Este é um sector que encarna bem o potencial do conhecimento português. Esta capacidade de gerar conhecimento é motivante e ala- vanca o País. Obrigado, Apifarma! 24 25 No ano em que a Apifarma comemora os seus 75 anos, a Or- dem dos Enfermeiros (OE) comemora o seu 16.º aniversário. Apesar do sector da Saúde estar a passar por vários cortes orçamentais, as duas entidades continuam a pugnar, cada uma na sua vertente, pela manutenção do Sistema de Saúde português, tendo sempre em vista a segurança e a qualidade de vida da população residente em Portugal. Ao longo dos seus 75 anos de existência, a Apifarma tem evoluído e contribuído, de forma inequívoca, para o desenvol- vimento e a melhoria da Saúde no nosso País e, consequente- mente, para o aumento da esperança média de vida dos portu- gueses. A aposta na inovação, tanto ao nível do medicamento como nos meios de diagnóstico, faz da Apifarma uma parceira de relevo na área da Saúde, na medida em que permite que os doentes tenham acesso a novas terapias e tratamentos. A área do medicamento tem evoluído exponencialmente ao longo das últimas décadas e esta realidade tem reflexo na so- ciedade na medida em que permite ao cidadão ter uma vida mais prolongada, mas, acima de tudo, com mais qualidade. Germano Couto Bastonário da Ordem dos Enfermeiros Esta melhoria na qualidade de vida da população traduz-se também no desenvolvimento económico e social do País visto que permite que o cidadão seja mais produtivo, a nível pro- fissional. O acesso a medicamentos de qualidade reflecte-se, também, na diminuição da procura de outros cuidados de Saúde e, consequentemente, na redução de encargos a médio e a longo prazo. Numa sociedade em que a esperança média de vida tem vindo a aumentar e, em contraste, a taxa de natalidade a di- minuir, é fundamental a existência de uma instituição como a Apifarma, que tem como missão «fomentar a inovação e o desenvolvimento de terapêuticas que respondam às neces- sidades de tratamento e prevenção de novas patologias». A investigação clínica e o conhecimento científico são factores essenciais para o desenvolvimento de uma sociedade, e o do- mínio destas áreas permite que o País e os seus profissionais de Saúde se destaquem a nível internacional. O trabalho desenvolvido ao longo dos anos, tanto pela Api- farma, como pela Ordem dos Enfermeiros, tem como princi- pal destinatário o cidadão. Neste sentido, ambas as institui- ções zelam pela defesa de elevados padrões de qualidade e segurança e, no actual contexto económico, em que sofremos as consequências dos cortes impostos pelo Memorando da Troika, é importante que todas as entidades da área da Saúde se mobilizem e caminhem lado a lado, para transmitir aos de- cisores políticos que é fundamental o investimento no sector. Não é fácil, na actual conjuntura, conseguir mudar menta- lidades, mas não é impossível. Os avanços tecnológicos per- mitem melhorar a qualidade de vida da população cada vez mais envelhecida. Contudo, a Saúde deve ser encarada como um investimento e não apenas como um custo. Como refere o ponto 1, do artigo 64.º, da Constituição da República Portu- guesa, «todos têm direito à protecção da Saúde e o dever de a defender e promover». Neste sentido, a Apifarma e a Ordem dos Enfermeiros têm um papel preponderante no desenvolvi- mento da Saúde e, acima de tudo, na defesa da qualidade dos cuidados de Saúde prestados. 26 Vitórias de uma Parceria Em 75 anos o padrão da doença alterou-se radicalmente. E, com ele, a própria sociedade e as suas expectativas relativa- mente à Saúde. Neste processo, as empresas farmacêuticas souberam acompanhar a evolução e, dando destaque ao es- tabelecimento de parcerias, procurar responder às necessi- dades dos doentes, os seus primeiros interlocutores. Se, no início do século XX, as doenças transmissíveis cons- tituíam a principal preocupação em Portugal, amelhoria das condições de higiene e de vida das populações, e um cres- cente acesso à mais recente investigação farmacêutica, con- tribuíram, decisivamente, para alterar este cenário e reduzir drasticamente a incidência daquelas doenças no País. Este tremendo ganho para a Saúde Pública em Portugal elevou, naturalmente, as expectativas, legítimas, da socieda- de portuguesa face à sua Saúde, para as quais é imperativo saber continuar a encontrar respostas vencedoras. A emergência de novos problemas de Saúde, associados a estilos de vida mais sedentários, que ganharam peso com as mudanças sociais dos últimos 30 anos, e a crescente pre- ponderância das doenças não transmissíveis, com carácter crónico, geraram um novo contexto desafiador para a Saúde. Simultaneamente, a capacidade de adaptação e emergência dos microrganismos contribuiu para o aparecimento de no- vas doenças e para o ressurgimento de patologias anterior- mente controladas. Actualmente, as doenças crónicas constituem uma das principais causas de mortalidade e, de acordo com a Orga- nização Mundial de Saúde, representam um dos principais factores a contribuir para o contínuo crescimento das despe- sas em Saúde. A par da maior prevalência das doenças crónicas na popu- lação, o crescimento da despesa é também impulsionado pelo aumento da esperança média de vida, que, por sua vez, beneficiou de um considerável incremento devido à contínua melhoria nos tratamentos disponíveis. Associações de Doentes Além dos custos directos na Saúde, as doenças crónicas colocam também pressão em muitas outras áreas da vida social, como é o caso da Economia, tendo em conta as limitações à actividade diária que acarretam para os seus portadores. Desde sempre que as empresas farmacêuticas se consti- tuíram como parceiro dos Sistemas de Saúde na busca de soluções que contribuam para o crescente bem-estar das populações. O forte investimento que estas organizações aplicam à sua missão, a contínua investigação e desenvol- vimento de novos medicamentos e exames de diagnóstico – são elementos com um papel decisivo nas alterações positivas registadas no controlo das doenças transmissí- veis e no aumento da esperança média de vida a que se assistiu nos últimos anos. Perante os novos desafios que se perfilam na Saúde, as empresas farmacêuticas têm respondido com capacida- de de adaptação para acompanhar a crescente exigência e complexidade na