Buscar

Resumo Penal av1 (1)

Prévia do material em texto

Resumo de Direito Penal I – AV1
	No art. 5° de nossa Constituição encontramos princípios constitucionais específicos em matéria penal, cuja função consiste em orientar o legislador ordinário para a adoção de um sistema de controle penal voltado para os direitos humanos, embasado em um Direito Penal da culpabilidade, um Direito Penal mínimo e garantista.
Valores Constitucionais em Matéria Penal
Princípios constitucionais em sentido amplo:
Ex: Princípio da dignidade da pessoa humana.
Princípios constitucionais em sentido estrito podem ser:
Explícitos: São aqueles que podem ser claramente identificados na letra da constituição.
Implícitos: São os que não podemos identificar claramente na constituição. Tanto a doutrina como a jurisprudência (STF) admitem sua existência
Princípio da Culpabilidade:
	É um princípio implícito deduzido do princípio da dignidade da pessoa humana e da segurança jurídica. Pode se referir à palavra culpabilidade com vários sentidos diferentes.
	O princípio da culpabilidade não admite a chamada responsabilidade objetiva pois a responsabilidade é subjetiva. Isso que quer dizer o brocardo “nullum crimen sine culpa”; ou seja, não há crime sem culpa.
É possível atribuir 3 (três) sentidos ao conceito de Culpabilidade.
Fundamento da Pena:
Significa um Juízo de Valor que permite atribuir a responsabilidade pela prática de um fato típico e antijurídico para aplicação da pena. Ao fundamentar, é necessário 3 (três) requisitos:
A) Capacidade de Culpabilidade;
B) Consciência da Ilicitude;
C) Exigibilidade da Conduta;
OBS:. A ausência de qualquer um desses elementos é suficiente para impedir a aplicação de uma pena.
Elemento de Determinação da Pena:
Nesse segundo sentido, a Culpabilidade funciona como Limite da Pena; de acordo com a gravidade do injusto. Devem ser proporcionais à gravidade do fato ocorrido (determinado pelos critérios de política criminal relacionado com a finalidade da pena).
Conceito Contrário à Responsabilidade Objetiva:
Nessa óptica, o Princípio da Culpabilidade impede a atribuição da responsabilidade penal objetiva. Ninguém responderá por um resultado absolutamente imprevisível se não houver obrado, pelo menos, com dolo ou culpa.
Princípio da Ofensividade/Lesividade:
Só se legitima a criminalização de condutas para a proteção de bens jurídicos. Bem jurídico é aquele interesse essencial aos indivíduos e à sociedade.
Esses princípios tem por objetivo a limitação da violência punitiva; ou seja, visa proteger o sujeito. Só posso dizer que a conduta é crime quando a conduta ofende/ é lesiva a um bem jurídico tutelado pelo direito penal.
O princípio da ofensividade proíbe a criminalização de comportamentos imorais. O indivíduo pode se portar do jeito que quiser, ainda que imoral, desde que não seja ofensivo ou lesivo ao outro.
Tipificar algum crime, é necessário e preciso que haja um perigo concreto ao Bem Jurídico. O Princípio da Ofensividade tem como exigência indeclinável de que a conduta proibida represente/contenha verdadeiro conteúdo a Bens Jurídicos socialmente relevantes. Nõ compete ao mesmo tutelar valores morais, éticos ou religiosos. Isso se dá pelo Princípio da Exclusiva Proteção de Bens Jurídicos.
O Princípio da Exclusiva Proteção de Bens Jurídicos, apresenta-se, ao lado dos demais princípios constitucionais penais, como limitador do ius puniendi (o direito de punir do Estado), regendo a seleção dos bens jurídicos a serem tutelados pelo Direito Penal, ao apontar os valores mais caros à sociedade, e condicionando a atividade de criminalização às condutas que ofendam intoleravelmente aqueles bens jurídicos.
Princípio Humanitário: (Expresso na CF)
	O princípio humanitário se concretiza pela proibição de algumas espécies de pena.
Ex: Pena de morte é proibido no Brasil. (Cláusula Pétrea).
O nosso Código Penal admite:
Pena pecuniária
Pena restritiva de direitos
Pena privativa de liberdade
Não são admitidos:
	Pena de morte, pena perpétua, de banimento, corporais e infamantes.
CF(art,5,XLIX)
Esse princípio sustenta que o poder punitivo estatal não pode aplicar sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana ou que lesionem a constituição físico-psíquica dos condenados. Segundo Maria Garcia: “ A compreensão do ser humano na sua integridade física e psíquica, como autodeterminação consciente, garantida moral e juridicamente.”
A definição desse princípio através de Artur Cortez Bonifácio: É um dos princípios de maior grau de determinação e também uma das fontes mais recorridas da Constituição, especialmente por: justificar as ações do Estado Democrático de Direito em favor dos Direitos Fundamentais, voltada para a justiça social; conferir um sentido unitário à Constituição; ou realizar uma ponderação de valores tendo em conta as normas e valores constitucionais.” 
Segundo Zaffaroni, determina: “A incostitucionalidade de qualquer pena ou consequência do delito que crie uma deficiência física (morte, amputação castração ou esterilização, intervenção neurológica etc.), como também qualquer consequência jurídica inapagável do delito”.
O Regime Disciplinar Diferenciado — prevendo isolamento celular de 360 dias, prorrogável por igual período — comina em prisão cruel e desumana e, portanto, inaplicável no Brasil.
A Lei de Execução Penal (LEP), já em seu artigo 1°, destaca como objetivo do cumprimento de pena a reintegração social do condenado, que é indissociável da execução da sanção penal penal.
Princípio da Personalidade/Intransmissibilidade:
	A pena não pode passar da pessoa do criminoso; ou seja, a pena não pode recair sobre outra pessoa. A pena é aplicada com exclusividade ao infrator, sendo portanto pessoal e intransmissível.
Nos termos do art. 5o, XLV, da CF, nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido. Esse princípio tem total correção com o princípio da responsabilidade pessoal, que proíbe a imposição de pena por fato de outrem, Ninguém pode ser punido por fato alheio. O filho não responde pelo delito do pai, a esposa não responde pelo delito do marido etc.
Princípio do Non Bis in idem: (Proibição da dupla incriminação pelo mesmo fato)
	Um indivíduo pelo único comportamento criminoso não pode ser punido duas ou mais vezes.
O princípio ne bis in idem ou non bis in idem constitui infranqueável limite ao poder punitivo do Estado, Através dele procura-se impedir mais de uma punição individual – compreendendo tanto a pena como o agravante – pelo mesmo fato (a dupla punição pelo mesmo fato).
O princípio do No Bis in Idem encontra-se diretamente ligado à limitação do poder punitivo do Estado, bem como à valorização e ao resguardo de garantias fundamentais da pessoa humana. Deste modo, mantém valorosa função de proteção ao status dignitatis do homem, na medida em que veda a possibilidade de que alguém seja processado e, principalmente, condenado em duas oportunidades pela prática do mesmo fato criminoso.
Princípio da Proporcionalidade:
	Deve haver uma correspondência entre a gravidade do crime e a pena. 
O Princípio da Proporcionalidade é uma consagração do constitucionalismo moderno. As ideias iluministas e do Direito Natural diminuíram o autoritarismo do Estado, assegurando ao indivíduo um novo espaço na Ordem Social.
Aliado com essa compreensão da maior dignidade do indivíduo é uma garantia que legitima e limita todo o ordenamento jurídico infraconstitucional.
Enfim, o princípio afirma que um sistema penal estará justificado quando a soma das violências que ele pode prevenir for superior à das violências constituídas pelas penas que cominar.
Princípio da Fragmentariedade:
	
