Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
&ENSINOPESQUISA ISSN 0103-1538 GeografiaGeografia GEOGRAFIA: ENSINO & PESQUISA, Santa Maria, V.12, n.2, 2008 Geografia: Ensino & Pesquisa, Santa Maria, v. 12, n. 2, 2008 ISSN 0103-1538 Comissão Editorial Adriano Severo Figueiró César de David Andréa Valli Nümmer Eduardo Schiavone Cardoso Conselho Científico deste número Prof. Dr. Ailton Luchiari (USP- Brasil) Prof.Dr. Álvaro González Gervasio (UR- Uruguai) Prof. Dr. Antônio J. Teixeira Guerra (UFRJ- Brasil) Prof. Dr. Arquimedes Perez Filho (UNICAMP- Brasil) Prof. Dr. Belisario Andrade Johnson (PUC-CL- Chile) Prof. Dr. Bernardo Sayão Penna e Souza (UFSM-Brasil) Prof. Dr. Edson Vicente da Silva (UFC- Brasil) Profª Drª Eliane Maria Foleto (UFSM – Brasil) Profª Drª Elizabeth Mazzoni (UNPA- Argentina) Prof. Dr. Francisco Evandro O. Aguiar (UFAM-Brasil) Prof. Dr. Francisco Mendonça (UFPR- Brasil) Prof. Dr. German Vargas Cuervo (UNAL- Colombia) Prof. Dr. Hugo Romero (UCHILE- Chile) Prof. Dr. João Sant’Anna L. Neto (UNESP-PP-Brasil) Prof. MSc. José Carlos Ferreira (UNL- Portugal). Prof. Dr. José M. Mateo Rodriguez (UH- Cuba) Prof. Dr. Jurandir L.S. Ross (USP- Brasil) Profª MSc. Kátia Montiel (UZ- Venezuela) Prof. Dr. Leonardo José C. Santos (UFPR- Brasil) Prof. MSc. Lucivânio Jatobá (UFPE- Brasil) Prof. Dr. Luiz Fernando Scheibe (UFSC- Brasil) Prof.Dr. Marcelo Acciolly T. de Oliveira (UFSC- Brasil) Profª Drª Maria Lígia C. Pinto (UEPG- Brasil) Prof. Dr. Mauro Kumpfer Werlang (UFSM- Brasil) Profª Drª Montse Salvà Catarineu (UB- Espanha) Prof. Dr. Nelson Ferreira Fernandes (UFRJ- Brasil) Prof. Dr. Roberto Cassol (UFSM- Brasil) Prof. Dr. Roberto Verdum (UFRGS-Brasil) Profª Drª Sandra Baptista da Cunha (UFF- Brasil) Profª Drª Selma Simões de Castro (UFG- Brasil) Profª. Drª Solange Guimarães (UNESP-RC- Brasil) Profª Drª Teresa Reyna Trujillo (UNAM- México) Prof. Dr. Waterloo Pereira Filho (UFSM-Brasil) Geografia: Ensino & Pesquisa ii Geografia: Ensino & Pesquisa ISSN 0103-1538 GEOGRAFIA: ENSINO & PESQUISA Geografia: Ensino & Pesquisa/ Universidade Federal de Santa Maria. Centro de ciências Naturais e Exatas. Programa de Pós- Graduação em Geografia e Geociências. Departamento de Geociências – V.1 (1987) - _______, Santa Maria, 1987 - ___ V.12, Nº 1 (2008) – edição especial do Vº Seminário Latino- Americano e Iº Ibero-Americano de Geografia Física. A partir de 2008 a revista passará a ter uma versão impressa e uma digital, com periodicidade semestral 1. Geografia Física – 2. Geografia Humana – 3. Ensino de Geografia PERMUTA Desejamos estabelecer permuta com Revistas similares Deseamos establecer el cambio con Revistas semejantes Desideriamo cambiare questa Revista con altri similari On désir établir l’echange avec les Revues similaires We wish to establish exchange with all similar journals Wir wünschen den Austausch mit gleichartigen Zeitschriften Universidade Federal de Santa Maria Centro de Ciências Naturais e Exatas Departamento de Geociências – Sala 1106-B Campus Universitário – Camobi 97105-900 – Santa Maria – Rio Grande do Sul – Brasil Fone: (0xx55) 3220-8143 Fone/Fax: (0xx55) 3220- 8207 http://cascavel.ufsm.br/revistageografia e-mail: revistageografia@mail.ufsm.br Tiragem: 200 exemplares 6 OCORRÊNCIAS ANÔMALAS DE FLÚOR EM ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO SISTEMA AQÜÍFERO GUARANI NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL Autores: JOSE LUIZ SILVERIO DA SILVA 623-639 AMPLIANDO OS CONHECIMENTOS NA PESQUISA SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS Autores: LAURA CRISTINA DA SILVA VASCONCELOS 640-654 O ESTUDO DO CLIMA URBANO E A SUSTENTABILIDADE DAS CIDADES: PROPOSTAS E POSSIBILIDADES Autores: ALINE PASCOALINO E SANDRA ELISA CONTRI PITTON 655-671 ANÁLISE ESPAÇO-TEMPORAL DOS PROCESSOS DE OCUPAÇÃO DA BARRA DO CEARÁ Autores: LILIANA MARIA MOTA DE OLIVEIRA 672-687 MAPEAMENTO DE BIÓTOPOS: INSTRUMENTO PARA O FOMENTO DA QUALIDADE AMBIENTAL Autores: MARCOS ANTONIO DE MELO 688-700 AUTO-RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS NO CERRADO Autores: RONALDO MILANI ZANZARINI 701-712 QUALIDADE DAS ÁGUAS FLUVIAIS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: UMA AVALIAÇÃO Autores: JULIO CÉSAR REGADAS DE ASSUNÇÃO E SANDRA BAPTISTA DA CUNHA 713-728 DISTRIBUIÇÃO DAS ÁREAS ÚMIDAS NA BACIA DO RIO SANTO ANASTÁCIO - SP: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES. Autores: ROBSON LEITE 729-743 A GRANDE MINERAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL LOCAL Autores: NILO DA SILVA TEIXEIRA MARIA HELENA MACHADO ROCHA LIMA; FRANCISCO REGO CHAVES FERNANDES E RAFAEL CORREIA NEVES 780-794 ISSN 0103-1538 640 AMPLIANDO OS CONHECIMENTOS NA PESQUISA SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS Laura Cristina da Silva Vasconcelos – Universidade Federal de Mato Grosso – Curso de Mestrado em Geografia - lauravasconcelo@yahoo.com.br Profa. Dra. Cleusa Aparecida Gonçalves Pereira Zamparoni – Universidade Federal de Mato Grosso – Departamento de Geografia - cazamp@terra.com.br RESUMO A evolução das eras geológicas mostra que o clima global sempre teve uma variação natural. Entretanto, o aumento das emissões dos “gases de efeito estufa” na atmosfera também é creditado como conseqüência do crescimento econômico e demográfico a partir da Revolução Industrial. Assim sendo, o aumento desses gases na atmosfera poderia estar contribuindo para o aquecimento natural e provocando as mudanças climáticas em escala global. Desta forma, o presente