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Resumo: 2ª avaliaçãoGabriela França de O. Pedral Capítulo 1 – Introdução à economia (Manual da USP) Observações iniciais Alguns problemas econômicos - Os problemas econômicos estão presentes a todo instante de nossas vidas, com questões rotineiras (por que a alta no preço do cafezinho reduz a demanda de açúcar?) ou complexas (por que a renda nacional cresceu do ano pós-guerra até 1980 acima de 7% ao ano, superando o Japão, e então praticamente estacionou?). Métodos de investigação da ciência econômica 3.1 Teoria e métodos de investigação científica a) Definição: Teoria pode ser entendida como um conjunto de ideias sobre a realidade analisadas de forma interdependente. b) Componentes das teorias: significado das ideias da teoria; argumentos para sustentar a teoria; hipóteses de como as coisas da realidade funcionam. c) Modelos: representação das principais características dos componentes de uma teoria. d) Métodos de análise: os métodos se caracterizam pelo raciocínio lógico e são classificados em indutivo e dedutivo. - Indutivo: fatos específicos -> conclusões gerais. Feito com experiências do dia a dia. - Dedutivo: conclusões gerais -> fatos específicos. A conclusão final pode ser válida, mas não necessariamente verdadeira. 3.2 Natureza da investigação na Ciência Econômica - Investigação científica: relacionar questões formuladas sobre o comportamento dos fenômenos e a sua evidência empírica (se a evidência for pequena ou nula torna-se impossível padronizar o comportamento do fenômeno. Caso isso aconteça, as hipóteses precisam ser reformuladas). - Em ciências como a Economia, não é possível reproduzir fenômenos em laboratório – é preciso esperar pelo tempo para desenvolver observações que futuramente serão utilizadas como evidências no teste de hipóteses. - A investigação econômica procura testar a estabilidade do comportamento humano. - Esse caráter estável se dá pelo fato de ser possível gerar observações com certa margem de erro aceitável. - Há uma dificuldade em se prever o comportamento de um indivíduo isolado dentro de um grupo, somente permitindo determinar a tendência estável do grupo em geral. - Lei dos grandes números: quanto maior o número de casos favoráveis em relação ao número total de casos possíveis de ocorrer, maior será a probabilidade da tendência geral do comportamento da coletividade e maior será a chance de se repetirem os casos tomados ao acaso. - O comportamento humano apresenta um caráter estável por conta da determinação da maior chance associada à tendência das ações da maioria da coletividade. - Vantagem da Economia sobre as outras ciências sociais: o comportamento econômico é o mais estável. - Caso essas leis que explicam o comportamento humano sejam comprovadas pelas evidências, elas passam a fazer parte da Teoria Econômica. Baseados nos postulados da Teoria Econômica formulam-se hipóteses a respeito de como qualquer realidade se comporta. - Por fim, as hipóteses são confrontadas com os dados coletados da observação da realidade. Desse confronto, segue-se um caminho: ou a teoria explica satisfatoriamente o comportamento da realidade ou uma teoria mais adequada deve ser formulada. - Natureza dos argumentos pertinentes à Teoria Econômica: esses argumentos são classificados em positivos e normativos. - Argumentos positivos: o que é, foi ou será. Podem ser confrontados com fatos da realidade. - Argumentos normativos: o que deveria ser. São impregnados de critérios filosóficos, religiosos ou culturais. Carregados de valores subjetivos que procuram infundir a ideia do que é bom ou ruim. - A Economia só se interessa, primordialmente, pelos argumentos positivos. Concepções e definições sobre Ciência Econômica - Entre os séculos 18 e 19, a Economia construiu seu núcleo científico, estabeleceu sua área de ação e delimitou suas fronteiras com outras ciências sociais. - Esse núcleo científico fundamentou-se em um volume de leis econômicas através das quais os economistas procuraram interpretar os principais fenômenos da atividade econômica. - Essas leis foram baseadas em concepções mecanicistas, organicistas e humanas. - Grupo organicista: Economia se comporta como um organismo vivo. Utilizavam terminologia biológica para explicar os problemas econômicos (órgãos, circulação, fluxo, etc). - Grupo mecanicista: Leis da economia como leis da física. Utilizavam a terminologia da física (estática, dinâmica, velocidade, forças, etc). - Hoje, as concepções organicista e mecanicista foram ultrapassadas pela concepção humana da Economia. - Concepção humana: coloca no plano superior os móveis psicológicos da atividade humana. Isso, pois é quase impossível se fazer análises puramente frias e numéricas, isolando as complexas reações do homem no contexto das atividades econômicas. Dessa forma, o economista só precisa determinar o sentido geral de causa e efeito. 4.1 Autonomia e inter-relação com as demais ciências - É muito difícil separar os fatores essencialmente econômicos dos fatores extra econômicos, pois todos são significativos para o exame de qualquer sistema social. Por isso, a autonomia de cada um dos ramos das Ciências Sociais não deve ser confundida com um total isolamento. - Cada ciência observa e analisa a realidade segundo sua própria lógica formal – porém, as visões sobre o mesmo objeto acabam se relacionando. - Economia e Política: Sendo a política a arte de governar, é natural que esse poder tente exercer o domínio sobre a coisa econômica (os grupos de dominação procuram interferir numa distribuição de renda que lhes seja conveniente). - Economia e História: Os próprios sistemas econômicos estão condicionados à evolução histórica da civilização. A pesquisa empírica sobre os fatos econômicos é levada adiante a partir do registro histórico das informações sobre a realidade que se propõe a analisar. A história do ambiente enriquece os resultados analíticos. - Economia e Geografia: Os acidentes geográficos interferem no desempenho das atividades econômicas. Além disso, as divisões regionais são muitas vezes utilizadas para explicar questões econômicas. - Economia e Sociologia: A dinâmica da mobilidade social entre as diversas classes de renda é um objeto de trabalho da ciência econômica. - Economia e Matemática/Estatística: Muitas relações de comportamento podem ser expressas através de funções matemáticas. Utilização da lógica e das probabilidades. Objeto da Ciência Econômica. A Lei da Escassez. - Lei da Escassez: Produzir o máximo de bens e serviços a partir dos recursos escassos disponíveis a cada sociedade. - Não havendo o problema da escassez, não faz sentido se falar em desperdício ou em uso irracional dos recursos e na realidade só existiriam “bens livres” (bastaria fazer um pedido e um carro apareceria de graça). - A escassez dos recursos disponíveis gera a escassez dos bens econômicos: somente existirá escassez se houver uma procura para a aquisição do bem. - O conceito de escassez deve ser entendido como a situação gerada pela razão