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Ampliando os Conhecimentos na Pesquisa sobre Mudanças Climáticas

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&ENSINOPESQUISA
ISSN 0103-1538
GeografiaGeografia
GEOGRAFIA: ENSINO & PESQUISA, Santa Maria, V.12, n.2, 2008
Geografia: Ensino & Pesquisa, Santa Maria, v. 12, n. 2, 2008 ISSN 0103-1538
Comissão Editorial
Adriano Severo Figueiró
César de David
Andréa Valli Nümmer
Eduardo Schiavone Cardoso
Conselho Científico deste número
Prof. Dr. Ailton Luchiari (USP- Brasil)
Prof.Dr. Álvaro González Gervasio (UR- Uruguai) 
Prof. Dr. Antônio J. Teixeira Guerra (UFRJ- Brasil) 
Prof. Dr. Arquimedes Perez Filho (UNICAMP- Brasil) 
Prof. Dr. Belisario Andrade Johnson (PUC-CL- Chile) 
Prof. Dr. Bernardo Sayão Penna e Souza (UFSM-Brasil)
Prof. Dr. Edson Vicente da Silva (UFC- Brasil)
Profª Drª Eliane Maria Foleto (UFSM – Brasil)
Profª Drª Elizabeth Mazzoni (UNPA- Argentina) 
Prof. Dr. Francisco Evandro O. Aguiar (UFAM-Brasil) 
Prof. Dr. Francisco Mendonça (UFPR- Brasil) 
Prof. Dr. German Vargas Cuervo (UNAL- Colombia)
Prof. Dr. Hugo Romero (UCHILE- Chile) 
Prof. Dr. João Sant’Anna L. Neto (UNESP-PP-Brasil) 
Prof. MSc. José Carlos Ferreira (UNL- Portugal). 
Prof. Dr. José M. Mateo Rodriguez (UH- Cuba) 
Prof. Dr. Jurandir L.S. Ross (USP- Brasil)
Profª MSc. Kátia Montiel (UZ- Venezuela) 
Prof. Dr. Leonardo José C. Santos (UFPR- Brasil)
Prof. MSc. Lucivânio Jatobá (UFPE- Brasil) 
Prof. Dr. Luiz Fernando Scheibe (UFSC- Brasil) 
Prof.Dr. Marcelo Acciolly T. de Oliveira (UFSC- Brasil)
Profª Drª Maria Lígia C. Pinto (UEPG- Brasil)
Prof. Dr. Mauro Kumpfer Werlang (UFSM- Brasil)
Profª Drª Montse Salvà Catarineu (UB- Espanha) 
Prof. Dr. Nelson Ferreira Fernandes (UFRJ- Brasil) 
Prof. Dr. Roberto Cassol (UFSM- Brasil)
Prof. Dr. Roberto Verdum (UFRGS-Brasil) 
Profª Drª Sandra Baptista da Cunha (UFF- Brasil)
Profª Drª Selma Simões de Castro (UFG- Brasil) 
Profª. Drª Solange Guimarães (UNESP-RC- Brasil) 
Profª Drª Teresa Reyna Trujillo (UNAM- México) 
Prof. Dr. Waterloo Pereira Filho (UFSM-Brasil)
Geografia: Ensino & Pesquisa
ii Geografia: Ensino & Pesquisa ISSN 0103-1538
GEOGRAFIA: ENSINO & PESQUISA
Geografia: Ensino & Pesquisa/ Universidade Federal de Santa Maria.
Centro de ciências Naturais e Exatas. Programa de Pós-
Graduação em Geografia e Geociências. Departamento de Geociências 
– V.1 (1987) - _______, Santa Maria, 1987 - ___
V.12, Nº 1 (2008) – edição especial do Vº Seminário Latino-
Americano e Iº Ibero-Americano de Geografia Física.
A partir de 2008 a revista passará a ter uma versão impressa e uma 
digital, com periodicidade semestral
1. Geografia Física – 2. Geografia Humana – 3. Ensino de 
Geografia
PERMUTA
Desejamos estabelecer permuta com Revistas similares
Deseamos establecer el cambio con Revistas semejantes
Desideriamo cambiare questa Revista con altri similari
On désir établir l’echange avec les Revues similaires
We wish to establish exchange with all similar journals
Wir wünschen den Austausch mit gleichartigen Zeitschriften
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências Naturais e Exatas
Departamento de Geociências – Sala 1106-B
Campus Universitário – Camobi
 97105-900 – Santa Maria – Rio Grande do Sul – Brasil
Fone: (0xx55) 3220-8143
Fone/Fax: (0xx55) 3220- 8207
http://cascavel.ufsm.br/revistageografia
e-mail: revistageografia@mail.ufsm.br
Tiragem: 200 exemplares
 
6 
 
 
 
 
OCORRÊNCIAS ANÔMALAS DE FLÚOR EM ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO 
SISTEMA AQÜÍFERO GUARANI NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL 
Autores: JOSE LUIZ SILVERIO DA SILVA 623-639 
 
AMPLIANDO OS CONHECIMENTOS NA PESQUISA SOBRE MUDANÇAS 
CLIMÁTICAS 
Autores: LAURA CRISTINA DA SILVA VASCONCELOS 640-654 
 
O ESTUDO DO CLIMA URBANO E A SUSTENTABILIDADE DAS CIDADES: 
PROPOSTAS E POSSIBILIDADES 
Autores: ALINE PASCOALINO E SANDRA ELISA CONTRI PITTON 655-671 
 
