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CRIMES AMBIENTAIS

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COACHING 
CANAL CARREIRAS POLICIAIS 
 
LEGISLAÇÃO PENAL 
 
CRIMES CONTRA O MEIO 
AMBIENTE 
 
 
 
 
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LEGISLAÇÃO PENAL 
CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE 
 
Esse material é de uso exclusivo do Coachee/aprendiz do Coaching do Canal 
Carreiras Policiais, sendo protegido por direitos autorais (copyright), nos termos 
da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos 
autorais e dá outras providências. 
 
CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE 
A Lei 9.605/98 pode ser dividida em duas partes: Parte Geral: Artigos 1º ao 28 
(parte que mais cai em concurso) e Parte Especial: Artigos 29 a 69 (crimes). 
Para questões de prova, o examinador tem dado mais atenção à parte geral da 
lei (artigos 1º a 28). Quanto à parte especial, pedimos especial atenção apenas 
às modalidades do crime de dano culposo, previstas nos arts.49 e 62, parágrafo 
único da Lei de Crimes Ambientais – Lei 9.605/98. 
 
A CF/88 rompeu o dogma da Societas Delinquere Non Potest, prevendo a 
responsabilização da pessoa jurídica no que tange aos crimes ambientais e 
crimes contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular. 
No entanto, estas são normas constitucionais de eficácia limitada que, por 
conseguinte, necessitam de regulamentação infraconstitucional. Nesse viés, 
somente os crimes ambientais foram regulamentados e, destarte, apenas 
estes podem ser imputados à pessoa jurídica. 
 
Responsabilidade penal das pessoas físicas – artigo 2º da lei 9605/98: 
 Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, 
incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o 
diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o 
gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta 
criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-
la. 
 
A primeira parte do dispositivo aponta para adoção da teoria monista ou 
unitária, vez que apesar de se permitir a punição de todos os agentes pelo 
mesmo crime, a pena de cada um deverá ser individualizada. A segunda 
parte prevê que os responsáveis pela pessoa jurídica respondem tanto por 
ação, quanto por omissão nos crimes ambientais. Serão responsabilizados 
quando praticarem e quando não evitarem o crime ambiental. A lei criou 
para estas pessoas o chamado dever jurídico de impedir os crimes ambientais, 
tornando a omissão penalmente relevante. Assim, para que haja a 
responsabilidade dos responsáveis pela PJ deverão estar presentes dois 
 
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requisitos, que evitam a responsabilidade penal objetiva (responsabilidade 
penal sem dolo e sem culpa): 
1. Ciência da existência do crime; 
2. Poder de evitar a infração. 
 
Responsabilidade penal da pessoa jurídica: Art. 3º da Lei 9605/98: 
“As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e 
penalmente, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu 
representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou 
benefício da sua entidade.” 
 
Sobre a possibilidade de responsabilização da pessoa jurídica, há três 
posicionamentos: 
1ª CORRENTE: Defende a inconstitucionalidade do art. 3º da Lei de 
Crimes ambientais, afirmando que a Constituição não autorizou a 
responsabilidade penal da pessoa jurídica já que o §3º do artigo 225 utilizou 
as expressões condutas e sanções penais em referência às pessoas físicas e 
sanções e as expressões atividades e sanções administrativas em relação às 
pessoas jurídicas, nesta ordem. (Cesar Roberto Bittencourt, Miguel Reale, René, Luiz 
Reges Prado). 
2ª CORRENTE: Defende que a pessoa jurídica é uma ficção e, como tal, 
não pratica conduta, não possui culpabilidade e, sendo assim, não pode 
sofrer pena. Os adeptos desta corrente dizem que o artigo 225, §3º da CF é 
norma constitucional não autoaplicável, ou seja, norma que depende de 
regulamentação. Para estes doutrinadores, o artigo 3º da lei ambiental não 
diz que a pessoa jurídica é sujeito ativo de crime, mas apenas que ela pode 
ser responsabilizada por crime ambiental, o que é bem diferente. O que se 
permite é que a pessoa jurídica seja responsabilizada penalmente por ato da 
pessoa física. Trata-se da chamada responsabilidade penal indireta por fato 
de terceiro. A maioria da doutrina brasileira adota esta segunda corrente. Zaffaroni, 
Rogério Grecco, Tourinho, Assis Toledo, Mirabete. 
3ª CORRENTE: Esta corrente afirma que a Pessoa Jurídica comete crime. 
Para esta corrente a pessoa jurídica não é uma pura ficção legal. Trata-se de 
um ente real com finalidades e vontades próprias, distintas das pessoas físicas 
que as acompanham. Os adeptos dessa corrente aduzem que a pessoa 
jurídica pratica conduta, possui culpabilidade e, como tal, pode sofrer pena. 
Não a pena de prisão, claro, mas penas restritivas de direitos e pena de multa. 
Nesse sentido: Nucci. 
 
