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Resenha Programa Minha Casa Minha Vida: a (mesma) política habitacional no Brasil de Denise Morado Nascimento e Simone Parrela Tostes

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Segundo informações coletadas do texto, Programa Minha Casa Minha Vida: a (mesma) política habitacional no Brasil de Denise Morado Nascimento e Simone Parrela Tostes, e o documentário Urbanized de Gary Hustwit, atualmente no Brasil existe um programa denominado Minha Casa Minha Vida, conhecido por vir diminuído o alto índice de déficit habitacional brasileiro. Criado em 2009 com o intuito de levar á famílias com de renda até dez salários mínimos a conquista de uma unidade habitacional, e estimular empregos e investimento no setor da construção. Os projetos são contratados pela Caixa Econômica Federal, que é a responsável pelas unidades de habitação brasileiras. O projeto passa por uma avaliação de acordo com algumas regras estabelecidas para a construção do mesmo. Dentre os itens avaliados estão o valor de mercado das unidades habitacionais e análise do programa físico-financeiro. É pré-determinado um cronograma com as medidas mínimas que devem ser aplicadas nos cômodos e nos mobiliários utilizados, e devido a isso, o mínimo torna-se o limite máximo das unidades, visto que estas são entregues completamente concluídas.
Essas construções são pensadas geralmente para uma família composta por um casal com dois filhos; esquecendo-se que hoje em dia o que mais se tem visto são tipos de famílias diferentes. Devido a esta variedade, este modelo de construção passa a não atender boa parte dos membros beneficiados, já que não são permitidas escolhas e participações dos moradores, enquanto seria importante tê-las, já que em nenhuma região do país as necessidades de morar dos habitantes são as mesmas. Em outros lugares do mundo eles fazem estes projetos de acordo com as preferências dos clientes, e em alguns casos permitem que eles próprios façam mudanças para que a moradia tenha a sua identidade, como por exemplo, o projeto no Chile, do Arquiteto e Urbanista Alejandro Aravena, junto à prefeitura projetaram casas populares para as famílias realocadas das favelas, e propuseram que cada família pudesse escolher como configurar seu espaço e optar por opções que seriam financeiramente viáveis como ter ou não aquecedores de água ou tubulação de gás em suas casas. Isso fez com que o projeto conversa-se com as verdadeiras necessidades da população criando um vinculo e tornando-o um local ideal para aquela comunidade, assim as pessoas se sentiram livres para escolher e ter uma boa perspectiva de vida. Este programa com esses parâmetros mínimos pré-estabelecidos atualmente, veem onerando as famílias que tem de se adaptar a eles, uma vez que para customizar os ambientes ou adequar móveis a realidade em questão, seria necessário despender de um valor que tais famílias não dispõem como custo de vida delas, já que a estruturação do ambiente é planejada em função das atividades genéricas de uma família, sem considerar meramente como essas famílias se compõe como grupo ou seus hábitos de convivência. O direito de moradia não necessariamente implica na casa própria, o aluguel poderia ser uma forma mais condizente de ajudar a população pelo período de desenvolvimento. Práticas como esta já são utilizadas em países mais desenvolvidos. 
As cidades veem criando espaços que automaticamente tentem a dividir a população, isso porque as construções visam o lucro permanente, com isso as classes dominantes se apropriam das áreas com melhor infraestrutura, e consequentemente as classes mais baixas passam a não ter opção de escolha e se deslocam para as áreas periféricas das cidades, vivendo em más condições de vida nas periferias, gerando grandes engarrafamentos devido à necessidade de locomoção e o grande adensamento concentrado nas grandes cidades. O PMCMV não prevê qualquer diretriz que diz respeito a espaço publico (ou comum) a não ser quanto à localização e terreno, ou seja, locais que atendem e suprem necessidades básicas dos moradores como segurança e iluminação de áreas comuns que devem ser previstos em um projeto de execução. Sendo assim temos o enclausuramento de famílias de baixa renda com condições mínimas para sobrevivência, cria-se então a barreira sócio econômica, onde o pobre não se inclui ou participa da vida na cidade a não ser de forma segregada ou alienada como mão de obra acomodada a ambientes distantes a vitalidade do habitat urbano, gerando um crescimento desordenado onde muitas vezes tende a população ter de se deslocar, por grandes distancias para suprir necessidades básicas como trabalhar, estudar, ou usufruir de bens de consumo, dentre outras necessidades, já que tratam-se de cidades monocentricas. Em tese o recurso do PMCMV poderia ser direcionado para moradias em terrenos bem localizados e dotados de infraestrutura, na pratica o poder publico alimenta o setor imobiliário na medida em que os cabe à construtora definir o terreno e o projeto, bem como aprovar legalmente o empreendimento. A CEF garante a venda integral destas unidades, com valores podem chegar a 170 mil em cidades como SP, RJ E DF e até 150 mil em outros estados do Brasil.
Conclui-se que o programa precisa ser reavaliado pela questão quantitativa e principalmente qualitativa, pois a construção tem se igualado a um produto como outro qualquer, e o morador como um cliente passivo, cujo direito de escolha se resume em um espaço já pré-concebido e estabelecido por outros sem nenhuma opção de escolha, ou seja, o programa esta padronizado. Não apresenta explicitamente possibilidades de transformação de muitos de nossos problemas da cidade; mesmo com um potencial enorme, limitasse a padrões preestabelecidos que visam à rentabilidade das partes dominante; e os estados brasileiros acabam por colaborar para esse desenvolvimento da cidade ao se alienar com os padrões perversos que se limitam ao simples fato de “produção em massa” com o mínimo de qualidade. Então será que a solução de habitação das pessoas de baixa renda, é o PMCMV, que vende o “sonho da casa própria”, ou será que esta é a solução correta em função do custo. O importante seria que a cidade fosse pensada para população e não no ganho econômico, planejar os projetos junto a tipologia da região e as carências da população, esse é o primeiro passo para um cenário melhor, afinal o mundo de hoje não pode espera o dia de amanha para começar a mudar seu contexto urbanístico e arquitetônico.

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