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Notas de Aula Elementos de Cálculo II 2009/03 Prof. Sandro Rodrigues Mazorche Departamento de Matemática - UFJF Índice 1 APLICAÇÕES DA DERIVADA 3 1.1 Equações de retas tangentes e normais . . . . . . . . . . . . . 3 1.2 Exercícios: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 1.3 Derivação Implícita e Taxa de Variação . . . . . . . . . . . . . 9 1.4 Derivada de uma Função na Forma Implícita . . . . . . . . . . 10 1.5 Taxa de Variação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 1.6 Exercícios: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 1.7 Intervalos de crescimento e decrescimento de funções . . . . . 16 1.8 Exercícios: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 1.9 Extremos relativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 1.10 Exercícios: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 1.11 Concavidade e Pontos de Inflexão . . . . . . . . . . . . . . . . 25 1.12 Exercícios: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 2 INTEGRAIS 34 2.1 Antiderivadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 2.2 Integral indefinida de funções usuais e propriedades. . . . . . . 36 2.3 Exercícios: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 2.4 Substituição de variável. Integração por partes . . . . . . . . . 40 2.5 Exercícios: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 2.6 Integral Definida. Teorema Fundamental do Cálculo. Área de regiões planas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 2.7 Exercícios: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 3 FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS 56 3.1 Definição de funções de Várias Variáveis . . . . . . . . . . . . 56 3.2 Exercícios: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 3.3 Derivadas parciais. Diferencial total. Derivadas de ordem su- perior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 3.4 Exercícios: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 3.5 Máximos e mínimos de funções de duas variáveis. Máximos e mínimos condicionais. Otimização condicional e não condi- cional com restrições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78 3.6 Exercícios: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91 3.7 Integrais múltiplas: definição e cálculo . . . . . . . . . . . . . 93 3.8 Exercícios: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96 1 APLICAÇÕES DA DERIVADA O Cálculo é a matemática das variações e o instrumento principal para estu- dar as taxas de variação é um método conhecimento como derivação. Nesta seção, vamos descrever esse método e mostrar como pode ser usado para de- terminar a taxa de variação de uma função e também a inclinação da reta tangente a uma curva. Ainda neste capítulo veremos ferramentas utilizadas para descrever o com- portamento e/ou gráficos das funções. 1.1 Equações de retas tangentes e normais Vamos definir a inclinação de uma curva y = f(x) para , em seguida, encon- trar a equação da reta tangente à curva num ponto dado. As idéias que usaremos foram introduzidas no século XVIII por Newton e Leibnitz. Seja y = f(x) uma curva definida no intervalo (a, b), como na figura abaixo. Figura 1: Sejam P (x1, y1) e Q(x2, y2) dois pontos distintos da curva y = f(x). Seja s a reta secante que passa pelos pontos P e Q. Considerando o triângulo retângulo PMQ, na figura 1.1, temos que a inclinação da reta s (ou coeficiente angular de s) é tan(α) = y2 − y1 x2 − x2 = ∆y ∆x . 3 Suponhamos agora que, mantendo P fixo, Q se mova sobre a curva em di- reção a P . Diante disto, a inclinação da reta secante s variará. À medida que Q vai se aproximando cada vez mais de P , a inclinação da secante varia cada vez menos, tendendo para um valor limite constante. Figura 2: Esse valor limite é chamado inclinação da reta tangente à curva no ponto P , ou também inclinação da curva em P . Definição 1.1 Dada uma curva y = f(x), seja P (x1, x1) um ponto sobre ela. A inclinação da reta tangente à curva no ponto P é dada por: m(x1) = lim Q→P ∆y ∆x = lim x2→x2 f(x2)− f(x1) x2 − x1 , quando o limite existe. Fazendo x2 = x1 +∆x podemos reescrever o limite acima na forma m(x1) = lim ∆x→0 f(x1 −∆x)− f(x1) ∆x = f ′(x1). Conhecendo a inclinação da reta tangente à curva no ponto P , podemos en- contrar a equação da reta tangente à curva em P . 4 Definição 1.2 EQUAÇÃO DA RETA TANGENTE Se a função f(x) é contínua em x1, então a reta tangente à curva y = f(x) em P (x1, f(x1)) é: (i) A reta que passa por P tendo inclinação m(x1) = lim∆x→0 f(x1−∆x)−f(x1) ∆x , se este limite existe (m = f ′(x1)). Neste caso, temos a equação y − f(x1) = m(x− x1). (ii) A reta x = x1 se lim∆x→0 f(x1−∆x)−f(x1) ∆x for infinito. A reta normal a uma curva num ponto dado é a reta perpendicular à reta tangente neste ponto. Logo, se duas retas t e n são perpendiculares, então seus coeficientes angulares mt e mn satisfazem: mt.mn = −1. Definição 1.3 EQUAÇÃO DA RETA NORMAL Se a função f(x) é contínua em x1, então a reta normal à curva y = f(x) em P (x1, f(x1)) é: (i) A reta que passa por P tendo inclinação m(x1) = lim∆x→0 f(x1−∆x)−f(x1) ∆x , se este limite existe (m = f ′(x1)). Neste caso se m 6= 0, temos a equação y − f(x1) = −1 m (x− x1) para o caso de m = 0 segue que a reta normal tem a seguinte equação x = x1. (ii) A reta y = f(x1) se lim∆x→0 f(x1−∆x)−f(x1) ∆x for infinito. Exemplos. 1) Encontre a inclinação da reta tangente à curva y = x2 − 2x+ 1 no ponto (x1, x2). 5 2) Encontre a equação da reta tangente à curva y = 2x2 + 3 no ponto cuja a abscissa é 2. 3) Encontre a equação da reta tangente à curva y = √ x, que seja paralela à reta 8x− 4y + 1 = 0. 6 4) Encontre a equação da reta normal à curva y = x2 no ponto P (2, 4). 5) Encontre a equação da reta normal à curva y = 3 √ x no ponto P (8,−2). 7 1.2 Exercícios: 1. Determine a equação da reta tangente às seguintes curvas, nos pontos indicados. Esboçar o gráfico em cada caso. a) f(x) = x2 − 1; x = 1, x = 0, x = a, a ∈ IR. b) f(x) = x2 − 3x+ 6; x = −1, x = 2. c) f(x) = x(3x− 5); x = 1 2 , x = a, a ∈ IR. 2. Em cada um dos ítens do exercício anterior, determine a equação da reta normal à curva, nos pontos indicados. Esboçar o gráfico, em cada caso. 3. Determinar a equação da reta tangente à curva y = 1 − x2, que seja paralela à reta y = 1− x. Esboçar os gráficos da função, da reta dada e da reta tangente encontrada. 4. Encontrar as equações das retas tangentes e normal à curva y = x2 − 2x+ 1 no ponto (−2, 9). 8 1.3 Derivação Implícita e Taxa de Variação As funções com as quais trabalhamos até o momento são todas dadas por equações da forma y = f(x), nas quais a variável dependente y do lado esquerdo é definida explicitamente por uma expressão do lado direito que envolve a variável x. Quando uma função é especificada dessa forma, dizemos que se encontra na forma explícita. Assim, por exemplo, as funções y = x2 + 3x+ 1 y = x3 + 1 2x− 3 e y = √ 1− x2 estão todas na forma explícita. às vezes, a solução de problemas de vida real leva a equações nas quais a variável y não é definida explicitamente em termos da variável independente x; é o caso, por exemplo, de equações como x2y3 − 6 = 5y3 + x e x2y + 2y3 = 3x+ 2y Como a variável y não aparece sozinha em um dos membros da equação, dizemos que uma equação desse tipo define y implicitamente como função de x e que a função se encontra na forma implícita. Consideremos a equação F (x, y) = 0. Dizemos que a função y = f(x) é definida implicitamente pela equação an- terior se, ao substituirmos y por f(x) na equação acima, esta equação se transforma numa identidade.Exemplos. 1) A equação x2 + 1 2 y − 1 = 0 define implicitamente a função y = 2(1− x2). 9 2) A equação x2+y2 = 4 define, implicitamente, uma infinidades de funções. Nem sempre é possível encontrar a forma explícita de uma função definida implicitamente. Por exemplo, como explicitar uma função y = f(x) definida pela equação y4 + 3xy + 2 ln(y) = 0? O método da derivação implícita permite encontrar a derivada de uma função assim definida, sem a necessidade de explicitá-la. 1.4 Derivada de uma Função na Forma Implícita Sumponhamos que F (x, y) = 0 define implicitamente uma função derivável y = f(x). Os exemplos que seguem mostram que usando a regra da cadeia, podemos determinar y′ sem explicitar y. Exemplos. (i) Sabendo que y = f(x) é uma função derivável definida implicitamente pela equação x2y3 − 6 = 5y3 + x, determinar y′. 10 (ii) Sabendo que y = f(x) é uma função derivável definida implicitamente pela equação xy2 + 2y3 = x− 2y, determinar y′. (iii) Sabendo que y = f(x) é uma função derivável definida implicitamente pela equação x2y2 + x sen (y) = 0, determinar y′. (iv) Determine todos os pontos da curva x2 − y2 = 2x+ 4y, nos quais a reta tangente à curva é horizontal. Existe algum ponto da curva para o qual a tangente seja vertical? 