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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ DEIVID DOS SANTOS DIAS PEDRO FURTADO GONÇALVES DA SILVA ESTUDO DE VIABILIDADE DA APLICAÇÃO DO PROGRAMA PROCEL EDIFICA EM EDIFÍCIOS COMERCIAIS JÁ EXISTENTES: ESTUDO DE CASO EM UM EDIFÍCIO COMERCIAL DE CURITIBA. CURITIBA 2010 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ DEIVID DOS SANTOS DIAS PEDRO FURTADO GONÇALVES DA SILVA ORIENTADOR: PROF. VILSON R. G. R. DA SILVA, M.SC. CO-ORIENTADOR: ANDERSON BRAGAGNOLO, ENG. ESTUDO DE VIABILIDADE DA APLICAÇÃO DO PROGRAMA PROCEL EDIFICA EM EDIFÍCIOS COMERCIAIS JÁ EXISTENTES: ESTUDO DE CASO EM UM EDIFÍCIO COMERCIAL DE CURITIBA. Trabalho de graduação apresentado à disciplina de Projeto de Graduação como requisito parcial à conclusão do curso de Graduação de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Paraná. CURITIBA 2010 TERMO DE APROVAÇÃO DEIVID DOS SANTOS DIAS PEDRO FURTADO GONÇALVES DA SILVA ESTUDO DE VIABILIDADE DA APLICAÇÃO DO PROGRAMA PROCEL EDIFICA EM EDIFÍCIOS COMERCIAIS JÁ EXISTENTES: ESTUDO DE CASO EM UM EDIFÍCIO COMERCIAL DE CURITIBA. Trabalho de graduação apresentado à disciplina de Projeto de Graduação como requisito parcial à conclusão do curso de Graduação de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Paraná. Prof. Vilson R. G. R. da Silva, M.Sc. Prof. Ewaldo Luiz de Mattos Mehl, Dr. Prof. Clodomiro Unsihuay Vila, Dr. Curitiba 2010 DEDICATÓRIA Dedico o presente Trabalho de Conclusão de Curso as seguintes pessoas: meus pais – José e Neusa – por me darem a luz e moldar o caráter que tenho hoje, além do imenso esforço para que pudesse chegar à tão sonhada graduação; meu irmão – Diego – por estar sempre ao meu lado em todos os momentos de minha vida, sorrindo, na maioria das vezes; meu tio – Clédison – por ser, talvez, a pessoa que mais acreditou em meu potencial ao longo dos anos e a todos meus familiares que, de alguma forma, contribuíram para que hoje eu tivesse o orgulho de dizer que sou um “Engenheiro Eletricista”. Meu eterno agradecimento a todos! Deivid dos Santos Dias Dedico o presente Trabalho de Conclusão de Curso as seguintes pessoas: meus pais – Emerson e Dulce – por me criarem, darem-me educação e condições para que pudesse chegar onde quis chegar; ao resto da família pelo apoio e experiências; aos colegas que se mostraram companheiros e deram força nos momentos difíceis; aos colegas de faculdade e estágio que me ajudaram a entender muitos dos conhecimentos e experiências do ensino superior e a superar as dificuldades dessa etapa final. Pedro Furtado Gonçalves da Silva AGRADECIMENTOS “A Deus, pela dádiva da vida, ao Prof. Vilson Roiz, M.Sc. pela ajuda na definição do tema do TCC, orientação e revisão, ao co-orientador Anderson Bragagnolo pela ajuda durante a elaboração do TCC, e aos colegas de estágio e faculdade pelo companheirismo demonstrados durante esse período.“ EPÍGRAFE “Nenhum lugar é tão longe, desde que se queira ir.” Clédison Aparecido dos Santos Deivid dos Santos Dias ”As pessoas boas devem amar seus inimigos.” Roberto Gomes Bolaños Pedro Furtado Gonçalves da Silva RESUMO Este trabalho foi dividido em duas partes: Na primeira parte foi caracterizado a proposta do programa PROCEL Edifica e suas normas para etiquetagem de eficiência energética em edificações; Na segunda etapa foi analisado um estudo de caso realizado em um prédio comercial de Curitiba, que por razões de sigilo não foi identificado. A intenção de incluir o estudo de caso foi verificar como se aplicam as normas do programa PROCEL Edifica em edifícios comerciais e a viabilidade de realizar tais medidas em edificações já construídas. Foram avaliadas nesse estudo as etiquetagens parciais de envoltória, iluminação e refrigeração da área comum do edifício, e de alguns conjuntos comerciais se utilizando das plantas arquitetônicas do prédio e medições in loco. A intenção deste trabalho foi divulgar o programa PROCEL Edifica que é relativamente recente, como proposta da própria Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, e avaliar que tipo de melhoria pode ser feita para adequar o edifício aos conceitos de eficiência energética discutidos no programa. Ao final damos a conclusão técnica do trabalho, demonstrando que a área estudada possui Nível E em eficiência energética, e salientamos a dificuldade da aplicação dos parâmetros do programa a edifícios prontos e com alguns anos de construção. Palavras Chave: eficiência energética, PROCEL Edifica, envoltória, iluminação, refrigeração. ABSTRACT This work was divided in two parts: in the first part, we sumarized and explain the goals of the program PROCEL Edifica, and its rules and guidances to label a comercial building by its Energetical Efficiency. In the second part a study of case was analysed, in a comercial building located in the city of Curitiba, that was not identified because of sigil reasons. The goal of including a study of case was to check if the pratical rules of the program and its application is viable, in a building already built, in spite of the program was developed for under-construction buidings. This part of the work also comprehend the analysis of the parcial labels of envoltory, illumination and refrigeration applied to the building`s main hall and some comercial rooms that we could have access to. The intentions of this work are to make the program, which was recently elaborated, better-known; and to evaluate what kinds of improvements could be made to the building, in order to get better labels and to raise its energetical efficiency as a whole. At the end we give the technical conclusion of the work, demonstrating that the area of study has Level E of energetical efficience, and we emphasize on the difficiulties of applying the rules and guidances of the program to an existent building. Keywords: Energetical efficiency, PROCEL Edifica, envoltory, illumination refrigeration. LISTA DE FIGURAS Figura 1.1 - PROCEL selo 23 Figura 1.2 - Agência da Caixa Econômica Federal em Curitiba 25 Figura 1.3 - ENCE obtida pela Agência da Caixa Econômica Federal em Curitiba 25 Figura 2.1 - Objetivos do Programa PROCEL Edifica 34 Figura 2.2 - Objetivos específicos do TCC 37 Figura 3.1 - Zoneamento bioclimático brasileiro 47 Figura 3.2 - Ambientes com apenas uma zona de iluminação 48 Figura 3.3 - Ambientes com três zonas de iluminação 48 Figura 4.1 - Método Prescritivo 50 Figura 4.2 - Método de Simulação 50 Figura 4.3 - Componentes do projeto S3E 51 Figura 4.4 - Exemplo de cobertura aparente vista do logradouro principal 55 Figura 4.5 - Exemplo de cobertura não aparente vista do logradouro principal 56 Figura 4.6 - Fluxograma de escolha de equação de IC 59 Figura 4.7 - Ilustração do cálculo de IC 62 Figura 4.8 - Exemplo de divisão de circuitos 64 Figura 4.9 - Faixa de temperatura de controle 71 Figura 4.10 - Exemplo de um sistema com recuperação de calor 73 LISTA DE TABELAS Tabela 3.1 – Etapas do Projeto e Atividades Desenvolvidas 39 Tabela 4.1 – Tabela síntese dos pré-requisitos da envoltória 53 Tabela 4.2 – Transmitância térmica da cobertura 54 Tabela 4.3 – Síntesedas exigências para transmitância térmica máxima das paredes exteriores 54 Tabela 4.4 – Relação entre PAZ e FS 56 Tabela 4.5 – Síntese de agrupamento das zonas bioclimáticas 58 Tabela 4.6 – Fator de forma máximo e mínimo por zona bioclimática 58 Tabela 4.7 – Parâmetros de IC máximo 60 Tabela 4.8 – Parâmetros de IC mínimo 60 Tabela 4.9 – Comparação de parâmetros nas equações IC 61 Tabela 4.10 – Limite dos intervalos dos índices de eficiência 62 Tabela 4.11 – Relação entre pré-requisitos e níveis de eficiência 63 Tabela 4.12 – Relação entre áreas de ambientes e áreas de controle independente 63 Tabela 4.13 – Eficiência mínima de condicionadores de ar para classificação dos níveis A e B 68 Tabela 4.14 – Eficiência mínima de condicionadores de ar para classificação do nível C 69 Tabela 4.15 – Eficiência mínima de condicionadores de ar para classificação no nível D 70 Tabela 4.16 – Equivalente numérico para cada nível de eficiência (EqNum) 74 Tabela 4.17 – Equivalentes numéricos para ventilação natural 76 Tabela 4.18 – Classificação geral 76 Tabela 6.1 – Parâmetros para o cálculo de ICenv, ICmáxD e ICmín 89 Tabela 6.2 – Índices máximos e mínimos de IC 89 Tabela 6.3 – Dados da iluminação na área comum 90 Tabela 6.4 – Dados da iluminação nos ambientes da Sala#1 91 Tabela 6.5 – Dados da iluminação dos ambientes da Sala#2 91 Tabela 6.6 – Análise da iluminação na área comum 91 Tabela 6.7 – Análise da iluminação dos ambientes na Sala#1 92 Tabela 6.8 – Análise da iluminação dos ambientes da Sala#2 92 Tabela 6.9 – Ponderação final entre as áreas dos conjuntos 93 Tabela 6.10 – Dados dos aparelhos e das salas 94 Tabela 6.11 – Modelos de ar-condicionado usados na Sala#2 95 Tabela 6.12 – Etiquetagens e áreas analisadas 96 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 17 1.1. AMBIENTAÇÃO 17 1.2. EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 18 1.3. PROGRAMA NACIONAL DE CONSERVAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA – PROCEL 20 1.3.1. PROCEL SELO 22 1.3.2. PROCEL EDIFICA 23 