de se produzir bens com recursos limitados, a fim de satisfazer as ilimitadas necessidades humanas. - Por que os bens são procurados/desejados? Um bem é procurado porque é útil (utilidade = capacidade que tem um bem de satisfazer uma necessidade humana). - Bem é tudo aquilo capaz de atender a uma necessidade humana. Podem ser materiais (podem ser atribuídas características físicas, ex.: relógio) ou imateriais (possuem caráter abstrato, ex.: hospedagem prestada) - Observação: Quase todos os serviços prestados são bens imateriais, pois acabam quase que simultaneamente à sua produção. - Necessidade humana é definida como qualquer manifestação de desejo que envolva a escolha de um bem econômico capaz de contribuir para a sobrevivência ou para a realização social do indivíduo. Essas necessidades renovam-se dia após dia e exigem contínuo suprimento dos bens para atendê-las. Além disso, existe a constante criação de novos desejos e necessidades. - A saturação das necessidadese dos desejos humanos está muito longe de ser alcançada. Por isso, o problema da escassez se renova. - Definição de economia: “Economia é o estudo da organização social, através da qual os homens satisfazem suas necessidades de bens e serviços escassos”. Fica claro que o objeto da Ciência Econômica é o estudo da escassez. Problemas econômicos básicos - Tríade de problemas econômicos básicos: o que produzir (quais e quantos produtos devem ser produzidos), como produzir (quais os recursos e qual o processo técnico), para quem produzir (para quem se destinará a produção). - Na realidade, existem ilimitadas necessidades e limitados recursos disponíveis. Por conta dessas restrições, a Economia deve optar por bens e processos técnicos capazes de transformar os recursos escassos em produção. 6.1 As opções tecnológicas. Conceitos de curva de transformação e custos de oportunidade. - A Economia é uma ciência ligada a problemas de escolha. Com a limitação do total de recursos capazes de produzir diferentes mercadorias impõe-se uma escolha para a produção entre mercadorias relativamente escassas. Exemplo: produção de carros e camisas em uma determinada economia. - Como distribuir os recursos disponíveis entre as possíveis linhas de produção? - Haverá sempre uma quantidade máxima de carros produzidos anualmente, quando todos os recursos forem destinados para a produção deles e nada à produção de camisas. O mesmo ocorre inversamente. Fora as quantidades máximas, existem infinitas possibilidades de combinações intermediárias entre carros e camisas a serem produzidos. - Essa situação pode ser representada em uma tabela ou gráfico: - Unindo-se os pontos tem-se a curva das possibilidades de produção ou curva de transformação: na medida em que se passa do ponto A para e B para C, e assim por diante, até chegar em F, em que se estará transformando carros em camisas. - Essa transformação não é física. Ocorre transferindo-se recursos de um processo de produção para outro. - Importância da curva de transformação: representa o fato de que uma Economia no pleno emprego precisa sempre desistir de produzir uma quantidade de um bem para produzir outro bem. - Custo de oportunidade: corresponde à perda do que não foi escolhido para a produção. É o sacrifício de se transferir recursos de uma atividade para outra. (Ex.: quando a curva está em B e passa para C, o custo de oportunidade seria o sacrifício de se deixar de produzir 20 mil carros). - As condições básicas para a existência do custo de oportunidade são: recursos limitados e pleno emprego dos recursos. - O que aconteceria se houvesse desemprego geral dos fatores (homens desocupados, terras inativas, fabricas ociosas...)? Os pontos de possibilidade de produção não se encontrarão sobre a curva de transformação, mas sim em algum lugar dentro da área determinada por ela (ponto P). - A produção em P significa 100 mil carros e 15 milhões de camisas. Para ocorrer a movimentação para o ponto C, os recursos ociosos devem ser colocados para trabalhar, aumentando a produção de carros e camisas de uma só vez. - O custo de oportunidade para o ponto P é zero, pois não há sacrifício algum para se produzir mais ambos os bens. 6.2 Mudanças na curva de transformação - Variações nos fatores considerados constantes determinarão um deslocamento da curva para a direita. - 1º: Quanto maiores forem as disponibilidades de recursos produtivos da economia, mais afastada da origem a curva estará. - 2º: Variações tecnológicas iguais para os processos de produção dos dois bens deslocarão a curva para a direita e paralelamente. - 3º: Porém, se a variação tecnológica for maior para o processo de produção do bem Y, maior será o deslocamento em relação a esse eixo. 6.3 Custos crescentes - A razão da curva de formação ser decrescente se deve ao fato de os recursos disponíveis serem limitados. O formato da curva mostra que se decresce a taxas crescentes – a substituição entre quantidades dos dois bens se torna cada vez mais difícil. - Esse fenômeno dos custos crescentes surge na medida em que se transfere recursos adequados e eficientes de uma atividade para outra em que eles se apresentam ineficientes e inadequados. Ex.: Caso se insista somente na produção de camisas, terá que se recorrer aos soldadores de chapas de aço para pregar mangas de camisas, ainda que poucos consigam realizar essa atividade. O problema da organização econômica - Por conta da limitação dos recursos produtivos e do nível tecnológico, as nações procuram organizar sua economia a fim de resolver os problemas econômicos (item 6) com o menor desperdício possível. - São duas as formas de organização econômica: a descentralizada (do tipo ocidental) e a centralizada (do tipo cubano ou chinês). 7.1 O sistema de preços numa economia de mercado - Não há a intervenção do governo. O Estado apenas participa da vida econômica com ações regulatórias, para o caso em que os conflitos privados não consigam soluções através do mercado. - O papel do governo é marginal, pouco expressivo. 