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1 
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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
Vinicius Marçal 
Lei de Crimes Ambientais 
Aula 1 
 
 
ROTEIRO DE AULA 
 
 
 
CRIMES AMBIENTAIS 
 
Lei 9.605/1998 (Lei dos Crimes Ambientais - LCA) 
 
1. Críticas à Lei Penal Ambiental 
Na época de sua promulgação, foi intitulada pelo Prof. Miguel Reale Jr de “a Hedionda Lei dos Crimes 
Ambientais”, pelos seguintes motivos principais: 
 
a) transformou comportamentos irrelevantes em crimes: 
=> Dano culposo, por exemplo. 
 
b) administrativização do direito penal (populismo penal); 
=> Transferiu-se para a seara penal inúmeras infrações administrativas já punidas em outra seara. 
 
c) responsabilidade penal da Pessoa Jurídica foi atribuída sem uma teoria do crime própria 
=> Ausente uma lei de adaptação. 
 
 
 
 
 
2 
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2. Denominação excêntrica: Lei Penal em Branco ao Quadrado 
 
=> No contexto do estudo da lei dos crimes ambientais, surgiu a expressão excêntrica “lei penal em 
branco ao quadrado”. 
 
Ocorre quando o complemento normativo reclama outro complemento. Ex: art. 38 
 
“Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em 
formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção: 
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. 
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.” 
 
Lei 12.651/12 (Código Florestal): dá o conceito de floresta de preservação permanente e estabelece 
uma hipótese em que a APP será assim considerada após declaração de interesse social por parte do 
Chefe do Poder Executivo. 
=> Inclusive Chefe do Poder Municipal. 
 
“Art. 6º. Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando declaradas de interesse social 
por ato do Chefe do Poder Executivo, as áreas cobertas com florestas ou outras formas de vegetação 
destinadas a uma ou mais das seguintes finalidades: [...].” 
 
3. Concurso de Pessoas e Omissão Ambientalmente Relevante 
 
“Art. 2º. Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas 
penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade [teoria unitária ou monista], 
=> similaridade com o art. 29, CP 
 
bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o 
gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, *sabendo da conduta criminosa de 
outrem, *deixar de impedir a sua prática, *quando podia agir para evitá-la [o omitente responde 
pelo resultado em razão do nexo de evitação ou de não impedimento].” 
=> similaridade com o art. 13, §2º, CP 
 
 
 
3 
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Obs1: As pessoas indicadas no dispositivo respondem tanto por ação como por omissão. 
Obs2: Requisitos devem ser observados para evitar a responsabilidade objetiva. 
 
4. Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica na Constituição Federal de 1988 
 
Constituição Federal: 
 
“Art. 173. § 5º. A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, 
estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos 
atos praticados contra a ordem econômica [Lei 8.137/90] e financeira [Lei 7.492/86] e contra a 
economia popular [Lei 1.521/51]. 
 
=> No entanto, nenhuma dessas três leis abordou a responsabilidade penal da Pessoa Jurídica, mas 
apenas a responsabilidade individual, não cumprindo totalmente com o mandado de 
constitucionalização do tema. 
 
Constituição Federal: 
 
“Art. 225. § 3º. As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os 
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da 
obrigação de reparar os danos causados.” [Lei 9.605/98, art. 3º] 
 
=> Neste caso, a lei cumpre o mandamento constitucional, havendo responsabilidade penal das 
pessoas jurídicas. 
 
Pode uma lei infraconstitucional estabelecer a responsabilidade penal da Pessoa Jurídica para outros 
casos diversos daqueles previstos na CR? 
 
Obs: A doutrina majoritária rechaça até as hipóteses constitucionalmente previstas. 
 
=> Todavia, há projeto de lei nesse sentido, ampliando a responsabilidade para além dessas 
hipóteses, nos crimes contra a Administração Pública: 
 
 
 
4 
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PL 236 (Novo Código Penal). 
 
“Art. 41. As pessoas jurídicas de direito privado serão responsabilizadas penalmente pelos atos 
praticados contra a administração pública, a ordem econômica, o sistema financeiro e o meio 
ambiente, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou 
contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.” 
 
5. Natureza Jurídica da Pessoa Jurídica 
Qual é a natureza jurídica da Pessoa Jurídica? 
=> Há duas teorias principais e opostas, abordando o tema: 
 
Teoria da ficção jurídica (Savigny): a PJ 
- não tem existência real (é um ente fictício); 
- não tem vontade própria; 
- não pratica conduta (apenas o homem o faz); 
- portanto, não pratica crimes. 
 
Teoria da realidade ou organicista (Otto Gierke): a PJ 
- é um ente autônomo (real) e distinto de seus membros; 
- é dotada de vontade própria (vontade institucional); 
- é sujeito de direitos e obrigações (tal como a PF); 
- portanto, pode praticar crimes. 
 
6. Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica: 5 correntes 
 
1ª corrente: a CR/88 não criou a responsabilidade penal da Pessoa Jurídica e, por isso, o art. 3º da Lei 
dos Crimes Ambientais é inconstitucional. [Paganella Boschi + LRPrado]. 
 
=> Esta corrente separa condutas para pessoas físicas e sanções penais; e atividades para pessoas 
jurídicas e sanções administrativas. 
 
“Art. 225, §3º. As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os 
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da 
obrigação de reparar os danos causados.” 
 
 
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2ª corrente (parte da teoria da ficção jurídica): e conclui que a Pessoa Jurídica não pode cometer 
crimes. [CRB, Luiz Luisi, RGreco, PJCJr., JFM, FAToledo, Cernicchiaro, Zaffaroni e Pierangeli]. 
=> Corrente doutrinária majoritária 
 
3ª corrente [LFG]: A Lei de Crimes Ambientais instituiu um direito judicial (aplicado por juiz) 
sancionador (pois não conta a pena com o efeito estigmatizador típico das sanções penais). 
=> Corrente defendida por Luiz Flávio Gomes. 
=> Não há o efeito máximo do direito penal, qual seja a prisão. 
 
4ª corrente [SM] (parte da necessidade de uma Lei de Adaptação como ocorreu na França): a CR/88 
previu a responsabilidade penal da Pessoa Jurídica, o que, contudo, depende da criação de uma 
teoria do crime e de normas processuais compatíveis com a natureza fictícia das Pessoas Jurídicas. 
=> Corrente defendida por Silvio Maciel. 
 
5ª corrente (parte da teoria da realidade): e conclui que a PJ pode cometer crimes, tal como previsto 
na CR/88. [Damásio, SSShecaira, HBenjamin etc]. 
=> Corrente jurisprudencial majoritária 
 
Prova objetiva x prova subjetiva/oral 
 
=> Para a prova objetiva, é verdadeiro se dizer que reconhece-se a responsabilidade penal da Pessoa 
Jurídica. Em uma questão dissertativa ou oral, é possível explorar as demais teorias. 
 
8. Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica: contras 
 
1. Desde o Direito Romano: societas delinquere non potest 
=> A sociedade não pode delinquir. 
 
2. PJ: não possui consciência e vontade; não pratica condutas (elemento subjetivo). A vontade da PJ 
é, em verdade, a vontade das PF’s que a representam. 
 
3. PJ: como não é dotada de autoconsciência, não se consegue cumprir as funções da pena 
(prevenção e repressão). 
 
 
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4. PJ (culpabilidade): não é imputável (só o ser humano adquire capacidade de entender o caráter 
ilícito de um fato e de determinar-sede acordo com esse entendimento). 
5. PJ: atuação vinculada aos atos relacionados no seu estatuto social, aí não se incluindo a prática de 
crimes; 
6. Princípio constitucional da personalidade da pena (ou intranscendência): a punição da PJ 
alcançaria, ainda que indiretamente, seus integrantes. 
7. Não se pode aplicar PPL, característica indissociável do Direito Penal. 
8. Viola o princípio da subsidiariedade do Direito Penal (Dec. 6.514/2008 > infrações administrativas 
idênticas). 
9. Tourinho: LCA, art. 3º As PJ’s serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme 
o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante 
legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. 
 
9. Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica: prós 
 
=> Uma vez que não se tem uma lei de adaptação no Brasil, a jurisprudência foi fazendo uma 
adaptação, de modo a reconhecer uma vontade institucional e culpabilidade social. 
 
1. PJ: é um ente autônomo, dotado de consciência e vontade, razão pela qual pode realizar condutas 
(“ação delituosa institucional”) e assimilar a natureza intimidatória da pena; 
2. A vontade da PJ resulta do somatório das vontades dos seus dirigentes. Ao lado da “vontade 
individual”, passa-se a ter uma “vontade institucional”; 
3. PJ: à culpabilidade penal individual clássica, deve-se somar a culpabilidade social (baseada na ideia 
da empresa como centro de emanação de decisões); 
4. É óbvio que o estatuto social de uma PJ não prevê a prática de crimes como uma de suas 
finalidades. Da mesma forma, não contém em seu bojo a realização de atos ilícitos, o que não os 
impede de serem realizados (inadimplência, por exemplo); 
5. A punição da PJ não viola o princípio da personalidade da pena. Deve-se distinguir a pena dos 
efeitos decorrentes condenação, os quais também se verificam com a punição da pessoa física; 
6. O Direito Penal não se limita à pena de prisão: LD, art. 28 + L.7.716, art. 4º, §2º. 
7. Argumentos de ordem pragmática 
 
 
 
 
 
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10. Responsabilidade Penal da Pessoa jurídica: 4 argumentos de ordem pragmática 
 
a) insuficiência das sanções administrativas e civis para coibir ações empresariais predatórias; 
b) a forte simbologia da pena criminal contribui para frear as empreitadas criminosas ambientais 
praticadas pelos entes morais; 
c) a punição exclusiva da PF acaba servindo como “escudo” para impedir a responsabilidade penal da 
PJ, verdadeira beneficiária do delito ambiental. 
d) tendência mundial de responsabilização penal das PJ’s: Inglaterra, EUA, Canadá, Nova Zelândia, 
Austrália, França, Dinamarca, México, Cuba, Colômbia, Portugal, Áustria, Japão, China etc. 
 