ANÁLISE ESPAÇO-TEMPORAL DOS PROCESSOS DE OCUPAÇÃO DA BARRA DO 
CEARÁ 
Autores: LILIANA MARIA MOTA DE OLIVEIRA 672-687 
 
MAPEAMENTO DE BIÓTOPOS: INSTRUMENTO PARA O FOMENTO DA 
QUALIDADE AMBIENTAL 
Autores: MARCOS ANTONIO DE MELO 688-700 
 
AUTO-RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS NO CERRADO 
Autores: RONALDO MILANI ZANZARINI 701-712 
 
QUALIDADE DAS ÁGUAS FLUVIAIS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: UMA 
AVALIAÇÃO 
Autores: JULIO CÉSAR REGADAS DE ASSUNÇÃO E SANDRA BAPTISTA DA 
CUNHA 713-728 
 
DISTRIBUIÇÃO DAS ÁREAS ÚMIDAS NA BACIA DO RIO SANTO ANASTÁCIO - 
SP: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES. 
Autores: ROBSON LEITE 729-743 
 
A GRANDE MINERAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL LOCAL 
Autores: NILO DA SILVA TEIXEIRA MARIA HELENA MACHADO ROCHA LIMA; 
FRANCISCO REGO CHAVES FERNANDES E RAFAEL CORREIA NEVES 780-794 
 
ISSN 0103-1538 640
AMPLIANDO OS CONHECIMENTOS NA PESQUISA SOBRE MUDANÇAS 
CLIMÁTICAS 
 
Laura Cristina da Silva Vasconcelos – Universidade Federal de Mato Grosso – Curso de Mestrado em 
Geografia - lauravasconcelo@yahoo.com.br 
Profa. Dra. Cleusa Aparecida Gonçalves Pereira Zamparoni – Universidade Federal de Mato Grosso – 
Departamento de Geografia - cazamp@terra.com.br 
 
RESUMO 
A evolução das eras geológicas mostra que o clima global sempre teve uma variação 
natural. Entretanto, o aumento das emissões dos “gases de efeito estufa” na atmosfera 
também é creditado como conseqüência do crescimento econômico e demográfico a partir 
da Revolução Industrial. Assim sendo, o aumento desses gases na atmosfera poderia estar 
contribuindo para o aquecimento natural e provocando as mudanças climáticas em escala 
global. Desta forma, o presente artigo pretende reunir informações sobre o estado da arte 
que envolve as mudanças climáticas naturais e antrópicas. Para alcançar o objetivo 
proposto, foi realizado levantamento bibliográfico que serviu como base para a discussão e 
análise da temática proposta. Constatou-se que, de 28 textos, 08 autores mostram que as 
causas das mudanças climáticas são naturais. No que se refere à abordagem das 
mudanças climáticas derivadas de ações antrópicas, foram identificados doze textos e por 
último 08 autores estão buscando mais informações relacionadas ao assunto para se 
posicionarem. Neste sentido “Mudança Climática” é um assunto polêmico, uma vez que 
entre os estudiosos do assunto não há convergência de opiniões sobre as causas que 
produzem o fenômeno climático em escala global, que, em última instância e, a longo prazo, 
coloca em risco a vida no planeta. Entretanto deve-se destacar que mesmo os que 
acreditam que o aquecimento global tem causas naturais concordam que é necessário o 
monitoramento do comportamento dos gases do efeito estufa na atmosfera. Políticas 
públicas como o Protocolo de Kyoto, energias renováveis, incentivo ao uso do transporte 
público, entre outras, encontram-se entre as medidas mitigatórias. Dessa forma, as ações 
políticas dos líderes mundiais e as da sociedade devem objetivar o combate e prevenção 
das mudanças climáticas, em especial, às mudanças de hábitos de consumo nos sistemas 
de produção para garantir a vida no planeta. 
Palavras Chaves: Mudanças Climáticas, Causas Naturais e Antrópicas. 
 
RESUMEN 
La evolución de las eras geológicas muestra que el clima global siempre tuvo una variación 
natural. Mientras que el aumento de las emisiones de los “gases de efecto invernadero” en 
la atmósfera también es abonado como consecuencia del crecimiento económico y 
demográfico desde la Revolución Industrial. Así, el aumento de esos gases en la atmósfera 
podría estar aportando para el calentamiento natural y provocando los cambios climáticos en 
escala global. De esta forma, el presente artículo pretende reunir informaciones sobre el 
estado del arte que envuelve los cambios climáticos naturales y antrópicas. Para alcanzar el 
objetivo propuesto, fue realizado un levantamiento bibliográfico que sirvió como base para la 
discusión y análisis de la temática propuesta. Se hallo que, de 28 textos, 08 autores 
muestran que las causasde los cambios climáticos son naturales. En lo que se refiere a lo 
abordaje de los cambios climáticos derivados de acciones antrópicas, fueron identificados 
doce textos y por último 08 autores están buscando más informaciones relacionadas al 
asunto para se posicionen. En este sentido “Cambio Climático” es un asunto polémico, ya 
que entre los estudiosos del asunto no hay acuerdo de opiniones sobre las causas que 
producen el fenómeno climático en escala global, que, en última instancia y, a largo plazo, 
coloca en riesgo la vida en el planeta. Se debe destacar que quellos que creen que el 
calentamiento global tiene causas naturales concuerdan que es necesario el monitoramento 
del comportamiento de los gases del efecto invernadero en la atmósfera. Políticas públicas 
como el Protocolo de Kyoto, energías renovables, incentivo al uso del transporte público, 
entre otras, se encuentran entre las medidas de mitigación. De esa forma, las acciones 
políticas de los líderes mundiales y las de la sociedad deben objetivar el combate y 
 
ISSN 0103-1538 641
prevención de los cambios climáticos, en especial, a los cambios de hábitos de consumo en 
los sistemas de producción para garantizar la vida en el planeta. 
Palabras Llaves: Cambios Climáticos, Causas Naturales y Antrópicas. 
 