COMO A JURISPRUDÊNCIA SE POSICIONA SOBRE A RESPONSABILIDADE DA PJ? 
Segundo entendimento ANTIGO do STJ, o art. 3º prevê a responsabilidade da 
pessoa jurídica sob a égide do sistema da dupla imputação ou imputação 
 
 
 
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paralela, onde é atribuída a responsabilidade penal tanto para PJ quanto à 
PF , autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato. O STJ considerava a 
dupla imputação obrigatória diante de crimes ambientais. Assim, se a 
denúncia for oferecida sem a dupla imputação deveria ser rejeitada sob 
fundamento da inépcia. O antigo entendimento do STJ afirmava que o art. 3º 
adotou teoria da responsabilidade penal por ricochete (também conhecida 
por subseqüente, por empréstimo ou, ainda, por procuração), originário do 
Direito Francês, que determina ser imprescindível para a responsabilidade 
penal da pessoa jurídica a prática de um fato punível por uma pessoa física. 
 
Contudo, o STF e o STJ atualmente entendem que não há essa 
exigência legal da dupla imputação e, como tal, é possível imputar 
um crime ambiental somente à PJ ou somente a PF, sem que resulte 
em inépcia da denúncia. 
 
Para punir a pessoa jurídica, é necessário punir também a pessoa física? 
O STF, recentemente, afirmou que o art. 225, § 3.º, da Constituição Federal não 
exige o processamento simultâneo da pessoa jurídica e natural, 
reconhecendo a possibilidade de se processar penalmente uma pessoa 
jurídica, mesmo não havendo ação penal em curso contra pessoa física com 
relação ao crime. A decisão determinou o processamento de ação penal 
contra a Petrobras, por suposta prática de crime ambiental no ano de 2000, 
no Paraná (RE 548.181). 
 
É possível punir pessoa jurídica por crime culposo? 
Sim! Desde que exista uma decisão culposa do representante legal, contratual 
ou do órgão colegiado que tenha nexo de causalidade com o resultado. 
 
Pessoa jurídica pode ser paciente em sede de HC? 
No HC tutela-se a liberdade ambulatorial física. Nesse sentido PJ não pode ser 
paciente em HC. Outrossim, nada impede que ela seja impetrante de um HC 
em favor de uma PF (paciente). Cumpre destacar que a PJ, não obstante sua 
impossibilidade de figurar como paciente, poderá ser beneficiada 
indiretamente através do HC TRANCATIVO. 
 
É possível punir-se criminalmente um município? Uma autarquia? Uma 
fundação? Duas correntes: 
 1ª corrente: é possível punir pessoa jurídica de direito privado e de direito 
públicoda administração pública. Tanto a CF quanto a LCA referem-se à pessoa 
jurídica indistintamente, sem especificar se é pessoa jurídica de direito público ou de 
direito privado. Desta forma, onde a lei não distingue, não cabe ao intérprete 
 
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distinguir. Este entendimento é adotado por Nucci, Paulo Machado, Luiz Flávio 
Gomes. 
 2ª corrente: não é possível a punição. Isso porque, primeiro, o Estado não pode 
punir a si mesmo, e, segundo, as penas recairiam sobre a própria sociedade. 
Ademais, a administração pública é criada sempre para perseguir fins lícitos, 
portanto, o desvio é sempre da pessoa física, do administrador, jamais da pessoa 
jurídica. Nesse caso, a responsabilidade penal deve ser imputada à PF. NÃO HÁ 
CORRENTE MAJORITÁRIA. 
 