11 1.5 Taxa de Variação Toda derivada pode ser interpretada como uma taxa de variação. Dada uma função y = f(x), quando a variável independente varia de x a x + ∆x, a correspondente variação de y será ∆y = f(x+∆x)− f(x). O quociente ∆y ∆x = f(x+∆x)− f(x) ∆x , representa a taxa média de variação de y em relação a x. A derivada f ′(x) = lim ∆x→0 f(x+∆x)− f(x) ∆x , é a taxa instantânea de variação ou simplesmente Taxa de Variação de y em relação a x. Em alguns problemas práticos, as variáveis x e y estão relacionadas por uma equação e podem ser consideradas como funções de uma terceira var- iável, t, que quase sempre representa o tempo. Nesse caso, a derivação im- plícita pode ser usada para relacionar dx dt a dy dt . As derivadas dx dt e dy dt são chamadas de Taxas Relacionadas. Exemplos. (i) Sabemos que a área de um quadrado é função de seu lado. Determinar: (a) a taxa de variação média da área de uma quadrado em relação ao lado quando este varia de 2, 5 a 3m.; (b) a taxa de variação da área em relação ao lado quando este mede 4m. 12 (ii) Quando o preço unitário de um certo produto é p reais, o fabricante tem interesse em produzir x mil unidades, onde x2 − 2x√p− p2 = 31. Qual é a taxa de variação da oferta quando o preço unitário é R$ 9, 00 e está aumentanto à razão de 20 centavos por semanas? (iii) Analista de produção verificam que, em uma montadora x, o número de peças produzidas nas primeiras t horas diárias de trabalho é dado por: f(t) = { 50(t2 + t), para 0 ≤ t ≤ 4 200(t+ 1), para 4 < t ≤ 8 . (a) Qual a razão de produção (em unidades por hora) após 3 horas de tra- balho? E após 7 horas? (b) Quantas peças são produzidas na 8a hora de trabalho? 13 1.6 Exercícios: 1. Nos problemas abaixo, calcule dx dy por derivação implícita. a) x2 + y2 = 25. b) x3 + y3 = xy. c) x2 + y = x3 + y2. d) 5x− x2y3 = 2y. e) y2 + 2xy2 − 3x+ 1 = 0. f) 1 x + 1 y = 1. g) (2x+ y)3 = x. h) (x− 2y)2 = y. i) (x2 + 3y2)5 = 2xy. 2. Nos problemas abaixo, escreva a equação da reta tangente à curva dada no ponto especificado. a) x2 = y3; (8, 4). b) xy = 2; (2, 1). c) (1− u+ v)3 = u+ 7; (1, 2). 3. A produção de certa fábrica Q = 0, 08x2+0, 12xy+0, 03y2 unidades por dia, onde x o número de homens-horas de mão-de-obra especializada e y o número de homens-horas de mão-de-obra não-especializada. No momento são usados 80 homens-horas de mão-de-obra especializada e 200 homens-horas de mão-de-obra não-especializada. Use os métodos do cálculo para estimar a variação de mão-de-obra não-especializada necessária para compensar um aumento de 1 homem-hora da mão-de- obra especializada, de modo que a produção não seja alterada. 4. Quando o preço unitário de um certo produto é p reais, o fabricante tem interesse em fabricar x unidades, onde 3p2 − x2 = 12 Qual é a taxa de variação da oferta se o preço unitário é R$ 4, 00 e está aumentando à razão de 87 centavos por mês? 5. Quando o preço unitário de um certo produto é p reais, a demanda é de x centenas de unidades, onde 3x2 + 3px+ p2 = 79 Qual é a taxa de variação da demanda com o tempo se o preço unitário é R$ 5, 00 e está diminuindo à razão de 30 centavos por mês? 6. Em certa fábrica, a produção é dada por Q = 60K 1 3L 2 3 unidades, onde K é o capital imobilizado(em milhares de reais) e L é a mão-de-obra utilizada em homens-horas. Se a produção se mantém constante, qual 14 é a taxa de variação do capital imobilizado no instante em que K = 8, L = 1.000 e L está aumentando à razão de 25 homens-horas por semana? 15 1.7 Intervalos de crescimento e decrescimento de funções Muitas vezes é importante determinar se uma dada função f(x) está aumen- tando ou diminuindo; o objetivo desta seção é mostrar que a derivada f ′(x) pode ser usada para esse fim. Vamos começar com algumas definições: Definição 1.4 Função Crescente e Função Decrescente Uma função f(x) é dita crescente e um certo intervalo a < x < b se f(x2) > f(x1) sempre que x2 > x1, onde x1 e x2 pertence ao intervalo. A função é dita decrescente e um certo intervalo a < x < b se f(x2) < f(x1) sempre que x2 > x1, onde x1 e x2 pertence ao intervalo. Acontece que se todas as tangentes ao gráfico de uma função f(x) forem positivas no intervalo a < x < b, a função f(x) será crescente nesse intervalo (Figura 3 (a)). Como a inclinação das retas tangentes é dada pela derivada f ′(x), conclui-se que f(x) é crescente nos intervalos em que f ′(x) > 0. Da mesma forma, f ′(x) é decrescente nos intervalos em que f ′(x) < 0 (Figura 3 (b)). Figura 3: Critério da Derivada para Função Crescente e Decrescente f(x) é crescente nos intervalos em que f ′(x) > 0. f(x) é decrescente nos intervalos em que f ′(x) < 0. Exemplos. 16 (i) Determine os intervalos em que a função f(x) = 2x3 + 3x2 − 12x − 7 é crescente e decrescente. (ii) Determine os intervalos em que a função f(x) = x 2 x−2 é crescente e de- crescente. 17 1.8 Exercícios: 1. Nos problemas abaixo, determine os intervalos em que a função dada está aumentando e diminuindo. a) f(x) = x2 − 4x+ 5. b) f(t) = t3 + 3t2 + 1 c) f(x) = x3 − 3x− 4. d) f(t) = 1 3 t3 − 9t+ 2 e) f(x) = x5 − 5x4 + 100. f) f(t) = 3t5 − 5t3 18 1.9 Extremos relativos A figura abaixo mostra um gráfico mais geral. Figura 4: Observe que existem "picos"em C e E e "vales"em B, D e G, mas só é possível traçar tangentes horizontais em B, C, D e G. Além disso, existe uma tangente horizontal no ponto F , que não é um pico nem um vale. Nesta seção e na seguinte, vamos ver de que forma os métodos do cálculo podem ser usados para localizar e identificar os "picos"e "vales"de uma função, o que, por sua vez, facilita o traçado da curva associada e ajuda a resolver problemas de otimização. Mais formalmente, os "picos"de uma função f são chamados demáximos relativos de f e os "vales"são chamados demínimos relativos. Assim, um máximo relativo é qualquer ponto no gráfico de f que seja pelo menos tão alto quanto os pontos vizinhos, enquanto um mínimo relativo é qualquer ponto que seja pelo menos tão baixo quanto os pontos vizinhos. Os máximos e mínimos relativos são conhecidos pelo nome global de extremos relativos. Na figura anterior, os máximos relativos são C e E e os mínimos relativos são B, D e G. Observe que um extremo relativo não precisa ser o ponto mais alto ou mais baixo de toda a curva. Por exemplo, o ponto mais baixo é o mínimo relativo G, mas o ponto mais alto é H. Essa terminologia pode ser resumida da seguinteforma: Definição 1.5 Extremos Relativos Dizemos que uma função f(x) possui um máximo relativo no ponto x = c se f(c) ≥ f(x) para todos os valores de x em um intervalo a < x < b que contenha o ponto c. Uma função f(x) possui um mínimo relativo no ponto 19 x = c de f(c) ≤ f(x) para todos os valores de x em um intervalo a < x < b que contenha o ponto c. Os máximos e mínimos relativos de f são conhecidos pelo nome global de extremos relativos. Como uma função f(x) está aumentando quando f ′(x) > 0 e diminuindo quando f ′(x) < 0, os únicos pontos nos quais f(x) pode possuir um extremo relativo são aqueles em que f ′(x) é nula ou não existe. Esses pontos são tão importantes que recebem um nome especial: Definição 1.6 Números Críticos e Pontos Críticos Um número c pertence ao domínio de f(x) é chamado de número crítico se f ′(c) = 0 ou se f ′(c) não existe. O Ponto correspondente (c, f(c)) no gráfico de f(x) é chamado de ponto crítico de f(x). A figura abaixo mostra três funções com pontos críticos nos quais a derivada é nula. Nos três casos, a reta tangente à curva da função no ponto crítico (c, f(c)) é horizontal, já que a derivada f ′(c) é igual à inclinação da reta tangente neste ponto e f ′(c) = 0. Figura 5: Três pontos críticos nos quais f ′(x) = 0: (a) máximo relativo; (b) mínimo relativo; (c) ponto ordinário. Três funções com pontos críticos nos quais a derivada não existe apare- cem na figura abaixo. Nas figuras (b) e (c), a reta tangente é vertical no ponto (c, f(c)), portanto, a derivada f ′(c) não existe. Na figura (a), não é possível traçar uma única reta tangente passando pelo "vértice"situado no ponto (c, f(c)). 20 Figura 6: Três pontos críticos nos quais f ′(x) não existe: (a) máximo relativo; (b) mínimo relativo; (c) ponto ordinário. Como vimos, é possível usar o sinal da derivada para classificar pontos críticos como máximos relativos, mínimos relativos ou nem uma coisa nem outra. Suponha que c seja um número crítico de f e que f ′(x) > 0 à esquerda de c e f ′(x) < 0 à direita. Geometricamente, isso significa que a curva de f está subindo antes de chegar ao ponto crítico P (c, f(c)) e começa a descer depois de passar pelo ponto, o que mostra que P é um máximo relativo. Da mesma forma, se f ′(x) < 0 à esquerda de c e f ′(x) > 0 à direita, significa que a curva de f está descendo antes de chegar ao ponto crítico P (c, f(c)) e começa a subir depois de passar pelo ponto, o que mostra que P é um mínimo relativo. Caso, porém, a derivada tenha o mesmo sinal dos dois lados de c, a curva continuará subindo ou descendo depois de passar por P , portanto, não haverá nenhum extremo nesse ponto. Essas observações podem ser resumidas da seguinte forma: Teste da Primeira Derivada para Extremos Relativos: Seja c um número crítico de f(x) (isto é, f ′(c) = 0 ou f ′(c) não existe.). Neste caso, o ponto crítico P (c, f(c)) é: Um máximo relativo se f ′(x) > 0 à esquerda de c e f ′(c) < 0 à direita de c; Figura 7: 21 Um mínimo relativo se f ′(x) < 0 à esquerda de c e f ′(c) > 0 à direita de c; Figura 8: Um ponto ordinário se f ′(x) > 0 ou f ′(c) < 0 dos dois lados de c; Figura 9: Exemplos. (i) Determinar todos os números críticos da função f(x) = x4+8x3+12x2−8 e classifique os pontos críticos correspondentes. 22 (ii)Determine os intervalos de subida e descida e extremos relativos da função f(x) = √ 3− 2x− x2. Desenhe o gráfico relacionado. (iii) A receita obtida com a produção de x unidades de uma certa mercadoria é dada por R(x) = 63x− x2 x2 + 63 milhões de reais. Qual é a produção que proporciona a máxima receita? Qual é esta receita? 