artigo pretende reunir informações sobre o estado da arte que envolve as mudanças climáticas naturais e antrópicas. Para alcançar o objetivo proposto, foi realizado levantamento bibliográfico que serviu como base para a discussão e análise da temática proposta. Constatou-se que, de 28 textos, 08 autores mostram que as causas das mudanças climáticas são naturais. No que se refere à abordagem das mudanças climáticas derivadas de ações antrópicas, foram identificados doze textos e por último 08 autores estão buscando mais informações relacionadas ao assunto para se posicionarem. Neste sentido “Mudança Climática” é um assunto polêmico, uma vez que entre os estudiosos do assunto não há convergência de opiniões sobre as causas que produzem o fenômeno climático em escala global, que, em última instância e, a longo prazo, coloca em risco a vida no planeta. Entretanto deve-se destacar que mesmo os que acreditam que o aquecimento global tem causas naturais concordam que é necessário o monitoramento do comportamento dos gases do efeito estufa na atmosfera. Políticas públicas como o Protocolo de Kyoto, energias renováveis, incentivo ao uso do transporte público, entre outras, encontram-se entre as medidas mitigatórias. Dessa forma, as ações políticas dos líderes mundiais e as da sociedade devem objetivar o combate e prevenção das mudanças climáticas, em especial, às mudanças de hábitos de consumo nos sistemas de produção para garantir a vida no planeta. Palavras Chaves: Mudanças Climáticas, Causas Naturais e Antrópicas. RESUMEN La evolución de las eras geológicas muestra que el clima global siempre tuvo una variación natural. Mientras que el aumento de las emisiones de los “gases de efecto invernadero” en la atmósfera también es abonado como consecuencia del crecimiento económico y demográfico desde la Revolución Industrial. Así, el aumento de esos gases en la atmósfera podría estar aportando para el calentamiento natural y provocando los cambios climáticos en escala global. De esta forma, el presente artículo pretende reunir informaciones sobre el estado del arte que envuelve los cambios climáticos naturales y antrópicas. Para alcanzar el objetivo propuesto, fue realizado un levantamiento bibliográfico que sirvió como base para la discusión y análisis de la temática propuesta. Se hallo que, de 28 textos, 08 autores muestran que las causasde los cambios climáticos son naturales. En lo que se refiere a lo abordaje de los cambios climáticos derivados de acciones antrópicas, fueron identificados doce textos y por último 08 autores están buscando más informaciones relacionadas al asunto para se posicionen. En este sentido “Cambio Climático” es un asunto polémico, ya que entre los estudiosos del asunto no hay acuerdo de opiniones sobre las causas que producen el fenómeno climático en escala global, que, en última instancia y, a largo plazo, coloca en riesgo la vida en el planeta. Se debe destacar que quellos que creen que el calentamiento global tiene causas naturales concuerdan que es necesario el monitoramento del comportamiento de los gases del efecto invernadero en la atmósfera. Políticas públicas como el Protocolo de Kyoto, energías renovables, incentivo al uso del transporte público, entre otras, se encuentran entre las medidas de mitigación. De esa forma, las acciones políticas de los líderes mundiales y las de la sociedad deben objetivar el combate y ISSN 0103-1538 641 prevención de los cambios climáticos, en especial, a los cambios de hábitos de consumo en los sistemas de producción para garantizar la vida en el planeta. Palabras Llaves: Cambios Climáticos, Causas Naturales y Antrópicas. 1. Introdução O clima é um processo complexo, pois é composto por inúmeros elementos como atmosfera, oceano, superfície vegetada ou não, neve, gelo, atributos que devem ser analisados em conjunto para sua total compreensão. De acordo com Conti (2000, p. 17) a Organização Meteorológica Mundial (OMM), em 1959, definiu o clima como “o conjunto flutuante das condições atmosféricas, caracterizado pelos estados e evolução do tempo no curso de um período suficientemente longo para um domínio espacial determinado”. Além disso, segundo Sant’Anna Neto (2000) para a Organização Meteorológica Mundial (OMM), a evolução do comportamento atmosférico não é igual de um ano para outro ou de uma década para outra, podendo-se sofrer alterações a curto, médio e longo prazo. Ressalta-se que a OMM define Mudança Climática como: o termo mais geral, que abrange todas as formas de inconstâncias climáticas, independente da sua natureza estatística, escala temporal ou causas físicas. Pode ser considerada como qualquer alteração de um dos principais elementos do clima que persista por mais de 30 anos. (SANT’ANNA NETO, op. cit. p. 68) Através dos estudos realizados até o momento, verifica-se que o clima global sempre teve uma variação natural. Entretanto, alguns cientistas acreditam que o aumento das emissões dos “gases de efeito estufa” na atmosfera é uma conseqüência do crescimento econômico e demográfico após a Revolução Industrial. Assim sendo, esse aumento dos gases poderia estar acelerando o aquecimento natural e provocando uma mudança no clima. Por isso, esta temática é uma das grandes preocupações da sociedade moderna. Uma vez que “Mudança Climática” é um assunto polêmico, sendo que os cientistas ainda não conseguiram chegar a uma conclusão definitiva: se as mudanças climáticas são um processo natural do planeta ou se seriam conseqüências da ação do homem no meio. Assim sendo, o objetivo deste artigo é de reunir informações sobre o estado da arte que envolve as mudanças climáticas naturais e antrópicas. 