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1 FIAM-FAAM CENTRO UNIVERSITÁRIO APOSTILA INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA Graduação: Comunicação Social - Habilitação: Jornalismo 2º semestre Prof. Ms. Fabíola Tarapanoff 2 Sumário Plano de ensino..........................................................................................................3 Avaliações...................................................................................................................6 Aulas...........................................................................................................................9 Aula 1. Apresentação do plano de ensino da disciplina............................................................10 Aula 2. Introdução..........................................................................................................................10 Aula 3. Questões iniciais, discussão do contexto e problematização.....................................23 Aula 4. Fundamentos teóricos da opinião pública...................................................................27 Aula 5. “Noticiabilidade”, interesse e relevância pública.........................................................36 Aula 6. Pesquisas sobre o consumo de mídia no Brasil...........................................................44 Aula 7. Novas tecnologias e nova opinião pública (“TIC Domicílios”)..............................68 Aula 8. A opinião e a editorialização no jornalismo brasileiro..............................................75 Aula 9. Jornalismo e independência editorial – princípios....................................................80 Aulas 10 e 11. Planejamento e monitoramento de mídia.....................................................97 Aula 12. Agenda setting I - Critérios de formação de agenda.................................................103 Aula 13. Mídia, opinião pública e política...............................................................................118 Aula 14. Mídia, opinião pública e política II..........................................................................129 Aula 15. Perspectivas e desafios do jornalismo contemporâneo no Brasil......................139 3 PLANO DE ENSINO 4 CURSO: COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO: JORNALISMO DISCIPLINA: INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA CÓDIGO: 025010 CARGA HORÁRIA: 80 PERÍODO: 2 ANO: 2014 SEMESTRE: 2 EEMMEENNTTAA Teoria da Opinião Pública. Formação da Esfera Pública como arena de debate. Principais teóricos da Opinião Pública, sua formação, desenvolvimento e perspectivas histórico- políticas. O papel da mídia na formação da Opinião Pública. Diferença entre Informação e Opinião. OOBBJJEETTIIVVOOSS DDAA DDIISSCCIIPPLLIINNAA A disciplina Informação e Formação da Opinião Pública tem como premissa o reconhecimento da mídia e da cultura de massas, como um todo e do jornalismo, particularmente, como um importante agente público na construção da percepção da realidade e na consolidação da opinião pública. OOBBJJEETTIIVVOO GGEERRAALL Discutir o papel dos meios de comunicação de massa e do jornalismo como protagonista nas relações sociais, econômicas, políticas e culturais na contemporaneidade, avaliando o desempenho da imprensa e dos meios de comunicação de massa nesse contexto. OOBBJJEETTIIVVOOSS EESSPPEECCÍÍFFIICCOOSS a) Discutir e analisar o papel da mídia e do jornalismo como formador de opinião na sociedade contemporânea; b) Avaliar a responsabilidade sócio-política da imprensa e seus códigos de conduta e de atuação; c) Apresentar referencial teórico pertinente ao debate proposto pela disciplina, em especial sobre os conceitos de formação da opinião pública; d) Diagnosticar a importância dos meios de comunicação de massa brasileiros na formação da opinião pública; e) Atualizar as referências da área de comunicação à luz das novas tecnologias de informação e opinião pública; f) Elaborar uma dinâmica sistemática de monitoramento e acompanhamento de mídia, com a produção de relatórios críticos sensoriais; g) Discutir, à luz da teoria do jornalismo e da comunicação, o conceito de “noticiabilidade”, confrontando-o com práticas cotidianas da imprensa; h) Estimular a avaliação crítica da imprensa e dos meios de comunicação de massa por parte dos discentes; i) Oferecer um panorama de debates em que o conceito de opinião pública seja compreendido de maneira interdisciplinar. 5 CCOONNTTEEÚÚDDOO PPRROOGGRRAAMMÁÁTTIICCOO ((CCRROONNOOGGRRAAMMAA)) Aula 1. Apresentação do plano de ensino da disciplina; Aula 2. Introdução; Aula 3. Questões iniciais, discussão do contexto e problematização; Aula 4. Fundamentos teóricos da opinião pública; Aula 5. “Noticiabilidade”, interesse e relevância pública; Aula 6. Pesquisas sobre o consumo de mídia no Brasil; Aula 7. Novas tecnologias e nova opinião pública (“TIC Domicílios”); Aula 8. A opinião e a editorialização no jornalismo brasileiro; Aula 9. Jornalismo e independência editorial - princípios; Aula 10. Planejamento e monitoramento de mídia/Orientação; Aula 11. Monitoramento de mídia - Debate/Entrega final do trabalho Aula 12. Agenda setting - Critérios de formação de agenda; Aula 13. Mídia, opinião pública e política; Aula 14. Mídia, opinião pública e política II; Aula 15. Perspectivas e desafios do jornalismo contemporâneo no Brasil; Aula 16. Avaliação regimental; Aula 17. Vista de provas/2ª chamada; Aula 18. Reavaliação/Encerramento do semestre letivo. MMEETTOODDOOLLOOGGIIAA As aulas serão elaboradas a partir de três ferramentas distintas e complementares: 1) Aulas expositivas e comentários de bibliografia; 2) Estudos de caso e exercícios práticos; 3) Monitoramento crítico de mídia. AAVVAALLIIAAÇÇÃÃOO Os alunos serão avaliados de acordo com a seguinte pontuação: Avaliação escrita (prova) - 7,00 pontos Avaliação continuada - 3,00 pontos Total - 10,00 pontos BBIIBBLLIIOOGGRRAAFFIIAA BBÁÁSSIICCAA BUCCI, Eugênio. A imprensa e o dever da liberdade. São Paulo: Contexto, 2009. FIGUEIREDO, Rubens & CERVELLINI, Silvia. O que é opinião pública. São Paulo: Brasiliense, 1996. LIPPMANN, Walter. Opinião pública. Rio de Janeiro: Vozes, 2008. BBIIBBLLIIOOGGRRAAFFIIAA CCOOMMPPLLEEMMEENNTTAARR ANDERSON, Chris. A cauda longa. Rio de Janeiro: Campus, 2006. CHOMSKY, Noam. Controle da mídia: os espetaculares feitos da propaganda. Rio de Janeiro: Graphia, 2003. MATTELART, Armand & MATTELART, Michele. História das teorias da comunicação. São Paulo: Loyola, 2008. MCQUAIL, Denis. Atuação da mídia: comunicação de massa e interesse público. Porto Alegre: Penso, 2012. RAMONET, Ignacio. A tirania da comunicação. Rio de Janeiro: Vozes, 2007. 6 AVALIAÇÕES 7 Avaliações Os alunos serão avaliados de acordo com a seguinte pontuação: Avaliação escrita (prova) – Valor: 7,00 Avaliação continuada - Valor = 3,00 (AVC1 + AVC2 = MFAVC) Média final da disciplina = 10,00 Prova Valor =7,00 Dissertativa e sem consulta; Individual; Apostila; Conteúdo apresentado em sala de aula e bibliografia recomendada. Material enviado por e-mail e apresentado em sala de aula (filmes e apresentações em PowerPoint).8 Avaliação Continuada Entrega de trabalho escrito - Filme sobre Jornalismo e Opinião Pública/Apresentação Sugestões: 1) 1984 2) O show de Truman 3) Obrigado por fumar 4) A montanha dos sete abutres 5) Intrigas de Estado 6) Mera coincidência 7) A revolução dos bichos 8) O informante 9) Capote 10) Tiros em Columbine 11) Tropa de Elite 2 Valor: 3,00 Estrutura do trabalho escrito: Capa; Resumo da obra/Ficha técnica; Personagens principais; Cenas-chave e relacionar ao conteúdo visto em sala de aula (utilizar citações de livros usados); Conclusões; Referências bibliográficas; Apresentação - 15 minutos; Debate/Apresentação oral com uso de recursos como PowerPoint, exibição de vídeos e áudio/Apresentação de cena de peça de teatro (Escolha uma dessas opções). 9 AULAS 10 Informação e Formação da Opinião Pública Aula 1 – Apresentação do plano de ensino (ver páginas 3 a 5). Aula 2 - Introdução Questões iniciais A) O que é a opinião pública? Trata-se da opinião da maioria das pessoas sobre determinados assuntos. Cada um tem sua opinião individual, mas se começarmos a comparar o que as pessoas pensam sobre determinados assuntos, surgirão alguns denominadores comuns. B) Como se forma a opinião pública? A opinião pública é formada pela população por meio da influência de diversas instituições, como família, grupo de amigos, instituições religiosas, de ensino, ambiente de trabalho, partidos políticos e mídia. C) Qual o papel da mídia para determinar quais os assuntos que são ou não importantes e que influenciarão os temas debatidos em sociedade? A partir do século XX a mídia torna-se fundamental na definição da opinião pública. 