	O direito penal pretende tutelar apenas os bens jurídicos mais importantes. Tutelando, portanto, apenas uma parte dos bens jurídicos. Nem todas as ações que lesionam bens jurídicossão proibidas pelo direito penal por ele não conseguir proteger todos os bens jurídicos.
	O Direito Penal NÃO É responsável pela tutela de TODOS os Bens Jurídicos. (Faz sentido pela Ultima Ratio). Nem todas as ações que lesionam Bens Jurídicos são proibidos pelo Direito Penal.
O Direito Penal limita-se a castigar as ações mais graves praticadas contra os Bens Jurídicos mais importantes. O mesmo não tem um objeto único de proteção, tutelando diversos bens jurídicos espalhados pelos ramos do direito.
Princípio da Intervenção Mínima:
	É identificado pela expressão “ultima ratio”; isto quer dizer que é o “último recurso” a ser utilizado para proteção de bem jurídico. Em último caso se recorre ao direito penal, caso os outros direitos (civil, trabalhista, etc) não consiga resolver.
A razão desse princípio é que o castigo Penal coloca em perigo a existência social do afetado, se o situa à margem da sociedade produzindo um dano social. Antes de se utilizar o Direito Penal deve-se esgotar TODOS os meios extrapenais de controle social. (Civil,Empresarial, Trabalhista etc.)
Não pode o Direito Penal servir de instrumento único de controle social, sob pena de banalizar-se a sua atuação que deve ser subsidiária, último remédio, última alternativa, a ‘ultima ratio’.
Princípio da Legalidade e da Reserva Legal:
	
