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ECOTOXICOLOGIA – RESUMO · Estudar os efeitos adversos causados sobre os organismos vivos pelas substâncias químicas, naturais ou sintéticas, e agentes físicos liberadas no ambiente. · Estudar como os ecossistemas metabolizam, transformam, degradam, eliminam, acumulam e sofrem ação da toxicidade dos produtos químicos e agentes físicos que nele penetram. · Propor medidas preventivas, como monitoramento e controle de fontes emissoras de poluição. · Quantificação dos efeitos adversos: · Nº de organismos mortos ou vivos; · Taxa de reprodução; · Comprimento e massa corpórea; · Nº de anomalias ou incidência de tumores; · Alterações fisiológicas; · Densidade e diversidade de espécies dentro de uma comunidade. Estudo dos agentes químicos: Processos de geração, fontes ou origens, transporte e transformação, efeitos e destinos finais · Fontes de poluição: Atividades humanas potencial de contaminantes. · Fontes pontuais: aquelas capazes de serem identificadas no espaço e no tempo. Ex: efluentes domésticos e industriais. · Fontes não pontuais ou difusas: aquelas não identificáveis espacial e temporalmente. Ex: contaminação aquática por agroquímicos. · Transporte de agentes tóxicos: · Ecossistemas; Fatores abióticos: atmosfera, hidrosfera, litosfera. Fatores bióticos: biota · Dentro dos compartimentos; propriedades físico-químicas determinam o transporte das substâncias entre os diferentes componentes do meio ambiente · Fatores relacionados à movimentação dos contaminantes dentro dos ecossistemas: · Polaridade e hidrossolubilidade; ↑ polaridade ↑ hidrossolubilidade ↑ capacidade de distribuição pela água. · Coeficiente de partição octanol-água (Kow); Utilizado para predizer a distribuição ambiental e a bioconcentração dos contaminantes (razão entre a partição na fração lipídica e a partição na fração aquosa). Kow: concentração da substância no ectanol/concentração da substância na água. ↓ polaridade ↑ coeficiente de partição. · Partição entre diferentes compartimentos do meio ambiente; diferentes coeficientes de partição podem descrever a distribuição de diferentes substâncias. · Pressão de vapor; tendência de substâncias líquidas ou sólidas em volatilizar-se com o aumento da temperatura. · Estabilidade da molécula; tempo de residência e distância percorrida, estrutura e fatores ambientais (temperatura, pH, nível de radiação). · Principais poluentes presentes na água · Poluentes orgânicos biodegradáveis facilmente biodegradados: carboidratos, proteínas e gorduras; · Poluentes orgânicos recalcitrantes ou refratários; não são biodegradáveis ou de biodegradação lenta (defensivos agrícolas transportados por longas distâncias, detergentes sintéticos poluem principalmente águas interiores, petróleo). · Metais de grande solubilidade em água; arsênico, chumbo, mercúrio, cromo, bário e cádmio. · Nutrientes provocam o crescimento excessivo de alguns organismos aquáticos; Erosão do solo, fertilizantes e matéria orgânica em decomposição. · Organismos patogênicos; esgotos domésticos, bactérias, protozoários e helmintos. · Sólidos em suspensão: aumento da turbidez da água; · Calor afeta características químicas, físicas e biológicas da água. · Principais poluentes presentes no ar: · Primários: lançados diretamente no ar. Ex: SO3, CO, materiais particulados. · Secundários: formam-se na atmosfera a partir de reações que ocorrem em razão de outras substâncias químicas presentes sob determinadas condições físicas. Ex: SO3 + vapor de água = H2SO4 (chuva ácida). CO/CO2: proveniente de combustíveis fósseis. SO2, SO3: provenientes de combustíveis que contém enxofre, processos biogênicos naturais. NO: provenientes de processos de combustão. Hidrocarbonetos: proveniente da queima incompleta de combustíveis e da evaporação de materiais como solventes orgânicos. Material particulado: partículas sólidas e líquidas suspensas na atmosfera provenientes da combustão ou em decorrência de fenômenos naturais. Gás