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Caso anna o. freud

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Caso 1 Anna O.
ASPECTOS DE ANNA O:
Anna tinha um alto QI e fácil aprendizagem e sua e sua percepção era aguçada. Possuía uma inteligência poderosa, que teria sido capaz de associar um real acervo mental, ao qual precisava muito. Tinha grandes dotes culturais (poesia) de grande imaginação, que estavam sob o controle do bom senso. 
ANAMNESE: 
Não apresentava qualquer sintoma na sua infância, porém em sua árvore genealógica existia parentes distantes com diagnóstico de psicoses, mas os seus pais não tiveram nenhuma apresentação de psicose. 
APRESENTAÇÃO DOS PRIMEIROS SINTOMAS: 
Apresentava fantasias antes da doença e seus pais nunca tinham percebido, pois era exata em suas tarefas. Passou a apresentar dois períodos de consciência diferentes, súbitos e frequentes:
Desses períodos ela reconhecia seu ambiente; ficava melancólica e angustiada, mas relativamente normal. No outro estado, tinha alucinações e ficava “travessa”, agressiva, e jogava almofadas nas pessoas, tanto quanto o permitiam , arrancava os botões da roupa de cama e de suas roupas com os dedos que conseguia movimentar, depois de jogar os travesseiros acusava as pessoas de fazerem coisas contra ela e de a deixarem confusa. Nesse estágio da doença, se alguma coisa tivesse sido tirada do lugar no quarto ou alguém tivesse entrado ou saído dele durante seu outro estado de consciência, ela se queixava de haver “perdido” tempo e fazia comentários sobre as falhas na sequência de seus pensamentos conscientes. Esses lapsos” (ausências) já tinham sido observados antes da sua queda da cama, costumava parar no meio de uma frase, repetir as últimas palavras e, depois de uma breve pausa, continuar a falar. Essas interrupções foram aumentando pouco a pouco até atingirem as dimensões que acabam de ser mencionada, no pique da doença, quando os ajustes haviam estendido até o lado esquerdo do corpo, somente uma parte do dia é que ela apresentava certo grau de normalidade.
 
SINAIS MAIS PROFUNDOS:
Mas as perturbações invadiram até mesmo seus momentos de consciência relativamente clara. Havia mudanças muito rápidas no seu humor, que levavam a uma fase de animação rápida, e em outras ocasiões havia uma angústia muito grande.
Alucinações assustadoras com cobras negras, que eram a maneira como Anna via seus cabelos, fitas e coisas semelhantes. Ao mesmo tempo, ficava dizendo a si mesma para deixar de ser tão boba que na verdade via eram apenas seus cabelos.
Paralelamente ao desenvolvimento das contraturas, surgiu uma profunda desorganização da fala e logo perdeu o domínio da gramática e da sintaxe, não mais conjugava verbos e acabou por empregar apenas os infinitivos na maior parte incorretamente a partir dos particípios passados, e omitia tanto o artigo definido quanto o indefinido. Mais tarde, ficou quase totalmente desprovida de palavras. Juntava-as com dificuldades a partir de quatro ou cinco idiomas e tornou-se quase incompreensível. Surgiram impulsos suicidas, impedindo-a que permanecesse morando no terceiro andar. Contra sua vontade, portanto, foi transferida para uma casa de campo nas imediações de Viena no dia 7 de junho de 1881 e por duas semanas ficou muda apesar de tentar grandes esforços, foi incapaz de emitir uma única palavra e então, pela primeira vez, o mecanismo psíquico do distúrbio ficou claro.
Só em momentos de extrema ansiedade é que sua capacidade de falar a abandonava por completo, ou então ela utilizava uma mistura de toda sorte de línguas, falava francês e italiano. Havia uma amnésia total entre essas ocasiões e aquelas em que falava inglês. Também nessa época seu estrabismo começou a diminuir e passou a se apresentar apenas nos momentos de grande euforia. Ela voltou a conseguir sustentar a cabeça, no dia 1º de abril, levantou-se pela primeira vez.
AGRAVOS NO TRATAMENTO:
No dia 05 de abril de 1881 seu querido pai morre e a melhora é interrompida por um trauma psíquico grave para Anna O. Houve um alto grau de restrição do campo visual: num buquê de flores que lhe proporcionou muito prazer, só foi possível enxergar uma flor por vez, queixava de não reconhecer as pessoas agora era obrigada a fazer um difícil “recognizing work”, ou seja, exercício de reconhecimento, dizia a si própria: “o nariz dessa pessoa é assim e assim e o cabelo é assim ou assado, de que forma deve ser fulano”.
