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ANÁLISE TÉRMICA DIFERENCIAL E TERMOGRAVIMÉTRICA Mary Ester Santiago Machado Novembro de 2008 2 ÍNDICE 1. Introdução ............................................................................................................. 3 2. Análise Termogravimétrica (TG) ......................................................................... 4 2.1Nenhuma entrada de índice remissivo foi encontrada.Histórico ..................... 4 2.2 Definição......................................................................................................... 4 2.3 Aplicações ....................................................................................................... 5 2.4 Equipamento ................................................................................................... 5 2.4.1 Forno ....................................................................................................... 6 2.4.2 Programador de Temperatura ................................................................... 7 2.4.3 Termopar ................................................................................................. 7 2.4.4 Balança .................................................................................................... 8 2.4.5 Cadinhos .................................................................................................. 8 2.5 Fatores que afetam a TG .................................................................................. 9 2.5.1 Fatores Instrumentais............................................................................... 9 2.5.2 Fatores ligados a amostra......................................................................... 9 3. Análise Térmica Diferencial (DTA) ...................................................................... 9 3.1 Histórico ........................................................................................................... 9 3.2 Definição ........................................................................................................ 10 3.3 Aplicações ...................................................................................................... 11 3.4 Equipamento ................................................................................................... 12 3.4.1 Cadinhos ................................................................................................ 12 3.4.2 Forno ..................................................................................................... 12 3.5 Fatores que afeta a DTA .................................................................................. 13 3.5.1 Fatores Instrumentais .............................................................................. 13 3.5.2 Fatores ligados a amostra ........................................................................ 13 4. Exemplos de Aplicação de DTA e TG ................................................................. 13 4.1 Bauxita e seus usos ........................................................................................... 13 4.1.1 TDA e TG da Bauxita ............................................................................. 14 4.2 Cerâmica .......................................................................................................... 15 4.2.1 Procedimento Experimental..................................................................... 15 4.2.2 Resultado e Discussão ............................................................................. 16 4.2.3 Conclusões .............................................................................................. 20 5. Conclusão ............................................................................................................. 21 6. Referencias Bibliográficas ................................................................................... 22 3 ANÁLISES TÉRMICAS 1. Introdução A definição usualmente aceita para análise térmica foi originalmente proposta pelo Comitê de Nomenclatura da Confederação Internacional de Análises Térmicas (ICTA) sendo, subseqüentemente, adotada tanto pela União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC) quanto pela Sociedade Americana de Testes de Materiais (ASTM). Análise Térmica é um termo que abrange um grupo de técnicas nas quais uma propriedade física ou química de uma substância, ou de seus produtos de reação, é monitorada em função do tempo ou temperatura, enquanto a temperatura da amostra, sob uma atmosfera específica, é submetida a uma programação controlada. Esta definição é tão abrangente que garante que todo engenheiro é, em algum momento de sua carreira, um termo-analista. Entretanto, esta abrangência confere às análises térmicas certas conotações que podem levar a interpretações errôneas. Restringir a análise térmica a uma análise química ou de composição seria, por sua vez, limitá-la demasiadamente. Desta forma a análise térmica tem seu campo de atuação voltado ao estudo de: processos como catálises e corrosões, propriedades térmicas e mecânicas como expansão térmica e amolecimento, diagramas de fase e transformações. Análises Térmicas Termogravimétricas (TG) Análise Térmica Diferencial (DTA) Mudanças de massa devido à interação com a atmosfera, vaporização e decomposição. Processos físicos e químicos envolvendo variação de energia. 