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CLÍNICA CIRURGICA DE PEQUENOS ANIMAIS FERIDAS E DISTROFIAS CIRURGICAS EM PEQUENOS ANIMAIS Ferida é qualquer interrupção na continuidade da pele, que afete a sua integridade As principais causa de feridas em pequenos animais são: traumáticas como mordeduras, arranhaduras, etc. Tipos: - Contaminada: pouco tempo de evolução menos de 8 horas, onde só tem contaminação superficial do ambiente (fungos, bactérias, leveduras, pelos) e não tiveram tempo de se proliferar e causar infecção tecidual. As feridas independente do tempo devem ser analisadas macroscopicamente, algumas já são consideradas infectadas mesmo sem atingir 6 hrs de evolução (ex: mordeduras). - Infectada: mais que 6-8 horas de evolução, onde microrganismos já se proliferaram e causaram infecção, prejuízo de cicatrização. Classificação das feridas Limpas – Feridas produzidas em ambiente cirúrgico, sem abertura dos sistemas digestório, respiratório e genito-urinário. A probabilidade da infecção da ferida é baixa Limpa-contaminada – Pode ocorrer contaminação grosseira, como por exemplo, as situações cirúrgicas em que houve abertura dos sistemas contaminados. O risco de infecção é maior que o anterior. Contaminada – Ocorre reação inflamatória intensa. São as feridas que tiveram contato com ambiente. Também são consideradas contaminadas aquelas em que já se passaram seis horas após a causa. Possuem risco elevado de infecção. Suja e infectada – Apresentam sinais nítidos de infecção. São as feridas traumáticas antigas contaminadas ou perfuração de vísceras. CICATRIZAÇÃO Hemostasia e inflamação desbridamento reparo maturação Hemostasia (parada do sangramento) – toda ferida tem um sangramento e sua importância depende da irrigação do tecido. No primeiro momento após a lesão há vasocontrição de capilares próximos, devido à liberação de catecolaminas pela atuação do sistema nervoso simpático com objetivo de diminuir o sangramento. Após há vasodilatação para aumentar a permeabilidade vascular para que substâncias que estejam no vaso cheguem ao tecido para iniciar o processo cicatricial. Assim são liberadas citocinas que fazem quimiotaxia de outras células, fatores de crescimento e fibrinogênio. Tem inicio da cascata de coagulação extrínseca formando coagulo que serve de tampão do sangramento, diminui a fonte de infecção, auxilia no acesso de células até a ferida. Esse processo pode durar até 5 dias dependendo da extensão da ferida. Não retirar coágulos que estejam fixos. Desbridamento (retirada de materiais necróticos da ferida) – é quando ocorre a fase inflamatória e formação de exsudato (alta celularidade) devido a presença de células inflamatórias e vasodilatação mediada por citocinas. Nessa fase há chegada de leucócitos principalmente neutrófilos e depois monócitos (que se tornam macrófagos no tecido em 24 a 48 horas) responsáveis pelo desbridamento da ferida, removendo microrganismos, também liberam a enzima colagenase para degradação de tecidos mortos e fazem quimiotaxia de plaquetas e linfócitos. Essas células são responsáveis pela limpeza do tecido e defesa, diminuindo as chances de infecção. A presença de fluido em pequena quantidade é bom para a proteção da ferida diminuindo risco de infecção, porém em grande quantidade e com secreção purulenta não é desejável. Reparo – fase que se inicia 3 a 5 dias após a lesão, dependendo da extensão da ferida. Nessa fase os macrófagos são as células predominantes que liberam fatores de crescimento que atraem fibroblastos para reparação do tecido, juntamente chegam outras células como colágeno e elastina para auxiliar. Ocorre a neovascularização mediada principalmente pelo fator de crescimento endotelial vascular, responsável pelo suprimento sanguíneo do tecido novo que irá se formar. Todos esses fatores levam a formação do tecido granulação (composto por colágeno, fibroblastos, fibrina, neovascularização, porém pobre em inervação – não doi) importante para sustentação e mobilização de células epiteliais dos bordos da ferida para o centro para recobrí-la (migração centrípeta). Nessa fase não há mais presença de exsudato, o que dificulta as