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O Racismo em Angola

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1 
 
O RACISMO EM ANGOLA 
RACISM IN ANGOLA 
 
NewPaper nº 04/2018 
 
AMARAL, Evandro José Coelho do1 
 
RESUMO 
 
Este trabalho foi realizado, com intuito de perceber 
melhor sobre o racismo contra brancos e mestiços 
em Angola, para tal, foi realizado um estudo de caso, 
que culminou com pesquisas de campo, agregando 
uma amostra de 50 “Cidadãos”, repartidos como se 
segue: 20 Indivíduos do sexo Feminino = 40% e 30 
Indivíduos do sexo Masculino = 60%. Foi abordado, 
o racismo no contexto angolano. Actualmente, 
vemos vários casos de racismo na Europa, mas que 
quando denunciado, é crime. Já em Angola, devido 
o processo colonial e da escravatura, foi incutido em 
muitos angolanos, e passado de geração a geração 
que o “Europeu é mau”, “nos escravizou”, em outras 
palavras, o angolano, ainda se encontra com o 
orgulho ferido. Existem alguns africanos 
(angolanos), que por vezes chegam a ser mais 
racistas, do que os Europeus. Com o presente estudo, 
concluímos que os nossos objetivos foram 
alcançados, e as hipóteses foram confirmadas. 
 
 
Palavras-chave: Racismo, Mestiço, Branco, Europa 
e Angola. 
 
 
ABSTRACT 
 
This work was carried out in order to better 
understand racism against whites and mestizos in 
Angola. A case study was carried out, culminating in 
field research, adding a sample of 50 "Citizens", 
distributed as follows: 20 Individuals of the Female 
Sex = 40% and 30 Individuals of the Male Sex = 
60%. Racism was addressed in the Angolan context. 
At the moment we see several cases of racism in 
Europe, but that when denounced is a crime. Already 
in Angola, due to the colonial process and slavery, it 
was instilled in Angola, and passed from generation 
to generation that the "European is evil", "enslaved 
us", in other words, the Angolan, still has it´s pride 
hurt. There are some Africans (Angolans) who are 
sometimes more racist than the Europeans. With the 
present study, we conclude that our objectives were 
achieved, and the hypotheses were confirmed. 
 
Keywords: Racism, Mestizo, White, Europe and 
Angola. 
 
1 Graduado no Curso de Administração Pública, pelo 
Instituto Superior de Ciências Sociais e Relações 
Internacionais (CIS), evandro.amaral2015@hotmail.com; 
INTRODUÇÃO 
 