É POSSÍVEL ADOÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA EM 
CRIMES AMBIENTAIS? 
A insignificância exclui a tipicidade material, visto que não atinge de forma 
reprovável o bem jurídico tutelado. Segundo o STF e o STJ cabe princípio da 
insignificância em sede de crimes ambientais, desde que presentes os 
seguintes requisitos: A) mínima ofensividade da condita; B) inexpressividade 
da lesão jurídica; C) nenhuma periculosidade social; D) reduzido grau de 
reprovabilidade do comportamento. STJ. HC 124820 / DF – HC 192696 / SC. 
Todavia, os TRF’s defendem a inaplicabilidade do Princípio da Insignificância 
aos crimes ambientais, já que estamos diante de lesão ao ecossistema em 
geral, que não pode ser considerada insignifcante. 
 
ANÁLISE PROCESSUAL DA LEI 
A partir de agora passaremos a fazer uma análise processual da Lei de Crimes 
Ambientais. 
 
Desconsideração da Personalidade Jurídica: 
 
Lei 9.605/98, Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que 
sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à 
qualidade do meio ambiente. 
 
Encampou o legislador, conforme se depreende do artigo 4º supra, a Teoria 
Menor, na qual existe menor cautela para a desconsideração da 
personalidade jurídica. O mero embaraço à reparação do dano enseja o 
atingimento do patrimônio dos sócios. Desnecessário o requisito de fraude, a 
confusão patrimonial ou o desvio de finalidade. Tal teoria é agasalhada por 
dispositivos do Código e Defesa do Consumidor, da Lei Antitruste, etc. 
 
Observação: a Teoria Maior, inserta no artigo 50 do Código Civil, é a regra no 
ordenamento pátrio. A lei de crimes ambientais adotou a teoria menor da 
desconsideração da personalidade jurídica, podendo ser manejada sempre 
 
 
 
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que a personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à 
qualidade do meio ambiente, não exigindo o abuso de direito para 
desconsideração. 
 
 
 
Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com 
o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei 
terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado 
instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário 
Nacional. 
 
Trata-se da liquidação forçada, figura mais drástica que não se confunde 
com o instituto da desconsideração. Ocorrerá quando a pessoa jurídica for 
utilizada, essencialmente, para facilitar ou ocultar a prática de crimes 
ambientais. Noutros termos, imperioso o efetivo desvio de finalidade. 
 
DA APLICAÇÃO DA PENA: 
A lei deixa claro que o juiz, ao aplicar a pena, além de obedecer aos critérios 
da parte geral (trifásico), no crime ambiental, deve atentar-se aos seguintes 
elementos: 
1. Gravidade do Crime; 
2. Antecedentes Ambientais do réu; 
3. Atentar para a situação econômica do réu. 
 
Aplicação da pena para a pessoa física: a pena base será aplicada de 
acordo com as circunstâncias judiciais do artigo 6º da lei ambiental e não com 
base no artigo 59 do CP, que será utilizado apenas supletivamente. 
 
PUNIÇÃO DA PESSOA FÍSICA: 
A pessoa física se submeterá a três tipos de sanções: 
(A) Pena Privativa de Liberdade; 
(B) Penas Restritivas de Direitos; 
(C) Multa. 
 
PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS À PESSOA FÍSICA: 
Código Penal Lei de Crimes Ambientais 
1. prestação pecuniária 
2. prestação de serviços à 
comunidade ou entidade 
pública; 
1. prestação pecuniária; 
2. prestação de serviços à 
comunidade; 
3. interdição temporária de direitos; 
 
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3. Interdição temporária de 
direitos; 
4. Perda de bens e valores; 
5. Limitação de final de 
semana. 
4. suspensão parcial ou total da 
atividade desenvolvida; 
5. Recolhimento domiciliar. 
*** MUITO IMPORTANTE: O recolhimento domiciliar deverá ser realizado sem 
vigilância, ou seja, não cabe monitoramento (art. 13). 
 