23 1.10 Exercícios: 1. Nos problemas abaixo, determine os pontos críticos da função dada e classifique cada ponto crítico como máximo relativo, mínimo relativo e ponto ordinário. a) f(x) = 3x4 − 8x3 + 6x2 + 2 b) f(x) = 324x− 72x2 + 4x3 c) f(t) = 2t3 + 6t2 + 6t+ 5 d) f(t) = 10t6 + 24t5 + 15t4 + 3 e) f(x) = (x− 1)5 f) f(x) = 3− (x+ 1)3 g) f(t) = (t2 − 1)5 h) f(x) = (x2 − 1)4 i) f(x) = (x3 − 1)4 j) f(x) = x2 x−1 2. O custo total C para produzir x unidades de uma certa mercadoria é dada por C(x) = √ 5x+ 2 + 3. Plote a curva de custo e determine o custo marginal. O custo marginal aumenta ou diminui com o aumento da produção? 3. Seja p = (10− 3x)2 o preço pelo qual serão vendidas x unidades de um certo produto e seja R(x) = xp(x) a receita com a venda das x unidades. Determine a receita marginal R′(x) e plote as curvas de receita marginal no mesmo gráfico. Para que nível de produção a receita é máxima? 4. Para produzir x unidades de certo produto, um fabricante tem um custo total C(x) = 2x2 + 3x+ 5 e uma receita total R(x) = xp(x), onde p(x) = 5 − 2x é o preço pelo qual são vendidas as x unidades. Determine a função de lucro P (x) = R(x)−C(x) e plote o gráfico relacionado. Para que nível de produção o lucro é máximo? 24 1.11 Concavidade e Pontos de Inflexão Na seção anterior, vimos que o sinal da derivada f ′(x) pode ser usado para verificar se f(x) está aumentando ou diminuindo e se a função possui ex- tremos relativos. Nesta seção, vamos ver que a derivada segunda f”(x) tam- bém fornece informações úteis a respeito de f(x). À guisa de introdução, aqui está uma breve descrição de uma situação na indústria que pode ser analisada usando a derivada segunda: Eficiência dos Operários. O número de unidades que um operário de fábrica produz em t horas de trabalho muitas vezes é dado por uma função Q(t) parecida como esta: Figura 10: Observe que a curva aumenta lentamente a princípio. A inclinação con- tinua aumentando até atingir um ponto de máxima inclinação, a partir do qual começa a diminuir. Isso reflete o fato de que a produtividade dos op- erários é baixa no início do dia. A produtividade aumenta com o passar do tempo até que o operário atinja o ponto de máxima eficiência, a partir do qual, por causa da fadiga, a produtividade começa a cair. O ponto de máxima eficiência é conhecida pelos economistas como ponto de retornos decrescentes. O comportamento dessa função de produção de cada lado do ponto de retornos decrescente pode ser descrito em termos de retas tangentes. À es- querda do ponto, a inclinação da reta tangente aumenta quando t aumenta. À direita do ponto, a inclinação da reta tangente diminui quando t aumenta. É esse aumento e diminuição das inclinações a que vamos estudar agora com 25 a ajuda da segunda derivada. O aumento e diminuição da inclinação da reta tangente a uma curva são descritos através de um conceito conhecido como concavidade. Definição 1.7 Concavidade: Se a função f(x) é derivável no intervalo a < x < b, a curva de f tem: concavidade para cima no intervalo a < x < b se f ′ está aumentando no intervalo;(f ′ é crescente) concavidade para baixo no intervalo a < x < b se f ′ está diminuindo no intervalo;(f ′ é decrescente) Existe uma relação simples entre a concavidade e o sinal da derivada se- gunda. Essa relação se baseia no fato de que uma grandeza aumenta quando sua derivada é positiva e diminui quando sua derivada é negativa. A derivada segunda entra em cena quando esse fato é aplicado à derivada primeira (ou inclinação da tangente). Figura 11: O raciocínio é o seguinte: suponha que a derivada segunda, f”, seja pos- itiva em um certo intervalo I. Isso significa que a derivada primeira, f ′, esta aumentando no intervalo I e que a concavidade da curva de f é para cima no mesmo intervalo. Da mesma forma, se f ′ < 0 em um certo intervalo, isso quer dizer que f ′ está diminuindo e que a concavidade da curva de f é para 26 baixo neste intervalo. Teste da Concavidade Se f” > 0 no intervalo a < x < b, f tem concavidade para cima neste intervalo. Se f” < 0 no intervalo a < x < b, f tem concavidade para baixo neste inter- valo.Figura 12: Combinações possíveis de aumento, diminuição e concavidade. Ponto de Inflexão Um ponto de uma função no qual a concavidade muda é chamado de ponto de inflexão. Assim, por exemplo, o ponto de retornos decrescentes da curva de produção é um ponto de inflexão; a função da figura 11 tem um ponto de inflexão em x = a. 27 Em um ponto de inflexão P (c, f(c)), a função f(x) não pode ter concavi- dade para cima ou para baixo, portanto, f”(x) não pode ser positiva nem negativa. Assim, ou f”(x) não existe ou f”(x) = 0. Entretanto, é possível que f”(x) seja igual a zero e P (c, f(c)) não seja um ponto de inflexão. Por exemplo, se f(x) = x4, f”(x) = 12x2 e o gráfico de f tem a concavidade para cima no ponto x = 0, embora f”(0) = 0. Figura 13: Gráfico de f(x) = x4. Método para Determinar a Concavidade e Localizar os Pontos de Inflexão de f(x) 1o .Passo: Calcule f” e determine os pontos nos quais f”(x) = 0”ouf"(x)"não existe. 2o . Passo: Assinale os pontos obtidos no 1o . passo sobre uma reta, dividindo assim a reta em subintervalos. Calcule o valor de f”(p) para números de teste p situados em todos os subintervalos. 3o . Passo: A função tem concavidade para cima nos intervalos em que f”(p) > 0 e concavidade para baixo nos intervalos em que f”(p) < 0. Os pontos de inflexão são os pontos que separam subintervalos nos quais a função tem diferentes concavidades. Exemplos. (i) Determine se a função f(x) = 3x4 − 2x3 − 12x2 + 18x+ 15 28 está aumentando ou diminuindo e se possui concavidade para cima ou para baixo. Determine todos os extremos relativos e pontos de inflexão. (ii) A figura a seguir mostra o gráfico da derivada primeira f ′(x) de uma função f(x). Figura 14: Gráfico de f ′(x). Determine os intervalos em que f(x) é uma função crescente e decres- cente, as concavidades e todos os extremos relativos e pontos de inflexão da função. Em seguida, esboce o gráfico de f(x). 29 Definição 1.8 Teste da Derivada Segunda: Suponha que f ′(a) = 0. Se f”(a) > 0, f possui um mínimo relativo em x = a. Se f”(a) < 0, f possui um máximo relativo em x = a. Caso f”(a) = 0 ou f”(a) não exista, o teste não pode ser aplicado; f(a) pode ser um máximo relativo, um mínimo relativo ou um ponto de inflexão. Figura 15: Teste da segunda derivada. Exemplos. (i) Use o teste da derivada segunda para determinar os máximos e mínimos relativos da função f(x) = 2x3 + 3x2 − 12x− 7. (ii) Um estudo de eficiência realizado em uma fábrica durante o turno da manhã mostra que um operário que começa a trabalhar às 8h terá produzido, 30 em média, Q(t) = −t3+9t2+12t unidades t horas mais tarde. Em que hora da manhã os operários são mais produtivos? 31 1.12 Exercícios: 1. Nos problemas abaixo, determine em que intervalo(s) a função dada é crescente e decrescente e em que intervalo(s) a concavidade da função é para cima e para baixo. Encontre os extremos relativos e pontos de inflexão e plote o gráfico da função. a) f(x) = 1 3 x3 − 9x+ 2 b) f(x) = x3 + 3x2 + 1 c) f(x) = x4 − 4x3 + 10 d) f(x) = x3 − 3x2 + 3x+ 1 e) f(x) = (x− 2)3 f) f(x) = x5 − 5x g) f(t) = (t2 − 5)3 h) f(x) = (x− 2)4 i) f(x) = x 2−3x x2+1 j) f(x) = √ x2 + 1 l) f(x) = x x2+x+1 m) f(x) = (x+ 1) 4 3 2. Nos problemas abaixo, use o teste da derivada segunda para determinar os máximos e mínimos relativos da função dada. a) f(x) = x3 + 3x2 + 1 b) f(x) = x+ 1 x c) f(x) = ( x x+1 )2 d) f(x) = 2 1+x2 e) f(x) = (x−2) 3 x2 f) f(x) = (x+3) 3 (x−1)2 3. O custo para produzir x unidades de certa mercadoria por semana é C(x) = 0, 3x3 − 5x2 + 28x+ 200 (a) Determine o custo marginal CM(x) = C ′(x). Plote as funções C(x) e CM(x) no mesmo gráfico. (b) Determine o(s) valor(es) de x para os quais C”(x) = 0. Qual a relação entre esse(s) ponto(s) e as curvas de CM(x) e C(x)? 4. Uma empresa estima que quando x milhares de reais são investidos na comercialização de um certo produto, Q(x) unidades do produto são vendidas, onde Q(x) = −4x3 + 252x2 − 3.200x+ 17.000 10 ≤ x ≤ 40 Plote a função Q(x) para 10 ≤ x ≤ 40. Onde fica o ponto de inflexão da função? Qual o significado do investimento em comercialização cor- respondente a esse ponto? 5. Um estudo de eficiência realizada no turno da manhã (de 8h ao meio- dia) revela que um operário que chega para trabalhar às 8h produziu Q(t) = −t3 + 9t2 2 + 15t unidades t horas mais tarde. 32 (a) Em que instante do turno da manhã a produtividade do operário é máxima? (b) Em que instante do turno da manhã a produtividade do operário é mínima? 6. Um estudo de eficiência realizada no turno da manhã (de 8h ao meio- dia) revela que um operário que chega para trabalhar às 8h produziu Q(t) = −t3 + 6t2 + 15t receptores de rádio t horas mais tarde. (a) Em que instante do turno da manhã a produtividade do operário é máxima? (b) Em que instante do turno da manhã a produtividade do operário é mínima? 33 2 INTEGRAIS Em muitos problemas, a derivada de uma função é conhecida e o objetivo é encontrar a própria função. Por exemplo, um sociólogo que conhece a taxa de aumento da população pode estar interessado um usar essa informação para prever qual será a população em algum instante futuro; um físico que con- hece a velocidade de um corpo em movimento pode querer calcular a posição do corpo em um momento futuro; um economista que conhece o índice de inflação pode querer estimar os preços em um instante futuro. O Processo de obter uma função a partir de sua derivada é chamado de antiderivação ou integração indefinida. 