11 D) Como a mídia escolhe os temas que considera relevantes? Os editores (gatekeepers) selecionam os fatos que deverão ser notícia por meio dos critérios de noticiabilidade. E) Por que algumas notícias ganham tanto destaque e ficam por semanas e até meses sendo debatidos pelos meios de comunicação? Por que atendem a dois ou mais critérios de noticiabilidade, tendo maior relevância pública e, portanto, sendo divulgados por um período maior pelos meios de comunicação. F) Quais os meios e veículos mais utilizados hoje pelas pessoas para se informar? A internet apresentou um grande crescimento nos últimos anos, mas no Brasil os meios mais utilizados são o rádio e a televisão. 12 Opinião pública - Walter Lippmann Século XIX – Determinados autores buscaram compreender o papel do indivíduo e do cidadão na sociedade de massas e produziram obras de referência; Gustave Le Bon – Psicologia das multidões (1895); Sigmund Freud - Psicologia de grupo e análise do ego (1921); Ortega y Gasset – Rebelião das massas (1930). Walter Lippmann se incorpora a esse debate nos EUA da década de 1920. Começa como simpático ao socialismo migrando depois na descrença na capacidade da democracia de constituir um cidadão ilustrado. 13 Publicado em 1922, foi um dos primeiros estudos dedicados à compreensão dos meios de comunicação na sociedade; Os meios de comunicação são responsáveis pela articulação entre diferentes partes da sociedade; O autor utiliza diversos elementos da relação entre mídia e sociedade vinculadas à Sociologia do Conhecimento; Estereótipos – Imagens mentais criadas pelo indivíduo a partir de traços comuns de um evento previamente ocorrido. Nesse ambiente o que estava em jogo era o “pseudo-ambiente”, ou seja, imagens criada indiretamente pela mídia em nossos mapas mentais; Pseudo-ambientes – Imagens criadas em nossa mente e que recebemos indiretamente pelos meios de comunicação. Charles Merz – A test of the news Estudo publicado como suplemento da revista New Republic – Mostrava a cobertura do New York Times sobre a Revolução Russa de 1917; Regime bolchevique estava prestes a entrar em colapso, o que não ocorreu até 1991; 14 “As notícias sobre a Rússia eram um caso de ver não o que ocorria, mas o que os homens gostariam de ter visto.” Jornalistas – Devem ter cuidado ao generalizar, pois apresentam imagens, crenças pré-concebidas aos leitores e espectadores. Quando observamos por meio de estereótipos, submetemos o público a meias verdades. Teoria hipodérmica ou da “bala mágica” Manipulação - Preparar com a mão, modelar; Década de 1930 – Joseph Goebbels - Partido nazista (Adolph Hitler - Propaganda); A teoria hipodérmica estudou o fenômeno da mídia a partir de premissas behavioristas; Modelo comunicativo é baseado no conceito de “estímulo/resposta”; Daí o porquê de esta teoria também ser conhecida como “Teoria da Bala Mágica”. Opinião pública - Walter Lippmann Ceticismo sobre o poder da maioria na democracia e uma fé firme na necessidade de elites educadas comandarem o país; Nostalgia da comunidade autocontida em que o cidadão podia exercer sua função política. 15 “A burocratização, a impessoalidade das relações pessoais na nova era industrial e a complexidade dos problemas impedia que um indivíduo pudesse atuar conscientemente no cenário político e social como propunha a teoria democrática. Predominava agora a influência de grupos poderosos na administração da opinião pública.” (Wainberg - “Prefácio”. In: LIPPMANN, 2008: 12-13). Exposição dos indivíduos à mídia – jamais saberão a verdade; Relato crítico e desesperançoso; Opinião pública não emerge das pessoas naturalmente; É um processo de animação social pelo qual esses personagens interessados no controle da população se envolvem; Esse papel da mídia na formação da opinião pública está mais próximo ao conceito de propaganda do que a clássica teoria democrática. Ansiedade da imprensa – Mais preocupada em atrair anunciantes do que trazer informações relevantes ao público; “Para se assegurar que esse esforço de audiência não seja frustrado, a imprensa serve à comunidade uma dieta diária de informação que vai ao encontro às expectativas e aos estereótipos já cultivados.” “A dieta é restrita, a cobertura é episódica, sem contexto e simplória. Predominava a conveniência de horário, de custo, de esforço e de interesse imediato. 16 Torna-se assim fácil as ações de relações públicas disfarçados de jornalistas interessados. ” (Wainberg - “Prefácio.” In: LIPPMANN, 2008: 15). “Não devemos confundir notícia com verdade.” Opinião pública “Cabe à verdade iluminar os fatos escondidos, relacionando-os com outros a fim de produzir uma imagem da realidade que permita às pessoas agirem. Ao jornalismo caberia apenas sinalizar os eventos.” (Wainberg. “Prefácio.” In: LIPPMANN, 2008: 15). Onde está a esperança então? Qual a difícil solução para tocar em frente os assuntos públicos com eficiência e competência? Por meio do serviço de inteligência, capaz de apoiar os diversos setores da administração pública. Poucos homens de ação, especialistas e analistas políticos devem conduzir esse regime para o povo. Líderes e liderados (“rebanho assustado”); Povo escolhe democraticamente seus representantes. 17 Parte I – “Introdução” “O mundo exteriore as imagens em nossas mentes” 1ª Guerra Mundial – O mundo começa a mudar rapidamente - 1914-1918; Contradição em relação ao mundo que haviam conhecido e o mundo atual; Pessoas não podiam estar no front de batalha e as notícias que obtinham era pelos meios de comunicação. “O que acreditamos ser uma imagem verdadeira, nós a tratamos como se ela fosse o próprio ambiente (...).” (LIPPMANN, 2008: 22). Grandes homens mesmo em um período longo de sua vida são conhecidos por suas personalidades fictícias; Há somente uma parcela de verdade, sendo que grande parte é ficção; Imagem pública e privada. Pessoas criam muitas vezes suas próprias fachadas quando pensam em estar revelando seu mundo interior; Retrato que surge espontaneamente na mente das pessoas é o mais interessante – Rainha Vitória; Bem emanava de Roosevelt/Mal vinha de Trotsky e Lênin; “Concentração mundial deste tipo em torno de uma personalidade simbólica é rara o suficiente para ser claramente notável” (LIPPMANN, 2008: 27). 18 Símbolos – Opinião Pública “Os símbolos da opinião pública (...) estão sujeitos à crítica, comparação e debate. (..) O simbolismo da opinião pública geralmente implica em um equilíbrio de interesses.” (LIPPMANN, 2008: 27) O símbolo da União Aliada desapareceu, assim como a imagem que cada nação tinha da outra: Grã-Bretanha – defensora da lei pública; França – “Fronteira da Liberdade”. Importante maquinário da comunicação humana; Vidro estilhaçado – representava para a jovem o luto do pai que não retornava da guerra. Guerra: 1) Fato casual; 2) Imaginação criativa; 3) Desejo de crer. Falsificação da realidade – Instinto; “Por ficções não quero dizer mentiras. Quero dizer a representação do ambiente que em menor ou maior medida é feita pelo próprio ser humano” (LIPPMANN, 2008: 30). 19 O ambiente real é grande demais e complexo para obtermos o conhecimento direto; Por isso, para agirmos em um ambiente, devemos reconstruí-lo de modo mais simples antes de poder manejá-lo – Mapas do mundo; Mapas mentais – Imagens criadas por várias instituições, como família, grupo de amigos, partidos políticos, escola e pela mídia, direta ou indiretamente. Tratam-se de modelos que criamos em nossas mentes para tudo o que existe no mundo. Mapas mentais “Então o analista da Opinião Pública precisa começar reconhecendo a relação triangular entre a cena da ação, a imagem humana daquela cena e a resposta humana àquela imagem atuando sobre a cena da ação.” 20 “A forma como o mundo é imaginado determina em um momento particular o que os homens farão.” (LIPPMANN, 2008: p. 31). “O único sentimento que alguém pode ter acerca de um evento que ele não vivenciou é o sentimento provocado por sua imagem mental daquele evento (pseudoambiente).” (LIPPMANN, 2008: 34). Esperar que todos os seres humanos tenham sempre o mesmo comportamento em determinadas situações é errôneo; Esta pressuposição é o problema da Opinião Pública. “Ao invés de considerar como um fato dado um ambiente que é facilmente conhecido, o analista social está mais Gatekeepers – Informação/Notícia Público Imagens: Mapas mentais Pseudoambientes Estereótipos Exemplos: Xenofobia; Intolerância religiosa; Conscientização política - Diretas-Já. 21 preocupado em estudar como o ambiente político mais amplo é concebido e como ele pode ser concebido com mais sucesso.” “O homem (...) é uma criatura da evolução que pode abarcar somente uma porção suficiente da realidade que administra para sua sobrevivência e agarra o que na escala do tempo são alguns momentos de discernimento e felicidade.” (LIPPMANN, 2008:40). Vida social – Busca pelo prazer, evitando-se a dor; Representações interiores - “pseudoambientes” - elemento determinante do pensamento, sentimento e ação. “Minha conclusão é que, para serem adequadas, as opiniões públicas precisam ser organizadas para a imprensa e não pela imprensa, como é o caso hoje.” Aqueles aspectos do mundo exterior que têm a ver com o comportamento de outros seres humanos, na medida em que o comportamento cruza com o nosso, que é dependente do nosso, ou que nos é interessante, podemos chamar de Opinião Pública. “A imagem na cabeça desses seres humanos, a imagem de si próprios, dos outros, de suas necessidades, propósitos e relacionamento, são suas opiniões públicas.” “Aquelas imagens que são feitas por grupos de pessoas, ou por indivíduos agindo em nome de grupos é a Opinião Pública com letras maiúsculas.” (LIPPMANN, 2008: pp.40-41). 