Na Lei de Crimes Ambientas a interdição temporária de direitos está 
relacionada a não obtenção de benefícios, auxílios, subvenções e 
participação em licitação. Se o crime cometido pela pessoa física for doloso, 
esta INTERDIÇÃO perdura por 5 anos. Caso seja culposo, vigora esta 
INTERDIÇÃO pelo prazo de 3 anos. 
 
PUNIÇÃO DA PESSOA JURÍDICA: 
Dispõe o art. 21 da lei que “as penas aplicáveis isolada, cumulativa ou 
alternativamente às pes­soas jurídicas” são: 
 a) multa (art. 18); 
 b) restritivas de direitos (art. 22); 
 c) prestação de serviços à comunidade (art. 23). 
 
A prestação de serviços à comunidade no código penal é uma espécie de 
pena restritiva de direitos, ao contrário da lei ambiental em que ela é uma 
pena autônoma. Como se vê, a prestação de serviços à comunidade não é 
espécie de pena restritiva de direitos na lei ambiental. 
 
As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são: I - suspensão parcial ou 
total de atividades; II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou 
atividade; III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele 
obter subsídios, subvenções ou doações. 
 
A interdição temporária de direitos às pessoas jurídicas tem o prazo de 10 
anos, seja o crime cometido na modalidade dolosa ou culposa – art. 22, § 3º. 
No CP, as penas restritivas de direitos são sempre substitutivas da privativa de 
liberdade, porém nos crimes ambientais elas têm caráter de pena principal, 
já que não existe a prisão da pessoa jurídica. Porém, no CP, quando há a 
conversão, a pena restritiva fica regulada pela privativa de liberdade que 
seria aplicada. Contudo, a LCA não há essa previsão e, sendo assim, como 
não há prazo, parte da doutrina sustenta a inconstitucionalidade das penas 
restritivas de direitos à pessoa jurídica, com exceção da proibição de 
contratar com o poder público, que tem prazo certo de 10 anos. 
 
 
 
 
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Atenção! A pena de proibição de contratar com o poder público ou dele receber 
incentivos, subsídios e doações existe tanto para as pessoas físicas (artigo 10 da lei 
9605), quanto para as pessoas jurídicas (artigo 22, III e §3º da lei 9605). Qual a 
diferença entre elas? No caso da pessoa física, esta pena terá a duração de 03 anos, 
tratando-se de crime culposo, ou de 05 anos, se crime doloso. Ao passo que se a 
pena for da pessoa jurídica a lei apenas fixa o prazo máximo de 10 anos, que é tanto 
para os crimes culposos quanto para os crimes dolosos. 
 
 
CONVERSÃO DA PENA 
É possível converter a pena privativa de liberdade pela restritiva de direitosquando diante de crime culposo, diante de crime doloso com pena INFERIOR 
a 4 anos e quando a culpabilidade, antecedentes, conduta social, 
personalidade, motivos e circunstancias do crime forem favoráveis ao réu. No 
código penal somente pode haver a conversão da pena se não houver a 
reincidência em crime doloso e se o crime não for cometido com violência ou 
grave ameaça, porém, nos crimes ambientais não há estas duas exigências. 
Assim, mesmo o reincidente em crime doloso e mesmo que crime seja 
cometido com violência, poderá usufruir do benefício da substituição da 
pena. 
 
SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA 
No SURSIS, temos uma suspensão na execução, visto que o réu fora 
condenado e apenado. O SURSIS, segundo CP, é aplicado para condenação 
criminal de até 2 anos. Já no procedimento dos crimes ambientais pode ser 
concedido o SURSIS quando condenado o réu em até 3 anos, ampliando o 
que dispõe a lei geral. ATENÇÃO: É possível o sursis etário e o humanitário a 
partir da aplicação subsidiária do Código Penal. 
 