7.1.1 O sistema privado de preços. Livre iniciativa. - Em um sistema de economia privada de livre iniciativa, nenhum agende econômico (indivíduo ou empresa) se preocupa em gerenciar o bom funcionamento do sistema de preços. Preocupam-se em resolver isoladamente seus próprios negócios e sobreviver na concorrência imposta pelos mercados (seja ela na compra e venda de produtos finais ou de fatores de produção). - Esse tipo de economia é baseado nos sinais dados pelos preços formados nos diversos mercados: todos correm riscos, mas riscos previstos. - Quando todos os indivíduos agem dessa forma egoísta, acabam contribuindo, involuntariamente, para o bem comum. - Os economistas do século 18 acreditavam que a ação de cada indivíduo era dirigida por uma “mão invisível”, a fim de contribuir para o bem-estar geral e para o bom funcionamento do sistema econômico. - A ação conjunta dos indivíduos permite que milhares de mercadorias sejam produzidas com um fluxo constante sem uma direção central. Tudo é realizado sem coação ou direção centralizada de qualquer organismo consciente. Dessa forma, é possível afirmar que um sistema de concorrência de mercados não é caótico ou anárquico. Pelo contrário, o sistema está em ordem e coordenação. Como funciona esse mecanismo de preços automático e inconsciente? - Quanto maior a procura, mais elevado o preço do bem ficará. Ex.: todos os homens de repente querem comprar mais camisas. Contudo, a quantidade disponível é limitada e inferior a procurada. Por esse motivo, a disputa entre os indivíduos acabará elevando o preço da camisa, eliminando da disputa aqueles que não tiverem meios de comprar. Com a alta do preço, mais camisas serão produzidas, podendo, posteriormente, ocorrer uma diminuição nos preços. - Quanto menor a procura, menos elevado o preço do bem ficará.Ex.: Se há um excesso de sapatos no mercado, além da quantidade procurada, seu preço abaixará devido à concorrência entre os vendedores. Um preço mais baixo estimulará o consumo de sapato e os produtores procurarão se ajustar a quantidade adequada, podendo elevar os preços posteriormente. - O desejo dos indivíduos determinará a magnitude da demanda, e a produção das empresas determinará a magnitude da oferta. - O mecanismo de preços é um sistema para alcançar o equilíbrio entre oferta e demanda. - Isso ocorre tanto no mercado de bens de consumo quanto no de fatores de produção (trabalho, terra e capital). Ex.: Se houver maior necessidade de economistas que de advogados, as oportunidades de trabalho serão mais favoráveis aos economistas; e além disso, o salário do economista tende a subir – enquanto o do advogado a cair. - Os problemas básicos da economia (item 6) podem ser resolvidos pela concorrência dos mercados e pelo mecanismo dos preços: o consumidor tende a maximizar a utilidade e o produtor, o lucro. Assim: - Quais bens serão produzidos?Será decidido pela procura dos consumidores no mercado, que tentará sempre maximizar a utilidade ou a satisfação. - Quanto produzir? Será determinado pela atuação dos consumidores e dos produtores no mercado com os ajustes dados pelo sistema de preços. - Como produzir? Será determinado pela concorrência entre os produtores. O método de fabricação mais eficiente e barato terá vantagem sobre aquele mais ineficiente ou caro. O objetivo do produtor é maximizar os lucros. - Para quem produzir? Será determinado pela oferta e procura no mercado de serviços. A produção se destina a quem tem renda para pagar e o preço é instrumento de exclusão. - A esquematização desses problemas básicos pode ser vista no gráfico a seguir, que representa o sistema e descreve a ação conjunta de demanda e oferta da seguinte forma: - 1) Os consumidores, buscando maximizar sua satisfação, escolhe o bem desejado. Do outro lado, os produtores ofertam os bens no mercado, considerando seus custos de produção e com a finalidade de maximizar seus lucros totais. - 2) Desde que a quantidade ofertada de um bem seja diferente da quantidade demandada, o preço flutuará até que a igualdade se estabeleça, determinando uma quantidade e um preço de equilíbrio que satisfará aos consumidores e aos produtores. - 3) O mesmo processo se dará no mercado de fatores de produção. O salário de equilíbrio é aquele estabelecido onde a força de trabalho a ser empregada é igual a ofertada pela coletividade. - 4) O sistema de preços coordena as decisões de milhões de unidades econômicas, faz com que eles se equilibrem e força ajustamentos para torna-los condizentes com o nível tecnológico e com o montante disponível de recursos. Preço e quantidade de equilíbrio - No mercado, os consumidores estabelecem os preços máximos que estão dispostos a pagar por cada quantidade a ser demandada. Essa avaliação é subjetiva (psicológica) e deriva do conceito de utilidade que o consumidor procura maximizar. Assim, a curva de demanda de mercado delimita o “preço máximo”. - Já os produtores estabelecem seus preços mínimos que estão dispostos a receber, diante da restrição de custos e seu objetivo de maximizar os lucros. Dessa forma, a curva de oferta representa o limite mínimo. - A área de negociação do preço e da quantidade se dará na região ABC do gráfico, encontrando-se o equilíbrio em B. - O mercado é a solução mais barata e eficiente para realizar trocas, sendo elas (em última instância) a essência do problema econômico. 7.1.2 Economia mista de mercado. A presença do Estado. - Segundo essa linha de pensamento, o sistema descrito no gráfico acima possui diversas imperfeições e representa uma simplificação da vida real. - A economia de mercado possui metas que não conseguem ser cumpridas se não nesse sistema. São elas: eficiente alocação de recursos escassos; distribuição justa da renda; estabilidade dos preços; crescimento econômico. - Essas metas só podem ser cumpridas com o sistema de Economia mista de mercado pois no sistema de livre iniciativa existem basicamente duas falhas que não permitem o cumprimento das metas: 1) presença de poucos produtores – que transformam mercados impessoais em pessoais para tirar deles vantagens econômicas e 2) efeitos externos que o mercado é incapaz de internalizar – seja no âmbito dos benefícios ou dos custos. - As imperfeições de concorrência levam à má distribuição de renda e de bem-estar, que só a atuação do Estado pode corrigir. O Estado tem o papel de regulamentar ações privadas e investir nas áreas sociais para reduzir os focos de pobreza. A ação estatal pode se dar através das empresas estatais que produzem o mesmo que as privadas poderiam produzir. 7.1.3 Elementos de uma economia capitalista - O capitalismo se caracteriza por um sistema de organização econômica baseado nos bens de produção ou de capital. - Elementos da economia capitalista moderna: capital, especialização e moeda. 7.1.3.1 Capital - Na linguagem comum, é entendido como certa soma em dinheiro. - O conceito mais aceito é: “Capital é o conjunto (estoque) de bens econômicos heterogêneos – máquinas, instrumentos, fábricas, terras, matérias-primas, etc. – capaz de reproduzir bens e serviços”. - O uso de capital na produção contribui para o aumento da produtividade do trabalho: nas comunidades em progresso econômico, certa fração dos esforços produtivos é destinada à formação de novo capital, sacrificando, assim, o consumo presente para aumentar a produção futura. 7.1.3.2 Propriedade privada - O capitalismo recebe esse nome devido ao fato de o capital ser essencialmente a propriedade privada do capitalista. - Capital tangível: é o capital em sua forma física – equipamentos, edificações, etc. - Capital intangível: o mesmo conjunto de capital representado por meio de documentos que mostram o pertencimento direto a alguém – título de propriedade da terra, patente do processo tecnológico, etc. - No sistema capitalista, são os indivíduos que recebem juros, lucros e direitos de exploração (royalties) dos bens de capital e das patentes. 