1. Introdução 
O clima é um processo complexo, pois é composto por inúmeros elementos como 
atmosfera, oceano, superfície vegetada ou não, neve, gelo, atributos que devem ser analisados 
em conjunto para sua total compreensão. De acordo com Conti (2000, p. 17) a Organização 
Meteorológica Mundial (OMM), em 1959, definiu o clima como “o conjunto flutuante das 
condições atmosféricas, caracterizado pelos estados e evolução do tempo no curso de um 
período suficientemente longo para um domínio espacial determinado”. 
Além disso, segundo Sant’Anna Neto (2000) para a Organização Meteorológica 
Mundial (OMM), a evolução do comportamento atmosférico não é igual de um ano para outro 
ou de uma década para outra, podendo-se sofrer alterações a curto, médio e longo prazo. 
Ressalta-se que a OMM define Mudança Climática como: 
 
o termo mais geral, que abrange todas as formas de inconstâncias climáticas, 
independente da sua natureza estatística, escala temporal ou causas físicas. 
Pode ser considerada como qualquer alteração de um dos principais 
elementos do clima que persista por mais de 30 anos. (SANT’ANNA NETO, 
op. cit. p. 68) 
 
Através dos estudos realizados até o momento, verifica-se que o clima global sempre 
teve uma variação natural. Entretanto, alguns cientistas acreditam que o aumento das 
emissões dos “gases de efeito estufa” na atmosfera é uma conseqüência do crescimento 
econômico e demográfico após a Revolução Industrial. Assim sendo, esse aumento dos gases 
poderia estar acelerando o aquecimento natural e provocando uma mudança no clima. Por 
isso, esta temática é uma das grandes preocupações da sociedade moderna. Uma vez que 
“Mudança Climática” é um assunto polêmico, sendo que os cientistas ainda não conseguiram 
chegar a uma conclusão definitiva: se as mudanças climáticas são um processo natural do 
planeta ou se seriam conseqüências da ação do homem no meio. 
Assim sendo, o objetivo deste artigo é de reunir informações sobre o estado da arte 
que envolve as mudanças climáticas naturais e antrópicas. 
 
2. Metodologia 
 Para alcançar o objetivo proposto foi realizado um levantamento bibliográfico e 
discussão sobre a temática em livros, revistas cientificas, internet, relatórios governamentais, 
anais de simpósios, dissertações de mestrado, tese de doutorado, etc. que serviu como base 
para a discussão e análise da temática proposta. 
 
ISSN 0103-1538 642
No que se refere à análise final do tema proposto, será realizada à luz das relações 
entre os processos de mudanças climáticas com o mundo técnico-científico-informacional da 
atualidade, fio condutor do processo de globalização e mundialização do capital, frutos da 
modernidade. 
 
3. Causas Naturais das Mudanças Climáticas 
Após pesquisa e análise relacionada à temática, de um total de 28 textos, obteve-se o 
seguinte resultado: 08 autores mostram que as causas das mudanças climáticas são naturais. 
Os autores são: Conti (1998, 2000, 2006), Molion (2004, 2005), Suguio (2000), Sant’Anna 
Neto (2000), Veríssimo (2003). 
Segundo Sant’Anna Neto (2000) é importante conhecer os climas do passado 
remoto, ou seja, os paleoclimas, quando as suas variações eram provavelmente mais lentas, 
quase imperceptíveis. Por isto, é dada maior importância ao período Quaternário, ou seja, aos 
acontecimentos dos últimos dois milhões de anos, quando surgem os primeiros ancestrais do 
homem. De acordo com Conti (1998) no decorrer do Quaternário ocorreram mudanças 
climáticas cíclicas, de diferentes escalas, afetando todo o planeta. As mais conhecidas foram 
as fases frias, denominadas glaciares, intercaladas por fases mais quentes, as interglaciares. 
Apesar da expansão das grandes massas de gelo terem começado sobre as altas e médias 
latitudes, as baixas latitudes também sofreram reflexos, devido a alternância de períodos 
chuvosos e secos, denominados pluviais e interpluviais, respectivamente. 
Segundo Suguio (2000) as mudanças climáticas compreendem, ao mesmo tempo, as 
variações cíclicas como as escalonadas, além das oscilações de intensidades e freqüências ao 
longo do tempo. 
 
As mudanças paleoclimáticas têm, portanto, uma origem complexa 
e resultam da interação de diversos fenômenos astronômicos, geofísicos e 
geológicos. Não existe uma única causa para as mudanças paleoclimáticas, 
que resultam da interação de várias causas. (SUGUIO, op. cit., p. 44). 
 