Em conclusão: CULPABILIDADE SOCIAL (REsp 564.960/SC, 5ªT.STJ, DJ 13/06/2005)☟ 
“A responsabilização penal da pessoa jurídica pela prática de delitos ambientais advém de uma 
escolha política, como forma não apenas de punição das condutas lesivas ao meio-ambiente, mas 
como forma mesmo de prevenção geral e especial. [...] Se a pessoa jurídica tem existência própria 
no ordenamento jurídico e pratica atos no meio social através da atuação de seus administradores, 
poderá vir a praticar condutas típicas e, portanto, ser passível de responsabilização penal. VI. A 
culpabilidade, no conceito moderno, é a responsabilidade social [...],” 
Em suma: “a responsabilidade penal desta, à evidência, não poderá ser entendida na forma 
tradicional baseada na culpa, na responsabilidade individual subjetiva, propugnada pela Escola 
Clássica, mas deve ser entendida à luz de uma nova responsabilidade, classificada como social.” 
 
11. Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica de Direito Público 
 
- É possível a responsabilidade penal da PJ de direito público? 
 
1ª corrente: Sim. A CR/88 não restringiu. 
 
2ª corrente: Não, pois o Estado não pode se autopunir. 
A pena terminaria por prejudicar a própria coletividade, seja em face da lesão ao patrimônio público 
(multa, p. ex.); seja ainda com a suspensão ou interdição temporária de atividades (em franco 
prejuízo ao princípio da continuidade dos serviços públicos). 
 
- Qual a posição do STJ? 
REsp 564.960/SC, Rel. Min. Gilson Dipp, 5ªT.STJ, DJ 13/06/2005, obter dictum: 
 
 
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“Os critérios para a responsabilização da pessoa jurídica são classificados na doutrina como 
explícitos: 1) que a violação decorra de deliberação do ente coletivo; 2) que autor material da 
infração seja vinculado à pessoa jurídica; e 3) que a infração praticada se dê no interesse ou benefício 
da pessoa jurídica; e implícitos no dispositivo: 
1) que seja pessoa jurídica de direito privado(...” 
 
12. Denúncia geral vs. Processo Penal Kafkiano (criptoimputação) 
 
=> Processo Penal Kafkiano é aquele no qual o réu não sabe do que se defende. Criptoimpugnação é 
a impugnação criptografada, ou seja, a pessoa não entende porque foi imputada a ela determinada 
conduta. 
 
Nos chamados crimes de autoria coletiva, “embora a vestibular acusatória não possa ser de todo 
genérica, é válida quando, apesar de não descrever minuciosamente as atuações individuais dos 
acusados, demonstra um liame entre o seu agir e a suposta prática delituosa, estabelecendo a 
plausibilidade da imputação e possibilitando o exercício da ampla defesa.” (RHC 68.903, DJe 
20/05/2016) 
 
Dessarte, não é inepta a denúncia – geral – que apresenta uma narrativa fática congruente, de 
modo a permitir o due process of law, descrevendo conduta típica que, “atentando aos ditames do 
art. 41 do CPP, qualifica os acusados, descreve o fato criminoso e suas circunstâncias. O fato, por si 
só, de o MP ter imputado ao recorrente a mesma conduta dos demais denunciados não torna a 
denúncia genérica, indeterminada ou imprecisa.” (HC 311.571, STJ, DJe 15/12/2015). 
 
=> Admite-se apenas denúncia geral, e não a genérica. 
 
Qual a repercussão disso na LCA? 
 
13. Denúncia geral vs. Processo Penal Kafkiano (criptoimputação) 
 
“Não se pode confundir a denúncia genérica com a denúncia geral, pois o direito pátrio não admite 
denúncia genérica, sendo possível, entretanto, nos casos de crimes societários e de autoria 
coletiva, a denúncia geral, ou seja, aquela que, apesar de não detalhar minudentemente as ações 
 
 
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imputadas aos denunciados, demonstra, ainda que de maneira sutil, a ligação entre sua conduta e o 
fato delitivo. 
Da leitura da inicial, verifica-se que os recorrentes Cristiano e Maria da Graça foram denunciados 
apenas em virtude de serem sócios administradores da primeira recorrente, Caiçaras 
Empreendimentos Imobiliários Ltda. A acusação limitou-se a vinculá-los ao crime porque eram sócios 
administradores da primeira recorrente, o que torna a denúncia genérica e inadmissível. [...] 
Recurso em habeas corpus provido em parte, para reconhecer a inépcia da denúncia apenas com 
relação aos recorrentes CRISTIANO e MARIA DA GRAÇA, sem prejuízo de oferecimento de nova inicial 
acusatória, desde que observados os requisitos do art. 41 do Código de Processo Penal.” (RHC 
88.264/ES, 5ª T.STJ, DJe 21/02/2018) 
 
14. Denúncia geral vs. Processo Penal Kafkiano (criptoimputação) 
 
A denúncia e o aditamento, apesar de descreverem a conduta delitiva consistente na supressão de 
vegetação em APP, não expõem, nem mesmo de passagem, o nexo causal entre o comportamento 
dos recorrentes e o fato delituoso. A acusação limitou-se a vinculá-los ao crime ambiental porque 
eram sócios da empresa em que realizada a fiscalização. [...] A mera atribuição de uma qualidade não 
é forma adequada para se conferir determinada prática delitiva a quem quer que seja. Caso 
contrário, abre-se margem para formulação de denúncia genérica e, por via de consequência, para 
reprovável responsabilidade penal objetiva.” (RHC 70.395, DJe 14/10/2016) 
 
“A meracondição de sócio, diretor ou administrador de determinada pessoa jurídica não enseja a 
responsabilização penal por crimes praticados no seu âmbito, sendo indispensável que o titular da 
ação penal demonstre uma mínima relação de causa e efeito entre a conduta do réu e os fatos 
narrados na denúncia, permitindo-lhe o exercício da ampla defesa e do contraditório. [...]. No caso 
dos autos, da leitura da exordial acusatória percebe-se que ao paciente foi imputada a prática de 
crime contra o meio ambiente pelo simples fato de exercer o cargo de Diretor Presidente da 
Companhia Paranaense de Energia Elétrica – COPEL, não tendo o órgão ministerial demonstrado a 
mínima relação de causa e efeito entre os fatos que lhe fora assestados e a função por ele exercida 
na mencionada pessoa jurídica, pelo que se mostra imperioso o trancamento da ação penal contra 
ele instaurada” (STJ, HC 232751, DJe15.03.2013). 
 
=> A denúncia genérica não é admitida, pois surge no contexto de um processo penal kafkiano, uma 
vez que fulminado com a nódoa da criptoimputação. 
 
 
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15. Encerramento do procedimento administrativo ambiental: necessidade? 
 
Súmula Vinculante 24: “Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, 
incisos I a IV, da Lei n 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo.” 
 
Os delitos ambientais configuram também infrações administrativas. Assim, há necessidade da 
conclusão do procedimento administrativo ambiental para a deflagração da persecução penal? 
 
“2. No caso dos autos, muito embora os crimes ambientais pelos quais o paciente foi acusado 
(artigos 39 e 40 da Lei 9.605/1998) sejam materiais, dependendo da ocorrência de dano para que 
possam se caracterizar, não há dúvidas de que o Ministério Público não precisa aguardar a 
conclusão do processo administrativo instaurado junto ao IBAMA para deflagrar a respectiva ação 
penal. 3. Isso porque as esferas administrativa e penal são independentes, razão pela qual o Parquet, 
dispondo de elementos mínimos para oferecer a denúncia, pode fazê-lo, prescindindo-se da 
apuração dos fatos pelo órgão administrativo competente. 4. Eventual celebração de termo de 
ajustamento de conduta não impede a persecução criminal, repercutindo apenas na dosimetria da 
eventual pena a ser cominada ao autor do ilícito ambiental. Precedentes.” (HC 160.525/RJ, 5ªT.STJ, 
DJe 14/03/2013) 
 
1. Requisitos Legais para a Responsabilização Penal da Pessoa Jurídica 
 
“Art. 3º. As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o 
disposto nesta Lei, nos casos em que [1] a infração seja cometida por decisão de seu representante 
legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, [2] no interesse ou benefício da sua entidade.” 
 
=> [1] + [2] = requisitos cumulativos. 
 
Exemplos trazidos por Luiz Flávio Gomes e Silvio Maciel: 
 
[1] se um funcionário de uma empresa, que trabalha com motosserra, resolve, por sua conta e risco, 
avançar em APP e cortar árvores nesse local proibido; 
 
 
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[2] se o gerente de uma empresa autoriza o corte de árvores em uma APP, contra os interesses da 
empresa, causando-lhe inclusive prejuízos enormes (perda de incentivos fiscais, perda de contratos 
com a desmoralização pública). 
 
CESPE: “Na hipótese de o diretor de uma empresa determinar a seus empregados que utilizem 
veículos e instrumentos a ela pertencentes, em horário normal de expediente, para extraírem e 
transportarem madeira de lei, sem autorização do órgão ambiental competente, destinada a 
construção particular daquele dirigente, fica caracterizada a responsabilidade penal da pessoa física. 
=> Falso. O benefício deve ser em favor da entidade. 
 