	Este princípio pretende proteger a segurança jurídica da sociedade, garantir que nós só sofreremos uma pena se aquele comportamento, no momento que realizamos, seja definido como crime na lei. “Não há crime sem lei anterior que o defina, nem há pena sem prévia cominação legal”. Art. 1°, CP.
O Princípio da Legalidade é um imperativo que não admite desvios ou exceções. Tendo por base ideais iluministas o mesmo possui, assim como os outros, uma efetiva limitação ao poder estatal.
Nenhum fato pode ser considerado crime e nenhuma penal criminal pode ser aplicada sem que, antes da ocorrência, exista uma lei definindo-o como crime. (Nullum Crimen, Nulla Poena Sine Lege) NCNPSL. - Brocardo que traduz o princípio da legalidade: Não há crime sem prévia cominação legal.
O Princípio da Reserva Legal afirma que, de a acordo com a CF, compete previamente à União legislar sobre o Direito Penal. Portanto, ambos representam garantia política de que nenhuma pessoa poderá ser submetida ao poder punitivo estatal, se não com base em leis formais que sejam fruto do processo democrático, visando assim, defender a segurança jurídica da sociedade.
Princípio da Reserva Legal não é o mesmo que princípio da Legalidade pois a reserva legal é uma das dimensões da legalidade, estando portanto, incluída dentro da Legalidade. No entanto, não está errado equiparar os dois.
O Direito Penal brasileiro adotou o sistema dicotômico, portanto, as infrações penais possuem duas espécies:
Contravenções Penais
Crimes/Delitos (Infrações, delitos, ilícitos penais, transgressão, fato punível).
Devido ao fato do sistema penal brasileito ser dicotômico, não há diferença ontológica entre Crime e Delito, sendo ambos ilícitos penais. A diferença entre Crime e Contravenção Penal é o seu grau de gravidade.
	Logo, as contravenções penais também se submetem ao princípio da legalidade, uma vez que não há diferença ontológica entre crime e contravenção penal.
Crime admite reclusão ou detenção. Já a contravenção penal só admite prisão simples (art. 5o e 6o da LCP) e multa (que não é pena privativa de liberdade).
Art. 5° As penas principais são:
I – prisão simples.
II – multa.
Art. 6° A pena de prisão simples deve ser cumprida, sem rigor penitenciário, em estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em regime semi-aberto ou aberto. (Redação dada pela Lei no 6.416, de 24.5.1977).
§ 1o O condenado a pena de prisão simples fica sempre separado dos condenados a pena de reclusão ou de detenção.
§ 2o O trabalho é facultativo, se a pena aplicada, não excede a quinze dias.
Registre-se que prisão simples jamais é cumprida no regime fechado [é semi-aberto ou aberto], nem mesmo por intermédio da regressão.
Reclusão: é aplicada a condenações mais severas, o regime de cumprimento pode ser fechado, semi-aberto ou aberto, e normalmente é cumprida em estabelecimentos de segurança máxima ou media.
Detenção: é aplicada para condenações mais leves e não admite que o inicio do cumprimento seja no regime fechado. Em regra a detenção é cumprida no regime semi-aberto, em estabelecimentos menos rigorosos como colônias agrícolas, industriais ou similares, ou no regime aberto, nas casas de albergado ou estabelecimento adequados.
É Contravenção Penal: urinar na rua; provocar tumulto em festa; passar trote para órgãos públicos; retirar placas de sinalização das ruas; queimar lixo no quintal de forma a incomodar o vizinho com a fumaça; dirigir gracejos obscenos a pessoas; colocar musica em volume alto para provocar o vizinho; enterrar ou desenterrar cadáver fora das determinações legais; briga de galo com apostas; não querer aceitar troco em moedas; deixar cair da janela de apartamento vaso de plantas; jogar ovos ou água fria nas pessoas que passam embaixo da janela de um prédio.
O Princípio da Legalidade possui 4 dimensões:
	1.NCNPSL PRÉVIA
	Lei penal ser anterior ao comportamento (princípio da Legalidade)
	2.NCNPSL SCRIPTA
	Fontes Materiais (de produção) e Fontes Formais (de cognição)
	3.NCNPSL STRICTA
	Proibida analogia desfavorável ao agente (in malam partem)
	4.NCNPSL CERTA
	Exige clareza e precisão.
NCNPSL SCRIPTA:
Fontes do Direito, são todas as formas ou modalidades por meio das quais são criadas, modificadas ou aperfeiçoadas as normas de um ordenamento jurídico. As Fontes do Direito Penal podem ser Fonte Material (Produção) ou Fonte Formal(Cognição). A primeira relaciona-se com à origem do direito e as outras às formas de manifestação das normas jurídicas.
O Estado é a única fonte de produção — Fonte Material — do Direito Penal. O instrumento para materializar sua vontade é a lei. A CF de 1988 prescreve em seu art. 22,I, que compete à União legislar em matéria Penal. Essa é a mais autentica Fonte Material de Direito Penal. Destaca o professor Regis Prado: “norma geral e abstrata emenda do Poder Legislativo (Câmara dos Deputados e Senado), detentor único da competência para legislar nessa matéria”.
Enfim, somente a lei formal as normas penais podem encontrar fundamento politico-jurídico para sua obrigatoriedade. A lei, nos Estados Democráticos de Direito, constitui a expressão suprema da vontade do Estado, fonte primária do Direito, a que outras fontes se condicionam e subordinam. Estão fora do conceito de lei formal: decretos, regulamentos, portarias, medidas provisórias, e resoluções.
Fontes Materiais (de produção): 
Para o direito penal o Estado é a única fonte de produção/material.
Fontes Formais (de cognição): 
É a maneira como o direito penal se expressa. Através de: Lei, Doutrina, Jurisprudência, Costume, Atos administrativos, etc.
As Fontes Formais podem ser Imediatas e Mediatas:
Fontes Imediatas: A única fonte formal imediata é a Lei. A lei pode definir o que é crime e a pena correspondente.
Fontes Mediatas: Doutrina, Jurisprudência, Costumes, Princípios gerais do direito.
A fonte por excelência do Direito Penal é a lei formal. Os costumes, a jurisprudência e a doutrina podem ter influência mais ou menos direta na sanção e modificação das leis mas não são fontes do direito penal.
É a lei escrita, devendo esta ser assim disposta nos códigos não só pelo sistema positivo adotado pelo Brasil, mas também pelo reconhecimento de que deve constar na lei de forma que haja acesso a qualquer cidadão. Passa a existir o objeto certo no qual a lei será procurado, os códigos e a forma determinada, a escrita, abolindo, com isso, a forma de transmissão oral da lei.
NCNPSL STRICTA:
É proibida a analogia in malam partem, desfavorável ao agente, ou seja, o réu.
No direito penal só se pode usar a analogia em favor do réu.
Obs: Não confundir analogiacom interpretação analógica. Na interpretação analógica é quando se refere, por exemplo, a um crime nojento ou por outro motivo torpe. Ou seja, igualmente nojento. Logo, analógico. Já a analogia é uma forma de preencher as lacunas da lei.
A Lex Stricta é a lei estrita, a qual propõe dois aspectos, tanto consistindo em a lei ser a lei penal a única forma de incriminar quanto a situação em que não se permite a analogia com vistas à incriminar. A lei é estrita no sentido de ser apenas a lei penal incriminadora e, por esse propósito, não se pode utilizar a analogia para tipificar condutas.
NCNPSL CERTA:
	É chamada também de Princípio da Taxatividade, pois o NCNPSL CERTA exige clareza, lei redigida precisa, certa. Logo, a normal penal escrita com vagueza ofende o princípio da taxatividade por conta da imprecisão.
	A Lex certa, lei certa, sendo este postulado o causador da necessidade da lei não deixar dúvidas sobre seu teor, possibilitando que qualquer cidadão compreenda.
Leis Penais no Tempo:
O princípio que rege o conflito de leis no tempo é Tempus Rest Actum. Este princípio é relativizado por força do princípio da Irretroatividade/anterioridade, que diz que a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu.
A lei aplicável à repressão da prática do crime é a lei vigente ao tempo de sua execução.
Irretroatividade da Lei Penal:
As normas que regulam as infrações penais não podem modificar-se após suas execuções em prejuízo do cidadão.
“A ideia de que o delinquente somente pode motivar-se pelo comando normativo quando este existir no momento da prática delitiva.” Jesheck.
Retroatividade e ultratividade da Lei mais Benigna
No conflito de leis penais no tempo, é indispensável investigar qual a que se apresenta mais favorável ao indivíduo tido como infrator. 
A lei anterior quando for mais favorável, terá ultratividade e prevalecerá mesmo ao tempo de vigência da lei nova, apesar de já estar revogada. O inverso também é verdadeiro, quando a lei posterior for mais benéfica, retroagirá para alcançar fatos cometidos antes da sua vigência.
O conflito do Direito Intertemporal: retroatividade e ultratividade da lei mais benigna. A lei penal mais benéfica, repetindo, não só é retroativa mas também ultrativa.
Observa-se 4 situações de conflitos de lei penal no tempo:
Abolitio Criminis
Novatio Legis Incriminadora
Novatio Legis in Mellius
Novatio Legis in Pejus
Abolitio Criminis:
Ocorre abolitio criminis quando uma conduta descrita como crime deixa de ser crime.
Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime. Art. 2°, caput, CPB.
A natureza jurídica da abolitio criminis se encontra no art. 107, inciso 3°, CPB.
Atenção: Extingue-se a punibilidade, o sujeito não pode mais sofrer a punição. Se ele tiver preso, deve ser solto imediatamente em caso de abolitio criminis. 
O crime existiu mas deixa de ser crime e o sujeito não pode mais ser punido. É diferente da anistia que apaga o crime.
Na abolitio criminis só se extingue a punição e os efeitos penais. Os efeitos extra-penais permanecem.
Exemplo de efeito extra penal: indenização, perda de cargo público, etc.
Novatio Legis Incriminadora:
Ao contrario da Abolitio Criminis, considera crime fato anteriormente não
incriminado. Ela possui característica de ser irretroativa e não pode ser aplicada a fatos praticados antes de sua vigência. ( Art. 5, XXXIX, da CF e Art. 1 do CPB).
Diz respeito a lei nova não poder retroagir para incriminar o praticante se quando ele cometeu o crime ainda não era crime. Art. 1°, CPB.
Novatio Legis in Mellius:
É a lei nova mais favorável ao agente. In Mellius é a lei nova que favorece o agente. Art. 5°, XL, CF e artigo1°, parágrafo único, CPB.
Pode ocorrer que a lei nova, mesmo sem descriminalizar, dê tratamento mais favorável ao sujeito. Mesmo que a sentença condenatória encontre-se em fase de execução, prevalece a Lex Mitior que, de qualquer modo, favorece o agente (Art. 2 do CPB).
Novatio Legis In Pejus:
É o oposto da In Mellius, pois “in pejus” significa para pior. Se existe hoje uma conduta definida como crime e amanhã o legislador dá um tratamento mais rigoroso à conduta criminosa. Art. 5°, XL, CF e art. 2°, parágrafo único, CPB.
A lei posterior que qualquer modo agravar a situação do sujeito não retroagirá. (Art.5, XL, da CF). Caso haja conflito entre as duas leis e a mais atual for mais severa a anterior será ultrativa e a atual não retroagirá.
Lex Gravior: 
- Não ultrativa
- Não Retroativa
Lex Mitior:
- Ultrativa
- Retroativa
Mesmo sendo Abolitio Criminis ou qualquer alteração In Mellius, retroage e aplica-se imediatamente aos processos em andamento, ao fatos delituosos cujos processos ainda não foram iniciados e, inclusive, aos processos com decisão condenatória já transitada em julgado.
Lex Mitior em Vacatio Legis:
Segundo Bitencourt, não pode ser obstaculizada a sua aplicação retroativa quando configurar lei penal mais benéfica, mesmo que ainda se encontre em Vacatio Legis. Hungria, a seu tempo, salvava: “ A lei em seu período de Vacatio não deixa de ser Lei Posterior, devendo, pois, ser aplicada, desde logo, se for mais favorável ao réu.
Só temos 2 espécies de sanção penal:
Pena:
Medida de Segurança:
Vacatio Legis: Período que a lei já promulgada espera para entrar em vigor. A regra é que seja 45 dias.
Lex Tertia:
Possibilidade da combinação de leis.
	Lei anterior (20/02)
	Crime praticado (22/02)
	Lei posterior (20/03)
	1 ano de detenção, ou;
	