Conforme Sant’Anna Neto (2000) a explicação mais aceita para esclarecer tanto a 
origem das glaciações, quanto as mudanças climáticas naturais seria a Teoria de 
Milankovitch, que sugere a combinação dos fatores ligados aos movimentos orbitais da Terra, 
que seriam as alterações da distância da Terra em relação ao Sol, a obliqüidade eclíptica e a 
geometria da órbita terrestre em torno do Sol. 
• Órbita Terrestre Circunsolar: A órbita circunsolar (movimento de translação) passa de 
uma forma quase circular para uma mais elíptica variando a cada 90.000 a 100.000 anos. 
Este intervalo equivale ao da duração das glaciações. Durante parte da fase elíptica a Terra 
 
ISSN 0103-1538 643
está mais próxima do Sol, assim mais quente em alguns momentos do ano e mais frios em 
outros. 
• Inclinação da Terra sobre seu Eixo: O eixo da Terra se encontra inclinado em relação ao 
Sol em cerca de 23,4°. Devido a esta inclinação é que ocorrem as estações do ano (verão, 
outono, inverno e primavera), uma vez que os dois hemisférios não recebem a mesma 
quantidade e intensidade de energia e calor. Porém, como esta inclinação do eixo não é 
fixa, tanto o eixo de rotação como a linha do Equador, oscilam de 21,8° a 24,4° a cada 
40.000 anos aproximadamente. 
• Giro Lateral do Eixo Terrestre: Tanto o Sol quanto a Lua influenciam a gravidade da 
Terra, principalmente em sua porção mais proeminente, que é a região intertropical. Esta 
ação resulta numa espécie de "bamboleio", similar ao movimento de um pião. Portanto, a 
Terra descreve no espaço um giro em forma de cone cuja revolução completa dura 
aproximadamente 26.000 anos. 
Conti (2000) complementa dizendo que a irregular emissão de radiação emitida pelo 
sol para a Terra também provoca mudanças climáticas. Observações realizadas desde 1970 
indicam que as manchas solares, que se repetem a intervalos que variam entre nove a treze 
anos, produzem alterações na quantidade de energia que chega à Terra. 
MOLION (2005, p. 04) afirma que 
 
se o sistema Terra-oceanos-atmosfera se comportar comona fase fria 
anterior da Oscilação Decadal do Pacífico (ODP) (1947-76), a temperatura 
média global deverá diminuir, pelo menos, de cerca de 0,15°C, 
paulatinamente até 2025. Foi dito “pelo menos” porque existe um agravante, 
quando se compara à fase fria anterior. Desta vez, os próximos dois 
máximos de manchas solares, previstos para 2011 e 2022, poderão 
apresentar número máximo de manchas inferior aos anteriores (mínimo do 
Ciclo de Gleissberg) se o Sol mantiver o mesmo comportamento dos últimos 
300 anos. Ou seja, nos próximos 25 anos, a produção de energia solar poderá 
ser reduzida. Mesmo com emissões crescentes, a taxa anual de crescimento 
da concentração CO2 na atmosfera poderá ser inferior às observadas 
anteriormente, uma vez que sua absorção, pelo Oceano Pacífico Tropical 
mais frio, poderá aumentar. 
 
Conforme Sant’Anna Neto (2000) a atividade vulcânica, influencia o comportamento 
dos padrões climáticos, devido às erupções vulcânicas, são lançados na atmosfera grandes 
quantidades de partículas, que podem atingir até 15 km de altitude e permanecer por vários 
anos na atmosfera. Estas partículas entram em movimento devido à circulação atmosférica, e 
acabam funcionando como gigantesco escudo que reflete o calor e a luz do sol. Como 
conseqüências, Conti (2000) cita que a temperatura média das áreas afetadas pode reduzir de 
1 a 2°C. Alteram-se, também, os valores de umidade relativa (UR), de precipitação e o regime 
 
ISSN 0103-1538 644
de ventos. 
Phil Jones, Molion (2001 apud Veríssimo, 2003) ressalta que o aumento da 
temperatura do planeta pode ser explicado devido à modernização dos instrumentos 
meteorológicos, alterações do ambiente circundante à estação climatológica ou até mesmo a 
sua transferência para outras áreas. 
Molion (2004) destaca que se deve tomar cuidado com as projeções feitas pelo Painel 
Inter-governamental de Mudanças Climáticas (IPCC) relacionadas ao aquecimento global. 
 
... As concentrações desses gases de efeito-estufa dependem muito da 
temperatura dos oceanos que cobrem 71% do planeta. Os oceanos são os 
grandes reservatórios desses gases, contendo, por exemplo, cerca de 60 
vezes mais CO2 que a atmosfera. Quando os oceanos estão quentes, a 
absorção de gases diminui, quando eles se esfriam a absorção de gases 
aumenta. Assim, bastaria um pequeno resfriamento da temperatura dos 
oceanos para mudar completamente as projeções feitas pelo IPCC sobre o 
aquecimento global. (MOLION, op. cit.) 
 
CONTI (2006, p. 02-03) enfatiza também que 
 
o papel do vapor d’água, uma vez que esse gás, originado, naturalmente da 
evaporação que se produz sobre as superfícies líquidas, dos organismos 
vegetais e da evapotranspiração, é o mais eficaz, contribuindo com 50 a 75% 
para a efetivação do processo. Embora esteja comprovado que a presença do 
vapor d’água em uma determinada massa de ar não possa ultrapassar 4% de 
seu volume, ainda assim, sua participação, em termos absolutos, como 
barreira para a radiação de onda longa, é muito significativa. 
 