2. Responsabilização Penal da Pessoa Jurídica só surgiu na LCA? 
 
O art. 3º da LCA foi o primeiro dispositivo a dispor sobre a responsabilidade penal da pessoa jurídica 
no Brasil? 
 
=> Não, já havia previsão: 
Lei 8.213/91, art. 19, § 2º: 
(contravenção contra o meio ambiente do trabalho imputada à PJ): 
 
“Art. 19. [...] § 2º. Constitui contravenção penal, punível com multa, deixar a empresa de cumprir as 
normas de segurança e higiene do trabalho.” 
 
3. Sistema da Dupla Imputação ou das Imputações Paralelas 
 
Art. 3º, parágrafo único: “A responsabilidade das Pessoas Jurídicas não exclui a das Pessoas Físicas, 
autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato.” 
 
A dupla imputação é obrigatória? Exemplo: Decisão – por maioria – do órgão colegiado de 
determinada empresa. Não se sabe quem foi a favor ou contra a conduta criminosa. Pode-se 
denunciar só a Pessoa Jurídica? 
 
“1. Para a validade da tramitação de feito criminal em que se apura o cometimento de delito 
ambiental, na peça exordial devem ser denunciados tanto a pessoa jurídica como a pessoa física 
(sistema ou teoria da dupla imputação). Isso porque a responsabilização penal da pessoa jurídica 
 
 
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não pode ser desassociada da pessoa física – quem pratica a conduta com elemento subjetivo 
próprio. 2. Oferecida denúncia somente contra a pessoa jurídica, falta pressuposto para que o 
processo-crime desenvolva-se corretamente. 3. Recurso ordinário provido, para declarar a inépcia da 
denúncia e trancar, consequentemente, o processo-crime instaurado contra a Empresa Recorrente, 
sem prejuízo de que seja oferecida outra exordial, válida.” (RMS 37.293/SP, 5ªT.STJ, DJe 09/05/2013) 
 
4. Sistema da Dupla Imputação ou das Imputações Paralelas 
 
=> Esse entendimento foi totalmente alterado pelo STF: 
 
“1. O art. 225, § 3º, da Constituição Federal não condiciona a responsabilização penal da pessoa 
jurídica por crimes ambientais à simultânea persecução penal da pessoa física em tese responsável 
no âmbito da empresa. A norma constitucional não impõe a necessária dupla imputação. 
2. As organizações corporativas complexas da atualidade se caracterizam pela descentralização e 
distribuição de atribuições e responsabilidades, sendo inerentes, a esta realidade, as dificuldades 
para imputar o fato ilícito a uma pessoa concreta. 
3. Condicionar a aplicação do art. 225, § 3º, da Carta Política a uma concreta imputação também a 
pessoa física implica indevida restrição da norma constitucional, expressa a intenção do constituinte 
originário não apenas de ampliar o alcance das sanções penais, mas também de evitar a impunidade 
pelos crimes ambientais frente às imensas dificuldades de individualização dos responsáveis 
internamente às corporações, além de reforçar a tutela do bem jurídico ambiental. 
4. A identificação dos setores e agentes internos da empresa determinantes da produção do fato 
ilícito tem relevância e deve ser buscada no caso concreto como forma de esclarecer se esses 
indivíduos ou órgãos atuaram ou deliberaram no exercício regular de suas atribuições internas à 
sociedade, e ainda para verificar se a atuação se deu no interesse ou em benefício da entidade 
coletiva. Tal esclarecimento, relevante para fins de imputar determinado delito à pessoa jurídica, 
não se confunde, todavia, com subordinar a responsabilização da pessoa jurídica à 
responsabilização conjunta e cumulativa das pessoas físicas envolvidas. Em não raras 
oportunidades, as responsabilidades internas pelo fato estarão diluídas ou parcializadas de tal 
modo que não permitirão a imputação de responsabilidade penal individual. [...].” (RE 548181, Rel. 
Min. Rosa Weber, 1ªT.STF, DJe-213 de 30-10-2014) 
 
 
 
 
 
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5. Sistema da Dupla Imputação ou das Imputações Paralela 
 
Qual é o atual entendimento do STJ? Ainda entende haver concurso necessário? 
=> Não, pois acompanhou o entendimento do STF. 
 
“Este Superior Tribunal, na linha do entendimento externado pelo Supremo Tribunal Federal, passou 
a entender que, nos crimes societários, não é indispensável a aplicação da teoria da duplaimputação ou imputação simultânea, podendo subsistir a ação penal proposta contra a pessoa 
jurídica, mesmo se afastando a pessoa física do polo passivo da ação. Precedentes.” (AgRg no RMS 
48.851/PA, 6ª T.STJ, DJe 26/02/2018) 
 
(Prova oral) O STF rejeita a dupla imputação nos crimes ambientais? 
O STF não nega a dupla imputação, que está expressa na lei. O que ele disse é que não é obrigatória! 
 
6. Penas – critérios para a dosimetria 
 
A LCA se afastou do sistema trifásico (CP, art. 68)? 
Resposta: Art. 79. Aplicam-se subsidiariamente a esta Lei as disposições do CP e do CPP. 
 
Portanto, observadas as especificidades da LCA: 
1º. pena-base (art. 6º + CP, art. 59 – subsidiariamente); 
2º. circunstâncias atenuantes e agravantes; 
3º. causas de diminuição e de aumento. 
 
7. Penas – critérios para a dosimetria 
 
LCA: “Art. 6º. Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente observará: 
 
I. a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas consequências para a saúde 
pública e para o meio ambiente; 
 
II. os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental; 
[Os antecedentes não são exclusivamente penais. Engloba normas administrativas] 
 
 
 
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III. a situação econômica do infrator, no caso de multa.” [+] 
 
LCA: “Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível, fixará o montante 
do prejuízo causado para efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa.” 
 
8. Caráter autônomo e substitutivo das Penas Restritivas de Direito (=CP) 
 
“Art. 7º. As Penas Restritivas de Direito são autônomas e substituem as privativas de liberdade 
quando: 
I. tratar-se de crime culposo ou for aplicada a PPL. inferior a 4 anos; 
[≠ CP, art. 44, I. aplicada p.p.l. não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência 
ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;] 
 
II. a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os 
motivos e as circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de 
reprovação e prevenção do crime. 
=> Princípio da suficiência das penas. 
 
§ún. As PRD a que se refere este artigo terão a mesma duração da PPL substituída. [semelhante ao 
CP, art. 55]” 
 
9. Caráter autônomo e substitutivo das P.R.D 
 
PERGUNTA: 
CP, art. 44. “As PRD são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: II. o réu não for 
reincidente em crime doloso;” 
 
A LCA não traz essa exigência, assim, o reincidente em crime doloso [ainda que no mesmo crime] 
tem direito à substituição da PPL por PRD? 
 
Sim, em virtude do silêncio eloquente da LCA. Em seu silêncio, a LCA quis afastar esse critério 
impeditivo. 
 
 
 
 
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10. Penas Restritivas de Direitos aplicáveis às Pessoas Físicas 
 
LCA: “Art. 8º. As penas restritivas de direito são: 
I. prestação de serviços à comunidade; 
II. interdição temporária de direitos; 
III. suspensão parcial ou total de atividades; 
IV. prestação pecuniária; 
V. recolhimento domiciliar.” 
 
=> As penas previstas nos incisos III e V não possuem similar no Código Penal. 
 
11. Penas Restritivas de Direitos: quadro comparativo com o Código Penal 
 
LCA, art. 8º. As penas 
restritivas 
de direito [aplicáveis às 
pessoas físicas] são: 
CP, art. 43. As penas restritivas 
de direitos são: 
I. prestação de serviços à 
comunidade 
IV. prestação de serviço à 
comunidade ou a entidades 
públicas; 
II. interdição temporária 
de direitos 
V. interdição temporária de 
direitos; 
IV. prestação pecuniária I. prestação pecuniária; 
III. suspensão parcial ou 
total de atividades; 
II. perda de bens e valores; 
 
V. recolhimento domiciliar III. limitação de fim de semana 
 
8. Penas Restritivas de Direitos aplicáveis às pessoas físicas [prestação de serviços à comunidade] 
 
Art. 9º. “A prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao condenado de tarefas 
gratuitas junto a parques e jardins públicos e unidades de conservação, e, no caso de dano da coisa 
particular, pública ou tombada, na restauração desta, se possível.” 
 
Obs1 (finalidade): preservação do meio ambiente e a reparação do dano ambiental causado. 
Obs2: No CP ≠ localidades: entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos [...] (CP, art. 43, IV, 
c.c. o art. 46, § 2.º). 
 
 
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CP, art. 46, §4º. “Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a 
pena substitutiva em menor tempo, nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada.” 
 
Incide na LCA? 
=> Sim, dada a aplicação subsidiária permitida pela própria LCA em seu artigo 79. 
 
13. Penas Restritivas de Direitos Aplicáveis às Pessoas Físicas [Interdição Temporária de Direitos] 
 
“Art. 10. As penas de interdição temporária de direitos são a proibição: 
[1] de o condenado contratar com o Poder Público, 
[2] de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como 
[3] de participar de licitações, pelo prazo de 5 anos, no caso de crimes dolosos, e de 3 anos, no de 
crimes culposos.” 
 
Obs1: No CP ≠ consiste na proibição: 
- de exercer cargo, função, atividade pública, mandato eletivo; 
- de exercer profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou 
autorização do poder público; e 
- de frequentar determinados lugares (CP, art. 43, V, c/c o art. 47). 
 