22 Fatores que limitam o acesso aos fatos: 1) Censuras artificiais; 2) Limitações do contato pessoal; 3) Relativa falta de tempo para prestar atenção nos assuntos públicos; 4) Distorção emergente devido à necessidade de comprimir eventos em mensagens breves. 5) Dificuldade de expressar um mundo complexo em poucas palavras; 6) Temor de enfrentar os fatos que ameaçam a rotina estabelecida. Como as opiniões se cristalizam; Aspiração nacional; Mentalidade de grupo e propósito social como são constituídos. Bibliografia - Aula 2 “Apresentação” e “Prefácio” Jacques A. Wainberg Parte I – “Introdução” “O mundo exterior e as imagens em nossas mentes” In: LIPPMANN, Walter. Opinião pública. Rio de Janeiro: Vozes, 2008. páginas 9 a 42. 23 Aula 3 - Questões iniciais, discussão do contexto e problematização Parte II – “abordagens ao mundo exterior” 2) “Censura e privacidade” “Aprendemos a chamar isso de propaganda. Um grupo de homens, que pode impedir o acesso independente a este evento, manipula as notícias sobre o mesmo para adequá-las a esse propósito (...)” (LIPPMANN, 2008). “Sem alguma forma de censura, propaganda no sentido estrito da palavra é impossível. Para conduzir a propaganda deve haver alguma barreira entre o público e o evento. Acesso ao ambiente real precisa ser limitado, antes que alguém crie um pseudo- ambiente que imagine ser mais adequado ou desejável.”(LIPPMANN, 2008: p. 15). “Independentemente se as razões para a privacidade são boas ou más, as barreiras existem. A privacidade é insistida em todos os lugares na área dos assuntos públicos (...)” (LIPPMANN, 2008). 24 3) Contato e Oportunidade “Cada vez que o governo facilita a liberação do passaporte (...), toda vez que uma nova via ferroviária ou um novo porto é aberto, rodovias são construídas ou alargadas ou melhoradas, a circulação das ideias é influenciada” (LIPPMANN, 2008). “Nosso marco social consiste daqueles que figuram como pessoas na frase ‘as pessoas estão dizendo’(...)” (LIPPMANN, 2008). Na verdade são as pessoas cuja aprovação nos importa intimamente. “Conceito de marco social quando estabelecido não é meramente uma classe econômica, mas algo que se parece mais com um ‘clã biológico.’” 25 4) Tempo e atenção É difícil determinar com certeza os assuntos que mais interessam às pessoas; Em geral as pessoas dedicam apenas 15 minutos de seu dia à leitura de notícias. 5) Velocidade, palavras e clareza “Palavras, como a moeda, sãomanipuladas uma e outra vez, para evocar um conjunto de imagens do dia e outras do amanhã. “Não há qualquer certeza de que a mesma palavra evocará exatamente a mesma ideia na mente do leitor como a produzida na do repórter” (LIPPMANN, 2008). “Como as opiniões não param nos membros normais de uma sociedade, e como, para os propósitos de uma eleição, a qualidade da atenção é ainda mais dispersa. A massa de analfabetos(...), indivíduos subnutridos e frustrados, é mais considerável do que supomos.” (LIPPMANN, 2008). 26 “O mundo é vasto, as situações que nos preocupam são intrincadas, as mensagens são poucas (...) A maior parte da opinião precisa ser construída na imaginação.” (LIPPMANN, 2008: p. 72). O que a palavra alienígena evoca? “Uma pessoa hostil a esse país.” “Uma pessoa contra o governo.” “Uma pessoa contra o país.” Xenofobia – Aversão ao estrangeiro, a quem é estranho - Imigrante. Bibliografia – Aula 3 Parte II – “Abordagens ao mundo exterior” In: LIPPMANN, Walter. Opinião pública. Rio de Janeiro: Vozes, 2008. páginas 43 a 79. 27 Aula 4 - Fundamentos teóricos da opinião pública Parte III - Estereótipos “O que frequentemente se imagina ser o relato de um evento é, na realidade, a sua transfiguração. Os fatos que vemos dependem de onde estamos posicionados e dos hábitos de nossos olhos.” Na maior parte dos casos nós não vemos em primeiro lugar, para então definir, nós definimos primeiro e então vemos. Na confusão brilhante, ruidosa do mundo exterior, pegamos o que nossa cultura já definiu para nós e tendemos a perceber aquilo que captamos na forma estereotipada para nós por nossa cultura. 28 “Mas a vida moderna é apressada (...) e acima de tudo as distâncias físicas separam homens que estão frequentemente em contato vital um com o outro, como o empregado e o empregador, o funcionário público e o eleitor.” (LIPPMANN, 2008, p. 91). “O que interessa é o caráter dos estereótipos e a credulidade com a qual nós os empregamos.” (LIPPMANN, 2008, p. 92). Estereótipos – Existem desde o início da Humanidade. Exemplo: Cruzadas Europa cristã - Os mouros eram todos maus; Macarthismo - Ataque ao comunismo. As fotografias têm o tipo de autoridade sobre a imaginação hoje, da mesma forma que a palavra impressa tinha ontem, e a palavra falada tinha antes ainda. Elas parecem completamente reais. Nós acreditamos que elas vieram diretamente a nós sem a intervenção humana e elas são o alimento imaginável da mente que menos esforço demanda. Imagine se Lippmann visse a força da TV, que apresenta uma enorme quantidade de imagens? “Para não deixar dúvidas, um estereótipo pode ser transmitido de uma forma tão consistente e em cada geração de pai a filho que parece ser quase um fato biológico, uma herança social” (LIPPMANN, 2008. 29 “Os sistemas de estereótipos podem ser os cernes de nossa tradição pessoal, as defesas de nossa posição na sociedade.” “Não surpreende, portanto, que qualquer distúrbio dos estereótipos parece ser um ataque aos fundamentos de nosso universo.” “E quando grandes temas estão em risco, não admitimos facilmente que haja uma distinção entre nosso universo e o universo dos outros.” 7) Os estereótipos como defesa Os estereótipos estão, portanto, altamente carregados com os sentidos que estão presos a eles. São as fortalezas de nossa tradição e atrás de nossas defesas podemos continuar a sentir-nos seguros na posição que ocupamos. 8) Os pontos fracos e seus valores Nosso mundo estereotipado não é necessariamente o mundo que gostaríamos que fosse. É simplesmente o tipo de mundo que esperávamos que fosse. Se os eventos se encaixam nele há uma sensação de familiaridade e sentimos que estamos seguros. 30 Uma vez que há uma influência recíproca entre a versão padronizada e as versões correntes, são essas versões distribuídas entre os homens que afetam seus comportamentos. São absorvidos e assimilados de forma não crítica. 9) Os códigos e seus inimigos “Qualquer pessoa que tenha ficado de pé no final de uma plataforma ferroviária esperando por um amigo recordará como se enganou tomando-o por todo tipo de pessoa esquisita. O tipo de chapéu, uma leve característica no caminhar, evocava uma imagem viva em sua percepção.” o “A forma como vemos o mundo é uma combinação do que há lá e o que esperamos encontrar.” “Os céus não são os mesmos para um astrônomo e para um par de namorados.” 31 Em nossas opiniões públicas poucos podem ser especialistas. “Essa filosofia é mais ou menos uma série organizada de imagens para descrever o mundo não visto. Mas não somente para descrevê-lo. Para julgá-lo também. E, portanto, os estereótipos estão carregados de preferência.” Código moral - visão particular dos casos. Códigos morais - pessoal, familiar, econômico, profissional, legal, patriótico e internacional. Por isso Lippmann diz que é tão perigoso generalizar sobre a natureza humana. Exemplo: Um pai amoroso pode ser um patrão rigoroso com seus funcionários. É aqui que os códigos entram tão sutilmente e de uma forma tão difundida na formação da opinião pública. Teoria antiga- A opinião pública constituiu um julgamento moral ou grupo de fatos. 