O Presente trabalho intitulado "o racismo 
em Angola", tem por finalidade, o estudo de um dos 
temas mais polémicos e interessantes. 
Angola, Estado independente, localizado no 
sudoeste da África; limitado ao norte e a leste pela 
República Democrática do Congo (antigo Zaire), a 
leste pela Zâmbia, ao sul pela Namíbia e a oeste pelo 
oceano Atlântico. O território angolano, é dividido 
por uma faixa do antigo Zaire, que vai até o mar, 
deixando separado o pequeno enclave de Cabinda, 
limitado ao norte pela República do Congo, a leste e 
ao sul pela República Democrática do Congo e a 
oeste pelo oceano Atlântico. O território de Angola, 
foi anteriormente conhecido pelo nome de África 
Ocidental Portuguesa, a sua actual denominação é 
República de Angola, possui uma superfície de 
1.246.700 Km2. Tendo conquistado a sua 
independência em 11 de Novembro de 1975, sobre 
uma intensa guerra civil que vitimou muitos 
angolanos, e culminou em 2002. A capital é a cidade 
de Luanda. 
Concernente ao racismo, é de salientar que, 
muitos confundem racismo com preconceito, sendo 
o preconceito uma discriminação de alguém, sem o 
ter conhecido, ou seja, ter um olhar, um pensamento, 
critica sobre alguém, numa primeira instância. 
Já o racismo, é a discriminação social, 
baseada no conceito de que existem diferentes raças 
humanas, e que uma, é superior às outras. 
 O racismo, encontra-se enraizado, em toda 
a parte do mundo, conforme referenciado 
anteriormente, muitos acabam por não serem 
racistas, mas o preconceito que todo o ser humano 
possui, e que é, temporal. 
Contextualizando esta prática em Angola, e 
comparando com Portugal, teríamos que voltar na 
história. A história mostra-nos, que os Portugueses, 
sob o comando de Diogo Cão, no reinado de D. João 
II, chegam foz do rio Zaire em 1482, de onde 
iniciaram, a conquista da região, que incluía, 
Angola. 
Por sua vez, o povo Africano (angolano), 
deu a superioridade aos Portugueses, discriminando-
se a si mesmo, devido ao avanço tecnológico daquela 
época e dos produtos que Diogo Cão, trazia, para 
trocar: (missangas, espelhos, tecidos, aguardente e 
outros artigos baratos). 
Ainda continuo a dizer, que discordo de 
certas opiniões, que vêm dizendo que: “estamos 
condenados a sermos racistas”, porque este 
preconceito, pode ser reduzido, o que tem estado a 
acontecer, devido ao trabalho das várias 
organizações internacionais, isso ainda acontece, por 
falta de conhecimento e ignorância. O mesmo caso, 
2 
acontece com os (E.T.- extraterrestres), muitos 
dizem, que são uma raça muito inteligente, mas sem 
antes conhecê-los, dão-lhes logo, superioridade. 
Hoje, muitos Africanos, falam mal dos 
Europeus, sem antes saberem as origens históricas, 
“o desenvolvimento da Europa, foi o atraso ou o 
subdesenvolvimento de África,” outro aspecto 
importante foi o subdesenvolvimento de África, será 
que sem a vinda dos Europeus em África, o 
continente seria o que é hoje? Muita coisa que foi 
feita, ou esta a ser feito em Angola, é graças ao árduo 
trabalho incessante dos Europeus. 
Também a historia, mostra-nos, que 
Portugal, teve uma das melhores administrações, que 
era de (assimilação para todos) a aculturação do 
Europeu, vestir-se como o Europeu; onde muitos 
angolanos ganharam cidadania portuguesa. 
Por outro, a questão da escravatura, onde 
muitas pessoas, apontam o dedo aos Europeus, sem 
antes saberem, que os africanos participaram 
directamente e indirectamente na escravatura; Os 
africanos também escravizaram, e vendiam os seus 
conterrâneos africanos, muito antes da chegada dos 
Europeus. 
Uma das razões do presente estudo, tem à 
haver, com a problemática, actual, vemos casos de 
preconceito racial, na Europa, existem Leis que 
punem, os prevaricadores. Já em Angola, devido o 
processo colonial, e da escravatura, foi incutido nos 
pais, familiares e amigos de muitos angolanos, que o 
“Europeu é mau”, “nos escravizou”, em outras 
palavras, o angolano ainda está com o orgulho 
ferido. Os africanos (angolanos), acabam por serem 
por vezes mais racistas do que os Europeus. 
Vejamos, se for para calcularmos o nível de 
discriminação, que muitos brancos e mestiços 
passam em Angola, chega a ser muito superior, em 
relação ao que muitos negros passam na diáspora. É 
difícil de acreditar, que a iniciativa para a abolição 
da escravatura, não veio de um negro, e nem de um 
País de África, mas sim da Europa (Inglaterra). 
Todavia, o colono Português, antes de 
retirar-se de Angola, criou condições para a 
independência de Angola, o chamado “Acordo de 
Alvor” entre os três movimentos de libertação 
Nacional (MPLA, FNLA, e UNITA), dando assim, 
origem, ao movimento de transição para a 
Independência de Angola, mas que não resultou por 
três das seguintes causas: i) a guerra fria entre E.U.A 
e URSS (aconselhamento e influência das antigas 
potências, sobre os lideres destes movimentos); ii) 
até 1974 – não havia nenhum país africano 
democrático, (o poder era hereditário), pelo facto 
Angola, não podia ser uma excepção e iii) 
Desconfiança entre os lideres dos três movimentos 
de libertação de Angola. 
Para o desenvolvimento deste trabalho 
começamos com a seguinte pergunta de partida: Será 
que existe racismocontra brancos e mestiços em 
Angola? 
Este trabalho delimita-se ao estudo do 
racismo contra brancos e mestiços em Angola, para 
compreendemos melhor as razões subsequentes, 
formulamos as seguintes hipóteses: 
H1- Existe sim, racismo contra brancos e 
mestiços em Angola, mas o que acontece é que os 
brancos e mestiços, ignoram estes actos de insultos e 
discriminação racial. Também a situação é evidente, 
porque os órgãos policiais e judiciais, não punem os 
infractores, nem a própria comunicação social, 
divulga os casos ocorridos no território Nacional. 
H2- Não existe racismo contra brancos e 
mestiços em Angola, o que existe é revolta da 
população negra angolana, porque pensam que os 
brancos e mestiços têm o poder económico, e muitos 
destes chegam a ocuparem os grandes cargos do 
País. 
Variável independente: racismo contra 
brancos e mestiços em Angola. 
Variável dependente: condição social, 
herança colonial, cultura, religião, ignorância, o 
analfabetismo, a miséria e a revolta, por parte da 
população angolana. 
Tendo em consideração a pergunta de 
partida, nos propusemos a formular os seguintes 
objectivos que servirão de bússola para a 
consolidação: 
Objectivo geral - Analisar a presença do 
racismo na República de Angola. 
Objectivos específicos - Identificar os 
constrangimentos que os brancos e mestiços 
nacionais e estrangeiros passam por motivos do 
racismo; 
Explicar como os brancos e mestiços 
nacionais e estrangeiros, são discriminados, com 
atribuição de vários títulos pejorativos; 
Para a justificativa à escolha do tema, é por 
motivos pessoais, sendo angolano de origem, sou 
discriminado, confundido por estrangeiro, muitas 
vezes chamam-me de colono e não aceitam como 
filho de Angola. As vezes chegando ao ponto de me 
fechar, (ficando tímido), ou melhor, isolando-me, 
para não ser discriminado; Contudo, sempre mantive 
a calma, e ignorei quase todos os insultos, para não 
chegar ao ponto de ter conflito físico. Sendo nato de 
Angola, por vezes fico entristecido, quando oiço 
alguém dizer, colono, vai para o teu país. 
 