Conti (op. cit.) afirma que os gases estufa são responsáveis por menos de 1% da 
composição da atmosfera, compreendendo nesse percentual, o vapor d’água 
(aproximadamente 0,033%). Ressalta-se que o vapor d’água não foi contemplado pelo 
Protocolo de Kyoto por ser um gás gerado, em grande quantidade devido à evaporação dos 
oceanos, particularmente pelas massas líquidas localizadas nas baixas latitudes, onde a 
radiação solar produz superavit energético. 
 
4. Causas Antrópicas das Mudanças Climáticas 
Em relação às mudanças climáticas derivada das ações antrópicas, foram 
identificados doze textos: Artaxo (2006), Conrado et al. (2004), Fioravanti (2006), Lacerda; 
Lacerda (2004), Marcelino (2003), Marengo (2006, 2007), Marengo; Nobre (2005), Painel 
Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) (2007-a, 2007-b), Silva; Guetter (2003), 
Rittl (2006). 
 
ISSN 0103-1538 645
De acordo com Conrado et al. (2004), a origem do problema é o ciclo do carbono, 
que está sendo acelerado devido às atividades antrópicas, principalmente após a Revolução 
Industrial. Além do consumo de petróleo e carvão, citam-se também as queimadas de 
florestas, as emissões de metano das grandes hidrelétricas, as plantações inundadas (por 
exemplo, o arroz) e os grandes rebanhos de gado. 
Segundo Marengo (2006, p. 26) “amostras retiradas das geleiras da Antártica 
revelam que as concentrações atuais de carbono são as mais altas dos últimos 420.000 anos e, 
provavelmente, dos últimos 20 milhões de anos.” 
Para Silva; Guetter (2003), os gases do efeito estufa com longo tempo de vida e que 
parecem estar sendo influenciados diretamente pela ação do homem incluem o dióxido de 
carbono (CO2), o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O) e os halocarbonos. Todos esses gases 
apresentam aumento da concentração ao longo dos anos, contribuindo para a intensificação do 
efeito estufa. O tempo de vida indica quanto tempo a atmosfera sofrerá a influência de cada 
um destes gases. Desta forma, o CO2 é um gás com grande potencial para alterar as condições 
da atmosfera, pois pode permanecer até 200 anos. (Tabela 01). 
 
Tabela 01: Evolução da concentração dos gases (CO2, CH4, N2O) na atmosfera. 
 CO2 (ppmv) CH4 (ppmv) N2O (ppmv) 
Concentração no período pré-industrial 280 700 275 
Concentração em 1994 358 1720 312 
Tempo de vida na atmosfera (anos) 50-200 12 120 
Fonte: Silva; Guetter (2003). 
 
De acordo com Rittl (2006), as mudanças climáticas provocadas pela atividade 
humana, diferente das ocasionadas por causas naturais (como erupções vulcânicas, aumento 
ou diminuição da atividade solar ou movimentação dos continentes) as de ação humana são 
muito rápidas e abruptas. Enquanto algumas regiões aqueceram muito, outras esfriaram de 
forma abrupta. 
 
4.1 Observações Globais das Mudanças Climáticas 
As informações contidas na terceira parte do relatório de 2007 do Painel 
Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU (2007-a) mostram que: 
• A principal fonte de aumento da concentração atmosférica de dióxido de carbono, desde o 
período pré-industrial, foi o uso de combustíveis fósseis, e a mudança no uso da terra 
também contribuiu, porém com uma parcela menor. 
• A concentração atmosférica global de dióxido de carbono aumentou de um valor pré-
industrial de 280 ppm para 379 ppm3 em 2005. 
 
ISSN 0103-1538 646
• A concentração atmosférica global de metano aumentou de um valor pré-industrial de 715 
ppb para 1.732 ppb no início da década de 1990. 
• Os anos de 1995 a 2006 estão entre os 12 anos mais quentes desde 1850. O aumento total 
de temperatura de 1850-1899 a 2001-2005 é de 0,76 [0,57 a 0,95]ºC. 
• As geleiras de montanha e a cobertura de neve diminuíram, em média, nos dois 
hemisférios. 
• Observações desde 1961 mostram que a temperatura média do oceano global aumentou 
em profundidade até pelo menos 3.000 m. 
• A média global do nível do mar subiu a uma média de 1,8 [1,3 a 2,3] mm por ano, no 
período de 1961 a 2003. 
Segundo o Relatório do IPCC (2007-b), aumentou a confiança de que alguns eventos 
extremos de tempo tornar-se-ão mais freqüentes, generalizados e/ou intensos durante o século 
XXI. Além disso, há mais conhecimento sobre as conseqüências dessas mudanças. Como se 
demonstra no quadro 01. 
 