A família chama médicos para avaliar Anna, o que foi inútil, pois ela não cooperava, apresentou crises de raiva e desmaiou. Freud sai por alguns dias e quando retorna Anna esta pior.
 CATARSE:
O método catártico é o procedimento terapêutico pelo qual um sujeito consegue eliminar seus afetos patogênicos e, então, abre agi-los, revivendo os acontecimentos traumáticos a eles ligados. A fala é o meio pelo qual estes afetos são eliminados.
A cura pela fala descoberta pelo Dr. Breuner e Freud e veio depois a dar origem à associação livre. Foi preciso que Freud percorresse um caminho marcado pela escuta para que viesse a formular conceitos importantes como o de inconsciente, transferência, resistência, dentre tantos outros.
Enquanto Feud conversava com ela, a paciente permanecia animada e em contato com as coisas exceto pelas súbitas interrupções causadas por uma de seus lapsos” (ausência) alucinatória. Nesses momentos, só falava inglês e não conseguia compreender o que lhe diziam em alemão. Freud havia conseguido evitar o uso de narcóticos (remédios), visto que a expressão verbal de suas alucinações a acalmava, ainda que não a levasse ao sono, portanto, quando ela estava no campo, as noites em que não conseguia alívio hipnótico eram tão insuportáveis que, apesar de tudo, era necessário recorrer ao cloral. Mas foi possível reduzir a dose aos poucos. Anna falava de modo apropriado esse método, como uma “talking cure (cura pela fala) e em tom de brincadeira, como “chimney-sweeping” (limpeza da chaminé)”. A paciente sabia que, depois que houvesse dado expressão a suas alucinações, perderia toda a sua obstinação e aquilo que descrevia como sua “energia”. 
Havia as perturbações do tempo da incubação da doença em 1880, que haviam produzido todos os fenômenos histéricos e quando recebeu expressão verbal, os sintomas desapareceram. A expressão verbal desses acontecimentos ocorreu de forma espontânea.
Foi após a volta de Freud ao qual estava em uma viagem de férias, que duraram várias semanas, tive a prova mais convincente do efeito patológico e excitante, ocasionado pelos complexos de representações produzidos durante seus “lapsos”, ou condition seconde, e do fato de que esses complexos eram eliminados ao receberem expressão verbal durante a hipnose. Nesse intervalo não fora efetuada nenhuma “cura pela fala”, porque foi impossível persuadi-la a confiar o que tinha a dizer a qualquer pessoa senão eu, nem mesmo ao Dr. Breuer, a quem, sob outros aspectos, ela se havia afeiçoado, Freud Diz: “Dessa forma as paralisias espásticas e anestesias, os diferentes distúrbios da visões e da audição, as nevralgias, tosses, tremores, etc. E por fim seus distúrbios da fala foram “removidos pela fala”.
 Ao acessar conteúdos inconscientes através da fala, a paciente tem a oportunidade de tomar contato com o que Freud chamou de força atuante da representação não ab-reagida. Ao permitir que o “afeto estrangulado” encontre uma saída através do discurso, esta representação é submetida a uma nova cadeia associativa. Assim, o efeito curativo de que Freud fala sobre a histeria, diz respeito a um afeto dissociado da ideia original recalcada. E é exatamente o novo significado o deste afeto que a fala possibilita. Ao falar de trauma psíquico, Freud diz que, quando a reação é reprimida, o afeto permanece ligado à lembrança. Entende-se por “reação” todo tipo de “reflexos involuntários, das lágrimas aos atos de vingança”. Freud continua prosseguindo dizendo que, quando a reação ocorre em grau suficiente, grande parte do afeto desaparece e faz uso de expressões cotidianas como “desabafar pelo pranto” ou “desabafar através de um acesso de cólera” (doença),tentando explicar a forma terapêutica feita através da fala, reforçando sua crença de que a fala é como substituta da ação, ou seja, com a ajuda da fala, um afeto pode ser “ab-reagido” quase com a mesma eficácia que uma vingança.