1. Brancos e Mestiços são angolanos? 
 
São angolanos pretos e mulatos. [...] A 
unidade angolana não tem poderes para nos 
passarem certificados. A unidade existe em nós 
sendo mulatos, pretos ou fulos. [...] Devemos é 
tomar uma posição sobre as acusações que nos 
fazem. Que atitude devemos tomar perante as 
actividades deste género? A nossa presença provoca 
as massas e veremos se somos nós que faremos 
triunfar ou ceder e cair na política racista. (Acta da 
Sessão de 21 de Maio [Acta 2] da reunião do Comitê 
3 
Director, ocorrida entre 13 e 23 de maio de 1962, 
(Tali, 2001, p. 314). 
De acordo com os nºs 1º á 5º do artigo 9º da 
constituição de Angola de 2010: 
1. A nacionalidade angolana pode ser 
originária ou adquirida. 2. É cidadão angolano de 
origem o filho de pai ou de mãe de nacionalidade 
angolana, nascido em Angola ou no estrangeiro. 3. 
Presume-se cidadão angolano de origem o recém-
nascido achado em território angolano. 4. Nenhum 
cidadão angolano de origem pode ser privado da 
nacionalidade originária. 5. A lei estabelece os 
requisitos de aquisição, perda e reaquisição da 
nacionalidade angolana. 
 