(SÚMULA Nº 499 - STF: Não obsta à concessão do "sursis" condenação anterior 
à pena de multa.) 
 
TRANSAÇÃO PENAL: 
É PERMITIDA TRANSAÇÃO PENAL EM CRIME AMBIENTAL, desde que diante de 
uma IPMO e reparado o dano ambiental ou provado impossível repará-lo. A 
assinatura do TAC já é considerada composição do dano ambiental que da 
direito à transação penal. 
 
SUPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO: 
Segundo o art. 28 da LCA, somente é admitida a suspensão condicional do 
processo em crimes de menor potencial ofensivo. Porém, a doutrina afirma 
que houve erro material do legislador, admitindo a medida a qualquer crime 
 
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ambiental, desde que a pena mínima cominada seja igual ou inferior a 1 ano. 
Ademais, a lei ambiental exige o laudo de constatação da reparação do 
dano para fins de extinção da punibilidade após o período de prova. 
 
- Consequências da Suspensão do Processo: 
1. Suspende o processo por 2 a 4 anos. 
2. Caso não tenha havido a reparação integral é possível prorrogação [4 anos + 1 
ano]; 
3. Após os 5 anos, se não houver reparação, poderá ser prorrogado por mais 5 anos; 
4. Esgotado o prazo máximo a declaração de extinção faz‐se um novo laudo de 
avaliação . 
 Como se vê, o processo pode ficar suspensão por até 14 anos. 
 
- SÃO CIRCUNSTÂNCIAS QUE ATENUAM A PENA: 
 I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente; 
 II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação 
do dano, ou limitação significativa da degradação ambiental causada; (O 
arrependimento posterior ambiental tem natureza jurídica de atenuante de 
pena, enquanto o previsto no CP tem natureza de minorante). 
 III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação 
ambiental; 
 IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do 
controle ambiental. 
 
- SÃO CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES: 
I – reincidência nos crimes de natureza ambiental; 
II – ter o agente cometido a infração: 
a) para obter vantagem pecuniária; 
b) coagindo outrem para a execução material da infração; 
c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o 
meio ambiente; 
d) concorrendo para danos à propriedade alheia; 
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do 
Poder Público, a regime especial de uso; 
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos; 
g) em período de defeso à fauna; 
h) em domingos ou feriados; 
i) à noite; 
j) em épocas de seca ou inundações; 
l) no interior do espaço territorial especialmente protegido; 
m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais; 
n) mediante fraude ou abuso de confiança; 
 
 
 
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o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental; 
p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas 
públicas ou beneficiada por incentivos fiscais; 
q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das 
autoridades competentes; 
r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções. 
 
Malgrado não afastarem as agravantes do Código Penal, têm aplicação 
especial. Sua taxatividade e a cobrança ipsis litteris nas questões dos certames 
impulsionam à memorização. 
 
Importante, contudo, destacar que há maior incidência de questionamentos 
sobre as atenuantes nos concursos policiais. 
 
A REICIDÊNCIA NOS CRIMES AMBIENTAIS: Tem natureza jurídica de agravante 
de pena. A aplicação da agravante exige que a reincidência seja específica, 
ou seja, o agente deve possuir uma condenação definitiva por crime não 
ambiental e pratica um crime ambiental, ele não será considerado 
reincidente, já que não se trata de uma reincidência específica. Contudo, se 
o sujeito tiver uma condenação por crime ambiental e cometer uma nova 
infração não ambiental, ele SERÁ CONSIDERADO REINCIDENTE. Trata-se da 
reincidência genérica do CP. 
 
PENA DE MULTA: A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal. 
Contudo, revelando-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá 
ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem 
econômica auferida. 
 
COMPETÊNCIA: 
A ação penal é pública incondicionada, sendo competente, em regra a 
Justiça Estadual, salvo quando o crime atingir bem jurídico de interesse da 
União ou de autarquias federais, quando a competência será da J. Federal. 
Ex. Exportação de animal silvestre. 
 
