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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS Relatório de Ecotoxicologia Experimento II Determinação de colinesterase em sangue Alunos: Matrícula: Jussara Ferreira Mesquita 2015.1.13.041 Levy Bueno Alves 2015.1.13.031 Rosângela Gonçalves 2015.1.13.034 Profª. Eduardo Costa Figueiredo Alfenas, 20 de Setembro de 2017 Introdução As colinesterases são enzimas do grupo das hidrolases que possuem a função de catalisar a hidrolise da acetilcolina e outras colinas. Há dois tipos de enzimas designadas colinesterases: a acetilcolinesterase e a pseudocolinesterase. Enquanto as acetilcolinesterases predominam nos eritrócitos, neurônios, glânglios do sistema nervoso autônomo e em placas motoras terminais, as pseudocolinesterases encontram-se predominantemente no plasma, fígado, músculo liso e adipócitos. Os inseticidas organofosforados, organoclorados e/ou carbamatos têm propriedades de inibição destas enzimas. De acordo a OPAS/OAMS, 1996, os inseticidas organofosforados são inibidores da colinesterase e responsáveis pela maioria das mortes por intoxicação no Brasil. Estes são absorvidos pela pele, por ingestão ou por inalação. A inibição da enzima colinesterase, principalmente acetilcolinesterase, provoca o aumento da concentração da acetilcolina nas sinapses nervosas e desencadeia efeitos parassimpáticos. A colinesterase pode sofre alterações como a diminuição de sua concentração basal em pessoas que são expostas constantemente a esses inseticidas. E, como esse tipo de enzima também está presente no sangue e igualmente inibida, a determinação da atividade de colinesterase no sangue é de grande importância para a verificação do grau de exposição a inseticidas organofosforados e carbonatos. Devido ao vasto emprego destes compostos, grande número de pessoas estão ocupacionalmente expostas. Segundo Soares (2003), a exposição por agrotóxicos pode levar a problemas respiratórios, como bronquite asmática, distúrbios, gastrointestinais, musculares, debilidade motora, fraqueza. E ainda, segundo Faria et. Al. (1996), pessoas que tiveram intoxicação aguda por organofosforado, moderada, raras e leves apresentam sequelas neuropsicológicas. Objetivo Determinar através de reagentes a atividade da colinesterase no sangue em amostras de sangue total (St) e plasma (Pl) por espectrometria. Métodos Para a determinação de colinesterase em sangue existe dois métodos que são mais amplamente utilizados. Os métodos utilizados baseiam-se na medida da velocidade de hidrólise da acetilcolina pelas acetilcolinesterases. O método Colorimétrico, se baseia na variação do pH do meio de reação, pelo ácido acético liberado na hidrólise da acetilcolina pela enzima colinesterase, que é verificada através do indicador azul de bromotimol, assumindo diferentes colorações em função da atividade enzimática, e o Método Espectrofotométrico, conhecido como método de Ellman et al, é baseado na medida colorimétrica da velocidade de hidrólise da acetilcolina pelas colinesterases sanguíneas - a tiocolina liberada reage com o ácido 5,5- ditiobis(2-nitrobenzóico) (DTNB) liberando um composto de cor amarela que é quantificado pelo espectrofotômetro. Nessa prática foi adotado o método de Ellman e foram utilizadas técnicas para mensuração do sangue total e do plasma para a avaliação da amostra de sangue. Na técnica para sangue total, pipetou-se 9,0 ml de tampão fosfato de pH 7,4 em um tubo de ensaio de 15 ml e adicionou-se 10 µL de sangue total e homogeneizou. Após isso transferiu-se 3,0 ml do sangue total para uma cubeta e adicionou-se 100,0 µL de DNTB e homogeneizou novamente. Adicionou-se 50,0 µL de acetiltiocolina à cubeta, e em seguida, foi realizada duas leituras no espectrofotômetro com o auxílio de um cronômetro, a primeira no tempo de 30 segundos e a segunda após o decorrer de 3 minutos. Na técnica para o plasma, pipetou-se também 9 ,0 ml de tampão fosfato pH 7,4 em um tubo de ensaio de 15 ml e adicionou-se 40 µL de plasma e homogeneizou. Em seguida, transferiu-se 3 ml do plasma para uma