Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE CONVECTIVO DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR PARA BARRAS METÁLICAS ARREFEICIDAS POR CONVECÇÃO NATURAL. A.L.F. Machado1; D. A. Paz1; R. S. Camargo1 1- Departamento de Engenharia de Alimentos – Universidade Federal do Pampa Email: alfm.unipampa@gmail.com RESUMO: Sendo a transferência de calor por convecção natural um fenômeno físico de extrema importância, pois é assunto de diversas discussões e pesquisas, devido ao fato de suas numerosas aplicações na engenharia, o presente trabalho teve como objeto de estudo a análise deste fenômeno de uma forma quantitativa. Na convecção natural os fluidos recebem calor através de um corpo, assim tornando o fluido em questão menos denso o qual acaba subindo, logo o fluido que permanece frio e mais denso acaba descendo e assim gerando uma corrente convectiva. A quantificação deste fenômeno deu-se através da determinação do coeficiente de transferência de calor por convecção natural (h), utilizando modelagens matemáticas encontradas em literaturas destinadas ao estudo de fenômenos de transporte e pela realização de experimentos. O experimento foi realizado em laboratório, com uma barra de aço inoxidável posicionada longitudinalmente em sentido a um banho termostático, o qual foi ajustado para diferentes temperaturas. PALAVRAS-CHAVE: convecção natural; calor; coeficiente convectivo; barras metálicas. 1. INTRODUÇÃO Segundo Incropera (2008), a convecção pode ser descrita como a transferência de energia ocorrendo no interior de um fluido devido aos efeitos combinados da condução e do escoamento global ou macroscópico do fluido. A equação que define a convecção é conhecida como a lei do resfriamento de Newton e possui a forma: 𝑞" = ℎ(𝑇𝑠 − 𝑇∞) (01) Onde q” é o fluxo de calor por convecção (W/m2) que é igual a diferença entre as temperaturas da superfície (Ts) e do fluido (T∞) multiplicado pelo coeficiente de transferência de calor por convecção h, sendo este influenciado por diversas variáveis como geometria da superfície, natureza do escoamento e propriedades do fluido. Ainda segundo o autor, o estudo sobre a convecção no fundo se reduz ao estudo de procedimentos pelos quais o coeficiente de transferência de calor por convecção possa ser determinado. Dependendo da natureza do escoamento, a convecção pode ser classificada como forçada ou natural. Por ser a convecção natural objeto de estudo do presente trabalho, trataremos apenas desta, que ocorre devido a diferenças de densidades, ou seja, é ocasionada por forças de empuxo causadas por diferenças de temperatura em um fluido (INCROPERA, 2008). Dentre os métodos utilizados para se obter o coeficiente convectivo natural, tem-se a utilização de correlações empíricas através do cálculo do número adimensional de Nusselt. Um dos parâmetros utilizados para fazer o cálculo do coeficiente convectivo e para escolha de qual correlação utilizar, é o número adimensional de Rayleigh. 𝑅𝑎 = 𝑔𝛽(𝑇𝑠−𝑇∞)𝐿𝑐 3 𝛼𝜐 (02) O estudo da transferência de calor por convecção natural de cilindros na horizontal é assunto de muitas discussões e pesquisas, devido ao fato de suas numerosas aplicações na engenharia, como aquecer ou refrigerar líquidos que precisam ser bombeados, refrigerar equipamentos eletrônicos ou refrigerar condensadores de um refrigerador ou aquecimento de algum espaço (YOUSEFI, 2007). 1.1.Objetivo O presente artigo visa determinar o perfil adimensional de temperatura ao longo da barra de aço de seção circular uniforme, bem como determinar o coeficiente convectivo natural médio de transferência de calor entre a barra e o ar ambiente em diferentes temperaturas, comparando o teórico com o experimental. 