Obs2: [3] Art. 10 em flagrante contradição com o art. 7º, §ún. (“As p.r.d a que se refere este artigo 
terão a mesma duração da p.p.l. substituída”). 
*Em regra, os crimes dolosos da LCA tem pena máxima de 5 anos, e nenhum crime culposo tem pena 
máxima de 3 anos. Portanto, como pode a PRD ser maior que a PPL. substituída?”, 
*Desproporcionalidade chapada! 
Em conclusão, há forte compreensão no sentido de que: os prazos mencionados no art. 10 devem ser 
desconsiderados, aplicando-se a regra geral do art. 7º, § único (LFGeSM + Delmanto). 
Ps.: não desprezem os prazos em provas objetivas! 
 
=> Prazos muito criticados pela doutrina, por serem superior a qualquer pena privativa de liberdade 
prevista pela lei. 
 
 
 
 
 
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14. Penas Restritivas de Direitos Aplicáveis às Pessoas Físicas [Suspensão de Atividades] 
 
“Art. 11. A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às 
prescrições legais.” 
 
Ex.: Desenvolvimento de atividade impactante sem licença ambiental ou em desconformidade com a 
obtida. 
 
Obs: Essa sanção do art. 11 pode ser aplicada ao empresário individual, que é pessoa física 
(registrada na junta comercial e que tem CNPJ na Receita Federal, mas continua sendo pessoa física). 
 
15. Penas Restritivas de Direitos Aplicáveis às Pessoas Físicas [Prestação Pecuniária] 
 
Art. 12. “A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro *à vítima ou *à entidade 
pública ou *privada com fim social, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a 1 nem superior a 
360 salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual reparação civil a que for 
condenado o infrator.” 
 
Obs1: CP, art. 45, §1º: o pagamento pode ser realizado para a vítima ou seus dependentes. 
Pergunta: Incide na LCA? 
=> Sim, por aplicação subsidiária (art. 79, LCA). 
 
Obs2: CP, art. 45, §2º: se o beneficiário aceitar, a prestação pecuniária (em $) pode ser substituída 
por prestação de outra natureza (prestação inominada). 
Pergunta: Incide na LCA? 
=> Também sim, por aplicação subsidiária (art. 79, LCA). 
 
O descumprimento injustificado da prestação pode acarretar a conversão em prisão? 
Sim (CP, art. 44, §4º), por se tratar de espécie de pena restritiva de direitos (e não de multa). 
 
1. Penas Restritivas de Direitos Aplicáveis às Pessoas Físicas [Recolhimento Domiciliar]Art. 13. “O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do 
condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer atividade autorizada, 
 
 
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permanecendo recolhido nos dias e horários de folga em residência ou em qualquer local destinado a 
sua moradia habitual, conforme estabelecido na sentença condenatória.” 
 
Crítica: 
“Inventou-se uma prisão com formato de restrição a direito.” (GSN). 
=> Similaridade: 
Art. 36 do CP: “o regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do 
condenado”. 
LCA, art. 13: “o recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do 
condenado...” 
 
Como esse assunto cai em concurso: 
=> Associa-se recolhimento domiciliar da LCA com limitação de fim de semana do CP. 
 
2. Penas Restritivas de Direitos Aplicáveis às Pessoas Físicas [Recolhimento Domiciliar] 
 
(MPF – 21º Concurso): Em crimes ambientais, limitação de fim de semana é sinônimo de 
recolhimento domiciliar. 
=> Falso. 
 
(TJMG): A limitação de fim de semana prevista no art. 48 do CP é equivalente ao ↓recolhimento 
domiciliar↓ estabelecido no art. 13 da LCA. 
=> Falso 
 
Obs: ≠ CP, art. 48. A limitação de fim de semana consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e 
domingos, por 5 horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado. 
 
Na prática, pode haver semelhanças: 
 
“II. Se o caótico sistema prisional estatal não possui meios para que o paciente cumpra a pena 
restritiva de direitos em estabelecimento apropriado, é de se autorizar, excepcionalmente, que a 
mesma seja cumprida em seu domicílio. 
 
 
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III. O que é inadmissível, é impor ao paciente o cumprimento da limitação de fim de semana em 
presídio, estabelecimento inadequado para tanto.” (HC 146.558/RS, 5ª Turma do STJ, DJe 
05/04/2010) 
 
3. 4 Atenuantes 
“Art. 14. São circunstâncias que atenuam [incidem na segunda fase de fixação da] pena: 
 
I. baixo grau de instrução ou escolaridade do agente; 
II. arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação 
significativa da degradação ambiental causada; 
III. comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental; 
IV. colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental. 
 
Obs: Por analogia in bonam partem, podem incidir as atenuantes nominadas e inominadas do CP 
(arts. 65 e 66). 
 
4. 4 Atenuantes 
 
Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena: 
 
I. baixo grau de instrução ou escolaridade do agente; 
 
Obs1: semelhante ao CP, art. 65, II (desconhecimento da lei). 
 
Masson (justificação): 
“Embora o desconhecimento da lei seja inescusável (CP, art. 21) e não afaste o caráter criminoso do 
fato, funciona como atenuante genérica. Suaviza-se, no campo penal, a regra definida pelo art. 3º da 
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro: ‘Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que 
não a conhece’. ... Justifica-se essa atenuante pelo fato de o ordenamento jurídico brasileiro ser 
composto por um emaranhado complexo de leis e atos normativos, constantemente revogados e em 
contínua modificação, dificultando por parte do cidadão a exata compreensão do seu significado e do 
seu alcance.” 
 
 
 
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(Advogado do Senado – FGV) Nos crimes previstos na Lei 9.605/98, o baixo grau de instrução ou 
escolaridade do agente constitui circunstância que atenua a pena. 
=> Verdadeiro. 
 
5. 4 Atenuantes 
 
II. arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea 
*reparação do dano, ou 
*limitação significativa da degradação ambiental causada; 
 
Obs1 (*reparação do dano): aplica-se ao infrator que reparar o dano APÓS o recebimento da 
denúncia. 
1.1: Se houver reparação voluntária e integral do dano antes do recebimento da denúncia: 
arrependimento posterior (CP, art. 16 do CP). 
1.2: ≠ Delmanto [CP, art. 16 não se aplica à LCA, que considerou a reparação do dano apenas como 
circunstância atenuante]. [posição minoritária] 
 
 
Obs2 (*Limitação significativa da degradação ambiental): como não se trata de reparação integral 
do dano, não há de se falar no art. 16 do CP. 
 
6. 4 Atenuantes 
 
III. comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental; 
 
Obs1: A comunicação é prévia; o dano ainda não ocorreu. 
 
GSN: “O agente está, também, se autodenunciando. Se o fizer de maneira espontânea, cremos que 
essa comunicação pode ser tida como manifestação positiva de sua personalidade, o que 
representa uma atenuante preponderante (art. 67, CP).” 
=> Não há consenso, mas há respeitável opinião no sentido da preponderância dessa atenuante 
sobre outras. 
 
 
 
 
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7. 4 Atenuantes 
 
IV. colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental. 
 
Obs1: “Delação premiada ambiental” (Delmanto). 
Ex.: Se o infrator ambiental colaborar com a vigilância ambiental indicando, p.ex., o local do dano 
ambiental causado, terá sua pena atenuada. 
 
“delação premiada tabajara”! 
 
Em verdade, a medida se aproxima muito mais da atenuante da confissão (CP, art. 65, III, d). 
 
8. 18 Agravantes (saraivada de críticas) (elementares, qualificadores ou causas de aumento de 
pena) 
 
=> A maioria das agravantes já constituem elementares de outros tipos, de modo que não se aplicam 
em algumas situações. 
 
Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: 
I. reincidência nos crimes de natureza ambiental; 
 
Obs1: Somente agrava a pena a reincidência ambiental. 
 
Obs2: Não precisa ser pelo mesmo crime ambiental. 
 
Obs3: Aplica-se o período depurativo prevista no art. 64, I, do CP 
 
 LCA, art.. 79: “não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da 
pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 anos [...];” 
 
9. 18 Agravantes 
 
II. ter o agente cometido a infração: 
a) para obter vantagem pecuniária; 
 
 
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[basta a intenção de obter a vantagem pecuniária, não sendo exigido o efetivo recebimento. TRF4, 
AC 200570080015761 8ª T., u., 01/10/2008.] 
 
b) coagindo outrem para a execução material da infração; 
[c. f. irresistível; c. m. irresistível e resistível (coator: agravante / coato: atenuante do CP, art. 65, III, 
c)] 
 
c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente; 
[prato cheio para bis in idem: Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade 
competente observará: I. a gravidade do fato, tendo em vista ... suas consequências para a saúde 
pública e para o meio ambiente;] 
 
d) concorrendo para danos à propriedade alheia; 
[prato cheio para bis in idem: os crimes ambientais quase sempre causam danos à propriedade alheia 
(pública ou privada) de modo que raramente aplicar-se-á esta agravante] 
 
10. 18 Agravantes 
 
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime 
especial de uso; 
[cuidado: Art. 40. Causar dano direto ou indireto às UC (...)] 
 
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos; 
[cuidado: não se aplica quando funcionar como elementar, qualificadora ou causa de aumento de 
pena, como ocorre com o crime de poluição (art. 54, §2º, I)] 
 
g) em período de defeso à fauna; 
[cuidado: não se aplica aos arts. 29, §4º, II: “Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da 
fauna silvestre [...]: Pena [...]. §4º. A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado: II. em 
período proibido à caça;” e art. 34: “Pescar em período no qual a pesca seja proibida [...]”]. 
Ps: no Brasil, em regra, a caça é proibida (exceção: autorização do P.Púb. em caso de desequilíbrio 
ambiental. Ex.:número excessivo de javalis. A pesca, em regra, é permitida (exceção: determinados 
locais e períodos). 
 