7.1.3.3 Divisão do trabalho - A economia de produção em massa não seria possível se a produção ainda ocorresse individualmente ou por núcleos familiares. - A produção massificada deve-se principalmente à divisão do trabalho, à especialização de funções. Essa especialização, além de se basear nas diferenças individuais de aptidões, cria e acentua essas diferenças. - A simplificação de funções se presta à mecanização, ou seja, ao uso mais intensivo de capital por trabalhador. Ao mesmo tempo, evita a duplicidade antieconômica de instrumentos e poupa o tempo perdido de se passar de uma tarefa para outra. - A especialização e a divisão do trabalho levam a uma elevada interdependência de funções. 7.1.3.4 Moeda - Sem a moeda, em uma economia de escambo, por exemplo, teria que haver uma dupla coincidência de necessidade para ocorrer o negócio: um alfaiate faminto teria que encontrar um agricultor que tivesse, ao mesmo tempo, comida e o desejo de possuir um terno novo. - Apresenta 4 funções básicas na economia: - 1) Meio de troca: Facilita negócios. - 2) Reserva de valor: Para que seja aceita, é preciso que mantenha seu poder de compra ao longo do tempo e também ser facilmente reconhecida, divisível e transportável. - 3) Unidade de conta: Capacidade de ser o referencial de trocas; o instrumento pelo qual as mercadorias são cotadas. - 4) Padrão para pagamentos diferidos no tempo: Introdução das unidades monetárias (cruzeiro, dólar, libra etc.) como padrões de valor. Dessa forma, todos os preços são expressos em termos da correspondente unidade monetária. 7.2 O funcionamento de uma economia centralizada - Nesse outro modelo, os três problemas básicos (tópico 6) não são determinados pelo sistema de preços, mas sim pelos órgãos planejadores centrais. - O planejamento ocorre da seguinte maneira: - 1) É feito um inventário das necessidades humanas a serem atendidas. - 2) É feito um inventário dos recursos e das técnicas disponíveis para a produção. - 3) É feita uma seleção das necessidades prioritárias e fixam-se as quantidades a serem produzidas de cada bem. São as chamadas metas de produção-consumo. - 4) O órgão planejador fixa as metas e as transmite para os órgãos setoriais e regionais, que por sua vez as passam às unidades produtoras da atividade econômica. - O sistema de preços, nesse tipo de economia, tem dois papéis diferentes: um durante o processo de produção e outro no momento da venda do produto ao consumidor. 7.2.1 Os preços e a organização da produção - Durante o processo de produção os preços fixados dos recursos disponíveis são utilizados apenas para julgar a eficiência de operação das diversas empresas. - No sistema capitalista, os prejuízos exigem uma restrição da produção. Já o aparecimento de lucros indica que a indústria está em expansão, absorvendo novos recursos. Numa economia centralizada, a expansão e a contração industrial são determinadas peloGoverno: se o governo achar que determinada indústria é vital para a economia do país, ela prosperará (mesmo apresentando prejuízo); ao mesmo tempo em que pode decretar a contração de uma indústria (mesmo altamente eficiente). - No setor industrial, a produção é predominantemente organizada através de fabricas individuais administradas por um diretor que obteve aprovação do partido comunista local. Esse diretor repassa para os trabalhadores as ordens que recebe hierarquicamente. - Os salários fornecidos pelas empresas dependem diretamente da produtividade e da especialização do trabalhador, que é livre na sua escolha profissional e tem mobilidade para a execução do trabalho entre empresas ou regiões. - A agricultura é composta pelas fazendas estatais (produzem cereais e carnes e são totalmente dirigidas pelo Governo) e pelas fazendas coletivas (são responsáveis pelo restante da produção e pertencem às famílias-membro). 7.2.2 Os preços e a distribuição da produção - A segunda função dos preços dos bens de consumo é a de eliminar qualquer excesso ou falta persistente de produção - Quanto maior for a escassez de um bem, maior será a taxa de imposto de consumo incidida sobre ele. - Em outros casos, os preços de venda podem ser inferiores aos custos de produção, caso o Governo queira encorajar o consumo de produtos abundantes. 7.2.3 Propriedade pública - Os meios de produção são considerados como pertencentes a todo o povo, ou seja, propriedade coletiva: máquinas, edifícios, instrumentos, terras, minas, bancos etc. - Contudo, existem meios de produção de propriedade privada de pequenas atividades artesanais (sapateiro, alfaiate etc.) e camponesas (sítios, instrumentos agrícolas rudimentares etc.) - Os meios de sobrevivência pertencem aos indivíduos: roupas, sapatos, automóveis etc. - As residências pertencem ao Estado. 7.3 As distinções básicas entre os dois tipos de sistemas econômicos - Economia de mercado: Propriedade privada dos meios de produção. O sistema de preços leva a uma maior eficiência no uso de recursos escassos e na organização da produção. - Economia centralizada: Propriedade pública dos meios de produção. O controle seletivo no sistema de preços produz maior justiça social na distribuição da produção. Capítulo 4 – As forças de mercado da oferta e da demanda (Mankiw) Introdução - Oferta e demanda são as forças que movem as economias de mercado: determinam a quantidade produzida de cada bem e o preço pelo qual será vendido. Mercados e concorrência - Os termos “oferta” e “demanda” se referem ao comportamento das pessoas quando interagem nos mercados. - Mercado = grupo de compradores e vendedores de um dado bem ou serviço. - Compradores: determinam a demanda. / Vendedores: determinam a oferta. 2.1 Mercados competitivos - Os mercados apresentam diversas formas: às vezes extremamente organizados e, na maioria das vezes, não tão organizados. Independentemente da organização, existe um mercado. - Mercado competitivo = é aquele em que há muitos compradores e muitos vendedores, de modo que cada um deles exerce um impacto negligenciável sobre os preços de mercado. Assim, o preço e a quantidade são determinados por todos os compradores e vendedores à medida que interagem no mercado e, dessa forma, nenhum comprador individual pode influenciar seu preço porque compra apenas uma pequena fração do total. 2.2 Concorrência: perfeita e outras - Mercados perfeitamente competitivos = os bens oferecidos à venda são todos iguais; os compradores e vendedores são tão numerosos que nenhum único comprador ou vendedor pode influir no preço de mercado (por isso, são chamados de tomadores de preços). Ex.: mercado de trigo - Monopólio = mercado onde existe apenas um vendedor, e esse vendedor determina o preço. Ex.: fornecedor de televisão a cabo. - Oligopólio = mercado onde há poucos vendedores que nem sempre competem agressivamente. Ex.: rotas aéreas. - Mercados monopolisticamente competitivo = onde existem muitos vendedores oferecendo produtos ligeiramente diferentes. Como os produtos não são idênticos, cada vendedor pode determinar o preço do seu. Ex.: software. Demanda - A demanda é determinada pelo comportamento dos compradores. - Quantidade demandada = quantidade do bem que os compradores desejam e podem comprar. 