Por meio da fala o paciente tem a oportunidade de se conectar com ideias recalcadas que produzem os sintomas vigentes, sendo assim, ela passa a ter uma nova compreensão desta memória. Supõe-se que, na medida em que o paciente mantém ideias recalcadas de eventos ligados ao passado, este passado torna-se presente, uma vez que é constantemente atualizado através dos sintomas. Quando a reação é reprimida, o afeto permanece ligado à lembrança e produz o sintoma.[1: Nome atribuído por Breuer nas sessões de hipnose que Anna fazia com ele sendo a cura pela fala, limpeza de chaminé psíquica .][2: Descarga emocional pela qual um sujeito se liberta do afeto ligado à recordação de um acontecimento traumático, permitindo assim que ele não se torne ou continue sendo patogênico.]
ROTINA:
A rotina das coisas era o estado sonolento à tarde, seguido, após o pôr-do-sol, pelo torpor profundo, para a qual ela inventou o nome técnico de “clouds” (nuvens). Parece plausível atribuir essa sequência regular dos acontecimentos apenas à experiência dela enquanto cuidava do pai, o que teve de fazer por vários meses. Durante as noites, ela velava à cabeceira do seu pai ou ficava acordada, escutando ansiosamente até amanhecer, às tardes, deitava-se para um ligeiro repouso, como é o costume habitual das enfermeiras. Esse padrão de ficar acordada à noite e dormir à tarde parece ter sido transposto para sua própria doença e persistido muito depois de o sono ter sido substituído por um estado hipnótico. Após a refeição, lavava invariavelmente a boca, e o fazia até mesmo quando, por qualquer motivo, nada era comido observando como ela era distraída a respeito dessas coisas. A única coisa que parecia permanecer consciente a maior parte do tempo era que o pai tinha morrido. Ela se via transportada ao ano anterior com tal intensidade que, na casa nova, tinha alucinações com seu antigo quarto.
HIPNOSE:
Ana se auto hipnotizava “Quando isso era levado a efeito, ela ficava perfeitamente calma e, no dia seguinte, mostrava-se agradável, fácil de lidar, diligente e até mesmo alegre; no segundo dia, porém, tornava-se cada vez mais mal-humorada, desagradável, o que se acentuava ainda mais no terceiro dia. Quando ficava assim, nem sempre era fácil fazê-la falar, mesmo em seu estado hipnótico”
Sua hipnose da noite ficava assim intensamente sobrecarregada, pois tínhamos que escoar pela fala não só seus produtos imaginários atuais, como também os eventos e “vexations” (irritação) de 1881. Eram eliminados de maneira permanente ao receberem expressão verbal na hipnose, e resta-me apenas acrescentar a certeza de que isso não foi uma invenção imposta por Freud para a paciente através de sugestão. Freud foi pego de surpresa, e só depois de todos os sintomas serem assim eliminados em toda uma série de situações é que ele desenvolveu uma técnica terapêutica por meio dessa experiência.
O trabalho de recordação nem sempre era fácil e, algumas vezes, a paciente tinha que fazer grandes esforços. Em determinado momento, todo o progresso ficou interrompido por algum tempo porque uma lembrança recusava-se a surgir.
RELATOS DA MÃE DE ANNA O A HIPNOSE:
Também foi interessante a forma pela qual os estímulos psíquicos revividos, pertencentes ao estado secundário, davam a entender em seu primeiro estado o mais normal. Por exemplo, em certa manhã a paciente disse a Freud rindo que não tinha nenhuma ideia de qual era o problema dela, mas estava com raiva dele. Graças ao diário Freud sabia o que estava ocorrendo. A situação foi revivida na hipnose do anoitecer, Freud tinha aborrecido muito a paciente na mesma noite, em 1881. Houve outra ocasião em que ela disse que havia algo errado com seus olhos: estavam vendo as cores erradas. Sabia estar usando um vestido marrom, mas o via como se fosse azul. Logo foi observado que ela sabia distinguir todas as cores das folhas de teste visual de forma correta e clara, e que a perturbação só se relacionava com o material do vestido, sendo motivo que durante o mesmo período em 1881, ela estivera muito atarefada com a confecção de um roupão para o pai, que era feito do mesmo material de seu atual vestido, porém era azul em vez de marrom. A propósito, examinava com frequência que essas lembranças surgiam e revelavam de previamente o seu efeito, sendo a
perturbação do estado normal ocorria mais cedo, e a lembrança era despertada aos poucos, apenas em sua condition seconde (Segunda Condição).