 
 
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11. 18 Agravantes 
 
h) em domingos ou feriados; 
[Cuidado: Não se aplica a nenhum crime contra a flora: Art. 53. Nos crimes previstos nesta Seção, a 
pena é aumentada de 1/6 a 1/3 se: II. o crime é cometido: e) durante a noite, em domingo ou 
feriado] 
=> Não se aplica ao sábado. 
 
i) à noite; 
[Cuidado: Não se aplica ao art. 29, §4º, III: “Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da 
fauna silvestre [...]: Pena (...). §4º. A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado: III. 
durante a noite. + Não se aplica a nenhum crime contra a flora.] 
 
j) em épocas de seca ou inundações; 
[Cuidado: Não se aplica a nenhum crime contra a flora. Art. 53. (...): II. (...): d) em época de seca ou 
inundação;] 
 
12. 18 Agravantes 
 
l) no interior do espaço territorial especialmente protegido; 
[Delmanto: abrangida pela alínea ‘e’ do inc. II [áreas de UC]. Ainda que se considere a expressão da 
alínea ‘l’ mais abrangente, “a redundância do legislador permanece já que, então, bastaria a previsão 
desta agravante, sendo desnecessária a existência da disposta na alínea e”] 
 
m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais; 
[Aplica-se aos crimes contra a fauna, inclusive no crime de abuso e maus tratos de animais (art. 32), 
que pode ser executado com ou sem métodos cruéis] 
 
n) mediante fraude ou abuso de confiança; 
[Ex. de Nucci: “confiada a um empregado de longos anos a guarda de uma propriedade, ele é 
descoberto danificando a floresta nativa, com intuito de lucro. Houve, nesse caso, crime ambiental 
com abuso de confiança.”] 
 
13. 18 Agravantes 
 
 
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o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental; 
[Cuidado: inaplicável aos crimes previstos nos arts. 29, caput e §1º, I, 55, 63 e 64 da LCA: abuso da 
licença como elementar] 
 
p) no interesse de PJ mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por 
incentivos fiscais; 
 
q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes; 
[Cuidado: Não se aplica aos crimes contra a flora > Art. 53. (...): II. (...): c) contra espécies raras ou 
ameaçadas de extinção (...). + Não se aplica ao crime do art. 29, caput e § 1º, I a III e §2º, pois o art. 
29, §4º, I, já prevê como c.a.p. a prática de tais infrações contra espécies raras ou ameaçadas de 
extinção] 
 
r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções. 
[Havendo oferecimento/recebimento de vantagem indevida, haverá concurso de crimes de 
corrupção ativa e passiva com o delito ambiental, sem a agravante.] 
 
13. 18 Agravantes 
 
São aplicáveis à LCA as agravantes dos arts. 61 e 62 do CP? 
 
1ª (LFGeSM): Não. Inexistência de analogia in malam partem no Direito Penal. 
2ª (Nucci): Sim. Desde que não conflitem com o disposto no art. 15 da LCA. Ex.: cometimento crime 
ambiental por motivo fútil (art. 61, II, a, CP). 
 
Questões 
 
(Cespe) Os crimes contra a fauna praticados durante a noite, aos sábados e aos domingos aumentam 
as respectivas penas. 
=> Errado, pois sábado e domingo não estão incluídos na causa de aumento de pena. 
 
Domingo, feriado e noite (agravantes de qualquer crime ambiental: art. 15, II, h, i) 
Domingo, feriado e noite (c.a.p. nos crimes contra a flora: art. 53, II, e) 
 
 
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Noite (c.a.p. no crime do art. 29, § 4º, III) 
 
(FGV, Advogado do Senado) Nos crimes previstos na Lei 9.605/98, a prática do crime no domingo é 
circunstância que agrava a pena, quando não constitui elementar ou qualifica o crime. 
=> Correto: art. 15, II, alínea “h”, da LCA. 
 
15. Penas Aplicáveis às Pessoas Jurídicas 
 
“Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo 
com o disposto no art. 3º, são: 
 
I. multa; 
II. restritivas de direitos; 
III. prestação de serviços à comunidade. 
 
Obs1: Para as PF a prestação de serviços é modalidade de PRD 
Obs2: As PRD aplicáveis às PJ são penas principais! Ou seja: não substitutividade + não 
conversibilidade. 
Obs3: Com exceção do art. 22, § 3º, não há estipulação dos limites mínimos e máximos. > Alguns 
doutrinadores: CR/88, art. 5º, XXXIX. 
Solução: LFGeSM: “aplicar a PRD. de forma direta (não em substituição de pena de prisão) utilizando 
como limite o máximo da PPL. cominada no tipo penal, obedecendo-se o critério trifásico do art. 68 
do CP.” 
 
15. Penas Aplicáveis às Pessoas Jurídicas [multa >> quadro>>] 
 
“Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios do CP [No mínimo, 10 e, no máximo, de 360 
dias-multa. Valor do dia-multa: ]; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá 
ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida.” 
 
Crítica de S.S Shecaira: 
Para evitar que a multa da PJ fique muito aquém do valor auferido com a infração penal, entende-se 
que o legislador deveria ter utilizado uma unidade para a PF (dias-multa) e outra para a PJ, como o 
dia-faturamento. 
 
 
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17. Multa: critério para aplicação ≠ critério para triplicar 
 
LCA CP 
Art. 6º. Para imposição e 
gradação da penalidade, a 
autoridade competente 
observará: 
III. a situação econômica do 
infrator, no caso de multa. + 
Art. 19. Montante do 
prejuízo causado 
Art. 60. Na fixação da pena de 
multa o juiz deve atender, 
principalmente, à situação 
econômica do réu. 
Art. 18. Se revelar-se 
ineficaz, ainda que aplicada 
no valor máximo, poderá 
ser aumentada até três 
vezes, tendo em vista o 
valor da vantagem 
econômica auferida 
§1º. A multa pode ser aumentada 
até o triplo, se o juiz considerar 
que, em virtude da situação 
econômica do réu, é ineficaz, 
embora aplicada no máximo. 
 
 
1. Penas aplicáveis às pessoas jurídicas (3 PRD) 
 
“Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são: 
 
I. suspensão parcial ou total de atividades; [§1º] 
II. interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade; [§2º] 
III. proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou 
doações. [§3º] 
 
§1º. A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às disposições 
legais ou regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente. 
§2º. A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando 
sem a devida autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal ou 
regulamentar. 
§3º. A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios, subvenções ou doações 
não poderá exceder o prazo de 10 anos. 
 
 
 
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Crítica sobre o prazo do §3º do art. 22: 
Sanção de “duvidosa constitucionalidade, uma vez que a imensa maioria dos crimes ambientais não 
tem p.p.l. superior a 3 anos. [...] Assim, se o legislador comina uma pena máxima de 3 anos para 
determinado delito, entendendo esse patamar como suficiente para a prevenção e reprovação do 
crime, o que justificaria aplicar, para a mesma infração, uma pena de 10 anos de restrição de 
direitos? 
Em obediência aos princípios da proporcionalidade (razoabilidade) e da individualização da pena, 
cremos, portanto, que esse patamar máximo de 10 anos deve ser desconsiderado, devendo esta 
p.r.d. seguir os limites máximos da p.p.l. cominada para a infração.” (LFGeSM) 
 
3. Penas aplicáveis às pessoas jurídicas (4 Prestações de serviços) 
 
“Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa jurídica consistirá em: 
 
I. custeio de programas e de projetos ambientais; 
II. execução de obras de recuperação de áreas degradadas; 
III. manutenção de espaços públicos; 
IV. contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.Obs1: por óbvio, é diferente da prestação de serviço da PF. 
Obs2: Não tem limites cominados >> limites da PPL cominada à infração. 
Obs3: Os incs. I, II e IV podem ser fixados em valores a serem pagos de uma só vez, não se falando, 
nessas hipóteses, em prazo de cumprimento. E quais seriam esses valores? Para parte da doutrina, 
não pode superar o limite estabelecido para a pena de prestação pecuniária (art. 12), de 1 a 360 
salários mínimos. 
 
4. Pena de Morte da Empresa! 
 
“Art. 24. A PJ *constituída ou *utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou 
ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio 
será considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário 
Nacional. 
 
 
 
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Obs1: ⇈ Pena de morte ⇈ (cautela: apenas quando a PJ tiver como atividade principal a prática de 
crimes ambientais poderá ser extinta).” 
 
Qual é o mecanismo para a incidência? 
1ª corrente: efeito da condenação criminal. Reclama expresso pedido na denúncia e motivação na 
sentença. (Delmanto) 
 
2ª corrente: ação penal ou ACP proposta pelo MP. (Vladimir P. de Freitas) 
Obs2: Não se confunde com o art. 4º da LCA , que prevê a Desconsideração da Personalidade 
Jurídica. 
 
5. Desconsideração da Personalidade Jurídica 
 
“Art. 4º. Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo 
ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.” 
 
Obs1: É instituto relacionado à responsabilidade civil e administrativa. Portanto, não é sanção penal, 
nem efeito da condenação [≠Édis Milaré]. 
 
Obs2: No direito ambiental, a medida independe do abuso de direito e da atuação com excesso de 
poderes por parte dos sócios/administradores. 
Basta a verificação de insuficiência patrimonial da PJ para reparar ou compensar os prejuízos por ela 
causados à qualidade do meio ambiente. 
 
Obs3: NCPC, arts. 133-137. 
 