2. Metodologia Para alcançar o objetivo proposto foi realizado um levantamento bibliográfico e discussão sobre a temática em livros, revistas cientificas, internet, relatórios governamentais, anais de simpósios, dissertações de mestrado, tese de doutorado, etc. que serviu como base para a discussão e análise da temática proposta. ISSN 0103-1538 642 No que se refere à análise final do tema proposto, será realizada à luz das relações entre os processos de mudanças climáticas com o mundo técnico-científico-informacional da atualidade, fio condutor do processo de globalização e mundialização do capital, frutos da modernidade. 3. Causas Naturais das Mudanças Climáticas Após pesquisa e análise relacionada à temática, de um total de 28 textos, obteve-se o seguinte resultado: 08 autores mostram que as causas das mudanças climáticas são naturais. Os autores são: Conti (1998, 2000, 2006), Molion (2004, 2005), Suguio (2000), Sant’Anna Neto (2000), Veríssimo (2003). Segundo Sant’Anna Neto (2000) é importante conhecer os climas do passado remoto, ou seja, os paleoclimas, quando as suas variações eram provavelmente mais lentas, quase imperceptíveis. Por isto, é dada maior importância ao período Quaternário, ou seja, aos acontecimentos dos últimos dois milhões de anos, quando surgem os primeiros ancestrais do homem. De acordo com Conti (1998) no decorrer do Quaternário ocorreram mudanças climáticas cíclicas, de diferentes escalas, afetando todo o planeta. As mais conhecidas foram as fases frias, denominadas glaciares, intercaladas por fases mais quentes, as interglaciares. Apesar da expansão das grandes massas de gelo terem começado sobre as altas e médias latitudes, as baixas latitudes também sofreram reflexos, devido a alternância de períodos chuvosos e secos, denominados pluviais e interpluviais, respectivamente. Segundo Suguio (2000) as mudanças climáticas compreendem, ao mesmo tempo, as variações cíclicas como as escalonadas, além das oscilações de intensidades e freqüências ao longo do tempo. As mudanças paleoclimáticas têm, portanto, uma origem complexa e resultam da interação de diversos fenômenos astronômicos, geofísicos e geológicos. Não existe uma única causa para as mudanças paleoclimáticas, que resultam da interação de várias causas. (SUGUIO, op. cit., p. 44). Conforme Sant’Anna Neto (2000) a explicação mais aceita para esclarecer tanto a origem das glaciações, quanto as mudanças climáticas naturais seria a Teoria de Milankovitch, que sugere a combinação dos fatores ligados aos movimentos orbitais da Terra, que seriam as alterações da distância da Terra em relação ao Sol, a obliqüidade eclíptica e a geometria da órbita terrestre em torno do Sol. • Órbita Terrestre Circunsolar: A órbita circunsolar (movimento de translação) passa de uma forma quase circular para uma mais elíptica variando a cada 90.000 a 100.000 anos. Este intervalo equivale ao da duração das glaciações. Durante parte da fase elíptica a Terra ISSN 0103-1538 643 está mais próxima do Sol, assim mais quente em alguns momentos do ano e mais frios em outros. • Inclinação da Terra sobre seu Eixo: O eixo da Terra se encontra inclinado em relação ao Sol em cerca de 23,4°. Devido a esta inclinação é que ocorrem as estações do ano (verão, outono, inverno e primavera), uma vez que os dois hemisférios não recebem a mesma quantidade e intensidade de energia e calor. Porém, como esta inclinação do eixo não é fixa, tanto o eixo de rotação como a linha do Equador, oscilam de 21,8° a 24,4° a cada 40.000 anos aproximadamente. • Giro Lateral do Eixo Terrestre: Tanto o Sol quanto a Lua influenciam a gravidade da Terra, principalmente em sua porção mais proeminente, que é a região intertropical. Esta ação resulta numa espécie de "bamboleio", similar ao movimento de um pião. Portanto, a Terra descreve no espaço um giro em forma de cone cuja revolução completa dura aproximadamente 26.000 anos. Conti (2000) complementa dizendo que a irregular emissão de radiação emitida pelo sol para a Terra também provoca mudanças climáticas. Observações realizadas desde 1970 indicam que as manchas solares, que se repetem a intervalos que variam entre nove a treze anos, produzem alterações na quantidade de energia que chega à Terra. MOLION (2005, p. 04) afirma que se o sistema Terra-oceanos-atmosfera se comportar comona fase fria anterior da Oscilação Decadal do Pacífico (ODP) (1947-76), a temperatura média global deverá diminuir, pelo menos, de cerca de 0,15°C, paulatinamente até 2025. Foi dito “pelo menos” porque existe um agravante, quando se compara à fase fria anterior. Desta vez, os próximos dois máximos de manchas solares, previstos para 2011 e 2022, poderão apresentar número máximo de manchas inferior aos anteriores (mínimo do Ciclo de Gleissberg) se o Sol mantiver o mesmo comportamento dos últimos 300 anos. Ou seja, nos próximos 25 anos, a produção de energia solar poderá ser reduzida. Mesmo com emissões crescentes, a taxa anual de crescimento da concentração CO2 na atmosfera poderá ser inferior às observadas anteriormente, uma vez que sua absorção, pelo Oceano Pacífico Tropical mais frio, poderá aumentar. Conforme Sant’Anna Neto (2000) a atividade vulcânica, influencia o comportamento dos padrões climáticos, devido às erupções vulcânicas, são lançados na atmosfera grandes quantidades de partículas, que