2.1 Antiderivadas Definição 2.1 Uma função F (x) para a qual F ′(x) = f(x) para qualquer x no domínio de f é chamada de antiderivada de f(x). Notação: Às vezes a equação F ′(x) = f(x) é escrita na forma dF dx = f(x). Exemplos. (i) Verifique que F (x) = x 3 3 + 5x+ 2 é uma antiderivada de f(x) = x2 + 5. (ii) Calcule uma antiderivada de f(x) = 3x2. 34 Definição 2.2 Se F (x) é uma antiderivada de uma função contínua f(x), qualquer outra antiderivada de f(x) tem a forma g(x) = F (x) + C, onde C é uma constante. Quando dizemos que F e G são antiderivadas de f , estamos dizendo que F ′(x) = G′(x) = f(x) e que para qualquer valor de x a inclinação (ou seja, a derivada) da curva y = F (x) é igual à inclinação da curva y = G(x). Em outras palavras, a curva de G(x) difere da curva de F (x) apenas por uma translação vertical, como mostra a figura a seguir para a função f(x) = 3x2. Figura 16: Algumas antiderivadas de f(x) = 3x2. Vamos representar a família de todas as antiderivadas de f(x) usando o símbolo ∫ f(x) dx = F (x) + C que é chamado de Integral Indefinida de f . Neste contexto, o símbolo ∫ é chamado de sinal de integração, a função f(x) é chamada de integrando, o símbolo dx indica que a antiderivada deve ser calculada em relação à variável x e o termo C é conhecido como constante 35 de integração. Por exemplo, a integral indefinida da função f(x) = 3x2 é∫ 3x2 dx = x3 + C. Para verificar se uma antiderivada foi calculada corretamente, determine a derivada da solução, F (x) + C. Se essa derivada é igual a f(x), a an- tiderivada está correta ([F (x) + C]′ = f(x)); se é diferente de f(x), existe algum erro nos cálculos. 2.2 Integral indefinida de funções usuais e propriedades. A ligação que existe entre derivação e antiderivação permite usar regras já conhecidas de derivação para obter regras correspondentes para antiderivação. Regras para integrar Funções Usuais. Regra da constante:∫ k dx = kx+ C para kcostante; Regra da potência:∫ xn dx = 1 n+ 1 xn+1 + C para qualquer n 6= −1; Regra do logaritmo:∫ 1 x dx = ln |x|+ C para qualquer x 6= 0; Regra da exponencial:∫ ekx dx = 1 k ekx + C para k constante 6= 0. Regra do cosseno e seno:∫ cos(kx) dx =1 k sen (kx) + C para k constante 6= 0; ∫ sen (kx) dx = −1 k cos(kx) + C para k constante 6= 0; Regra da multiplicação por uma constante:∫ kf(x) dx = k ∫ f(x) dx para k constante; 36 Regra da soma:∫ [f(x) + g(x)] dx = ∫ f(x) dx + ∫ g(x) dx ; Regra da diferença:∫ [f(x)− g(x)] dx = ∫ f(x) dx − ∫ g(x) dx ; Exemplos. Determine as seguintes integrais indefinidas: (a) ∫ 3 dx (b) ∫ x17 dx (c) ∫ 1√ x dx (d) ∫ 1 x dx 37 (e) ∫ e−3x dx (f) ∫ cos(3x) dx (g) ∫ sen (x pi ) dx (h) ∫ (2x5 + 8x3 − 3x2 + 5) dx (i) ∫ (x 3+2x−7 x ) dx (j) ∫ (3e−5t + √ t− sen (4t) + 2) dx 38 2.3 Exercícios: 1. Nos problemas abaixo, calcule a integral dada. Verifique se o cálculo está correto derivando o resultado. a) ∫ x5dx b) ∫ x 3 4dx c) ∫ 1 x2 dx d) ∫ √ tdt e) ∫ 5dx f) ∫ 3exdx g) ∫ (3t2 −√5t+ 2)dt h) ∫ (x 12 − 3x 23 + 6)dx i) ∫ (3 √ y − 2 y3 + 1 y )dy j) ∫ ( 1 2y − 2 y2 + 3√ y )dy k) ∫ ( e x 2 + x √ x)dx l) ∫ ( √ x3 −√12√x+√2)dx m) ∫ ( 1 3u − 3 2u2 + e2 + √ u 2 )du n) ∫ (2eu + 6 u + ln 2)du o) ∫ x2+2x+1 x2 dx p) ∫ x2+3x−2√ x dx q) ∫ (x3 − 2x2)( 1 x − 5)dx r) ∫ y3(2y + 1 y )dy s) ∫ √ t(t2 − 1)dt t) ∫ x(2x+ 1)2dx u) ∫ 8 cos(3t)dt v) ∫ sin(pix)dx 2. Determine a função polinomial cuja tangente tem uma inclinação x3− 2 x2 + 2 e cuja curva passa pelo ponto (1, 3). 39 2.4 Substituição de variável. Integração por partes Nesta sessão veremos duas técnicas de integração. Elas são baseadas em re- gras de derivação. Pela regra da cadeia, a derivada da função (x2 + 3x+ 5)9 é d dx [(x2 + 3x+ 5)9] = 9(x2 + 3x+ 5)8(2x+ 3) Observe que a derivada é um produto e que um dos fatores, 2x + 3, é a derivada de uma expressão x2 + 3x+ 5, a qual aparece no outro fator. Mais precisamente, a derivada é um produto da forma g(u) du dx onde, nesse caso, g(u) = 9u8 e u = x2 + 3x+ 5. É possível integrar muitos produtos da forma g(u)(du dx ) aplicando a regra da cadeia ao contrário. Especificamente, se G é a antiderivada de g,∫ g(u) du dx dx = G(u) + C já que, pela regra da cadeia, d dx [G(u)] = G′(u) du dx = g(u) du dx Forma Integral da Regra da Cadeia: Se g é uma função contínua de u e u(x) é uma função derivável de x,∫ g(u) du dx dx = ∫ g(u)du Ou seja, para integrar um produto da forma g(u)(du dx ) no qual um dos fatores, du dx , é a derivada de uma expressão u que aparece no outro fator: 1. Determine a antiderivada ∫ g(u)du do fator g(u) em relação a u; 2. Substitua u na resposta por sua expressão em termos de x. Exemplos. 40 Determine: (i) ∫ 9(x2 + 3x+ 5)8(2x+ 3)dx (ii) ∫ x3ex 4+2dx Mudança de Variável A forma integral da regra da cadeia pode ser vista como uma técnica para simplificar uma integral mudando a variável de integração. Começamos com uma integral da forma ∫ g(u)(du dx )dx e a transformamos em uma integral mais simples da forma ∫ g(u)du, na qual a variável de integração é u. Nessa trans- formação, a expressão (du dx )dx da integral original é substituída na integral 41 simplificada pelo símbolo du. du dx dx = du Integração por Substituição 1. Introduza a variável u para substituir uma expressão em x com o ob- jetivo de simplificar a integral; 2. Escreva a integral em termos de u. Para escrever dx em termos de u, calcule o valor de du dx e explicite dx como se du dx fosse um quociente; 3. Calcule a integral resultante e substitua u por seu valor em termos de x para obter a solução. Exemplos. Determine: (a) ∫ 3x x2−1dx. (b) ∫ 3x+6√ 2x2+8x+8 dx. (c) ∫ (lnx)2 x dx. 42 (d) ∫ x x+1 dx. (e) ∫ 2x sin(x2)dx. Integração por Partes A técnica, conhecida como Integração por partes, é uma consequência direta da regra do produto para derivadas. Lembrando a derivada produto: d dx [f(x)g(x)] = [f(x)g(x)]′ = f(x)′g(x)+f(x)g′(x) = d dx f(x).g(x)+f(x). d dx g(x) Sejam f(x) e g(x) funções deriváveis, então pela regra da derivada pro- duto temos a seguinte formula:∫ f(x)g′(x)dx = f(x)g(x)− ∫ f ′(x)g(x)dx. Observe que na expressão acima deixamos de escrever a constante de inte- gração, já que no decorrer do desenvolvimento aparecerão outras. Todas elas podem ser representadas por uma única constante C, que introduziremos no final do processo. Na prática, costumamos fazer u = f(x)⇒ du = f ′(x)dx 43 e v = g(x)⇒ dv = g′(x)dx. Substituindo na expressão anterior, vem∫ udv = uv − ∫ vdu Exemplos. Determine: (a) ∫ xe2xdx. (b) ∫ x √ 2x2 + 8x+ 8dx. (c) ∫ ln(x)dx. 44 (d) ∫ x2exdx. (e) ∫ ex cos(x)dx. (e) ∫ 4x cos(x)dx. 45 2.5 Exercícios: 1. Nos problemas abaixo, determine a integral indicada. a) ∫ (2x+ 6)5dx b) ∫ e5xdx c) ∫ √ 4x− 1dx d) ∫ 1 3t+5 dt e) ∫ e1−xdx f) ∫ [(x− 1)5 + 3(x− 1)2 + 5]dx g) ∫ tet 2 dt h) ∫ 2xex 2−1dx i) ∫ y(y2 + 1)5dy j) ∫ 3y √ y2 + 8dy k) ∫ x2(x3 + 1) 3 4dx l) ∫ x5e1−x 6 dx m) ∫ 2u4 u5+1 du n) ∫ u2 (u3+5)2 du o) ∫ (x+ 1)(x2 + 2x+ 5) 1 2dx p) ∫ (3x2 − 1)ex3−xdx q) ∫ 3x4+12x3+6 x5+5x4+10x+12 dx r) ∫ 10x3−5x√ x4−x2+1dx s) ∫ 3t−3 (t2−2t+6)2dt t) ∫ 6x−3 4x2−4x+1dx u) ∫ ln 5x x dx v) ∫ 1 x lnx dx w) ∫ 1 x(lnx)2 dx x) ∫ lnx2 x dx y) ∫ 2x ln(x2+1) x2+1 dx z) ∫ e√x√ x dx 2. Nos problemas abaixo, determine a integral indicada. a) ∫ xe−xdx b) ∫ xe x 5 dx c) ∫ (1− x)exdx d) ∫ (3− 2x)e−xdx e) ∫ t ln(2t)dt f) ∫ x ln x2dx g) ∫ ve −v 5 dv h) ∫ we0,1wdw i) ∫ y √ y − 6dy j) ∫ y√1− ydy k) ∫ x(x+ 1)8dx l) ∫ (x+ 1)(x+ 2)6dx m) ∫ u√ u+2 du n) ∫ u√ 2u+1 du o) ∫ x2e−xdx p) ∫ x2e3xdx q) ∫ x3exdx r) ∫ x3e2xdx s) ∫ t2 ln tdt t) ∫ x(lnx)2dx u) ∫ lnx x2 dx v) ∫ x3ex 2 dx w) ∫ x3(x2 − 1)10dx x) ∫ x7(x4 + 5)8dx y) ∫ ex cos(x)dx z) ∫ 2x sin(x2) cos(x2)dx 46 2.6 Integral Definida. Teorema Fundamental do Cál- culo. Área de regiões planas Integral Definida Como vimos no capítulo anterior, a integração indefinida pode ser usada para analisar situações em que a taxa de variação de certa grandeza é con- hecida. Nesta seção, vamos discutir um processo semelhante, conhecido como integração definida, no qual uma grandeza de interesse prático é definida como o limite de uma soma e em seguida calculada com o auxílio da an- tiderivação. O método da integração definida será ilustrado sob uma curva, mas em seções subsequêntes mostraremos que o mesmo método também pode ser aplicado a muitos problemas de economia, física, biologia, ciências sociais e etc. Considere a área A da região sob a curva y = f(x) em um intervalo a ≤ x ≤ b, onde f(x) ≥ 0 e a função f é contínua. Essa região está indicada na figura abaixo. Se a região fosse um quadrado, um triângulo, um trapézio ou parte de um círculo, poderíamos calcular sua área usando expressões conhecidas, mas o que fazer se a curva que define a parte superior da região for dada por uma função como y = x2 ou y = ex? Para lidar com o caso geral, seguimos um princípio extremamente útil, que pode ser aplicado tanto à matemática quanto a outras ciências: Quando estiver diante de um problema desconhecido, procure relacioná-lo a um problema conhecido. Figura 17: A região sob a curva y = f(x) no intervalo a ≤ x ≤ b. 47 Neste caso em particular, podemos não saber como calcular a área sob a curva dada, mas sabemos como calcular a área de um retângulo. Assim, dividimos a região dada em uma série de regiões retangulares e calculamos o valoraproximado da área A sob a curva y = f(x) somando as áreas dessas regiões retangulares. Para começar, dividimos o intervalo a ≤ x ≤ b em n subintervalos iguais de largura ∆x e chamamos de xj a extremidade esquerda do intervalo de ordem j. Em seguida, traçamos n retângulos tais que o retângulo de ordem j tenha uma largura igual a ∆x e uma altura igual a f(xj). Figura 18: Aproximação por retângulos da área sob uma curva: (a) com n subintervalos;(b) com 6 subintervalos;(c) com 24 subintervalos. A área do retângulo de ordem j, f(xj)∆x, é aproximadamente igual à área sob a curva dada no intervalo xj ≤ x ≤ xj+1. A soma das áreas dos n retângulos é Sn = f(x1)∆x+f(x2)∆x+...