4 2. Análise Termogravimétrica (TG) 2.1 Histórico Os componentes básicos da TG existem a milhares de anos. Sepulturas e tumbas no antigo Egito (2500 A.C) tem em suas paredes representações esculpidas e pintadas tanto da balança quanto do fogo. Entretanto, centenas de anos se passaram antes que estes fossem ligados em um processo, sendo então utilizados no estudo do refinamento do ouro durante o século XIV. O desenvolvimento da TG moderna foi impulsionado pela determinação do raio de estabilidade de vários precipitados utilizados na análise química gravimétrica. Este aspecto alcançou seu apogeu sob Duval (1963), quem estudou mais de mil destes precipitados e desenvolveu um método analítico automatizado baseado na TG. Honda (1915) levou a posterior fundação da moderna TG quando, utilizando uma “termobalança”, conclui suas investigações em MnSO 4 .H 2 O, CaCO 3 , e CrO 3 com uma declaração modesta, “Todos os resultados dados não são inteiramente originais; a presente investigação com a termobalança tem, entretanto, revelado a exata posição da mudança da estrutura e também da velocidade das mudanças nas respectivas temperaturas”. Outras termobalanças, até mesmo mais antigas, foram construídas por Nernst e Riesenfeld (1903), Brill (1905), Truchot (1907), e Urbain e Boulanger (1912). O primeiro instrumento comercial em 1945 foi baseado no trabalho de Chevenard e outros. (1954). A maioria das termobalanças, exceto a desenvolvida por Chevenard, foram desenvolvidas por investigadores individuais. O derivatógrafo, desenvolvido por Erdey e outros. (1956), introduziu a medição simultânea da TG/DTA. Garn (1962) adaptou com sucesso a balança gravadora Ainsworth para a TG até 1600 ºC em várias atmosferas controladas. Similarmente, uma balança Sartorius foi modificada para TG incluindo mudanças automáticas de peso. O advento da balança automática moderna começou com a introdução da eletrobalança por Cahn e Schultz (1963). Esta balança tem uma sensibilidade de 0,1 μg e a precisãode 1 parte em 10 5 de mudança de massa. 2.2 Definição Termogravimetria é a técnica na qual a mudança da massa de uma substância é medida em função da temperatura enquanto esta é submetida a uma programação controlada. O termo Análise Termogravimétrica (TGA) é comumente empregado, particularmente em polímeros, no lugar de TG por ser seu precedente histórico e para minimizar a confusão verbal com T g , a abreviação da temperatura de transição vítrea. Problemas adicionais podem ocorrer em pesquisas computadorizadas, já que ambas abreviaturas são aceitas pela IUPAC. Em vermelho TGA e em Azul DTG A ordenada é apresentada usualmente em percentual de massa wt%, ao invés da massa total, proporcionando assim uma fácil comparação entre várias curvas em uma base normalizada. 5 É preciso deixar claro que existem mudanças significativas, particularmente na temperatura da amostra, que podem refletir na curva TGA quando a massa inicial é significativamente variada entre experimentos. Ocasionalmente o peso e a temperatura serão exibidos em função do tempo. Isto permite a verificação aproximada da taxa de aquecimento, mas é menos conveniente para propósitos de comparação com outras curvas. As curvas DTG aperfeiçoam a resolução e são mais facilmente comparadas a outras medidas. Entretanto, a diferenciação é um grande amplificador; sendo, muitas vezes, aplainada pelo software para gerar um gráfico da derivada. Tais curvas são também de interesse do estudo da cinética das reações, uma vez que ela apresenta a taxa efetiva da reação. A estequiometria, todavia, é mais legível na representação original. 2.3 Aplicações da TG Dentre as inúmeras aplicações existentes da termogravimetria destacam-se: Calcinação e torrefação de minerais; Corrosão de materiais em várias atmosferas; Curvas de adsorção e desadsorção; Decomposição de materiais explosivos; Degradação térmica oxidativa de substâncias poliméricas; Desenvolvimento de processos gravimétricos analíticos (peso constante); Decomposição térmica ou pirólise de materiais orgânicos, inorgânicos e biológicos; Destilação e evaporação de líquidos; Determinação da pressão de vapor e entalpia de vaporização de aditivos voláteis; Determinação da umidade, volatilidade, e composição de cinzas; Estudo da cinética das reações envolvendo espécies voláteis; Estudo da desidratação e da higroscopicidade; Identificação de polímeros novos, conhecidos e intermediários; Propriedades magnéticas como temperatura Curie, suscetibilidade magnética; Reações no estado sólido que liberam produtos voláteis; Taxas de evaporação e sublimação. 