cubeta e, logo, adicionou-se junto 100 µL de DNTB e homogeneizou. Adicionou-se 50,0 µL do substrato à cubeta, e assim como na técnica para sangue total, realizou-se as leituras sob as mesmas circunstâncias. Resultados e discussões A análise da amostra foi possível encontrar os valores utilizando a seguinte fórmula: ∆𝐴𝑏𝑣 = 𝐴𝑏𝑣2 − 𝐴𝑏𝑣1 Onde ∆𝐴𝑏𝑣 é a variação entre os valores de absorbância observados, 𝐴𝑏𝑣2 a leitura da absorbância encontrada no tempo de 3 minutos e 𝐴𝑏𝑣1, no tempo de 30 segundos. Foi obtido os seguintes dados: Foi possível obter através das seguintes fórmulas a atividade da colinesterase total (ST) e a atividade da colinesterase plasmática (PL), respectivamente: 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑆𝑇 = ∆𝐴𝑏𝑣 × 100 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑃𝐿 = ∆𝐴𝑏𝑣 × 25 E assim encontrar seus respectivos valores de atividade: 8,0 de atividade ST e 2,025 de atividade PL. Como a reação foi feita à temperatura ambiente, a atividade foi corrigida de acordo com a temperatura de 24ºC. Obtendo: 𝑆𝑇 = 8 × 1,039 → 8,31 𝑃𝐿 = 2,025 × 1,045 → 2,12 Através desses resultados também foi possível determinar a acetilcolinesterase eritrocitária através da fórmula: 𝐸 = 100 𝐻𝑡 × 𝑆𝑇 − 𝑃𝐿 (1 − 𝐻𝑡 100 ) Onde foi encontrado o valor de 19,503 de atividade colinesterásica eritrocitária. Sendo este, o indicador biológico que melhor representa a atividade enzimática. Pois possui a vantagem de viabilizar comparações por ser o indicador de efeito mais usado em avaliações laboratoriais de exposição aos agrotóxicos. Amostras 𝐴𝑏𝑣1 𝐴𝑏𝑣2 ∆𝐴𝑏𝑣 ST 0,089 0,169 0,08 PL 0,149 0,230 0,081 Após os cálculos, os resultados obtidos foram: Eritrocitária 59,37% Plasmática 69,71% Total 66,76% Para a interpretação dos resultados, utilizou-se referências do Índice Biológico Máximo Permitido (IBMP), que está na seguinte tabela: Eritrocitária 30% de depressão Plasmática 50% de inibição Total 25% de inibição Interpretação Através do método de Ellman, ou método espectrofotométrico, é possível constatar através das referências de normalidade que a atividade colinesterásica do sangue total está abaixo da faixa de normalidade. Diante disso, a atividade colinesterásica eritrocitária, que é a verdadeira, nos permite afirmar que está abaixo da normalidade, pois apresenta uma depressão eritrocitária de 59,37%, quase o dobro do índice máximo permitido para inibição eritrocitária, que é de 30%. Portanto, podemos concluir que o indivíduo pode estar numa condição de intoxicação por organofosforados e/ou organoclorados, ou até mesmo, os valores diminuídos de colinesterase no soro podem estar relacionados também a patologias como hepatite aguda, hepatite crônica de longa duração, cirrose e carcinoma metastático Conclusão O objetivo da prática foi atingido pois foi possível determinar, por meio de reagentes, a atividade da colinesterase numa amostra de sangue. Concluímos também que os exames da atividade colinesterásica é um importante indicador na intoxicação por organofosforado e carbanatos, de pessoas intoxicadas por agrotóxicos. Quanto menor o nível da atividade enzimática, maior o grau de intoxicação Entretanto, oexame está sujeito associado a outros tipos de patologias que podem interferir no resultado, como exemplo, doenças como a diabetes e a hipertensão arterial aumentam a colinesterase, ao passo que a insuficiência renal hepática e verminose diminuem o nível enzimático. Referências SIQUEIRA, Maria Elisa Pereira Bastos de; FERNICOLA, Nilda Alícia Gallego Gándara de; BORGES, Eustáquio Linhares. Determinação de níveis normais de colinesterase plasmática e eritrocitária. Rev. Saúde Pública, São Paulo , v. 12, n. 3, p. 340-344, Sept. 1978 FARIA X.M.Neice; et.al., Intoxicação por agrotóxicos no Brasil: os sistemas oficiais de informação e desafios para realização de estudos epidemiológicos. Ciência & Saúde Coletiva, 12(1): 25-38, 2007. SOARES, W. et. al.,Trabalho rural e fatores de riscos associados ao regime de uso de agrotóxicos em Minas Gerais, Brasil, 2003.
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