1.4. MOTIVAÇÃO 26 1.4.1. RELEVÂNCIA DO TEMA 27 1.4.2. DIVULGAÇÃO DO PROGRAMA 29 2. OBJETIVOS 30 2.1. OBJETIVOS GERAIS 32 2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 34 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 39 3.1. METODOLOGIA DE PESQUISA 39 3.2. TRABALHOS ANTERIORES 40 3.3. CONCEITOS E DEFINIÇÕES 41 3.3.1. ABERTURA 41 3.3.2. ABSORTÂNCIA TÉRMICA 41 3.3.3. AMBIENTE 42 3.3.4. ÂNGULOS DE SOMBREAMENTO AHS E AV S 42 3.3.5. ÁREA DE PROJEÇÃO DA COBERTURA E ÁREA DE PROJEÇÃO DO EDIFÍCIO 42 3.3.6. ÁREA ÚTIL E ÁREA TOTAL 43 3.3.7. CAPACIDADE TÉRMICA 43 3.3.8. CICLO ECONOMIZADOR 43 3.3.9. COBERTURAS NÃO APARENTES 43 3.3.10. DENSIDADE DE POTENCIA DE ILUMINAÇÃO 43 3.3.11. EDIFÍCIOS COMERCIAIS OU DE SERVIÇOS 44 3.3.12. ENVOLTÓRIA 44 3.3.13. FACHADA E ORIENTAÇÃO 44 3.3.14. FATOR ALTURA E FATOR DE FORMA 45 3.3.15 FATOR SOLAR 45 3.3.16. INDICADOR DE CONSUMO 45 3.3.17. PAFT E PAZ 45 3.3.18. PAREDES EXTERNAS 46 3.3.19. RELAÇÃO CUSTO-BENEFÍCIO 46 3.3.20. TRANSMITÂNCIA TÉRMICA 46 3.3.21. ZONA BIOCLIMÁTICA 46 3.3.22. ZONA DE CONFORTO 47 3.3.23. ZONA DE ILUMINAÇÃO 47 3.3.24. ZONA TÉRMICA 48 4. MATERIAIS E MÉTODOS 49 4.1. MATERIAIS UTILIZADOS 49 4.2. SOFTWARES UTILIZADOS 50 4.3. METODOLOGIA APLICADA 52 4.3.1. ENVOLTÓRIA 52 4.3.1.1. PRÉ-REQUISITOS 52 4.3.1.2. TRANSMITÂNCIA TÉRMICA 53 4.3.1.2.1. TRANSMITÂNCIA TÉRMICA DA COBERTURA 53 4.3.1.2.2. TRANSMITÂNCIA TÉRMICA DAS PAREDES 54 4.3.1.3. CORES E ABSORTÂNCIA DA SUPERFÍCIE 55 4.3.1.4. ILUMINAÇÃO ZENITAL 56 4.3.1.5. DETERMINAÇÃO DO NÍVEL DE EFICIÊNCIA 57 4.3.2. ILUMINAÇÃO 62 4.3.2.1. DIVISÃO DOS CIRCUITOS 63 4.3.2.2. CONTRIBUIÇÃO DA LUZ NATURAL 64 4.3.2.3. DESLIGAMENTO AUTOMÁTICO DO SISTEMA 64 4.3.2.4. ROTEIRO PARA AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE EFICIÊNCIA DE ILUMINAÇÃO 65 4.3.3. CONDICIONAMENTO DE AR 66 4.3.3.1. CONDICIONADORES DE AR DO TIPO JANELA OU SPLIT66 4.3.3.2. SISTEMAS DE CONDICIONAMENTOS DE AR NÃO REGULAMENTADOS PELO INMETRO 67 4.3.3.3. CONTROLE DE TEMPERATURA POR ZONA 71 4.3.3.4. CONTROLES E DIMENSIONAMENTO DOS SISTEMAS DE VENTILAÇÃO 72 4.3.3.5. RECUPERAÇÃO DE CALOR 73 4.3.4. PROCEDIMENTO GERAL PARA DETERMINAÇÃO DO NÍVEL DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 73 5. ESTUDO DE CASO 78 5.1. FASE EXPLORATÓRIA 78 5.2. DESCRIÇÃO DO CASO 79 5.3. ANÁLISE SISTEMÁTICA 80 5.3.1. QUANTO À ENVOLTÓRIA 81 5.3.2. QUANTO À ILUMINAÇÃO 83 5.3.3. QUANTO AO CONDICIONAMENTO DE AR 84 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 87 6.1. RESULTADOS OBTIDOS 87 6.1.1. ENVOLTÓRIA 87 6.1.2. ILUMINAÇÃO 90 6.1.3. CONDICIONAMENTO DE AR 93 6.1.3.1. ÁREA COMUM 93 6.1.3.2. SALA#1 94 6.1.3.3. SALA#2 95 6.1.3.4. ETIQUETAGEM PARCIAL DO EDIFÍCIO PARA CONDICIONAMENTO DE AR 96 6.1.4. ETIQUETAGEM DO EDIFÍCIO ANALISADO 96 6.2. DISCUSSÕES 97 6.2.1. ASSIDUIDADE QUANTO À BIBLIOGRAFIA 97 6.2.2. ASSIDUIDADE QUANTO AOS OBJETIVOS 98 7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 99 7.1. RESULTADOS ESPERADOS VERSUS RESULTADOS OBTIDOS 99 7.2. RECOMENDAÇÕES E PROSPECÇÕES 102 8. BIBLIOGRAFIA E DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA 104 ANEXOS 106 Lista de Siglas e Abreviaturas Aabertura – Área de Abertura AaberturaO – Área de Abertura Oeste ABILUX – Associação Brasileira da Indústria de Iluminação ABINEE – Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica ABRAVA – Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento AC – Área de Piso dos Ambientes Condicionados Aenv – Área da Envoltória Afachada – Área de Fachada AfachadaO – Área de Fachada Oeste AHS – Ângulo Horizontal de Sombreamento AHSL – Ângulo Horizontal de Sombreamento Leste AHSN – Ângulo Horizontal de Sombreamento Norte AHSO – Ângulo Horizontal de Sombreamento Oeste AHSS – Ângulo Horizontal de Sombreamento Sul ANC - Área de Piso dos Ambientes Não Condicionados de Permanência Prolongada Apcob – Área de Projeção Horizontal da Cobertura Ape – Área de Projeção Horizontal do Edifício APT – Área de Piso dos Ambientes de Permanência Transitória Atot – Área total de piso AU – Área Útil AVS – Ângulo Vertical de Sombreamento AVSL – Ângulo Vertical de Sombreamento Leste AVSN – Ângulo Vertical de Sombreamento Norte AVSO – Ângulo Vertical de Sombreamento Oeste AVSS – Ângulo Vertical de Sombreamento Sul C – Capacidade Térmica Cepel – Centro de Pesquisa de Energia Elétrica CETRAGUA – Centro de Tecnologias Sociais para Gestão da Água CONPET – Programa Nacional de Racionalização do Uso de Derivados de Petróleo e do Gás Natural CT – Capacidade Térmica de Componentes CTCL – Centro de Tecnologia do Carvão Limpo DPIA - Densidade de Potência de Iluminação Absoluta DPIR - Densidade de Potência de Iluminação Relativa DPIRF - Densidade de Potência de Iluminação Relativa Final DPIRL - Densidade de Potência de Iluminação Relativa Limite ELETROS – Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletro-EletrônicosENCE – Etiqueta Nacional de Conservação de Energia Env – Envoltória EqNum – Equivalente Numérico EqNumCA – Equivalente Numérico do Sistema de Condicionamento de Ar EqNumDPI – Equivalente Numérico de Iluminação EqNumEnv – Equivalente Numérico de Envoltória EqNumV – Equivalente Numérico de Ambientes Não Condicionados e/ou Ventilados Naturalmente FA - Fator Altura FANTENP – Faculdade de Tecnologia de Nova Palhoça FF - Fator de Forma FFmín - Fator de Forma Mínimo FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos FS - Fator Solar GEF – Global Environment Facility ICenv - Indicador de Consumo da envoltória ICmáxD – Limite Máximo do Indicador de Consumo da envoltória ICmín – Limite Mínimo do Indicador de Consumo da envoltória IDEC – Instituto de Defesa do Consumidor Inmetro – Instituto Nacional de Metrologia IPCC – Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas K – Índice de Ambiente LabEEE – Laboratório de Eficiência Energética em Edificações MME – Ministério de Minas e Energia PA – Potência e Cada Unidade Condicionadora PAFO - Percentual de Área de Abertura na Fachada Oeste PAFT - Percentual de Área de Abertura na Fachada Total PAZ - Percentual de Abertura Zenital POC – Percentual de Horas Ocupadas com Conforto PROCEL – Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica PT – Pontuação Total RAC-C – Regulamento de Avaliação da Conformidade do Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos RGR – Reserva Global de Reversão RTQ-C – Regulamento Técnico da Qualidade do Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos TCC – Trabalho de Conclusão de Curso UFPR – Universidade Federal do Paraná UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina UV – Ultra-violeta VAV – Volume de Ar Variável Vtot – Volume total ZB – Zona Bioclimática 17 1. INTRODUÇÃO 1.1. AMBIENTAÇÃO Qualquer atividade em uma sociedade moderna somente torna-se viável com o uso intensivo de uma ou mais formas de energia. Essa energia provém de várias fontes como a água, o gás natural, carvão, petróleo, vento e até mesmo a luz do sol. O consumo de energia é necessário para todas as atividades, sejam elas residenciais comerciais ou industriais. Ao longo dos anos, a energia elétrica se destacou frente às demais, pela facilidade de geração e transmissão. A partir do momento que as máquinas elétricas passaram a ter uma importância elevada na sociedade, passa a haver uma preocupação com a geração dessa energia. Porém o consumo de energia se mostra desigual no mundo. Países ditos industrializados consomem quase 75% dos recursos energéticos do planeta, enquanto que a maior parte da população vive fora desses países. Grande parte da energia gerada vem da queima de combustíveis fósseis, aumentando a emissão de gases poluentes e do efeito estufa ao longo dos últimos anos. Para o crescimento econômico é necessário que o cenário energético de um país esteja no mesmo ritmo do crescimento ou então o setor de energia torna- se um “gargalo”, impedindo que haja desenvolvimento de todos os setores. Com a ascensão de países emergentes, o consumo se dará maior nestes países e todo um investimento em infra-estrutura se tornará importante. Estima-se que a demanda energética venha a duplicar nos próximos 25 anos e com isso um problema surge: o esgotamento das fontes de energia e a questão ambiental que a geração de energia está envolvida. Na questão ambiental, especialistas do Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas – IPCC – calculam que a temperatura da Terra aumente entre 1,4 e 5,8 graus centígrados até o ano de 2100. As conseqüências seriam dramáticas: expansão dos desertos, secas, tempestades etc. Dentro do âmbito da engenharia que estuda entre outras áreas o uso consciente da energia, surge o conceito de eficiência energética, aplicado em tudo que se relaciona com geração, transmissão, distribuição e uso de energia. 