chances de contaminação. A fase inflamatória é benéfica, porém se prolongada as células presentes destroem o tecido de granulação que começa a ser formado, prejudicando cicatrização. Maturação – não há mais tecido de granulação, a ferida está totalmente recoberta por tecido epitelial, porém as células são jovens e frágeis (imaturas), pouco resistentes a tensão. Com o tempo há maturação das células e do colágeno aumentando a força tensil, há formação de inervação e queratinização. Dependendo da extensão da ferida não há formação de folículos pilosos e glândulas sebáceas e sudoríparas.e o tempo de recuperação total é maior. Pode durar até 6 meses. FERIDAS Classificações - Abrasões: são feridas superficiais que lesionam somente a epiderme - Lacerações: são superficiais (epiderme e derme) ou profundas (subcutâneo e musculatura) e apresentam tecidos que se soltam do seu leito original. Podem ser feridas lacerativas por avulsão, onde o tecido se desprende do corpo. - Penetração ou incisos: feridas por faca/bisturi – corte delimitado. - Lesões por esmagamento: por exemplo atropelamento - Queimaduras Tratamento por primeira intenção Feito em feridas contaminadas, ou seja, não infectadas (até 8 horas de evolução) é feito com sutura dos bordos da ferida. 1-Primeiramente é feito anestesia/sedação + bloqueio local (pois animal sente dor). O grau de sedação depende do tamanho da ferida, pode ser feito sedação leve, bloqueio local e analgésico. Tricotomia ampla protegendo a ferida com bandagem e gel estéril. Antes da anestesia fazer exame físico geral com intenção de identificar os fatores agravantes. 2-Lavar com solução fisiológica 0,9% ou solução de iodo povidine (2,5 a 5,0 ml de PVPI para 500ml de SF) abundantemente removendo sujidades mais grosseiras. Para curativo a lavagem deve ser realizada 3 a 4 vezes ao dia quando indicado. 3-Desbridamento de sujidades (como asfalto, pelos) quando somente a lavagem não for suficiente. O desbridamento pode ser: mecânico (com lamina de bisturi, gaze, tesoura, outros – sempre materiais estereis), químico (substancias revulsivantes são aquelas que degradam tecido, exemplo água oxigenada, tintura de iodo 2%, utilizadas somente no primeiro momento), autolítico (enzimas colagenases que retiram tecidos mortos) ou biocirúrgico (utilização de larvas cultivadas em laboratório, estéreis, para remoção de tecido necrótico). Não utilizar esses procedimentos em tecido de granulação. 4-Ravivar bordos para estimular circulação. Cortar 360º dos bordos com tesoura estéril até sangrar. Feito somente em feridas já com certo tempo de evolução. 5-Sutura – a quantidade de camadas depende da profundidade da ferida. Musculatura subcutâneo pele. Feridas extensas aproximar subcutâneo. Sempre respeitar a anatomia do animal. 4-Bandagem protetora da ferida contra traumatismo e infecções. 5-Colar elisabetano para que o animal não mexa na ferida. Tratamento por segunda intenção Feito em feridas consideradas infectadas (com mais de 6-8 horas de evolução). 1-Anestesia e tricotomia 2-Lavar com solução fisiológica a 0,9% abundamentemente com ou sem PVPI, principalmente em quadros com necroses, miiases... 3-Nessas feridas com mais tempo de evolução o desbridamento mecânico de sujidades e necrose é ainda mais importante, também pode utilizar desbridamento químico. Reavivar bordos se necessário. Não suturar. Curativo em casa: 4-Lavagem diária com SF pelo menos 3 vezes ao dia 5-Pomadas podem ser utilizadas principalmente quando se quer estimulara granulação do tecido. Ex.: - Furanil + açúcar cristal. Onde o furanil auxilia na cicatrização e mantem a ferida úmida, o açúcar estimula a formação de tecido de granulação e tem propriedades antibacterianas – aplicar por 15 minutos e lavar retirando o excesso. Não utilizar açúcar em feridas já com tecido de granulação. Aplica a mistura na ferida e depois lavar para retirar o excesso para evitar acumulo de formigas - Aloe vera, ricinus, mel, própolis, babosa, etc. são cicatrizantes. 