2.4 Equipamento O equipamento utilizado na análise termogravimétrica é basicamente constituído por uma microbalança, um forno, termopares e um sistema de fluxo de gás. 6 Desenho detalhado de um equipamento de termogravimetria A seguir estarão listadas as características dos itens descritos na imagens 2.4.1 Forno Uma ampla variedade de fornos é disponibilizada pelos fabricantes, cada forno opera em uma faixa específica de temperatura que compreende -170 a 2800 ºC. A determinação da faixa em que o forno pode atuar é feita pelos materiais constituintes do aquecimento e dos demais componentes. Material Temperatura aproximada ºC Nicromo 1100 Tântalo 1330 Kanthal 1350 Platina 1400 Globar 1500 Platina - 10% Ródio 1500 Platina - 20% Ródio 1500 Kanthal Super 1600 Ródio 1800 Molibdênio 2200 Tungstênio 2800 Limite de temperatura dos materiais da resistência dos fornos Nicromo e Kanthal - estudo de polímeros Refratários cerâmicos como alumina e Mullita são utilizados para reter atmosferas controladas, e platina para portar as amostras. O limite de operação depende também do projeto do forno, isolamento e atmosfera circundante. Por causa da complexidade do projeto e do alto custo dos componentes, os fornos 7 para altas temperaturas são, geralmente, mais caro. Assim, a maioria dos fabricantes constrói seus aparelhos de termo-análise de forma modular, oferecendo então vários fornos para cobrir a área de interesse especificada. A construção do equipamento pode ter o forno posicionado de três modos distintos: Posicionamento do forno em relação à balança (B) a) Abaixo b) Acima c) Paralelo Os equipamentos mais baratos e menos sensíveis possuem o forno colocado abaixo da balança, sendo utilizados para materiais poliméricos. No caso de altas temperaturas o forno acima da balança é mais sensível. 2.4.2 Programador de Temperatura A taxa de aquecimento do forno está, em geral, na faixa de 1 a 50 ºC/min. Esta velocidade de variação é controlada pelo programador de temperatura do forno. Este deve ser capaz de uma programação de temperatura linear, isto é, a temperatura do forno deve ser diretamente proporcional ao tempo para várias faixas de temperaturas diferentes. 2.4.3 Termopar O termopar é um dispositivo constituído de dois condutores elétricos tendo duas junções, uma em ponto cuja temperatura deve ser medida, e outra a uma temperatura conhecida. A temperatura entre as duas junções é determinada pelas características do material e o potencial elétrico estabelecido. No procedimento analítico os posicionamentos a que o termopar pode ser submetido são: no forno, próximo a amostra e na amostra. Apesar do local mais indicado para controlar a temperatura da amostra ser na própria amostra, o local mais utilizado é o compartimento do forno, por não proporcionar interferências no mecanismo da balança. Disposição dos termopares a) Na amostra b)No forno c)Próximo a amostra 8 2.4.4 Balança A balança é um instrumento que permite medidas contínuas da massa da amostra enquanto a temperatura e/ou o tempo mudam. O termo “termobalança” é usado para definir um sistema capaz de medir a massa de uma amostra em uma faixa de temperatura. As balanças eletromagnéticas modernas sofrem pequena influência da vibração, tem alta sensibilidade, e pequena flutuação térmica. Esta classe de balanças é originária da eletrobalança de Cahn. Esquema da Balança de Cahn O posicionamento da haste é monitorado por uma célula fotoelétrica. Assumindo que a suspensão da amostra foi submetida à tara e que a balança está em equilíbrio, adições de massa na amostra do lado esquerdo da haste irão provocar um levantamento do lado direito da mesma. Corrente suficiente é então fornecida ao motor de torque, colocando a haste em sua posição original. A força de restauração, e conseqüentemente a corrente, é proporcional a esta mudança de massa. A sensibilidade típica de 0,1μg é possível, mas não facilmente atingida sob condições de mudança de temperatura. Sob estas circunstâncias 1μg é uma sensibilidade mais realista. 