32 Lippmann - No presente estado da educação, a opinião pública é primeiramente uma versão moralizada e codificada dos fatos. O padrão dos estereótipos no centro de nossos códigos determina largamente que grupo dos fatos nós veremos e sob que luz nós os enxergaremos. Para Lippmann, uma vez que meu sistema moral se apóia em uma versão que aceito dos fatos, aquele que nega tanto meus julgamentos morais ou minha versão dos fatos é para mim perverso, estranho, perigoso. Questão da tolerância Só quando temos o hábito de reconhecer nossas opiniões como uma experiência parcial vista por meio de nossos estereótipos que nos tornamos verdadeiramente tolerantes de um oponente. Sem aquele hábito, acreditamos no absolutismo de nossa visão e no caráter traiçoeiro de toda a oposição. Desse modo, onde duas facções vêem vividamente cada um o seu próprio aspecto e tramam suas próprias explicações do que vêem, é quase impossível para eles creditarem ao outro a honestidade. 33 10) A descoberta dos estereótipos Diplomatas experimentados, obrigados a falar grosso aos povos em confronto, aprenderam como utilizar um largo repertório de estereótipos. “Mas o futuro é o mais ilusório dos tempos (...) “É difícil não descrever o futuro como se não obedecesse nossos propósitos presentes, aniquilar todo e qualquer atraso ou desejo, ou imortalizar seja lá o que for que se coloque entre nós e nossos medos.” (LIPPMANN, 2008, p. 137) 34 Opinião pública – Como devemos ter opinião sobre um grande número de fatos e pessoas, utilizamos amostras e as tratamos como típicas. Mas as amostras são selecionadas por um método que não é totalmente confiável. “O espaço real, o tempo real, os números reais, as conexões reais, os pesos reais, estão perdidos (...) “Aperspectiva, o contexto e as dimensões da ação estão cerceados e congelados no estereótipo.” (LIPPMANN, 2008, p. 146). Filmes recomendados: Babel (Babel, EUA, 2006) Direção: Alejandro González Imérito Cruzada (King dom of Haven, Espanha, EUA, Inglaterra, 2005) Direção: Ridley Scott Guerra dos Mundus (War of the worlds, EUA, 2005) Director: Steven Spielberg 35 Bibliografia - Aula 4 CHOMSKY, Noam. Controle da mídia. Rio de Janeiro: Grafia, 2003. Capítulo “Opinião pública” Parte I – “Introdução” / “O mundo exterior e as imagens em nossa mente” – p. 21 a 42. Parte II – “Abordagens ao mundo exterior” – p. 43 a 79. Parte III “Estereótipos” p. 81 a 146. In: LIPPMANN, Walter. Opinião pública. Rio de Janeiro: Vozes, 2008. 36 Aula 5 - Noticiabilidade, interesse e relevância pública Teorias de agendamento Estudos de Newsmaking Newsmaking – Estudo sobre como as notícias são produzidas no dia a dia. “Escrever uma notícia significa, na maior parte do tempo, um esforço para coordenar informações de várias fontes, às vezes contraditórias, em uma escrita compreensível para o leitor” (MARTINO, 2009, p. 35). Reduzir a complexidade do mundo; Texto simples e legível – Limites claros de tamanho, tempo de criação e dificuldade. Produção de notícias – Gatekeeper Gatekeeper - “Guardião do portão”; Responsável por selecionar o que é publicado nos meios de comunicação – Editor; Critérios de noticiabilidade/ “Valor-notícia”; Newsworthness/Fatores de seleção de notícias; A mídia decide por meio desses critérios o que será publicado, determinando as informações que serão recebidas pelo público e que irão influenciar na formação de sua opinião. Fatores de seleção de notícia 1) Frequencia ou momento do acontecimento. Quanto menos frequente, mais importante como notícia; 2) Magnitude do acontecimento; 3) Clareza; 4) Significação; 5) Correspondência ou consonância com as expectativas do público-alvo; 6) O inesperado; 37 7) Continuidade – notícia que interessará as pessoas após dias e semanas; 8) Composição; 9) Notícias sobre potências econômicas; 10) Reportagens sobre as celebridades; 11) Personalização; 12) O negativo. 38 PARTE IV – Interesses 11) O recrutamento do interesse Como fazer com que as pessoas se interessem por notícias? Utilização de recursos da ficção para atrair o interesse das pessoas; Utilização da emoção e histórias de vida (questão da identificação). “Quando os assuntos públicos são popularizados em discursos, manchetes, peças, filmes, cartuns, novelas, estátuas ou pinturas, sua transformação em interesse humano requer primeiro abstração de seu original e então animação do que foi abstraído.” “Não podemos estar muito interessados ou muito comovidos, por coisas que não vemos. Dos assuntos públicos cada um de nós vê muito pouco e eles permanecem maçantes até que alguém os transladam para um filme” (LIPPMANN, 2008, p.150) Imagens têm sido a maneira mais segura de transmitir uma ideia. “Mas as ideias transmitidas não são nossas até que tenhamos identificado a nós mesmos com algum aspecto da imagem.” (LIPPMANN, 2008: p. 152) “O que for aceito como verdade, como realista, como bom, como mal, como desejável, não é eternamente fixado. Eles são fixados por estereótipos.” (LIPPMANN, 2008: p. 154) 39 12 - O interesse próprio reconsiderado Mensagem nem sempre é compreendida exatamente pelo leitor/espectador como pretendia o repórter; “A mesma história não é nunca igual para todos os ouvintes. Cada um entrará nela em diferentes momentos, já que duas experiências não são iguais (...)” “Cada pessoa a reapresentará de seu próprio jeito e a tratará com seus próprios sentimentos.” (LIPPMANN, 2008: p.158). Questão da identificação - Em quase toda história que captura nossa atenção nos tornamos um personagem e atuamos fora do papel como uma pantomima de nós mesmos” (LIPPMANN, 2008: p. 158). Quanto mais mista for a audiência, maior será a variação na resposta. Pois à medida que a audiência torna-se maior, o número de palavras comuns diminui. Esta história é ouvida por pessoas diferentes que transferem suas próprias marcas. 40 PARTE V – A criação do interesse comum 13 - A transferência do interesse Como os políticos podem conseguir que grande parte da população se interesse por sua candidatura e lhe dê apoio? Líderes precisam do apoio dos liderados nas eleições – eleitos democraticamente por meio do voto. “Acima de tudo, a arte de induzir todo o tipo de pessoas que pensam diferentemente a votar de forma parecida é praticada em toda campanha política.” (LIPPMANN, 2009, p.180). Marketing político – Utilização da emoção para cativar o público em torno de um candidato ou causa. Sugestão: Filme Doces poderes (Brasil, 1997) – Lúcia Murta “O relato do que ocorreu fora de nossa visão e audição em um lugar onde nunca estivemos não pode e nunca poderá ter todas as dimensões da realidade (...)” “Mas ele pode despertar todas e algumas vezes ainda mais emoções do que a realidade (...)” “Dentro de limites que variam, a emoção é transferível tanto no que se refere ao estímulo como à resposta. Portanto, se em um número de pessoas, possuindo várias tendências para responder, você pode encontrar um estímulo que despertará a mesma emoção em muitas delas.” (LIPPMANN, 2008: p. 186). 41 PARTE V – A criação do interesse comum 14 – Sim ou não Símbolo – Convenção humana/ Associação – cultural; “Os símbolos são tão úteis e misteriosamente poderosos que a palavra exala um glamour mágico (...)” Exemplos: Bandeira brasileira – Verde – matas; Amarelo – riquezas naturais; Azul – céu estrelado; Representação do Cruzeiro do Sul - dia em que foi proclamada a República – 15 de novembro de 1889. As palavras não cristalizam sentimentos sem motivo. Elas precisam ser faladas por pessoas que consideramos importantes. “Na infância estamos dependentes de seres mais velhos para nossos contatos (...)” (p. 199) As pessoas às quais nós dependemos para contato com o mundo exterior são aquelas que parecem estar governando-o. Mas elas podem estar governando somente uma parte do mundo. O questionamento tende a quebrar a transferência da emoção de uma mente individual ao símbolo institucional. A desintegração de um símbolo, como o do Comunismo é sempre o início de uma grande revolta. 42 PARTE V – A criação do interesse comum 15 – Os líderes e os liderados Líderes – Utilização de símbolos para unir as pessoas em torno de uma causa. “Os símbolos têm sido apreciados pelos líderes, porque eram pontos focais onde as diferenças se fundiam (...)” “No símbolo a emoção é descarregada por meio de um alvo comum, e a idiossincrasia das ideias reais desaparece.” Símbolo – Mecanismo de solidariedade e de exploração. Também é um instrumento por meio do qual uns poucos podem modificar os muitos, impedir a crítica, e seduzir os homens; Mas quando resultados rápidos são imperativos, a influência das massaspor meio dos símbolos pode ser somente a única forma rápida de ter algo urgente a ser feito. É frequentemente mais importante agir do que entender. E às vezes é verdade que a ação falhará se todos a compreenderem. “O símbolo faz isso. Ele obscurece a intenção pessoal, neutraliza a discriminação, e ofusca o propósito individual.” Exemplo: Bandeira brasileira utilizada nas “Diretas-Já” e em manifestações públicas contra a corrupção (cores verde e amarela – “Caras pintadas”. “Ele focaliza a intenção do grupo e unifica em torno de uma ação com propósito (...) (LIPPMANN, 2008: p.211).” 