18 Programas, metodologias e técnicas são desenvolvidos de forma rápida para que possam ser aplicados com o intuito de um uso mais racional dos recursos energéticos. A nível nacional é recente o famoso “Apagão” de 2001 que trouxe muitos prejuízos a economia brasileira pelo descaso ao setor energético dos anos anteriores. Porém, tal situação serviu para alertar autoridades que um investimento massiço no sistema de energia era fundamental para o que país pudesse acompanhar o desenvolvimento que vinha apresentando na última década. Sendo assim criaram-se vários programas de uso consciente de energia que buscavam atender todos os setores da população, desde um usuário doméstico até grandes indústrias. O Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica – PROCEL – e o Programa nacional da Racionalização do uso dos derivados de petróleo e do gás natural – CONPET – são os dois principais programas brasileiros no combate ao desperdício de energia. Destes dois organismos partem grande parte dos programas de conscientização para toda a nação como: Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular, Programa Petrobrás de Eficiência Energética, Prêmio Nacional de Conservação e do Uso Racional de Energia, EconomizAR, TransportAR, Programa Procel Edifica, entre outros. Independente do programa ou da ação que seja realizada, o intuito é sempre o mesmo, ou seja, promover o uso adequado de energia, que não seja impactante ao meio ambiente e que favoreça o desenvolvimento econômico e sustentável. Diante disso o conceito de Eficiência Energética vem sendo bastante difundido entre os especialistas da área e pretende-se, então, que toda a comunidade seja adepta deste conceito. 1.2. EFICIÊNCIA ENERGÉTICA O processo de globalização e a instauração de uma economia altamente competitiva vêm exigindo das empresas e da população maior eficiência em suas atividades. O uso eficiente da energia elétrica não significa apenas uma redução nas despesas, mas também redução nos impactos ambientais. Além disso, a 19 eficiência energética muitas vezes está ligada a melhoria na qualidade do ambiente de trabalho e do processo produtivo. Assim, é eficiente quem realiza um serviço ou produz um bem com quantidades inferiores de energia; é eficiente quem usa a tecnologia a favor de processos produtivos mais eficientes; é eficiente a indústria que busca alternativas menos poluentes, sem com isso baixar sua produtividade; enfim, é eficiente quem pensa de forma racional. Enquanto a demanda por energia cresce, e os esforços para aumentar as fontes renováveis e não renováveis de energia, os projetos de eficiência energética surgem como uma opção paralela. Ao invés de agir na geração, o conceito de eficiência energética age na redução do consumo, tendo como metas substituir aparelhos ineficientes por eficientes, criar ambientes onde se possa aproveitar melhor a luz solar, e que possuam uma refrigeração natural aprimorada de modo a evitar gastos com refrigeradores e sistemas de ar-condicionado. Atingidas essas metas, evitar-se-á o desperdício e estimular-se-á o uso consciente de energia elétrica nas instalações que compreendem residências, prédios comerciais e industriais. Desperdícios esses que ocorrem tendo em vista que aparelhos eficientes energeticamente são produtos de maior qualidade, e que normalmente encarecem uma instalação. Um exemplo que ocorre freqüentemente na iluminação é o caso de uma lâmpada incandescente comum tem uma eficiência de 8% (ou seja, 8% da energia elétrica usada é transformada em luz e o restante aqueceo meio ambiente). A eficiência de uma lâmpada fluorescente compacta, que produz a mesma iluminação, é da ordem de 32%. O projetista de eficiência energética tem então a tarefa de analisar o custo-benefício, ou seja, se o investimento elevado em aparelhos eficientes trará o retorno desejado. A partir das crises do petróleo na década de 70, o governo brasileiro tem se preocupado com a situação energética do país e a sua dependência em relação às importações. Desde então se presenciaram ações cíclicas do governo visando a racionalização do uso da energia, inicialmente através da participação do Ministério das Minas e Energia (MME), da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e empresas públicas, 20 sendo num primeiro instante totalmente direcionado para as indústrias e transportes, durante toda a década de 1970 até a segunda metade da década de 1980. Nessa fase as atenções estavam voltadas para a redução de desperdícios e a substituição do petróleo pela energia elétrica nas indústrias e emprego do álcool combustível no lugar da gasolina, sendo estes últimos com preços subsidiados pelo governo como forma de incentivo ao seu uso. La Rovere (1994) cita em seus estudos que em 1989, o mundo vivenciou a redução do preço do barril de petróleo e no Brasil houve uma estagnação dos investimentos na área da Conservação de Energia e nas pesquisas de novas fontes de energia, juntamente com as adequações das políticas de preços da eletricidade e do álcool. Como conseqüência as indústrias retornaram ao uso do petróleo e seus derivados, o mesmo ocorrendo com a frota nacional de veículos automotores. A Guerra do Golfo em 1991 trouxe à tona novamente a questão da dependência do petróleo e no plano nacional as dificuldades presentes nas empresas de energia, principalmente as de eletricidade (estatais endividadas e sem capital para investimentos), levaram o país mais uma vez a rever a sua condição estratégica perante a energia, visando-se um desenvolvimento sustentável, dando-se início a um novo ciclo de programas de Conservação de Energia. Em resumo, o conceito de Eficiência Energética vai além do que a própria definição sugere, ou seja, a eficiência não está atrelada unicamente ao fato de se substituir aparelhos que consomem muita energia elétrica por àqueles que consomem menos, mas sim na conscientização de preservação do meio em que vivemos para que possamos ter um futuro garantido em que todos possam usufruir de uma qualidade de vida aceitável. 1.3. PROGRAMA NACIONAL DE CONSERVAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA – PROCEL O Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica – PROCEL – promove a racionalização do consumo de energia elétrica, para combater o desperdício e reduzir os custos e os investimentos setoriais, aumentando a 21 eficiência energética. Criado pelo governo federal, em 1985, é executado pela Eletrobrás, com recursos da empresa, da Reserva Global de Reversão (RGR) e de entidades internacionais. Em 25 anos de existência, o PROCEL ajudou a economizar 28,5 milhões de MWh, consumo equivalente a 16,3 milhões de residências e à energia gerada por uma hidrelétrica de capacidade instalada de 6.841 MW, que teria um custo aproximado de R$ 19,9 bilhões. Para atingir esse resultado, o investimento realizado foi de R$ 1 bilhão, proveniente da Reserva Global de Reversão (R$ 628 milhões), Eletrobrás (R$ 359 milhões) e Programa de Eficiência Energética (R$ 37,5 milhões), iniciativa que uniu o Global Environment Facility (GEF), do Banco Mundial (Bird), e a Eletrobrás. Instituído em 1993, o Selo PROCEL de Economia de Energia indica ao consumidor, no ato da compra, os produtos que apresentam os melhores níveis de eficiência energética dentro de cada categoria. O objetivo é estimular a fabricação e a comercialização de produtos mais eficientes, contribuindo para o desenvolvimento tecnológico e a redução de impactos ambientais. Também desde 1993, o programa promove o Prêmio Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia, conhecido como Prêmio PROCEL, que reconhece o empenho e os resultados obtidos pelos agentes atuantes no combate ao desperdício de energia. Concedido anualmente, o Prêmio PROCEL visa estimular a sociedade a implementar ações que efetivamente reduzam o consumo de energia elétrica. [1] O PROCEL conta com os seguintes subprogramas: - PROCEL Avaliação (Resultados das Ações de Eficiência Energética); - PROCEL Edifica (Eficiência Energética em Edificações); - PROCEL Educação (Informação e Cidadania); - PROCEL EPP (Eficiência Energética nos Prédios Públicos); - PROCEL GEM (Gestão Energética Municipal); - PROCEL Indústria (Eficiência Energética Industrial); - PROCEL Info (Centro Brasileiro de Informação de Eficiência Energética) - PROCEL Marketing (Conscientização e Informação); - PROCEL Reluz (Eficiência Energética na Iluminação Pública); - PROCEL Sanear (Eficiência Energética no Saneamento Ambiental); 22 - PROCEL Selo (Eficiência Energética em Equipamentos) 1.3.1. PROCEL SELO O PROCEL Selo foi instituído por Decreto Presidencial em 8 de dezembro de 1993. É um produto desenvolvido e concedido pelo PROCEL, coordenado pelo Ministério de Minas e Energia – MME, com sua Secretaria-Executiva mantida pelas Centrais Elétricas Brasileiras S.A – Eletrobrás. Os critérios para concessão do PROCEL SELO são determinados por uma comissão técnica composta de representantes das seguintes entidades: - PROCEL/Eletrobrás, na condição de Coordenador; - Cepel - Centro de Pesquisas de Energia Elétrica; - Inmetro - Instituto Nacional de Metrologia; - IDEC - Instituto de Defesa do Consumidor; - ABINEE - Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica; - ELETROS - Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletro-Eletrônicos; - ABILUX - Associação Brasileira da Indústria de Iluminação; - ABRAVA - Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento; Esses critérios tomam como base os dados de consumo obtidos em medições realizadas nos laboratórios de referência indicados pelo Programa Brasileiro de Etiquetagem do Inmetro. O programa realiza a etiquetagem de aparelhos baseados na sua eficiência e rendimento. Assim, os aparelhos elétricos e eletrodomésticos são submetidos a testes e ensaios em laboratórios idôneos, e recebem uma classificação, que pode variar entre A e E, conforme apresentado na Figura 1.1 abaixo. [1] 23 Figura 1.1 - PROCEL Selo Fonte: RTQ-C O objetivo dessa etiquetagem do PROCEL nos aparelhos é orientar os consumidores, para que sempre procurem aparelhos com etiquetagem tendendo a marca A, pois assim eles saberão que estão usando produtos de maior qualidade que utilizam a energia elétrica com maior eficiência. 