fluorídrico (HF): proveniente de processos de produção de alumínio e fertilizantes. Gás sulfídrico (H2S): proveniente de indústrias petroquímicas e de celulose e papel ou de processos biogênicos naturais. · Principais poluentes presentes do solo · Fertilizantes sintéticos; presença de impurezas, inclusive metais pesados. · Defensivos agrícolas; inseticidas, fungicidas e herbicidas com elevada resistência à degradação ambiental. · Resíduos sólidos urbanos; lixo residencial, comercial, industrial e médico – hospitalar, lodos de tratamento de água e esgoto. · Resíduos radioativos; provenientes da produção de armas nucleares, combustíveis de usinas núcleo-elétricas, atividades de pesquisa e aplicações médicas, etc. ECOTOXICOCINÉTICA: Vias de introdução, bioacumulação, biomagnificação e biorremediação. Estudo do comportamento e destino das substâncias químicas no ambiente e nos organismos e dos mecanismos de ação tóxica · Substância química x efeito biológico - Parâmetros do organismo: Tipo, espécie, sexo, idade e via de exposição. - Parâmetros moleculares e do mecanismo de ação: · Quantidade do agente toxicante; · Identidade do agente; · Dose; · Período de exposição; · Propriedades toxicocinéticas. ingresso, distribuição, biotransformação e excreção. O tipo de composto e a concentração que está disponível para o contato com o organismo dependem (grande parte) do que acontece com o composto no ambiente antes do contato com o organismo. A quantidade e a dose de um toxicante que estão disponíveis no ambiente para um organismo em um subcompartimento ambiental dependem da quantidade liberada no ambiente, da que desapareceu nos depósitos e de fatores como dispersão, transporte e bioacumulação. Influenciado por: temperatura, vento, direção e velocidade do fluxo de água, radiação solar incidente, pressão atmosférica e umidade. Bioconcentração: processo pelo qual uma substância química é absorvida do ambiente pelo organismo por meio das superfícies respiratórias e dérmicas (forma direta) ou pela exposição ao contaminante por meio da dieta alimentar (forma indireta). A bioconcentração de um contaminante é a concentração resultante que causará efeito tóxico no organismo, após os processos de assimilação e eliminação do mesmo. Bioacumulação: quando o organismo retém as várias doses com as quais tem contato, apresentando concentrações maiores do que aquelas presentes no ambiente (contaminação direta ou indireta). Biomagnificação: o aumento da concentração de contaminantes nos tecidos acontece à medida que se avança nos níveis tróficos, resultante principalmente da acumulação ocasionada pela dieta alimentar. · Persistência de uma substância: tempo de permanência no ambiente. · Não-degradáveis: permanecem tóxicas em qualquer situação (Ar, Cd, Cr e Hg). · Semidegradáveis: em condições normais se degradam muito vagarosamente em compostos menos perigosos (hidrocarbonetos aromáticos policíclicos e compostos clorados). · Degradáveis: se transformam rapidamente em composto volátil ou menos perigoso na presença de oxigênio, luz solar ou bactéria (biodegradação) (substâncias a base de S, N e P). · Vias de introdução nos organismos · Enteral: via oral, sublingual, retal. · Parenteral: Intramuscular, endovenosa, subcutânea. · Outras: Cutânea, respiratória, ocular, intratecal. · Distribuição: Sangue fração globular (lipídica) ou fração plasmática (aquosa). · Fatores que influenciam na distribuição e armazenamento - Em relação à molécula: lipossolubilidade, grau de ionização, afinidade química do agente, grau de oxidação. - Em relação ao organismo: irrigação do órgão, conteúdo de água ou lipídio nos órgãos e tecidos, capacidade de biotransformação, integridade do órgão. Armazenamento extracelular: proteínas plasmáticas, tecido conjuntivo, tecido ósseo e tecido adiposo. - Vias de introdução na célula: Poros na membrana plasmática; · Difusão simples; · Difusão facilitada; · Pinocitose; · Transporte ativo. Placenta e leite materno: Pode