investigação e desenvolvimento (I&D) de medicamentos inovadores e na busca de terapias cada vez mais seguras e eficazes. Neste processo, ganha cada vez mais relevo a capacidade de assegurar parcerias com todos os agentes da Saúde – doentes, serviços e profissio- nais, de modo a que o investimento em I&D se traduza em reais ganhos em Saúde e em maior qualidade de vida. Para a concretização deste objectivo, é necessário que o Sistema de Saúde coloque o doente no centro da sua atenção e, simultaneamente, que o doente seja um par- ticipante activo e envolvido na intervenção da sua doen- ça. Primeiro que tudo, porque o cuidado da maioria das doenças crónicas envolve directamente o paciente numa base diária. É ele o responsável pelas decisões que toma e que impactam, de forma determinante, o seu estado de Saúde e a sua qualidade de vida. E quando os doentes são encorajados a um maior envolvimento nas opções para a sua patologia, melhores são os resultados em Saúde, tan- to para o próprio paciente como para o Sistema de Saúde que o apoia. Neste investimento na capacitação do doente para gerir 27 a sua patologia, a educação é uma ferramenta fundamen- tal, pelo que o primeiro passo na preparação dos doentes para assumirem um papel mais activo na gestão da sua patologia é a sua educação para a Saúde. Doentes mais informados sobre o que envolve e implica a sua patologia são também os principais agentes da mudança no senti- do de um melhor controlo da mesma, com consequentes resultados positivos na sua qualidade de vida. Também a mudança de hábitos e comportamentos que o controlo das doenças crónicas implica exige, igualmente, um paciente informado e motivado e que saiba construir a mudança na sua vida através de passos sucessivos. A educação para a Saúde e a informação ao doente são áreas em que as empresas farmacêuticas têm, desde há vários anos, desenvolvido um trabalho contínuo, cientes de que pacientes mais informados serão também os me- lhores utilizadores dos medicamentos e das tecnologias de Saúde desenvolvidos em seu benefício. Este trabalho, realizado em conjunto com as associações que represen- tam os doentes e com os profissionais de Saúde, passa por elementos tão diversos como a disponibilização de in- formação actualizada sobre as patologias, acções de for- mação sobre as mesmas e o seu controlo, até à contínua clarificação da linguagem utilizada, adequando termos científicos às decisões com que o doente é confrontado no seu dia-a-dia. Para as empresas farmacêuticas associadas da Apifar- ma, este investimento contínuo na educação para a Saúde concretizou-se em 1999, com a criação de uma Parceria entre a Associação e as associações de doentes, visando congregar esforços que permitissem beneficiar crescente- mente um maior número de pessoas em matéria de aces- so a informação transparente e credível sobre Saúde. As quatro primeiras associações que se reuniram com a Api- farma foram a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal, a Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de Doentes de Alzheimer, a Sociedade Portuguesa de Es- clerose Múltipla e a Associação Portuguesa de Doentes de Parkinson. Hoje, são 42 as Associações que fazem parte desta Parceria, cujos objectivos passam pela permuta de informações sobre patologias, uma melhor acessibilidade dos doentes às terapêuticas e a sua crescente participa- ção nas estratégias da área da Saúde. Ao longo de 15 anos a Parceria desenvolveu inúmeras actividades, respeitando sempre a independência e a au- tonomia das associações que a integram e actuando com a máxima transparência para um crescente acesso dos doentes a informação sobre Saúde. No ano em que a Apifarma assinala o seu 75.º aniversá- rio, a celebração desta Parceria é essencial, representan- do um caminho que, sem dúvida, é o do futuro. AFID – Associação Nacional de Famílias para a Integração da Pessoa Deficiente Domingos Rosa – Presidente do Conselho de Administração Alzheimer Portugal – Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de Doentes de Alzheimer João António Carneiro da Silva – Presidente ADEB – Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Bipolares Delfim Oliveira – Presidente da Direcção ANDAR – Associação Nacional de Doentes com Artrite Reumatóide Arsisete Saraiva – Presidente ANEA – Associação Nacional da Espondilite Anquilosante Justino Romão – Presidente ANEM – Associação Nacional Esclerose de Múltipla Maria José Meyer – Presidente da Direcção ANFQ – Associação Nacional de Fibrose Quística Christian Bastos Andersen – Presidente 28 APADP – Associação de Pais e Amigos de Deficientes Profundos Fernando Valente – Presidente da Direcção APAHE – Associação Portuguesa das Ataxias Hereditárias Vera Brito – Presidente APART – Associação de Pais e Amigos de Portadores do Síndrome de Rubinstein – Taybi Elvira Dias – Presidente APCDG-DMR – Associação Portuguesa Síndrome CDG e outras Doenças Metabólicas Raras Vanessa Ferreira – Presidente da Direcção APCL – Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral Núcleo Regional do Sul José Manuel Antelo – Presidente APDI – Associação Portuguesa da Doença Inflamatória do Intestino, doença de Crohn e Colite Ulcerosa João Carlos Silva Machado – Presidente da Direcção APDPk – Associação Portuguesa de Doentes de Parkinson José Luís Quental Mota Vieira – Presidenteda Direcção Nacional APDPróstata – Associação Portuguesa de Doentes da Próstata Joaquim da Cruz Domingos – Presidente da Direcção APELA – Associação Portuguesa de Esclerose Lateral Amiotrófica Conceição Pereira – Presidente APIR - Associação Portuguesa de Insuficientes Renais João Augusto Cunha Cabete – Presidente da Direcção APLL – Associação Portuguesa de Leucemias e Linfomas Isabel Leal Barbosa – Presidente da Direcção APN – Associação Portuguesa de Doentes Neuromusculares Joaquim Brites – Presidente da Direcção APNF – Associação Portuguesa de Neurofibromatose Lúcia Lemos – Presidente APOFEN – Associação Portuguesa de Fenilcetonúria e Outras Doenças Metabólicas Rui Barros Silva – Presidente da Direcção APSA – Associação Portuguesa de Síndrome de Asperger Piedade Líbano Monteiro – Presidente ARP – Associação de Retinopatia de Portugal Rui Manuel Fontinha Vasconcelos – Presidente Associação Grupo de Apoio SOS Hepatites Emília Rodrigues – Presidente Associação Portuguesa de Fertilidade Cláudia Vieira – Presidente Europacolon Portugal – Apoio ao Doente com Cancro Digestivo Vitor Neves – Presidente Fundação Rui Osório de Castro Karla Osório de Castro – Presidente Myos – Associação Nacional Contra a Fibromialgia e Síndrome de Fadiga Crónica Cristina Fidalgo Sequeira – Presidente 29 PSOPortugal – Associação Portuguesa da Psoríase João António Lopes Vaz Martins – Presidente RARÍSSIMAS – Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras Paula Brito e Costa – Presidente Respira – Associação portuguesa de Pessoas com DPOC e outras Doenças Respiratórias Crónicas Luísa Soares Branco – Presidente SER+ Associação Portuguesa para a Prevenção e Desafio à Sida Margarida Prieto – Presidente da Direcção SPEM – Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla Manuela Duarte Neves – Secretária-Geral 30 Excerto de cartaz publicitário do «Aseptal: O Anti-séptico - Perfume» Farmácia Normal (1910-1917) 2. 31 PASSADO, PRESENTE E FUTURO 32 33 II.1 UMA VISÃO DA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA 34 INDÚSTRIA FARMACÊUTICA EM PORTUGAL: UMA APOSTA DE FUTURO A Indústria Farmacêutica em Portugal tem já uma história longa de mais de um século, que resulta de um proces- so de especialização de competências e profissões ainda mais longo. No final do século XIX, surgiram em Portugal os primei- ros investimentos industriais, como a criação da Compa- nhia Portuguesa Higiene, em 1891. No início do Século XX, começaram a surgir as primeiras presenças de com- panhias estrangeiras em Portugal, empresas químicas de origem, com produção de especialidades farmacêuticas, como a Bayer, em 1909. Portugal não foi precursor de mecanismos de protec- ção na doença para os trabalhadores, como foram outros países europeus, no contexto das transformações sociais propiciadas pela Revolução Industrial. Apenas em 1935, surgiram, no contexto do Estado Novo, os primeiros me- canismos mais amplos de proteção, com a criação das instituições de previdência. Mas só em 1950 foi regulada Luís Portela Presidente da Bial a “assistência medicamentosa”, um primeiro regime de comparticipações, que permitiu alargar o acesso aos me- dicamentos. Grandes mudanças surgiram durante a Segunda Guer- ra Mundial, pelo papel que os antibióticos, a penicilina, as tetraciclinas e a estreptomicina, os anti-histamínicos, as anfetaminas, os antimaláricos, proporcionados pelas empresas farmacêuticas europeias, permitiram na grande evolução no combate a diversas doenças, com grande pre- valência na época, em particular no controlo das doenças epidémicas. Nos trinta anos a seguir à guerra houve uma mudan- ça radical da resposta colectiva às doenças. A articulação das políticas de protecção social prosseguidas pelos Esta- dos, com o desenvolvimento científico e com o investimen- to das empresas farmacêuticas internacionais, potenciou essas mudanças, diminuindo a mortalidade, aumentando fortemente a esperança de vida e proporcionando condi- ções de vida em melhoria constante. Em Portugal, essas mudanças foram mais tardias. Ape- nas nos anos 60 foi alargado o regime de comparticipação dos medicamentos aos familiares dos abrangidos pelos regimes de previdência. O impacto virtuoso que os Países mais avançados tive- ram na articulação entre as políticas de protecção social e o esforço industrial foi muito menor no nosso País. A opção por um “regime de cópias”, na resposta às neces- sidades crescentes de medicamentos, num contexto de um mercado protegido pelo condicionamento industrial e pela protecção aduaneira, permitiu criar um mercado abastecido pela produção local, de companhias nacionais e internacionais, a que acresciam os mercados africanos de domínio português. Salientaram-se, nessa época, dois grandes projectos in- dustriais portugueses que visaram a produção própria de matérias-primas e a internacionalização: o Grupo Luso- -Fármaco, liderado por Diogo Bravo, e o Grupo AtralCipan, liderado por Sebastião Alves. Do primeiro, resta atualmen- 35 te a Lusomedicamenta, essencialmente dedicada à produ- ção para terceiros, e a Tecnifar, focada na comercialização de algumas marcas próprias e de licenças de multinacio- nais. O segundo grupo mantém-se activo na produção e comercialização de matérias-primas e medicamentos, embora com uma dimensão bastante menor. A seguir ao 25 de Abril, foi alargado o acesso aos regi- mes de protecção social e, especificamente, o acesso aos medicamentos, por redefinição dos regimes de comparti- cipação, independentemente da sua origem. O mercado de medicamentos cresceu e o papel da indústria de medi- camentos também. Mas a dinâmica económica induzida foi algo limitada. Se, num primeiro período, o esforço de investimento in- dustrial associado a capacidades produtivas internas cresceu e surgiram bons projectos, o impacto da criação do mercado interno europeu e do alargamento a leste teve consequências na Indústria Farmacêutica, com uma cres- cente presença das empresas multinacionais, que foram adquirindo algumas das mais importantes empresas na- cionais e encerrando um considerável número de unida- des produtivas no País. Deste modo, o período final do Século XX e os anos mais recentes têm um balanço algo contraditório. Se é bem pa- tente uma enorme evolução das qualificações e das com- petências, as quais permitiram, por impulso de políticas públicas e de investimentos privados, a estruturação dum sistema científico mais forte e mais orientado para a I&D; se é também patente um dinamismo forte em novos pro- jectos centrados no conhecimento; é ainda evidente que as plataformas industriais do medicamento são menos fortes do que o desejável. Algumas empresas, como a Bial e a Medinfar, focaram- se na produção e comercialização de licenças de medi- camentos inovadores de multinacionais, outras, como os Laboratórios Azevedos e a Iberfar, dedicaram-se sobretu- do à produção para terceiros, e ainda outras, como a Tec- nimede, a Generis, a Bluepharma e a Basi, focaram-se na produção e comercialização de genéricos. A Edol focou-se na produção e comercialização de produtos de especiali- dade. Várias destas empresas têm investido na internacio- nalização dos seus produtos. Apesar do sistema das Ciências da Vida ter hoje uma abran- gência, complexidade