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CCJ0010-WL-O-LC-OAB-2009-Direito Administrativo-2a Fase

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www.jurisway.org.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito 
Administrativo 
 
 
 
 
 2009.2 e 2009.3 
 
 
 
 www.jurisway.org.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito 
Administrativo 
 
 
 
 
 2009.2 
 
 
Experimente responder às questões da OAB de forma interativa: 
www.jurisway.org.br/provasOAB 
 
 
Prova Prático-Profissional – 2ª Fase 
Direito Administrativo 
Exame 2009.2 
 
 
 Observações sobre a prova Prático-profissional: 
 
Na prova prático-profissional, o candidato deverá redigir 1 (uma) peça 
profissional e responder a 5 (cinco) questões abertas, elaboradas sob a 
forma de situações-problema, compreendendo a área de opção escolhida. 
 
Esta coletânea compreende apenas as questões aplicadas no 2º Exame de 
2009, em 25/10/2009, acompanhadas de padrões de resposta elaborados 
pelo próprio CESPE/UnB. 
 
Os padrões de resposta do CESPE podem contemplar apenas uma 
estrutura de fundamentação básica, uma orientação ao examinador ou 
exemplo de resposta. Lembramos que apenas uma fundamentação 
correta não garante a totalidade dos pontos de cada questão. A resposta 
deverá ter uma boa apresentação, com uma estrutura textual decente e 
correção gramatical. Deverá ainda ser consistente e demonstrar o domínio 
do raciocínio jurídico, que será avaliado pela adequação da resposta ao 
problema, pela técnica profissional demonstrada e pela capacidade de 
interpretação e exposição das ideias. 
 
Os candidatos têm à sua disposição 150 linhas (30 linhas por página em 5 
páginas) para elaborar a peça profissional, e 30 linhas para responder a 
cada uma das questões abertas. O tempo de prova é de 5 horas. 
 
Finalmente, é importante observar uma alteração introduzida no edital do 
exame 2009.3, item 6.13.1: durante a realização da prova prático-
profissional será permitida, exclusivamente, a consulta à legislação, 
sem qualquer anotação ou comentário, referente à área de opção 
do examinando. Anteriormente, era prevista a consulta também a livros 
de doutrina e a repertórios jurisprudenciais. 
 
 
Prova prático-profissional de Direito Administrativo – Exame OAB 2009.2 
 
1
 
 
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Peça Profissional 
 
A administração pública local desencadeou procedimento licitatório, na modalidade 
de tomada de preços, tendo por objeto a construção de uma ponte de 28 metros. 
 
Na fase de habilitação, a comissão de licitação considerou a empresa X inabilitada, 
sob o fundamento de que a documentação apresentada seria insuficiente para 
comprovar sua capacidade técnico-operacional, dada a exigência de experiência 
anterior em construção de obras que, somadas, alcançassem 500 metros lineares 
de pontes ou viadutos. 
 
Inconformada com a incompatibilidade existente, nas normas do edital, entre o 
objeto da licitação e a exigência relativa à experiência, a empresa ajuizou ação 
cautelar, com pedido de liminar, com a finalidade de suspender a decisão que 
ensejou sua inabilitação e de participar das demais fases do certame, mormente 
por ter apresentado certidão de acervo técnico e atestado de acervo técnico, 
emitidos por órgãos oficiais, comprovando a experiência na construção de ponte 
com extensão de 100 metros. 
 
O juízo monocrático deferiu a liminar postulada, permitindo a participação da 
empresa nas demais fases, entendimento confirmado no julgamento de mérito da 
ação cautelar. 
 
No prazo legal, a empresa ajuizou a ação principal sob o rito ordinário, visando à 
obtenção de provimento jurisdicional que declarasse a nulidade da decisão 
administrativa que a inabilitara para o certame. O poder público apresentou 
contestação, ressaltando a necessidade de observância do princípio da vinculação 
ao instrumento convocatório e a afronta ao princípio da igualdade de tratamento 
entre os licitantes, sob o argumento de que eventual provimento que declarasse a 
nulidade da decisão administrativa privilegiaria a empresa autora em detrimento 
das demais, por permitir sua participação, não obstante a ausência de comprovação 
de sua capacidade técnica. 
 
A autoridade julgadora julgou improcedente o pedido, destacando, para tanto, que 
a empresa não comprovara sua capacidade técnica para a realização da obra 
licitada e que, não obstante a Lei n.º 8.666/1993 tenha permitido a substituição 
dos certificados de registros cadastrais por documentos necessários à sua 
obtenção, a documentação apresentada pela autora não teria comprovado sua 
capacidade técnica para a obtenção do certificado relativo à experiência exigida no 
edital. 
Prova prático-profissional de Direito Administrativo – Exame OAB 2009.2 
 
2
 
 
Experimente responder às questões da OAB de forma interativa: 
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Ao afastar a pretensão, aduziu, também, que eventual provimento jurisdicional em 
sentido contrário implicaria afronta ao princípio da isonomia e desrespeito ao edital. 
Segundo a autoridade, o acolhimento da pretensão significaria, desse modo, 
afronta ao princípio da vinculação ao instrumento convocatório, previsto nos arts. 
3.º e 41 da Lei n.º 8.666/1993, bem como ao disposto no art. 22, § 2.º, do mesmo 
diploma legal, já que a empresa licitante teria deixado de apresentar documentação 
expressamente prevista no edital que rege o certame. 
 
Considerando a situação hipotética acima apresentada, na qualidade de 
advogado(a) constituído(a) pela empresa inabilitada, redija a peça processual 
cabível, apresentando as questões de direito processual e de direito material 
indispensáveis à defesa dos interesses de sua cliente. 
 
Padrão de Resposta 
 
Na elaboração da peça, o(a) examinando(a) deverá observar os seguintes 
aspectos: 
a) recurso cabível: apelação (com fundamento no art. 496, I, do CPC); 
 
b) endereçamento adequado: tribunal de justiça local; 
 
c) qualificação das partes, em atenção ao disposto no art. 514, I, do CPC; 
 
d) apresentação dos fundamentos de fato e de direito (art. 514, II, do CPC): 
 
Nesse aspecto, em especial, o(a) examinando(a) deve explorar a questão da 
incompatibilidade entre a exigência contida no edital e o objeto do 
procedimento licitatório, especificamente quanto à extensão da ponte. Isso 
porque a exigência do edital consistente em experiência na construção de, no 
mínimo, 500 metros de pontes ou viadutos não guarda relação de 
compatibilidade com a extensão da ponte a ser edificada (apenas 28 metros). 
 