2. MATERIAIS E METODOLOGIA 2.1. Materiais Para a realização da prática utilizou-se três barras, sendo elas de cobre (A), de alumínio (B) e de aço inoxidável (C), na qual encontra-se o foco do trabalho, conectadas a um banho termostático contendo água. A Figura 1 ilustra o equipamento utilizado no estudo. Figura 1.Equipamento para experimento de convecção natural Sendo a barra C o enfoque, para a determinação da temperatura, foi utilizado termopares posicionados ao longo desta, conforme indica a Tabela 1. Tabela 1. Posicionamento dos termopares ao longo da barra. 2.2. Metodologia do experimento Primeiramente foi verificado parâmetros como o diâmetro da barra, o posicionamento dos termopares e a temperatura ambiente. A temperatura do banho foi ajustada para efetuar dois experimentos, sendo para a primeira parte 45ºC e para a segunda 55ºC. Ligado o equipamento o material começa a apresentar condução e convecção natural e após a estabilidade da temperatura do banho fez-se a coleta dos dados a partir dos termopares presentes no equipamento (Figura 2). Figura 2.Painel de indicadores de temperatura nas barras. Barra Posição dos termopares ao longo da barra, a partir da parede da Fonte quente Nº01 Nº02 Nº03 Nº04 Nº05 Nº06 C (Aço) 14cm 19cm 24cm 34cm 44cm 54cm 2.3. Metodologia de cálculo Após a obtenção dos dados, para ambos os parâmetros de temperatura do banho estabelecidos (45ºC e 55ºC), de temperatura ambiente, temperatura ao longo do comprimento, distância entre termopares e diâmetro da barra, deu-se início aos cálculos. Para o cálculo do coeficiente convectivo natural experimental temos a Equação 4, mas para isso faz-se necessária a obtenção do valor de “m” feito a partir do perfil adimensional de temperatura ao longo da barra. 𝜃 𝜃𝑏 = 𝑇−𝑇∞ 𝑇𝑏−𝑇∞ = 𝑒−𝑚𝑥 (03) Esse perfil consiste em um gráfico plotado a partir da Equação 3 e dos dados de posição dos termopares, fornecendo assim o valor de “m” (Figura 3 e Figura 4). 𝑚 = √ ℎ̅𝑒𝑥𝑝 × 𝑃 𝐾𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 × 𝐴𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑣𝑒𝑟𝑠𝑎𝑙 (04) Em que, ℎ̅ 𝑒𝑥𝑝é o coeficiente médio de transferência de calor, P é o perímetro da seção da barra, K é a condutividade térmica do material da barra no caso aço inox AISI 316 (tabelada) e A é a área da seção transversal da barra. Para o coeficiente teórico a metodologia é diferente, consistindo em uma Temperatura de referência, que fornece as propriedades necessárias para o cálculo do Rayleigh (Equação 2) e de outros números adimensionais essenciais para as correlações usadas no cálculo do coeficiente de transferência de calor por convecção natural objetivado. 𝑇𝑟𝑒𝑓 = 𝑇𝑓𝑖𝑙𝑚𝑒 = (𝑇𝑠−𝑇∞) 2 (05) Com o Nusselt calculado e dada as propriedades, obtêm-se o coeficiente de transferência de calor por convecção natural teórico a partir da seguinte equação: 𝑁𝑢̅̅ ̅̅ = ℎ̅𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜 × 𝐿𝑐 𝐾𝑎𝑟 (06) 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES A partir do experimento realizado em laboratório foi possível a obtenção dos dados necessários para a execução dos cálculos que definem o coeficiente convectivo de transferência de calor do material em questão. Assim como analisar o comportamento do material. Como visto anteriormente, para efetuar o cálculo do coeficiente convectivo natural, fez-se necessário encontrar o valor de “m” da Equação4, para isso o gráfico foi plotado através dos dados experimentais e da Equação 3, sendo logaritmo da temperatura adimensional em função da posição dos termopares (Figura 3 e Figura 4). Figura 3.Perfil de temperatura adimensionalao longo da barra, Tb = 45ºC. Figura 4.Perfil de temperatura adimensional ao longo da barra, Tb = 55ºC. Dado os gráficos, obtivemos m = 14,1606 para Tb = 45ºC e m = 11,0617 para Tb = 55ºC e tendo em vista que 𝐾𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 = 13,4 𝑊 𝑚.