2.4.5 Cadinhos O tipo de cadinho utilizado depende da temperatura máxima de exposição, da natureza química da amostra, da sua quantidade e reatividade. Em função das características da análise e da amostra a analisar, o material utilizado para confeccionar o cadinho pode ser de: platina, alumina, quartzo ou vidro. Os cadinhos para amostra em pó são achatados, mas, para evitar inchamento ou projeções, é mais indicado o uso de cadinhos com paredes mais altas, conforme mostra a figura.Exemplos de cadinhos utilizados na TG 9 2.5 Fatores que afetam as curvas de TG 2.5.1 Fatores Instrumentais Razão de aquecimento; Velocidade do registro; Atmosfera do forno; Natureza da geometria do suporte da amostra; Impulsão do ar e correntes de convecção. 2.5.2 Fatores ligados a amostra Tamanho das partículas da amostra; Calor de reação; Quantidade, empacotamento e termocondutividade da amostra. 3. Análise Térmica Diferencial (DTA) 3.1 Histórico Dispositivos precisos de medição de temperatura, como termopares, termômetros de resistência, e pirômetro óptico, estavam todos completamente estabelecidos na Europa ao final do século XIX. Como resultado, foi inevitável que eles fossem logo aplicados em sistemas químicos a elevadas temperaturas. Então, LeChatelier (1887), um estudioso tanto de mineralogia quanto de pirometria, introduziu o uso de curvas apresentando mudanças nas taxas de aquecimento como uma função do tempo, dT s / dt versus t, para identificar argilas. O método diferencial de temperatura, no qual a temperatura da amostra é comparada a uma amostra inerte de referência, foi concebido por um metalurgista Inglês, Roberts-Austin (1889). Esta técnica eliminava os efeitos da taxa de aquecimento e outros distúrbios externos que poderiam mudar a temperatura da amostra. Ele também suprime a alta temperatura de ambos os materiais, possibilitando a captação e ampliação de sinais menores. Um segundo termopar foi colocado na substância inerte estando suficientemente afastado da amostra de modo a não sofrer sua influência. A diferença de temperatura, ΔT ou T - Ti, era observada diretamente no galvanômetro enquanto um segundo galvanômetro mostrava a temperatura da amostra. Saladin (1904) aperfeiçoou este método através do desenvolvimento de um gravador fotográfico da ΔT versus Ti. Um gravador fotográfico versátil baseado em um cilindro em rotação foi desenvolvido por Kurnakov (1904). Este instrumento foi extensivamente utilizado por trabalhadores Russos por muitos anos colaborando para a formação de seu grupo ativo em DTA. Argilas e minerais de silicato formavam o assunto principal dos estudos iniciais baseados na DTA, entendendo-se pelos próximos 40 anos. Por causa das aplicações predominantemente geológicas a DTA foi desenvolvida primeiramente por ceramistas, mineralogistas, cientistas do solo, e outros geologistas. A era moderna da instrumentação para a DTA começou com a introdução por Stone (1951) de um instrumento de controle dinâmico de atmosferas. Este sistema permitiu o fluxo de um gás ou vapor através do suporte da amostra durante o processo de aquecimento ou resfriamento. As pressões parciais dos componentes ativos na fase gasosa podiam ser controladas durante o ensaio de DTA. O efeito da atmosfera em relação a uma reação podia agora ser efetivamente estudado. Em tempos mais recentes a rápida evolução dos polímeros e plásticos, em particular, foi impulsionada pelo desenvolvimento da técnica e instrumentos. Medidas precisas, rápidas, e simples de fenômenos como temperatura de fusão, transição vítrea, e cristalização, bem como a 10 habilidade de acompanhar processos de cura, degradação, e oxidação de polímeros e materiais associados têm levado a uma ampla aceitação das análises térmicas. 3.2 Definição DTA é a técnica na qual a diferença de temperatura entre uma substância e um material de referência é medida em função da temperatura enquanto a substância e o material de referência são submetidos a uma programação controlada de temperatura. Esta técnica pode ser descrita tomando como base a análise de um programa de aquecimento. A figura a seguir, mostra o diagrama do compartimento de DTA no qual são colocados dois cadinhos (da amostra a ser analisada (A) e do material referência (R)), e dois sensores de temperatura (um sensor em cada cadinho), em um sistema aquecido por apenas uma fonte de calor. Diagrama esquemático do compartimento da amostra na análise DTA A amostra e o material de referencia são submetidos à mesma programação de aquecimento monitorada pelos sensores de temperatura, geralmente termopares. A referência pode ser alumina em pó, ou simplesmente a cápsula vazia. Ao longo do programa de aquecimento a temperatura da amostra e da referência se mantém iguais até que ocorra alguma alteração física ou química na amostra. Se a reação for exotérmica, a amostra irá liberar calor, ficando por um curto período de tempo, com uma temperatura maior que a referência. Do mesmo modo, se a reação for endotérmica a temperatura da amostra será temporariamente menor que a referência. Mudanças na amostra tais como fusão, solidificação e cristalização são então registradas sob a forma de picos (como mostrado no gráfico), sendo a variação na capacidade calorífica da amostra registrada como um deslocamento da linha base. Curva típica de uma análise térmica diferencial. Onde: a) Variação da capacidade calorífica b) Reação exotérmica c) Reação endotérmica Idealmente a área sob o pico da DTA deveria ser proporcional ao calor envolvido no processo formador do pico. Existem vários fatores que, entretanto, influenciam no gráfico tradicional da DTA, inviabilizando a conversão da área em calor. 