1.3.2. PROCEL EDIFICA Definição: O Procel Edifica é o Plano de Ação para Eficiência Energética em Edificações e visa construir as bases necessárias para racionalizar o consumo de energia nas edificações no Brasil. Em uma de suas vertentes de ação – Subsídios à Regulamentação - são determinados os parâmetros referenciais para verificação do nível de eficiência energética de edificações. [1] O Programa Nacional de Eficiência Energética em Edificações – PROCEL EDIFICA foi instituído em 2003 pela ELETROBRÁS/PROCEL e atua de forma conjunta com o Ministério de Minas e Energia, o Ministério das Cidades, as 24 universidades, os centros de pesquisa e entidades das áreas governamental, tecnológica, econômica e de desenvolvimento, além do setor da construção civil.A etiqueta do PROCEL Edifica é o resultado de cinco anos de pesquisa. O desenvolvimento da metodologia ficou sob a responsabilidade de uma comissão do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – Inmetro – e do Laboratório de Eficiência Energética em Edificações – LabEEE – e teve um financiamento da Eletrobrás de cerca de 1 milhão de reais. A idéia do programa é promover a etiquetagem de edifícios segundo a forma com que ele utiliza a energia elétrica. Em 2009 os seguintes edifícios foram etiquetados no Brasil: Centro de Tecnologias Sociais para Gestão da Água – CETRAGUA, Sede da Caixa Econômica Federal de Bélem/PA, Agência da Caixa Econômica Federal do bairro Jardim das Américas em Curitiba/PR, Faculdade de Tecnologia de Nova Palhoça – FANTENP e Centro Tecnológico do Carvão Limpo – CTCL/SATC. As Figuras 1.2 e 1.3 ilustram a Agência da Caixa Econômica Federal em Curitiba e sua respectiva ENCE obtida, um dos primeiros edifícios a receber a etiqueta. Segundo dados fornecidos pelo próprio LabEEE, esta Agência da Caixa obteve nível A em eficiência de envoltória, nível B para eficiência em iluminação e nível C de eficiência em Condicionamento de Ar, sendo que na ponderação destes três níveis a Agência conseguiu o nível A de eficiência em todo prédio, mostrando que o projeto está em conformidade com o que propõe o programa. Vale lembrar que a nota final foi bonificada por um programa de reutilização da água. 25 Figura 1.2. Agência da Caixa Econômica Federal em Curitiba Fonte: Manual de aplicação dos regulamentos: RTQ-C e RAC-C Figura 1.3. ENCE obtida pela Agência da Caixa Econômica Federal em Curitiba Fonte: RTQ-C 26 A etiqueta avalia três características do edifício: a envoltória, a parte física do edifício; o sistema de iluminação, a iluminação interna do edifício de acordo com as diferentes atividades exercidas pelo usuário; e o sistema de condicionamento de ar, que avalia o tipo de sistema utilizado e sua eficiência nas diferentes áreas do edifício. A nota da etiqueta varia de 1, para os menos eficientes - representado pela letra E, a 5 para os mais eficientes - representado pela letra A. Um imóvel com a etiqueta A tem um consumo 40% menor que um com a etiqueta E. A Figura 1.3 serve também como exemplo de etiqueta que o Inmetro fornece aos edifícios inspecionados e mostra que a etiquetagem do edifício completo é função das etiquetagens individuais de iluminação, condicionamento de ar, e, sobretudo, a envoltória, sendo esta a análise mais criteriosa e complexa a ser feita. A maneira como as normas são aplicadas será discutida detalhadamente nos Capítulos 4 e 5 do presente trabalho. O sistema será testado por cinco anos, a partir disso, a classificação poderá evoluir da etiqueta (análise de consumo) para o selo, que indicará o consumo de energia nas edificações, tornando-se uma espécie de atestado de qualidade do prédio. Nesta etapa, a classificação pode se tornar obrigatória. [1] 1.4. MOTIVAÇÃO Dentro do contexto apresentado pelo Programa PROCEL Edifica, este foi o objeto principal de escolha que definiu o tema deste Trabalho de Conclusão de Curso - TCC. A escolha do tema, antes de mais nada, partiu da idéia de que um TCC deva ser importante para a comunidade e contribuir na formação do graduando. A idéia primária partiu de conversas com professores para um levantamento da linha de pesquisa que cada professor possui dentro do corpo docente do Departamento de Engenharia Elétrica. Formulou-se, então, um escopo para que se pudesse confrontar os temas propostos pelos professores com as alusões que os graduandos tinham e, com isso, a escolha de um professor orientador. 27 Assim sendo, as idéias do professor Vilson Roiz vieram a corroborar com a intenção de trabalho dos graduandos e após conversas, foi possível determinar alguns temas que pudessem ser interessantes para pesquisa. Foi graças ao professor orientador que tivemos contato com o livro “Guia para Elaboração de Monografias e Trabalhos de Conclusão de Curso” que nos ajudou muito na firmação do tema. Martins, G. A. e Lintz, A., autores do livro supracitado definem uma metodologia para se obter um tema ou problema de pesquisa. É de citação dos autores: “... A busca do assunto/tema a ser focalizada pela monografia deve ser orientada de forma que se sinto algum tipo de atração pelo objeto de estudo. [...] A escolha de um tema que esteja ligado à área de atuação profissional, ou que faça parte da experiência pessoal do estudante, torna o trabalho de desenvolvimento monográfico muito mais interessante e eficiente. [...] Recomendamos que os alunos-autores conversem com seus professores, pois, muitas vezes, eles possuem idéias interessantes e linhas de pesquisas que podem vir a ser desenvolvidas em conjunto...” Para melhor entendimento do processo motivacional da elaboração do presente trabalho, os itens 1.4.1 e 1.4.2 explanam de forma mais profunda os dois pontos fundamentais adotados como referência na escolha do tema. 1.4.1. RELEVÂNCIA DO TEMA Os mesmos autores citados anteriormente definem o que são os chamados “predicados” de um bom tema de pesquisa. Segundo os autores, a escolha de um tema profícuo para a pesquisa científica deve atender, simultaneamente, a três quesitos: - Viabilidade: a questão da viabilidade do tema escolhido está relacionada às evidências empíricas que permitem observações, testes e validações dos possíveis achados da investigação, bem como as condições de prazo, custos e potencialidade do pesquisador. - Importância: o tema é importante quando, de alguma forma, está relacionado a uma questão que polariza, ou afeta, um segmento substancial da 28 sociedade. Ou ainda, está direcionado a uma questão teórica que merece atenção: isto é, melhor definição, maior precisão etc. - Originalidade: um tema é original quando há indicadores de que seus resultados irão causar alguma surpresa. Isto é, se há possibilidades de se encontrar novos resultados ainda não disseminados no ambiente científico- profissional. O original, em síntese, é a leitura do aluno-autor sobre o tema pesquisado. É evidenciado pelo valor da reconstrução racional e lógica do tema escolhido. [19] O autor ainda apresenta uma equação que auxilia na escolha de um bom tema: Sendo: V – Viabilidade I – Importância O – Originalidade Dá, então, a nota de 1 a 10 a cada um dos termos da equação e se a média M for maior ou igual a 5,0, tem-se uma boa escolha de tema. Partindo do conceito apresentado pelos autores e com reuniões feitas com o professor orientador, chegamos à seguinte conclusão para as variáveis da equação: Viabilidade – nota 7; Importância – nota 9 e Originalidade – nota 6. Resultando em uma média de M = 7,23, evidenciando a relevância e a escolha correta do tema proposto. Além do mais, a escolha procurou ser objetiva e pontual, não abrangendo muitos tópicos, não envolveu questões que envolvam juízos de valor e os graduandos estão em plena capacidade de explicar e desenvolver todas as etapas envolvidas. 29 1.4.2. DIVULGAÇÃO DO PROGRAMA Seguindo com o conceito de que a escolha de um bom tema para o trabalho seja aquele que contribua de alguma forma com a sociedade, partimos do ponto que o próprio Programa PROCEL Edifica é um instrumento que precisa ser divulgado para que possa ser difundido. A etiquetagem de imóveis é um instrumento fundamental para que os consumidores e utilizadores de imóveis façam escolhas conscientes na altura dacompra ou aluguel. Em evento do SINDUSCON/SP, o presidente do INMETRO, João Jornada, afirmou que “aderir as normas do PROCEL edifica traz vantagens para a construtora por ter em mãos um produto diferenciado”. O presidente do Comitê Brasileiro de Construção Sustentável – CBCS acredita que, dentro de alguns anos, as construtoras que não aderirem à conservação energética ficarão fora do mercado. Ele prevê que “o menor custo de operação e o aumento da vida útil do imóvel compensarão largamente o pequeno custo a mais da construção sustentável”. Com a divulgação do programa PROCEL Edifica, espera-se que os novos edifícios sejam construídos nas normas para se atingir a etiquetagem elevada, fazendo com que os consumos de energia prediais sejam cada vez mais eficientes. 