43 Filme - uma manhã gloriosa Infotainment – Gênero jornalístico que combina informação e entretenimento, esferas vistas como opostas. Nos estudos do jornalismo, o infotainment é algo danoso e prejudicial para a racionalidade e seriedade que o jornalismo reivindica, uma vez que o entretenimento é tido como algo ligado ao prazer, promovendo a distração dos assuntos sérios. O filme Uma manhã gloriosa (Morning glory, EUA, 2010 - Direção: Roger Mitchell) apresenta de forma interessante o crescimento nos últimos anos no jornalismo do infotainment. Bibliografia – Aula 5 CHOMSKY, Noam. Controle da mídia. Rio de Janeiro: Graphia, 2003.Capítulo “Opinião pública” Parte IV – “Interesses.” – p.147 a 173 Parte V – “A criação do interesse comum.” – p. 175 a 219 In: LIPPMANN, Walter. Opinião pública. Rio de Janeiro: Vozes, 2008. páginas 9 a 17. MARTINO, Luís Mauro Sá. Teoria da comunicação: ideias, conceitos e métodos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. Item 8 – “Os estudos de Newsmaking.” - I. “A pesquisa em Comunicação” - (páginas 33 a 45).Seção A - A produção da Comunicação.” 44 Aula 6 - Pesquisas sobre o consumo de mídia no Brasil Foram estabelecidas amostras que retratam cada um dos 26 Estados e o Distrito Federal (DF). Período: 12 de outubro a 6 de novembro de 2013. 200 pesquisadores aplicaram 75 perguntas a 18.312 brasileiros em 848 municípios. A elaboração do questionário, a coleta de dados, a checagem e o processamento dos resultados estiveram a cargo do IBOPE Inteligência, empresa contratada em 2013, por meio de licitação, pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. Conhecer os hábitos de consumo de mídia da população brasileira a fim de subsidiar a elaboração da política de comunicação e divulgação social do Executivo Federal, sob responsabilidade da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. A coleta de dados foi realizada por meio de questionário estruturado com perguntas pré-codificadas e perguntas fechadas, aplicado por meio de tablets, em abordagem face a face em domicílios brasileiros. A coleta de dados foi realizada por meio de questionário estruturado com perguntas pré-codificadas e perguntas fechadas, aplicado por meio de tablets, em abordagem face a face em domicílios brasileiros. Hábitos de consumo de mídia impressa Cerca de 25% dos entrevistados leem jornais segundo a nova pesquisa e 15% leem revistas. Percebe-se, de imediato, que a maioria dos brasileiros não costumam consumir esse meio de comunicação: enquanto 75% dos entrevistados afirmaram não ler jornal, apenas 6% o fazem todos os dias. Se considerados os respondentes que leem jornal ao menos um dia por semana, o percentual de leitores sobe para 24%. Dessa forma, entre os meios estudados nesta pesquisa, apenas a revista impressa tem uma presença menor que o jornal nos hábitos de consumo de mídia da população brasileira. Quando os dados sobre a frequência de uso do jornal são segmentados a partir de recortes demográficos, é possível identificar alguns padrões com bastante clareza, por exemplo: a frequência de uso é maior entre homens do que entre mulheres– entre estas, 22% afirmam 45 ler jornal pelo menos uma vez por semana, já entre aqueles, esse percentual sobe para 27%. Além disso, a frequência tende a aumentar conforme o foco da análise se desloca dos estratos sociais de menor renda para os de maior renda familiar. O mesmo ocorre quando se observam recortes feitos a partir da escolar idade e do porte do município. Ou seja, quanto maior a renda, a escolaridade ou o porte do município, maior tende a ser a frequência de uso do jornal impresso. Jornal Com relação à intensidade do uso, observa-se que o brasileiro, quando se expõe ao meio jornal, dedica, em média, 1h05 a essa leitura. Quando é feito o recorte por unidade da Federação, percebe-se que essa média varia de 45 minutos, para os respondentes do estado do Tocantins, até 2h12, para os leitores de Goiás. Outro resultado desta pesquisa que vale ser destacado diz respeito aos cadernos mais citados pelos entrevistados. Os dados mostram que, com 33% das citações, o caderno de notícias da cidade (ou notícias locais) é a parte do jornal mais lembradas pelos respondentes como a que mais leem, seguido pelo caderno de esportes (25%), de notícias do Brasil (21%), de notícias policiais (16%) e dos cadernos de conteúdos relacionados a celebridades, fofocas e novelas (16%). Esses resultados, contudo, variam significativamente quando se faz recortes demográficos ou socioeconômicos. Se considerado o recorte por sexo, por exemplo, o caderno mais citado entre os homens é o de esporte (42%), enquanto, entre as mulheres, permanece o caderno de notícias locais (36%), seguido pelo caderno de celebridades, fofocas e novelas (27%). 46 Quando se faz o recorte por idade, percebe-se um crescente interesse por economia e política conforme aumenta a faixa etária do entrevistado. O mesmo ocorre quando o recorte é feito a partir da escolaridade e da renda familiar dos respondentes. Na lista dos jornais mais citados percebe-se a predominância de jornais populares e de baixo custo, que circulam em regiões metropolitanas bastante populosas, como Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador. Jornais mais citados – Segunda a sexta 47 Jornais mais citados – fim de semana Mídia impressa – Revistas mais lidas De acordo com os resultados sobre frequência de uso, apenas 1% dos entrevistados leem este meio todos os dias, enquanto 85% afirmam que não costumam ler ou nunca leem revistas impressas. Se considerado o fato de que, em geral, as revistas impressas têm edições semanais, ainda assim, a frequência ainda se mantém baixa, pois apenas 7% dos entrevistados afirmam ler revista uma vez por semana ou mais. A leitura de revista continua sendo um hábito pouco frequente entre os brasileiros mesmo quando são feitos recortes demográficos. No entanto, é possível apontar algumas diferenças relevantes quando são feitas segmentações por sexo, escolaridade, porte do município, renda familiar e, em menor grau, por faixa etária. Primeiramente, verifica-se que a leitura de revistas é mais frequente entre mulheres que entre homens – 16% das entrevistadas afirmam ler revista pelo menos 48 uma vez por semana, o que ocorre com apenas 9% dos entrevistados. No caso dos estratos feitos a partir da escolaridade, do porte do município e da renda familiar, percebe-se que quanto maior for o valor atribuído a cada uma dessas variáveis, maior tende a ser a frequência de uso do meio em questão. A tendência inversa é observada, ainda que com menor consistência,na estratificação por faixa etária: quanto maior a idade do respondente, menor tende a ser a frequência de uso da revista impressa. Com relação à intensidade do uso, os resultados mostram que, quando o brasileiro lê revista, costuma fazê-lo, em média, por 1h06. Cabe destacar os resultados relativos às Regiões Norte (1h28) e Centro-Oeste (1h38), que ficaram bastante acima da média nacional. No primeiro caso apenas Amapá (00h59) e Tocantins (00h44) registraram médias inferiores à nacional. No segundo, o estado de Goiás (2h01) e o Distrito Federal (1h50) contribuíram para elevar significativamente a média regional, pois, os demais estados registraram médias que estão entre as mais baixas do país. Do público leitor de revistas, cerca de metade apontou a revista Veja como uma das revistas mais lidas (50,4%); Um em cada quatro leitores de revistas leem apenas a revista Veja (25,5%). Obs: Dados da pesquisa de 201 49 Mídia impressa – Revistas mais lidas Dos que costumam ler livros, 48 % afirmaram ter lido entre dois e cinco livros de forma completa nos últimos seis meses; Outros 25,8% afirmaram ter lido um livro; Já 11,8% afirmaram que, apesar de cultivar o hábito da leitura, não conseguiram ler um livro de forma completa no período. Segundo os dados do presente estudo, o brasileiro lê, em média, 1,9 livros por ano; As proporções relativas ao hábito de leitura apresentaram relação direta com os níveis de escolaridade e renda. Níveis de escolaridade e renda mais altos corresponderam aos percentuais mais elevados de leitura. Na faixa de renda familiar mais alta (mais de 10 salários mínimos) a proporção de leitura de livros alcançou 67% dos entrevistados; o percentual de leitura de jornais foi de 65,2% e de revistas 59,1%. Obs: Dados da pesquisa de 2010. 50 Televisão Continua sendo predominante a presença da TV nos lares do país, apesar do rápido crescimento da internet. 