	6 meses de detenção
	Substituição por pena de multa
	
	Não há substituição
	Seria mais benéfico ao réu combinar o 2° item da lei anterior com o 1° item da lei posterior. No entanto, o STF atualmente se posiciona contrariamente à combinação de leis. (Súmula 501 do STF).
	O entendimento doutrinário majoritário é a favor da combinação de leis (parágrafo único do artigo 2°).
Podemos classificar os crimes em:
Instantâneos:
	É o que se esgota na ocorrência do resultado. Não há continuidade temporal. Um vez realizados os seus elementos nada mais se poderá fazer para impedir sua ocorrência(lesão corporal, furto).
	São aqueles cuja consumação ocorre num momento exato, muito preciso.
Exemplos: 
Homicídio: Ainda que se passe 2 dias matando a vítima é um crime instantâneo pois a morte ocorre em um momento preciso.
Injúria: A ofensa à honra ocorre no momento preciso que houve o “xingamento”.
	No entanto, o homicídio é um crime instantâneo de efeito permanente, pois a morte não volta.
Permanentes:
	É aquele cuja consumação se prolonga no tempo, depende da vontade, pode cessar quando ele quiser (sequestro, cárcere privado)
Exemplo:
Sequestro: Ele inicia no momento que o indivíduo perde a liberdade de locomoção e encerra quando ele recobra a liberdade de ir e vir. Durante o tempo que o indivíduo permanece com a sua liberdade cerceada, o crime está sendo cometido.
	Durante o tempo que o crime permanente está sendo cometido, não impede que uma lei mais grave se aplique. (Súmula 711).
Não confundir com Crime continuado: (citado na Súmula 711 e art. 71 CP)
	No crime continuado, o indivíduo pratica “N” condutas delituosas que são consideradas como um crime único.
Exemplo: O sujeito praticou 10 furtos, toda semana no local de trabalho, usando o mesmo modus operandi. Passa a ser considerado crime único para que sua pena não se agrave absurdamente, chegando a sofrer pena maior que de morte por causa de um furto.
	No crime permanente eu só tenho uma conduta que se prolonga no tempo (caso do sequestro), enquanto que no crime continuado eu tenho inúmeras condutas que é tratada como um crime único visando o benefício do agente.
Art. 3°:
Lei Temporária:
	
	Traz o prazo de sua vigência, traz a indicação do momento que será revogada.
Lei Penal Excepcional:
	
	Tem a sua vigência condicionada a determinados eventos extraordinários/excepcionais.
Exemplo: Catástrofe natural.As duas leis são espécies do mesmo gênero por possuírem uma característica importante em comum: Elas são ultrativas, ou seja, produzem efeitos após a sua revogação.
Se o fato do crime acontece e a pena dele é de 10 anos e depois muda para 5 anos ela é RETROATIVA.
Se o fato do crime acontece e a pena é de 5 anos e depois muda para 10 anos ela é ULTRATIVA.
Art. 4° - Tempo do Crime
Existem 3 critérios/teorias para definir o tempo do crime:
Teoria da ação/atividade
Teoria do Resultado
Teoria Mista/Ubiquidade
Teoria da ação: (Usada pelo Código Penal Brasileiro)
O momento do crime é o momento da ação.
Teoria do Resultado:
O momento do crime é o momento do resultado.
Teoria Mista/Ubiquidade:
Você pode considerar a ação ou o resultado como o momento do crime.
Lei Penal no Espaço:
Art. 6° - Lugar do crime:
	
	Considera-se o lugar do crime a teoria da ubiquidade, tanto faz o lugar da ação ou do resultado.
	O CPB adotou a teoria da ubiquidade para evitar a impunidade.
Teoria da Ação:
Lugar do delito é aquele em que se realizou a conduta.
Teoria do Resultado:
Lugar do delito é aquele em que ocorreu o evento ou o resultado, isto é, onde o crime se consumou, pouco importando a ação do agente.
Teoria Mista (ubiquidade):
Lugar do delito pode ser o da ação como o do resultado, ou ainda o lugar do bem jurídico atingido .
Art. 5° - Territorialidade:
	