A Lei n.º 8.666/93 exige, no art. 30, II, a apresentação, pelos participantes, 
de documento que comprove a qualificação técnica. Todavia, os 
conhecimentos e as habilidades técnicas a serem exigidas para a habilitação 
no certame devem corresponder ao trabalho a ser desenvolvido na obra. Isso 
em atenção ao disposto no art. 37, XXI, da CF, segundo o qual somente são 
permitidas exigências de qualificação técnica ou econômica indispensáveis à 
garantia do cumprimento do contrato. 
Prova prático-profissional de Direito Administrativo – Exame OAB 2009.2 
 
3
 
 
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Nesse sentido dispõe o referido dispositivo: 
 
“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos 
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios 
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, 
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...) 
 
XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras e 
serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo 
de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os 
concorrentes,com cláusulas que estabeleçam obrigações de 
pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos 
da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica 
e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das 
obrigações”. 
 
Assim, a capacidade técnica exigida deve guardar relação de compatibilidade 
com o objeto licitado. É o que também se extrai do disposto no art. 22, § 9.º, 
da Lei n.º 8.666/93, segundo o qual: 
 
“São modalidades de licitação: 
I – concorrência; 
II – tomada de preços; 
III – convite; 
IV – concurso; 
V – leilão.” 
(...) 
“§ 2.º Tomada de preços é a modalidade de licitação entre 
interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as 
condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à 
data do recebimento das propostas, observada a necessária 
qualificação.” 
(...) 
“§ 9.º Na hipótese do § 2.º deste artigo, a Administração somente 
poderá exigir do licitante não cadastrado os documentos previstos 
nos arts. 27 a 31, que comprovem habilitação compatível com o 
objeto da licitação, nos termos do edital.” 
 
Prova prático-profissional de Direito Administrativo – Exame OAB 2009.2 
 
4
 
 
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Desse modo, considerando-se que a empresa apresentou documentação 
emitida por órgãos oficiais de experiência na edificação de ponte de 100 
metros, restaria evidenciada a comprovação da experiência em obra 
compatível com a licitada, inclusive em extensão maior, o que demonstraria 
de maneira satisfatória a sua qualificação técnica para o desempenho do 
objeto do contrato. Portanto, ao impor exigência de comprovação de 
experiência em obra com dimensão de 500 m, o edital desatendeu ao 
disposto nos artigos 22 e 30 da Lei 8.666/93, na medida em que não atentou 
para as características da obra objeto da contratação. A exigência não seria 
razoável por implicar comprovação de experiência em construção de obra 
com dimensão aproximadamente 20 vezes maior que a do futuro contrato. 
 
Tal exigência acabaria por restringir a competitividade ínsita do procedimento 
licitatório e apta à obtenção de escolha mais vantajosa para a Administração. 
 
Deve o(a) examinando(a), portanto, mencionar que a regra prevista no edital 
extrapolou a determinação constitucional e a legislação de regência, razão 
pela qual não haveria a configuração de ofensa ao princípio da vinculação ao 
instrumento convocatório. 
 
A jurisprudência se firmou exatamente nesse sentido, ou seja, no de que a 
qualificação técnica do licitante deve ser limitada à aptidão para o 
desempenho da atividade pertinente e compatível com o objeto da licitação. 
 
e) pedido de nova decisão (art. 514, inciso III, do CPC); 
 
f) pedido de condenação da parte contrária nas custas processuais e honorários 
advocatícios. 
Prova prático-profissional de Direito Administrativo – Exame OAB 2009.2 
 
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Questões Abertas – Situações-problema: 
 
Questão 1 
 
O município X, que possui órgão de procuradoria instituído, pretende contratar um 
escritório de advocacia para promover a defesa judicial, perante o Supremo 
Tribunal Federal, de determinada causa em que figurou como parte o município. 
 
Considerando os critérios de notória especialização, experiência na área, 
localização, entre outros, contratou, sob o fundamento de inexigibilidade de 
licitação, o conceituado e bem estruturado escritório de advocacia Y, em Brasília, 
cuja área de atuação é exatamente na matéria tratada na referida ação. 
 
O Ministério Público, em razão de denúncia recebida, promoveu ação civil pública 
com o propósito de impedir a celebração desse contrato, sob o fundamento de que 
deveria haver licitação. 
 
Em face dessa situação hipotética, responda, de forma fundamentada, se Paulo 
poderá propor reclamação constitucional sob o fundamento de afronta a autoridade 
de decisão do STF, de acordo com o art. 102, inciso I, alínea l, da Constituição 
Federal. 
 
Padrão de Resposta: 
 
De início, deveria o escritório (pessoa jurídica) habilitar-se na ação civil pública 
como litisconsorte passivo necessário, já que possui direito material a ser 
defendido. 
 
No mérito, deve-se alegar que o inciso II do art. 25 da Lei 8.666/93 autoriza a 
inexigibilidade de licitação quando se tratar de serviços técnicos especializados, de 
que trata o art. 13 da mesma lei, de natureza singular. 
 
“Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de 
competição, em especial: 
(...) 
II – para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 
desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou empresas de 
Prova prático-profissional de Direito Administrativo – Exame OAB 2009.2 
 
6
 
 
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notória especialização, vedada a inexigibilidade de publicidade e 
divulgação. 
...§ 1.º Considera-se de notória especialização o profissional ou 
empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de 
desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, 
organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos 
relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho 
é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação 
do objeto do contrato.” 
 
Dispõe, por sua vez, o art. 13 da Lei n.º 8.666/93: 
 
“Para os fins desta Lei, consideram-se serviços técnicos profissionais 
especializados os trabalhos relativos a: 
(...) 
V – patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas.” 
 
Assim, é dever da Administração licitar os serviços e obras de que necessita para a 
realização de suas finalidades, excetuando-se os casos previstos na lei, que 
autoriza a contratação com inexigibilidade, quando há notória especialização. 
Prova prático-profissional de Direito Administrativo – Exame OAB 2009.2 
 
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Questão 2 
 
Os vencimentos da servidora pública Joana não foram adequadamente reajustados 
em 5/5/2001, entretanto, na ocasião, ela não impugnou administrativamente o ato 
ilegal cometido. 
 
Agora, pretende propor ação judicial visando à condenação do ente federativo ao 
pagamento retroativo do reajuste bem como à determinação de que esse reajuste 
seja aplicado aos vencimentos futuros. 
 
Nessa situação hipotética, de que medida judicial deverá valer-se Joana para lograr 
os seus objetivos? 
 
Haveria prescrição na hipótese? 
 
Fundamente ambas as respostas. 
 