3.1 Determinantes da demanda individual - Preço = a quantidade demandada cai quando o preço aumenta e aumenta quando o preço cai. Assim, a quantidade demandada se relaciona negativamente com o preço do bem. Lei da demanda: tudo o mais constante, quando o preço aumenta, a quantidade demandada cai. - Renda = se a renda cai e a demanda por um bem também cai, esse bem é um bem normal (ex.: passagem de avião). Se a demanda por um bem aumenta quando a renda cai, ele é um bem inferior (ex.: passagem de ônibus). - Preços de produtos relacionados = quando a queda no preço de um bem reduz a demanda por outro bem, eles são bens substitutos (ex.: queda no preço da Coca-Cola reduz a demanda por Pepsi). Já quando a queda no preço de um bem aumenta a demanda por outro, eles são bens complementares (ex.: quando o preço do sorvete cai, a demanda por calda de chocolate aumenta). - Gostos = os gostos pessoais se baseiam em forças históricas ou psicológicas que estão fora do campo de estudo da economia. - Expectativas = são as expectativas em relação ao futuro (ex.: se alguém espera uma promoção no trabalho, pode estar disposto a dar entrada em um carro novo). 3.2 Esquema de demanda e curva de demanda - Como o preço afeta a quantidade demandada? A medida que o preço sobe, a quantidade demandada é menor. - A curva de demanda mostra como a quantidade demandada do bem varia a medida que seu preço se altera. Essa quantidade encontra-se em cada ponto da curva. 3.3 Ceteris paribus - “Outras coisas sendo iguais” / “Tudo o mais constante”. - Todas as variáveis, exceto aquela que está sendo estudada, são mantidas constantes na curva de demanda. - A curva de demanda se inclina para baixo porque, ceteris paribus, preços menores indicam uma quantidade maior demandada. 3.4 Demanda de mercado versus demanda individual - A demanda de mercado é o somatório de todas as demandas individuais por um bem ou serviço. - Somamos as curvas de demanda individual na horizontal para obter a curva de demanda de mercado. - A quantidade demandada no mercado é a soma das quantidades demandadas por todos os compradores. 3.5 Deslocamentos da curva de demanda - Quando há um aumento na demanda, a curva se desloca para a direita. - Quando há diminuição na demanda, a curva se desloca para a esquerda. - A curva de demanda mostra o que acontece com a quantidade demandada de um bem quando seu preço varia, mantidos todos os outros determinantes constantes. Quando um desses determinantes muda, a curva de demanda se desloca. - Uma variação no preço não desloca a curva, mas significa um deslocamento ao longo da mesma. - Resumindo:Preço = sua alteração provoca um movimento ao longo da curva de demanda. Renda, preços de bens relacionados, gostos, expectativas, número de compradores = alterações deslocam a curva de demanda. Oferta - Observação do comportamento dos vendedores. - Quantidade oferecida = quantidade de um bem ou serviço que os vendedores querem e podem vender. 4.1 Determinantes da oferta individual - Preço = Preço alto -> venda lucrativa -> quantidade ofertada grande. Assim, a quantidade oferecida se relaciona positivamente com o preço do bem. Lei da oferta: tudo o mais constante, a quantidade oferecida do bem aumenta quando seu preço aumenta. - Preço dos insumos = insumos: matéria prima, ingredientes, trabalho, máquinas etc. Preço dos insumos aumenta -> produção menos lucrativa -> menor oferta. Dessa forma, a quantidade oferecida se relaciona negativamente com o preço dos insumos. - Tecnologia = a tecnologia reduz, por exemplo, a quantidade de trabalho utilizada. Ao reduzir os custos da empresa, os avanços tecnológicos aumentam a quantidadedo bem ofertado. - Expectativas = se o vendedor espera que o preço do bem aumentará no futuro, ele irá estocar parte do bem e ofertar menos hoje. 4.2 Esquema de oferta e curva de oferta - Esquema de oferta = quadro que mostra a relação entre o preço de um bem e a quantidade oferecida: a medida que o preço sobre, são ofertadas quantidades maiores. - Curva de oferta = representa graficamente o esquema de oferta e mostra a quantidade fornecida a cada preço. A curva de oferta se inclina para cima pois, ceteris paribus, um preço maior implica uma maior quantidade oferecida. 4.3 Oferta de mercado versus oferta individual - Oferta de mercado = somatório das ofertas de todos os vendedores. Depende do número de vendedores (quanto mais vendedores, maior a quantidade ofertada). - Somamos horizontalmente para obter a curva de oferta de mercado. - A quantidade oferecida no mercado é a soma das quantidades fornecidas por todos os vendedores. Além disso, depende dos fatores que determinam a quantidade oferecida pelos vendedores individuais. Varia com as variações do preço do bem. 4.4 Deslocamentos da curva de oferta - Sempre que qualquer um dos determinantes da oferta (exceto o preço) se alterar, a curva de oferta se desloca. - Se o preço do insumo, por exemplo, cai, a produção torna-se mais lucrativa e a oferta aumenta. Nesse caso, já que a oferta aumentou, a curva se desloca para a direita. - Qualquer mudança que reduz a oferta desloca a curva para a esquerda. - Uma variação do preço não desloca a curva, mas constitui um movimento ao longo dela. - Resumindo:Preço = sua alteração provoca um movimento ao longo da curva de oferta. Preços dos insumos, tecnologia, expectativas e número de vendedores = alterações deslocam a curva de oferta. Determinantes da oferta Oferta e demanda em conjunto 5.1 Equilíbrio - Ponto de equilíbrio = situação em que as curvas de ofertas e demanda coincidem. - Preço de equilíbrio = preço no qual as curvas se cortam. Iguala oferta e demanda. Às vezes é chamado de preço de ajustamento de mercado. A esse preço, todo o mercado foi atendido: os compradores compraram o que desejavam comprar e os vendedores venderam o que desejavam vender. - Quantidade de equilíbrio = a quantidade oferecida e a demandada registradas na situação em que oferta e demanda coincidem. - Excesso de oferta = quando a quantidade oferecida é maior que a demandada, passa a existir um excesso de bens: os vendedores não conseguem vender tudo o que desejam ao preço corrente. Assim, eles reduzem seus preços até que o mercado atinja o equilíbrio. - Escassez = quando a quantidade demandada é maior que a oferecida. Nesse cenário, os compradores, ao preço vigente, não conseguem comprar tudo o que desejam. Por conta dos muitos compradores atrás de poucos bens, os vendedores aumentam os preços dos bens sem prejuízo às vendas. - Lei da oferta e da demanda: o preço de qualquer bem se ajusta de forma a equilibrar a oferta e a demanda desse bem. - As ações de compradores e vendedores conduzem naturalmente o mercado ao equilíbrio. 5.2 Três passos para analisar alterações do equilíbrio - A análise das mudanças que ocorrem no equilíbrio é chamada de estática comparativa, pois envolve a comparação entre um equilíbrio antigo e um novo. Os três passos para fazer estática comparativa são: 1) Decidir se o evento interfere na curva de oferta ou demanda (ou em ambas) 2)Decidir em qual direção a curva se desloca 3) Usar o diagrama de oferta e demanda para ver como o deslocamento altera o equilíbrio. 