CAUSAS:
 A transição de um estado para outro ocorria de forma espontânea, mas também podia ser facilmente promovida por qualquer impressão sensorial que lembrasse o ano anterior com nitidez. Bastava segurar uma laranja diante dos olhos dela (essa fruta tinha constituído seu principal alimento durante a primeira parte da doença) para que ela se visse transportada para o ano de 1881. Mas essa transferência ao passado não ocorria de modo geral ou indefinido, ela revivia o inverno anterior dia a dia. Freud só pode suspeitar de que isso estava acontecendo, se não fosse pelo fato de que todas as noites, durante a hipnose, ela falava sobre o que a havia excitado no mesmo dia em 1881, e não fosse pelo fato de um diário particular mantido pela mãe dela em 1881.
Trauma de 1880 causa: Cachorro bebendo em um copo de agua. Veja: “sua dama de companhia inglesa, de quem não gostava, e começou então a descrever, com demonstrações da maior repugnância, como fora certa vez ao quarto dessa senhora e como lá pudera ver o cãozinho dela, criatura nojenta! bebendo num copo. A paciente não tinha dito nada, pois quisera ser gentil. Depois de exteriorizar energicamente a ira que havia contido, pediu para beber alguma coisa, bebeu sem qualquer dificuldade uma grande quantidade de água e despertou da hipnose com o copo nos lábios. A partir daí, a perturbação desapareceu de uma vez por todas”.
Começou a tossir pela primeira vez quando, certa vez, sentada à cabeceira do pai, ouviu o som de música para dançar que vinha de uma casa vizinha, sentiu um súbito desejo de estar lá e foi dominada por auto recriminações. A partir de então, durante toda a sua doença, reagia a qualquer música acentuadamente dançante com uma tossis nervosa. Os mecanismos de defesa psicológicos, diante de qualquer afeto angustiante súbito passam gradativamente a ter os mesmo resultados de um período de afastamento (embora a, seja possível que esses afetos causassem de fato um afastamento temporário em todos os casos), algumas coincidências fortuitas formaram associações patológicas e perturbações sensoriais ou motoras, que daí por diante passaram a surgir junto com o afeto.
APRESENTAÇÃO DE MELHORA DO QUADRO:
 Todos os sintomas desapareciam depois de ela descrever sua primeira ocorrência. Também dessa maneira toda a doença desapareceu. A própria Anna O fez o firme propósito de que todo o tratamento deveria terminar no dia em que fizesse um ano da data em que foram levadas para o campo, 07 de julho.
 A PREDISPOSIÇÃO de ANNA O. PARA SUA SUBSEQUENTE DOENÇA HISTÉRICA:
 Sua vida familiar constante e a ausência de ocupação intelectual adequada a deixava com um excedente não utilizado de vivacidade e energia mentais, tendo esse excedente encontrado uma saída na atividade constante de sua imaginação.
 Isso a levou ao hábito das fantasias (seu “teatro particular”), que lançou as bases para uma dissociação de sua personalidade mental.
HISTERIA: 
 A histeria foi acompanhada, por perturbações consideráveis e uma deterioração do estado mental da paciente. Tive impressão muito forte de que os numerosos produtos do seu estado secundário, que ficaram concentradas e forçavam agora sua entrada na consciência, embora de início fossem recordados apenas em seu estado secundário, estavam ainda assim sobrecarregando e perturbandoseu estado normal.
OBSERVAÇÕES SOBRE O TEXTO: 
Muito apegado à ciência mais evoluída da sua época, Freud, queria fazer da psicologia uma ciência natural. Dessa forma tentou, em 1895, num manuscrito inacabado, formular correlações entre as estruturas cerebrais e o aparelho psíquico. Entretanto, Freud percebeu rapidamente que isso não era possível, dedicando-se, a partir de então, a construir uma teoria puramente psíquica.
A psicanálise tenta, a todo instante, afastar-se da ideia de que o sofrimento psíquico resulta de uma falta de adaptação ao meio, rompendo, desde aí, com o paradigma médico. Podemos pensar que Freud rompeu com a medicina de muitas outras formas, como por exemplo, colocando o saber no paciente, uma vez que eram as pacientes que forneciam a ele o que constituíam os sintomas, e não o contrário.
 Freud ensina que escutando o paciente com o nosso inconsciente e, por isso, não devemos nos preocupar em memorizar o que o paciente diz, analista, da mesma forma que o paciente, utiliza-se da associação livre como se naquele momento abrisse mão de seu pensamento consciente. A escuta, assim como a fala, assume um lugar central na Psicanálise.

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