30 2. OBJETIVOS O Capítulo 1 faz a introdução dos assuntos tratados no presente trabalho. O termo “Eficiência Energética” é recorrente e pode ser considerado a essência de toda a estruturação do projeto. A motivação, tratada no item 1.2, é justificada pela necessidade do uso racional de energia, e mais, uma energia limpa que venha de fontes renováveis. Durante muito tempo a sociedade utilizou as fontes de energia de uma forma ineficiente, esgotando em grande parte os recursos naturais. Na atualidade, com um novo pensamento, programas de conscientização procuram incentivar a participação de cada pessoa no processo de economia de energia. A atividade de combate ao desperdício de energia elétrica é tão importante quanto à de geração, transmissão e distribuição dessa energia. Vale a pena recordar que a energia economizada é a energia disponível mais barata com a qual uma sociedade pode contar, sendo um ótimo negócio para o país. O controle do desperdício, além de atingir esse objetivo, é uma forma eficiente de preservar o meio ambiente, estabelecendo, ao mesmo tempo, uma relação eficaz de custo e efeito. Estudos recentes indicam que edificações comerciais e de serviços, com uma média de 100 funcionários, podem economizar aproximadamente R$ 1.000,00 a R$ 2.000,00 por mês na conta de energia com a adoção de medidas adequadas que venham a reduzir o consumo de energia e a demanda de potência sem comprometer a produtividade ou a qualidade de suas atividades. Pode-se dizer que existe uma relação direta entre o porte da edificação (e de sua ocupação) e o montante a ser economizado, o que pode chegar a um valor considerável. Para a implementação de ações visando a economia de energia em uma edificação, torna-se necessário o estabelecimento de um programa ou planejamento específico. A importância de se planejar procedimentos deve-se ao fato de que qualquer ação isolada tende a perder seu efeito ao longo do tempo, por melhores resultados que venha a apresentar. Desta forma, é fundamental o engajamento de todos, buscando-se um objetivo comum através do esforço coletivo. 31 Além disso, um programa de economia de energia exige iniciativa e criatividade, além de ações que demandam mudanças de hábito, o que é um obstáculo a ser vencido em virtude da própria resistência natural das pessoas às mudanças comportamentais. Para que os objetivos de eficientização possam ser alcançados, a elaboração de um programa de economia de energia em uma edificação deve resultar do esforço dos diversos setores envolvidos, de forma que fique claro para todos que economia de energia - Não significa racionamento; - Não implica em redução de qualidade de vida, conforto e segurança; - Não pode comprometer a produtividade ou a produção de quaisquer das atividades humanas; - Significa eliminar desperdícios inteligentemente; - Significa utilização racional, tendo em mente que, ao utilizar energia, devemos gastar apenas o necessário, buscando o máximo desempenho com o mínimo consumo; - Significa atitude moderna, aplicada ao mundo desenvolvido, como medida lógica e consciente de utilização de eletricidade; - Significa maximizar investimentos já realizados no sistema elétrico; - Significa reduzir custos para o Estado e para o consumidor; - Amplia, no tempo, os recursos renováveis e não renováveis ainda disponíveis no planeta; - Contribui decisivamente para minorar os impactos ambientais; - Amplia a matriz de desenvolvimento econômico, através da maior disponibilização dos montantes de energia não mais desperdiçados; - Melhora a competitividade internacional dos produtos e serviços desenvolvidos no Brasil; - Enfatiza valores fundamentais, especialmente em um país em fase de desenvolvimento, que não pode desperdiçar seus recursos (sabe-se que um dos fatores de crescimento dos países desenvolvidos foi exatamente a utilização racional economia de energia). Em síntese, um programa de economia de energia elétrica deve pautar-se pela otimização da utilização da eletricidade através da orientação, 32 direcionamento, implementação de ações e controles sobre os recursos econômicos, materiais e humanos disponíveis, objetivando minimizar os índices globais e específicos da quantidade de energia necessária para obtenção do mesmo resultado. 2.1. OBJETIVOS GERAIS Dentro deste cenário de elaboração de um programa eficaz que venha a contribuir de forma generalizada para o uso racional de energia e sua conseqüente economia, surgem programas, ora promovidos por iniciativa estatal, ora por iniciativas privadas, que vêem a contribuir no processo de eficiência energética. Neste âmbito aplica-se o Programa PROCEL Edifica, ao qual o presente trabalho aborda e toma como base de estudo. O PROCEL Edifica é o Plano de Ação para Eficiência Energética em Edificações e tem como objetivo construir as bases necessárias para racionalizar o consumo de energia nas edificações do Brasil. Em uma de suas vertentes de ação – Subsídios à Regulamentação - são determinados os parâmetros referenciais para verificação do nível de eficiência energética de edificações. Nesta vertente desenvolveu-se o Regulamento Técnico da Qualidade do Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos (RTQ-C) e seus documentos complementares, como o Regulamento de Avaliação da Conformidade do nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos (RAC-C), ambos publicados pelo Inmetro, e o Manual para aplicação do RTQ-C. [1] A aplicação da metodologia de tais documentos – RTQ-C, RAC-C e Manual para aplicação do RTQ-C – visa, então, o processo de etiquetagem de um estabelecimento predial comercial, seja este público ou privado, nas normas da Etiqueta Nacional de Conservação de Energia – ENCE. A etiqueta, propositalmente semelhante àquelas presentes em eletrodomésticos e notadamente conhecida pela população, é o produto final de uma avaliação criteriosa de toda estrutura civil e elétrica do estabelecimento. O modelo da ENCE é apresentado na Figura 1.1, do item 1.3.1. 33 A etiquetagem do edifício é voluntária e aplicável a edifícios com área útil superior a 500 m², como citado anteriormente no Capítulo 1, item 1.1.2.1, porém trata-se do início de um processo que se deva difundir ao ponto de ser aplicável como forma de lei, regulamentada pelos órgãos oficiais responsáveis. Este processo de implementação do Programa de Etiquetagem para Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos será, em breve, ampliado para edificações residenciais. Desde o ano de 2007 o Regulamento Técnico da Qualidade do Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais (RTQ-R) está em desenvolvimento, estando previsto sua implementação para o correnteano. Assim como o RTQ-C, o documento deverá ser complementado pelo RAC-R e por um Manual de aplicação do RTQ-R. Além dos documentos sobre a etiquetagem de edificações residenciais, são gerados outros documentos e recursos para facilitar a difusão dos conhecimentos relativos aos regulamentos, tanto comercial como residencial. São publicações de artigos acadêmicos em revistas especializadas, divulgação na mídia jornalística e apoio a eventos relacionados ao tema. O portal do PROCEL Info (www.PROCELinfo.com.br) e o sítio eletrônico do LabEEE (www.labeee.ufsc.br) contêm material adicional para divulgação do assunto. Estão previstas planilhas eletrônicas que serão disponibilizadas para download gratuito, cartilhas para os laboratórios de inspeção sobre procedimentos de medição, lista das perguntas mais freqüentes (FAQ) para consulta e fórum para discussão entre os envolvidos com os cursos de capacitação dos laboratórios de inspeção. Estão também previstas avaliações entre os laboratórios como parte do programa de capacitação e como desenvolvimento do conhecimento, incluindo as atualizações dos regulamentos. Estas atualizações estão previstas para ocorrer de forma periódica. As versões futuras dos regulamentos irão permitir que inovações sejam incorporadas, métodos de avaliação sejam melhorados e que o nível de eficiência ótimo seja gradualmente elevado de forma a acompanhar a evolução tecnológica. [1] De forma a ilustrar os objetivos gerais do Programa PROCEL Edifica, é apresentado abaixo um Fluxograma, na Figura 2.1. 