5.3 Deslocamento das curvas versus movimento ao longo das curvas - Deslocamento da curva de oferta ou demanda: alteração na oferta / alteração na demanda. - Movimento ao longo de uma curva de oferta ou demanda: alteração na quantidade oferecida / alteração na quantidade demandada Capítulo 5 – Elasticidade e suas aplicações (Mankiw) - Em qualquer mercado competitivo, a curva de oferta com inclinação para ascendente representa o comportamento dos vendedores. O preço do produto se ajusta para equilibrar as quantidades oferecidas e demandadas. - A elasticidade mede a resposta dos compradores e vendedores às alterações nas condições do mercado, permitindo analisar a oferta e a demanda com maior precisão. A elasticidade da demanda - É utilizada para medir a resposta da demanda (dimensão da variação) às alterações em seus determinantes. 1.1 A elasticidade-preço da demanda e seus determinantes - A lei de demanda afirma que uma queda no preço de um bem aumenta a quantidade demandada. - A elasticidade-preço da demanda mede o quanto a quantidade demandada responde a variações no preço.A demanda de um bem é elástica se a quantidade demandada reponde substancialmente a variações no preço. É inelástica se a quantidade demandada responde ligeiramente a variações no preço. - Existem algumas regras gerais relativas aos fatores que determinam essa elasticidade: Necessidades versus supérfluos = Os bens necessários (consulto médica, ex.) tendem a ter demandas inelásticas enquanto os supérfluos (viagens, ex.), elásticas. A classificação de um bem como elástico ou inelástico depende das preferências do comprador. Disponibilidade de substitutos próximos = Bens que dispõem de substitutos próximos tendem a ter uma demanda mais elástica, pois é mais fácil para os consumidores trocar um bem por outro (manteiga e margarina, ex.) Definição de mercado = Mercados definidos de forma mais restrita (sorvete, ex.) tendem a ter uma demanda mais elástica, pois é mais fácil encontrar substitutos para bens definidos de forma restrita. Ao contrário, o mercado definido de forma ampla (comida, ex.) é mais inelástico. Horizonte temporal = Os bens tendem a ter uma demanda mais elástica em longos horizontes temporais (períodos de tempo). Ex.: se o preço da gasolina sobe, a demanda reduz pouco nos primeiros meses, mas com o passar do tempo reduz substancialmente. 1.2 Calculando a elasticidade-preço da demanda Elasticidade-preço da demanda = Variação percentual da quantidade demandada Variação percentual do preço - Exemplo: Aumento do preço de um bem em 10% e redução nas compras de 20%. Elasticidade será igual a 2. Isso significa dizer que a variação na quantidade demandada é duas vezes maior que a variação do preço. - Uma alta elasticidade-preço implica uma grande resposta da quantidade às variações no preço. 1.3 O método do ponto médio - Esse método calcula a variação percentual dividindo a variação pelo ponto médio entre os níveis inicial e final. - É muito utilizado para calcular a elasticidade-preço da demanda entre dois pontos de uma curva de demanda, pois fornece o mesmo resultado, qualquer que seja a variação da direção. 1.4 A variedade das curvas de demanda - As curvas de demanda são classificadas de acordo com sua elasticidade. - Demanda elástica = Quando a demanda é maior que 1: a quantidade varia proporcionalmente mais que o preço. - Demanda inelástica = Quando a demanda é menor que 1: a quantidade varia proporcionalmente menos que o preço. - Demanda com elasticidade unitária = Quando é demanda é igual a 1: a variação da quantidade é proporcionalmente igual à variação do preço. - Existe uma relação entre a elasticidade-preço da demanda e a inclinação da curva de demanda. - Quanto mais horizontal for uma curva de demanda, maior será a elasticidade-preço da demanda. - Quanto mais vertical for uma curva de demanda, menor será a elasticidade-preço da demanda. - Se a curva for completamente vertical, a demanda é perfeitamente inelástica. Na curva completamente horizontal, a demanda é perfeitamente elástica. 1.5 Receita total e elasticidade-preço da demanda - Receita total = calculada como o preço com bem multiplicado pela quantidade vendida (P x Q). - Quando a demanda é inelástica (elasticidade-preço menor que 1): Aumento de preços -> aumenta a renda total / Queda de preços -> diminui a renda total. - Quando a demanda é elástica (elasticidade-preço maior que 1): Aumentode preços -> reduz a receita total / Queda dos preços -> eleva a receita total. - Quando a demanda possui elasticidade unitária (elasticidade-preço igual a 1): Uma variação no preço não afeta a receita total. 1.6 Elasticidade e receita total ao longo de uma curva de demanda linear - Algumas – não todas – curvas de demanda tem a mesma elasticidade em todos os seus pontos. - A elasticidade muda, por exemplo, na curva em que a linha é reta. A linha reta tem uma declividade constante, ou seja, para cada aumento de preço, a quantidade se reduz na mesma proporção. - Na linha reta: Em pontos em que o preço é baixo e a quantidade é grande, a curva de demanda é inelástica (pois um aumento no preço eleva a renda total). Em ponto onde o preço é alto e a quantidade é pequena, a curva é elástica (pois um aumento do preço reduz a receita total). Quando a elasticidade é unitária, a renda não varia. 1.7 Outras elasticidades da demanda - Além da elasticidade-preço, existem outras para descrever o comportamento dos consumidores num mercado. - Elasticidade-renda da demanda = Usada para descrever como a quantidade demanda varia quando a renda varia. É calculada dividindo a variação percentual da quantidade demandada pela variação percentual da renda. Nos bens normais, a elasticidade-renda é positiva: aumento de renda, aumento na demanda. Nos bens inferiores, a elasticidade-renda é negativa: aumento na renda, redução na demanda. - Elasticidade cruzada da demanda = Usada para medir como varia a quantidade demandada de um bem quando o preço de outro bem varia. É calculada como a variação percentual da quantidade demandada do bem 1 divida pela variação percentual no preço do bem 2. Para os bens substitutos, a elasticidade cruzada é positiva. Para os complementares, a elasticidade cruzada é negativa. Capítulo 14 – Empresas em mercados competitivos Mercado Competitivo - A diferença quanto à estrutura dos mercados molda as decisões de precificação e produção das empresas que operam nesses mercados. Lembrete: - Um mercado é competitivo quando cada comprador e vendedor são pequenos se comparados ao tamanho do mercado e têm pouca capacidade para influenciar os preços do mercado. - Se uma empresa é capaz de influenciar o preço de mercado do bem que vende, dizemos que tem poder de mercado. - Existem diversos custos das empresas: fixo, variável, médio e marginal. 1. 