Ainda nos nºs 1º e 2º do artigo 23º da 
constituição de Angola de 2010, acrescenta: 
1. Todos são iguais perante a Constituição e 
a lei. 2. Ninguém pode ser prejudicado, privilegiado, 
privado de qualquer direito ou isento de qualquer 
dever em razão da sua ascendência, sexo, raça, etnia, 
cor, deficiência, língua, local de nascimento, 
religião, convicções políticas, ideológicas ou 
filosóficas, grau de instrução, condição económica 
ou social ou profissão. 
 
2. Privilégio Branco e Mestiço em Angola 
42 anos depois da independência, as tensões 
raciais ainda estão à flor da pele: vê-se no discurso, 
nas filas de espera, na competição pelos lugares de 
chefia. “O privilégio branco é visível também em 
Angola” 
Se em Angola não houver uma maior 
distribuição dos rendimentos e uma diminuição das 
assimetrias e problemas sociais, o jornalista 
Reginaldo Silva, teme o agravamento “deste tipo de 
conflitos entre negros e mestiços ou os negros 
acusarem os mestiços de serem responsáveis por não 
sei o quê”. 
Há quem fale de racismo de negros contra 
brancos, mas Sizaltina, Gestora de Projectos Sociais, 
confessa ter dificuldade em aceitar a questão 
colocada nesses termos. É, de resto, comum quando 
se fala de racismo aparecer o típico: “Ah, mas os 
negros também são racistas.” Sizaltina, justifica a 
sua posição: “Entendo o racismo como sistema de 
poder político, económico, social que privilegia 
determinada raça em detrimento de outras — um 
sistema, que está criado para privilegiar um 
determinado grupo racial. Se olharmos para Angola 
e entendermos como sociedade multirracial — eu 
entendo como país negro —, então temos de ter 
pessoas de várias raças representadas em todos os 
estratos. Mas é quase impossível ver uma zungueira 
[vendedora de rua] de pele mais clara, os porteiros, 
os varredores de rua, os moradores das zonas menos 
privilegiadas, são todos de pele mais escura. Isso 
indica um favoritismo ou uma prática, que faz com 
que as pessoas que tenham a pele mais clara tenham 
uma ascensão maior.” 
Por outro lado, mesmo num país africano, 
aceita-se com mais facilidade imigrantes 
portugueses, do que africanos, aceita-se melhor um 
imigrante branco, do que um negro, acredita. “Isso 
para mim é doentio, principalmente de um estado 
que lutou contra o imperialismo, contra o 
colonialismo, que foi marxista-leninista. Acontece, 
por causa da associação que se faz ao branco — 
branco é bom, negro não — e que resulta do processo 
de escravatura. Durante séculos, os negros 
aprenderam que o negro é mau. A filha rebelde é a 
ovelha negra; a inveja, se for no bom sentido, é 
inveja branca. A associação do branco com o bom, 
desejável, determina a forma de agir das pessoas.” 
Mestiço, fruto da miscigenação que 
aconteceu durante o período colonial, o rapper e 
activista Luaty Beirão, confessa, que não pode dizer 
que é “bom ou mau, ter havido misturas”, porque 
caso contrário, ele não teria nascido. “Muitas vezes, 
já me perguntei: será, que eu preferiria não existir? 
Será, que isso teria tirado algum peso, o não ter 
havido colonização? Se eu não estivesse cá hoje, 
será, que teria sido melhor? Então, não dá para 
responder porque eu não estaria cá para responder, e 
não há, como comparar, porque não há, como voltar 
atrás. É daquelas coisas que se dizem, é um beco sem 
saída.”, (Publico, 2015a). 
Mas será, que os brancos ou mestiços, auto 
privilegiam-se? Penso, que a resposta seria não, mas 
é porque, lhes são atribuídos esses privilégios. 
Portanto, é que, eles, são a minoria da população, por 
vezes como escapatória, alguns cidadãos, ficam 
sempre a procura de culpados. Angola, sendo um 
País multirracial, isto é, devido a colonização 