+f(xn)∆x = [f(x1)+f(x2)+...+f(xn)]∆x = n∑ j=1 f(xj)∆x que é aproximadamente igual à área total A sob a curva dada. Quanto maior o número n de subintervalos, mais a soma Sn se aproxima do que consideramos intuitivamente como a área sob a curva dada (ver Figura acima). É razoável, portanto, definir a área real sob a curva, A, como o limite da soma aproximada quando o número de subintervalos tende a infinito. Área sob uma Curva: Seja f(x) uma função contínua tal que f(x) ≥ 0 no intervalo a ≤ x ≤ b. A área sob a curva y = f(x) no intervalo a ≤ x ≤ b é dada por A = lim n→+∞Sn = limn→+∞ n∑ j=1 f(xj)∆x 48 onde xj é a extremidade esquerda do subintervalo de ordem j se o intervalo a ≤ x ≤ b for dividido em n partes iguais de comprimento ∆x = (b−a) n . Observação. A título de simplificação tomamos os subintervalos todos dos mesmo tamanho e calculamos f(x) nos pontos da extremidade esquerda dos subintervalos. De modo mais geral, fazemos uma partição do intervalo [a, b], isto é, dividimos o intervalo [a, b] em n subintervalos, não necessariamente do mesmo tamanho, escolhendo os pontos a = x0 < x1 < x2 < ... < xn−2 < xn−1 < xn = b. Seja ∆xi = xi − xi−1 o comprimento do intervalo Ii = [xi, xi−1]. Em cada um destes intervalos Ii, escolhemos um ponto qualquer ci.(ci ∈ Ii) Para cada i, i = 1, 2, ..., n, construímos um retângulo de base ∆xi e altura f(xi). A soma das áreas dos n retângulos, que representamos por Sn, é dada por Sn = f(c1)∆x1 + f(c2)∆x2 + ...+ f(cn−1)∆xn−1 + f(cn)∆xn = n∑ i=1 f(ci)∆xi. Esta soma é chamada soma de Riemann da função f(x). Exemplo. SejaR a região sob a curva da função f(x) = 2x+1 no intervalo 1 ≤ x ≤ 3, como mostra na figura abaixo. Calcule a área da região R: Figura 19: Aproximação por retângulos da área sob a curva f(x) = 2x+ 1. 49 A área é apenas uma das muitas grandezas que podem ser expressas como o limite de uma soma. Para lidar com todos os casos. incluindo aqueles nos quais a condição f(x) ≤ 0 não é satisfeita, usamos a terminologia e a notação apresentadas a seguir: Integral Definida Seja uma função contínua no intervalo x ∈ [a, b]. Suponha que esse inter- valo tenha sido dividido em n partes iguais (não há necessidade de ser iguais) de largura ∆x = b−a n e seja xj um número pertencente ao intervalo de ordem j, para j = 1, 2, ..., n. Nesse caso, a integral definida de f(x) no intervalo x ∈ [a, b] é representada pelo símbolo ∫ ba f(x)dx e é dada pelo limite∫ b a f(x)dx lim n→+∞Sn = limn→+∞[f(x1) + f(x2) + ...+ f(xn)]∆x Observe que o símbolo de integral definida, ∫ b a f(x)dx, é semelhante ao símbolo da integral indefinida, ∫ f(x)dx. Em ambos os casos, a função f(x) recebe o nome de integrando; no caso da integral definida, os números a e b são chamados de limite inferior de integração e limite superior de integração, respectivamente. Usando a notação de integral, a definição da área sob uma curva dada por uma função f(x) (y = f(x)) pode ser expressa da seguinte forma: Integral Definida: Se f(x) é uma função contínua e f(x) ≥ 0 no intervalo x ∈ [a, b], a área da região sob a curva y = f(x) no intervalo a ≤ x ≤ b é dada por A = ∫ b a f(x)dx Se calcular o limite de uma soma fosse a única forma de obter o valor de uma integral definida, o processo de integração provavelmente seria bem complicado. Felizmente, existe um meio mais simples de executar o cál- culo, graças a um importante teorema que relaciona a integral definida à antiderivação: Teorema 2.1 Teorema Fundamental do Cálculo Se a função f(x) é contínua no intervalo a ≤ x ≤ b,∫ b a f(x)dx = F (b)− F (a) onde F (x) é a antiderivada de f(x) no intervalo a ≤ x ≤ b. 50 Notação: F (x) |ba= F (b)− F (a) Assim, ∫ b a f(x)dx = F (x) |ba= F (b)− F (a) Observe: A constante C que aparece no resultado final das antiderivadas, não interfere no resultado do cálculo da integral definida ∫ b a f(x)dx. Como F (x) + C é antiderivada genérica de f(x),∫ b a f(x)dx = [F (x) + C] |ba= [F (b) + C]− [F (a) + C] = F (b)− F (a) Desse modo, daqui em diante, a constante C será omitida em todos os cál- culos de integrais definidas. Exemplos. 1) Calcule: (a) ∫ 4 1 ( √ x− x2)dx. (b) ∫ 2 1 4 ( lnx x )dx. 51 (c) ∫ 1 0 (e −x + √ x)dx. (d) ∫ 1 0 8x(x 2 + 1)3dx. 2) Determine a área da região limitada pela curva y = −x2 + 4x− 3. 3) Determine a área da região limitada pela reta y = x − 1 e pela parábola y = x2 − 2x+ 1 para x ∈ [1, 3]. 52 Área entre Duas Curvas Em alguns problemas práticos, temos que calcular a área entre duas cur- vas. Suponha que f(x) e g(x) sejam funções não-negativas e que f(x) ≥ g(x) no intervalo a ≤ x ≤ b (Fig. (a)). Figura 20: Área de R = área de R1 - área de R2. Para determinar a região R entre as curvas das duas funções de x = a até x = b, basta subtrair a área sob a curva inferior y = g(x) (Fig. (c)) da área sob a curva superior y = f(x) (Fig. (b)), ou seja, Área de R = ∫ b a f(x)dx− ∫ b a g(x)dx = ∫ b a [f(x)− g(x)]dx Esta expressão é válida mesmo que as funções f e g não sejam não- negativas. Definição 2.3 Área entre Duas Curvas Se f(x) e g(x) são contínuas no intervalo a ≤ x ≤ b com f(x) ≥ g(x) e se R é a região limitada pelas curvas de f e g e pelas retas verticais x = a e x = b, Área de R = ∫ b a [f(x)− g(x)]dx Exemplo. 1) Determine a área da região limitada pelas curvas: (a) y = x3 e y = x2. 53 (b) y = 4x e y = x3 + 3x2. 54 2.7 Exercícios: 1. Nos problemas abaixo, calcule a integral definida dada usando o teo- rema fundamental do cálculo. a) ∫ 1 0 (x 4 + 3x3 + 1)dx b) ∫ 0 −1(−3x5 − 3x2 + 2x+ 5)dx c) ∫ 5 2 (2 + 2t+ 3t 2)dt d) ∫ 9 1 ( √ t− 4√ t dt e) ∫ 3 1 (1 + 1 t + 1 t2 )dt f) ∫ ln 2 0 (e t − e−t)dt g) ∫−1 −3 v+1 v3 dv h) ∫ 6 1 w 2(w − 1)dw i) ∫ 2 1 (2y − 4)4dy j) ∫ 0 −3(2y + 6) 4dy k) ∫ 4 0 1√ 6t+1 dt l) ∫ 2 1 x2 (x3+1)2 dx m) ∫ 1 0 (u 3 + u) √ u4 + 2u2 + 1du n) ∫ 1 0 6u√ u2+1 du o) ∫ e+1 2 x x−1dx p) ∫ 2 1 (x+ 1)(x− 2)6dx q) ∫ e2 1 (lnx)2 x dx r) ∫ e2 e 1 x lnx dx s) ∫ 1 0 te tdt t) ∫ e2 1 ln √ tdt 2. Nos problemas abaixo, determine a área da região R: a) R é o triângulo limitado pela reta y = 4− 3x e pelo eixos x e y. b) R é o triângulo cujos vértices são os pontos (−4, 0) , (2, 0) e (2, 6). c) R é o retângulo cujos vértices são os pontos (1, 0) , (−2, 0) , (−2, 5) e (1, 5). d) R é o trapézio limitado pelas retas y = x + 6 e x = 2 e pelos eixos x e y. e) R é a região limitada pela curva √ x, pelas retas x = 4 e x = 9, e pelo eixo x. f) R é a região limitada pela curva y = −x2 − 6x− 5 e pelo eixo x. g) R é a região limitada pela curva y = ex, pelas retas x = 0 e x = ln(1 2 ), e pelo eixo x. h) R é a região limitada pela curva y = x2 − 2x e pelo eixo x. i) R é a região limitada pela curva y = 1 x2 e pelas retas y = x e y = x 8 . j) R é a região limitada pelas curvas y = x2 − 2x e y = −x2 + 4. l) R é a região entre a curva y = x3 e a reta y = 9x. m) R é a região entre a curva y = x3 − 3x2 e a reta y =x2 + 5x. 55 3 FUNÇÕES DE VÁRIAS VARIÁVEIS 3.1 Definição de funções de Várias Variáveis Na industria, se um fabricante determina que x unidades de certo produto po- dem ser vendidos no mercado interno por R$ 90, 00 a unidade e y unidades po- dem ser vendidas no mercado externo polo equivalente a R$ 110, 00 a unidade, a receita total obtida com as vendas do produto é dada por R = 90x+ 110y Na psicologia, o quociente de inteligência de uma pessoa, ou QI, é medido através da expressão QI = 100m a onde a e m são a idade cronológica da pessoa e sua idade mental. Um carpinteiro que está construindo uma arca com x centímetro de com- primento, y centímetro de largura e z centímetros de altura sabe que a arca terá um volume V e uma área S, onde V = xyz e S = 2xy + 2xz + 2yz Essas são situações típicas em que uma grandeza de interesse depende dos valores de duas ou mais variáveis. Outros exemplos são o volume de água no reservatório de uma cidade, que pode depender da quantidade de chuva e do consumo da população e a produção de uma fábrica, que pode depender do capital disponível, do número de operários e do preço das matérias-primas. Neste capítulo, vamos estender os métodos do cálculo às funções de duas ou mais variáveis independentes. Quase todo nosso trabalho será feito com funções de duas variáveis, que, como veremos, podem ser representadas ge- ometricamente como superfícies no espaço tridimensional. Vamos começar com algumas definições: Definição 3.1 Funções de Várias Variáveis Função f de n variáveis independentes é uma regra que atribui a cada x = (x1, x2, ..., xn) ∈ D ⊂ IRn, (D domínio de f) um e apenas um número real, representado pelo símbolo f(x). Nota: Convenção de Domínio: A menos que seja dito explicitamente o contrário, 56 o domínio de f é o conjunto de todos os pontos x = (x1, x2, ..., xn) para os quais a expressão f(x) é definida. Para os casos de duas ou três vaiáveis é comum usar a seguinte notação: Para o caso de uma função de duas variável: (x, y) ∈ D ⊂ IR2 e f(x, y). Para o caso de uma função de três variável: (x, y, z) ∈ D ⊂ IR3 e f(x, y, z). Exemplos. 1) Dada a função f(x, y) = 3x 2+5y x−y : a) Determine o domínio de f . b) Calcule f(1,−2). 