e dimensão que em muito extravasa a tradição industrial em torno dos medicamentos, tanto ao ní- vel da oferta de cuidados de Saúde, de diversidade de produ- tos e serviços especializados, Portugal tem um forte défice comercial em medicamentos, um baixo nível de investimen- to em I&D empresarial e uma baixa capacidade de atracção de investimentos estruturantes neste domínio. Contudo, em 2009, a Bial empresa fundada em 1924 por Álvaro Portela e que, hoje,é gerida pela quarta gera- ção da família, conseguiu fazer aprovar pela EMA (Europe- an Medicines Agency) e iniciar a comercialização, a nível internacional, do primeiro novo medicamento de origem portuguesa, o antiepiléptico Zebinix. Esta empresa tem vindo a investigar outros novos medicamentos, que irá comercializar nos próximos anos, procurando robustecer um forte projecto de internacionalização. Outras empresas farmacêuticas nacionais e algumas startups, como a Technophage, a Luzitin, a Cell2B e a Biotecnol, têm anunciado terem em investigação e desen- volvimento outros novos fármacos, que poderão vir a ser lançados nos próximos anos, contribuindo para dar conti- nuidade ao notável crescimento das exportações do sector no último quinquénio. Mas a dimensão do mercado português do medicamen- to, em termos comparados com os países da OCDE, não tinha, antes do início do processo de ajustamento, um pa- drão muito diferenciado dos valores médios. Nem em ter- mos estruturais, nem em termos de taxas de crescimento. Também no que se refere à despesa global em Saúde ou em Medicamento, os nossos valores comparavam bem. O impacto global do recente processo de ajustamento sobre o sector do medicamento e o seu futuro ainda não é totalmente claro. 36 A opção por concentrar o essencial do ajustamento em Saúde num forte corte administrativo na despesa com me- dicamentos não tem como explicação a existência de um diferencial de despesa, nem um diferencial de preços ou de custos de intermediação com padrões anormais, pare- cendo ser ditada por uma solução de oportunidade política. O papel das instituições da Troika neste domínio não foi es- trutural, de melhor organização dos mercados, de eficiência na utilização dos recursos, de objectivos consistentes na des- pesa, mas por sobrevalorização dos aspectos financeiros e menorização das consequências económicas. No período do ajustamento, cerca de um terço da despesa pública total com medicamentos foi cortada, sendo esse cor- te muito mais acentuado no segmento ambulatório, basica- mente por resultado de cortes administrativos dos preços. O limitado impacto da reforma do sistema hospitalar, a continuação de problemas estruturais de atrasos de paga- mentos e o atraso no acesso aos produtos inovadores são situações que colocam sérias questões ao modo como deve o sistema evoluir para garantir o bom acesso dos doentes, a valorização dos produtos inovadores e o controlo dos custos da política do medicamento. Neste domínio, parece que alguns elementos nucleares de- vem ser equacionados: - Acordos de médio prazo entre o Estado e a Indústria, ali- viando a enorme pressão restritiva dos últimos anos; - Aposta consistente na prevenção, nos cuidados primários e nos cuidados continuados; - Avaliação e definição de preços sensatos e prazos decisio- nais curtos para os produtos inovadores; - Fortes estímulos fiscais e financeiros à I&D mantidos no longo prazo; - Ajustamento dos regimes de comparticipação, com dimi- nuição dos factores de excesso na despesa; - Melhor articulação entre centros de investigação e empre- sas, com mobilidade de investigadores, e incentivos à ligação entre empresas nacionais e internacionais; - Alocação à inovação dos ganhos de eficiência. Em Portugal, a Saúde em geral, e a Indústria Farmacêutica em particular, têm um enorme potencial de desenvolvimento futuro, no sentido de servir adequadamente os interesses das populações. Mas importa criar espaço para que essa capaci- dade de realização se transforme numa bonita realidade. 37 Quando me lançaram o convite para escrever um testemunho para e sobre os 75 anos da Apifarma que começo, desde já, por felicitar por tão honrosa data, comecei de imediato a percorrer, no pensamento, a minha ligação a este uni- verso. Pertenço a uma família que esteve, desde sempre, ligada ao medicamento, sendo eu um dos elementos da terceira geração com essa relação à Saúde. Na verdade, uma das primeiras memórias que tenho da minha infância é estar, de bata branca, na farmácia do meu avô, a ajudar na preparação de manipulados. No entanto, a história começa antes. Remonta a 1755, ano em que a marca Azevedos lançou as bases do que é hoje o grupo farmacêutico português de origem mais anti- go e um dos mais históricos da Europa. Actuamos em todo o circuito do medicamento – Investigação & Desenvolvi- mento, Produção e Distribuição, comercializamos marcas próprias e licenciadas. Somos dos primeiros produtores de medicamentos em Portugal e líderes na exportação. Empregamos cerca de 650 colaboradores e temos presen- ça directa em quatro mercados: Portugal, Brasil, Angola e Moçambique. Os medicamentos que produzimos estão presentes em mais de quarenta países. Mas a história não acaba aqui. Há mais estórias a contar para se perceber as circunstâncias em que surge a Apifar- ma, há 75 anos atrás, e essas estórias são protagonizadas por pessoas e empresas como o Grupo Azevedos. Porque a razão de existir da nossa empresa, bem como de todos os players do sector da Saúde, é melhorar e prolongar a vida das pessoas. No nosso caso, a base industrial tem sido um dos pilares estratégicos do negócio. É, na minha opinião, uma das fa- ses mais críticas e importantes do ciclo do medicamento. A nossa unidade de produção, a Sofarimex, fabrica para empresas de todo o mundo e mais de 75% da sua produ- ção tem como destino o mercado internacional. Estamos, dessa forma, não só a assegurar emprego altamente espe- cializado, como a fomentar o equilíbrio da balança comer- cial portuguesa, contribuindo largamente para o aumen- to das exportações nacionais. A visão internacional tem sido, desde sempre, parte da nossa ambição. A dimensão do mercado português é muito limitada e limitante para quem pretende desenvolver uma Indústria Farmacêutica competitiva. Além disso, quem investe numa estrutura