34 Figura 2.1 – Objetivos do Programa PROCEL Edifica 2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Uma pesquisa é fundamentada e metodologicamente construída objetivando a resolução ou o esclarecimento de um problema. O problema é o ponto de partida da pesquisa. Da sua formulação dependerá o desenvolvimento da sua pesquisa e logicamente, a definição de seus objetivos. Gewandsznajder (1989, p.4), para ilustrar o processo de pesquisa e obtenção de objetivos, faz uma descrição das atividades de um médico esclarecedoras à compreensão do que consiste um problema e o que são as hipóteses de pesquisa. Observe a descrição: 35 “Cláudia, uma menina de oito anos, foi levada ao médico com dor de garganta, febre e dificuldades de engolir. O médico constata, imediatamente que há uma doença, mas ainda não sabe sua causa: ele percebe que há um problema a ser resolvido. Provavelmente, devido a seus estudos e sua prática, ele imagina rapidamente uma explicação para a doença. Neste caso, a criança talvez esteja com uma infecção na garganta. Desse modo, ele formula uma hipótese para resolver o problema. Passa então a procurar outros sinais de infecção: observa a garganta da criança, mede sua temperatura, talvez mande examinar em laboratório o material recolhido da garganta da menina, etc. Se a criança estiver com uma infecção, sua garganta estará inflamada, o termômetro deverá indicar febre e o exame de laboratório acusará a presença de germes causadores da doença. O médico estará então realizando observações e experiências para testar sua hipótese. Finalmente, ele analisa os resultados dos testes para chegar a uma conclusão. Os exames poderão indicar ou não a presença de uma infecção. Caso a hipótese de infecção se confirme, ela será aceita, pelo menos provisoriamente, e o médico receitará os medicamentos adequados para combater a doença. Se os testes não indicarem infecção, outras hipóteses terão que ser testadas ou talvez alguns testes tenham que ser refeitos. Desse modo, a hipótese poderá ser confirmada ou refutada pela experiência.” A percepção de um problema, então, é o que leva ao raciocínio que gera a pesquisa, para o início da pesquisa devem-se ter objetivos que se pressupõem serem alcançados ao final do trabalho, e nesse processo você formula hipóteses, soluções possíveis para o problema identificado. [20] Para Mager, 1997, o(s) objetivo(s) de um trabalho é(são) uma(s) coleção(ões) de palavras, figuras e diagramas que devem expressar o que o autor pretende que os resultados atinjam. Apresenta as seguintes características: - É relacionado com o resultado final, não com a avaliação do processo para atingir tal resultado; - É específico e mensurável; A qualidade de objetivos usáveis está relacionada com a utilização de frases com verbos de menor ambigüidade e subjetividade possível. As frases 36 devem descrever o que os pesquisadores serão aptos a fazer, ou seja, descrever as ações e condições de realizar após a realização da atividade correspondente. A qualidade dos objetivos implica em ter três características desejáveis, que devem constituir resposta às seguintes perguntas: - O que se irá realizar? - Sob quais condições são necessárias para realização? - Quão bem o objetivo poderá se realizar? As características que devem constituir resposta às perguntas mencionadas são as seguintes: - Desempenho; - Condições; - Critério. Por vezes, não é necessária condição específica ou critério indicado, no entanto, quanto mais informações objetivas forem especificadas, mais apropriados poderão ser definidos os objetivos do trabalho. [21] A relevância e motivação que conduziram a escolha do tema para elaboração do presente trabalho são detalhadas no Capítulo 1, item 1.2. A partir dos conceitos citados acima e da certeza de se tratar de uma escolha de tema condizente com a conjuntura atual do país, determinaram-se tópicos que serão os objetivos específicos do trabalho. Dando continuidade à proposta apresentada pelo governo federal ao elaborar o Programa PROCEL Edifica, a idéia de se produzir um Trabalho de Conclusão de Curso – TCC – com base nas diretrizes apresentadas no RTQ-C, RAC-C e Manual para aplicação do RTQ-C tem como objetivos específicos os seguintes pontos: - Disseminação do Programa PROCEL Edifica; - Aplicação do programa a um estabelecimento já construído e de relevância para a comunidade; - Verificação da conformidade da metodologia apresentada no Manual de aplicação do RTQ-C para edifícios já existentes; - Proposta de eficientização do sistema energético do edifício escolhido, caso necessário; 37 - Obtenção da ENCE – Etiqueta Nacional de Conservação de Energia – para o edifício analisado. Para melhor compreensão é apresentado ao seguir a Figura 2.2, com o organograma dos objetivos específicos. Figura 2.2 – Objetivos Específicos do TCC Aplicando a idéia de Mager citada anteriormente, a elaboração dos objetivos do trabalho não se relaciona diretamente com a metodologia que será aplicada. Todos os tópicos são mensuráveis e produzem dados reais sobre o caso estudado. E sua qualidade é verificada pelo uso das três características elaboradas em forma de questionamento citadas acima, ou seja, desempenho, condições e critérios são fatores que persistirão ao longo de todo desenvolvimento do TCC. Uma melhor abordagem ao desempenho, condições e critérios é apresentada no Capítulo 4 – Materiais e Métodos. É importante salientar que como todo trabalho de pesquisa, seja um estudo de caso, revisão bibliográfica ou ambos, os objetivos podem não ser alcançados da forma esperada, o que não significa no fracasso de todo projeto, mas sim numa revisão do desenvolvimento do trabalho ou até, na elaboração de novos objetivos a partir dos inicialmente estipulados, dando continuidade ao tema e levantando novos problemas a serem resolvidos. 38 Ao final, no Capítulo 7 – Conclusões, é apresentado um resumo dos dados obtidos e um confrontamento com os objetivos abordados no presenteCapítulo, sendo assim, a possível análise real do TCC. 39 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1. METODOLOGIA DE PESQUISA O conceito de eficiência energética bem como o PROCEL Edifica são temas que vêm se destacando apenas na última década, devido a crise energética iniciada em 2001 com o chamado “apagão” do Sistema Elétrico Brasileiro. Para o PROCEL Edifica, por se tratar de um programa recente, a bibliografia existente sobre o tema é relativamente escassa, aumentando a relevância de se produzir um material sobre o mesmo. No entanto, para o início das atividades foi necessário se definir etapas de estudo, para auxiliar cada passo da pesquisa. As etapas seguidas estão descritas na Tabela 3.1 a seguir. Tabela 3.1 – Etapas do Projeto e Atividades Desenvolvidas Etapas do Projeto Atividade Desenvolvida Primeira Etapa Leitura de normas Segunda Etapa Coleta de dados Terceira Etapa Cálculos e Análises Etapa Final Resultados e Conclusões Na primeira etapa verificou-se a parte teórica do estudo. Foram tomadas como base as normas vigentes do programa, descrita nos documentos RTQ-C, RAC-C e Manual para aplicação dos regulamentos: RTQ-C e RAC-C, assim como a Norma técnica de iluminação NBR5413, além da bibliografia de apoio, descrita no Capítulo 8 – Bibliografia. Na segunda etapa, foram coletas informação referentes à envoltória do edifício, a iluminação e a refrigeração. Tal coleta de dados envolveu medições no local, a análise de plantas civis, diagramas elétricos, parametrização dos equipamentos luminotécnicos e refrigeradores. Os passos para aplicar as normas do programa PROCEL Edifica e a metodologia usadas nesse estudo são descritos ao decorrer do trabalho, mais especificamente nos Capítulos 4 e 5. 40 Na terceira etapa foram feitas as análises e processamentos dos dados levantados, os cálculos, e discussão de resultados, chegando a uma posterior etiquetagem do edifício. A última etapa é uma conclusão sobre a importância do programa, aplicabilidade das normas e sugestões para melhoria da eficiência do edifício. 3.2. TRABALHOS ANTERIORES O trabalho “Estudo e Regulamentação da Etiquetagem Energética para edifícios comerciais e públicos: Um Estudo de Caso no Edifício de Engenharia Elétrica da UFPR”, elaborado pelos alunos PAULO RENATO DE SOUZA JUNIOR e MARCOS EJCZIS HENRIQUES apresenta um estudo da etiquetagem de um prédio público, no caso o edifício de Engenharia Elétrica da UFPR. No estudo apresentado, o prédio recebeu a etiquetagem B, que foi considerado satisfatório pelos autores, por se tratar de um edifício que não foi construído seguindo normas recentes e que ainda com algumas alterações poderia melhorar sua classificação. [22] A obra Eficiência Energética na Arquitetura mostra a conscientização dos futuros arquitetos em projetar edificações que sejam eficientes energeticamente, aproveitando melhor a luz solar, a captação de chuvas, entre outros. Essa obra foi patrocinada pelo PROCEL. Os autores citam que o Brasil é um dos países que não possuem uma norma vigente de eficiência energética em edificações, caracterizando um subdesenvolvimento nessa área, e também a importância de um bom projeto de edificação, na fase de concepção arquitetônica. [1] Além dos trabalhos citados, destaca-se também os edifícios que já possuem a ENCE no país, elaboradas por entidades públicas, como o LabEEE- UFSC, com o objetivo de difundir o programa, bem como testar sua metodologia na prática. 