97% dos entrevistados afirmaram ver TV, um hábito que une praticamente todos os brasileiros. Em geral, a maior parte dos brasileiros assiste televisão todos os dias da semana (65%), com uma intensidade diária de 3h29 de 2ª a 6ª feira e de 3h32 no final de semana. Além disso, os dados mostram que mulheres se expõem com maior frequência ao meio TV que os homens (67% delas assistem TV todos os dias, enquanto 63% deles têm a mesma rotina). Nos finais de semana, estas reduzem sua intensidade enquanto aqueles aumentam – as mulheres continuam sendo as principais usuárias do meio TV, com 3h38 de uso médio por exposição, contra 3h26 do público masculino. Nesse contexto, é possível perceber que, de 2ª a 6ª, há uma forte prevalência de programas de cunho jornalístico ou de notícias, com 80% das citações, seguidos por telenovelas, com 48%. Nos finais de semana os programas de auditório assumem o primeiro lugar, com 79% das citações, seguido por programas considerados de cunho jornalístico/diversidades e programas esportivos, com 35% e 27% das lembranças, respectivamente. Nesse contexto, é possível perceber que, de 2ª a 6ª, há uma forte prevalência de programas de cunho jornalístico ou de notícias, com 80% das citações, seguidos por telenovelas, com 48%. Nos finais de semana os programas de auditório assumem o primeiro lugar, com 79% das citações, seguido por programas considerados de cunho jornalístico/diversidades e programas esportivos, com 35% e 27% das lembranças, respectivamente. Por fim, os dados sobre estrutura de acesso à TV abordam questões sobre a cobertura de TV por assinatura e a posse de antena parabólica. No primeiro caso, é possível afirmar que 31% dos lares brasileiros são atendidos por um serviço pago de TV, em contraste com a ampla presença da TV aberta, que está em 91% dos domicílios brasileiros. 51 (24% dos entrevistados afirmam possuir ambas as formas de acesso em suas residências). Um olhar sobre os dados segmentados mostra uma correlação entre renda e acesso a TV paga: 61% dos entrevistados com renda familiar acima de 5 salários mínimos afirmam possuir esse tipo de serviço. De forma semelhante, os estratos mais associados a maiores rendas também apresentam os maiores níveis de acesso à TV paga. É o caso dos respondentes com ensino superior (59%), moradores de grandes centros urbanos (59%) e das Unidades da Federal com maior renda per capita – Distrito Federal (48%), São Paulo (47%) e Rio de Janeiro (58%). Com relação à posse de antena parabólica, presente nos lares de 37% dos entrevistados, é possível afirmar que sua posse apresenta características inversas às da TV paga. Enquanto essa está presente nos grandes centros urbanos e acessível aos estratos mais ricos e escolarizados, a antena parabólica é mais comum no interior do país: sua posse é declarada por 65% dos entrevistados residentes em municípios com até 20 mil habitantes, contra 17% nos municípios com mais de 500 mil habitantes. 52 Televisão - Segunda a sexta Fim de semana 53 Telejornal % Jornal Nacional 45 Jornal da Record 16 Jornal Hoje 6,2 Balanço Geral 5,8 Globo Esporte 5,3 Jornal da Band 4,0 Jornal da Globo 3,3 Bom Dia, Brasil 3,3 Brasil Urgente 3,1 Fantástico 3,1 SBT Brasil 3,0 Jornal do Almoço 1,8 Fala Brasil 1,6 RBS Notícias 1,2 BA TV 1,1 Globo Notícia 1,1 Domingo Espetacular 1,1 MGTV – 1ª edição 1,0 SPTV – 1ª edição 0,9 54 Rádio O rádio é ouvido por uma parcela expressiva da população (80,3%); Embora esse percentual seja inferior ao da audiência da televisão, constitui um índice muito elevado e significativo. O rádio é um meio de comunicação muito presentes na vida das pessoas: 61% têm o costume de ouvir rádio. De imediato, verifica-se uma frequência inferior à da televisão: em geral, 21% dos brasileiros ouvem rádio todos os dias da semana, enquanto 39% nunca o fazem. Contudo, uma vez expostos a este meio, os entrevistados apresentam intensidade de uso próxima à registrada para a TV, sendo 3h07 de 2ª a 6ª e 3h no final de semana. Além disso, os dados mostram que, em geral, os estados das Regiões Centro-Oeste e Norte são os que menos utilizam o meio rádio, 52% e 51% dos entrevistados nessas regiões afirmam nunca ouvir rádio. Nestas regiões, apenas 16% e 12% dos entrevistados ouvem rádio todos os dias. O oposto disso ocorre na região Sul, onde a proporção de pessoas que nunca ouvem rádio cai para 35% e o percentual de ouvintes contumazes (sete dias por semana) chega a 27%, média puxada para cima em função dos ouvintes do Rio Grande do Sul. Neste Estado 35% dos respondentes são expostos todos os dias a este meio, o que representa o valor mais elevado registrado no país. A segmentação por idade também mostra resultados importantes. Nesse caso, percebe-se um constante, ainda que ligeiro, aumento na frequência de uso de rádio conforme aumenta a faixa etária do entrevistado. O percentual dos que ouvem rádio todos os dias, por exemplo, sobe de 15% entre os mais jovens para 26% entre a população com mais de 65 anos. As demais segmentações sobre frequência de uso mostram um padrão bastante próximo ao nacional. Outras diferenças significativas entre estratos demográficos podem ser identificadas quando analisados os resultados relativos à intensidade de uso. 55 Primeiramente, esses resultados mostram que, em média, as mulheres tendem a seexpor ao meio rádio com mais intensidade que homens tanto de segunda a sexta-feira quanto nos finais de semana. Enquanto homens normalmente ouvem rádio, em média, por 2h59 de 2ª a 6ª e por 2h45 nos finais de semana, a audiência feminina mantém uma média de 3h14 em ambas circunstâncias. Outro resultado importante pode ser extraído quando se faz o recorte pelo porte do município. Percebe-se que quanto maior a cidade, mais duradoura tende a ser cada exposição ao meio rádio. De 2ª a 6ª, nos pequenos municípios (até 20 mil habitantes), os entrevistados ouvem, em média, a 2h46 de transmissão por dia, essa média aumenta gradualmente conforme aumenta o porte da cidade, atingindo o patamar de 3h30 nos municípios de mais de 500 mil habitantes. Fenômeno similar é observado nos finais de semana, quando se observa uma média de 2h39 para pequenos municípios e 3h23 para os grandes aglomerados urbanos. Ademais, os dados mostram que os estados das regiões Nordeste e Norte são os que apresentam as menores médias de uso diário do rádio no país. Na região Nordeste, apesar de Sergipe e Pernambuco chegarem a superar a média nacional (que é de 3h07 de 2ª a 6ª; e 3h nos finais de semana), o restante dos estados apresenta média diária de exposição ao rádio bastante inferior à média nacional, puxando a média da região para baixo tanto de 2ª a 6ª (quando a média regional é de 2h30), quanto nos finais de semana (média regional de 2h31). Algo parecido ocorre com os estados da Região Norte, onde a média de 2ª a 6ª e nos finais de semana está em 2h38 em ambos os momentos. Inversamente, os estados das regiões Centro -Oeste e Sudeste, em geral, apresentam valores iguais ou maiores à média nacional. De 2ª a 6ª, a intensidade de uso média nessas regiões é de 3h38 e 3h28, valores amplamente influenciados pelo hábito de ouvintes de Goiás e Rio de Janeiro, que apresentam as maiores médias nacionais para esse período. Nos finais de semana, a região Centro-Oeste reduz o uso para patamares próximos à média nacional, enquanto a região Sudeste mantém uma média significativamente elevada, novamente em função dos ouvintes fluminenses. 56 Emissoras mais ouvidas durante a semana Emissoras mais ouvidas durante o fim de semana 57 Internet A internet também está presentes na vida das pessoas: 47% têm o hábito de acessar a internet. Em geral, enquanto a maioria dos brasileiros (53%) nunca acessa a internet, aproximadamente um quarto da população (26%) o faz nos dias da semana e com uma intensidade diária de 3h39 de 2ª a 6ª feira e de 3h43 no final de semana. A segmentação dos resultados de frequência de uso mostra que o hábito de acessar a internet é mais comum na população mais jovem, nos maiores centros urbanos e nos estratos de maior renda e escolaridade. Primeiramente, 77% dos entrevistados com menos de 25 anos têm contato com a rede, pelo menos, uma vez por semana. Esse percentual cai para 3% entre os respondentes com mais de 65 anos. Quando observado o recorte por porte de município, percebe-se que quanto maior a cidade, mais frequente tende a ser o contato de sua população com a rede mundial de computadores. Enquanto 34% dos entrevistados de pequenas cidades (com menos de 20 mil habitantes) acessam a internet pelo menos uma vez por semana, 56% dos respondentes das maiores cidades apresentam essa frequência de exposição. Fenômeno similar é observado em relação à renda familiar e à escolaridade. Entre os entrevistados com renda familiar de até 1 salário mínino, a proporção dos que acessa a internet pelo menos uma vez por semana é de 21%, quando a renda familiar é superior a 5 salários mínimos, a proporção sobe para 75%. Por sua vez, o recorte por escolaridade mostra que 87% dos respondentes com ensino superior acessam a internet pelo menos uma vez por semana, enquanto apenas 8% dos entrevistados que estudaram até 4ª série o fazem com a mesma frequência. Os dados de intensidade de uso, quando