Exemplos dos Principais Impactos Projetados por Setor Fenômenos e 
Direção da 
Tendência 
Agricultura, 
Silvicultura e 
Ecossistemas 
Recursos Hídricos Saúde Humana Indústria/ Sociedade 
• Dias e noites 
quentes em maior 
quantidade e mais 
quentes na maior 
parte das áreas 
terrestres. 
• Eventos de 
precipitação forte: a 
freqüência aumenta. 
• A área afetada 
pelas secas: 
aumenta. 
• A atividade 
intensa dos ciclones 
tropicais aumenta.• Aumento 
da incidência de 
nível extremamente 
alto do mar. 
• Aumento da 
produção em 
ambientes mais 
frios; redução da 
produção em 
lugares mais 
quentes. 
• Danos às 
culturas; erosão do 
solo, incapacidade 
de cultivar a terra 
devido ao excesso 
de água nos solos. 
• Degradação da 
terra, queda de 
produção/danos e 
perdas de safras; 
aumento do risco 
de incêndios 
florestais. 
• Salinização da 
água doce. 
• Efeitos nos 
recursos hídricos que 
dependem do 
derretimento da 
neve; aumento das 
taxas de 
evapotranspiração. 
• Efeitos adversos 
na qualidade da água 
superficial e 
subterrânea; 
contaminação do 
abastecimento de 
água. 
• Escassez mais 
generalizada de 
água. 
• A falta de energia 
causa interrupção no 
abastecimento 
público de água. 
• Redução da 
mortalidade 
humana devido a 
diminuição da 
exposição ao frio. 
• Aumento da 
mortalidade devido 
ao calor, 
especialmente para 
idosos e bebês. 
• Aumento do risco 
de mortes, 
ferimentos, doenças 
infecciosas, 
respiratórias, de 
pele e afogamento 
nas inundações. 
• Aumento do risco 
de doenças 
relacionadas a água 
e alimento. 
• Redução da 
demanda de energia 
para aquecimento; 
aumento da 
demanda por 
refrigeração; queda 
da qualidade do ar. 
• Suspensão de 
comércio, transporte 
e sociedades por 
causa de 
inundações. 
• Danos provocados 
por inundações e 
ventos fortes. 
• Potencial de 
movimentação das 
populações e da 
infra-estrutura. 
Quadro 01: Projeções de impactos das mudanças climáticas. 
Fonte: IPCC (2007-b). 
 
4.2 Observações de Mudanças Climáticas no Brasil 
 
ISSN 0103-1538 647
Segundo Marengo (2007) devido o aquecimento global já foram observados alguns 
fatos extremos, em vários pontos do planeta, inclusive no Brasil, como: secas, enchentes, 
ondas de calor e de frio, furações e tempestades. 
Amazônia: De acordo com Artaxo (2006), a Amazônia já foi atingida por grandes 
secas no século XX (1925-1926, 1961, 1982-1983 e 1997-1998) o que ocasionou aumento das 
queimadas e impactos na vida da população. Todas essas secas foram atribuídas ao El Niño. 
Porém em 2005 ocorreu um fenômeno climático diferente, que secou o oeste e o sul, e não o 
centro e o leste amazônico, como nos anos de El Niño. Segundo pesquisas realizadas, o 
aquecimento anormal de quase 1º C nas águas tropicais do Atlântico Norte ocasionou a seca 
de 2005. 
Semi-Árido: Conforme Rittl (2006), um dos problemas enfrentados pela região é a 
falta de água, provocado pelo aumento da temperatura, além da desertificação, processo que 
já atinge 181 mil km2 do semi-árido brasileiro. Segundo Lacerda; Lacerda (2004) um dos 
fatores que leva à desertificação é a derrubada da vegetação nativa. No primeiro ano derruba a 
mata e queima, a cinza atua como adubo no solo. Porém no ano seguinte, a terra começa a 
enfraquecer. A queima da capoeira mata as sementeiras e os microorganismos. O resto de 
cultura que sobrou se torna matéria orgânica. 
Zona Costeira: Segundo Marengo; Nobre (2005) em 27 de março de 2004 uma 
tempestade inicialmente classificada como ciclone extratropical atingiu a costa sul do Brasil, 
entre Laguna (SC) e Torres (RS), com chuvas fortes e ventos estimados em cerca de 150 
km/h, matando 11 pessoas. Após estudos e debates, concluiu-se que o Catarina foi o primeiro 
furacão de que se tem notícia no país. 
Além das tempestades extremas, a costa brasileira também vem enfrentado o 
aumento do nível do mar. De acordo com Rittl (2006), no Brasil, as áreas mais suscetíveis à 
erosão estão na região Nordeste, em Pernambuco, um dos estados mais afetados, cerca de seis 
em cada dez praias dos 187 km de costa cedem terreno para o mar. 
Região Sul: Conforme Rittl (op. cit.) no final do ano de 2004, os meteorologistas 
previam uma quantidade de chuva normal para o verão seguinte no Rio Grande do Sul. Porém 
não foi o que ocorreu. Em dezembro, janeiro e fevereiro choveu menos da metade do que o 
registrado normalmente em todo o estado. Em fevereiro de 2005, a situação ficou ainda mais 
crítica, com déficits pluviométricos maiores do que 80 mm, sendo que no norte os déficits 
foram iguais ou superiores a 110 mm, 20% da média histórica. 
Além da seca, a região sul, segundo Marcelino (2003), nas últimas décadas tem-se 
registrado a ocorrência de tornados. Em Santa Catarina, de 1976 a 2000, foram detectados 23 
episódios, sendo 15 casos confirmados e oito considerados como possíveis ocorrências. 
 