Padrão de Resposta: 
 
A única medida judicial que visa atender aos objetivos de Joana é uma ação de rito 
ordinário, cumulandose os pedidos de obrigação de fazer (corrigir a remuneração 
mensal), com pedido de obrigação de pagar (cobrança) as parcelas que deveriam 
ter sido pagas nos últimos cinco anos. 
 
Requer-se, também, a tutela antecipada. 
 
Estão prescritas as parcelas devidas para além dos últimos cinco anos, de acordo 
com o Decreto 20.910/32. No entanto, como não houve o indeferimento do pedido 
na esfera administrativa, não houve a prescrição do fundo do direito. 
 
O STJ vem entendendo que se trata de relação jurídica de trato sucessivo, razão 
pela qual se renova a cada mês. 
 
Assim, as parcelas devidas no período anterior aos cinco anos antes da propositura 
da ação são atingidas pela prescrição, mas não o próprio fundo do direito. 
 
Prova prático-profissional de Direito Administrativo – Exame OAB 2009.2 
 
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AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. INOVAÇÃO. 
IMPOSSIBILIDADE. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. URV. 
CONVERSÃO. PRESCRIÇÃO. TRATO SUCESSIVO. SÚMULA N.º 85/STJ. 
I – É vedado, em sede de agravo regimental, ampliar a quaestio 
trazida à baila no recurso especial, colacionando razões não 
suscitadas anteriormente. 
II – Na hipótese, pretende o agravante a aplicação do prazo previsto 
no artigo 205 do Código Civil de 2002 como termo para o 
reconhecimento da prescrição do fundo de direito, tese não suscitada 
oportunamente no curso da demanda. 
III – Esta c. Corte tem entendimento de que nas ações que visam a 
diferenças salariais advindas da errônea conversão da moeda, a 
relação é de trato sucessivo, incidindo a prescrição nos moldes da 
Súmula n.º 85 deste e. Tribunal: “Nas relações jurídicas de trato 
sucessivo em que a Fazenda Pública figure como devedora, quando 
não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge 
apenas as prestações vencidas antes do quinquênio anterior à 
propositura da ação.” Agravo regimental desprovido. (AgRg nos EDcl 
no REsp 870.788/RN, Rel. Ministro Felix Fischer, Quinta Turma, 
julgado em 06/02/2007, DJ 19/03/2007, p. 392). 
Prova prático-profissional de Direito Administrativo – Exame OAB 2009.2 
 
9
 
 
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Questão 3 
 
O estabelecimento de Antônio, um lavajato, foi interditado por ato do diretor de 
determinado órgão de fiscalização ambiental do estado, sob o fundamento de que 
estaria ultrapassando o limite máximo de ruídos permitido para o exercício da 
atividade. 
 
Segundo aquela autoridade, o referido limite teria previsão em legislação estadual, 
que previa, além da interdição, a possibilidade de se aplicar a sanção de 
advertência e até mesmo a concessão de prazo para o adequado tratamento 
acústico pelo dono do estabelecimento. 
 
Inconformado por não ter sido notificado para participar do ato de medição sonora, 
realizado em local diverso do lugar em que se situa o estabelecimento, por não ter 
tido a oportunidade de exercer o contraditório e a ampla defesa e, principalmente, 
porque as atividades do lavajato vinham sendo exercidas havia mais de 15 anos, no 
mesmo local, Antônio procurou o auxílio de profissional da advocacia. 
 
Considerando essa situação hipotética, na qualidade de advogado(a) consultado(a) 
por Antônio, indique, com a devida fundamentação, a medida judicial cabível para 
sobrestar os efeitos do auto de infração que interditou o estabelecimento e permitir 
o imediato funcionamento da atividade. 
 
Padrão de Resposta: 
 
O(A) examinando(a) deve indicar ser o mandado de segurança, com pedido de 
liminar, a medida judicial cabível. 
 
Deve destacar a prerrogativa da Administração Pública de proteger e fiscalizar o 
meio ambiente, mediante o combate à poluição sonora, por se tratar de atividade 
que pode causar danos à população. 
 
Assim, deve fazer referência ao poder de polícia da Administração, o qual se funda, 
precipuamente, na prevalência do interesse público em face do interesse particular. 
 
O(A) examinando(a) deve consignar que um dos atributos do poder de polícia é, 
justamente, a autoexecutoriedade, compreendida como a possibilidade de atuação 
da administração pública, independentemente de autorização ou decisão judicial. 
Prova prático-profissional de Direito Administrativo – Exame OAB 2009.2 
 
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Porém, ainda assim, deve-se observar, como atributo do poder de polícia, o devido 
processo legal, de modo a assegurar ao administrado o exercício do direito 
constitucional ao contraditório e à ampla defesa. 
 
Como, na hipótese apresentada, o proprietário do estabelecimento não participou 
do ato de medição de poluição sonora nem foi notificado para apresentar qualquer 
defesa, há nítida violação aos princípios constitucionais insertos no art. 5.º, LV, da 
Constituição Federal, os quais asseguram o direito líquido e certo do impetrante ao 
devido processo legal e à ampla defesa. 
 
Ademais, a medição sonora teria sido realizada em ambiente diverso do local do 
estabelecimento, o que poderia ter viabilizado a ocorrência de interferências 
externas que comprometeriam o resultado obtido. Tal circunstância reforça a 
necessidade de concessão da medida liminar para autorizar o imediato 
funcionamento do lavajato. 
 
Por fim, o(a) examinando(a) deve destacar que a interdição constitui sanção 
excepcional, cabível somente quando não haja outros meios eficazes para coibir o 
ato, justamente por implicar o não exercício de atividade comercial. 
 
No caso, a legislação local teria previsto a possibilidade de advertência ou, mesmo, 
a concessão de prazo para regularização e, não obstante a referida previsão, a 
administração pública procedeu diretamente à interdição. 
 
Prova prático-profissional de Direito Administrativo – Exame OAB 2009.2 
 
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Questão 4 
 
O departamento de trânsito lavrou 15 autos de infração contra Marta. As multas de 
trânsito foram-lhe impostas sem que ela fosse notificada e pudesse apresentar 
defesa prévia. Inconformada e com o propósito de desconstituir os referidos autos 
de infração, Marta procurou o auxílio de profissional da advocacia. 
 
Na qualidade de advogado(a) consultado(a) por Marta, indique a medida judicial 
cabível para a decretação da nulidade dos autos de infração, apresentando o 
fundamento para o referido pedido. 
 
Padrão de Resposta: 
 
O(A) examinando(a) deve mencionar que a ação cabível é a anulatória. 
 