segmentados, revelam comportamentos bastante parecidos com o de frequência de uso. Mais precisamente, os segmentos que passam mais tempo online a cada contato, tanto de 2ª a 6ª, quanto nos fins de semana, tendem a ser os mesmo que utilizam a 58 internet com mais frequência: as faixas etárias mais jovens, os moradores de grandes centros urbanos e os estratos de maior renda e escolaridade. De imediato, é possível destacar o peso que as redes sociais - em especial o Facebook – têm nos hábitos de uso da internet no Brasil: 68,5% das citações referentes ao período de 2ª a 6ª e 70,8% das citações referentes aos finais de semana apontam as redes sociais como os sites mais acessados pelos entrevistados, que, nesta questão podiam apontar até três respostas. Quando questionados sobre os sites que mais utilizam para se informar, os entrevistados novamente apontam as redes sociais, que neste caso têm 32,1% das citações. Os dados da seção seguinte são relativos ao local em que o respondente acessa a internet. Mais precisamente, os resultados permitem saber se o entrevistado tem acesso à internet de sua residência ou em outro local. Os resultados mostram que, apesar de ser bastante significativo o número de pessoas que têm acesso à internet em casa (47%), a maioria dos brasileiros (52%) ainda não contam com esse serviço em suas residências. Nesse caso, percebe-se uma estreita correlação entre renda e acesso à web. Entre os respondentes com renda familiar acima de 5 salários mínimos, 78% têm acesso à rede em casa, o que ocorre com apenas 16% dos entrevistados com até 1 salário mínimo de renda familiar. Da mesma forma, os estratos mais escolarizados apresentam maior proporção de domicílios com acesso à internet, trata-se de 84% entre os respondentes com curso superior, contra apenas 20% entre os que cursaram até a 4ª série. Vale destacar que os estados de maior renda per capita são os que têm maior prevalência do serviço em domicílio, nesse caso, pode se tomar como exemplo o Distrito Federal (63%) e o estado de São Paulo (62%) em contrastes com estados de menor renda, como Maranhão (23%) e Piauí (27%). Os resultados mostram que a maioria dos entrevistados (84%) acessa a internet via computador, seguido pelo celular (com 40%). Há ainda uma pequena parcela (8%) dos pesquisados que utiliza tablets para acessar a rede de computadores. 59 Sites mais acessados durante a semana Sites mais acessados durante o fim de semana 60 Blogs e sites mais citados como fontes de informação Confiança do público nos meios de Comunicação Em várias pesquisas de opinião pública, é comum a presença de questões relativas ao nível de confiança dos entrevistados na mídia em geral e, em alguns casos, em seus diferentes meios. A importância desse levantamento pode ser creditada ao papel determinante da mídia sobre aspectos centrais do funcionamento da sociedade contemporânea, como a formação da agenda pública e a distribuição de informação a diferentes segmentos sociais. Nesta pesquisa, os entrevistados foram interrogados sobre seu nível de confiança nas notícias e publicidades veiculadas por diferentes meios de comunicação: TV, rádio, jornais, revistas, sites, blogs e redes sociais. As informações que apresentam maior nível de confiança são as notícias veiculadas pelos jornais impressos (53% dos entrevistados 61 que utilizam esse meio dizem confiar sempre ou muitas vezes),seguidos pelas notícias do rádio e da TV, tecnicamente empatadas com 50% e 49%, respectivamente. Com o menor nível de confiança entre os entrevistados, estão as notícias publicadas por blogs – apenas 22% dos pesquisados confiam sempre ou muitas vezes nesse tipo de conteúdo. Em seguida, em posição um pouco melhor, aparecem notícias de redes sociais (24%) e de sites (28%). Por fim, é válido ressaltar que alguns aspectos mais específicos podem ser identificados a partir da observação das segmentações demográficas utilizadas nesta publicação. Nesse sentido, os recortes demográficos mostram, por exemplo, que há uma relação direta entre renda e confiança, ou seja, verifica-se uma tendência de aumento da confiança na mídia conforme a renda familiar do entrevistado. Os resultados também sugerem que essa relação se inverte quando o recorte é feito a partir do porte do município, nesse caso, quanto maior for a cidade do respondente, menor tende a ser a sua confiança na mídia. Na comparação entre as Unidades da Federação, percebe-se que, em geral, os respondentes do Amazonas tendem a apresentar os maiores percentuais de confiança na mídia, seguidos pelos entrevistados de Minas Gerais. A esses estados junta-se a Bahia, principalmente, quando as notícias e as propagandas são veiculadas online. Inversamente, os estados com os menores índices de confiança na mídia em geral tendem a ser Alagoas e Sergipe. 62 Nível de formação e informação da população A maioria dos entrevistados percebe as notícias veiculadas pela mídia como tendenciosas (57,3%); Apenas 24,3% consideram estas notícias como isentas e imparciais. Obs: Dados da pesquisa de 2010. 63 72,1% acredita pouco no que é veiculado nos meios de comunicação; 18,8% acredita muito e 7,9% não acredita. O fator renda está fortemente relacionado com a avaliação crítica das notícias e dos meios de comunicação. À medida que aumenta a renda do entrevistado, também aumenta a proporção dos que consideram as notícias veiculadas pela mídia em geral tendenciosas e parciais. Nas faixas de renda mais elevadas a proporção de pessoas que acreditam muito no que é dito pelos meios de comunicação é menor em relação às faixas de renda mais baixas. Obs: Dados da pesquisa de 2010. Para 33,7% dos entrevistados William Bonner é o apresentador mais confiável. Outros 18,1% consideram Fátima Bernardes a apresentadora mais confiável. Em terceiro lugar encontram-se Boris Casoy, da Rede Bandeirantes, com 4% das indicações. William Bonner também foi destacado como comunicador que auxilia na decisão de opinião ou mudanças de ideia (12%); Contudo a maioria (85,2%) disse que nenhum comunicador influencia na formação de sua opinião. Obs: Dados da pesquisa de 2010. 64 Considerações finais 1) Continua sendo predominante a presença da TV nos lares do país, apesar do rápido crescimento da internet. Nada menos que 97% dos entrevistados afirmaram ver TV, um hábito que une praticamente todos os brasileiros, com independência de gênero, idade, renda, nível educacional ou localização geográfica. O meio de comunicação preferido pelos brasileiros é a TV (76,4%), seguido pela internet (13,1%), pelo rádio (7,9%), pelos jornais impressos (1,5%) e pelas revistas (0,3%) – outras respostas somam 0,8%. 2) Cerca de 25% dos entrevistados leem jornais segundo a nova pesquisa e 15% leem revistas. Dessa forma, entre os meios estudados nesta pesquisa, apenas a revista impressa tem uma presença menor que o jornal nos hábitos de consumo de mídia da 3) O hábito de leitura da população apresentou relação direta com o nível de escolaridade e renda familiar; Pessoas mais cultas e de maior poder financeiro leem mais jornais e revistas, assim como desenvolvem em maior intensidade o hábito de leitura de livros em geral. 4) Entre os mais jovens, na faixa de 16 a 25 anos, a preferência pela TV cai a 70% e a citação à internet sobe a 25%, ficando o rádio com 4% e os demais com menções próximas de 0%. Como em outros países, devemos continuar assistindo também no Brasil a um crescimento da adesão aos meios digitais de comunicação nos próximos anos. 5) A internet também está presentes na vida das pessoas: 47% têm o hábito de acessar a internet. É possível destacar o peso que as redes sociais - em especial o Facebook – têm nos hábitos de uso da internet no Brasil: 68,5% das citações referentes ao período 65 de 2ª a 6ª e 70,8% das citações referentes aos finais de semana apontam as redes sociais como os sites mais acessados pelos entrevistados. 6) Os resultados mostram que a maioria dos entrevistados (84%) acessa a internet via computador, seguido pelo celular (com 40%). Há ainda uma pequena parcela (8%) dos pesquisados que utiliza tablets para acessar a rede de computadores. 