41 3.3. CONCEITOS E DEFINIÇÕES Nos próximos itens os conceitos básicos serão discutidos. Esses conceitos estão descritos no Manual de aplicação dos regulamentos: RTQ-C e RAC-C do programa PROCEL edifica e dizem respeito aos três quesitos que são analisados para a etiquetagem do imóvel. No item 4.3 será relatado como esses conceitos se enquadram na metodologia prática de etiquetagem. Salienta-se que no presente trabalho, os conceitos são definidos de forma resumida, apenas para que o prosseguimento do estudo possa se dar com a compreensão necessária dos termos utilizados. Para um detalhamento recomenda-se a leitura do Volume 2 – RTQ-C, do programa PROCEL Edifica. 3.3.1. ABERTURA Abertura: todas as áreas da envoltória do edifício, com fechamento translúcido ou transparente (que permite a entrada da luz), incluindo janelas, painéis plásticos, clarabóias, portas de vidro (com mais da metade da área de vidro) e paredes de blocos de vidro. Exclui-se vãos sem fechamentos e elementos vazados como cobogós. 3.3.2. ABSORTÂNCIA TÉRMICA Absortância à radiação solar (α): Quociente da taxa de radiação solar absorvida por uma superfície pela taxa de radiação solar incidente sobre esta mesma superfície. É uma propriedade do material referente a parcela da radiação absorvida pelo mesmo, geralmente relacionada a cor. A NBR15220-2 apresenta uma lista de absortâncias para algumas cores e materiais. 42 3.3.3. AMBIENTE Ambiente: espaço interno de um edifício, fechado por superfícies sólidas tais como paredes ou divisórias, teto, piso e dispositivos operáveis tais como janelas e portas. 3.3.4. ÂNGULOS DE SOMBREAMENTO AHS E AVS AVS - Ângulo Vertical de Sombreamento: ângulo formado entre dois planos que contêm a base da abertura: o primeiro é o plano vertical na base da folha de vidro (ou material translúcido), o segundo plano é formado pela extremidade mais distante da proteção solar horizontal até a base da folha de vidro (ou material translúcido). AHS - Ângulo Horizontal de Sombreamento: ângulo formado entre 2 planos verticais: o primeiro plano é o que contém a base da folha de vidro (ou material translúcido), o segundo plano é formado pela extremidade mais distante da proteção solar vertical e a extremidade oposta da base da folha de vidro (ou material translúcido). 3.3.5. ÁREA DE PROJEÇÃO DA COBERTURA E ÁREA DE PROJEÇÃO DO EDIFÍCIO Apcob: área da projeção horizontal da cobertura, incluindo terraços cobertos ou descobertos, medido em m²; Ape: Área da projeção horizontal do edifício (quando os edifícios são de formato uniforme) ou área de projeção média dos pavimentos, excluindo subsolos (no caso de edifícios com formato irregular), medido em m². 43 3.3.6. ÁREA ÚTIL E ÁREA TOTAL AU - Área Útil: para uso neste regulamento, a área útil é a área realmente disponível para ocupação, medida entre os paramentos internos das paredes que delimitam o ambiente, excluindo garagens, medida em m²; Atot - Área total de piso: soma das áreas de piso fechadas de construção, medidas externamente em m². 3.3.7. CAPACIDADE TÉRMICA Capacidade térmica (C): Quantidade de calor necessária para variar em uma unidade a temperatura de um sistema, [J/K]. Capacidade térmica de componentes (CT): Quociente da capacidade térmica de um componente pela sua área, [J/m2K]. 3.3.8. CICLO ECONOMIZADOR O economizador é um equipamento de controle da entrada de ar externo para utilização no sistema de condicionamento do ar. Ele compara constantemente os valores de temperatura interna e temperatura externa, realizando um controle do ar que entra no ambiente baseado na necessidade. 3.3.9. COBERTURAS NÃO APARENTES Coberturas sem possibilidade de visualização por pedestres situados na calçada do logradouro do edifício. No caso do edifício ter acesso a mais de uma rua ou avenida, deve-se considerar o logradouro principal. 3.3.10. DENSIDADE DE POTENCIA DE ILUMINAÇÃO DPIA - Densidade de Potência de IluminaçãoAbsoluta (W/m 2): razão entre o somatório da potência de lâmpadas e reatores e a área de um ambiente; 44 DPIR - Densidade de Potência de Iluminação Relativa [(W/m 2)/100lux]: DPIA para cada 100 lux produzidos pelo sistema de iluminação artificial para uma iluminância medida no plano de trabalho; DPIRF - Densidade de Potência de Iluminação Relativa Final [(W/m2)/100lux]: DPIR obtida após o projeto luminotécnico, no final da vida útil do sistema de iluminação, que corresponde a um período de 24 meses; DPIRL - Densidade de Potência de Iluminação Relativa Limite [(W/m2)/100lux]: limite máximo aceitável de DPIR. 3.3.11. EDIFÍCIOS COMERCIAIS OU DE SERVIÇOS Aqueles usados com finalidade que não a residencial ou industrial, tais como escolas; instituições ou associações de diversos tipos, incluindo prática de esportes; tratamento de saúde de animais ou humanos, tais como hospitais, postos de saúde e clínicas; vendas de mercadorias em geral; prestação de serviços, etc. As atividades listadas nesta definição não excluem outras não listadas. 3.3.12. ENVOLTÓRIA Env: Planos externos da edificação, compostos por fachadas, empenas, cobertura, brises, marquises, aberturas, assim como quaisquer elementos que os compõem. 3.3.13. FACHADA E ORIENTAÇÃO Fachada: superfícies externas verticais ou com inclinação superior a 60° em relação à horizontal. Inclui as superfícies opacas, translúcidas, transparentes e vazadas, como cobogós e vãos de entrada. Fachada oeste: fachada cuja normal à superfície está voltada para a direção de 270° em sentido horário a partir do norte geográfico. Fachadas cuja orientação variar de +45° ou -45° em relação a essa orientação serão consideradas como fachadas oeste para uso neste regulamento. 45 3.3.14. FATOR ALTURA E FATOR DE FORMA FA - Fator Altura: razão entre a área de projeção do edifício e a área de piso (Apcob/Atot); FF - Fator de Forma: razão entre a área da envoltória e o volume do edifício (Aenv/Vtot). 3.3.15 FATOR SOLAR FS - Fator Solar: razão entre o ganho de calor que entra num ambiente através de uma abertura e a radiação solar incidente nesta mesma abertura. Inclui o calor radiante transmitido pelo vidro e a radiação solar absorvida, que é re- irradiada ou transmitida, por condução ou convecção, ao ambiente. Normalmente é um item fornecidos pelos fabricantes para seus produtos. 3.3.16. INDICADOR DE CONSUMO ICenv - Indicador de Consumo da envoltória: é o parâmetro para avaliação comparativa da eficiência da envoltória. 3.3.17. PAFT E PAZ PAFT - Percentual de Área de Abertura na Fachada total (%): É calculado pela razão da soma das áreas de abertura de cada fachada pela área total de fachada da edificação. Refere-se exclusivamente a aberturas em paredes verticais com inclinação superior a 60° em relação ao plano horizontal, tais como janelas tradicionais, portas de vidro ou sheds, mesmo sendo estes últimos localizados na cobertura. Exclui área externa de caixa d’água no cômputo da área de fachada, mas inclui a área da caixa de escada até o ponto mais alto da cobertura (cumeeira). PAZ - Percentual de Abertura Zenital (%): Percentual de área de abertura zenital na cobertura. Refere-se exclusivamente a aberturas em superfícies com 46 inclinação inferior a 60° em relação ao plano horizontal. Deve-se calcular a projeção horizontal da abertura, acima desta inclinação. 3.3.18. PAREDES EXTERNAS Superfícies opacas que delimitam o interior do exterior da edificação; esta definição exclui as aberturas. 3.3.19. RELAÇÃO CUSTO-BENEFÍCIO É um indicador que relaciona os benefícios de um projeto e seus custos, sempre em valores monetários. 3.3.20. TRANSMITÂNCIA TÉRMICA Transmitância térmica (W/(m²K)): transmissão de calor em unidade de tempo e através de uma área unitária de um elemento ou componente construtivo, neste caso, de componentes opacos das fachadas (paredes externas) ou coberturas, incluindo as resistências superficiais interna e externa, induzida pela diferença de temperatura entre dois ambientes. A transmitância térmica deve ser calculada utilizando o método de cálculo da NBR 15220-2 (ABNT, 2005) ou determinada pelo método da caixa quente protegida da NBR 6488 (ABNT, 1980). 3.3.21. ZONA BIOCLIMÁTICA Região geográfica homogênea quanto aos elementos climáticos que interferem nas relações entre ambiente construído e conforto humano. A Figura 3.1 apresenta o zoneamento bioclimático brasileiro. 47 Figura 3.1 - Zoneamento bioclimático brasileiro Fonte: RTQ-C 3.3.22. ZONA DE CONFORTO Zona onde existe satisfação psicofisiológica de um indivíduo com as condições térmicas do ambiente. Para especificar a hipótese de conforto adotada, utilizar uma das seguintes normas: ASHRAE Standard 55/2004 ou ISO 7730/2005. 3.3.23. ZONA DE ILUMINAÇÃO Uma zona de iluminação é a parcela do ambiente que apresenta uma mesma densidade de potência de iluminação (DPI), resultado de uma malha uniforme de distribuição das luminárias com potência e fluxo luminoso idênticos. A Figura 3.2 apresenta dois ambientes com uma zona de iluminação, com uma malha uniforme de distribuição de luminárias. A Figura 3.3 mostra um ambiente 48 com três zonas de iluminação. Nota-se que as áreas hachuradas não apresentam a mesma distribuição que o resto do ambiente, suas luminárias estão mais espaçadas, resultando em uma DPI diferente. Figura 3.2 - Ambientes com apenas uma zona de iluminação Fonte: Manual de aplicação dos regulamentos: RTQ-C e RAC-C Figura 3.3 - Ambientes com três zonas de iluminação Fonte: Manual de aplicação dos regulamentos: RTQ-C e RAC-C 3.3.24. ZONA TÉRMICA Espaço ou grupo de espaços dentro de um edifício condicionado que são suficientemente similares, onde as condições desejadas (temperatura) podem ser mantidas usando um único sensor (termostato ou sensor de temperatura). 