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COACHING CANAL CARREIRAS POLICIAIS LEGISLAÇÃO PENAL CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE 1 L E G IS L A Ç Ã O P E N A L | 0 1 / 0 1 / 2 0 1 5 LEGISLAÇÃO PENAL CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE Esse material é de uso exclusivo do Coachee/aprendiz do Coaching do Canal Carreiras Policiais, sendo protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE A Lei 9.605/98 pode ser dividida em duas partes: Parte Geral: Artigos 1º ao 28 (parte que mais cai em concurso) e Parte Especial: Artigos 29 a 69 (crimes). Para questões de prova, o examinador tem dado mais atenção à parte geral da lei (artigos 1º a 28). Quanto à parte especial, pedimos especial atenção apenas às modalidades do crime de dano culposo, previstas nos arts.49 e 62, parágrafo único da Lei de Crimes Ambientais – Lei 9.605/98. A CF/88 rompeu o dogma da Societas Delinquere Non Potest, prevendo a responsabilização da pessoa jurídica no que tange aos crimes ambientais e crimes contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular. No entanto, estas são normas constitucionais de eficácia limitada que, por conseguinte, necessitam de regulamentação infraconstitucional. Nesse viés, somente os crimes ambientais foram regulamentados e, destarte, apenas estes podem ser imputados à pessoa jurídica. Responsabilidade penal das pessoas físicas – artigo 2º da lei 9605/98: Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá- la. A primeira parte do dispositivo aponta para adoção da teoria monista ou unitária, vez que apesar de se permitir a punição de todos os agentes pelo mesmo crime, a pena de cada um deverá ser individualizada. A segunda parte prevê que os responsáveis pela pessoa jurídica respondem tanto por ação, quanto por omissão nos crimes ambientais. Serão responsabilizados quando praticarem e quando não evitarem o crime ambiental. A lei criou para estas pessoas o chamado dever jurídico de impedir os crimes ambientais, tornando a omissão penalmente relevante. Assim, para que haja a responsabilidade dos responsáveis pela PJ deverão estar presentes dois 2 L E G IS L A Ç Ã O P E N A L | 0 1 / 0 1 / 2 0 1 5 requisitos, que evitam a responsabilidade penal objetiva (responsabilidade penal sem dolo e sem culpa): 1. Ciência da existência do crime; 2. Poder de evitar a infração. Responsabilidade penal da pessoa jurídica: Art. 3º da Lei 9605/98: “As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.” Sobre a possibilidade de responsabilização da pessoa jurídica, há três posicionamentos: 1ª CORRENTE: Defende a inconstitucionalidade do art. 3º da Lei de Crimes ambientais, afirmando que a Constituição não autorizou a responsabilidade penal da pessoa jurídica já que o §3º do artigo 225 utilizou as expressões condutas e sanções penais em referência às pessoas físicas e sanções e as expressões atividades e sanções administrativas em relação às pessoas jurídicas, nesta ordem. (Cesar Roberto Bittencourt, Miguel Reale, René, Luiz Reges Prado). 2ª CORRENTE: Defende que a pessoa jurídica é uma ficção e, como tal, não pratica conduta, não possui culpabilidade e, sendo assim, não pode sofrer pena. Os adeptos desta corrente dizem que o artigo 225, §3º da CF é norma constitucional não autoaplicável, ou seja, norma que depende de regulamentação. Para estes doutrinadores, o artigo 3º da lei ambiental não diz que a pessoa jurídica é sujeito ativo de crime, mas apenas que ela pode ser responsabilizada por crime ambiental, o que é bem diferente. O que se permite é que a pessoa jurídica seja responsabilizada penalmente por ato da pessoa física. Trata-se da chamada responsabilidade penal indireta por fato de terceiro. A maioria da doutrina brasileira adota esta segunda corrente. Zaffaroni, Rogério Grecco, Tourinho, Assis Toledo, Mirabete. 