Para tanto, deve destacar que as multas decorrentes de transgressões às leis de 
trânsito devem ser precedidas de duas notificações, uma com o objetivo de dar 
ciência ao condutor acerca da infração e outra, para a imposição da multa, como 
forma de garantir ao infrator o exercício do direito constitucional do contraditório e 
da ampla defesa. Tal dever tem previsão na Lei n.º 9.503/97 (Código de Trânsito 
Brasileiro), que, nos arts. 280 e 282, estabelece a necessidade da dupla 
notificação, justamente para que o infrator possa valer-se dos meios de 
impugnação dos respectivos autos de infração, de modo a atender aos princípios do 
contraditório e da ampla defesa, insertos no art. 5.º, LV, da CF. 
 
A observância do dever de se proceder à notificação do cometimento da infração e 
da notificação da penalidade aplicada já está reconhecida na Súmula n.º 312 do 
Superior Tribunal de Justiça, segundo a qual “no processo administrativo, para 
imposição de multa de trânsito, são necessárias as notificações da autuação e da 
aplicação da pena decorrente da infração”. Por conseguinte, deve-se destacar a 
ocorrência de evidente ofensa aos princípios constitucionais do devido processo 
legal, do contraditório e da ampla defesa, quando não há a concessão de prazo 
para defesa prévia na hipótese de imposição de multas de trânsito, uma vez que é 
vedado à Administração Pública, ainda que no exercício do poder de polícia, impor 
aos administrados sanções que repercutam em seu patrimônio, sem o respeito à 
ampla defesa e ao devido processo legal. 
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Questão 5 
 
Mário, proprietário de determinado imóvel comercial, recebeu duas faturas, uma no 
valor de R$ 1.100,00, para pagamento do consumo de água relativo ao mês de 
junho de 2009, e outra,no valor de R$ 1.250,00, referente ao consumo do mês de 
julho do mesmo ano. Desde a aquisição do imóvel, em janeiro de 2008, Mário 
sempre o manteve fechado, razão pela qual as contas de água correspondiam às 
tarifas mínimas, em valor aproximado de R$ 70,00. Inconformado com os valores 
das faturas recebidas, Mário ingressou com requerimento administrativo, no qual 
postulava o reconhecimento da inexistência do aludido débito, tendo anexado 
documentação comprobatória do fato de o imóvel ter permanecido fechado durante 
os meses de junho e julho. 
A companhia de água local realizou vistoria no hidrômetro, tendo constatado o seu 
bom estado de funcionamento, o que fundamentou o indeferimento do pedido 
administrativo formulado, com a conseqüente manutenção do débito. 
Com o propósito de obter o reconhecimento da inexistência de débito relativo aos 
meses de junho e julho, Mário procurou auxílio de profissional da advocacia. 
 
Em face dessa situação hipotética, na qualidade de advogado(a) contratado(a) por 
Mário, indique, com a devida fundamentação, a medida judicial cabível ao caso. 
 
Padrão de Resposta: 
 
O examinando deve mencionar que a medida judicial cabível é a ação de 
conhecimento sob o rito ordinário, com a finalidade de obter provimento 
declaratório da inexistência de relação jurídica quanto aos débitos dos meses de 
junho e julho, bem como a devolução, em dobro, dos valores indevidamente 
cobrados. Para tanto, deve destacar que a presunção de veracidade dos atos 
administrativos não é absoluta, mas relativa, podendo ser afastada mediante prova 
em contrário (presunção juris tantum). 
No caso, a referida presunção pode ser elidida pela comprovação, por parte do 
autor, do fato de o imóvel ter permanecido fechado durante o período questionado. 
A mera constatação de que o hidrômetro estaria em bom estado de funcionamento 
não constitui elemento bastante para atribuir ao ato a presunção absoluta de 
veracidade. 
Assim, se de um lado não houve a demonstração, por parte da companhia de água, 
da regularidade do ato, de outro, o autor fez prova de que, nos meses de junho e 
julho, o imóvel permanecera fechado, circunstância apta a elidir a presunção 
relativa de veracidade do ato administrativo, mormente em face dos elevados 
valores atribuídos às contas e do visível excesso em relação à média de consumo. 
Prova prático-profissional de Direito Administrativo – Exame OAB 2009.2 
 
13
 
 
 
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Direito 
Administrativo 
 
 
 
 
 2009.3 
 
 
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Prova Prático-Profissional – 2ª Fase 
Direito Administrativo 
Exame 2009.3 
 
 
 Observações sobre a prova Prático-profissional: 
 
Na prova prático-profissional, o candidato deverá redigir 1 (uma) peça 
profissional e responder a 5 (cinco) questões abertas, elaboradas sob a 
forma de situações-problema, compreendendo a área de opção escolhida. 
 
Esta coletânea compreende apenas as questões aplicadas no 3º Exame de 
2009, em 18/04/2010, acompanhadas de padrões de resposta elaborados 
pelo próprio CESPE/UnB. 
 
Os padrões de resposta do CESPE podem contemplar apenas uma 
estrutura de fundamentação básica, uma orientação ao examinador ou 
exemplo de resposta. Lembramos que apenas uma fundamentação 
correta não garante a totalidade dos pontos de cada questão. A resposta 
deverá ter uma boa apresentação, com uma estrutura textual decente e 
correção gramatical. Deverá ainda ser consistente e demonstrar o domínio 
do raciocínio jurídico, que será avaliado pela adequação da resposta ao 
problema, pela técnica profissional demonstrada e pela capacidade de 
interpretação e exposição das ideias. 
 
Os candidatos têm à sua disposição 150 linhas (30 linhas por página em 5 
páginas) para elaborar a peça profissional, e 30 linhas para responder a 
cada uma das questões abertas. O tempo de prova é de 5 horas. 
 
Finalmente, é importante observar uma alteração que foi introduzida no 
exame 2009.2 e que continua em vigor: durante a realização da prova 
prático-profissional será permitida, exclusivamente, a consulta à 
legislação, sem qualquer anotação ou comentário, referente à área 
de opção do examinando. Anteriormente, era prevista a consulta 
também a livros de doutrina e a repertórios jurisprudenciais. 
 
 
Prova prático-profissional de Direito Administrativo – Exame OAB 2009.3 
 
1
 
 
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Peça Profissional 
 
Foi expedido mandado de prisão preventiva contra Rubem, médico pertencente ao 
quadro de pessoal do Ministério da Saúde. Por considerar ilegal a referida medida, 
Rubem furtou-se ao seu cumprimento e deixou de comparecer ao seu local de 
trabalho durante mais de quarenta dias consecutivos. Após esse período, tendo sido 
concedido habeas corpus em seu favor, o médico retornou ao exercício regular de 
suas funções laborais. 
 