podem atingir até 15 km de altitude e permanecer por vários anos na atmosfera. Estas partículas entram em movimento devido à circulação atmosférica, e acabam funcionando como gigantesco escudo que reflete o calor e a luz do sol. Como conseqüências, Conti (2000) cita que a temperatura média das áreas afetadas pode reduzir de 1 a 2°C. Alteram-se, também, os valores de umidade relativa (UR), de precipitação e o regime ISSN 0103-1538 644 de ventos. Phil Jones, Molion (2001 apud Veríssimo, 2003) ressalta que o aumento da temperatura do planeta pode ser explicado devido à modernização dos instrumentos meteorológicos, alterações do ambiente circundante à estação climatológica ou até mesmo a sua transferência para outras áreas. Molion (2004) destaca que se deve tomar cuidado com as projeções feitas pelo Painel Inter-governamental de Mudanças Climáticas (IPCC) relacionadas ao aquecimento global. ... As concentrações desses gases de efeito-estufa dependem muito da temperatura dos oceanos que cobrem 71% do planeta. Os oceanos são os grandes reservatórios desses gases, contendo, por exemplo, cerca de 60 vezes mais CO2 que a atmosfera. Quando os oceanos estão quentes, a absorção de gases diminui, quando eles se esfriam a absorção de gases aumenta. Assim, bastaria um pequeno resfriamento da temperatura dos oceanos para mudar completamente as projeções feitas pelo IPCC sobre o aquecimento global. (MOLION, op. cit.) CONTI (2006, p. 02-03) enfatiza também que o papel do vapor d’água, uma vez que esse gás, originado, naturalmente da evaporação que se produz sobre as superfícies líquidas, dos organismos vegetais e da evapotranspiração, é o mais eficaz, contribuindo com 50 a 75% para a efetivação do processo. Embora esteja comprovado que a presença do vapor d’água em uma determinada massa de ar não possa ultrapassar 4% de seu volume, ainda assim, sua participação, em termos absolutos, como barreira para a radiação de onda longa, é muito significativa. Conti (op. cit.) afirma que os gases estufa são responsáveis por menos de 1% da composição da atmosfera, compreendendo nesse percentual, o vapor d’água (aproximadamente 0,033%). Ressalta-se que o vapor d’água não foi contemplado pelo Protocolo de Kyoto por ser um gás gerado, em grande quantidade devido à evaporação dos oceanos, particularmente pelas massas líquidas localizadas nas baixas latitudes, onde a radiação solar produz superavit energético. 4. Causas Antrópicas das Mudanças Climáticas Em relação às mudanças climáticas derivada das ações antrópicas, foram identificados doze textos: Artaxo (2006), Conrado et al. (2004), Fioravanti (2006), Lacerda; Lacerda (2004), Marcelino (2003), Marengo (2006, 2007), Marengo; Nobre (2005), Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) (2007-a, 2007-b), Silva; Guetter (2003), Rittl (2006). ISSN 0103-1538 645 De acordo com Conrado et al. (2004), a origem do problema é o ciclo do carbono, que está sendo acelerado devido às atividades antrópicas, principalmente após a Revolução Industrial. Além do consumo de petróleo e carvão, citam-se também as queimadas de florestas, as emissões de metano das grandes hidrelétricas, as plantações inundadas (por exemplo, o arroz) e os grandes rebanhos de gado. Segundo Marengo (2006, p. 26) “amostras retiradas das geleiras da Antártica revelam que as concentrações atuais de carbono são as mais altas dos últimos 420.000 anos e, provavelmente, dos últimos 20 milhões de anos.” Para Silva; Guetter (2003), os gases do efeito estufa com longo tempo de vida e que parecem estar sendo influenciados diretamente pela ação do homem incluem o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O) e os halocarbonos. Todos esses gases apresentam aumento da concentração ao longo dos anos, contribuindo para a intensificação do efeito estufa. O tempo de vida indica quanto tempo a atmosfera sofrerá a influência de cada um destes gases. Desta forma, o CO2 é um gás com grande potencial para alterar as condições da atmosfera, pois pode permanecer até 200 anos. (Tabela 01). Tabela 01: Evolução da concentração dos gases (CO2, CH4, N2O) na atmosfera. CO2 (ppmv) CH4 (ppmv) N2O (ppmv) Concentração no período pré-industrial 280 700 275 Concentração em 1994 358 1720 312 Tempo de vida na atmosfera (anos) 50-200 12 120 Fonte: Silva; Guetter (2003). De acordo com Rittl (2006), as mudanças climáticas provocadas pela atividade humana, diferente das ocasionadas por causas naturais (como erupções vulcânicas, aumento ou diminuição da atividade solar ou movimentação dos continentes) as de ação humana são muito rápidas e abruptas. Enquanto algumas regiões aqueceram muito, outras esfriaram de forma abrupta. 4.1 Observações Globais das Mudanças Climáticas As informações contidas na terceira parte do relatório de 2007 do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU (2007-a) mostram que: • A principal fonte de aumento da concentração atmosférica de dióxido de carbono, desde o período pré-industrial, foi o uso de combustíveis fósseis, e a mudança no uso da terra também contribuiu, porém com uma parcela menor. • A concentração atmosférica global de dióxido de carbono aumentou de um valor pré- industrial de 280 ppm para 379 ppm3 em 2005. ISSN 0103-1538 646 • A concentração atmosférica global de metano aumentou de um valor pré-industrial de 715 ppb para 1.732 ppb no início da década de 1990. • Os anos de 1995 a 2006 estão entre os 12 anos mais quentes desde 1850. O aumento total de temperatura de 1850-1899 a 2001-2005 