2) Dada a função f(x, y) = xey + ln x: a) Determine o domínio de f . b) Calcule f(e2, ln 2). 3) Dada a função f(x, y, z) = xy + xz + yz, calcule f(1, 2, 5). 57 4) Uma loja de artigos esportivos em Foz do Iguaçu oferece dois tipos de raquetes de tênis, um com a assinatura de Venus Williams e outro com a assi- natura de Martina Hingis. De acordo com as pesquisas, a demanda de cada raquete não depende apenas do seu próprio preço, mas também do preço da concorrente. Assim, se a raquete Willians for vendida por x reais e a raquete Hingis por y reais, a demanda da raquete Willians será D1 = 300−20x+30y raquetes por ano e a demanda da raquete em função dos preços x e y. A produção Q de uma fábrica muitas vezes é considerada como uma função do capital imobilizado K e do volume L da mão-de-obra. Funções de produção da forma Q(K,L) = AKαLβ onde A, α e β são constantes positivas se revelaram particularmente úteis em análises econômicas e são conhecidas como funções de produção de Cobb-Douglas. Exemplo. A produção de certa fábrica é dada pela função de produção de Cobb-Douglas Q(K,L) = 60K 1 3L 2 3 unidades, onde K é o capital imobilizado em milhares de reais e L é o volume de mão-de-obra em homens-horas: (a) Calcule a produção da fábrica para um capital imobilizado deR$ 521.000, 00 e um volume de mão-de-obra de 1.000 homens-horas. 58 (b) Mostre que a produção calculada no item (a) será duas vezes maior se tanto o capital imobilizado quanto o volume de mão-de-obra forem multipli- cados por dois. Gráfico de funções de Duas Variáveis O gráfico de uma função de duas variáveis f(x, y) é o conjunto de todos os grupos ordenados de três números (x, y, z) tais que o par (x, y) pertence ao domínio de f e z = f(x, y). Para poder visualizar um gráfico desse tipo, precisamos definir um sistema de coordenadas tridimensional, acrescen- tando um terceiro eixo(o eixo Z) perpendicular aos eixos X e Y usados nos gráficos bidimensionais. Observe que, por convenção, supomos que o plano xy é horizontal e o sentido positivo do eixo Z é "para cima". Figura 21: Sistema de coordenadas tridimensional. 59 A posição de um ponto no espaço tridimensional pode ser especificada através de três coordenadas. Por exemplo, o ponto que está 4 unidades acima do plano XY e diretamente acima do ponto cujas coordenadas X e Y são x = 1, y = 2 é representado pelo grupo ordenado de três números (x, y, z) = (1, 2, 4). Da mesma forma, o grupo ordenado de três números (2,−1,−3) representa um ponto que está 3 unidades diretamente abaixo do ponto (2,−1) do plano XY .(Ver figura anterior) Para plotar uma função f(x, y) de duas variáveis independentes x e y, costuma-se usar a letra z para representar a variável dependente, isto é, fazer z = f(x, y). Figura 22: Gráfico da função z = f(x, y). Os pares ordenados (x, y) do domínio de f são considerados pontos do plano XY e a função f é usada para calcular a "altura"de cada ponto (ou "profundidade", se o valor de z for negativo). Assim, se f(1, 2) = 4, esta igualdade pode ser representada graficamente plotando o ponto (1, 2, 4) no espaço tridimensional. Quando isso é feito para todos os pontos do domínio da função, o resultado é uma superfície no espaço tridimensional. A próxima figura mostrará algumas superfícies que desempenham um papel importante nos exemplos e exercícios deste capítulo. 60 Figura 23: Várias superfícies no espaço tridimensional. Curvas de Nível Em geral, não é fácil traçar o gráfico de uma função de duas variáveis. A figura a seguir mostra uma das formas usadas para visualizar uma superfície. 61 Figura 24: Curva de nível da superfície z = f(x, y). Quando o plano z = C intercepta a superfície z = f(x, y), o resultado é uma curva no espaço. O conjunto de pontos (x, y) no plano XY que sat- isfaz à equação f(x, y) = C é chamado de curva de nível de f em C; fazendo variar o valor de C, é possível gerar uma família inteira de curvas de nível. Plotando alguns membros dessa família no plano XY , obtemos a forma aproximada da superfície z = f(x, y). Imagine, por exemplo, que a superfície z = f(x, y) seja uma "mon- tanha"cuja "altitude"no ponto (x, y) é dada por f(x, y), como mostra a figura a seguir. Figura 25: A superfície z = f(x, y) como uma montanha. A curva de nível f(x, y) = C está diretamente abaixo de uma trilha na montanha a qual a altitude é constante e igual a C. Para plotar a montanha, 62 podemos indicar as trilhas de altitude constante traçando a família de curvas de nível e espetando uma "bandeira"em cada curva para mostrar qual é a elevação correspondente. Figura 26: As curvas de nível representam um mapa topográfico de z = f(x, y). Exemplo. Discuta as curvas de nível da função f(x, y) = x2 + y2. Curvas de Nível na Economia: Isoquantes e Curvas de Indiferença 63 As curvas de nível aparecem em muitas situações diferentes. Na econo- mia, por exemplo, se a produção Q(x, y) de um processo é determinada por dois insumos x e y(horas de trabalho e capital imobilizado, por exemplo), a curva de nível Q(x, y) = C é chamada de curva de produto constante C, ou, mais resumidamente, de isoquante("iso"é um prefixo que significa "igual"). Outra aplicação das curvas de nível na economia envolve o conceito de curvas de indiferença. A um consumidor que está pensando em comprar várias unidades de dois produtos é associada uma função de utilidade U(x, y) que mede a satisfação(ou utilidade) que o consumidor recebe ao adquirir x unidades do primeiro produto e y unidades do segundo. Uma curva de nível U(x, y)= C da função de utilidade é chamada de curva de indiferença e fornece todas as combinações possíveis de x e y que resultam no mesmo grau de satisfação do consumidor. O próximo exemplo ilustra esses conceitos: Exemplo. A utilidade para um consumidor da aquisição de x unidades de um pro- duto e y unidades de um segundo produto é dada pela função de utilidade U(x, y) = x 3 2y. Se o consumidor possui x = 16 unidades do primeiro produto e y = 20 unidades do segundo, determine o nível de utilidade do consumidor e plote a curva de indiferença correspondente. 64 Alguns Gráficos: Figura 27: Algumas Superfícies geradas em computador. 65 3.2 Exercícios: 1. Nos problemas abaixo, calcule o valor da função nos pontos especifica- dos: a) f(x, y) = (x− 1)2 + 2xy3; f(2,−1), f(1, 2). b) f(x, y) = 3x+2y 2x+3y ; f(1, 2), f(−4, 6). c) g(x, y) = √ y2 − x2; g(4, 5), g(−1, 2). d) g(u, v) = 10u 1 2v 2 3 ; g(16, 27), g(4,−1331). 2. Nos problemas abaixo, descreva o domínio da função dada: a) f(x, y) = 5x+2y 4x+3y . b) f(x, y) = √ 9− x2 − y2. c) f(x, y) = x ln(x+y) . d) f(x, y) = √ x2 − y. e) f(x, y) = ln(x+ y − 4). f) f(x, y) = exy√ x−2y . 3. Nos problemas abaixo, plote a curva de nível f(x, y) = C para os valores especificados de C. a) f(x, y) = x+ 2y; C = 1, C = 2 e C = −3. b) f(x, y) = x2 + y; C = 0, C = 4 e C = 9. c) f(x, y) = x2 − 4x− y; C = −4, C = 5. d) f(x, y) = x y ; C = −2, C = 2. e) f(x, y) = xy; C = 1, C = −1, C = 2 e C = −2. f) f(x, y) = yex; C = 0, C = 1. g) f(x, y) = ln(x2 + y2); C = 4, C = ln 4. 4. Usando x operários especializados e y operários não-especializados, uma fábrica é capaz de produzir Q(x, y) = 10x2y unidades por dia. No momento, a fabrica opera com 20 operários especializados e 40 operários não-especializados: (a) Quantas unidades estão sendo produzidas por dia? (b) Qual será a variação na produção diária se a fábrica puder contar com mais 1 operário especializado? (c) Qual será a variação na produção diária se a fábrica puder contar com mais 1 operário não-especializado? (d) Qual será a variação na produção diária se a fábrica puder contar com mais 1 operário especializado e mais 1 operário não-especializado? 66 3.3 Derivadas parciais. Diferencial total. Derivadas de ordem superior Em muitos problemas que envolvem funções de duas(ou mais) variáveis, o objetivo é determinar a taxa de variação da função com uma das variáveis enquanto a outra é mantida constante. Em outras palavras, o objetivo é derivar a função em relação a uma das variáveis mantendo a outra variável fixa. Esse processo é conhecido como derivação parcial; a derivada resul- tante é chamada de derivada parcial da função. Suponhamos, por exemplo, que um estudo realizado em uma fábrica revele que Q(x, y) = 5x2 + 7xy unidades de certo produto são fabricadas quando x operários especializados e y operários não-especializados estão trabalhando. Nesse caso, se o número de operários não-especializados permanece constante, a taxa de variação da produção com o número de operários especializados pode ser obtida derivando Q(x, y) em relação a x. O resultado é chamado de derivada parcial de Q em relação a x e representado pelo símbolo Qx(x, y) ou ∂Q ∂x (x, y). Assim, Qx(x, y) = 5(2x) + 7(1)y = 10x+ 7y ou ∂Q ∂x (x, y) = 10x+ 7y Da mesma forma, se o número de operários especializados permanece constante, a taxa de variação da produção com o número de operários não- especializados é dada pela derivada parcial de Q em relação a y, que é obtida derivando Q(x, y) em relação a y; Qy(x, y) = (0) + 7x(1) = 7x ou ∂Q ∂y (x, y) = 7x Notas: 1) Se z = f(x, y) a derivada parcial de z em relação a x é representada por ∂z ∂x ou fx(x, y) e é a função obtida derivando z em relação a x enquanto y é tratada como constante. A derivada parcial de z em relação a y é representada por ∂z ∂y ou fy(x, y) 67 e é a função obtida derivando z em relação a y enquanto x é tratada como constante. 