6. Sursis Simples nos Crimes Ambientais 
 
LCA CP 
Art. 16. Nos crimes 
previstos nesta Lei, a 
suspensão condicional 
da pena pode ser 
aplicada nos casos de 
condenação a p.p.l. não 
superior a três anos. 
Art. 77. A execução da p.p.l, não 
superior a dois anos, poderá ser 
suspensa, por dois a quatro 
anos, desde que: I. o condenado 
não seja reincidente em crime 
doloso; II. a culpabilidade, os 
antecedentes, a conduta social e 
 
 
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personalidade do agente, bem 
como os motivos e as 
circunstâncias autorizem a 
concessão do benefício; III. Não 
seja indicada ou cabível a 
substituição prevista no art. 44 
deste Código. 
 
 
7. Sursis Especial (reparação do dano) nos Crimes Ambientais 
 
LCA CP 
Art. 17. A verificação da 
reparação a que se 
refere o § 2º do art. 78 
do CP será feita 
mediante laudo de 
reparação do dano 
ambiental, e as 
condições a serem 
impostas pelo juiz 
deverão relacionar-se 
com a proteção ao meio 
ambiente. 
Art. 78, §2°. Se o condenado 
houver reparado o dano, salvo 
impossibilidade de fazê-lo, e se 
as circunstâncias do art. 59 
deste Código lhe forem 
inteiramente favoráveis, o juiz 
poderá substituir a exigência do 
parágrafo anterior [§ 1º. No 
primeiro ano do prazo, deverá o 
condenado prestar serviços à 
comunidade ou submeter-se à 
limitação de fim de semana] 
pelas seguintes condições, 
aplicadas cumulativamente: a) 
proibição de frequentar 
determinados lugares; b) 
proibição de ausentar-se da 
comarca onde reside, sem 
autorização do juiz; c) 
comparecimento pessoal e 
obrigatório a juízo, 
mensalmente, para informar e 
justificar suas atividades. 
 
 
8. Sursis Etário e Humanitário nos Crimes Ambientais E transação penal 
 
CP, art. 77, §2º (LCA, art. 79). A execução da p.p.l., não superior a 4 anos, poderá ser suspensa, por 4 
a 6 anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde 
justifiquem a suspensão. 
 
 
 
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Obs: Aplicam-se subsidiariamente as normas do CP sobre sursis (revogação obrigatória ou facultativa; 
à prorrogação do período de prova etc.). 
 
LCA, art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação imediata 
de p.r.d. ou multa, prevista no art. 76 da Lei 9.099/95, somente poderá ser formulada desde que 
tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em 
caso de comprovada impossibilidade. 
 
É possível a transação se o infrator não reparou o dano? 
=> Sim, porque a lei não exige a reparação do dano, mas exigiu a prévia composição do dano, que 
muitas vezes se dá por meio de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). 
 
E se a transação é cumprida mas o infrator deixa de reparar o dano? Entra em cena a SV 35 (A 
homologação da transação penal prevista no art. 76 da LJE não faz coisa julgada material e, 
descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao MP a continuidade 
da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial)? 
=> Não é possível, porque o infrator já compôs o dano, por meio do ajustamento de conduta. Caberá 
ao MP, diante da não reparação do dano, executar o acordo efetuado. 
 
9. Suspensão Condicional do Processo nos Crimes Ambientais 
 
“Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei 9.099/1995, aplicam-se aos crimes de menor potencial 
ofensivo definidos nesta Lei, com as seguintes modificações: 
=> Guarda relação com crimes de médio potencial ofensivo. 
 
I. a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o § 5° do art. referido no caput, dependerá 
de laudo de constatação de reparação do dano ambiental, ressalvada a impossibilidade prevista no 
inciso I do § 1° do mesmo artigo; 
 
II. na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter sido completa a reparação, o prazo de 
suspensão do processo será prorrogado, até o período máximo previsto no artigo referido no caput, 
acrescido de mais um ano, com suspensão do prazo da prescrição; 
 
 
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III. no período de prorrogação, não se aplicarão as condições dos incisos II, III e IV do § 1° do artigo 
mencionado no caput; [proibição de frequentar determinados lugares; de ausentar-se da comarca 
onde reside, sem autorização do Juiz; comparecimento pessoal e obrigatório a juízo...] 
 
IV. findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavratura de novo laudo de constatação de 
reparação do dano ambiental, podendo, conforme seu resultado, ser novamente prorrogado o 
período de suspensão, até o máximo previsto no inciso II deste artigo, observado o disposto no 
inciso III; [e a suspensão da prescrição?] 
=> Como o legislador não previu, há amplo entendimento de que não ocorre neste caso. 
 
V. esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração de extinção de punibilidade dependerá de 
laudo de constatação que comprove ter o acusado tomado as providências necessárias à reparação 
integral do dano.” 
 
Obs: prazo máximo do período de prova: 14 anos! (após esse período, fica inviável qualquer 
instrução processual efetiva. Importante, por isso mesmo, a produção antecipada de provas 
urgentes). 
 
10. Apreensão e Venda de Instrumentos da Infração 
 
Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e instrumentos, lavrando-se os 
respectivos autos. §5º. Os instrumentos utilizados na prática da infração serão vendidos [...]. 
 
1ª corrente: Quaisquer instrumentos utilizados para a prática da infração ambiental podem ser 
apreendidos e vendidos, sejam ou não permitidos o seu porte, fabrico ou alienação (Capez). 
 
2ª corrente: A regra do art. 25, § 5º, não é absoluta, e deve observar se a utilização do instrumento é 
reiterada em crime ambiental e se há proporcionalidade entre o valor do proveito e do bem. “Os 
objetos que devem ser confiscados são apenas aqueles usualmente utilizados na prática de delitos 
ambientais. Umobjeto lícito, que muitas vezes representa o sustento do agente e de sua família, não 
pode ser confiscado porque, esporadicamente, foi utilizado irregularmente e caracterizou a prática 
de um delito ambiental. É preciso fazer a distinção, para não haver injustiças e abusos. Motosserras 
utilizadas por madeireiras clandestinas, barcos utilizados por pesqueiros ilegais devem, sem dúvida, 
 
 
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ser confiscados; mas um barco de um humilde pescador, que eventualmente pescou peixes além da 
quantidade permitida, não tem necessidade de ser confiscado.” (LFGeSM) 
 
11. Diversas Observações Processuais 
 
“Art. 26. Nas infrações penais previstas nesta Lei, a APn é pública incondicionada.” 
 
É cabível HC em favor de PJ acusada de delito ambiental? 
Não. É cabível MS. HC não socorre a PJ, na qualidade de paciente, eis que restrito à liberdade 
ambulatorial. (STJ, RHC 16762/MT). 
 
Os crimes ambientais são compatíveis com o princípio da insignificância? 
 
1ª (Impossibilidade): “bem jurídico tutelado e os princípios da prevenção e precaução que regem o 
direito ambiental” (TRF-3, RSE 2004.61.24.001001-8). 
2ª: “Esta Corte tem entendimento pacificado no sentido de que é possível a aplicação do 
denominado princípio da insignificância aos delitos ambientais, quando demonstrada a ínfima 
ofensividade ao bem ambiental tutelado (AgRg no AREsp 1051541/ES, DJe 04/12/2017) 
 
12. Diversas Observações Processuais 
 
Como se realiza o interrogatório da Pessoa Jurídica? 
 
Profa. Ada (incialmente): interrogatório como meio de prova > deveria ser aplicado, por analogia, o 
disposto no art. 843, §1º, da CLT, que permite o depoimento do preposto da empresa, que tenha 
conhecimento do fato. 
Profa. Ada (com a L. 10.792/03): > interrogatório como meio de defesa > passou a entender que deve 
ser interrogado o gestor da empresa, que é quem tem interesse em realizar a defesa da PJ, devendo-
se observar todas as garantias constitucionais (presunção de inocência, direito ao silêncio etc.). 
 
E se o gestor também for réu no processo? 
 
 
 
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Serão realizados dois interrogatórios: um em sua defesa e outro em nome da PJ. Não se pode cogitar 
de um único interrogatório, por economia processual, tendo em vista o art. 191 do CPP (Havendo 
mais de um acusado, serão interrogados separadamente). 
 
E se houver conflito de interesses entre o gestor e a Pessoa Jurídica? 
 
“Se houver colidência de interesses entre as defesas da sociedade e do diretor, este não poderá 
representá-la no ato de interrogatório. [...]. Acaso haja incompatibilidade entre as defesas do diretor 
do qual emanou a ordem e da pessoa jurídica, por certo nesse processo a sociedade não será 
interrogada, a não ser que exista outro administrador integrante do colegiado, que não tenha sido 
acusado.” (TRF-4, MS 2002.04.01.013843-0, DJ 26.02.2003) 
 
33. Competência 
 
Em regra: 
 
Justiça Estadual (STJ, CC 88.013), uma vez que a proteção do meio ambiente é de competência 
comum da União, dos Estados e dos Municípios, e não há regra constitucional ou legal que determine 
a Justiça competente (STJ, REsp 200200848713). 
Súmula 91 do STJ: compete à JF processar e julgar os crimes praticados contra a fauna. 
 
Excepcionalmente: 
Justiça Federal: se o delito ambiental causar dano direto e específico a interesse da União ou de suas 
entidades; 
- se o delito atingir apenas interesse genérico e indireto daqueles entes, a competência será da 
Justiça Estadual. 
 
>>CASUÍSTICA>> 
 
14. Competência da Justiça Estadual 
 
*Crime cometido em áreas de patrimônio nacional (CR, art. 225, §4º), a saber, a Mata Atlântica (STF, 
RE 299.856, e RE 300.244), a Floresta Amazônica, a Serra do Mar e o Pantanal Mato-Grossense, que 
não são considerados patrimônio da União (STJ, REsp 610.015); 
 
 
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*Crimes contra a “fauna praticados em rios estaduais é da JE, ainda que com a utilização de 
petrechos proibidos em normas federais” (STJ, CC 36594/RS). 
 