O ministro de Estado da Saúde instaurou processo administrativo disciplinar para 
apurar suposta irregularidade na conduta de Rubem, relativa a abandono de cargo. 
Na portaria de instauração do processo, optou-se pelo rito sumário, tendo sido 
designados para compor a comissão disciplinar, como membro e presidente, dois 
servidores federais estáveis ocupantes do cargo de agente administrativo, ambos 
com escolaridade de nível superior. 
 
Foram indicadas, também, a autoria e a materialidade do fato tido como irregular. 
Três dias após a publicação da portaria, o servidor foi indiciado por violação ao art. 
138, c/c com o art. 132, inciso II, ambos da Lei n.o 8.112/1990, e, posteriormente, 
citado para a apresentação de defesa no prazo de cinco dias. 
 
Na peça de defesa, o advogado do servidor, em pedido administrativo, postulou a 
oitiva de testemunhas, aduzindo que estas comprovariam que a ausência do 
acusado ao local de trabalho fora motivada por seu entendimento de que a ordem 
de prisão seria ilegal e que, tão logo afastada a ordem, o médico retornara às suas 
atividades. 
 
O presidente da comissão de processo administrativo disciplinar indeferiu o pedido 
de produção de prova testemunhal, considerando-o impertinente, sob o argumento 
de que o rito escolhido pela autoridade instauradora prevê instrução sumária, sem 
a possibilidade de produção de prova, nos termos do art. 133, inciso II, da Lei nº 
8.112/1990. 
 
No relatório final, sugeriu-se a demissão do servidor, com fulcro nos artigos citados 
na peça de indiciação, tendo sido a sugestão acolhida pelo ministro da Saúde. A 
portaria de demissão por abandono de cargo, assinada há cinco meses, foi 
publicada no Diário Oficial da União há três meses. 
 
 
Prova prático-profissional de Direito Administrativo – Exame OAB 2009.3 
 
2
 
 
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Considerando a situação hipotética apresentada, na qualidade de advogado(a) 
constituído(a) pelo servidor público demitido, redija a peça processual mais 
adequada ao caso, apresentando as questões de direito processual e material 
indispensáveis à defesa dos interesses de seu cliente. 
 
 
Padrão de Resposta 
 
Superior Tribunal de Justiça, visto que a autoridade coatora é o ministro de Estado 
da Saúde. Além disso, a parte final do enunciado menciona que a publicação da 
portaria expulsória ocorreu há três meses e, portanto, dentro do prazo de cento e 
vinte dias previsto na Lei n.º 12.016/2009. 
 
Com pedido de tutela antecipada perante a justiça federal. O nome iuris não tem 
relevância, devendo ser observada a pretensão descontitutiva ou anulatória.Contudo, caso o(a) examinando(a) não tenha mencionado o pedido de liminar ou 
tutela antecipada de forma expressa, a omissão deve ser devidamente descontada 
no item 3 (Domínio do raciocínio jurídico). 
 
Identificação do impetrante (opção 1) ou do autor (opção 2). 
 
Identificação dos impetrados (opção 1: Ministro de Saúde e União*) ou do réu 
(opção 2: União). 
 
* Na condição de impetrados deve figurar tanto o ministro de Estado de Saúde 
como a União. O ministro de Estado da Saúde, visto que a insurgência deve ocorrer 
em face da portaria de demissão, e não, do indeferimento irregular praticado pela 
comissão de processo administrativo disciplinar. Também deve ser indicada a 
pessoa jurídica que a autoridade coatora integra, que é a União (art. 6.°, caput, da 
Lei n.º 12.016/2009). 
 
Mérito: não configurado o abandono de cargo por inexistir animus abandonandi, 
visto que o servidor apenas se ausentou do serviço em decorrência de mandado de 
prisão preventiva que fora expedido contra ele e, posteriormente, considerado 
ilegal. O artigo 138 da Lei n.º 8.112/1990 exige, para a configuração do abandono, 
que a ausência do servidor seja intencional, com ânimo de abandonar o serviço, o 
que não ocorreu, visto que, de fato, a vontade do servidor foi evadir-se da prisão. 
Prova prático-profissional de Direito Administrativo – Exame OAB 2009.3 
 
3
 
 
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Tanto assim que, tão logo concedido o habeas corpus, o servidor retornou ao 
exercício do cargo. Nesse sentido: 
MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO. DEMISSÃO POR ABANDONO 
DE CARGO. ANIMUS ABANDONANDI. NÃO CONFIGURAÇÃO. PRISÃO PREVENTIVA 
DECRETADA CONTRA O IMPETRANTE. FALTAS MOTIVADAS PELA FUGA APÓS A 
EXPEDIÇÃO DO MANDADO DE PRISÃO. 
ILEGALIDADE DA CUSTÓDIA RECONHECIDA POR ESTA CORTE SUPERIOR EM 
SEDE DE HABEAS CORPUS. EFEITOS PATRIMONIAIS E CÔMPUTO DO TEMPO DE 
SERVIÇO, PARA TODOS OS EFEITOS LEGAIS, A PARTIR DA DATA DO ATO 
IMPUGNADO. 
1. Esta Corte Superior de Justiça possui entendimento firmado no sentido de 
que, para se concluir pelo abandono de cargo e aplicar a pena de demissão, a 
Administração Pública deve verificar o animus abandonandi do servidor, 
elemento indispensável para a caracterização do mencionado ilícito 
administrativo. 
2. No caso, não se constata o ânimo específico do impetrante de abandonar o 
cargo, tendo em vista que, por reputar ilegal a sua custódia cautelar, optou por 
furtar-se à execução da ordem de prisão, a fim de, em liberdade, provar a 
ilegalidade da segregação — o que, inclusive, foi posteriormente reconhecido 
pela Sexta Turma deste Superior Tribunal em habeas corpus concedido em seu 
favor — ficando, por conseguinte, impossibilitado de comparecer ao seu local de 
trabalho. 
3. Ademais, conforme já decidiu o Supremo Tribunal Federal, “É legítima a fuga 
do réu para impedir prisão preventiva que considere ilegal, porque não lhe pesa 
ônus de se submeter a prisão cuja legalidade pretende contestar.” (HC 
87.838/RR, Rel. Min. Cezar Peluso, Primeira Turma, DJ de 04/08/2006) 
4. No tocante ao pedido do impetrante para que seja determinado o pagamento 
dos vencimentos retidos a partir da sua apresentação espontânea ao trabalho, a 
qual, segundo alega, teria ocorrido antes do ato demissional, verifica-se que não 
há nos autos documentos hábeis a comprovar o momento em que a referida 
apresentação se deu. 
5. Desse modo, ressalvadas as vias ordinárias, deve prevalecer o entendimento 
consolidado nesta Corte Superior de Justiça no sentido de que, "Em se tratando 
de reintegração de servidor público, os efeitos patrimoniais devem ser contados 
da data publicação do ato impugnado. Inteligência do art. 28 da Lei 8.112/90." 
(MS 12.991/DF, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, terceira seção, julgado em 
27/05/2009, DJe 03/08/2009) 
6. Em se tratando de reintegração de servidor público, os efeitos patrimoniais 
devem ser contados da data publicação do ato impugnado. 
7. Concessão parcial da ordem para determinar a reintegração do impetrante no 
cargo que ocupava, com o reconhecimento das vantagens financeiras e cômputo 
do tempo de serviço, para todos os efeitos legais, a partir da data do ato 
impugnado. 
(MS 12.424/DF, Rel. Ministro Og Fernandes, Terceira Seção, julgado em 
28/10/2009, DJe 11/11/2009) 
 