é de 0,76 [0,57 a 0,95]ºC. • As geleiras de montanha e a cobertura de neve diminuíram, em média, nos dois hemisférios. • Observações desde 1961 mostram que a temperatura média do oceano global aumentou em profundidade até pelo menos 3.000 m. • A média global do nível do mar subiu a uma média de 1,8 [1,3 a 2,3] mm por ano, no período de 1961 a 2003. Segundo o Relatório do IPCC (2007-b), aumentou a confiança de que alguns eventos extremos de tempo tornar-se-ão mais freqüentes, generalizados e/ou intensos durante o século XXI. Além disso, há mais conhecimento sobre as conseqüências dessas mudanças. Como se demonstra no quadro 01. Exemplos dos Principais Impactos Projetados por Setor Fenômenos e Direção da Tendência Agricultura, Silvicultura e Ecossistemas Recursos Hídricos Saúde Humana Indústria/ Sociedade • Dias e noites quentes em maior quantidade e mais quentes na maior parte das áreas terrestres. • Eventos de precipitação forte: a freqüência aumenta. • A área afetada pelas secas: aumenta. • A atividade intensa dos ciclones tropicais aumenta.• Aumento da incidência de nível extremamente alto do mar. • Aumento da produção em ambientes mais frios; redução da produção em lugares mais quentes. • Danos às culturas; erosão do solo, incapacidade de cultivar a terra devido ao excesso de água nos solos. • Degradação da terra, queda de produção/danos e perdas de safras; aumento do risco de incêndios florestais. • Salinização da água doce. • Efeitos nos recursos hídricos que dependem do derretimento da neve; aumento das taxas de evapotranspiração. • Efeitos adversos na qualidade da água superficial e subterrânea; contaminação do abastecimento de água. • Escassez mais generalizada de água. • A falta de energia causa interrupção no abastecimento público de água. • Redução da mortalidade humana devido a diminuição da exposição ao frio. • Aumento da mortalidade devido ao calor, especialmente para idosos e bebês. • Aumento do risco de mortes, ferimentos, doenças infecciosas, respiratórias, de pele e afogamento nas inundações. • Aumento do risco de doenças relacionadas a água e alimento. • Redução da demanda de energia para aquecimento; aumento da demanda por refrigeração; queda da qualidade do ar. • Suspensão de comércio, transporte e sociedades por causa de inundações. • Danos provocados por inundações e ventos fortes. • Potencial de movimentação das populações e da infra-estrutura. Quadro 01: Projeções de impactos das mudanças climáticas. Fonte: IPCC (2007-b). 4.2 Observações de Mudanças Climáticas no Brasil ISSN 0103-1538 647 Segundo Marengo (2007) devido o aquecimento global já foram observados alguns fatos extremos, em vários pontos do planeta, inclusive no Brasil, como: secas, enchentes, ondas de calor e de frio, furações e tempestades. Amazônia: De acordo com Artaxo (2006), a Amazônia já foi atingida por grandes secas no século XX (1925-1926, 1961, 1982-1983 e 1997-1998) o que ocasionou aumento das queimadas e impactos na vida da população. Todas essas secas foram atribuídas ao El Niño. Porém em 2005 ocorreu um fenômeno climático diferente, que secou o oeste e o sul, e não o centro e o leste amazônico, como nos anos de El Niño. Segundo pesquisas realizadas, o aquecimento anormal de quase 1º C nas águas tropicais do Atlântico Norte ocasionou a seca de 2005. Semi-Árido: Conforme Rittl (2006), um dos problemas enfrentados pela região é a falta de água, provocado pelo aumento da temperatura, além da desertificação, processo que já atinge 181 mil km2 do semi-árido brasileiro. Segundo Lacerda; Lacerda (2004) um dos fatores que leva à desertificação é a derrubada da vegetação nativa. No primeiro ano derruba a mata e queima, a cinza atua como adubo no solo. Porém no ano seguinte, a terra começa a enfraquecer. A queima da capoeira mata as sementeiras e os microorganismos. O resto de cultura que sobrou se torna matéria orgânica. Zona Costeira: Segundo Marengo; Nobre (2005) em 27 de março de 2004 uma tempestade inicialmente classificada como ciclone extratropical atingiu a costa sul do Brasil, entre Laguna (SC) e Torres (RS), com chuvas fortes e ventos estimados em cerca de 150 km/h, matando 11 pessoas. Após estudos e debates, concluiu-se que o Catarina foi o primeiro furacão de que se tem notícia no país. Além das tempestades extremas, a costa brasileira também vem enfrentado o aumento do nível do mar. De acordo com Rittl (2006), no Brasil, as áreas mais suscetíveis à erosão estão na região Nordeste, em Pernambuco, um dos estados mais afetados, cerca de seis em cada dez praias dos 187 km de costa cedem terreno para o mar. Região Sul: Conforme Rittl (op. cit.) no final do ano de 2004, os meteorologistas previam uma quantidade de chuva normal para o verão seguinte no Rio Grande do Sul. Porém não foi o que ocorreu. Em dezembro, janeiro e fevereiro choveu menos da metade do que o registrado normalmente em todo o estado. Em fevereiro de 2005, a situação ficou ainda mais crítica, com déficits pluviométricos maiores do que 80 mm, sendo que no norte os déficits foram iguais ou superiores a 110 mm, 20% da média histórica. Além da seca, a região sul, segundo Marcelino (2003), nas últimas décadas tem-se registrado a ocorrência de tornados. Em Santa Catarina, de 1976 a 2000, foram detectados 23 episódios, sendo 15 casos confirmados e oito considerados como possíveis ocorrências. ISSN 0103-1538 648 4.2.1 O Que Pode Acontecer no Brasil Devido às Mudanças Climáticas? Segundo Fioravanti (2006), antes só era possível estudar os