2) Como já sabemos, a derivada de uma função de uma variável, f(x), é definida pelo seguinte limite: f ′(x) = lim h→0 f(x+ h)− f(x) h As derivadas parciais de uma função de duas(ou mais) variáveis, fx(x, y) e fy(x, y), são dadas por limites semelhantes: fx(x, y) = lim h→0 f(x+ h, y)− f(x, y) h e fy(x, y) = lim h→0 f(x, y + h)− f(x, y) h 3) Para uma função de três variáveis w = f(x, y, z) segue o mesmo raciocínio: derivada parcial em relação a x fx(x, y, z) , derivada parcial em relação a y fy(x, y, z) e derivada parcial em relação a z fz(x, y, z). Para o caso geral seja f(x1, x2, ..., xn) uma função de n variáveis, então sua derivada parcial na variável xi é dada por: ∂f ∂xi = lim h→0 f(x1, ..., xi−1, xi + h, xi+1, ..., xn)− f(x1, ..., xi−1, xi, xi+1, ..., xn) h Exemplos. 1) Calcule as derivadas parciais fx e fy de f(x, y) = x 2 + 2xy2 + 2 y 3x . 68 2) Calcule as derivadas parciais ∂z ∂x e ∂z ∂y da função z = (x2 + xy + y)5. 3) Calcule as derivadas parciais fx e fy da função f(x, y) = xe −2xy . 4) Calcule as derivadas parciais fx, fy e fz da função f(x, y, z) = ln(x+y) z . 69 Interpretação Geométrica das Derivadas Parciais Como vimos anteriormente, as funções de duas variáveis podem ser repre- sentadas graficamente como superfícies em um sistema de coordenadas tridi- mensional. Em particular, se z = f(x, y), um par ordenado (x, y) no domínio de f pode ser associado a um ponto no plano XY e o valor funcional corre- spondente, z = f(x, y), pode ser associado a uma "altura"em relação a esse ponto. O gráfico de f é a superfície formada por todos os pontos (x, y, z) do espaço tridimensional cuja altura z é igual a f(x, y). As derivadas parciais de uma função de duas variáveis podem ser in- terpretadas geometricamente da seguinte forma: para cada número fixo y0, os pontos (x, y0, z) formam um plano vertical cuja equação é y = y0. Se z = f(x, y) e y é mantido fixo comm o valor y = y0, os pontos correspon- dentes (x, y0, f(x, y0)) formam uma curva no espaço tridimensional que é a interseção da superfície z = f(x, y) com o plano y = y0. Em cada ponto dessa curva, a derivada parcial ∂z ∂x é simplesmente a inclinação da reta do plano y = y0 que é tangente à curva no ponto em questão. Em outras palavras, ∂z ∂x é a inclinação da tangente "na direção x".(ver figura) Figura 28: Interpretação geométrica da derivada parcial em x. Da mesma forma, se x é mantido fixo com o valor x = x0, os pontos correspondentes (x0, y, f(x0, y)) formam uma curva que é a interseção da superfície z = f(x, y) com o plano vertical x = x0. Em cada ponto da curva, 70 a derivada parcial ∂z ∂y é a inclinação da reta do plano x = x0 que é tangente à curva no ponto em questão. Em outras palavras, ∂z ∂y é a inclinação da tangente "na direção y".(ver figura) Figura 29: Interpretação geométrica da derivada parcial em y. Derivadas Parciais de Segunda Ordem. As derivadas parciais podem ser derivadas; as funções resultantes recebem o nome de derivadas parciais de segunda ordem. Este processo pode se "repetir"n vezes e as funções resultantes recebem o nome de derivadas parciais de no ordem. Apresentaremos a seguir as possíveis derivadas par- ciais de segunda ordem de uma função de duas variáveis: Se z = f(x, y), a derivada parcial de fx em relação a x é fxx = (fx)x ou ∂2z ∂x2 = ∂ ∂x ( ∂z ∂x ) A derivada parcial de fx em relação a y é fxy = (fx)y ou ∂2z ∂y∂x = ∂ ∂y ( ∂z ∂x ) A derivada parcial de fy em relação a x é fyx = (fy)x ou ∂2z ∂x∂y = ∂ ∂x ( ∂z ∂y ) 71 A derivada parcial de fy em relação a y é fyy = (fy)y ou ∂2z ∂y2 = ∂ ∂y ( ∂z ∂y ) Exemplo. Calcule as quatro derivadas parciais de segunda ordem da funçãof(x, y) = xy3 + 5xy2 + 2x+ 1. Nota As derivadas parciais de segunda ordem fxy e fyx são chamadas de derivadas parciais mistas de f . Observe que as derivadas parciais mistas calculadas no exemplo anterior são iguais. Isto não é coincidência. Na maioria dos casos, as derivadas parciais mistas de uma função f(x, y) são iguais, ou seja, fxy = fyx. Exemplo. A produção Q de uma fábrica depende do capital K investido da fábrica e também do volume de mão-de-obra L, medido em homem-horas. Qual é o significado econômico do sinal da derivada parcial de segunda ordem ∂2Q ∂L2 ? 72 Diferencial total A diferencial de uma função de uma variável, y = f(x), é aproximada- mente igual ao acréscimo ∆y da variável dependente y. De forma análoga, a diferencial de uma função de duas variáveis, z = f(x, y), é uma função que melhor aproxima o acréscimo ∆z da variável dependente z. Geometricamente, a diferencial de uma função de uma variável está associ- ado a reta tangente que passa por um ponto (x0, y0) pertencente ao gráfico de f(x). Já para o caso de duas variáveis a diferencial esta associado a um plano tangente à superfície z = f(x, y), no ponto (x0, y0)(quando existe). Este plano é que "melhor aproxima"a superfície perto do ponto (x0, y0). A diferencial de z = f(x, y) em (x0, y0) é definida pela função T : IR 2 → IR T (x− x0, y − y0) = ∂f ∂x ((x0, y0)[x− x0] + ∂f ∂y ((x0, y0)[y − y0] ou T (h, k) = ∂f ∂x ((x0, y0)h+ ∂f ∂y ((x0, y0)k onde h = x− x0 e k = y − y0. Observamos que: (a) Vemos que T nos dá uma aproximação do acréscimo ∆z, sofrido por f quando passamos de (x0, y0) para (x, y), ou seja, ∆z = f(x, y)− f(x0, y0) ∼= ∂f ∂x ((x0, y0)[x− x0] + ∂f ∂y ((x0, y0)[y − y0]. (b) É comum dizer que ∂f ∂x ((x0, y0)[x− x0] + ∂f ∂y ((x0, y0)[y − y0] é a diferencial de f em (x0, y0) relativa aos acréscimos ∆x e ∆y, onde ∆x = x− x0 e ∆y = y − y0. (c) Em uma notação clássica, definimos a diferencial das variáveis indepen- dentes x e y como os acréscimos ∆x e ∆y, respectivamente, isto é, dx = ∆x dy = ∆y. 73 Neste contexto, a diferencial de f em (x, y), relativa aos acréscimos ∆x e ∆y, é indicada por dz ou df , onde dz = ∂f ∂x (x, y)dx+ ∂f ∂y (x, y)dy. A expressão acima também é denominada diferencial total de f(x, y). Exemplos. 1) Calcular a diferencial de f(x, y) = x+ √ xy no ponto (1,1). 2) Dada a função z = x2 + y2 − xy. (a) Determinar uma boa aproximação para o acréscimo da variável depen- dente quando (x, y) passa de (1, 1) para (1, 001; 1, 02). 74 (b) Calcular ∆z quando as variáveis independentes sofrem a variação dada em (a). 3) Calcular a diferencial das seguintes funções. (a) z = sen 2(xy). (b) z = ln(x+ y2). 75 3.4 Exercícios: 1. Nos problemas abaixo, calcule todas as derivadas parciais de primeira ordem da função dada: a) f(x, y) = 2xy5+3x2y+x2; b) f(x, y) = 5x2y+2xy3+3y2; c) z = (3x+ 2y)5; d) z = t 2 s3 ; e) f(x, y) = (x+ xy + y)3; f) f(s, t) = 3t 2s ; g) f(x, y) = xexy; h) f(x, y) = xyex; i) f(x, y) = e 2−x y2 ; j) f(x, y) = xex+2y; k) f(x, y) = 2x+3y y−x ; l) f(x, y) = xy2 x2y3+1 ; m) z = u ln v; n) f(u, v) = u ln(uv); o) f(x, y) = ln(x+2y) y2 ; p) z = ln(x y + y x ); 2. Nos problemas abaixo, calcule as derivadas parciais fx(x, y) e fy(x, y) no ponto dado P0(x0, y0); a) f(x, y) = 3x2 − 7xy + 5y3 − 3(x+ y)− 1; em P0(−2, 1); b) f(x, y) = (x− 2y)2 + (y − 3x)2 + 5; em P0(0,−1); c) f(x, y) = xe−2y + ye−x + xy2; em P0(0, 0); d) f(x, y) = xy ln( y x ) + ln(2x− 3y)2; em P0(1, 1); 3. Nos problemas abaixo, calcule todas as derivadas parciais de segunda ordem; a) f(x, y) = 5x4y3 + 2xy; b) f(x, y) = x+1 y−1 ; c) f(x, y) = ex 2y ; d) f(u, v) = ln(u2 + v2; e) f(s, t) = √ s2 + t2; f) f(x, y) = x2yex; 4. Em certa fábrica, a produção diária é Q(K,L) = 60K 1 2L 1 3 unidades, onde K é o capital imobilizado em milhares de reais e L o volume de mão-de-obra em homens-horas. O capital imobilizado atual é R$ 900.000, 00 e o volume de mão-de-obra é 1.000 homens-horas por dia. Use os métodos de análise marginal para estimar o efeito de um inves- timento adicional de R$ 1.000, 00 sobre a produção diária se o volume de mão-de-obra permanece constante. 5. Um fabricante estima que a produção anual de certa fábrica é dada por Q(K,L) = 30K0,3L0,7 unidades, onde K é o capital imobilizado em milhares de reais e L é o volume de mão-de-obra em homens-horas. a) Determine a produtividade marginal do capital, QR, e a produtivi- dade marginal da mão-de-obra, QL para um capital imobilizado de R$ 76 630.000, 00 e um volume de mão-de-obra de 830 homens-horas. b) Para aumentar rapidamente a produtividade, o fabricante deve au- mentar o investimento ou a mão-de-obra? 6. Em certa fábrica, a produção é Q(K,L) = 30K 1 2L 1 3 unidades, onde K é o capital imobilizado em milhares de reais e L é o volume de mão-de- obra em homens-horas: a) Determine o sinal da derivada parcial de segunda ordem ∂ 2Q ∂L2 e ex- plique o que significa em termos econômicos. b) Determine o sinal da derivada parcial de segunda ordem ∂ 2Q ∂K2 e ex- plique o que significa em termos econômicos. 