1 O que é um mercado competitivo? - O mercado perfeitamente competitivo tem 3 principais características: Há muitos compradores e vendedores no mercado; Os bens oferecidos pelos diversos vendedores são em grande escala os mesmos; As empresas podem entrar e sair livremente do mercado. - As ações de um comprador ou vendedor individual no mercado têm impacto insignificante sobre o preço de mercado, pois precisam aceitar o preço que o mercado determina – são, por isso, chamados de tomadores de preço. - Ex.: mercado de leite (nenhum comprador individual de leite é capaz de influenciar o preço do produto) 1.2 A receita de uma Empresa Competitiva - Uma empresa que opera num mercado competitivo procura maximizar seu lucro. - A receita total é proporcional ao volume de produção. L = lucro RT = receita total CT = custo total P = preço Q = quantidade RM = receita média RMg = receita marginal CMg = custo marginal CTM = custo total médio - L = RT – CT - RT = P x Q - RM = RT/Q - RMg = delta RT/ delta Q - CMg = delta CT/ delta Q Maximização do lucro e a curva de oferta de uma empresa competitiva - Objetivo das empresas competitivas: maximizar o lucro. - Para maximizar o lucro, é escolhida para a produção a quantidade que torna o lucro o maior possível. - A quantidade que maximiza o lucro é encontrada comparando a receita marginal e o custo marginal de cada unidade produzida. - Enquanto RMg > CMg = aumentar a produção.Três regras gerais da maximização do lucro - Enquanto RMg < CMg = diminuir a produção. - Quantidade que maximiza o lucro: quando RMg = CMg. 2.1 A curva de custo marginal e a decisão de oferta da empresa - Características que descrevem a maioria das empresas: Curva de CMg tem inclinação ascendente; Curva de CTM tem forma de U; Essas duas curvas se tocam no ponto em que o CTM é mínimo; A linha do preço é horizontal porque a empresa é tomadora de preços, ou seja, o preço sempre será o mesmo, independentemente da quantidade que ela decidir produzir. Para as empresas competitivas: P = RM = RMg. - Independentemente de a empresa partir de um nível de produção baixo ou alto, ela ajustará sua produção até que a quantidade produzida seja máxima em relação ao lucro. - Na empresa competitiva, a RMg = Preço de mercado. - A curva de custo marginal das empresas também é a curva de oferta das empresas competitivas. - Custos fixos: aluguel, equipamento, etc. → irrecuperáveis a curto prazo. - Custos variáveis: insumos, salários extras, etc. → relevantes a curto prazo. Capítulo 15 – Monopólio - Um monopólio não tem concorrentes próximos e, por isso, tem pode para influenciar o preço de mercado de seu produto. - Uma empresa monopolista é uma formadora de preços. - O preço cobrado por um monopólio excede o custo marginal → o preço de mercado é muito superior ao seu custo marginal. - Os monopólios podem controlar os preços de seus produtos, mas, como os preços elevados reduzem a quantidade que os clientes compram, seus lucros não são ilimitados. - Como as empresas monopolistas não estão sujeitas ao freio da competição, o resultado em um mercado em que haja monopólio nem sempre atende aos melhores interesses da sociedade. - Algumas vezes, os governos intervêm nos monopólios para evitar que os mesmos concentrem poder demais. Porque surgem os monopólios? - Monopólio = empresa que é a única vendedora de um produto que não tem substitutos próximos. - Causa fundamental dos monopólios: barreiras à entrada. Um monopólio se mantém como o único vendedor de seu mercado porque as outras empresas não podem entrar e competir com ele. As principais barreiras são: Recursos de monopólio: um recurso-chave necessário para produção é exclusivo de uma única empresa (coleta de diamantes). Regulamentações do governo: o governo concede a uma única empresa o direito exclusivo de produzir um determinado bem ou serviço (direitos autorais, patente) O processo de produção: uma única empresa consegue fornecer produtos a custo mais baixo que um grande número de produtores (empresa de coleta de lixo). Externalidade de rede: o valor de um produto ou serviço depende do número de utilizações por outras pessoas (facebook, whatsapp). 1.1 Recursos monopolistas - A maneira mais simples pela qual um monopólio pode surgir é uma única empresa ser proprietária de um recurso-chave. - Ex.: Se em uma pequena cidade só houver um poço de água, o dono daquele poço tem muito mais poder que em um mercado competitivo e, como a água é um bem indispensável, pode exigir um preço muito alto, mesmo que o custo marginal seja baixo. - Embora a propriedade exclusiva de um recurso-chave seja uma causa potencial dde monopólios, estes raramente surgem por esse motivo na prática, pois as economias atuais são grandes e seus recursos têm muitos proprietários. 1.2 Monopólios criados pelo governo - Em muitos casos, os monopólios surgem porque o governo concede a uma só pessoa ou empresa o direito exclusivo de vender alguém bem ou serviço. - Ex.: Leis de patente e direitos autorais. (Obs.: Trazem benefícios – incentivo à atividade criativa – e são recompensados pelos custos da formação de preços monopolística). 1.3 Monopólios Naturais - É um monopólio que surge porque uma só empresa consegue ofertar um bem ou serviço a um mercado inteiro a um custo menor do que ocorreria se existissem duas ou mais empresas no mercado. - Para qualquer quantidade dada de produto, um maior número de empresa leva a uma menor produção por empresa e a um custo total médio mais elevado. - Ex.: Distribuição de água → o custo total médioda água é menor se só uma empresa supre o mercado. - Quando uma empresa é um monopólio natural, preocupa-se menos com a entrada de novas empresas no mercado que possam erodir seu poder monopolista. As empresas entrantes em potencial sabem que não poderão atingir os mesmos baixos custos de que desfruta o monopolista porque, após entrar, cada um teria uma fatia menor do mercado. - Com a expansão do mercado, um monopólio natura pode evoluir e se tornar um mercado mais competitivo. Como os monopólios decidem produzir e como determinar o preço - Um monopolista, como único produtor em seu mercado, pode alterar o preço de seu bem ajustando a quantidade que oferta ao mercado. Monopólio - Curva de demanda é a curva de demanda do mercado e possui inclinação descendente. - A curva de demanda estabelece uma restrição à capacidade que o monopolista tem de lucrar com seu poder de mercado. - O monopolista pode escolher qualquer ponto da curva de demanda,mas não pode escolher um ponto que esteja fora dela. Mercado competitivo - Preço de mercado como uma linha horizontal. - Curva de demanda horizontal e perfeitamente elástica. 