impactos das mudanças climáticas no Brasil através das projeções dos modelos globais, realizados por instituições dos Estados Unidos ou da Europa. Porém, atualmente, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) já está produzindo cenários baseados em modelos climáticos regionais, que apontam para as próximas décadas elevação da temperatura média anual, não só para o Brasil, como para toda América do Sul. Projetam-se também secas prolongadas que podem provocar o surgimento de novas áreas quase desérticas no interior do Nordeste, ou o contrário, chuvas mais fortes e curtas em todo o país. Assim sendo, vários cenários são projetados para o Brasil, conforme quadro 02: AMAZÔNIA SEMI-ÁRIDO ZONA COSTEIRA REGIÃO SUL • O aquecimento global vai aumentar as temperaturas na Amazônia entre 2ºC e 3ºC, e reduzirá a chuva entre 10% a 20%. • Se a Amazônia for desmatada totalmente, alterações no regime de chuvas podem afetar o clima da América do Norte e da Europa. • Se todo o carbono armazenado na Amazônia for para a atmosfera, a concentração global dos gases de efeito estufa aumenta de 15% a 17%. • Um cerrado mais pobre em biodiversidade vai avançar sobre a floresta. • Projeções indicam aumento de temperatura entre 1º C e 7º C nos desertos até o final do século XXI. • Um planeta mais quente diminuiria as precipitações na região semi-árida, transformando extensas áreas em regiões áridas. • As temperaturas aumentariam de 2º C a 5º C no Nordeste até o final do século XXI. A caatinga pode dar lugar a uma vegetação mais típica de zonas áridas, com predominância de cactáceas. • A produção agrícola de grandes áreas pode se tornar inviável. • Nos próximos 50 ou 80 anos, o nível do mar subirá entre 30 cm e 80 cm devido o derretimento de gelo. Anomalias na Antártica podem acrescentar mais 15 cm a esta conta. • Cidades localizadas na costa brasileira serão atingidas. Construções à beira mar vão desaparecer. • O aquecimento global vai intensificar a ocorrência de tempestades intensas e novos furacões poderão atingir a costa do Brasil. • Secas poderão atingir a região Sul com freqüência e intensidades crescentes. • Extremos de temperatura podem se intensificar tanto no verão como no inverno. • A migração das lavouras para o Norte pode aumentar o desmatamento da Amazônia, o que vai diminuir o transporte de umidade e as chuvas no Sul. • As chuvas cada vez mais intensas vão castigar as cidades, com grande impacto social nos bairros mais pobres. Quadro 02: Projeções de cenários das mudanças climáticas no Brasil. Fonte: Rittl (2006). 5. Mudanças Climáticas Naturais ou Antropogênicas E por último, 08 autores estão buscando mais provas relacionadas às causas das mudanças climáticas. Os autores são: Bessat (2003), Conti (2000, 2005), Mendonça (2003), Nunes (2003), Sant’Anna Neto (2000), Ribeiro (2002), Zamparoni (2006). Segundo Ribeiro (2002), não existe consenso sobre o assunto. Para muitos pesquisadores estamos diante de um ciclo longo da variaçãoda temperatura do planeta, sendo o aquecimento inevitável e gerado ISSN 0103-1538 649 apenas por processos naturais. Outros estudiosos afirmam que apesar de haver um aquecimento em um ciclo longo, ele nunca teve a intensidade verificada nas últimas décadas, indicando que a participação humana lançando os gases-estufa pode ter agravado a situação. Por fim, existem os que indicam a civilização do combustível fóssil como culpada. Para este grupo de pesquisadores a Revolução Industrial é um marco fundamental na história da Humanidade. A partir dela, passou-se a consumir inicialmente carvão mineral e depois petróleo em larga escala a ponto de afetar a dinâmica climática do planeta. (RIBEIRO, op. cit., p. 77) De acordo com Conti (2005), a elevação da temperatura global é um fato, mas é essencial realizar uma investigação mais abrangente, que leve em conta, não só os processos antropogênicos como também os processos naturais de macro-escala. A mudança climática abrange um mecanismo mais complexo do que apenas a elevação da temperatura média do planeta, pois o clima não se limita apenas à temperatura. Conti (2000) também ressalta que uma das dificuldades é a escolha da metodologia certa para o estudo das flutuações pluviométricas a partir do momento que se dispõem dos dados climatológicos. Há diversos questionamentos sobre como interpretá-los, pois os dados regulares são obtidos em vários pontos do planeta, e nem sempre demonstram variações no mesmo sentido. Nunes (2003) afirma que a Terra não é estática, ela está em constante mudança, porém em diferentes escalas (zonal, regional, sub-regional, local). Estas mudanças estão relacionadas às características locais, que são reflexos do desenvolvimento econômico, e às formas de ocupação do espaço. Apesar de que os controles atmosféricos em cada escala serem diferentes, simultaneamente estão interligados, interferindo um no outro. Assim ainda não é possível separar as mudanças climáticas naturais das antropogênicas. Segundo Bessat (2003) umas das questões mais difíceis de serem resolvidas pelos cientistas é dizer com certeza como a mudança climática global afetará os diversos países em escalas regionais e locais. Sant’Anna Neto (2000) complementa dizendo que as mudanças climáticas globais, atualmente, representam uma das maiores preocupações da humanidade. Trata-se também, de uma das questões mais polêmicas, pois, apesar dos grandes avanços técnicos alcançados pelo homem, os cientistas ainda não conseguiram chegar a uma conclusão definitiva