	O princípio geral da aplicação penal no espaço é o princípio da territorialidade.
Extraterritorialidade:
	É a possibilidade de aplicar a lei brasileira ainda que tenha acontecido em território internacional.
São 4 hipóteses:
Princípio Real (da defesa, da proteção): art. 7°, I; a,b,c.
Princípio da Nacionalidade (da personalidade): art. 7°, II, b
Princípio da Universalidade (da Justiça Universal): art. 7°, II; a; art. 7°, I, d.
Princípio da Representação (da bandeira): art. 7°, II, c.
Extraterritorialidade Incondicionada
	Aplica-se a lei brasileira sem qualquer condicionante, na hipótese de crimes praticados fora do território nacional, ainda que o agente tenha sido julgado no estrangeiro. O poder jurisdicional brasileiro é exercido independentemente da concordância do país onde o crime ocorreu. No país do ato onde foi praticado, mesmo sendo licito, é irrelevante. (Art. 7, I, CPB).
Extraterritorialidade Condicionada:
	Aplica-se a lei brasileira, sendo indiferente que o crime tenha sido praticado no estrangeiro. (Art 7, II, CPB).
Art. 8°: Essa lei evita que o réu cumpra a pena 2 vezes, ou seja, evita o bis in idem.
Art 10°: Os prazos penais contam-se a partir da data do fato. Os prazos processuais começam a contar no dia posterior ao fato.
Teoria do Delito
	Está diretamente ligada à segurança jurídica.
Conceito de Crime: 
Crime é toda conduta proibida sob ameaça de uma pena (conceito formal).
O conceito analítico decompõe o delito em suas partes constitutivas, analisa o comportamento para então concluir se houve crime.
Há 4 exemplos de conceito analítico de crime:
Crime é toda ação típica, anti-jurídica e culpável (3 elementos do crime em negrito).
Crime é toda ação ou omissão típica, ilícita e culpável.
Crime é toda ação ou omissão típica e ilícita (a culpabilidade é pressuposto da pena).
Crime é toda ação ou omissão típica, ilícita, culpável e punível.
Ação em sentido amplo = conduta
Ação em sentido estrito = omissão.
Antijuridicidade é sinônimo de ilicitude.
Os exemplos 1 e 2 são iguais, querem dizer a mesma coisa, estão corretos e são aceitos pela doutrina majoritária.
O exemplo 3 está errado porque a culpabilidade é elemento do crime e não um pressuposto.
O exemplo 4 está errado porque punibilidade não é elemento do crime.
Os 3 elementos do crime:
Tipicidade: É um juízo de adequação
Antijuridicidade ou ilicitude: É um juízo negativo de valor (censura) em relação ao fato.
Culpabilidade: É um juízo de censura ao autor de um fato (pessoal) e não sobre o fato, como ocorre na antijuridicidade.
Objetos do crime
Objeto Jurídico:
	
	Corresponde exatamente a noção de um bem jurídico tutelado pela norma penal. É aquilo que se protege, que se tutela, por isso se chama também de objeto de proteção, pois não existe (o direito penal não admite) crime sem objeto de proteção.
Objeto Material:
	É a coisa concreta sob a qual atua o autor do delito. É o objeto da ação.
O objeto Jurídico do crime de furto é o Patrimônio.
O objeto Material do crime de furto é a coisa alheia móvel.
Sujeitos do Crime
Sujeito Ativo do Delito:
	
	É a pessoa que pratica o crime direta ou indiretamente. A conduta (ação ou omissão), pedra angular da Teoria do Crime, é produto exclusivo do Homem. A capacidade da ação, e da culpabilidade, exige a presença da vontade. Sujeito Ativo é quem pratica o fato descrito como crime na norma penal incriminadora. É preciso executar total ou parcialmente a figura descritiva de um crime. É identificada por uma série de vocábulos:
Indiciado, denunciado, querelado, agente.
Levando em consideração o sujeito ativo do delito, podemos classificar os crimes em:
Crimes Sujeito Ativo:
Comuns: É aquele que não exige que o sujeito ativo tenha determinada qualidade, condição, podendo ser praticado por qualquer pessoa (lesão corporal,estelionatário, furto).
Próprio: O sujeito ativo não pode ser qualquer pessoa, exige condição. É aquele que exige determinada qualidade ou condição pessoal do agente. Pode ser condição jurídica (acionista), profissional ou social (comerciante), natural (gestante, mãe), parentesco (descendente) etc.
Exemplo: falso testemunho, funcionário público (pecolado).
De mão própria: É aquele que não pode ser praticado por outra pessoa. Precisa ser o autor executor. É aquele que só pode ser praticado pelo agente pessoalmente, não podendo utilizar de pessoa interposta (adultério, falso testemunho, prevaricação). A diferença entre Crime de Mão Própria e de Crime Próprio é que nos Crimes Próprios, o sujeito ativo pode determinar a outrem a sua execução (autor), embora possam ser cometidos apenas por um número limitado de pessoas; nos Crimes de Mão Própria, embora possam ser praticados por qualquer pessoa, ninguém os comete por meio de intermédio de outrem.
	Obs: Estupro não é crime de mão própria porque pode ser encomendado, assim como o homicídio.
	Pessoa jurídica não pode ser sujeito ativo de crimes (não pode ser penalmente responsabilizado) porque não tem capacidade psíquica de culpa; é expresso pelo brocardo “societas delinquere non rotest”.
	