ISSN 0103-1538 648
 
4.2.1 O Que Pode Acontecer no Brasil Devido às Mudanças Climáticas? 
Segundo Fioravanti (2006), antes só era possível estudar os impactos das mudanças 
climáticas no Brasil através das projeções dos modelos globais, realizados por instituições dos 
Estados Unidos ou da Europa. Porém, atualmente, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais 
(INPE) já está produzindo cenários baseados em modelos climáticos regionais, que apontam 
para as próximas décadas elevação da temperatura média anual, não só para o Brasil, como 
para toda América do Sul. Projetam-se também secas prolongadas que podem provocar o 
surgimento de novas áreas quase desérticas no interior do Nordeste, ou o contrário, chuvas 
mais fortes e curtas em todo o país. 
Assim sendo, vários cenários são projetados para o Brasil, conforme quadro 02: 
 
AMAZÔNIA SEMI-ÁRIDO ZONA COSTEIRA REGIÃO SUL 
• O aquecimento global 
vai aumentar as 
temperaturas na 
Amazônia entre 2ºC e 
3ºC, e reduzirá a chuva 
entre 10% a 20%. 
• Se a Amazônia for 
desmatada totalmente, 
alterações no regime de 
chuvas podem afetar o 
clima da América do 
Norte e da Europa. 
• Se todo o carbono 
armazenado na 
Amazônia for para a 
atmosfera, a 
concentração global dos 
gases de efeito estufa 
aumenta de 15% a 17%. 
• Um cerrado mais 
pobre em 
biodiversidade vai 
avançar sobre a floresta. 
• Projeções indicam 
aumento de temperatura 
entre 1º C e 7º C nos 
desertos até o final do 
século XXI. 
• Um planeta mais 
quente diminuiria as 
precipitações na região 
semi-árida, 
transformando extensas 
áreas em regiões áridas. 
• As temperaturas 
aumentariam de 2º C a 
5º C no Nordeste até o 
final do século XXI. A 
caatinga pode dar lugar 
a uma vegetação mais 
típica de zonas áridas, 
com predominância de 
cactáceas. 
• A produção agrícola 
de grandes áreas pode 
se tornar inviável. 
• Nos próximos 50 
ou 80 anos, o nível do 
mar subirá entre 30 
cm e 80 cm devido o 
derretimento de gelo. 
Anomalias na 
Antártica podem 
acrescentar mais 15 
cm a esta conta. 
• Cidades 
localizadas na costa 
brasileira serão 
atingidas. Construções 
à beira mar vão 
desaparecer. 
• O aquecimento 
global vai intensificar 
a ocorrência de 
tempestades intensas e 
novos furacões 
poderão atingir a costa 
do Brasil. 
• Secas poderão atingir 
a região Sul com 
freqüência e intensidades 
crescentes. 
• Extremos de 
temperatura podem se 
intensificar tanto no verão 
como no inverno. 
• A migração das 
lavouras para o Norte 
pode aumentar o 
desmatamento da 
Amazônia, o que vai 
diminuir o transporte de 
umidade e as chuvas no 
Sul. 
• As chuvas cada vez 
mais intensas vão castigar 
as cidades, com grande 
impacto social nos bairros 
mais pobres. 
Quadro 02: Projeções de cenários das mudanças climáticas no Brasil. 
Fonte: Rittl (2006). 
 
5. Mudanças Climáticas Naturais ou Antropogênicas 
E por último, 08 autores estão buscando mais provas relacionadas às causas das 
mudanças climáticas. Os autores são: Bessat (2003), Conti (2000, 2005), Mendonça (2003), 
Nunes (2003), Sant’Anna Neto (2000), Ribeiro (2002), Zamparoni (2006). 
Segundo Ribeiro (2002), não existe consenso sobre o assunto. 
 
Para muitos pesquisadores estamos diante de um ciclo longo da 
variaçãoda temperatura do planeta, sendo o aquecimento inevitável e gerado 
 
ISSN 0103-1538 649
apenas por processos naturais. Outros estudiosos afirmam que apesar de 
haver um aquecimento em um ciclo longo, ele nunca teve a intensidade 
verificada nas últimas décadas, indicando que a participação humana 
lançando os gases-estufa pode ter agravado a situação. Por fim, existem os 
que indicam a civilização do combustível fóssil como culpada. Para este 
grupo de pesquisadores a Revolução Industrial é um marco fundamental na 
história da Humanidade. A partir dela, passou-se a consumir inicialmente 
carvão mineral e depois petróleo em larga escala a ponto de afetar a 
dinâmica climática do planeta. (RIBEIRO, op. cit., p. 77) 
 
De acordo com Conti (2005), a elevação da temperatura global é um fato, mas é 
essencial realizar uma investigação mais abrangente, que leve em conta, não só os processos 
antropogênicos como também os processos naturais de macro-escala. A mudança climática 
abrange um mecanismo mais complexo do que apenas a elevação da temperatura média do 
planeta, pois o clima não se limita apenas à temperatura. 
Conti (2000) também ressalta que uma das dificuldades é a escolha da metodologia 
certa para o estudo das flutuações pluviométricas a partir do momento que se dispõem dos 
dados climatológicos. Há diversos questionamentos sobre como interpretá-los, pois os dados 
regulares são obtidos em vários pontos do planeta, e nem sempre demonstram variações no 
mesmo sentido. 
Nunes (2003) afirma que a Terra não é estática, ela está em constante mudança, 
porém em diferentes escalas (zonal, regional, sub-regional, local). Estas mudanças estão 
relacionadas às características locais, que são reflexos do desenvolvimento econômico, e às 
formas de ocupação do espaço. Apesar de que os controles atmosféricos em cada escala serem 
diferentes, simultaneamente estão interligados, interferindo um no outro. Assim ainda não é 
possível separar as mudanças climáticas naturais das antropogênicas. 
Segundo Bessat (2003) umas das questões mais difíceis de serem resolvidas pelos 
cientistas é dizer com certeza como a mudança climática global afetará os diversos países em 
escalas regionais e locais. 
Sant’Anna Neto (2000) complementa dizendo que as mudanças climáticas globais, 
atualmente, representam uma das maiores preocupações da humanidade. 
 