quanto ao papel desempenhado por cada um dos principais fatores responsáveis pelas alterações globais, e como estes interferem no clima terrestre. (SANT’ANNA NETO, op. cit. p. 66) ISSN 0103-1538 650 Zamparoni (2006) também afirma que se deve tomar cuidados nas análises dos dados que conferem precipitadamente a responsabilidade das mudanças climáticas às ações humanas sem analisar o papel da natureza que possui ritmo e ciclos próprios de mudanças. Uma outra questão importante é que os condicionantes considerados físicos ou naturais estão interligados aos humanos e só uma visão holística desta relação pode ofertar uma aproximação de resultados confiáveis. Assim sendo, as escalas global, regional e local estão interligadas. Um dado de temperatura do ar, por exemplo, necessita de uma análise que ultrapasse a relação uso do solo/variável climática, mas que englobe também a situação de tempo regional e local além das inserções do desenvolvimento histórico que forjou as condições de desenvolvimento técnico-científico e informacional em que se encontra o referido espaço geográfico. Além disso, esta análise necessita levar em consideração os ritmos e ciclos próprios em que cada situação encontra-se envolvida. (ZAMPARONI, op. cit., p. 05) Segundo Mendonça (2003) apesar do aquecimento global estar envolto em inúmeras incertezas e especulações, principalmente em relação às causas do mesmo. A precaução talvez seja a atitude mais certa a ser tomada pela sociedade. Como por exemplo, iniciativas para desacelerar o efeito estufa, através da redução do consumo e do desmatamento. Assim, a estabilidade da temperatura média do planeta ou a redução nos níveis dos gases do efeito estufa refletiriam em melhores condições de vida no planeta. 6. Considerações Finais Atualmente verifica-se que existem vários pontos de vista sobre a temática das mudanças climáticas globais. Por um lado, autores afirmam que a mudança climática é um fato observado há algumas décadas, mas que não existe uma comprovação científica devido à complexidade do clima, podendo ser uma variabilidade natural ou uma alteração provocada pela ação antrópica. Portanto eventos isolados não são provas de mudanças climáticas, pois para serem considerados, é necessário que ocorram por um longo período de tempo e que sejam globalmente homogêneos. Por outro lado acredita-se que as mudanças climáticas são resultados do aumento das emissões dos “gases de efeito estufa” na atmosfera após a Revolução Industrial por ter provocado acelerado crescimento econômico e demográfico, consequentemente mudanças no uso da terra e utilização da queima de combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo, fornecidos pelas indústrias e veículos. Entretanto os professores, cientistas e demais pesquisadores concordam que existem mudanças climáticas apenas em escala meso e micro, tanto nas baixas como nas altas latitudes. Também se percebe que mesmo aqueles que acreditam que o aquecimento global ISSN 0103-1538 651 tem causas apenas naturais concordam que é preciso evitar o aumento de gases que intensificam o efeito-estufa na atmosfera. Neste sentido, as buscas para minimizar ou solucionar o problema têm sido conjuntas e em escala mundial, como o Protocolo de Kyoto, apesar de alguns problemas, como a saída dos Estados Unidos e alguns cientistas considerarem que a redução de 5% ser pouca. Existem também outras soluções, através de algumas ações, por exemplo: • Incentivo para a produção de tecnologias e desenvolvimento de projetos de geração de energia a partir de fontes renováveis e alternativas, como solar, eólica, hidroelétrica, térmica, biodiesel, dentre outras. • Ampliação da oferta e incentivo ao uso do transporte público. • Utilizar combustíveis com baixo teor de enxofre. • Promoção de estratégias para diminuir as emissões de poluentes no transporte e indústrias. • Redução do desmatamento. Assim sendo, os cientistas ainda têm incertezas em suas análises, o que os leva a prosseguir em estudos para melhor compreender a dinâmica climática e os processos complexos que envolvem o aquecimento global. Dessa forma, devem-se tomar algumas atitudes imediatamente: as ações políticas dos líderes mundiais e as da sociedade devem convergir no combate e prevenção das mudanças climáticas, em especial, no tocante às mudanças de hábitos de consumo nos sistemas de produção, para garantir a vida no planeta. 7. Referências Bibliográficas ARTAXO, Paulo. A Amazônia e as Mudanças Globais. Revista Ciência Hoje. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, v. 38, n. 224, p. 20-25, mar. 2006. BESSAT, Frédéric. A Mudança Climática entre Ciência, Desafios e Decisões: Olhar Geográfico. Terra Livre. São Paulo-SP: Associação dos Geógrafos Brasileiros, ano 19, v. I, n. 20, p. 11-26, jan-jul. 2003. CONRADO, Daniel et al. Vulnerabilidades às Mudanças Climáticas. In: SANQUETTA, Carlos Roberto; ZILIOTTO, Marco A. (eds.). Carbono: Ciência e Mercado Global. Curitiba: Instituto Ecoplan & Universidade Federal do Paraná, p. 80-92, 2004. CONTI, José Bueno. Clima e Meio Ambiente. São Paulo: Atual,1998. 