Portuguesa, durante cerca de 500 anos, contudo, é 
bonito ver a nossa terra, com cidadãos de raças 
diferentes. É ponto assente que, alguns brancos e 
mestiços, detêm algum poder económico, para dizer 
que, será mesmo impossível, ver brancos e mestiços 
em trabalhos de baixa categoria. 
Segundo a Constituição da República de 
Angola, nos termos do artigo 21.º alínea h, o Estado 
deve “Promover a igualdade de direitos e de 
oportunidades entre os angolanos, sem preconceitos 
de origem, raça, filiação partidária, sexo, cor, idade 
e quaisquer outras formas de discriminação;” e ainda 
para reforçar no artigo 23.º, diz sobre o Princípioda 
Igualdade “1. Todos são iguais perante a 
Constituição e a lei.”; “2. Ninguém pode ser 
prejudicado, privilegiado, privado de qualquer 
direito ou isento de qualquer dever em razão da sua 
ascendência, sexo, raça, etnia, cor, deficiência, 
língua, local de nascimento, religião, convicções 
políticas, ideológicas ou filosóficas, grau de 
instrução, condição económica ou social ou 
profissão”. 
O Agente Público trabalhará com a 
população, com base a Lei da Probidade Pública no 
artigo 8.º diz sobre o Princípio da Imparcialidade “O 
agente público deve tratar de forma imparcial os 
4 
cidadãos com os quais entra em relação, devendo 
merecer o mesmo tratamento no atendimento, no 
encaminhamento e na resolução das suas pretensões 
ou interesse legítimos, observando, sempre, com 
justeza, ponderação e respeito o princípio da 
igualdade jurídica de todos os cidadãos perante a 
Constituição e a lei” 
No quotidiano, os angolanos negros, a 
maioria, os mestiços (cerca de 2%) e os brancos (1%) 
convivem, estão nos mesmos restaurantes, estão nas 
mesmas discotecas, defende. Mas se aprofundarmos: 
“Nos subúrbios mais pobres, só existe um tipo de 
gente, os angolanos de raça negra. Nos condomínios, 
nos bons subúrbios, há angolanos de raça negra da 
elite, com angolanos de raça mista, de raça branca ou 
povos de outras nações. Por isso digo que [o 
racismo] não aparece de forma tão expressiva na 
sociedade, mas subtilmente.”, (Publico, 2015a). 
Aparentemente, esta é uma questão mais de 
classe do que de raça. Mas o problema coloca-se, 
quando um engenheiro estrangeiro branco chega a 
Angola e há diferença de tratamento, sublinha Elias 
Isaac, Director da ONG – Open Society Iniciative of 
Southern Africa. “Vai encontrar um médico 
angolano e um expatriado a fazerem o mesmo 
trabalho, mas a ganharem salários diferentes e a 
viverem em condições sociais completamente 
diferentes. O poder político, incentiva esta 
diferenciação. O Governo, aceita praticar essa 
diferença. E isto é uma questão racial, porque não 
acontece a mesma coisa com alguém da Zâmbia ou 
do Zimbabwe que vem trabalhar aqui.”, Acrescenta, 
em parte este fenómeno explica-se, com a síndrome 
que permanece no inconsciente colectivo de povos 
que foram colonizados — o sentimento de dominado 
passa de geração em geração. É isso que o leva a 
dizer: “Até certo ponto, houve independência, mas 
não descolonização das mentes.” (Publico, 2015a). 
 Voltemos, porém, à forma caricata de 
como os mulatos e negros se vêem. Há mulatos, que 
dizem que, o verdadeiro racista em Angola é o negro, 
por este ser altamente complexado. Certos mulatos, 
adoptaram mesmo argumentos clássicos para 
justificar a subalternização do negro, dizendo que, 
ele é preguiçoso, indisciplinado, invejoso, traiçoeiro 
e que só querem adquirir, o que de bom, vem do 
branco e mulato, sem ter que trabalhar. Há, porém, 
mulatos moderados que aceitam, que Angola, 
herdou um sistema, que não favorece os negros, e 
que deveria haver formas de superar esta 
desigualdade, (Angonoticias, 2004). 
 