*“O fato de o IBAMA ser responsável pela administração e a fiscalização da APA, conforme 
entendimento desta Corte Superior, não atrai, por si só, a competência da Justiça Federal. 
 
15. Competência da Justiça Federal 
 
*Crime ocorrido em UC federal, como parques nacionais (STJ, CC 88.013); 
*Crime praticado em ilha costeira de propriedade da União; 
*Crime ocorrido em terreno de marinha, por se tratar de bem da União (STJ, AGREsp 942.957); 
*Quando o delito ocorrer em águas de propriedade da União (CR, art. 20, III e VI), especificamente: 
a) em rio interestadual (STJ, CC 35.058); b) em lago de usina hidrelétrica formado por rios 
interestaduais (STJ, CC 45.154); c) no mar territorial brasileiro (STJ, CC 33.333); 
*Crime ambiental envolvendo espécie da fauna em perigo de extinção, tendo em vista o manifesto 
interesse do IBAMA, já que lhe incumbe, além de elaborar o levantamento e a listagem dos animais 
em vias de extermínio, a concessão de autorização prévia para a captura e a criação de tais 
espécimes (STJ, CC 37.137). 
*Crime ocorrido em terras indígenas (TRF1, RCCR 200642000016992), como no caso em que havia 
indícios de que a madeira fora retirada de reserva indígena (TRF1, RSE 200437010000945). 
*Quando presente a internacionalidade, como p. ex.: no caso dos delitos dos arts. 30, 31 e 29, III, 
caracterizando o tráfico internacional de animais (TRF4, AC 200671150010947). 
 
=> Crimes em espécie: 
1. Crime do art. 29 
 
Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar ↓espécimes da fauna silvestre↓, nativos ou em rota 
migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em 
desacordo com a obtida: Pena. detenção de 6 meses a 1 ano, e multa. 
 
Obs1: Se o agente possuir a permissão, licença ou autorização e agir dentro dos limites concedidos, 
não haverá crime >> ex. reg. dir. (CP, art. 23, III). 
 
 
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Obs2 (objeto material): É a fauna silvestre, terrestre e aquática, em qualquer fase de 
desenvolvimento (ovos, larvas, filhotes, adultos): § 3º. “São espécimes da fauna silvestre todos 
aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, 
que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, 
ou águas jurisdicionais brasileiras.” Exs.: aves, mamíferos, répteis, anfíbios. 
Obs2: animais domésticos ou domesticados, cães p.ex. 
Cuidado! “Os insetos também estão protegidos pela legislação penal, por serem considerados 
animais. Possuem o corpo constituído por anéis ou segmentos que os dividem em três partes: 
cabeça, tórax e abdome. Entre os insetos estão, p.ex., as borboletas (...), as abelhas (...), os grilos (...) 
e as cigarras (...)”. (Vladimir & Gilberto Passos de Freitas) 
=> Embora os insetos incluam-se na fauna, pode-se aplicar o princípio da bagatela. Ex: Matar uma 
abelha. 
 
2. Crime do art. 29 
 
O tipo utiliza a expressão espécimes, no plural. E se a conduta atingir um único animal o fato é típico? 
 
1ª Corrente (VERG&JPBJr): Embora a lei faça referência a espécimes, no plural, é de se entender 
como típica a morte ou aprisionamento de um só animal. 
2ª Corrente (Milaré + Delmanto + LRPrado): Como o tipo penal utiliza a expressão espécimes, no 
plural, se a conduta atingir um único animal o fato é atípico. 
=> Corrente doutrinária majoritária. 
 
Figuras derivadas do § 1º. Incorre nas mesmas penas: 
 
I. quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida; 
II. quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural; 
III. quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou 
transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como 
produtos [botas e roupas com couro de jacaré] e objetos [penas] delaoriundos, provenientes de 
criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade 
competente. [busca-se evitar o comércio ilegal]. 
 
 
 
 
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3. Crime do art. 29 
 
§2º. No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, 
pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. 
Ex.: Animal silvestre como bicho de estimação (papagaio) > não ameaçado de extinção > 
circunstâncias judiciais favoráveis > perdão judicial. 
 
§6º. As disposições deste artigo não se aplicam aos atos de pesca.” 
O art. 29 alcança a fauna silvestre aquática [exemplos: *matar tartarugas marinhas que estejam na 
praia: 29, caput; vender ou exportar seus ovos, filhotes ou cascos: 29, §1º, III]. 
Contudo, os crimes de pesca estão tipificados, separadamente, nos arts. 34, 35 e 36 (considera-se 
pesca). 
 
4. Crime do art. 29 
 
§ 4º. A pena é aumentada “”de metade, se o crime é praticado: 
 
I. contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que somente no local da infração; 
II. em período proibido à caça; 
III. durante a noite; 
IV. com abuso de licença; 
V. em unidade de conservação; 
VI. com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar destruição em massa. 
 
§ 5º. A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do exercício de caça profissional. 
Caça profissional é a exercida com habitualidade, intenção de lucro e de forma predatória (ex.: 
caçadores de jacarés, no Pantanal). 
 
5. Art. 37 
 
“Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado: 
 
I. em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família; 
 
 
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II. para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais, desde 
que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente; 
III. Vetado 
IV. por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente.” 
 
I = estado de necessidade 
II e IV = exercício regular de direito. 
 
6. Art. 37 
 
=> Questões: 
 
(FCC) Pedro, em estado de necessidade, para saciar sua fome e de sua família, composta por esposa 
e cinco filhos, abateu animal da fauna amazônica. Segundo a LCA, tal fato: 
a) é tipificado como crime. 
b) é tipificado como contravenção penal. 
c) é tipificado como crime, sendo a situação descrita circunstância atenuante da pena. 
d) não é considerado crime. 
e) é tipificado como crime, sendo a ação penal neste caso pública condicionada à representação. 
R: Alternativa D. 
 
(Cespe) Com relação aos crimes contra o meio ambiente, a fauna e a flora, assinale a opção correta. 
a) Abater um animal para proteger lavoura é um ato que independe de autorização. 
b) O abate de animal, ainda que este seja considerado nocivo pelo órgão competente, é considerado 
crime. 
c) Os crimes contra a fauna praticados durante a noite, aos sábados e aos domingos aumentam as 
respectivas. 
d) Se um indivíduo, em estado de necessidade, abate um animal para saciar a sua fome, sua conduta 
não será considerada crime. 
R: Alternativa D. 
 
 
 
 
 
 
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7. Crime do art. 30 
 
Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios [sapos] e répteis [crocodilos, cascavel] em 
bruto, sem a autorização da autoridade ambiental competente: Pena. reclusão, de um a três anos, e 
multa. 
 
Obs1: A exportação devidamente autorizada será atípica. 
Obs2: “em bruto” (in natura; sem manufatura ou transformação em produtos ≠ art. 29, 1º, III). 
Obs3: Não está abrangida a comercialização nacional (tráfico interno) de peles e couros de anfíbios e 
répteis. Pergunta: Mas, nesses casos, há crime? Sim, do art. 29, § 1º, III. 
Obs4: Crime de competência da JF. 
 
O tipo reclama a intenção de lucro? 
Não. Logo, cometerá o crime alguém que (p.ex.), gratuitamente, encaminhe couros de jacaré para 
amigos nos EUA, a fim de que sejam utilizados na confecção de roupas. 
 
Necessária diferenciação: 
*Se o agente exporta a pele ou couro de anfíbios e répteis em bruto (in natura): 
=> crime do art. 30; 
*Se o agente exporta produtos ou objetos confeccionados com a pele ou o couro dos anfíbios e 
répteis (ex. bolsas e sapatos de jacaré): 
=> crime do art. 29, §1º, III. (pena menor) 
 
8. Crime do art. 31 
Art. 31. Introduzir espécime animal no País [= importar], sem parecer técnico oficial favorável e 
licença expedida por autoridade competente: 
Pena. detenção, de três meses a um ano, e multa. 
 
Obs1 (objeto material): espécime animal [toda e qualquer]. 
Obs2: Mero transporte dos espécimes dentro do território nacional. 
Obs3: JF. 
Obs4 (objeto jurídico): O equilíbrio ambiental e a incolumidade pública. 
“Se o animal exótico não tiver predador no Brasil, poderá ter uma disseminação exagerada. Poderá 
também ser um predador voraz e exterminar espécimes aqui existentes. Por outro lado, a introdução 
 
 
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de animais destinados ao consumo humano, sem fiscalização e parecer das autoridades 
competentes, pode comprometer seriamente a saúde da população. Cite-se, por exemplo, o mal da 
vaca louca e a gripe aviária, que acometem alguns animais exóticos.” (Luiz Flávio Gomes) 
 
9. Crime do art. 32 
 
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou 
domesticados, nativos ou exóticos: Pena. detenção, de três meses a um ano, e multa. 
 
Obs1: CR, art. 225, § 1º. [...] incumbe ao Poder Público: VII. proteger a fauna e a flora, vedadas, na 
forma da lei, as práticas que [...] submetam os animais a crueldade. 
Obs2: Já se entendeu cruéis as seguintes práticas: farra do boi (RE 153.531), as rinhas de galo (ADI 
3.776) e as vaquejadas (ADI 4.983). 
 