𝐾 ,𝐴𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑣𝑒𝑟𝑠𝑎𝑙 = 𝜋 4 ∗ 𝐷2 e 𝑃 = 𝜋 ∗ 𝐷, faz-se necessário apenas a substituição destes na Equação 3 para chegar ao ℎ̅experimental desejado. Conhecidas a Ts e T∞, têm-se o preciso para definir as propriedades e calcular os adimensionais necessários para as correlações e obter o ℎ̅teórico. Foi utilizado para os cálculos os valores das propriedades termofísicas do ar à pressão atmosférica, e dada geometria da barra, duas correlações para o número de Nusselt se encaixaram no problema, a Correlação de Churchill Chu (Equação 8) e a Correlação de Morgan (Equação 9) para cilindro horizontal longo isotérmico. Uma das diferenças entre as correlações é o passo a mais encontrado na correlação de Churchill Chu, que é o cálculo do adimensional de Prandlt (Pr) obtido por: 𝑃𝑟 = 𝜇𝐶𝑝 𝑘 (07) 𝑁𝑢∗̅̅ ̅̅ ̅ = { 0,60 + 0,387∗𝑅𝑎𝐷 1 6 [1+( 0,559 𝑃𝑟 ) 9 16] 8 27 } 2 (08) Para a correlação de Morgan os valores para “C” e para “n” são tabelados e variam de acordo com o Rayleigh encontrado. No caso para ambas as temperaturas de banho temos C = 1,02 e n = 0,148. 𝑁𝑢∗̅̅ ̅̅ ̅ = 𝐶𝑅𝑎𝐷 𝑛 (09) Embora ambas as correlações possuam o mesmo propósito e sirvam para a mesma situação, seus resultados diferem e consequentemente o erro também, o que pode ser visto na Tabela 2 e na Tabela 3. Tabela 2. Coeficientes Convectivos Naturais, experimentais e teóricos, para Tb = 45ºC Material Inox Unidade h experimental 8,5312 W/m2.K h teórico Churchill Chu 1,4091 W/m2.K h teórico Morgan 1,7439 W/m2.K Erro Morgan 79,55 % Erro Churchill Chu 83,48 % Tabela 3. Coeficientes Convectivos Naturais, experimentais e teóricos, para Tb = 55ºC Material Inox Unidade h experimental 5,2058 W/m2.K h teórico Churchill Chu 2,3373 W/m2.K h teórico Morgan 2,6208 W/m2.K Erro Morgan 49,65 % Erro Churchill Chu 55,10 % Feitos os cálculos de erro pode-se notar que, em ambas as temperaturas se obteve um maior erro na correlação de Churchill Chu, na qual para a temperatura de banho a 45ºC foi 83,48% e para temperatura de banho a 55ºC obteve-se um erro de 55,10%. Essa diferença entre os valores teóricos e experimentais se devem por tempo insuficiente de estabilização das temperaturas, interferência de correntes de ar externas ao equipamento e a não calibração dos termopares antes do início do experimento. As diferenças de erro entre as duas temperaturas do banho também podem ser justificadas por isso visto que, para o experimento com Tb = 55ºC o tempo de estabilização da temperatura foi maior, pois foi feita logo em seguida a Tb = 45ºC, sem que voltasse a temperatura ambiente. 5. CONCLUSÃO Apesar do experimento ter sido conduzido com todo o cuidado para que interferentes externos e operacionais não viesse a influenciar o resultado final, o valor obtido para o coeficiente de transferência convectivo natural experimental diferiu dos teóricos com erros acima de 49%, mostrando a dificuldade de abordar na prática o fenômeno da transmissão de calor por convecção, pois a própria incerteza dos equipamentos utilizados e os fatores já discutidos no decorrer deste trabalho, dificultam a modelagem deste fenômeno, resultando em erros que podem interferir de maneira significativa na determinação do coeficiente de convecção. Do ponto de vista didático, o presente trabalho serviu para mostrar os diferentes métodos utilizados para a determinação do coeficiente de transferência convectivo natural, ou seja, as correlações e modelagens matemáticas encontradas em literaturas consagradas destinadas ao estudo da disciplina de fenômenos de transporte e a determinação pratica realizada através de experimentos. Estas por sua vez, devem ser conduzidas adotando meditas para garantir que erros oriundos de fatores já discutidos neste trabalho não comprometam no resultado final. 6. REFERÊNCIAS INCROPERA, Frank P.; DEWITT, David P. Fundamentos de transferência de calor e de massa.6. ed. Rio de Janeiro: LTC,2008. 643 p. YOUSEFI, T.: ASHJAFE, M. Experimental studyof natural convectionheattransferfrom vertical arrayof isothermal horizontal ellipticcylinders. Experimental ThermalandFluid Science, 2007.
Compartilhar