industrial e em todo o know-how e rigor tecnológico exi- gidos, necessita de capitalizar o esforço e, para isso, há que levantar a cabeça e procurar oportunidades por esse mundo. Foi o que fizemos há mais de 30 anos. Na década de oitenta do século XX, iniciámos um processo de pes- quisa e estudo de mercados internacionais para identificar destinos para os nossos produtos. África foi a opção inicial. Começámos por Marrocos, seguiu-se Cabo Verde e, de- pois, Angola, Moçambique e Brasil. Neste momento, os mercados lusófonos são core para o Grupo Azevedos. Não podemos deixar de contemplar nesta história, tam- bém, a importância que representa, em todo o universo da Saúde, o tema da Investigação & Desenvolvimento (I&D). Essa aposta é fundamental enquanto estratégia de diferen- Thebar Miranda Presidente do Grupo Azevedos AS ESTÓRIAS QUE FAZEM A HISTÓRIA DA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA EM PORTUGAL 38 ciação. Na disponibilização de melhores soluções terapêu- ticas, a opção do Grupo Azevedos assenta na manipulação e estudo de moléculas conhecidas com o objectivo de me- lhoria e aperfeiçoamento. Deste investimento, surgem no- vos medicamentos genéricos e novas combinações, além de novas formas de aplicação. Os medicamentos genéricos são, aliás, um fenómeno importante e têm vindo a ganhar escala e dimensão em Portugal. Ainda bem. De certa forma, democratizam o acesso à Saúde. O que não pode aconte- cer é um desvirtuar do “bem” medicamento. Uma caixa de medicamentos para uma doença crónica, como a Diabetes, não pode custar o mesmo do que um refrigerante. Quan- do isto acontece, é porque algo está errado. É desprezar todos os recursos e exigências tecnológicas que suportam o fabrico de um medicamento. Temos, também, situações irrealistas em medicamentos inovadores que, por oposição, apresentam níveis de preços absolutamente inacessíveis, o que não favorece nem beneficia a Saúde Pública,nem o mercado. É necessário alcançar um sistema de maior jus- tiça social e económica, e, nesse contexto, o Estado deve intervir de forma responsável e conciliadora de interesses, procurando o equilíbrio e o bem comum e evitando as dis- torções no sector. Já que os Estados sociais induzem a po- litização do medicamento, espera-se que o papel do Estado se oriente para a sustentação do Sistema de Saúde numa óptica de longo prazo e não em soluções imediatistas. Pensando em sustentabilidade, e agora na vertente em- presarial, surgem outros desafios, entre eles, a questão da dimensão reduzida das companhias, nomeadamen- te as nacionais, de origem familiar, no mercado global. Coincidência (ou talvez não) é verificarmos que, no nosso País, não existiram processos de fusões/aquisições entre empresas de capital nacional. Quando, mais uma vez, le- vantamos a cabeça e olhamos lá para fora, constatamos que fenómenos de fusões e aquisições são comuns entre as empresas farmacêuticas, o que não se passa entre os players lusos. Pode ser um traço da nossa característica e cultura, somos muito individualistas, mas sem dúvida que esse traço acaba por ter um impacto profundo na ambição e na capacidade de desenvolver e internacionalizar os ne- gócios. Sem ganhar escala e dimensão, o que pode surgir através de fenómenos de concentração, é mais difícil às nossas empresas encetarem processos de expansão inter- nacional. Numa altura como a que vivemos, de elevada con- tracção e estagnação do mercado interno, é algo em que os líderes da Indústria Farmacêutica nacional devem reflectir. Afigura-se, também, como fundamental uma mudança de paradigma no nosso sector. Este imperativo de mudança não está, necessariamente, relacionado com a crise finan- ceira e económica. Está, isso sim, associado à evolução vertiginosa do nosso mundo e das percepções e hábitos da população em geral, relativamente a uma permanente expectativa de mais e melhor Saúde. A Indústria Farmacêutica caiu do pedestal, se assim podemos dizer. Deixou de ser um “mundo à parte”, eli- tista e com mais recursos que as demais. Somos, nes- te momento, uma indústria igual a tantas outras, como a aeronáutica ou a electrónica, de elevada componente tecnológica. Temos, por isso, de nos reger pelos padrões de eficiência e produtividade que as congéneres de outras indústrias têm feito desde sempre. Com níveis de rigor e eficácia elevados e sem espaço para desperdícios. Temos, nesse campo, ainda um longo caminho a percorrer. Mas ele tem de ser percorrido, para bem de todos. Literalmen- te todos. A começar pela opinião pública, que necessita ajustar a imagem e as expectativas que tem relativamente à Indústria Farmacêutica. Não podemos ser vistos como uma commoditie. Como fabricantes de bens cujo valor é im- perceptível, todo o bem que desenvolvemos, produzimos e comercializamos é muito mais valioso. A Indústria Farmacêu- tica dá vida. Melhora e trata a dor e o sofrimento, com todo o impacto que isso tem no mundo. Não há muito tempo, ainda existiam pessoas a morrer de sarampo ou de diarreia. Por vezes temos memória curta e não valorizamos quem nos faz bem. Esta relação tem que evoluir para bem do progresso e do desenvolvimento. 39 Quero, de facto, acreditar que ainda vou viver num País em que a Indústria Farmacêutica vai ser vista e reconhecida pelo seu contributo na geração de valor e riqueza para a nação, a criação de emprego qualificado, o aumento das exporta- ções nacionais e a internacionalização da marca Portugal. Para esta esperança e ambição contribui ver que a História é feita de evolução e de pequenas estórias. Que, ao contrá- rio do que aconteceu comigo, a quinta geração da nossa família não anda de bata branca a preparar manipulados numa farmácia. Anda, sim, a percorrer a nossa unidade de produção e a descobrir como desenvolver e fabricar melhor os milhões de medicamentos que têm como destino Países dos cinco continentes. Porque são estórias como esta que fazem a nossa História. Para concluir, deixo os meus sinceros parabéns à Apifar- ma pelo seu 75.