Prova prático-profissional de Direito Administrativo – Exame OAB 2009.3 
 
4
 
 
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Houve ilegalidade quando a comissão disciplinar foi formada por apenas dois 
membros, ao passo que o correto seria sua composição com três membros, 
estáveis, seguindo o mandamento do art. 149 da Lei n.º 8.112/1990. Afrontou-se, 
dessa forma, o princípio do due process of law. 
 
A previsão do rito sumário para apuração do abandono de cargo não impede a 
produção de provas. 
 
O rito é sumário, mas a cognição deve ser plena. Visando proteger os princípios do 
contraditório e da ampla defesa, o indeferimento apenas pode ocorrer caso a prova 
não seja pertinente, o que não foi o caso, visto que se tratava de provas que 
poderiam afastar a materialidade do delito administrativo. Nesse sentido: 
 
CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR 
PÚBLICO. DEMISSÃO POR INASSIDUIDADE HABITUAL AO SERVIÇO (ARTS. 132, 
III E 139 DA LEI Nº 8.112/90). 
PROCEDIMENTO SUMÁRIO. OFENSA AOS PRINCÍPIOS DO DEVIDO PROCESSO 
LEGAL, CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. CARACTERIZAÇÃO. INDEFERIMENTO 
DE REALIZAÇÃO DE PERÍCIA MÉDICA. COMUNICAÇÃO EXTEMPORÂNEA. 
AVERIGUAÇÃO DO ANIMUS ESPECÍFICO. 
EFEITOS PRETÉRITOS. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULAS 269 E 271 DO STF. 
REINTEGRAÇÃO CONCEDIDA. 
I – A Constituição Federal de 1988, no art. 5.º, LIV e LV, consagrou os princípios 
do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa, também, no 
âmbito administrativo. A interpretação do princípio da ampla defesa visa a 
propiciar ao servidor oportunidade de produzir conjunto probatório servível para 
a defesa. 
II – O direito à produção de provas não é absoluto, podendo o pedido ser 
denegado pelo Presidente da Comissão quando for considerado impertinente, 
meramente protelatório ou de nenhum interesse para o esclarecimento dos fatos. 
In casu, o indeferimento do pleito de produção de provas baseou-se, 
exclusivamente, no fato de que o processo administrativo submetido ao 
procedimento sumário só possibilitaria ao acusado apresentar a defesa por 
escrito e dentro do prazo estabelecido por lei, não lhe sendo facultado requerer 
outros meios de prova, em patente ofensa à ampla defesa. 
III – A intenção do legislador — ao estabelecer o procedimento sumário para a 
apuração de abandono de cargo e de inassiduidade habitual — foi no sentido de 
agilizar a averiguação das referidas transgressões, com o aperfeiçoamento do 
serviço público. Entretanto, não se pode olvidar das garantias 
constitucionalmente previstas. Ademais, a Lei n.º 8.112/90 — art. 133, § 8.º — 
prevê, expressamente, a possibilidade de aplicação subsidiária no procedimento 
sumário das normas relativas ao processo disciplinar. 
IV – A comunicação do indeferimento da prova requerida deve operar-se ainda 
na fase probatória, exatamente para oportunizar ao servidor a interposição de 
Prova prático-profissional de Direito Administrativo – Exame OAB 2009.3 
 
5
 
 
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eventual recurso contra a decisão do Colegiado Disciplinar, sendo defeso à 
Comissão indeferi-lo quando da prolação do relatório final. 
V – Em se tratando de ato demissionário consistente no abandono de emprego 
ou na inassiduidade ao trabalho, impõe-se averiguar o animus específico do 
servidor, a fim de avaliar o seu grau de desídia.VI – A teor do disposto nos verbetes sumulares 269 e 271 do Pretório Excelso, a 
via do mandado de segurança é distinta da ação de cobrança, pois não se presta 
para vindicar a concessão de efeitos patrimoniais pretéritos 
VII – Segurança parcialmente concedida para anular o ato demissionário, com a 
consequente reintegração do impetrante no cargo que ocupava. 
(MS 7.464/DF, Rel. Ministro Gilson Dipp, Terceira Seção, julgado em 
12/03/2003, DJ 31/03/2003 p. 144).” 
 
Deve-se destacar a presença dos requisitos indispensáveis à concessão da liminar 
ou da tutela antecipada. O fumus boni iuris já está expresso na demonstração de 
inobservância ao disposto no art. 149 da Lei n.º 8.112/1990 e não houve intenção 
do servidor de abandonar o trabalho. O periculum in mora, por sua vez, se apoia na 
necessidade de o servidor ser reintegrado prontamente ao cargo, em razão de suas 
perdas financeiras. 
 
Deve-se requerer: 
• que sejam prestadas as devidas informações pela autoridade apontada como 
coatora e a entidade da qual ele faça parte e a oitiva do Ministério Público (no 
mandado de segurança) 
• a intimação da União ou do seu representante (na ação ordinária); 
• a concessão da liminar/tutela antecipada para declarar a nulidade do processo 
administrativo disciplinar e determinar a reintegração do servidor no cargo 
público e, 
• no mérito, a concessão da ordem para, em caráter definitivo, reconhecer o 
direito do impetrante/autor ao devido processo administrativo e à 
consequente reintegração ao cargo pleiteado. 
 