11 A curva DTA é então registrada tendo a temperatura ou o tempo na abscissa, e μV na ordenada. A diferença de temperatura é dada em μV devido ao uso de termopares em sua medição. O uso principal da DTA é detectar a temperatura inicial dos processos térmicos e qualitativamente caracterizá-los como endotérmico e exotérmico, reversível ou irreversível, transição de primeira ordem ou de segunda ordem, etc. Este tipo de informação, bem como sua dependência em relação a uma atmosfera especifica, fazem este método particularmente valioso na determinação de diagramas de fase. 3.3 Aplicações da DTA Alívio de tensões; Análises de copolímeros e blendas; Catálises; Capacidade calorífica; Condutividade térmica; Controle de qualidade; Determinação de pureza; Diagramas de fase; Entalpia das transições; Estabilidade térmica e oxidativa; Grau de cristalinidade; Intervalo de fusão; Nucleação; Transição vítrea; Transições mesofase; Taxas de cristalização e reações. Físi co Processo Transição Endotérmica Exotérmica Adsorção Absorção Cristalização Dessorsão Fusão Sublimação Transição cristalina Transição líquido-cristalina Transição de ponto Curie Transição de capacidade calorífica Alteração de linha base Transição vítrea Alteração de linha base 12 Vaporização Quí mico Decomposição Combustão Degradação oxidativa Desidratação Oxidação em atmosfera gasosa Polimerização Pré-cura Reação catalítica Reação no estado sólido Reação Redox Redução em atmosfera gasosa Sorção química 3.4 Equipamento 3.4.1 Cadinhos O cadinho utilizado na DTA é geralmente produzido de alumina sendo encaixado em uma haste bifurcada, separando assim o cadinho que contém a referência do cadinho da amostra, segundo figura abaixo. Um pequeno disco é colocado sobre o cadinho evitando a projeção de líquidos. Os termopares são colocados logo abaixo de cada cadinho, através dos orifícios constituintes da haste.Cadinhos utilizados na DTA e montagem da haste 3.4.2 Forno Tipo de forno e aquecimento dependem da faixa de temperatura (T ºC) DTA: - 190 a 2800º C Confiragução do Forno: Forma Vertical ou Horizontal Requisitos para um forno de DTA: Simetria Sistema de Aquecimento: Resistência, radiação ultravermelho 3.5 Fatores que afetam as analises de DTA 13 3.5.1 Fatores Instrumentais Taxa de aquecimento Atmosfera Geometria do forno e porta amostra 3.5.2 Fatores ligados a amostra Natureza da amostra Quantidade da amostra Tamanho da partícula Densidade de empacotamento Condutividade térmica Calor especifico 4. Exemplos de aplicações de DTA e TG 4.1 Bauxita e Seus Usos A bauxita foi descoberta em 1821 por Berthier, na localidade de Les Baux, no sul da França. É essencialmente produto do intemperismo e lixiviação de uma gama variável de rochas, ocorrendo geralmente em clima tropical ou subtropical, caracterizados por taxas de precipitação pluviométrica elevada. O produto final é uma rocha rica em óxido de alumínio, cuja composição mineralógica predomina uma associação em proporção variável de três minerais: gibbsita ou hidrargilita, diásporo e boehmita. Outros constituintes usualmente presentes, e que são considerados impurezas da bauxita, são minerais de argilas (principalmente caulinita), hematita, goethita, óxido de titânio, óxido de silício, além de uma considerável variedade de elementos menores como cálcio, sódio, magnésio, fósforo, manganês, vanádio e gálio . A bauxita é comumente aplicada na fabricação de alumínio metálico, mas há também um grupo de aplicações para a bauxita não metalúrgica, no qual se incluem: refratários (31%), abrasivos (24%), produtos químicos (16%), cimentos de alta alumina (18%) e fabricação do aço (11%). A composição da bauxita “in natura” determinará as características do minério. Estas características definirão em qual grupo dos citados acima será empregado o material. A bauxita quando utilizada na produção de refratários, sendo o foco deste estudo, deve satisfazer especificações de composição bastante rígidas. A análise química típica de uma bauxita “in natura” com fins refratários pode ser observada na tabela 1. Tabela 1: Composição Típica de bauxita bruta para aplicação em refratários(1) Óxidos Principais (%) Al2O3 Mín. 58 Fe2O3 Máx. 2 SiO2 