Ativismo congressual: efeito backlash 
 
CR, art. 225, § 7º (EC 96/17). Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, 
não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam 
manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como 
bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas 
por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. 
https://www.dizerodireito.com.br/2017/06/breves-comentarios-ec-962017-emenda-da_7.html 
 
O art. 64 da LCP está revogado? [Art. 64. Tratar animal com crueldade ou submetê-lo a trabalho 
excessivo ...]. 
Sim: VERGeJPBJr + Lélio Braga Calhau. 
Não: Nucci + Sirvinskas: o art. 32 somente protegeria os animais silvestres. Por isso, o art. 64 
continuaria em vigor, devendo ser aplicado aos maus-tratos contra animais não silvestres (ex.: cães). 
 
[10] Crime do art. 32 
 
§1º. Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que 
para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos. 
 
https://www.dizerodireito.com.br/2017/06/breves-comentarios-ec-962017-emenda-da_7.html
 
 
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[incrimina-se a vivissecção: a experiência em animal vivo] 
“Nem mesmo cientistas e professores estão, portanto, autorizados a causar sofrimentos 
desnecessários nos animais, se dispuserem de recursos alternativos para realizar suas aulas, 
pesquisas e estudos. Apenas quando for inevitável a utilização de animais (não houver nenhum 
recurso alternativo) e quando o objetivo da experiência revelar um interesse socialmente mais 
relevante do que a proteção da integridade física do animal é que será lícita a vivissecção.” (LFG&SM) 
Mesmo assim, observando-se o disposto no art. 14, § 5º, da Lei 11.794/08: “experimentos que 
possam causar dor ou angústia desenvolver-se-ão sob sedação, analgesia ou anestesia adequadas”. 
 
=> Questão: 
(MP-SC – Promotor de Justiça): “Somente com a presença do professor da disciplina especifica é 
admitida, nos estabelecimentosde ensino fundamental, a prática da vivissecção de animais.” 
=> R: Falso 
 
11. Crime do art. 32 
 
§2º. A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal. 
 
LFGeSM: 
“No caso de animais silvestres, apenas se aplica a causa de aumento de pena se a morte do animal 
for culposa (crime preterdoloso). 
 
 Se o agente pretende, com os maus-tratos ou crueldade, matar o animal, haverá o delito do art. 29, 
caput, com a agravante do art. 15, II, m (emprego de método cruel). 
 
No caso de animais domésticos, domesticados ou exóticos, o crime pode ser doloso ou preterdoloso, 
aplicando-se a majorante ainda que o agente tenha praticado os maus-tratos ou abuso com a 
intenção de provocar a morte do animal.” 
 
12. Crime do art. 49 
 
Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de 
ornamentação de logradouros públicos [praças, parques etc.] ou em propriedade privada alheia: 
Pena: detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. 
 
 
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Obs1: destruir plantas ornamentais de sua própria propriedade. 
 
Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de 1 a 6 meses, ou multa. 
 
Obs2: Inconstitucionalidade: “Em função do princípio da intervenção mínima, não se pode admitir 
um tipo penal incriminador que diga respeito a, por exemplo, maltratar plantas ornamentais de 
forma culposa, sem qualquer intenção, mas em virtude de pura negligência. Seria o ápice do abuso 
do Estado no intervencionismo na vida privada de cada um.” (Nucci) 
 
Obs3: Miguel Reale Jr: 
“Para total espanto, admite-se também a forma culposa. Assim, tropeçar e pisar por imprudência na 
begônia do jardim do vizinho é crime.” 
 
13. Crime do art. 54 
 
“Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em 
danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa 
da flora: Pena. reclusão, de 1 a 4 anos, e multa. 
 
Trata-se de crime formal e de perigo abstrato? 
 
“A LCA deve ser interpretada à luz dos princípios do desenvolvimento sustentável e da prevenção, 
indicando o acerto da análise que a doutrina e a jurisprudência têm conferido à parte inicial do art. 
54 da Lei n. 9.605/1998, de que a mera possibilidade de causar dano à saúde humana é idônea a 
configurar o crime de poluição, evidenciada sua natureza formal ou, ainda, de perigo abstrato.” 
(AgRg no AREsp 956.780/AM, 5ªT.STJ, DJe 05/10/2016). 
 
“A ausência de indicação do efetivo dano à saúde das pessoas não implica o reconhecimento de falta 
de justa causa, porquanto a conduta tipificada no art. 54 da Lei n. 9605/98 se trata de crime formal, 
que não exige resultado naturalístico.” (RMS 50.393/PA, 5ªT.STJ, DJe 20/09/2017) 
 
- ≠Casos de mortandade de animais ou destruição significativa da flora = resultado naturalístico 
(dano). 
 
 
 
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14. Crime do art. 54 
 
Diz o tipo: “poluição de qualquer natureza” (atmosférica; hídrica; do solo). Abarca a poluição sonora? 
 
“CRIME AMBIENTAL. ... PESSOA JURÍDICA. POLUIÇÃO SONORA. [...] 1. A emissão de som, quando 
em desacordo com os padrões estabelecidos, provocará a degradação da qualidade ambiental. 2. A 
conduta narrada na denúncia mostra-se plenamente adequada à descrição típica constante no art. 
54, caput, e § 2º, I [‘Se o crime: I. tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação 
humana;’], da Lei n. 9.605/98, c/c o art. 3º, III, da Lei n. 6.938/81, pois descreve a emissão pela 
pessoa jurídica de ruídos acima dos padrões estabelecidos pela NBR 10.151, causando, por 
conseguinte, prejuízos à saúde humana, consoante preconiza a Resolução do Conama n.01/1990.” 
(AgRg no REsp 1442333/RS, 6ªT.STJ, DJe 27/06/2016) 
 
15. Crime do art. 54 
 
 
Obs (em qualquer caso): A poluição deve ser causada em níveis tais que 
- resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, 
- ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora. 
 
Caso contrário, mesmo havendo poluição, não haverá crime. 
 
Não se adequa “ao tipo penal a conduta de poluir, em níveis incapazes de gerar prejuízos aos bens 
juridicamente tutelados [...]. Não resta configurada a poluição hídrica, pois mesmo que o 
rompimento do talude da lagoa de decantação tenha gerado a poluição dos córregos referidos na 
denúncia, não se pode ter como ilícita a conduta praticada, pois o ato não foi capaz de gerar efetivo 
perigo ou dano para a saúde humana, ou provocar a matança de animais ou a destruição significativa 
da flora, elementos essenciais ao tipo penal.” (RHC 17.429/GO, 5ªT.STJ, DJ 01/08/2005). 
 
 Em consequência: 
 
16. Crime do art. 54 
 
 Se a poluição sonora não for em níveis que possa prejudicar a saúde humana: 
 
 
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- Contravenção de perturbação do trabalho ou sossego alheio (LCP, art. 42). 
 
A emissão de gás, fumaça ou vapor que não resulte ou possa resultar em dano à saúde humana, nem 
tampouco provoque a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora: LCP, art. 38. 
 
17. Crime do art. 54 
 
“§ 3º. Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de adotar, quando 
assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental 
grave ou irreversível.” 
 
Obs: Consagra o princípio da precaução. 
 
O dano preexistente afasta o crime? 
 
Não afasta! “O dano grave ou irreversível que se pretende evitar com a norma prevista no artigo 54, 
§ 3º, da Lei nº 9.605/98 não fica prejudicado pela degradação ambiental prévia. O risco tutelado 
pode estar relacionado ao agravamento das consequências de um dano ao meio ambiente já 
ocorrido e que se protrai no tempo.” (HC 90023, 1ªT.STF, DJe-157 de 07-12-2007) 
=> Ex: Lixão preexistente a mandato de Prefeito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL 
Lei de Abuso de Autoridade I 
Renato Brasileiro 
Aula 02 
 
 
ROTEIRO DE AULA 
 
 
ABUSO DE AUTORIDADE 
(Lei n. 13.869/19, de acordo com o Pacote Anticrime – Lei n. 13.964/19) 
 
1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS ACERCA DA ORIGEM DA NOVA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE 
 
- A origem da Lei de Abuso de Autoridade está diretamente relacionada com os desdobramentos da Operação 
Lava Jato. Para muitos integrantes do Congresso Nacional seria necessário algum instrumento legal para frear 
o ímpeto da Polícia; do Ministério Público e do Judiciário. 
 
- Por mais que seja verdadeiro o fato de que o Congresso Nacional tenha aprovado a lei com a intenção de 
inibir a atividade persecutória do Estado, também é verdade que a antiga Lei de Abuso de Autoridade já estava 
ultrapassada (Lei nº 4898/95), tanto que a única pena privativa de liberdade contida na lei era a de 10 dias a 
6 meses, contida no Art. 6º. Daí se concluir que todos os crimes previstos na lei revogada eram de competência 
do Juizado Especial Criminal (JECRIM), já que se enquadravam na categoria de infrações de menor potencial 
ofensivo. 
 
- O maior problema da Lei de Abuso de Autoridade era em matéria de prescrição, já que uma pena como a do 
Art. 6º tinha prazo prescricional de 03 anos. 
 
 
 
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RENATO BRASILEIRO: a despeito da já citada motivação do Congresso Nacional para aprovar a nova lei, deve-
se reconhecer que esta foi editada em boa hora, visto que contribui para a diminuição de muitas condutas 
indesejáveis, como aqueles que espetacularizam o Processo Penal (ex.: exposição desnecessária do preso pelo 
policial ou promotor) 
 
Revogada Lei n. 4.898/65 
 
Art. 6º (...) 
§3º A sanção penal será aplicada de acordo com as regras dos arts. 42 a 56 do Código Penal e consistirá em: 
(...) 
b) detenção por 10 dias a seis meses; 
(...) 
 
2. BEM JURÍDICO TUTELADO 
 
- Quando o legislador criminaliza determinadas condutas como a decretação

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