3ª CORRENTE: Esta corrente afirma que a Pessoa Jurídica comete crime. Para esta corrente a pessoa jurídica não é uma pura ficção legal. Trata-se de um ente real com finalidades e vontades próprias, distintas das pessoas físicas que as acompanham. Os adeptos dessa corrente aduzem que a pessoa jurídica pratica conduta, possui culpabilidade e, como tal, pode sofrer pena. Não a pena de prisão, claro, mas penas restritivas de direitos e pena de multa. Nesse sentido: Nucci. COMO A JURISPRUDÊNCIA SE POSICIONA SOBRE A RESPONSABILIDADE DA PJ? Segundo entendimento ANTIGO do STJ, o art. 3º prevê a responsabilidade da pessoa jurídica sob a égide do sistema da dupla imputação ou imputação 3 L E G IS L A Ç Ã O P E N A L | 0 1 / 0 1 / 2 0 1 5 paralela, onde é atribuída a responsabilidade penal tanto para PJ quanto à PF , autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato. O STJ considerava a dupla imputação obrigatória diante de crimes ambientais. Assim, se a denúncia for oferecida sem a dupla imputação deveria ser rejeitada sob fundamento da inépcia. O antigo entendimento do STJ afirmava que o art. 3º adotou teoria da responsabilidade penal por ricochete (também conhecida por subseqüente, por empréstimo ou, ainda, por procuração), originário do Direito Francês, que determina ser imprescindível para a responsabilidade penal da pessoa jurídica a prática de um fato punível por uma pessoa física. Contudo, o STF e o STJ atualmente entendem que não há essa exigência legal da dupla imputação e, como tal, é possível imputar um crime ambiental somente à PJ ou somente a PF, sem que resulte em inépcia da denúncia. Para punir a pessoa jurídica, é necessário punir também a pessoa física? O STF, recentemente, afirmou que o art. 225, § 3.º, da Constituição Federal não exige o processamento simultâneo da pessoa jurídica e natural, reconhecendo a possibilidade de se processar penalmente uma pessoa jurídica, mesmo não havendo ação penal em curso contra pessoa física com relação ao crime. A decisão determinou o processamento de ação penal contra a Petrobras, por suposta prática de crime ambiental no ano de 2000, no Paraná (RE 548.181). É possível punir pessoa jurídica por crime culposo? Sim! Desde que exista uma decisão culposa do representante legal, contratual ou do órgão colegiado que tenha nexo de causalidade com o resultado. Pessoa jurídica pode ser paciente em sede de HC? No HC tutela-se a liberdade ambulatorial física. Nesse sentido PJ não pode ser paciente em HC. Outrossim, nada impede que ela seja impetrante de um HC em favor de uma PF (paciente). Cumpre destacar que a PJ, não obstante sua impossibilidade de figurar como paciente, poderá ser beneficiada indiretamente através do HC TRANCATIVO. É possível punir-se criminalmente um município? Uma autarquia? Uma fundação? Duas correntes: 1ª corrente: é possível punir pessoa jurídica de direito privado e de direito públicoda administração pública. Tanto a CF quanto a LCA referem-se à pessoa jurídica indistintamente, sem especificar se é pessoa jurídica de direito público ou de direito privado. Desta forma, onde a lei não distingue, não cabe ao intérprete 4 L E G IS L A Ç Ã O P E N A L | 0 1 / 0 1 / 2 0 1 5 distinguir. Este entendimento é adotado por Nucci, Paulo Machado, Luiz Flávio Gomes. 2ª corrente: não é possível a punição. Isso porque, primeiro, o Estado não pode punir a si mesmo, e, segundo, as penas recairiam sobre a própria sociedade. Ademais, a administração pública é criada sempre para perseguir fins lícitos, portanto, o desvio é sempre da pessoa física, do administrador, jamais da pessoa jurídica. Nesse caso, a responsabilidade penal deve ser imputada à PF. NÃO HÁ CORRENTE MAJORITÁRIA. É POSSÍVEL ADOÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA EM CRIMES AMBIENTAIS? A insignificância exclui a tipicidade material, visto que não atinge de forma reprovável o bem jurídico tutelado. Segundo o STF e o STJ cabe princípio da insignificância em sede de crimes ambientais, desde que presentes os seguintes requisitos: A) mínima ofensividade da condita; B) inexpressividade da lesão jurídica; C) nenhuma periculosidade social; D) reduzido grau de reprovabilidade do comportamento. STJ. HC 124820 / DF – HC 192696 / SC. Todavia, os TRF’s defendem a inaplicabilidade do Princípio da Insignificância aos crimes ambientais, já que estamos diante de lesão ao ecossistema em geral, que não pode ser considerada insignifcante. ANÁLISE PROCESSUAL DA LEI A partir de agora passaremos a fazer uma análise processual da Lei de Crimes Ambientais. Desconsideração da Personalidade Jurídica: Lei 9.605/98, Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. Encampou o legislador, conforme se depreende do artigo 4º supra, a Teoria Menor, na qual existe menor cautela para a desconsideração da personalidade jurídica. O mero embaraço à reparação do dano enseja o atingimento do patrimônio dos sócios. Desnecessário o requisito de fraude, a confusão patrimonial ou o desvio de finalidade. Tal teoria é agasalhada por dispositivos do Código e Defesa do Consumidor, da Lei Antitruste, etc. Observação: a Teoria Maior, inserta no artigo 50 do Código Civil, é a regra no ordenamento pátrio. A lei de crimes ambientais adotou a teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica, podendo ser manejada sempre 5 L E G IS L A Ç Ã O P E N A L | 0 1 / 0 1 / 2 0 1 5 que a personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente, não exigindo o abuso de direito para desconsideração. Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional. Trata-se da liquidação forçada, figura mais drástica que não se confunde com o instituto da desconsideração. Ocorrerá quando a pessoa jurídica for utilizada, essencialmente, para facilitar ou ocultar a prática de crimes ambientais. Noutros termos, imperioso o efetivo desvio de finalidade. DA APLICAÇÃO DA PENA: A lei deixa claro que o juiz, ao aplicar a pena, além de obedecer aos critérios da parte geral (trifásico), no crime ambiental, deve atentar-se aos seguintes elementos: 1. Gravidade do Crime; 2. Antecedentes Ambientais do réu; 3. Atentar para a situação econômica do réu. Aplicação da pena para a pessoa física: a pena base será aplicada de acordo com as circunstâncias judiciais do artigo 6º da lei ambiental e não com base no artigo 59 do CP, que será utilizado apenas supletivamente. PUNIÇÃO DA PESSOA FÍSICA: A pessoa física se submeterá a três tipos de sanções: (A) Pena Privativa de Liberdade; (B) Penas Restritivas de Direitos; (C) Multa. PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS À PESSOA FÍSICA: Código Penal Lei de Crimes Ambientais 1. prestação pecuniária 2. prestação de serviços à comunidade ou entidade pública; 1. prestação pecuniária; 2. prestação de serviços à comunidade; 3. interdição temporária de direitos; 6 L E G IS L A Ç Ã O P E N A L | 0 1 / 0 1 / 2 0 1 5 3. Interdição temporária de direitos; 4. Perda de bens e valores; 5. Limitação de final de semana. 4. suspensão parcial ou total da atividade desenvolvida; 5. Recolhimento domiciliar. *** MUITO IMPORTANTE: O recolhimento domiciliar deverá ser realizado sem vigilância, ou seja, não cabe monitoramento (art. 13). Na Lei de Crimes Ambientas a interdição temporária de direitos está relacionada a não obtenção de benefícios, auxílios, subvenções e participação em licitação. Se o crime cometido pela pessoa física for doloso, esta INTERDIÇÃO perdura por 5 anos. Caso seja culposo, vigora esta INTERDIÇÃO pelo prazo de 3 anos. PUNIÇÃO DA PESSOA JURÍDICA: Dispõe o art. 21 da lei que “as penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas” são: a) multa (art. 18); b) restritivas de direitos (art. 22); c) prestação de serviços à comunidade (art. 23). A prestação de serviços à comunidade no código penal é uma espécie de pena restritiva de direitos, ao contrário da lei ambiental em que ela é uma pena autônoma. Como se vê, a prestação de serviços à comunidade não é espécie de pena restritiva de direitos na lei ambiental. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são: I - suspensão parcial ou total de atividades; II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade; III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações. A interdição temporária de direitos às pessoas jurídicas tem o prazo de 10 anos, seja o crime cometido na modalidade dolosa ou culposa – art. 22, § 3º. No CP, as penas restritivas de direitos são sempre substitutivas da privativa de liberdade, porém nos crimes ambientais elas têm caráter de pena principal, já que não existe a prisão da pessoa jurídica. Porém, no CP, quando há a conversão, a pena restritiva fica regulada pela privativa de liberdade que seria aplicada. Contudo, a LCA não há essa previsão e, sendo assim, como não há prazo, parte da doutrina sustenta a inconstitucionalidade das penas restritivas de direitos à pessoa jurídica, com exceção da proibição de contratar com o poder público, que tem prazo certo de 10 anos. 7 L E G IS L A Ç Ã O P E N A L | 0 1 / 0 1 / 2 0 1 5 Atenção! A pena de proibição de contratar com o poder público ou dele receber incentivos, subsídios e doações existe tanto para as pessoas físicas (artigo 10 da lei 9605), quanto para as pessoas jurídicas (artigo 22, III e §3º da lei 9605). Qual a diferença entre elas? No caso da pessoa física, esta pena terá a duração de 03 anos, tratando-se de crime culposo, ou de 05 anos, se crime doloso. Ao passo que se a pena for da pessoa jurídica a lei apenas fixa o prazo máximo de 10 anos, que é tanto para os crimes culposos