º aniversário e, principalmente, por tudo o que tem feito e continua a fazer na defesa dos interes- ses da Indústria Farmacêutica em geral, nomeadamente, na conciliação dos denominadores comuns entre todos os stakeholders do mercado. No final do dia, os sucessos e as vitórias da Apifarma são, sem dúvida, em prol e benefício do sistema do medicamento e da Saúde em Portugal. Parabéns à Apifarma e a todos os seus associados, cujas estórias, como algumas das que conto hoje, são as que fa- zem a História destes 75 anos. 40 II.2 DUAS LIDERANÇAS, DUAS PERSPECTIVAS 41 A Apifarma faz 75 anos! Três quartos de século, dos quais cerca de 30 correspondem a uma parte da minha vida no associativismo. Comecei no século passado e, por pe- ríodos distintos, fui Presidente da Direcção da Apifarma durante mais de uma dezena de anos. E, embora mantendo a ligação à Apifarma, presidindo à mesa da Assembleia-Geral, é sobre estes anos, dos quais guardo boas memórias e grandes Amigos, que vos falarei em jeito de viagem, recordando os temas que enquadra- ram as transformações regulamentares e institucionais necessárias e obrigatórias pela adesão à Comunidade Eu- ropeia, que balizaram a intervenção pública da Indústria, e moldaram o seu relacionamento com sucessivos Governos e diferentes parceiros, criando um espaço e projectando uma imagem que se espelhou na Apifarma. E é, também, a todos os que me acompanharam neste percurso, tanto nas sucessivas Direcções, como nos qua- dros da instituição, que presto tributo ao empenho e profis- sionalismo, lealdade e entrega que permanentemente de- monstraram, ajudando, muitas vezes de forma anónima, ao sucesso das intervenções e ao brilho das cerimónias. Sempre defendi, e esse foi o entendimento das Direcções a que presidi, que quando falamos de Apifarma falamos de associados, as Empresas da Indústria Farmacêutica, e que a sua acção devia assentar em dois pilares: repre- sentar e defender de forma inequívoca e organizada os interesses dos seus sócios. E esta representação organizada foi sempre a par com o reforço de representatividade, bem demonstrado nas Comissões Especializadas, que têm liderado, com grande autonomia e indiscutível capacidade técnica, as matérias da Saúde Animal, dos Medicamentos de Venda Livre, dos Meios de Diagnóstico, dos Assuntos Hospitalares e das Vacinas, áreas específicas do negócio farmacêutico de grande valia para o Sector da Saúde. A representatividade reflectida nesta estrutura organizativa estava acompanha- da de Órgãos igualmente eleitos, que sempre ajudaram e aconselharam a Direcção. Juntamente com a representatividade, o segundo pilar de acção consistiu em assegurar uma Apifarma independente, aberta à cooperação com a Sociedade e o Estado, assertiva e rigorosa, projectando ideias e princípios, antecipando alte- rações estruturais, influenciando o olhar dos decisores. A visão equilibrada da Indústria Farmacêutica, situada entre os problemas de Saúde Pública e os interesses econó- micos, promotora de emprego qualificado, da investigação e do desenvolvimento tecnológico, contribuinte activa para a riqueza do País e, sobretudo, para a Saúde e Qualidade de vida dos Portugueses, foi sempre o norte das acções da Api- farma enquanto tive a responsabilidade e gosto de a dirigir. A ECONOMIA, O MERCADO E AS EMPRESAS A Indústria Farmacêutica é um sector com característi- cas pouco usuais. Totalmente regulamentada, espartilha- da entre a indispensável protecção da Saúde Pública e o necessário desenvolvimento empresarial, submetida a João Gomes Esteves Presidente da Direcção da Apifarma (1991-1993 e 1998-2006) Presidente da Mesa da Assembleia-Geral (desde 2007) 42 normasestritas e escrutínios regulamentares em todo o seu ciclo produtivo, é também um dos sectores que mais investe em Pesquisa e Desenvolvimento, contribuindo, como poucos, para o desenvolvimento tecnológico do País. Acresce que os bens que produz são, na maioria dos mer- cados, subsidiados pelo Estado, por instituições públicas ou por entidades privadas, facto que torna sensível e con- troversa a matéria dos preços dos medicamentos. Os aspectos regulamentares, traduzidos pelo esforço de transpor para a ordem jurídica interna mais de 30 anos de Legislação Comunitária, foram acompanhados na segun- da metade dos anos 90 do Século XX por uma crescente preocupação do Ministério da Saúde com o crescimento da factura dos medicamentos, uma, senão a única, rubri- ca da despesa do Ministério que, na época, era conhecida em tempo real. A tentação de utilizar o factor “preço” de medicamentos era de difícil resistência, pois sendo tecnicamente fácil era também politicamente compensadora. No entanto, e na opinião da Apifarma, outros elementos mereciam urgente reflexão e cuidada análise, pois tam- bém eles induziam despesa em Saúde, como, por exem- plo, a crescente e qualificada oferta de cuidados de Saúde traduzida em mais médicos, mais consultas, novos hospi- tais com melhores condições e diversificadas valências, o aumento da esperança de vida, patologias emergentes e o progresso científico acelerado, tanto nas terapêuticas, como nos meios de diagnóstico. Na época, um relatório da OCDE sobre a Saúde em Por- tugal reconheceu progressos, comparou diversas variáveis e evidenciou distorções na despesa pública e privada com Saúde e na despesa com medicamentos, ajudando a clari- ficar ideias e equacionar tendências. Partindo de um modelo complexo, a que acrescentámos as variáveis da criação do Mercado Interno, da adopção do Euro e da Declaração do Conselho de Ministros que considerou a Indústria Farmacêutica um Sector Estratégi- co, iniciámos um trabalho em várias frentes, colaborando, sempre que possível, com o Governo, num quadro de afir- mação da valia do nosso contributo para o País. A estabilidade legislativa foi uma das exigências que emer- giu da nossa reflexão interna, pois sem ela não havia estraté- gia empresarial ou sectorial que conseguisse chegar ao fim. Mas também nos chegavam sinais preocupantes nas áreas das autorizações de introdução de novos medica- mentos no mercado, dos preços e das comparticipações, com referências espaçadas e mais ou menos explícitas a um sistema de preços de referência, primo direito dos medicamentos genéricos, que ainda não tinham o devido enquadramento num Código da Propriedade Industrial ali- nhado pelos valores da protecção dos direitos referentes a Patentes e Registos de Marcas. À medida que o mercado se desenvolvia e o Serviço Nacio- nal de Saúde se aprofundava, emergia o problema dos atra- sos de pagamento dos hospitais. A tudo isto acudimos. Lançámos inquéritos