Máx. 5 TiO2 Máx. 3 Álcalis Máx. 0,2 Uma das grandes impurezas presentes é o ferro, que provoca a deformação do refratário e causa o abaixamento da temperatura de fusão do mesmo. O teor de óxido de titânio acima da composição típica também diminui a qualidade do refratário, pois este componente em excesso 14 deteriora as propriedades a quente do material pela formação de titanatos de baixo ponto de fusão, tal como a ferro-tialita. O teor de sílica livre também deve ser baixo, sendo desejado apenas para a formação de mulita, que contribui na diminuição da variação dimensional do refratário quando submetido a altas temperaturas. Para evitar a formação de eutéticos de baixo ponto de fusão, os elementos alcalinos e alcalinos-terrosos são permitidos somente em baixas concentrações. Uma gama restrita de bauxitas em seu estado natural tem sido considerada satisfatória para a produção de refratários, particularmente quando submetidas a temperaturas muito elevadas. 4.1.1 Análise Térmica Diferencial (DTA) e Análise Termogravimétrica (TG) da Bauxita A Análise Térmica Diferencial e a Análise Termogravimétrica da amostra de bauxita bruta podem ser observadas na figura 3. No diagrama de DTA, o primeiro evento, em torno de 130ºC, refere-se à perda de água de hidratação presente na bauxita. Ocorre também um pico endotérmico bem acentuado a 320°C que representa o evento de transformação da gibbsita na primeira fase metaestável de alumina (χ-Al2O3), ratificando o predomínio da fase gibbsita. A presença de goethita é caracterizada por um pico endotérmico em torno de 350°C, sendo que o mesmo está sobreposto ao de gibbsita. A presença de goethita pode ser comprovada também pela assimetria do pico, demonstrando que ocorre mais de um evento. Outro evento endotérmico em torno de 800°C caracteriza a formação de uma segunda fase metaestável de alumina (қ-Al2O3). Esta transformação tipicamente ocorre na temperatura em torno de 900°C, mas pela presença de ferro ocorreu antes dos esperado, já que o mesmo abaixa a temperatura de fusão das fases. Essas transformações ocorrerão à medida que a temperatura aumentar, chegando à formação de uma fase estável denominada alfa alumina (α-Al2O3). Através da Análise Termo Gravimétrica verifica-se a perda de um pouco mais de 30% em peso da amostra de bauxita durante o aquecimento. Esta perda em massa é coerente com a perda ao fogo demonstrada na análise química, sendo que isso ocorre principalmente devido à liberação das hidroxilas que constituem os minerais. Figura 3: DTA e TG da bauxita “in natura”. 15 4.2 Cerâmica As atuais evoluções da maioria dos processos cerâmicos resultaram no encurtamento do estágio de queima. Interações entre as matérias-primas presentes no corpo a verde e entre os minerais constituintes podem ser afetados por qualquer alteração no tratamento térmico. Por isso, interações mútuas entre minerais podem ser largamente reduzidas quando se aumenta a taxa de queima. Uma das principais influências da taxa de aquecimento está na transformação de fases para formação da mulita. Matérias-primas contendo caulinita são normalmente utilizadas no desenvolvimento de formulações de massas cerâmicas. As argilas, provenientes de depósitos naturais formados durante distintos e longos processos geológicos, é uma mistura complexa de diferentes variedades mineralógicas. Caulins comerciais são selecionados por moagem, peneiramento, flotação e separação magnética. A menos que estes tratamentos sejam aplicados, é impossível obter uma matéria-prima química e mineralogicamente pura. Como resultado, as argilas industriais contêm, além de caulinita, pequenas quantidades de quartzo, feldspato, esmectita ou mica. Estes minerais, até certo ponto, influenciam o comportamento térmico do corpo cerâmico. Este estudo tem como objetivo analisar os diferentes comportamentos de gresificação de matérias-primas argilosas, baseando-se em sua mineralogia, comportamento térmico e tamanho de partícula. Assim, espera- se aperfeiçoar as composições de massas cerâmicas de revestimentos gresificados (grés e grés porcelânico) de queima branca, com o objetivo de adquirir economia de energia, posicionamentos estratégicos em relação à origem das matérias-primas, e melhorar a microestrutura do produto acabado em relação à porosidade, e consequentemente às propriedades mecânicas. 