quanto para os crimes dolosos. CONVERSÃO DA PENA É possível converter a pena privativa de liberdade pela restritiva de direitosquando diante de crime culposo, diante de crime doloso com pena INFERIOR a 4 anos e quando a culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade, motivos e circunstancias do crime forem favoráveis ao réu. No código penal somente pode haver a conversão da pena se não houver a reincidência em crime doloso e se o crime não for cometido com violência ou grave ameaça, porém, nos crimes ambientais não há estas duas exigências. Assim, mesmo o reincidente em crime doloso e mesmo que crime seja cometido com violência, poderá usufruir do benefício da substituição da pena. SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA No SURSIS, temos uma suspensão na execução, visto que o réu fora condenado e apenado. O SURSIS, segundo CP, é aplicado para condenação criminal de até 2 anos. Já no procedimento dos crimes ambientais pode ser concedido o SURSIS quando condenado o réu em até 3 anos, ampliando o que dispõe a lei geral. ATENÇÃO: É possível o sursis etário e o humanitário a partir da aplicação subsidiária do Código Penal. (SÚMULA Nº 499 - STF: Não obsta à concessão do "sursis" condenação anterior à pena de multa.) TRANSAÇÃO PENAL: É PERMITIDA TRANSAÇÃO PENAL EM CRIME AMBIENTAL, desde que diante de uma IPMO e reparado o dano ambiental ou provado impossível repará-lo. A assinatura do TAC já é considerada composição do dano ambiental que da direito à transação penal. SUPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO: Segundo o art. 28 da LCA, somente é admitida a suspensão condicional do processo em crimes de menor potencial ofensivo. Porém, a doutrina afirma que houve erro material do legislador, admitindo a medida a qualquer crime 8 L E G IS L A Ç Ã O P E N A L | 0 1 / 0 1 / 2 0 1 5 ambiental, desde que a pena mínima cominada seja igual ou inferior a 1 ano. Ademais, a lei ambiental exige o laudo de constatação da reparação do dano para fins de extinção da punibilidade após o período de prova. - Consequências da Suspensão do Processo: 1. Suspende o processo por 2 a 4 anos. 2. Caso não tenha havido a reparação integral é possível prorrogação [4 anos + 1 ano]; 3. Após os 5 anos, se não houver reparação, poderá ser prorrogado por mais 5 anos; 4. Esgotado o prazo máximo a declaração de extinção faz‐se um novo laudo de avaliação . Como se vê, o processo pode ficar suspensão por até 14 anos. - SÃO CIRCUNSTÂNCIAS QUE ATENUAM A PENA: I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente; II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação significativa da degradação ambiental causada; (O arrependimento posterior ambiental tem natureza jurídica de atenuante de pena, enquanto o previsto no CP tem natureza de minorante). III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental; IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental. - SÃO CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES: I – reincidência nos crimes de natureza ambiental; II – ter o agente cometido a infração: a) para obter vantagem pecuniária; b) coagindo outrem para a execução material da infração; c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente; d) concorrendo para danos à propriedade alheia; e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso; f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos; g) em período de defeso à fauna; h) em domingos ou feriados; i) à noite; j) em épocas de seca ou inundações; l) no interior do espaço territorial especialmente protegido; m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais; n) mediante fraude ou abuso de confiança; 9 L E G IS L A Ç Ã O P E N A L | 0 1 / 0 1 / 2 0 1 5 o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental; p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos fiscais; q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes; r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções. Malgrado não afastarem as agravantes do Código Penal, têm aplicação especial. Sua taxatividade e a cobrança ipsis litteris nas questões dos certames impulsionam à memorização. Importante, contudo, destacar que há maior incidência de questionamentos sobre as atenuantes nos concursos policiais. A REICIDÊNCIA NOS CRIMES AMBIENTAIS: Tem natureza jurídica de agravante de pena. A aplicação da agravante exige que a reincidência seja específica, ou seja, o agente deve possuir uma condenação