ser transportado da mãe para o embrião/feto por difusão através da placenta (principalmente metais pesados) etambém passados através do leite na amamentação. ECOTOXICODINÂMICA: Desenvolvimento da toxicidade, mecanismos de ação tóxica, interações entre agentes tóxicos. Estuda as ações dos agentes químicos sobre os organismos e seus órgãos. Primeiros passos: absorção, distribuição, metabolismo e excreção Determinam a biodisponibilidade, ou seja, a concentração disponível nos líquidos circulantes em condições de atingir o órgão-alvo e que, portanto, reflete a concentração que exercerá o efeito tóxico. Biodisponibilidade: dose que reflete a quantidade absorvida pelo organismo, considerando-se as diferentes vias de introdução e que atinge o sítio de ação, determinada pela velocidade e pela quantidade da substância que alcança intacta os líquidos circulantes. · Importância da toxicodinâmica · Fornece uma base racional para interpretação descritiva dos dados toxicológicos; · Estima a probabilidade de um agente químico causar efeito nocivo; · Estabelece procedimentos para prevenir e antagonizar os efeitos tóxicos; · Auxilia no desenvolvimento de medicamentos e agentes químicos industriais com menor chance de causar danos. Toxicante: espécie química que reage com moléculas endógenas alvo (receptores, enzimas, DNA, proteína, lipídio) ou altera criticamente o ambiente celular, iniciando alteração estrutural ou funcional que resulta na toxicidade. Mecanismos de ação tóxica: inibição enzimática. base na inibição de diferentes enzimas nos organismos. Exs: Organofosforados inativam irreversivelmente a acetilcolinesterase; · Carbamatos inativam reversivelmente a colinesterase; · Chumbo age nas enzimas dos eritroblastos, diminuindo a produção de hemoglobina; · Mercúrio: inibe a monoaminooxidase (MAO) levando a distúrbios psíquicos. Mecanismos de ação tóxica: mecanismos de transdução de sinais receptores desencadeiam muitos tipos diferentes de efeitos celulares (muito rápidos ou lentos), levando várias horas para manifestação do efeito. Em função da estrutura molecular e da natureza do mecanismo de transdução, pode-se dividi-lo em quatro grupos: 1. Ação sobre receptores ligados a canais (receptores ionotrópicos); 2. Ação sobre receptores acoplados a proteína G (receptores metabotrópicos); 3. Ação sobre receptores ligados à quinase (receptores de insulina e de vários fatores de crescimento); 4. Ação sobre os reguladores da expressão gênica (dioxinas e furanos). Mecanismos de ação tóxica: fosforilação oxidativa um dos eventos mais importantes na produção de energia nas células e ocorre nas mitocôndrias para a formação de ATP. Compensatórias: aumento do nº de lisossomos e presença de autofagossomos (ou vacúolos autofágicos iniciais) com dupla membrana (proveniente do retículo ou do Golgi). Não compensatórias: aumento do nº e tamanho dos vacúolos autofágicos de degradação (autofagossomos + lisossomos) geralmente com membrana única, também chamados de autolisossomos (quando ainda contém as 2 membranas). A macroautofagia, em insetos, geralmente está associada a morte celular. Compensatória: cisternas vesiculadas e/ou com dilatação; degranulação, alteração na quantidade de cisternas (aumento ou diminuição) Não compensatória: maioria das cisternas vesiculadas/dilatadas e degranuladas; disrupção de membranas das cisternas e formação de figuras de mielina. Interações entre agentes tóxicos: na exposição a mais de dois toxicantes, deve-se considerar a possibilidade de um composto interferir na ação do outro, levando a um efeito: · Aditivo: efeito toxico final é igual a soma dos efeitos produzidos separadamente; · Sinérgico: efeito tóxico final é maior do que a soma dos efeitos individuais; · Potenciação: o efeito de um agente é aumentado por interagir com outro toxicante que, originalmente, não produziria tal efeito tóxico; · Antagonismo: quando um toxicante reduz o efeito toxico do outro.
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