destinados a avaliar, quantifi- cadamente, prazos de concessão de AIM e de compar- ticipações, bem como os prazos, montantes e hospitais em incumprimento continuado. Deste último inquérito, e após análises e negociações demoradas, foi constituída a PRESIF, empresa prestadora de serviços aos associados que entendessem confiar-lhe os créditos que detinham so- bre os hospitais. Promovemos encontros, debates e seminários, onde tive- mos como oradores políticos e académicos, administrado- res hospitalares, directores-gerais, jornalistas, consultores internacionais, dirigentes associativos europeus e interna- cionais, altos funcionários da Comissão Europeia, advoga- dos ilustres e dirigentes de Organismos do Estado. Promovemos, tanto quanto julgo saber, pela primeira vez, um ciclo de conferências dedicado à Economia da Saúde, tema que veio a revelar-se central nas preocupações dos Governos e das Empresas. Trabalhámos e ouvimos. Problemas foram esclarecidos, legislação rectificada, crispações esbatidas, soluções en- contradas. E, de todo este movimento, nasceram estudos, 43 livros e publicações, notícias, tomadas de posição, cartas, muitas cartas a todos os que, directa ou indirectamente, tinham capacidade para interferir no sector e na vida das empresas, dando testemunho da urgência de mantermos em Portugal uma indústria competitiva, geradora de ri- queza e de emprego qualificado. Sendo coerentes com os princípios que defendíamos e os Planos de Acção que aprovávamos, fomos pioneiros na contratualização do crescimento do Mercado – primeiro só ambulatório e mais tarde hospitalar, celebrando três Proto- colos com o Estado, os quais tiveram como enquadramen- to a co-responsabilidade e a estabilidade numa perspectiva de estabelecer a confiança dos agentes económicos. Estes Protocolos, inicialmente olhados com suspeição, revelaram-se, também, instrumentos promotores de conhe- cimento e estabilizadores da sustentabilidade financeira do SNS. Os mecanismos reguladores do mercado hospitalar e a sua monitorização, bem como a discussão de um tema até então interdito, uma nova metodologia da formação dos preços, foram inovações que permitiram, dentro de parâmetros amplamente discutidos com as empresas, o envolvimento institucional e técnico da Apifarma em níveis e temas dificilmente conseguidos sem esta estrutura. Criámos um Centro de Estudos da Indústria Farmacêuti- ca – CEIF, com o objectivo de dotar a Apifarma de um con- junto de informações e estudos temáticos que, em ligação com centros congéneres e instituições académicas, per- mitissem uma defesa fundamentada dos pontos de vista da Indústria Farmacêutica, bem como a possibilidade de antecipar e responder a políticas potencialmente gravosas para o sector e para a Saúde. Atentos às necessidades de crescimento das empresas e em parceria estratégica com empresas de capital nacio- nal, o Infarmed e o ICEP, criámos a PharmaPortugal, que, com êxito, promoveu a internacionalização das empresas, introduzindo os seus medicamentos em mercados onde a presença da Indústria Farmacêutica Portuguesa era prati- camente inexistente. Esta actividade interna era acompanhada de uma inten- sa representação internacional, traduzida pela presença na Direcção da EFPIA - European Federation of Pharma- ceutical Industry Associations, com sede em Bruxelas, e ainda na Direcção da IFPMA – International Federation of Pharmaceutical Manufacturers Associations, com sede em Genebra. No âmbito desta representação, tive oportunidade de par- ticipar em diversas acções que, na época, deram grande visibilidade à Indústria Farmacêutica, graças ao trabalho conjunto entre as associações nacionais e instituições eu- ropeias, nomeadamente a Federação Europeia, parceiros da área da Saúde e a Comissão Europeia, que elaboraram um conjunto de Recomendações relacionadas com Aces- so ao Mercado, Regimes de Preços e Comparticipações, Reconhecimento da Inovação, matérias que, entre outras, condicionam a competitividade da Indústria Farmacêuti- ca. O ponto de partida para este trabalho ficou a dever-se ao reconhecimento de que a Indústria Farmacêutica, sen- do embora uma das mais inovadoras no contexto europeu, estava, por comparação com os Estados Unidos, a perder competitividade. Uma das métricas foi a verificação do nú- mero de moléculas inovadoras que chegavam ao mercado Europeu e ao mercado Americano. Por outro lado, a Directiva da Transparência, que tinha vindo a balizar as condicionantes temporais e técnicas para a concessão de Preços e Comparticipações, procu- rando, em nome da construção do Mercado Interno, uma certa harmonização de procedimentos dos Estados-Mem- bros, revelou, após alguns anos de experiência, que a con- vergência nesta matéria não só não tinha sido conseguida como, no limite, a cada Estado Membro correspondia um sistemade Preços e Comparticipações. Foi um tempo determinante, e talvez único até hoje, para a Indústria Farmacêutica – tradicionalmente olhada como geradora de despesa e não como investimento –, que co- meçou a ser encarada como indústria chave para o desen- volvimento tecnológico. 44 E se na Federação Europeia, as questões de enquadra- mento económico do sector eram preponderantes, na Fe- deração Internacional, privilegiavam-se as matérias da Propriedade Industrial, o contacto com a Organização Mundial de Saúde e os problemas de ajuda e apoio aos Países menos desenvolvidos. Muitas das acções humanitárias em que a Apifarma cola- borou tiveram o apoio da IFPMA. A SOCIEDADE E OS PARCEIROS O comprometimento com a Economia, o Mercado e as Em- presas não impediu uma atenção especial à Sociedade e aos Parceiros. Neste contexto, reconhecida que foi a necessi- dade de estruturar a informação para os diferentes parceiros, bem como de dar corpo a normas que a auto regulassem, foi reformulado o Código Deontológico e complementada a sua actividade com o regulamento do seu Conselho. Protocolos com a Ordem dos Médicos e dos Farmacêuticos fecharam um círculo de colaboração institucional que projectava a dig- nidade das instituições e dos seus colaboradores. Reconhecendo a necessidade de dar a conhecer a Indús- tria Farmacêutica e o seu contributo para a Saúde e Qua- lidade de Vida, foram realizadas diversas campanhas pú- blicas na televisão, rádio, imprensa escrita