	A CF permite que a pessoa jurídica pode ser sujeito ativo de crimes quando cometer crime ao meio ambiente. (art. 225, parágrafo 3°). No entanto, a doutrina majoritária não entendeu dessa forma e manteve por muito tempo o entendimento de que pessoa jurídica não pode ser penalmente responsabilizado.
	Entretanto, hoje em dia, o STF e STJ e maior parte da doutrina, aceitam que pessoa jurídica seja penalmente responsabilizada, somente em crimes contra o meio ambiente.
Sujeito Passivo do Delito:
É o titular do bem jurídico protegido pela norma penal incriminadora. Sujeito Passivo é o titular do bem jurídico atingido pela conduta criminosa. Sob o aspecto formal, o Estado SEMPRE é o sujeito passivo do crime, que poderíamos chamar de SUJEITO PASSIVO MEDIATO. Pode ser identificado pelos seguintes vocábulos:
Vítima, ofendido, querelante.
O sujeito passivo pode sofrer as consequências do crime sem ser o titular do bem jurídico protegido.
Exemplo: Se eu vou depositar o dinheiro da empresa no banco e sou assaltada no caminho, eu sofri o crime mas não sou titular do bem.
Sujeito Passivo pode ser: o ser humano (ex:. crimes contra a pessoa); o Estado (crimes contra a Administração Pública); a coletividade (ex:. crimes contra saúde pública); e, inclusive, a pessoa jurídica (ex:. crimes contra o patrimônio).
Sujeito Passivo Formal ou Constante: Estado (sempre)
Sujeito Passivo Material ou Eventual: O Estado podeser eventualmente sujeito passivo também.
	CRIMES SEM VÍTIMAS SÃO DENOMINADOS DE CRIMES VAGOS
Sujeito passivo constante, mediato, formal, geral, genérico ou indireto: é o Estado, pois a ele pertence o direito público subjetivo de exigir o cumprimento da legislação penal.
Sujeito passivo eventual, imediato, material, particular,acidental ou direto: é o titular do bem jurídico especificamente tutelado pela lei penal. Exemplo: o proprietário do carro subtraído no crime de furto.
Morto = Objeto Material do crime.
	Morto não é sujeito passivo do crime mas sim a sua família e também a sociedade que se preocupa em que a honra do defundo seja protegida.
	Os animais, em nenhuma situação, poderão ser sujeitos passivos do delito, pois diz respeito ao crime de dano ao proprietário do animal ou dano à comunidade (cachorro de rua).
	Animais são objetos materiais do delito.
Cachorro com dono: crime de dano ao proprietário (vítima)
Cachorro de rua: crime contra o meio ambiente (Estado é o sujeito passivo do delito).
Não existe a possibilidade de o sujeito ativo ser o sujeito passivo ao mesmo tempo.
Crimes contra a honra:
Calúnia (art. 138, CP): Honra objetiva (respeitabilidade)
Difamação (art. 139, CP): Honra objetiva
Injúria (art. 140, CP): Honra subjetiva (juízo que fazemos de nós mesmos, auto-imagem)
	Pessoa jurídica não pode ser sujeito passivo do crime de injúria porque ele não tem como se sentir ofendido nem faz reflexão de auto-imagem. (entendimento doutrinário majoritário).
	Nos últimos 10 anos, o STF não tem aceitado que pessoa jurídica seja sujeito passivo de nenhum crime contra honra.
Classificação dos crimes:
(diferenciação entre o momento da consumação)
Materiais: (de resultado)
	São aqueles que apresentam um resultado destacado da conduta, e eles se consumam com a produção do resultado.
	O Crime Material (ou de resultado) descreve a conduta cujo resultado integra o próprio tipo penal. Ou seja, para sua consumação é indispensável a produção de um resultado separado do comportamento que o precede. O Resultado Material que integra a descrição típica pode ser tanto de dano como de perigo concreto para o bem jurídico protegido. A não ocorrência do resultado caracteriza a tentativa. A ação e o resultado são cronologicamente distintos.
 
Exemplo: roubo, furto, extorsão, homicídio
Formais: (de resultado cortado)
	São crimes cujo resultado são antecipados. Realizada a conduta produz-se resultado consumativo.
O Crime Formal também descreve um resultado, que, contudo, não precisa verificar-se para ocorrer a consumação. Basta a ação do agente e a vontade de concretizá-lo, configuradoras do dano em potencial. 
Exemplo: corrupção, ameaça.
	O resultado opera-se no mesmo/exato momento que a conduta é realizada.
Art. 147: Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave.
Veja-se que o crime de ameaça apenas prevê a conduta de quem ameaça, não importando se o resultado da ameaça aconteceu, tão pouco se a pessoa se sentiu constrangida ou ameaçada. A intimidação é irrelevante para a consumação do delito.
De mera conduta: (de mera atividade)
	São crimes sem resultado. A consumação ocorre com a simples conduta, mera atividade do agente.
No crime de Mera Conduta o resultado naturalístico não só não precisa ocorrer para a consumação do delito, como ele é mesmo impossível. Veja-se o que o STF entende sobre o crime de porte ilegal de arma de fogo, sobre ser um Crime de Mera Conduta:
O crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido é de mera conduta e de perigo abstrato, ou seja, consuma-se independentemente da ocorrência de efetivo prejuízo para a sociedade, e a probabilidade de vir a ocorrer algum dano é presumida pelo tipo penal. Além disso, o objeto jurídico tutelado não é a incolumidade física, mas a segurança pública e a paz social, sendo irrelevante o fato de estar a arma de fogo municiada ou não.
Exemplo de crime de mera conduta: desobediência.
Crime Simples:
	Os crimes simples são aqueles que só há apenas um injusto: podemos citar como exemplos o crime de homicídio simples, cuja descrição é “matar alguém”; (art. 121, “caput”, do CP), e o furto simples (art. 155 do CP).
Exemplo: furto, lesão corporal.
Crime Complexo:
	