Em conversas, que mantenho com negros 
angolanos, os mulatos e brancos, são vistos, antes de 
mais, como oportunistas, que só gostam de estar lá, 
onde só há, do bom e melhor. Para eles, os mulatos 
sabem fazer graxa, e têm tendência, para dominar 
todas as organizações a que pertençam. Outros 
angolanos, deploram o facto de que o padrão de 
beleza angolana, recaia essencialmente sobre as 
mulatas. Num jantar, nos Estados Unidos, alguém foi 
a Internet, para imprimir fotos das candidatas ao 
trono de Miss Angola. Contudo, notou-se, que a 
maioria das moças eram mestiças. Contaram-nos 
também, que houve um tempo, em que as 
hospedeiras de bordo da TAAG, só tinham de ser 
mulatas. Também é usual dizer-se, que quando uma 
empresa em Angola, precisa de uma secretária de 
boa aparência, vai-se logo, a procura de uma mulata, 
(Angonoticias, 2004). 
 
Por fim, há quem, como Luís Fernando, 
administrador no grupo de MediaNova, já tenha 
sentido racismo directo na pele, à porta de um 
restaurante/bar, o Chill Out, onde o porteiro o 
barrou, deixando entrar o amigo branco. 
“Obviamente, que nunca mais lá pus os pés”. Mas 
desvaloriza o episódio: acha que, não há racismo em 
Angola. Pode haver algum elemento racista, em que 
o angolano se sinta superior, ou podem existir alguns 
portugueses que são “extremamente racistas”. Mas 
“não se deve tomar a árvore pela floresta”. Teme, no 
entanto, que surja uma tensão racial, mais do ponto 
de vista económico ,“no sentido de algumas pessoas, 
se sentirem excluídas dos lugares que se elitizaram”, 
(Publico, 2015a). 
 
Neste capítulo, apresentamos os resultados 
obtidos, através do estudo investigado, com vista a 
alcançar os objectivos propostos. Esta apresentação 
é seguida de uma análise, e discussão dos dados, 
sempre que possível, baseada na literatura 
consultada. Os dados obtidos permitem perceber, de 
que forma, o racismo contra brancos e mestiços em 
Angola. 
 