SENTENÇA AMBIENTAL: 
A sentença ambiental condenatória goza do transporte in utilibus, hipótese 
em que, na ação civil coletiva e na ação penal, se o pedido for julgado 
procedente, a coisa julgada pode ser utilizada em demandas individuais para 
ressarcimento. (Artigo 103, §§ 3º e 4º da Lei 8078/90) Ex.: Uma empresa polui 2 km das águas 
de um rio. Esta empresa é condenada definitivamente por crime ambiental. Cada 
pescador prejudicado com esta poluição poderá utilizar esta sentença condenatória 
para pleitear indenização. Ou seja, os efeitos da sentença penal se transportam para 
 
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ações civis e individuais de indenização. Contudo, se a pessoa jurídica foi 
absolvida pelo crime ambiental, os prejudicados não estarão impedidos de 
pleitearem indenização pelos danos eventualmente sofridos. 
 
PERÍCIA DO DANO AMBIENTAL: 
De acordo com art. 19, a perícia de constatação do dano ambiental, sempre 
que possível, fixará o montante do prejuízo causado para efeitos de prestação 
de fiança e multa aplicáveis ao crime ambiental. Parágrafo único. A perícia 
produzida no inquérito civil ou no juízo cível poderá ser aproveitada no 
processo penal, instaurando-se o contraditório. A perícia em crime ambiental 
tem uma particularidade, pois, além de constatar a materialidade do delito, 
deverá fixar o valor do prejuízo causado pelo ilícito, se possível. 
 
PROVA EMPRESATADA: 
A perícia feita no inquérito civil ou na ação civil pode ser utilizada como prova 
emprestada na ação penal, conforme disposição do parágrafo único do 
artigo 19. 
 
ATENÇÃO ESPECIAL: 
1. Crime de pesca ilegal do camarão no mar territorial. O sujeito passivo deste delito é o 
proprietário do bem onde o crime foi praticado. Então, quando houver um crime 
ambiental, deve-se analisar quem é o titular do bem onde o camarão foi pescado. O 
mar territorialé um bem da União. Por isso, nesse caso, a competência será da J. 
Federal. 
2. Se o animal estiver na lista do IBAMA dos animais ameaçados de extinção, a 
competência será da justiça federal. 
3. Extração ilegal de recursos minerais (art. 55, Lei 9.605/98). De acordo com a CF, em 
seu art. 20, IX, são bens da União os recursos minerais, inclusive do subsolo. Então, esse 
crime é praticado em detrimento de bens da União e a competência será da Justiça 
Federal. 
4. Crime ambiental relacionado a organismos geneticamente modificados (cultivo 
indevido de organismos geneticamente modificados). O plantio desses organismos é 
controlado pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CNTBio), que é 
diretamente ligada à União. Portanto, o crime é de competência da justiça federal. 
5. Crime ambiental praticado contra Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a 
Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira, que são considerados 
patrimônio nacional, se submetem a competência da Justiça Estadual, pois somente 
quando os bens afetados são de patrimônio da União é que a competência será da 
Justiça Federal. STJ: CONFLITO DE COMPETENCIA CC 99294/RO 
 
CONTRAVENÇÃO AMBIENTAL: Trata-se da infração penal de poluição sonora 
prevista no artigo 42, do Decreto-Lei 3.688/41. A conduta somente se 
enquadra em crime ambiental quando a poluição ambiental resulte ou possa 
resultar danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais 
ou a destruição significativa da flora - art. 54 da L. 9605/98. 
 
 
 
 
 
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- JURISPRUDÊNCIA APLICADA AO TEMA: 
Configurada infração ambiental grave, é possível a aplicação da pena de 
multa sem a necessidade de prévia imposição da pena de advertência (art. 
72 da Lei 9.605/98). STJ. 1ª Turma. REsp 1.318.051-RJ, Rel. Min. Benedito 
Gonçalves, julgado em 17/3/2015 (Info 561).

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