Trata-se também, de uma das questões mais polêmicas, pois, 
apesar dos grandes avanços técnicos alcançados pelo homem, os cientistas 
ainda não conseguiram chegar a uma conclusão definitiva quanto ao papel 
desempenhado por cada um dos principais fatores responsáveis pelas 
alterações globais, e como estes interferem no clima terrestre. 
(SANT’ANNA NETO, op. cit. p. 66) 
 
 
ISSN 0103-1538 650
Zamparoni (2006) também afirma que se deve tomar cuidados nas análises dos dados 
que conferem precipitadamente a responsabilidade das mudanças climáticas às ações humanas 
sem analisar o papel da natureza que possui ritmo e ciclos próprios de mudanças. 
 
Uma outra questão importante é que os condicionantes 
considerados físicos ou naturais estão interligados aos humanos e só uma 
visão holística desta relação pode ofertar uma aproximação de resultados 
confiáveis. Assim sendo, as escalas global, regional e local estão 
interligadas. Um dado de temperatura do ar, por exemplo, necessita de uma 
análise que ultrapasse a relação uso do solo/variável climática, mas que 
englobe também a situação de tempo regional e local além das inserções do 
desenvolvimento histórico que forjou as condições de desenvolvimento 
técnico-científico e informacional em que se encontra o referido espaço 
geográfico. Além disso, esta análise necessita levar em consideração os 
ritmos e ciclos próprios em que cada situação encontra-se envolvida. 
(ZAMPARONI, op. cit., p. 05) 
 
Segundo Mendonça (2003) apesar do aquecimento global estar envolto em inúmeras 
incertezas e especulações, principalmente em relação às causas do mesmo. A precaução talvez 
seja a atitude mais certa a ser tomada pela sociedade. Como por exemplo, iniciativas para 
desacelerar o efeito estufa, através da redução do consumo e do desmatamento. Assim, a 
estabilidade da temperatura média do planeta ou a redução nos níveis dos gases do efeito 
estufa refletiriam em melhores condições de vida no planeta. 
 
6. Considerações Finais 
Atualmente verifica-se que existem vários pontos de vista sobre a temática das 
mudanças climáticas globais. Por um lado, autores afirmam que a mudança climática é um 
fato observado há algumas décadas, mas que não existe uma comprovação científica devido à 
complexidade do clima, podendo ser uma variabilidade natural ou uma alteração provocada 
pela ação antrópica. Portanto eventos isolados não são provas de mudanças climáticas, pois 
para serem considerados, é necessário que ocorram por um longo período de tempo e que 
sejam globalmente homogêneos. 
Por outro lado acredita-se que as mudanças climáticas são resultados do aumento das 
emissões dos “gases de efeito estufa” na atmosfera após a Revolução Industrial por ter 
provocado acelerado crescimento econômico e demográfico, consequentemente mudanças no 
uso da terra e utilização da queima de combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo, 
fornecidos pelas indústrias e veículos. 
Entretanto os professores, cientistas e demais pesquisadores concordam que existem 
mudanças climáticas apenas em escala meso e micro, tanto nas baixas como nas altas 
latitudes. Também se percebe que mesmo aqueles que acreditam que o aquecimento global 
 
ISSN 0103-1538 651
tem causas apenas naturais concordam que é preciso evitar o aumento de gases que 
intensificam o efeito-estufa na atmosfera. Neste sentido, as buscas para minimizar ou 
solucionar o problema têm sido conjuntas e em escala mundial, como o Protocolo de Kyoto, 
apesar de alguns problemas, como a saída dos Estados Unidos e alguns cientistas 
considerarem que a redução de 5% ser pouca. 
Existem também outras soluções, através de algumas ações, por exemplo: 
• Incentivo para a produção de tecnologias e desenvolvimento de projetos de geração de 
energia a partir de fontes renováveis e alternativas, como solar, eólica, hidroelétrica, 
térmica, biodiesel, dentre outras. 
• Ampliação da oferta e incentivo ao uso do transporte público. 
• Utilizar combustíveis com baixo teor de enxofre. 
• Promoção de estratégias para diminuir as emissões de poluentes no transporte e indústrias. 
• Redução do desmatamento. 
Assim sendo, os cientistas ainda têm incertezas em suas análises, o que os leva a 
prosseguir em estudos para melhor compreender a dinâmica climática e os processos 
complexos que envolvem o aquecimento global. 
Dessa forma, devem-se tomar algumas atitudes imediatamente: as ações políticas dos 
líderes mundiais e as da sociedade devem convergir no combate e prevenção das mudanças 
climáticas, em especial, no tocante às mudanças de hábitos de consumo nos sistemas de 
produção, para garantir a vida no planeta. 
 
7. Referências Bibliográficas 
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