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Questões Abertas – Situações-problema: 
 
Questão 1 
 
Determinada pessoa jurídica, prestadora de serviços de limpeza em diversos órgãos 
públicos da União, foi declarada inidônea para licitar e contratar com a 
administração pública pelo ministro de estado competente, com fundamento no art. 
88 da Lei n.o 8.666/1993, após o trâmite de regular processo administrativo, no 
qual lhe foram assegurados a ampla defesa e o contraditório. 
 
Em razão de tal decisão, a União rescindiu unilateralmente alguns dos contratos 
vigentes celebrados com tal pessoa jurídica, também com fundamento nas normas 
da Lei de Licitações. Contra tal ato, a empresa impetrou o mandado de segurança 
cabível, sustentando, em suma, que a declaração de inidoneidade depende de 
decisão judicial, não podendo ser imposta pelo ministro. Consigna, além disso, a 
impossibilidade de rescisão dos contratos em curso, sob o argumento de que, ainda 
que se admita a validade da decisão que declarou sua inidoneidade para contratar 
com o poder público, tal decisão não tem eficácia ex nunc, devendo ser aplicada 
apenas para contratos futuros. 
 
Em face dessa situação hipotética, esclareça, com base na Lei n.o 8.666/1993, se a 
declaração de inidoneidade para contratar com a administração somente pode ser 
imposta por meio de demanda judicial e se existe alguma possibilidade de rescisão, 
pela União, dos contratos vigentes. 
 
Padrão de Resposta: 
 
Deve-se, primeiramente, apontar a norma inserta no art. 87, § 3.º, da Lei de 
Licitações, que atribui a ministro de Estado ou secretário estadual ou municipal 
competência para a declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a 
administração pública. 
 
A seguir, deve-se identificar que, independentemente de a decisão retroagir ou 
não, as causas que ensejam a rescisão unilateral do contrato administrativo podem 
ser aplicadas a qualquer tempo, havendo, sim, possibilidade de rescisão dos 
contratos em curso, com fundamento em uma das causas previstas no art. 78 da 
referida lei, mormente em seu inciso XII. Assim, conforme a gravidade dos motivos 
que levaram o ministro a declarar a inidoneidade da empresa, poderia a 
administração invocar, por exemplo, relevante interesse público para rescindir os 
contratos vigentes, com fundamento no art. 78, XII, da Lei n.º 8.666/1993. 
Prova prático-profissional de Direito Administrativo – Exame OAB 2009.3 
 
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Questão 2 
 
José, proprietário de imóvel onde nasceu e viveu poeta de renome nacional, 
pretende aliená-lo a Lucas, que lhe ofereceu a melhor proposta. Entretanto, nos 
termos do plano diretor do município onde se localiza o imóvel, este deveria ser 
utilizado como museu da cidade, razão pela qual o município pretende adquiri-lo. 
 
Em face dessa situação hipotética, na condição de parecerista do município, indique 
a providência a ser tomada para que o município adquira o referido imóvel, caso 
não seja viável a realização de desapropriação. 
 
Padrão de Resposta: 
 
Poderá o município utilizar-se do direito de preempção, de acordo com o previsto 
no inciso VIII do art. 26 da Lei n.º 10.257/2001. No entanto, deverá haver lei 
municipal que, baseada no plano diretor do município, identifique o imóvel que será 
objeto da preempção, conforme determinação do parágrafo único do mesmo 
dispositivo. 
 
Assim dispõe a Lei nº 10.257/2001: 
 
“Art. 25. O direito de preempção confere ao Poder Público municipal preferência 
para aquisição de imóvel urbano objeto de alienação onerosa entre particulares. 
§ 1.º Lei municipal, baseada no plano diretor, delimitará as áreas em que incidirá 
o direito de preempção e fixará prazo de vigência, não superior a cinco anos, 
renovável a partir de um ano após o decurso do prazo inicial de vigência. 
Art. 26. O direito de preempção será exercido sempre que o Poder Público 
necessitar de áreas para: 
(...) 
VIII – proteção de áreas de interesse histórico, cultural ou paisagístico. 
Parágrafo único. A lei municipal prevista no § 1.º do art. 25 desta Lei deverá 
enquadrar cada área em que incidirá o direito de preempção em uma ou mais 
das finalidades enumeradas por este artigo.” 
 
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Questão 3 
 
Carlos exerce os cargos públicos de professor de universidade federal, em regime 
de 40 horas semanais, e de professor da rede municipal de ensino, também em 
regime de 40 horas semanais. A administração federal, ao constatar tal 
acumulação, considerou-a ilícita e notificou o servidor para que optasse por um dos 
cargos. O servidor manifestou seu interesse em continuar apenas na universidade 
federal. Na sequência, a administração federal promoveu os descontos relativos à 
restituição da remuneração que o servidor havia percebido durante o período em 
que acumulara os referidos cargos. 
 
Considerando essa situação hipotética, discorra, com a devida fundamentação, 
sobre a regularidade dos referidos descontos na remuneração percebida pelo 
servidor. 
 
 
Padrão de Resposta: 
 
Cuida-se de acumulação ilegal de cargos públicos, dado que não há compatibilidade 
de horário para o servidor que exerce dois cargos no regime de 40 horas semanais. 
 
Não é regular o desconto da remuneração percebida pelo servidor em acúmulo 
ilícito de cargos públicos, se configurada sua boa-fé. A Lei n.º 8.112, de 11 de 
dezembro de 1990, no artigo 133, caput e § 5.º, assegura ao servidor que acumula 
cargos ilicitamente o reconhecimento de sua boa-fé, caso opte por um dos cargos, 
antes da instauração do processo ou após a instauração, até o término do prazo de 
defesa. 
 
Na hipótese, restou configurada a boa-fé, visto que o servidor optou por um dos 
cargos no primeiro momento, antes mesmo da instauração do processo. 
Caracterizada a boa-fé, não pode o servidor sofrer efeitos prejudiciais daconduta 
tida como irregular. Destarte, não é cabível o desconto de remuneração relativa ao 
período em que o servidor acumulava ilicitamente cargos públicos. É o 
entendimento exarado no aresto infratranscrito: 
 
“EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. ATO DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 
QUE CONSIDEROU ILEGAL APOSENTADORIA E DETERMINOU A RESTITUIÇÃO DE 
VALORES. 
 