2.1 A receita de um monopólio - A tabela de representação possui os seguintes elementos: Quantidade (Q) e Preço (P) = Formam a escala de demanda. Se representada graficamente, o resultado é uma curva de demanda típica com inclinação descendente. Receita total (RT) = Quantidade vendida x Preço (Q x P). Receita Média (RM) = O quanto de receita que a empresa recebe por unidade vendida (RT/Q). É sempre igual ao preço do bem. Receita Marginal (RMg) = Receita que a empresa recebe pela venda de cada unidade adicional de produto (delta RT/ delta Q). - A receita marginal da empresa monopolista é sempre menor que o preço do bem. 2.2 Maximização do lucro - Um monopolista maximiza o lucro escolhendo a quantidade em que a receita marginal se iguala ao custo marginal. Mercado competitivo - Preço se iguala ao custo marginal. - P = RMg = CMg Monopólio - Preço é maior que o custo marginal - P > RMg = CMg 2.3 Lucro de um monopolista - Cálculo do lucro: L = RT - CT 2.4 O custo do monopólio em relação ao bem-estar - Do ponto de vista do consumidor, o preço elevado dos monopólios faz com que sejam indesejáveis. - Do ponto de vista do proprietário da empresa, o preço elevado torna o monopólio muito atraente. 2.5 O peso morto - A quantidade socialmente eficiente a ser produzida se encontra no ponto em que as curvas de demanda e de custo marginal se cruzam. - O monopolista produz menos do que a quantidade de produto socialmente eficaz. Dessa forma, os custos para ele são menores que os valores para o comprador. - O peso morto é pode ser medido por um triângulo que mede a ineficiência do monopólio. Esse triangulo fica localizado entre a curva de demanda e a de custo marginal. - A área desse triângulo se iguala à perda do excedente total. 2.6 Lucro do monopólio: um custo social? - O lucro monopolista por si só não representa uma redução do tamanho do bolo econômico. Representa apenas uma fatia maior para os produtores e uma menor para os consumidores. Capítulo 16 – Concorrência Monopolística - Concorrência monopolística: mercados que tem alguns aspectos da concorrência e outros do monopólio. Nessa estrutura de mercado, muitas empresas vendem produtos que são similares mas não idênticos. - Características: Muitos vendedores: muitas empresas concorrendo pelo mesmo grupo de consumidores Diferenciação de produtos: cada empresa produz uma mercadoria pelo menos ligeiramente diferente da outra empresa. Livre entrada: as empresas podem entrar e sair do mercado sem restrições. Curva de demanda: inclinação descendente. - Exemplos: Livros, CDs, filmes, restaurantes, biscoito, etc. - A concorrência monopolística é uma das estruturas de mercado que se situa entre os casos extremos da concorrência e do monopólio. Nela, existem muitos vendedores , cada qual pequeno em relação à dimensão do mercado. - Esse tipo de mercado se afasta da concorrência perfeita porque cada vendedor oferece um produto ligeiramente diferente. Concorrência com produtos diferenciados 1.1 A empresa monopolisticamente competitiva no curto prazo - Curva de demanda descendente. - Regra para maximizar o lucro: a quantidade escolhida é aquela em que RMg = CMg. A curva de demanda é utilizada para encontrar o preço coerente com tal quantidade. (Obs.: é a mesma regra do monopólio). - Se P > CTM → lucro - Se P < CTM → prejuízos - Esse tipo de empresa escolhe quantidade e preço da mesma forma que o monopólio. Capítulo 17 – Oligopólio - Oligopólio = poucos vendedores oferecem produtos similares ou idênticos. A ação de um vendedor pode ter um grande impacto sobre o lucro dos demais vendedores. - Empresas oligopolistas: são interdependentes. Entre o monopólio e a concorrência perfeita - Concorrência e monopólio: formas extremas de estrutura de mercado. - Oligopólio: ponto intermediário → é um tipo de concorrência imperfeita: as empresas têm concorrentes mas não o suficiente para que elas sejam colocadas como tomadoras de preço. - A maioria dos mercados da economia incluem elementos de ambos os tipos de mercado e, por isso, não são completamente descritos por nenhum deles. - A empresa típica tem concorrência mas não tanta ao ponto de se tornar uma concorrência perfeita. Tem poder de mercado, mas não tão grande para ser um monopólio. É imperfeitamente competitiva. - Existem 2 tipos de mercado imperfeitamente competitivos. Concorrência Monopolística - Muitas empresas - Produtos similares (nunca idênticos) Oligopólio - Poucas empresas - Produtos similares (ou idênticos) - Existem 4 tipos de estruturas de mercado. Mercados com poucos vendedores - Aspecto-chave do oligopólio: tensão entre cooperação e interesse próprio. - Para os integrantes do oligopólio é melhor cooperar e agir como um monopólio. Contudo, cada empresa está voltada para seu próprio interesse e isso contribui para que o grupo se afaste dessa situação desejada. 2.1 Um exemplo de duopólio - Duopólio = É o tipo mais simples de oligopólio, composto por duas empresas. - Exemplo: Em uma cidade, apenas Ana e Pedro possuem poços de água potável. Eles podem bombear a água sem custos, por isso o custo marginal da água é zero. 2.2 Concorrência, monopólios e cartéis - Se o mercado de água fosse perfeitamente competitivo: As decisões de produção levam o preço à igualdade com o custo marginal. Assim, o preço de equilíbrio da água seria igual a zero. - Em um monopólio, o lucro total é maximizado. Dessa forma, a quantidade escolhida para produção é aquela em que a receita total é a maior. O preço seria superior ao custo marginal e a água produzida e consumida estaria abaixo do nível socialmente ineficiente. - Cartel: é um grupo de empresas que age em comum acordo. Um conluio é o acordo entre empresas de um mercado quanto a quantidades a serem produzidas ou preços a serem cobrados. Uma vez que o cartel é formado, ele passa a agir como um monopólio. Um cartel deve concordar quanto à quantidade total a ser produzida e quanto à produção de cada integrante. 2.3 O equilíbrio para o oligopólio - A formação de cartéis quase nunca é possível pois a legislação antitruste proíbe explicitamente acordos entre oligopolistas, como um problema de política pública. Além disso, as divergências entre os integrantes sobre quanto à divisão do lucro tornam os acordos quase impossíveis. - Se os duopolistas perseguirem seus interesses individuais ao decidir quanto produzir, eles produzirão uma quantidade maior que a do monopólio, cobrarão um preço menor e seu lucro será inferior. - Equilíbrio de Nash: situação em que os atores econômicos interagindo entre si escolhem sua melhor estratégia, dadas as estratégias escolhidas pelos demais. Uma vez alcançado o equilíbrio, nem Pedro nem Ana tem incentivo para alterar sua decisão. - Porconta da tensão entre cooperação e interesse próprio, os oligopolistas não conseguem atingir um resultado de monopólio e maximizar seus lucros conjuntos. Podemos concluir então que: Os oligopolistas produzem uma quantidade maior que o nível do monopólio e menor do que o que seria atingido pela concorrência. O preço do oligopólio é menor que o do monopólio mas maior do que o preço competitivo. 2.3 Como o tamanho do oligopólio afeta os resultados de mercado - A medida que o cartel se torna maior, torna-se impossível viabilizar um acordo. - Se os oligopolistas não formam um cartel, devem tomar decisões individualmente, afetando dois efeitos: Efeito preço: aumento de vendas → aumento de lucro, pois o preço é superior ao custo marginal. Efeito lucro: aumento da produção → aumento das vendas → diminuição do preço → diminuição do lucro.
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