	Sinteticamente, pode-se afirmar que o crime complexo represente a soma ou fusão de dois crimes. Na verdade, o crime complexo ofende mais de um bem jurídico ao mesmo tempo. Por exemplo o crime de Roubo (art.157).
Exemplos: 
Latrocínio = homicídio + roubo.
Roubo = furto + ameaça
Extorsão = ameaça + apropriação
A Pessoa Jurídica como Sujeito Ativo de Crime:
No Brasil, a obscura previsão do art. 225, § 3º, da CF, relativamente ao meio ambiente, tem levado alguns penalizas a sustentarem, equivocadamente, que a Carta Magna consagrou a responsabilidade penal da pessoa jurídica. No entanto, a responsabilidade penal ainda se encontra limitada à responsabilidade subjetiva individual. Nesse sentido manifesta-se René Ariel Dotti: “ no sistema jurídico positivo brasileiro, a responsabilidade penal é atribuída, exclusivamente, às pessoas físicas. Os crimes ou delitos e as contravenções não podem ser praticados pelas pessoas jurídicas, posto que a imputabilidade jurídico-penal, é uma qualidade inerente aos seres humanos”. A conduta (ação ou omissão), pedra angular da Teoria Geral do Crime, é produto essencialmente do homem.
Respondendo à tese de que a CF adotou a responsabilidade penal para as pessoas jurídicas o art. 173, § 5º, da mesma afirma que: “ A lei, sem prejuízo da responsabilidade
individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular”. Pode-se concluir que 1º) a responsabilidade pessoal dos dirigentes nÃo se confunde com a responsabilidade da pessoa jurídica; 2º) a Constituição não adotou a pessoa jurídica de responsabilidade penal. Ao contrario, condicionou a sua responsabilidade à aplicação de sanções compatíveis com sua natureza. Enfim, a responsabilidade penal continua a ser pessoal (art. 5º, XLV). Por isso, quando se identificar e se puder individualizar quem são os autores físicos dos fatos praticados em nome de uma pessoa jurídica, tidos como criminosos, aí sim deverão ser responsabilizados penalmente.
Crimes Monoofensivos:
	Quando uma norma penal incriminadora tutela apenas um bem jurídico.
Crimes Pluriofensivos:
	Quando uma norma penal incriminadora tutela mais de um bem jurídico.
Crimes Unisubjetivos: (crime de concurso eventual)
	É aquele que pode ser cometido por um único sujeito ativo, mas eventualmente pode ser praticado por mais de um sujeito ativo.
Exemplo: Homicídio (pode ser praticado por um ou em concurso)
Crimes Plurisubjetivos: (crime de concurso necessário)
	Só pode ser praticado por mais de um sujeito ativo.
Exemplo: associação criminosa (formação de quadrilha)
Temos duas modalidades de conduta:
Ação
Omissão
Teorias da Ação
Teoria Causalista da Ação (causal-naturalista):
A ação, segundo Von Liszt, é todo movimento corpóreo dominado pela vontade que provoca modificações no mundo exterior. Esse conceito, posteriormente, foi adotado em muitos países. Porém, destacou-se no século XX que essa teoria era inaplicável para casos que que houvesse a omissão.
Manifestação da Vontade Relação de Causalidade Resultado
OBS:. Abstrai-se, no entanto, desse conceito o Conteúdo da Vontade, que é deslocado para a culpabilidade. Criando duas espécies: o dolo e a culpa. O Conteúdo da Ação se encontra na culpabilidade.
Ação é todo movimento corpóreo dominado pela vontade que provoca uma modificação no mundo exterior.
Elementos do conceito de ação:
Movimento corpóreo voluntário
Nexo de causalidade entre movimento corpóreo e causalidade
Resultado
Teoria Finalista da Ação:
Açãoé o comportamento consciente e voluntário dirigido a um fim.
Weltzel elaborou o conceito finalista em oposição ao conceito causal de ação, e principalmente à insustentável separação entre vontade e seu conteúdo. Para Weltzel “a ação humana é exercício de atividade final. A ação é, portanto, um acontecer ‘final’ e não puramente ‘causal’. A ‘finalidade”; ou o caráter final da ação baseia-se em que o homem, graças a seu saber causal, pode prever, dentro de certos limites, as consequências possíveis de sua conduta”. 
A ATIVIDADE FINAL É UMA ATIVIDADE DIRIGIDA CONSCIENTEMENTE PARA UM FIM.
A VONTADE É A ESPINHA DORSAL DA AÇÃO FINAL, CONSIDERANDO QUE A FINALIDADE BASEIA-SE NA CAPACIDADE DE VONTADE DE PREVER.
Nesses termos, a ação é o comportamento voluntário conscientemente dirigido a um fim. A direção final de uma ação realiza-se em duas fases: Subjetiva (fase interna) e Objetiva (fase externa).
Fase Interna – Subjetiva (no plano da consciência, do intelecto do agente)
Há escolha do fim/dos meios/consideração dos efeitos concomitantes.
1. Objetivo pretendido
2. Meio de execução
3. Consequências da relação meio/fim.
Fase Externa – Objetiva (Fase exterior, fase visível da ação)
Execução da ação real, material, efetiva, dominada pela determinação do fim e dos meios na esfera do pensamento. Em outros termos, o agente põe em movimento, segundo um plano, o processo causal, dominado pela finalidade, procurando alcançar o objetivo proposto. Se, por qualquer razão, não se consegue domínio final ou não se produz o resultado, a ação será apenas tentada.
Nos crimes culposos, na verdade, decisivos são os meios utilizados ou a forma de sua utilização, ainda que a finalidade pretendida seja em si mesma irrelevante para o Direito Penal. O fim pretendido pelo agente geralmente é irrelevante, mas não os meios escolhidos ou a forma de sua utilização.
Em casos de crime culposo há uma Finalidade em potencial. É substituído depois por finalidade real.
Exemplo de Crezo Mir:
O homem que dirige um veículo e causa, de forma não dolosa, a morte de um pedestre, realiza uma ação finalista: conduzir o veículo. O fim da ação — ir a um lugar determinado — é jurídico-penalmente irrelevante. O meio escolhi — o automóvel — também o é, nesse caso. No entanto, é jurídico-penalmente relevante a forma de utilização do meio se o motorista, por exemplo, o conduz em velocidade excessiva.
Doloso – Finalidade Ilícita
Culposo – Finalidade Lícita
Não existe ação, e consequentemente, não existe crime sem a voluntariedade.
Hipóteses em que não é considerado crime por ausência de ação voluntária:
Estado de inconsciência:
Por exemplo se o sonâmbulo tocou fogo na casa, não existe crime porque não houve ação voluntária/ausência de ação.
Atos/Movimentos reflexos:
Situação em que você não tem domínio sobre o seu corpo.
Atenção: Não confundir movimento reflexo com movimento automático.
Exemplo: Se eu tô com o celular de uma pessoa na mão e alguém me dá um susto, eu derrubo o celular devido ao susto. Consiste em um movimento reflexo porque eu não tive domínio da situação para escolher minha reação.
Modalidade específica de conduta:
Omissão – Crimes omissivos:
- Crime Omissivo Próprio/Puros
- Crime Omissivo Impróprio/Comissivos por omissão
Coação Física Irresistível e Movimentos Reflexos:
A coação física irresistível, no latim vis absoluta, é a situação em que o agente age dominado pela força de outro corpo, ou não age, por ser impedido por uma força estranha, e maior. Esta pode provir da natureza ou da ação de um terceiro. Para que a vis absoluta seja efetivamente caracterizada, é necessário que a força dominadora seja física e absoluta, isto é, sua ação deve ser material e concreta. Coações psicológicas não são excludentes de conduta. A força em questão deve ser grande o suficiente para o agente perder sua própria vontade, e agir ou não a mercê de quem o domina. Deve ser impossível resistir à força.
Dois são os exemplos cabíveis a essa situação. O primeiro trata-se de uma ação positiva: Marcos segura o braço direito de João, que é menor e está com o resto do corpo imobilizado. Marcos, então, aproveita-se dessa circunstância e, com o braço que segura, passa a bater em Carla, deixando-lhe um olho roxo. Ainda que o braço de João tenha ferido Carla, não há que se falar em crime do mesmo. Ele apenas atingiu a moça por intermédio da força dominadora que Marcos fazia sobre si. Logo, não há conduta de João e sim, de Marcos, que será acusado pelo crime de lesão corporal.
O segundo exemplo é de uma ação dita negativa: uma enfermeira deve ministrar o medicamento a um paciente, que corre risco de morte, em determinado horário. Entretanto, um
bandido entra no hospital e a amarra no subsolo, sem que possa se soltar ou pedir ajuda. Sem o remédio, o paciente morre. Não se pode dizer que o comportamento omissivo da enfermeira foi criminoso, afinal, ela deixou de dar o remédio contra a sua vontade, por estar dominada pela força de um terceiro. Logo, a morte do paciente não será de sua responsabilidade, e sim, daquele que a aprisionou.
Quanto aos movimentos reflexos, segundo definição de Bitencourt (2012, p. 291), são “atos reflexos, puramente somáticos, aqueles em que o movimento corpóreo ou sua ausência é determinado por estímulos dirigidos diretamente ao sistema nervoso”. O exemplo mais citado pela doutrina é o ataque epilético, mas outro pode ser trazido, como o choque elétrico. O que se deve ressaltar é que, em se tratando de movimentos reflexos, deve-se pensar em respostas involuntárias, que passam pelo cérebro sem alcançar a vontade do indivíduo. São reações do organismo diante de algum estímulo, seja tátil, auditivo, visual etc.
Omissão:
	Quem se omite é quem deixa de fazer alguma coisa. Omissão em Direito Penal é sinônimo de abstenção de comportamento exigido pela lei. Não é simplesmente deixar de fazer algo, é não fazer aquilo que a lei determina.
Exemplo: Se você vê uma criança em situação de perigo e não faz nada, você está sendo omissivo pois a lei, no art. 135, CP, ordena que ampare a criança nessas circunstâncias. Mais do que não fazer, ele não fez o que a lei determina.
Crimes Omissivos Próprios:
Os crimes omissivos próprios ou puros, enfatizando, consistem numa desobediência a uma norma fundamental, norma esta que determina a prática de uma conduta, que não é realizada. Há, portanto, a omissão de um dever de agir imposto normativamente, quando possível cumpri-lo, sem risco pessoal. Nesses crimes omissivos basta a abstenção, é suficiente a desobediência ao dever de agir para que o delito se consume. Seu resultado é irrelevante. 
São crimes cuja consumação dispensa atividade naturalística. Os crimes omissivos próprios, por serem de mera conduta, não admitem a forma tentada, pois se realizam com a mera produção da conduta.
Os crimes omissivos dependem de:
Dever Legal de agir
Poder de agir
Crime omissivo próprio não admite a forma culposa. Admite apenas a forma dolosa.
Exemplo: Omissão de socorro (art. 135). Quando o agente deixa de prestar assistência nas condições previstas no art. 135. Com essa simples abstenção se consuma o delito. Pode acontecer que a pessoa em perigo à qual foi omitido socorro, venha sofrer uma lesão grave ou até morrer, concretizando uma consequência danosa, produzida por um processo causal estranho ao agente, no qual negou-se a intervir. Nesse caso, o agente continua responsabilizado por crime omissivo próprio. A morte ou a lesão citada construirá apenas uma majorante (uma conduta mais gravosa) da pena do crime de omissão de socorro. Pelos crimes de lesão grave, homicídio, responderá o seu causador não pode ser o ominente.
Crimes Omissivos Impróprios:
Nos crimes comissivos por omissão há, na verdade, um crime material, isto é, um crime de resultado. O dever de agir é para evitar um resultado concreto. Norma esta que impõe um dever de agir, para impedir que processos alheios ao sujeito, estranhos a ele,venha ocasionar um resultado lesivo. Esse tipo de norma se dirige apenas àquelas pessoas que tem uma especial relação de proteção com o bem juridicamente tutelado.
Esses sujeitos relacionados assim de maneira especial, como determinados interesses jurídicos, são chamados de garantidores, que, segundo Sauer, devem previnir, ajudar, instruir, defender e proteger o bem jurídico do ameaçado. Eles são a garantia de que um resultado lesivo não ocorrerá, pondo em risco ou lesando um interesse tutelado pelo Direito.
Durante muito tempo se falou em dever contratual. Porém, o contrato não esgota todas as possibilidades de assunção de responsabilidade. Pode não existir contrato e o sujeito ter de fato assumido uma determinada responsabilidade para com outrem. De qualquer forma, o que importa é que o sujeito voluntariamente se unha colocado na condição de garantidor, assumindo, por qualquer meio, esse compromisso.
Nesses crimes temos:
Dever Legal de agir
Poder de agir
Resultado
Os crimes omissivos impróprios admitem a forma tentada, bem como podemos ter crimes omissivos impróprios culposos.
Em princípio todo crime pode ser praticado por omissão.
Desde que exista previsão legal, os crimes omissivos impróprios admitem a forma culposa.
Exemplo: Em locais menos favorecidos, onde as mulheres não tem condições de pagar babá é normal que uma vizinha se ofereça para cuidar do filho da outra, enquanto esta se ausenta, rapidamente. A assunção da responsabilidade de cuidar da criança, portanto, uma obrigação de cuidado assumida voluntariamente, torna a vizinha garantidora. E essa obrigação existirá até o momento em que a mãe voltar e retornar o cuidado do próprio filho.
Relação de Causalidade
Desejamos saber se uma determinada conduta deu causa ao resultado, se há nexo de causalidade entre conduta e causa.
Há duas teorias: Individualizadora e Generalizadora
	