77 3.5 Máximos e mínimos de funções de duas variáveis. Máximos e mínimos condicionais. Otimização condi- cional e não condicional com restrições Suponha que um fabricante produza dois modelos de videocassete, o modelo de luxo e o modelo-padrão, e que o custo total para produzir x unidades do modelo de luxo e y unidades do modelo-padrão seja dado pela função C(x, y). Como determinar o nível de produção x = a e y = b para qual o custo é mín- imo? Suponha que a produção de certa fábrica seja dada por uma função Q(K,L), onde K é o capital imobilizado e L o volume da mão-de-obra. Para que valores K = K0 e L = L0 a produção será máxima? Aprendemos a usar a derivada f ′(x) para determinar os valores máximos e mínimos da função de uma variável f(x). Vamos discutir o uso de métodos semelhantes no caso de funções de duas variáveis, f(x, y). Começaremos com uma definição: Definição 3.2 Extremos Relativos: Dizemos que uma função f(x, y) pos- sui um máximo relativo no ponto P (a, b) se f(a, b) ≥ f(x, y) para todos os valores de x e y em um intervalo e ≤ x ≤ f e g ≤ y ≤ h que contenha o ponto P (a, b). Dizemos que uma função f(x, y) possui um mínimo relativo no ponto Q(c, d) se f(c, d) ≤ f(x, y) para todos os valores de x e y em um intervalo i ≤ x ≤ j e h ≤ y ≤ l que contenha o ponto Q(c, d). Em termos geométricos, existe um máximo relativo de f(x, y) no ponto P (a, b) se a superfície z = f(x, y) possui um "pico"no ponto (a, b, f(a, b)), ou seja, se o ponto (a, b, f(a, b)) é pelo menos tão alto quanto qualquer ponto próximo. Da mesma forma, existe um mínimo relativo de f(x, y) no ponto Q(c, d) se o ponto (c, d, f(c, d)) está no fundo de uma "depressão", ou seja, se o ponto (c, d, f(c, d)) é pelo menos tão baixo quanto qualquer ponto próximo. A função f(x, y) da figura a seguir, por exemplo, possui um máximo relativo no ponto P (a, b) e um mínimo relativo no ponto Q(c, d). 78 Figura 30: Extremos relativos da função f(x, y). Pontos Críticos Os pontos (a, b) de f(x, y) para os quais fx(a, b) = 0 e fy(a, b) = 0 são chamados de pontos críticos de f . Como os pontos críticos das funções de uma variáveis, esses pontos críticos desempenham um papel importante no estudo dos máximos e mínimos relativos. Para ter uma idéia da relação que existe entre os pontos críticos e os ex- tremos relativos, suponha que f(x, y) possua um máximo relativo no ponto (a, b). Nesse caso, a curva formada pela interseção da superfície z = f(x, y) com o plano vertical y = b possui um máximo relativo, portanto, uma tan- gente horizontal no ponto x = a. Como a inclinação dessa tangente é dada pela derivada parcialfx(a, b), devemos ter necessariamente fx(a, b) = 0. do mesmo modo, a curva formada pela interseção da superfície z = f(x, y) com o plano vertical x = a possui um máximo relativo, portanto, uma tangente horizontal no ponto y = b, de modo que fy(a, b) = 0. Isto mostra que um ponto no qual uma função de duas variáveis possui um máximo relativo ou um mínimo relativo deve ser necessariamente um ponto crítico. 79 Figura 31: As derivadas parciais são nulas em um extremo relativo. Pontos Críticos e Extremos Relativos: Um ponto (a, b) de uma função f(x, y) é chamado de ponto crítico se fx e fy existirem e fx(a, b) = 0 e fy(a, b) = 0 Quando as derivadas parciais de primeira ordem de f existem em todos os pontos de uma região R do plano XY , os extremos relativos de f em R só podem ocorrer em pontos críticos. Embora todos os extremos relativos de uma função devam ocorrer em pon- tos críticos, os pontos críticos não são necessariamente extremos relativos. Considere, por exemplo, a função f(x, y) = y2− x2, cujo gráfico, que lembra uma sela. 80 Figura 32: A superfície z = x2 − y2. Nesse caso, fx(0, 0) = 0 porque a superfície possui um máximo relativo (portanto, uma tangente horizontal) "na direção x"e fy(0, 0) porque a su- perfície possui um mínimo relativo (portanto, uma tangente horizontal) "na direção y". Assim, (0, 0) é um ponto crítico de f mas não um extremo rel- ativo. Para que um ponto crítico seja um extremo relativo, é preciso que o extremo seja do mesmo tipo em todas as direções. Um ponto crítico que não é um máximo relativo nem um mínimo relativo é chamado de ponto de sela. Testes das Derivadas Parciais de Segunda Ordem Vamos apresentar um método, baseado nas derivadas parciais de segunda or- dem, para determinar se um ponto crítico é um máximo relativo, ou mínimo relativo ou um ponto de sela. Testes das Derivadas Parciais de Segunda Ordem: Suponhamos que (a, b) seja um ponto crítico da função f(x, y). Seja D = fxx(a, b)fyy(a, b)− [fxy(a, b)]2 81 Se D < 0, f possui um ponto de sela no ponto (a, b). Se D > 0 e fxx(a, b) < 0, f possui um máximo relativo no ponto (a, b). Se D > 0 e fxx(a, b) > 0, f possui um mínimo relativo no ponto (a, b). Se D = 0, o teste não pode ser aplicado; f pode possuir um máximo relativo, um mínimo relativo ou um ponto de sela no ponto (a, b). Exemplos. 1) Determine todos os pontos críticos da função f(x, y) = x2+y2 e classifique cada um como um máximo relativo, um mínimo relativo ou um ponto de sela. 2) Determine todos os pontos críticos da função f(x, y) = y2−x2 e classifique cada um como um máximo relativo, um mínimo relativo ou um ponto de sela. 3) Determine todos os pontos críticos da função f(x, y) = x3 − y3 + 6xy e classifique cada um como um máximo relativo, um mínimo relativo ou um ponto de sela. 82 Problemas de Práticos de otimização A seguir, vamos ilustrar a aplicação da teoria dos extremos à solução de problemas de otimização na área da economia. Na verdade, estaremos inter- essados em determinar o máximo ou mínimo absoluto de uma certa função. Acontece, porém, que o máximo(mínimo) absoluto e máximo(mínimo) rela- tivo dessas funções coincidem. Na maioria dos problemas práticos de otimiza- ção de funções de duas variáveis, os extremos absolutos coincidem com os ex- tremos relativos. Por essa razão, a teoria dos extremos absolutos de funções de duas variáveis não será discutida neste livro e o leitor poderá supor que os extremos relativos que encontrar como soluções de problemas práticos de otimização serão também extremos absolutos. Exemplos. 1) O único supermercado de uma pequena cidade do interior trabalha com duas marcas de suco de laranja, uma marca local que custa no atacado 30 centavos a garrafa e uma marca nacional muito conhecida que custa no at- acado 40 centavos a garrafa. O dono do supermercado estima que se cobrar x centavos pela garrafa da marca local e y centavos pela garrafa da marca nacional, venderá 70−5x+4y garrafas da marca local e 80+6x−7y garrafas da marca nacional por dia. Por quanto o dono do supermercado deve vender as duas marcas de suco de laranja para maximizar o lucro? 2) Um funcionário do setor de planejamento da Distribuidora Tabajara ver- ifica que as lojas dos três clientes mais importantes da distribuidora estão localizadas nos pontos A(1, 5), B(0, 0) e C(8, 0), onde as unidades estão em quilômetros. Em que ponto W (x, y) deve ser instalado em depósito para que a soma das distâncias do ponto W aos pontos A, B e C seja mínima? 83 Otimização com Restrições: Método dos Multiplicadores de Lagrange Em muitos problemas práticos, uma função de duas variáveis deve ser otimizada com certas restrições. Uma editora, por exemplo, obrigada a re- speitar um orçamento de R$ 60.00, 00 para o lançamento de um livro, pode ter necessidade de decidir qua é a melhor forma de dividir esse dinheiro en- tre a produção e a propaganda de modo a maximizar as vendas do livro. Chamando de x a quantia destinada à produção, y a quantia destinada á propaganda e f(x, y) o número de livros vendidos, a editora gostaria de max- imizar a função de vendas f(x, y) com a restrição de que x+y = R$ 60.000, 00. Para visualizar o que significa o processo de otimização de uma função de duas variáveis com restrições, pense na função como uma superfície no espaço tridimensional e na restrição (que é uma equação envolvendo x e y) como uma curva no plano XY . Quando procuramos o máximo ou mínimo de uma função com uma dada restrição, estamos limitando nossa busca à parte da superfície que está diretamente acima da curva que representa a restrição. O ponto mais alto dessa parte da superfície é o máximo com a restrição e o ponto mais baixo é o mínimo com a restrição. Figura 33: Extremos com restrições e sem restrições. Vamos discutir uma técnica muito versátil, conhecida como método dos multiplicadores de Lagrange, na qual a introdução de uma terceira 84 variável(o multiplicador) permite resolver problemas de otimização com re- strição. Mais especificamente, o método dos multiplicadores de Lagrange se baseia no fato de que todo extremo relativo de uma função f(x, y) sujeita à restrição g(x, y) = k deve ocorrer em um ponto crítico da função F (x, y) = f(x, y)− λ[g(x, y)− k] Onde λ é uma nova variável (o Multiplicador de Lagrange). Para deter- minar os pontos críticos de F , calculamos as derivadas parciais Fx = fx − λgx Fy = fy − λgy Fλ = −(g − k) e resolvemos o sistema de equações Fx = 0, Fy = 0, Fλ = 0: Fx = fx − λgx = 0 ou fx = λgx Fy = fy − λgy = 0 ou fy = λgy Fλ = −(g − k) = 0 ou g = k Finalmente, calculamos f(a, b) nos pontos críticos (a, b) de F . Existe uma versão do teste das derivadas parciais de segunda ordem que pode ser usada para determinar que tipo de extremo relativo com restrição corresponde a cada ponto crítico (a, b) de F . As técnicas para realizar esse tipo de análise são discutidas em textos mais avançados, mas neste contexto vamos supor que se f possui um máximo(mínimo) com restrições, será dado pelo maior(menor) dos valores críticos f(a, b). Aplicação do Método dos Multiplicadores de Lagrange 1o passo: escreva o problema na forma: Maximizar (minimizar) f(x, y) com a restrição de que g(x, y) = k. 2o passo: resolva o sistema de equações fx(x, y) = λgx(x, y) fy(x, y) = λgy(x, y) g(x, y) = k 3o passo: calcule o valor de f em todos os pontos encontrados no 2o passo. Se o máximo(mínimo) desejado existir, será o maior(menor) desses valores. 85 Exemplos. 1) O departamento de estradas de rodagem está planejando construir uma área de piquenique para motoristas à beira de uma rodovia movimentada. O terreno deve ser retangular, com uma área de 5.000 metros quadrados, e deve ser cercado nos três lados que não dão para a rodovia. Qual o menor
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