4.2.1 Procedimento Experimental A metodologia de trabalho usada neste trabalho é representada de forma esquemática na Fig. 1, indicando a seqüência lógica de atividades realizadas no desenvolvimento do mesmo. Neste trabalho foi estudada uma série de argilas, de origem industrial ou mesmo de jazidas sem exploração, sendo selecionadas seis amostras (M1, M2, M3, M4, M5 e M6), representativas do comportamento geral observado nos diagramas de gresificação destes materiais. As respectivas análises químicas (obtidas por meio de fluorescência de raios X - FRX) e mineralógicas (obtidas por meio de difração de raios X - DRX) são apresentadas nas Tabelas I e II. 16 As matérias-primas argilosas têm as seguintes características: a) Argilas plásticas. Foram usadas seis amostrasde argilas (M1 a M6) de qualidade industrial. M1 e M2 são argilas européias, normalmente importadas e utilizadas na Espanha, sendo o restante de origem espanhola. Estas argilas foram estudadas por meio de análise térmica diferencial (DTA) e termogravimétrica (TG), e também distribuição de tamanho de partícula. Cada uma destas matérias-primas foi homogeneizada mediante moagem por via úmida em um moinho rápido de laboratório. As barbotinas foram secas e peneiradas em uma peneira de pastilhas de 50 mm de diâmetro, utilizando uma prensa semi-automática de laboratório a pressões compreendidas entre 350 e 400 kgf/cm 2 . A queima foi realizada em um forno elétrico com uma curva de queima que simula o processo de queima industrial. As temperaturas máximas de queima das peças para elaborar os diagramas de gresificação foram compreendidas entre 1100 ºC e 1240 ºC, com tempos de patamar de 5 minutos. Uma vez preparados os corpos de prova cerâmicos, sua mineralogia e microestruturas foram estudadas respectivamente por DRX e MEV. Por sua vez, os diagramas de gresificação foram elaborados a partir dos dados de retração linear e absorção de água. 4.2.2 Resultado e Discussão Na Fig. 2 estão representados os diagramas de gresificação destas seis amostras. Na Fig. 3 estão representados os dados de retração linear em função da absorção de água para diferentes temperaturas, permitindo distinguir em uma primeira aproximação entre argilas fundentes (M1, M2 e M3) e argilas refratárias (M4, M5 e M6). Para estas mesmas amostras, a Fig. 4 representa os diagramas de DRX, e a Fig. 5 ilustra os diagramas de ATD. Em seguida, é apresentada uma análise separada de cada uma das amostras destacando suas características mais importantes. 17 18 Figura 5 Análise Térmica Diferencial (DTA) das seis amostras de argilas estudadas A argila M1 apresenta o comportamento mais fundente de toda a série, com valores de absorção de água inferiores a 0,5% a partir de aproximadamente 1140 ºC e com estabilidade dimensional em toda a faixa de temperaturas, com valores de retração linear ao redor de 10%. É a amostra com maior conteúdo em argilominerais, como se deduz dos valores de perda ao fogo (ver Tabela I). Do ponto de vista mineralógico, além de quartzo, é constituída por maiores conteúdos de caulinita que de ilita. Os diagramas de DTA, para esta argila, apresentam a temperatura mais alta no processo de desidratação (555 ºC), conforme indica a Fig. 5a, e um sinal claro de sua transformação parcial em mulita com um máximo a 1009 ºC, conforme ilustra a Fig. 5b. A microestrutura das peças cerâmicas formadas por esta argila a 1115 ºC (Fig. 6a) contém uma porosidade aberta muito fina associada à argila transformada e uma porosidade interparticular entre os grãos de quartzo inalterada resultante da transformação das argilas. A 1220 ºC, onde a absorção de água é nula, é apreciada uma porosidade fina fechada residual do fechamento da porosidade aberta (Fig. 6b). É necessário destacar que apesar do elevado grau de fundência, a estabilidade dimensional das peças é conservada e a porosidade fechada grossa está ausente. A curva de absorção de água da argila M2 não alcança valores inferiores a 1% até 1220 ºC, do que se deduz que a porcentagem de fase fundida é inferior ao caso anterior. A retração linear tem inclinação positiva com valores que alcançam 9,5% a 1220 ºC. Esta amostra apresenta um conteúdo em argilominerais sensivelmente inferior à amostra M1, com mais caulinita que illita, também neste caso. A argila M3 tem um comportamento menos fundente nos diagramas de gresificação, pois a absorção de água só chega a alcançar valores ao redor de 3,5% a 1200 ºC. Assim como nos casos anteriores, a curva da retração linear tem inclinação positiva para toda a faixa de temperaturas analisadas. A retração linear e a absorção de água são igualadas a uns 1127 ºC para um valor de 5,7%. Do ponto de vista mineralógico, o conteúdo em argilominerais é sensivelmente inferior às duas amostras anteriores, com maiores proporções de caulinita que de ilita e ambos com baixa cristalinidade, como ilustra a má definição e largura dos picos em DRX (Fig. 4). Detalhamento da região de desidroxilação Detalhamento da região de multilização 19 A argila M4 apresenta um comportamento no diagrama de gresificação mais refratário que nos casos anteriores, igualando-se a absorção de água e a retração linear a 5,36% para uma temperatura de 