88 p. ISSN 0103-1538 652 CONTI, José Bueno. Considerações sobre Mudanças Climáticas Globais. In: SANT’ANNA NETO, João Lima; ZAVATINI, João Afonso (org.). Variabilidade e Mudanças Climáticas. Maringá: Eduem, p. 17-28, 2000. CONTI, José Bueno. Considerações sobre as Mudanças Climáticas Globais. Revista do Departamento de Geografia. São Paulo-SP: Universidade de São Paulo/Departamento de Geografia, n. 16, p. 70-75, 2005. CONTI, José Bueno. A Controvérsia sobre as Mudanças Climáticas. In: VII Simpósio Brasileiro de Climatologia Geográfica: Os Climas e a Produção do Espaço no Brasil, 2006, Rondonópolis – MT. Anais. Rondonópolis: Universidade Federal de Mato Grosso / Associação Brasileira de Climatologia, 2006. FIORAVANTI, Carlos. Um Brasil Mais Quente. Revista Pesquisa FAPESP. São Paulo: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), ed. 130, p. 30-34, dez. 2006. Disponível em: <http://www.revistapesquisa.fapesp.br/index.php?art=3110&bd=1&pg=1> Acesso em: 24 mai. 2007. LACERDA, Marta; LACERDA, Rogério. Planos de Combate à Desertificação no Nordeste Brasileiro. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v. 04, n. 01, 2004. Disponível em: <http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/500/50040111.pdf> Acesso em: 01 mai. 2007. MARCELINO, Isabela Pena Viana de Oliveira. Análise de Episódios de Tornado em Santa Catarina: Caracterização Sinótica e Mineração de Dados. São José dos Campos - SP: INPE, 2003. Dissertação de Mestrado (Mestrado em Sensoriamento Remoto), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 2003. MARENGO, José A. Mudanças Climáticas Globais e seus Efeitos sobre a Biodiversidade: Caracterização do Clima Atual e Definição das Alterações Climáticas para o Território Brasileiro ao Longo do Século XXI. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2006. (Série Biodiversidade, v. 26). MARENGO, José A. (coord.). Caracterização do Clima no Século XX e Cenários Climáticos no Brasil e na América do Sul para o Século XXI Derivados dos Modelos ISSN 0103-1538 653 Globais de Clima do IPCC. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2007. Relatório de Projeto. Disponível em: <http://www6.cptec.inpe.br/mudancas_climaticas/prod_probio/Relatorio_1.pdf> Acesso em: 24 mai. 2007. MARENGO, José A.; NOBRE, Carlos A. Lições do Katarina e do Katrina: As Mudanças do Clima e os Fenômenos Extremos. Revista Ciência Hoje. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, v. 37, n. 221, p. 22-27, nov. 2005. MENDONÇA, Francisco de Assis. Aquecimento Global e Saúde: Uma Perspectiva Geográfica – Notas Introdutórias. Terra Livre. São Paulo-SP: Associação dos Geógrafos Brasileiros, ano 19, v. I, n. 20, p. 205-221, jan-jul. 2003. MOLION, Luiz Carlos Baldicero. O CFC e a Camada de Ozônio: A Farsa? 2004. Disponível em: <http://www.kogakai.org/dma/artigos/ozonio.htm>. Acesso em: 09 dez. 2007. MOLION, Luiz Carlos Baldicero. Aquecimento Global, El Niños, Manchas Solares, Vulcões e Oscilação Decadal do Pacífico. Revista Climanálise. Cachoeira Paulista – SP, ano 03, n. 01, ago. 2005. Disponível em: <http://www6.cptec.inpe.br/revclima/revista/pdf/Artigo_Aquecimento_0805.pdf>. Acesso em: 09 dez. 2007. NUNES, Lucí Hidalgo. Repercussões Globais, Regionais e Locais do Aquecimento Global. Terra Livre. São Paulo-SP: Associação dos Geógrafos Brasileiros, ano 19, v. I, n. 20, p. 101- 110, jan-jul. 2003. PAINEL Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). Mudança do Clima 2007: a Base das Ciências Físicas. Contribuição do Grupo de Trabalho I para o Quarto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima, 2007. Tradução de: Anexandra de Ávila Ribeiro. Disponível em: <http://www.mct.gov.br/upd_blob/12989.pdf> Acesso em: 01 mai. 2007. PAINEL Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). Mudança do Clima 2007: Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade à Mudança do Clima. Contribuição do Grupo de Trabalho II ao Quarto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudança ISSN 0103-1538 654 do Clima, 2007. Tradução de: Anexandra de Ávila Ribeiro. (Versão Preliminar). Disponível em: <http://www.mct.gov.br/upd_blob/13404.pdf> Acesso em: 01 mai. 2007. RIBEIRO, Wagner Costa. Mudanças Climáticas, Realismo e Multilateralismo. Terra Livre. São Paulo-SP: Associação dos Geógrafos Brasileiros, ano 18, v. I, n. 18, p. 75-84, jan-jun. 2002. RITTL, Carlos (coord.). Mudanças do Clima, Mudanças de Vidas: Como o Aquecimento Global Já Afeta o Brasil. São Paulo – SP: Greenpeace Brasil, 2006. Disponível em: <http://www.greenpeace.org.br/clima/pdf/catalogo_clima.pdf> Acesso em: 10 mai. 2007. SANT’ANNA NETO, João Lima. Mudanças Climáticas Globais: Implicações no Desenvolvimento Econômico e na Dinâmica Natural. Revista Pantaneira. Aquidauana-MS: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campus de Aquidauana, v. 02, n. 02, p. 66-78, jul.-dez. 2000. SILVA, Maria Elisa Siqueira; GUETTER, Alexandre K. Mudanças Climáticas Regionais Observadas no Estado do Paraná. Terra Livre. São Paulo-SP: Associação dos Geógrafos Brasileiros, ano 19, v. I, n. 20, p. 111-126, jan-jul. 2003. SUGUIO, Kenitiro. As Mudanças Paleoclimáticas da Terra e seus Registros, com Ênfase no Quaternário. In: SANT’ANNA NETO, João Lima; ZAVATINI, João Afonso (org.). Variabilidade e Mudanças Climáticas. Maringá: Eduem, p. 29-49, 2000. VERÍSSIMO, Maria Elisa Zanella. Algumas Considerações sobre o Aquecimento Global e suas Repercussões. Terra Livre. São Paulo-SP: Associação dos Geógrafos Brasileiros, ano 19, v. I, n. 20, p. 137-143, jan-jul. 2003. ZAMPARONI, Cleusa Aparecida Gonçalves Pereira. Ritmos e Mudanças Climáticas: Causas Naturais e Derivação Antrópica. In: VII Simpósio Brasileiro de Climatologia Geográfica: Os Climas e a Produção do Espaço no Brasil, 2006, Rondonópolis – MT. Anais. Rondonópolis: Universidade Federal de Mato Grosso / Associação Brasileira de Climatologia, 2006.
Compartilhar