Teoria Individualizadora:
	Vai analisar a causa voltada para o indivíduo. Procura isolar as causas decisivas, dentre todas as presentes.
Teoria Generalizadora:
Tudo que contribui para a produção de um determinado resultado é causa de um resultado.
Teoria da Conditio Sine Qua Non:
	É também chamada Teoria Generalizadora.
Método Hipotético de Eliminação:
	
	Elimina-se mentalmente a suposta causa do resultado, se ainda assim o resultado se mantiver, é porque o resultado não deu causa ao delito (e vice versa).
Causas Absolutamente Independentes
	Aparentemente duas ou mais causas se somaram para a produção do resultado. São aquelas nas quais uma exclui a outra completamente. O resultado lesivo vai ser imputado ao autor da conduta que excluiu o outro. A causa vai ser o comportamento A e não o B.
As Causas Absolutamente Independentes podem ser:
Pré-existentes:
Quando uma vem antes da outra
Concomitantes:
Ao mesmo tempo
Supervenientes:
Quando uma é posterior à outra.
Causas Relativamente Independentes
	Duas ou mais causas que efetivamente se somam para a produção do resultado lesivo.
As Causas Relativamente Independentes podem ser:
Pré-existentes
Concomitantes
Supervenientes: 
As supervenientes podem ocorrer de duas formas:
- Que não produziram “por si só” o resultado.
- Que produziram “por si só” o resultado.

Continue navegando