1185 ºC. A curva da retração linear também apresenta inclinação positiva. Ao contrário das argilas anteriores, apresenta ilita em maiores porcentagens que caulinita e encontrou-se pirofilita, e consequentemente, os valores da perda ao fogo são mais baixos enquanto que os de Al2O3 são mais altos que no restante das amostras. Seu comportamento na curva de Análise Térmica Diferencial, conforme ilustra a curva de desidroxilação da Fig. 5a, é distinto das demais argilas, devido à presença de pirofilita (ver Fig. 4). Na argila M5, iguala-se a absorção de água e a retração linear para valores de 5,41% a 1220 ºC. Mas, como nos casos anteriores, com inclinação positiva na curva de retração linear. Mineralogicamente, a ilita predomina sobre a caulinita e ambos os minerais apresentam a maior cristalinidade de toda a série apresentada. O conteúdo destes minerais na rocha é alto, como se deduz do valor de 7,27% de perda ao fogo. Finalmente, a argila M6 é a mais refratária de todas as amostras estudadas, com apenas 8,25% de absorção de água a 1220 ºC, e uma retração linear de 50%. Assim como nos últimos dois casos, prevalecem a ilita sobre a caulinita e ambos os minerais apresentam uma marcante cristalinidade. Na microestrutura das pastilhas tratadas a 1115 ºC, é ilustrado o grau de compactação deficiente (Fig. 6c) assim como um maior tamanho de grão que a argila M1 (Fig. 6a). Conseqüentemente, a 1220 ºC, a porosidade é alta e fundamentalmente de tipo interparticular (Fig. 6d). Embora seja de conhecimento que as argilas ilíticas são mais fundentes que as cauliníticas, na série de argilas apresentadas neste trabalho observou-se a tendência contrária, em que a mineralogia não é o aspecto fundamental que define a fundência ou refratariedade das amostras. Na Fig. 7 são apresentadas as distribuições de tamanho de partícula. Em função destes dados deduz-se que o comportamento das argilas nos diagramas de gresificação está diretamente relacionado com esta variável. Quanto maior o tamanho de partícula da amostra, mais refratário é o seu comportamento, sendo sua composição mineralógica um caráter secundário. Na prática, a série de amostras analisadas sugere que é a superfície de contato entre as partículas que define o comportamento de queima, aumentando a reatividade. 20 As argilas de partículas mais grosseiras apresentam menores contatos entre partículas e, portanto menor grau de reação entre elas durante a queima, dando lugar a uma porosidade interparticular devida principalmente aos grãos de quartzo. As argilas de partículas mais finas apresentam um caráter fundente e a porosidade é inicialmente aberta. Também é ilustrado, como tendência geral, que as amostras são mais fundentes quanto maior é o conteúdo em argilominerais, como se deduz da intensidade crescente do pico de desidroxilação da Análise Térmica Diferencial (Fig. 5a). Com o aumento da temperatura pode-se produzir uma pequena proporção de fase fundida que age de forma que feche a porosidadeaberta. A formação desta fase ligante estará diretamente relacionada com a existência de contatos entre as partículas de argila, onde se iniciam os processos de fusão. 4.2.3 Conclusões A porosidade aberta observada nas argilas é devida a sua desidratação e posteriores transformações a alta temperatura (mulitização da caulinita). A porosidade aberta pode se fechar (dando lugar a uma porosidade fechada fina) a temperaturas mais altas sem a adição de fundentes, sempre que existam suficientes partículas de pequeno tamanho em contato. Mesmo assim, é importante realçar três aspectos. Primeiro, a ausência geral de porosidade fechada grossa. Segundo, a inclinação das curvas de retração linear é positiva em todos os casos analisados. Terceiro, a inclinação das curvas de absorção de água é sempre negativa e quando estabiliza o faz sempre à temperatura do máximo de retração linear. Quando se preparam suportes cerâmicos formados exclusivamente com argilas de queima branca e em ausência de fundentes (como ocorre nas argilas de queima vermelha onde os óxidos de ferro e titânio em solução sólida na estrutura dos minerais da fração fina das argilas atuam como fundentes) sempre ocorrem condições de estabilida e dimensional ou de ausência de fenômenos de dilatação, responsáveis pela perda desta estabilidade. 21 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS http://www.materiais.ufsc.br/Disciplinas/EMC5733/Apostila.pdf http://www2.passosuemg.br:8080/famopa/downloads/mcamargo/DTAMauricio.pdf http://sistemas.usp.br:8080/fenixweb/fexDisciplina?sgldis=SQM5773] http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0366- 69132002000200010#figura5 http://www.metallum.com.br/17cbecimat/resumos/17cbecimat-102-113.pdf
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