 
CONCLUSÃO 
Essa pesquisa não é conclusiva, continua 
em aberto, para qualquer análise científica. Contudo, 
os objectivos propostos com o presente trabalho, 
intitulado racismo contra brancos e mestiços em 
Angola, foram alcançados. Também permitiu-nos 
verificar, os níveis e o impacto racial na República 
de Angola. 
África, sendo o berço da humanidade, e tido 
como o continente onde se descobriu o relógio, a 
roda, a matemática, o alfabeto, a escrita, e muitas 
outras coisas grandiosas. Não imaginemos, como 
seria África sem a influência do branco. A raça 
africana foi a primeira a navegar ao redor do globo. 
Como prova do árduo trabalho de pesquisa 
desenvolvido, obtivemos as seguintes conclusões: 
a) É de realçar que Angola, devido ao 
nível baixo de escolaridade e também, 
devido ao processo colonial, muitos 
cidadãos nacionais com índole racista, 
pensam que os estrangeiros ou seja, os 
brancos e os mestiços, só venhem 
roubar o dinheiro do país, e 
5 
prosseguem, dizendo, eles vieram 
novamente colonizar. Esquecendo-se 
que para além de melhorarem a sua 
condição de vida, também, contribuem 
enormemente para o desenvolvimento 
do país, como por exemplo, fazem 
diminuir o índice de desempregados, 
baixar as importações, e aumentam as 
exportações. 
b) Muitos angolanos, não conhecem a 
verdadeira historia de Angola, em 
muitos casos agem por emoção, 
guardam reservas de vingança, sendo 
assim, uns eternos racistas. 
c) O fraco investimento no ensino e na 
capacitação do homem, proporciona a 
exportação de recursos humanos 
qualificados, ou seja, estrangeiros (na 
sua maioria de raça branca). 
d) Os brancos e os negros, são dotados das 
mesmas habilidades, contudo, existem 
algumas disparidades a saber: os 
indivíduos de raça negra, tem menos 
oportunidades na instrução, 
capacitação e busca de tecnologias, 
este é o principal factor de diferencial. 
e) Muitos os governantes/empresários 
angolanos não gostam de trabalhar com 
os angolanos porque os vêem como 
incapacitados. 
f) É ainda comum vermos os mesmos 
estrangeiros serem atraídos para 
Angola, por empresários nacionais 
com propostas de bons salários, bem 
como é comum vermos e ouvirmos 
reclamações de funcionários 
angolanos, enquanto vítimas de 
discriminação racial, por parte desses 
mesmos estrangeiros. Vale dizer que, 
nessa terra é também gritante a forma 
como muitos negros com alguma 
predisposição rancorosa, violentam 
verbalmente os mestiços ou brancos 
sem razão de ser. 
g) Algumas culturas africanas têm sido 
hostilizadopelos ocidentais, como 
forma para dependência cultural, 
económica, social e tecnológica. 
h) Nem todo branco ou mestiço nasce 
com privilégio ou com o poder 
económico. 
i) O Caso de Angola, notamos que o 
racismo é ensinado e passado de 
geração à geração. 
j) Por fim, por evidencias em África, os 
povos eram muito unidos, até a 
chegada dos colonizadores, mas o 
grande culpado da implementação do 
racismo em África é o homem branco, 
que incentivou este sistema 
discriminatório, para inferiorizar o 
negro, partindo do adagie, que tudo 
feito pelo branco é bom ou de boa 
qualidade, desprezando os negros, os 
brancos também incitaram o racismo 
do negro para o negro. 
Com isso, podemos afirmar, que muitos 
cidadãos nacionais, e estrangeiros, desconhecem as 
leis vigentes na Republica de Angola, e que proíbe a 
discriminação racial, e chega dê-se a ouvir o 
seguinte: “Angola não é terra de brancos nem de 
mulatos, vão-se embora na vossa terra”. O racismo é 
um verdadeiro cancro que devemos erradicar 
completamente do mundo! Embora muitos pensam 
que, o racismo só é manifestado quando é do branco 
para o negro e não o inverso. 
É tão lindo observarmos o mundo, com 
pessoas de diferentes variedades raciais, culturas, 
linguístico, etc. Será que o mundo seria bonito se 
fossemos apenas de uma só cor? Atendendo ao 
conteúdo de pesquisa aí vão as confirmações das 
hipóteses: 
Quanto a primeira hipótese foi confirmada, 
porque existe sim, racismo contra brancos e mestiços 
em Angola, mas o que acontece é que os brancos e 
mestiços, ignoram estes actos de insultos e 
discriminação racial. Também a situação é evidente, 
porque os órgãos policiais e judiciais, não punem os 
infractores, nem a própria comunicação social, 
divulga os casos ocorridos no território Nacional. 
A segunda hipótese também foi 
confirmada, porque não existe racismo contra 
brancos e mestiços em Angola, o que existe é revolta 
da população negra angolana, porque pensam que os 
brancos e mestiços têm o poder económico, e muitos 
destes chegam a ocuparem os grandes cargos do 
País. 
Minha África, Angola meu País, minha 
Pátria, minha Terra no meu coração. 
 
Referências Bibliográficas 
 
Angonoticias. (2004). O racismo em Angola. 
Luanda: Angonoticias. Obtido em 04 de 
Setembro de 2017, de 
http://www.angonoticias.com/Artigos/item
/553/o-racismo-em-angola 
Publico. (2015a). Angola "Houve independência 
mas não descolonização das mentes". 
Obtido em 04 de Setembro de 2017, de 
https://www.publico.pt/mundo/noticia/hou
ve-independencia-mas-nao-
descolonizacao-das-mentes-1712736 
 
Constituição da República de Angola de 2010. 
 
Este artigo não é o completo, é uma parte da 
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