e outdoors, que abrangeram áreas tão diversas como a automedicação e a diabetes, e, pela primeira vez, desencadeou-se uma acção pedagógica junto das escolas, no sentido de explicar a im- portância dos medicamentos. Também nesta perspectiva, e no âmbito da Conferência Internacional, realizou-se a exposição itinerante “Mãos que Partilham Vida”, composta por vários módulos temáticos, onde as novas linhas de investigação e desenvolvimento molecular, a revolução genética e a dimensão da pessoa humana eram explicadas com recurso às novas tecnolo- gias de informação. Aceitámos, também, o desafio para, em conjunto com um grupo de empresas, patrocinarmos a reconstrução do Laboratório Chimico da Faculdade de Ciências de Lisboa, reconstrução esta realizada com materiais originais, o que o torna único na Europa. Preocupados com as questões ambientais, fundámos, juntamente com a ANF-Associação Nacional das Farmá- cias, a FECOFAR Federação de Cooperativas de Distribuição Farmacêutica e a GROQUIFAR Associação de Grossistas de Produtos Químicos e Farmacêuticos, a empresa Valomed, integralmente financiada pela Indústria Farmacêutica e responsável pela gestão dos resíduos de embalagens e de medicamentos. Ainda, e não por último, uma referência a um projecto que ultrapassou as fronteiras institucionais e que fez e faz parte do mundo dos afectos e da responsabilidade social: traba- lho com as Associações de Doentes. Este projecto revelou- -se de uma grande riqueza humana. Tive a oportunidade de conhecer novos mundos de edificação e generosidade e de perceber melhor a capacidade de superação e de resiliência a situações adversas que existem em cada um. A Parceria com as Associações de Doentes tem como pressuposto o direito de participação dos doentes nos processos de decisão que tenham a ver com a sua doença e, no espaço de pouco mais de um ano, dobrou o número de associações participantes, demonstrando a valia e in- teresse da iniciativa. O perfil histórico e clínico das Associações foi compilado e projectaram-se o trabalho, as expectativas e os objectivos de todos os que o quiseram fazer, através de múltiplas activi- dades na área da formação, em programas de televisão, em encontros com outros parceiros e, também, com a tutela. Foi das tarefas mais recompensadoras, cuja recordação faz parte do grupo das boas memórias que guardo da mi- nha actividade na Apifarma. A APIFARMA, AS PESSOAS Tenho como primeira memória de quando cheguei à Apifar- ma um andar de habitação adaptado a escritório, sombrio 45 e solene, com móveis pesados e tristonhos reposteiros de veludo. Com um corpo técnico reduzido, mantinha-se a casa administrativamente arrumada. No rigor dos factos, deve dizer-se que pouco mais se esperava da estrutura interna, recaindo sobre as Direcções as tarefas de representação e de contactos institucionais. Cedo, porém, foi percebido que uma reestruturação era necessária como forma de dotar a Apifarma de um corpo profissional que, em estreita colaboração com a Direccão, assegurasse, de forma continuada, o que se pedia de uma instituição representativa da Indústria Farmacêutica: com- petência técnica, rigor e credibilidade nas intervenções, vi- sibilidade e independência. A escolha de um Director executivo foi o primeiro passo, a contratação de recursos técnicos e a adequação da orga- nização interna o segundo, e a aquisição de novas instala- ções adequadas, o terceiro. Estou convicto de que, sem esta sequência e sem as pes- soas que a corporizaram, não teria sido possível projectar a Indústria Farmacêutica e obter o reconhecimento do seu valor e da sua capacidade de intervenção. Ao longo dos anos e das Direções a que presidi, ou com as quais colaborei, fui acompanhado por homens e mulheres com diversos perfis e diferentes personalidades que, sem prejuízo de divergências, tiveram sempre em comum o inte- resse pela vida associativa e o respeito pela instituição. Alguns já partiram e recordo o António Ferreira de Almeida, uma força da natureza; o Luís Seita, sempre a fervilhar de ideias e iniciativas; o António Cavaco, tranquilo e prudente. Outros mantêm uma presença activa na vida associativa, como a família Chaves Costa, que, já na terceira geração, continua a colaborar com a Apifarma. Outros, ainda seguiram caminhos distintos, como vários elementos da família Baptista de Almeida, que, em diferen- tes épocas, deixaram marca na Associação. Todos eles colaboraram na busca do talento, na pesquisa do local mais adequado para a sede, na definição da es- trutura interna. Foi com a colaboração de todos, e de cada um, que se alargou o quadro de pessoal e de consulto- res, que foi reformulado o funcionamento e a comunicação interna, utilizando as novas tecnologias da informação, e que foram encontradas e recuperadas instalações adequa- das às necessidades e à imagem da Indústria. Em todos eles confiei nos momentos de exaltação e na inquietação das derrotas, mas foi com a Isabel Saraiva, o esteio desta corrente feita de esforço e de dedicação, que todos sempre contámos. Trabalhadora infatigável, adversária temível, tecnicamen- te segura, coordenou a estrutura interna, representou a As- sociação em momentos difíceis em que muitos viraram a cara, viu chegar e partir Presidentes, Directores, Ministros e Secretários de Estado, servindo a Apifarma com lealdade e eficácia durante mais de duas décadas. Ao quadro de pessoal da Apifarma, em todos os seus escalões, é devido um tributo de gratidão. Sem eles, as tarefas teriam sido mais árduas, os objectivos mais difíceis de conseguir, a visibilidade da Apifarma bem menor. A componente humana é o mais importante; são as pes- soas o que fica na minha memória e no balanço final da minha actividade. 46 A pedido da Apifarma e conforme sugestão do meu amigo e actual Presidente, João Almeida Lopes, é com todo o gosto que incluo algumas notas referentes à minha passagem en- quanto Presidente da Direcção da Apifarma (1986-1989). Indico, seguidamente, um esboço resumido, com co- mentários posteriores que acho oportunos. Na elaboração do esboço, tive o contributo inestimável da minha amiga, Dra. Isabel Saraiva, que foi admitida como Directora Executiva no meu primeiro mandato, sen- do inovador ter-se escolhido uma senhora para
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