Prova prático-profissional de Direito Administrativo – Exame OAB 2009.3 
 
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ACUMULAÇÃO ILEGAL DE CARGOS DE PROFESSOR. AUSÊNCIA DE 
COMPATIBILIDADE DE HORÁRIOS. UTILIZAÇÃO DE TEMPO DE SERVIÇO PARA 
OBTENÇÃO DE VANTAGENS EM DUPLICIDADE (ARTS. 62 E 193 DA LEI N. 
8.112/90). MÁ-FÉ NÃO CONFIGURADA. DESNECESSIDADE DE RESTITUIÇÃO 
DOS VALORES PERCEBIDOS. INOCORRÊNCIA DE DESRESPEITO AO DEVIDO 
PROCESSO LEGAL E AO DIREITO ADQUIRIDO. 
1. A compatibilidade de horários é requisito indispensável para o reconhecimento 
da licitude da acumulação de cargos públicos. É ilegal a acumulação dos cargos 
quando ambos estão submetidos ao regime de 40 horas semanais e um deles 
exige dedicação exclusiva. 
(...) 
3. O reconhecimento da ilegalidade da cumulação de vantagens não determina, 
automaticamente, a restituição ao erário dos valores recebidos, salvo se 
comprovada a má-fé do servidor, o que não foi demonstrado nos autos. 
(...)” 
(MS 26085, Relator(a): Min. Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, julgado em 
07/04/2008, DJe-107 DIVULG 12-06- 2008 PUBLIC 13-06-2008 EMENT VOL-
02323-02 PP-00269 RTJ VOL-00204-03 PP-01165) 
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Questão 4 
 
O estado-membro S desencadeou procedimento licitatório para a construção de 
uma escola pública, tendo saído vencedora a empresa R. Homologado o 
procedimento e adjudicado o objeto em favor da referida empresa, a administração 
pública anulou o certame em razão da constatação de ocorrência de irregularidade, 
por fato não imputável à administração. Inconformada com a medida, a empresa 
impetrou mandado de segurança sob o fundamento de que, após a adjudicação, 
teria o direito líquido e certo de contratar com o poder público. Postulou, desse 
modo, a concessão da segurança para impor à administração pública o dever de 
celebrar o contrato ou, alternativamente, para que fosse reconhecido o seu direito à 
indenização pelos prejuízos suportados em decorrência da anulação. 
 
Considerando essa situação hipotética, apresente, com a devida fundamentação, os 
argumentos indispensáveis à impugnação do pedido formulado pela empresa 
impetrante. 
 
Padrão de Resposta: 
 
Deve-se destacar que a licitação, como qualquer outro procedimento 
administrativo, é passível de anulação (na hipótese de ilegalidade) ou de revogação 
(por razões de conveniência e oportunidade). 
 
A administração pública, de acordo com o art. 49 da Lei n.º 8.666/1993, tem o 
dever de anular o procedimento licitatório quando constatada a ocorrência de 
ilegalidade. O STF também já firmou entendimento no sentido da possibilidade de a 
administração pública anular seus atos quando eivados do vício da ilegalidade 
(Súmulas n.ºs 346 e 473). 
 
O ato de homologação bem como o de adjudicação não conferem à empresa 
vencedora do certame o direito líquido e certo de contratar com o poder público, 
visto que a adjudicação constitui, apenas, o ato pelo qual a administração pública 
atribui ao vencedor o objeto da licitação. 
 
Também não há fundamento para o pedido de indenização. Isso porque, uma vez 
constatada a ocorrência de ilegalidade, não imputada à própria Administração, não 
há que se falar em direito do licitante à indenização. O § 1.º do art. 49 da Lei n.º 
8.666/1993 é expresso ao consignar que a anulação do procedimento licitatório, 
por motivo de ilegalidade, não gera obrigação de indenizar. 
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Questão 5 
 
O Ministério Público Federal ajuizou ação de improbidade administrativa contra 
agentes públicos que simularam gastos para o recebimento indevido de R$ 
100.000,00 em desfavor do município M, que também ingressou na ação no pólo 
ativo. Antes da decisão condenatória, os referidos agentes promoveram, em juízo, 
o ressarcimento, ao erário, da quantia indevidamente recebida e postularam à 
autoridade julgadora a extinção do processo, sob o fundamento de que o 
ressarcimento integral do dano patrimonial causado ao erário implicaria ausência de 
prejuízo aos cofres públicos, de modo a não mais se justificar a aplicação das 
sanções da lei que dispõe sobre improbidade administrativa (Lei n.o 8.429/1992). 
 
A autoridade julgadora, em atenção aos princípios constitucionais do contraditório e 
da ampla defesa, intimou o município para que se manifestasse acerca do alegado. 
 
Em face dessa situação hipotética, responda, de forma fundamentada, se há 
amparo legal à pretensão deduzida pelos agentes. 
 
 
Padrão de Resposta: 
 
Deve-se destacar que o ressarcimento ao erário não implica anistia do ato de 
improbidade, mas dever dos agentes. Isso porque, nos termos do art. 12 da Lei n.º 
8.429/1992, se os agentes não promoverem o ressarcimento de forma espontânea, 
são compelidos a fazê-lo pela sentença condenatória. 
 
Assim, ainda que haja o integral ressarcimento do dano patrimonial ao erário, tal 
fato não elide a condenação dos agentes ímprobos no tocante às demais sanções 
previstas na lei de improbidade administrativa. Com efeito, a Lei n.º 8.429/1992 
tem por finalidade precípua coibir, punir e afastar da atividade pública os agentes 
que praticam condutas incompatíveis com o cargo público ocupado. Nesse sentido, 
o art. 12 do aludido diploma legal estabelece, para cada uma das condutas 
descritas na lei, as respectivas sanções cabíveis. Para todas as condutas descritas 
encontra-se prevista a sanção de “ressarcimento integral do dano, quando houver”. 
 
Dessa forma, a reparação do dano é o mínimo a ser atendido pelo agente diante da 
prática de um ato de improbidade que configure lesão ao erário. Tal atitude, 
todavia, não elide as demais sanções previstas nos incisos do referido art. 12, pois 
a reparação do prejuízo não constitui, por si só, elemento suficiente para atender 
Prova prático-profissional de Direito Administrativo – Exame OAB 2009.3 
 
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ao espírito da Lei n.º 8.429/1992, sob pena de esvaziamento da sua própria 
essência, visto que tem como um de seus principais objetivos inibir a reiteração da 
conduta ilícita. Portanto, embora seja certo que as sanções constantes do art. 12 
do diploma legal não são necessariamente aplicáveis cumulativamente, também é 
verdade que, diante do ato de improbidade, a sanção não pode limitar-se ao 
ressarcimento dos danos, embora a autoridade julgadora deva, com fundamento na 
proporcionalidade e razoabilidade, considerar o ressarcimento quando da dosimetria 
da sanção a ser imposta. 
 
Deve-se, portanto, destacar que a hipótese não é de extinção do processo. 
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