49 4. MATERIAIS E MÉTODOS Todo trabalho científico parte do pressuposto que seus resultados sejam de confiança e que retratem fielmente o objetivo do estudo realizado. Para tanto é necessário que se defina uma metodologia de trabalho, com formas definidas de coleta, processamento e análise de dados. Mesmo assim, erros são inerentes em tudo que se relaciona com medições e observações. A melhor forma de se diminuir estes erros é, então, o uso de materiais confiáveis, de fontes seguras e reconhecidas no ambiente científico. Este capítulo retrata estes dois pontos importantes no preparo de um trabalho de conclusão de curso – Materiais e Métodos – explicando cada item definido como tema de estudo. 4.1. MATERIAIS UTILIZADOS O Programa PROCEL Edifica, como descrito nos capítulos anteriores, baseia-se na análise de critérios estipulados no “Manual para aplicação dos regulamentos: RTQ-C e RAC-C”. Para aplicação de tais critérios é necessário o levantamento de dados técnicos referentes à estrutura do edifício analisado. Sendo assim, o trabalho contou como principais materiais utilizados os quatro volumes disponibilizados pela ANEEL, para o Programa PROCEL Edifica: - Volume 1 - Etiquetagem de edifícios comerciais, de serviços e públicos; - Volume 2 – RTQ-C; - Volume 3 – RAC-C; - Volume 4 - Manual para aplicação dos regulamentos: RTQ-C e RAC-C. Vale a pena ressaltar que toda sistemática não ficou restrita ao uso dos quatro volumes descritos acima, mas também com uma vasta bibliografia especializada, sugerida peloprofessor orientador e que também deu apoio técnico em todas as análises realizadas. A completa lista bibliográfica utilizada para realização do presente trabalho pode ser encontrada no Capítulo 8 – Bibliografia. Além dos materiais bibliográficos citados, também merecem destaque: - Plantas baixas de todas as áreas analisadas do edifício estudado; 50 - Diagramas unifilares e plantas elétricas de todas as áreas analisadas; - Especificações dos componentes elétricos (cabos, lâmpadas e demais sistemas de iluminação); - Especificações dos sistemas de condicionamento de ar das áreas de interesse. Demais materiais, tais como multímetros, trenas, planilhas e cadernetas de anotações subtendem-se como auxiliadores na coleta dos dados. 4.2. SOFTWARES UTILIZADOS A regulamentação RTQ-C, estabelece dois métodos de avaliação da ENCE: - Método prescritivo: procedimento analítico onde são aplicadas equações que recebem como entrada informações relativas às características da envoltória (arquitetônicas / construtivas), iluminação e condicionamento de ar. A pontuação obtida determina a classificação de eficiência da edificação (A, B, C, D ou E). A Figura 4.1 abaixo resume o método. Figura 4.1 – Método prescritivo - Método de simulação: consiste em comparar o desempenho termoenergético da edificação real com edificações de referência (A, B, C e D). Para tanto é necessário realizar a simulação dos modelos (real e de referência) por meio de um software especializado. A Figura 4.2 abaixo resume o método. [23] Figura 4.2 – Método de simulação 51 O processo de certificação realizado através da simulação não descarta o método prescritivo. Ele é utilizado para comprovar que, em certos casos, a utilização de parâmetros diferentes que os determinados no RTQ-C geram uma maior economia de energia, mantendo o conforto do ambiente. [1] Em setembro de 2009 o LabEEE – UFSC lançou o projeto S3E, que objetiva a construção de um simulador de eficiência energética em edificações. Trata-se de um serviço gratuito para auxiliar no processo de obtenção da ENCE. A simulação do consumo energético de edificações é uma ferramenta poderosa no desenvolvimento de projetos eficientes. Os softwares existentes são de difícil utilização e não fornecem uma orientação específica para a ENCE/RTQ- C. Sendo assim, o uso da simulação ainda está restrito aos centros de pesquisa e poucas empresas de consultoria. O objetivo do Projeto S3E é facilitar o uso da simulação por meio da disponibilização de uma ferramenta simples e acessível, tendo a web como forma de acesso e o software “EnergyPlus” como core de simulação. A Figura 4.3 abaixo ilustra os principais componentes da ferramenta proposta. A interface web recebe as informações do usuário; o banco de dados fornece informações necessárias para as simulações; o EnergyPlus executa as simulações; o módulo de avaliação da ENCE analisa os resultados da simulação visando a etiquetagem; e o gerenciador do sistema controla o fluxo de informações entre os componentes. [23] Figura 4.3 – Componentes do projeto S3E 52 Sendo assim, como apoio computacional, utilizaram-se as duas ferramentas citadas acima: - Projeto S3E / Webprescritivo (disponível em www.labeee.ufsc.br); - Software EnergyPlus Demais softwares, como planilhas e editores de textos, subtendem-se como auxiliadores no processamento de dados. 4.3. METODOLOGIA APLICADA O Manual para aplicação dos regulamentos: RTQ-C e RAC-C propõe que seja aplicada uma metodologia específica para cada um dos três critérios – Envoltória, Iluminação e Condicionamento de Ar - avaliados no processo de classificação energética e obtenção da ENCE. A análise da Envoltória se apresenta como a mais importante, pois é a que determina o nível máximo que pode ser obtido pelo edifício analisado. Por exemplo, mesmo que a classificação da Iluminação e de Condicionamento de Ar obteve Nível A, se a Envoltória obtiver Nível C em sua análise, a classificação energética geral será Nível C. 4.3.1. ENVOLTÓRIA 4.3.1.1. PRÉ-REQUISITOS A envoltória deve estar de acordo com pré-requisitos específicos para cada nível de eficiência. Quanto mais elevado o nível, mais restritivos são os requisitos a serem atendidos. A Tabela 4.1 apresenta uma síntese dos pré-requisitos da envoltória exigidos por nível de eficiência. 53 Tabela 4.1 – Tabela síntese dos pré-requisitos da envoltória Nível de Eficiência Transmitância térmica da cobertura de paredes exteriores Cores e absortância de superfícies Iluminação zenital A X X X B X X C e D X Ao analisar os pré-requisitos referentes à cobertura, também devem ser analisados os pisos de áreas sem fechamentos laterais localizadas sobre ambiente(s) de permanência prolongada. Deve-se incluir no item: áreas externas sem fechamentos laterais, os pilotis e as varandas cuja área de piso seja superior a 25% de Ape. Quanto ao pré-requisito referente à transmitância devem ser consideradas apenas as transmitâncias de superfícies em contato com a área interna, superfícies como platibandas não entram no cálculo da transmitância. 4.3.1.2. TRANSMITÂNCIA TÉRMICA É o primeiro quesito na análise de eficiência da envoltória. Este pré- requisito distingue coberturas e paredes exteriores ao exigir diferentes limites de propriedades térmicas para cada caso. 4.3.1.2.1. TRANSMITÂNCIA TÉRMICA DA COBERTURA Para cada nível de eficiência (A, B, C ou D), o RTQ-C apresenta duas transmitâncias térmicas máximas, de acordo com o condicionamento dos ambientes do último pavimento ou de uma edificação térrea. A primeira refere-se às coberturas de ambientes condicionados artificialmente e a segunda às coberturas de ambientes não condicionados. Também define que a transmitância térmica considerada seja uma média ponderada das diversas transmitâncias existentes quando a cobertura é composta por diferentes materiais e, portanto, por diferentes transmitâncias para o mesmo tipo de ambiente: com condicionamento ou sem condicionamento. 54 A Tabela 4.2 resume os níveis de transmitância térmica para cada nível de eficiência. Tabela 4.2 – Transmitância térmica da cobertura Nível de Eficiência Ambientes condicionados artificialmente Ambientes não condicionados A 1,0 W/m²K 2,0 W/m²K B 1,5 W/m²K 2,0 W/m²K C e D 2,0 W/m²K 2,0 W/m²K 4.3.1.2.2. TRANSMITÂNCIA TÉRMICA DAS PAREDES Os limites de desempenho mínimos dos pré-requisitos dos níveis A e B para as paredes exteriores dividem-se em dois agrupamentos de zonas bioclimáticas, ao contrário da cobertura que varia conforme o condicionamento do ambiente. Para as zonas bioclimáticas 7 e 8, o limite de transmitância térmica varia ainda de acordo com a capacidade térmica do material, visto que a inércia térmica apresenta participação significativa no desempenho térmico de edificações nestas zonas. Para os níveis C e D não há pré-requisitos envolvendo transmitância térmica das paredes. A Tabela 4.3 apresenta a síntese das exigências para transmitância térmica máxima das paredes exteriores. Tabela 4.3 – Síntese das exigências para transmitância térmica máxima das paredes exteriores Zonas Bioclimáticas Transmitância térmica máxima para os níveis A e B ZB 1 a 6 3,7 W/m²K ZB 7 e 8 2,5 W/m²K para paredes com capacidade térmica máxima de 80 kJ/m²K 3,7 W/m2K para paredes com capacidade térmica superior a 80 kJ/m2K 55 4.3.1.3.
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