definitiva por crime não ambiental e pratica um crime ambiental, ele não será considerado reincidente, já que não se trata de uma reincidência específica. Contudo, se o sujeito tiver uma condenação por crime ambiental e cometer uma nova infração não ambiental, ele SERÁ CONSIDERADO REINCIDENTE. Trata-se da reincidência genérica do CP. PENA DE MULTA: A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal. Contudo, revelando-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida. COMPETÊNCIA: A ação penal é pública incondicionada, sendo competente, em regra a Justiça Estadual, salvo quando o crime atingir bem jurídico de interesse da União ou de autarquias federais, quando a competência será da J. Federal. Ex. Exportação de animal silvestre. SENTENÇA AMBIENTAL: A sentença ambiental condenatória goza do transporte in utilibus, hipótese em que, na ação civil coletiva e na ação penal, se o pedido for julgado procedente, a coisa julgada pode ser utilizada em demandas individuais para ressarcimento. (Artigo 103, §§ 3º e 4º da Lei 8078/90) Ex.: Uma empresa polui 2 km das águas de um rio. Esta empresa é condenada definitivamente por crime ambiental. Cada pescador prejudicado com esta poluição poderá utilizar esta sentença condenatória para pleitear indenização. Ou seja, os efeitos da sentença penal se transportam para 10 L E G IS L A Ç Ã O P E N A L | 0 1 / 0 1 / 2 0 1 5 ações civis e individuais de indenização. Contudo, se a pessoa jurídica foi absolvida pelo crime ambiental, os prejudicados não estarão impedidos de pleitearem indenização pelos danos eventualmente sofridos. PERÍCIA DO DANO AMBIENTAL: De acordo com art. 19, a perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível, fixará o montante do prejuízo causado para efeitos de prestação de fiança e multa aplicáveis ao crime ambiental. Parágrafo único. A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo cível poderá ser aproveitada no processo penal, instaurando-se o contraditório. A perícia em crime ambiental tem uma particularidade, pois, além de constatar a materialidade do delito, deverá fixar o valor do prejuízo causado pelo ilícito, se possível. PROVA EMPRESATADA: A perícia feita no inquérito civil ou na ação civil pode ser utilizada como prova emprestada na ação penal, conforme disposição do parágrafo único do artigo 19. ATENÇÃO ESPECIAL: 1. Crime de pesca ilegal do camarão no mar territorial. O sujeito passivo deste delito é o proprietário do bem onde o crime foi praticado. Então, quando houver um crime ambiental, deve-se analisar quem é o titular do bem onde o camarão foi pescado. O mar territorialé um bem da União. Por isso, nesse caso, a competência será da J. Federal. 2. Se o animal estiver na lista do IBAMA dos animais ameaçados de extinção, a competência será da justiça federal. 3. Extração ilegal de recursos minerais (art. 55, Lei 9.605/98). De acordo com a CF, em seu art. 20, IX, são bens da União os recursos minerais, inclusive do subsolo. Então, esse crime é praticado em detrimento de bens da União e a competência será da Justiça Federal. 4. Crime ambiental relacionado a organismos geneticamente modificados (cultivo indevido de organismos geneticamente modificados). O plantio desses organismos é controlado pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CNTBio), que é diretamente ligada à União. Portanto, o crime é de competência da justiça federal. 5. Crime ambiental praticado contra Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira, que são considerados patrimônio nacional, se submetem a competência da Justiça Estadual, pois somente quando os bens afetados são de patrimônio da União é que a competência será da Justiça Federal. STJ: CONFLITO DE COMPETENCIA CC 99294/RO CONTRAVENÇÃO AMBIENTAL: Trata-se da infração penal de poluição sonora prevista no artigo 42, do Decreto-Lei 3.688/41. A conduta somente se enquadra em crime ambiental quando a poluição ambiental resulte ou possa resultar danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora - art. 54 da L. 9605/98. 11 L E G IS L A Ç Ã O P E N A L | 0 1 / 0 1 / 2 0 1 5 - JURISPRUDÊNCIA APLICADA AO TEMA: Configurada infração ambiental grave, é possível a aplicação da pena de multa sem a necessidade de prévia imposição da pena de advertência (art. 72 da Lei 9.605/98). STJ. 1ª Turma. REsp 1.318.051-RJ, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 17/3/2015 (Info 561).
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