7) Os meios de comunicação constituem-se nas principais fontes de informação sobre o Governo Federal. Ainda que a maioria desconfie em relação a sua isenção e imparcialidade e considere incompletas as informações veiculadas sobre o governo, utiliza as informações obtidas nestes meios para formar a sua opinião. Essa utilização, não significa, contudo, aceitação total ou incorporação direta de conteúdos. A maioria afirmou que os meios de comunicação ou os apresentadores não exercem influência direta para a decisão de sua opinião ou para mudar sua ideia 66 Pesquisa IAB – Brasil Conectado Buscar compreender a audiência online no Brasil, seu envolvimento com a internet e os diversos tipos de tecnologia (hábitos), percepções e atitudes; Investigar a importância crescente da internet no cotidiano dos usuários brasileiros de internet; Internet é a mídia mais consumida – 36% mais de 2 horas; Navegando na web por meio de vários dispositivos; 42% deles passam pelo menos 2 horas, enquanto 25% passam o mesmo tempo na TV. Atividade preferida com 15 minutos de tempo livre: internet é o meio preferido em todas as faixas etárias. Consistente entre todas as faixas de renda e regiões do país Importância dos tipos de mídia: A internet é considerada importante para 80% dos usuários. Consumo de Mídia em Casa: Em casa, a internet é a mais utilizada das mídias (manhã, tarde e noite); O uso da internet já supera o uso de jornal pela manhã e o de TV à noite. 67 Consumo de mídia em outros lugares: A internet é também a mídia mais utilizada em todos os demais lugares e situações de um dia típico. Como é o acesso: Tipos de canais Desktops e laptops ainda são as formas mais usadas para acessar a internet. Jovens utilizam menos computadores e mais smartphones, tablets e consoles de videogame. Como a internet é acessada: Número de Canais A maioria da audiência brasileira online acessa a internet via dois ou mais canais (62%); Destaca-se a faixa etária de jovens adultos entre 25 e 34 anos, onde quase 25% vem acessando a internet via quatro ou mais canais; Frequência de Consumo - Internet & TV A maioria dos usuários de Internet navega na web várias vezes ao dia (79%); A metade deles tambem assistem TV mais de uma vez (56%); Pessoas de 25 a 44 anos e mulheres tem o maior uso da web várias vezes ao dia; TV tem menor frequência no grupo de 15 a 24 anos Uso paralelo de computador eTV Aproximadamente seis em cada dez (61%) brasileiros usuários de internet usam pelo menos frequentemente o computador ou laptop enquanto vêem TV; Dentre aqueles que usam computador e TV simultaneamente, quase a totalidade presta igual ou mais atenção à internet; As mulheres são mais propensas que os homens a se engajarem no uso paralelo de computador e TV. Caso de Amor Digital = Realidade… Audiência relevante; Valorizada como mídia e publicidade; Gerando negócios e decisões informadas; Desafio – Orquestrar: Novo Momento, nova mídia, nova linguagem. Bibliografia – Aula 6 “Pesquisa Brasileira de Mídia 2014 – Hábitos de Consumo de Mídia da População Brasileira.” Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. Disponível em: http://observatoriodaimprensa.com.br/download/PesquisaBrasileiradeMid ia2014.pdf 68 “Hábitos de Informação e Formação de Opinião da População Brasileira – Relatório Consolidado.” Meta Pesquisas. Secretaria de Comunicação. Governo Federal, 2010. Disponível em: www.fenapro.org.br/relatoriodepesquisa.pdf “IAB - Brasil – Consumo de Mídia Brasil 2012” Disponível em: http://www.iabbrasil.org.br/arquivos/IAB_Brasil_conectado_consumodem edia.pdf. AULA 7 - Novas tecnologias e nova opinião pública – TIC Domicílios Apresentação da “Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação no Brasil.” Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR. Brasília: Cetic.br, 2011. Disponível no endereço eletrônico: Amostra da pesquisa: 317 municípios selecionados; 2.500 setores censitários; 25 mil domicílios/entrevistas; Principais destaques: Cresce a posse do computador e internet nos domicílios Computador e internet apresentam crescimento expressivo; 28,1 milhões de computadores com computador; 24,3 milhões de domicílios com acesso à internet. 80,9 milhões de usuários de internet no país. 139,8 milhões de usuários de celular. 69 Tendências: Crescimento da utilização da internet por meio de dispositivos móveis; Regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste são os que mais utilizam internet. Barreiras para o crescimento da internet: Falta de infraestrutura; Custo alto em relação aos outros países. PARTE VI - A imagem da democracia 16 - O homem egocêntrico O líder - vocaliza a opinião frequente da massa e ganha confiança; Lidera o “rebanho assustado”. PARTE VI - A imagem da democracia 17 – A comunidade autocontida “Que grupos de pessoas egocêntricas acabam se envolvendo em uma luta pela existência no caso em que ocorre a provocação mútua tem sido sempre evidente (...)” Hobbes – Leviatã – “O fato é que em todos os tempos reis e pessoas dotadas de autoridade soberana, devido à sua independência, estão em ciúme contínuo e em estado e postura de gladiadores, tendo suas armas apontadas e 70 seus olhos fixados um no outro...” (LIPPMANN, 2008). “Quanto mais autoritário você imaginar o condutor de uma sinfonia, ele cuidará que nela cada homem toque a sua parte.” 18 – O papel da força, patronagem e privilégio “Ao constituir um governo que é ser administrado homens por homens (...) a grande dificuldade está nisso: você precisa primeiro capacitar o governo a controlar os governados e (...) obrigar a controlar a si próprio” (LIPPMANN, 2008, p.243). “O mais criativo e inteligente deputado não pode esperar entender uma fração das leis sobre as quais ele vota. O melhor que ele pode fazer é se especializar em algumas leis (...) (p.252).” 19 – A velha imagem numa nova forma: o socialismo corporativo Se as decisões fossem descentralizadas eles logo tropeçavam em um caos de opiniões locais. Se fossem centralizadas, a política do estado estava baseada nas opiniões de um pequeno grupo social da capital. Em qualquer caso a força era necessária para defender um direito local contra o outro, para defender toda a sociedade, centralizada ou descentralizada, contra a barbárie externa. “Se um homem não está interessado o suficiente em votar, ele pode abrir mão do seu direito de votar (...)” “O resultado não é menos democrático do que se ele votasse cegamente e sem interesse” (LIPPMANN, 2008). 71 20 – Uma nova imagem “(...) Não interessa como o poder se origina, o interesse crucial está em como o poder é exercitado. O que determina a qualidade da civilização é o uso feito do poder (...)” (LIPPMANN, 2008). PARTE VII – Jornais 21 - O público consumidor Universalmente é admitido que a imprensa é o principal meio de contato com o ambiente indivisível. E em praticamente todos os lugares se supõe que a imprensa deveria fazer espontaneamente por nós o que a democracia primitiva imaginava o que cada um de nós faria espontaneamente para si próprio. E que cada dia e duas vezes ao dia apresentaria a nós uma imagem verdadeira do mundo exterior na qual estamos interessados. “Os anunciantes compram espaço naquelas publicações que eles estão certos de que chegarão a seus futuros consumidores.” “Onde for que você encontre um jornal traindo seus leitores em nome de um anunciante, você pode estar razoavelmente certo de que ou o proprietário de jornal sinceramente partilha as visões do anunciante (...)” “É uma questão de se os leitores, que não pagam em dinheiro pelas notícias, pagarão a ele em lealdade (...)” 72 22 - O leitor habitual “O leitor é o único juiz diário de sua lealdade (p.281)” “Cada um de nós tende a julgar um jornal, se nós o julgarmos verdadeiramente, por seu tratamento daquela parte das notícias com a qual nos sentimos envolvidos. O jornal trata com uma multiplicidade de eventos que estão além de nossa experiência (...)” “Se a notícia é local, e se há competição, o editor sabe que ele provavelmente ouvirá queixa do homem que pensa que sua descrição foi injusta e incorreta(...)” “Mas se as notícias não forem locais, a correção diminui à medida que o assunto recua na distância (p.282)” Para se diferenciarem e reunirem um público fiel a maioria dos jornais tiveram que ir além do campo das notícias gerais. Segundo Lippmann, a reportagem, é a atividade pior remunerada do trabalho jornalístico e a menos valorizada. 23 - A natureza das notícias Todos os repórteres do mundo trabalhando todas as horas do dia não poderiam testemunhar todos os acontecimentos no mundo. “Os jornais têm observadores estacionados em certos lugares, como o quartel- general da polícia, promotoria pública, câmara municipal, prefeitura” (...) (LIPPMANN, 2008). 73 Todo jornal quando alcança o leitor é o resultado de uma série completa de seleções sobre que itens e em que posição devem ser publicados, quanto espaço cada estória deve ocupar, que ênfase deve ter. Não há padrões objetivos aqui. Existem convenções. Notícia – Versão dos fatos, da realidade. Realidade é muito complexa, então o editor (Gatekeepers) faz um recorte, determina por meio dos critérios de noticiabilidade o que é notícia e o que não é. 24 - Notícias, verdade e uma conclusão Notícia é diferente de realidade. Realidade é complexa, formada por diversos fatos; Notícia é sempre uma versão da realidade e dos fatos, criada a partir de seleções feitas pelo repórter (escolha de fontes, ângulos, espaço e tempo disponíveis).
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