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A LEI 1. O ESTADO POLITICAMENTE ORGANIZADO O Estado estabelece a lei, principal fonte formal do direito, submetendo os administrados à sua obediência. Seus efeitos independem de anuência dos súditos, que não são consultados; pois a conveniência sobre sua expedição é um problema de política legislativa, que interessa ao próprio Estado na sua função elaboradora da regra jurídica, e a legitimidade do poder de criá-la é questão que antecede sua elaboração, conectando-se à constituição dos órgãos estatais. 1.1 A REGRA OBRIGATÓRIA i) lato sensu (em sentido amplo): expressa qualquer obediência individual. Daí a lex contractus romana = o contrato faz lei entre as partes/ obriga as partes. ii) strictu sensu (em sentido estrito): é a norma geral e permanente, editada pela autoridade competente e dirigida coativamente à obediência de todos. 2. O DIREITO ESCRITO A lei é resultante do direito escrito, diferentemente do costumeiro, o qual pode ser jurisprudencial ou não – que é o direito não escrito. 3. REDAÇÃO E DIFUSÃO DA LEI O Estado, por seus órgão próprios, cria a lei e a torna conhecida. No direito romano, era gravada em tábuas de mármore ou bronze e guardadas do tabulário do capitólio. 4. CARACTERÍSTICAS a) comando: é uma ordem, uma determinação do legislador aos indivíduos. Aconselhar e recomendar não lhe é próprio, e definir não é de boa técnica. Conforme Beviláqua: “o legislador não se dirige à inteligência, mas à vontade, e assim exprime mais que o desejo ou o preceito: manifesta um comando do Estado ao indivíduo, sujeitando-o à regra”. b) generalidade (universalidade): é uma ordem geral dirigida a todos, ou pelo menos a uma categoria de indivíduos. É um comando abstrato, não particulariza uma determinada pessoa. Não se estabelecem leis para determinados indivíduos, mas para todos os cidadãos. É o princípio da universalidade. b.1) Lei formal e lei material: se o ato reveste a aparência formal, mas ressente-se de comando geral, não é lei, ainda que oriundo do poder legislativo. Na forma exterior, é análogo à lei, mas falta-lhe a essência. Poderia chamar-se lei formal, mas não lei em sentido material. c) permanência: é próprio da lei ter duração, extensão no tempo. Se tem uma única aplicação, tem aparência formal de lei, mas não material - sem essência. Não sendo eterna, mas contingente, nasce, vive e morre. Pode ter existência mais ou menos longa, regular uma situação mais ou menos extensa; ter vigência indeterminada; ser limitada no tempo por termo (termo inicial e termo final); ou por causa limitada pela natureza da tutela que contém. d) autoridade competente: a CF discrimina as atribuições do PL, limitando seu campo de ação. O Estado deve velar pelos interesses da coletividade, sujeitando-se porém às regras da autolimitação da soberania. O PL encontra limites na sua competência. Quando exorbita da outorga popular, pratica ato nulo, sob aparência formal de lei, que não é lei por força de vício essencial da incompetência, sem legitimação, que destrói a origem do poder a falseia a delegação de sua autoridade, autorizando o indivíduo a não obedecê-la e o Poder Judiciário recusar-lhe aplicação. CF Art. 97. 5. SANÇÃO Provida de sanção, a lei é dotada de coercibilidade. A coerção da norma, inerente à determinação nela contida, dá ao Estado o poder de atuar materialmente para fazer cumprir o seu comando (impor a observância). Obs.: Alguns autores contestam a integração da etiologia pela coercibilidade, exemplificando com a falta de sanção no dever de coabitação dos cônjuges. 5.1 TIPOS DE SANÇÃO a) extremas: são encontradas nas leis penais. b) patrimoniais: a imposição de natureza econômica (perdas e danos) c)negativa de eficácia ao ato realizado sem observância de requisitos. 5.2 CONVERSÃO EM COAÇÃO OPERACIONAL Quem deve converter a coercibilidade psíquica em coação operacional: a) os órgãos públicos: quando o caráter público da lei permitir a atuação direta contra o violador, mesmo no silêncio ou contra a vontade da vítima; b) e o indivíduo prejudicado: quando a coercibilidade potencial está a sua disposição, podendo impulsionar o aparelho estatal (quando propomos uma ação ou uma queixa).
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