6-Antibiotico tópico ou sistêmico 7-Antisépticos não revulsivantes diariamente como solução de PVPI (500ml de SF + 0,5ml de PVPI) 8-Bandagem protetora (oclusivaou semi-oclusiva). Após a formação de tecido de granulação, ausência de secreção e exsudato pode retirar a bandagem, cessar o uso de pomadas e antibióticos, porém colocar colar elisabetano ou roupa cirúrgica, pois animal não poderá lamber (contaminação). Fazer somente a adequada limpeza da ferida. Tratamento por terceira intenção (após 8 horas, feridas extensas) Tratamento inicial idem segunda intenção. Por ser uma ferida muito extensa, após o inicio da formação do tecido de granulação, reavivar os bordos da ferida e suturar. Também há a opção de fazer enxertos. Feridas por queimadura Feridas abrasivas (queimaduras): hidratar (animal e a ferida) e deixar cicatrizar por 3° intenção ou 2º intenção. Em feridas muitos extensas se atentar pelo estado de hidratação do animal, pois desidrata pode ocorrer por perda de plasma. Esse tipo de ferida devido a desidratação e ressecamento da pele demora mais tempo (após 24 horas) para se tornar infectada. Recobrir ferida com gaze e umedecer com SF gelada, com cautela, pois animal pode estar em choque hipovolêmico, causando hipotermia. Todo tecido necrótico e bolhoso deve ser retirado por desbridamento seja ele mecânico ou químico, sob anestesia geral para aumentar a cicatrização do tecido. Toda ferida por queimadura após certo período exsudam muito e a permanecia do tecido necrótico serve de meio de cultura para bactéria, em lesões extensas há o risco de ocorrer choque séptico – evitar com antibioticoterapia. Sulfadiazina de prata – substância antisséptica com propriedades antibacterianas (previne choque séptico) e estimula cicatrização, que pode ser usada associada a aloe vera que hidrata o tecido e também estimula cicatrização. Sempre fazer bandagem até que se forme o tecido de granulação, desde que o animal não tenha acesso a ferida. Feridas perfurantes Fundo com meio anaeróbico predispondo proliferação de bactérias anaeróbias, então oxigenar com H2O2 inicialmente (2-3dias) dependendo da profundidade da lesão – até iniciar cicatrização, não extender a utilização, pois é uma substancia revulsivante. Escolher antibiótico adequado. Pomadas com óxido de zinco (Hipogloss®) pode ser usada nos bordos da ferida, pois tem ação repelente, principalmente quando animal não permite uso de bandagem. Pode ser usada em feridas por queimaduras. Terapias alternativas para feridas: acupuntura, ozonioterapia, lazerterapia, PRP (plasma rico em plaquetas), células tronco BANDAGENS Aderente Seca – feita em tecido necrosado, exsudato de baixa viscosidade. Utiliza-se gaze seca direto em contato com a ferida, em casos de cicatrização por segunda intenção. Tem objeto de fazer desbridamento a cada curativo através da aderência do tecido necrosado na gaze (umedecer a gaze com solução fisiológica antes de retirar). Não utilizar quando houver tecido de granulação. Aderente Úmida – usada em tecido necrosado com exsudato viscoso. Usa gaze embebida em SF e pomada. Não aderente – usada por eleição nas feridas que já tem tecido de granulação, colocar gaze com uma camada abundante de pomada impedindo que a gaze grude no tecido. Semi-oclusivas – recobertas por micropore permite a drenagem de fluidos e a oxigenação do tecido e saída de substancias Oclusivas – recobertas por esparadrapo impermeabiliza Existem bandagens comerciais que já vem com medicamento As bandagens são compostas por três camadas: - Primeira camada é a que fica em contato com a ferida, ela que define se será aderente seca, úmida ou não aderente e é feita com gaze estéril. - Segunda camada: amortece o ferimento, absorve os fluidos da feridas e impede garroteamento quando a ferida é em membros. É feita com algodão, em feridas muito extensas pode passar uma camada de atadura parra impedir a aderência de algodão na ferida. Se a intenção for absorver fluidos usar algodão branco, se quiser repelir líquidos usar algodão ortopédico (hidrófobo) não permitindo que a ferida fique úmido – impermeabiliza. - Terceira camada é responsável pela impermeabilização é feita de faixa ou atadura e define se a bandagem será oclusiva ou semi oclusiva. Drenos Drenos são utilizados principalemtne em feridas infectadas para drenagem de exsudato do interior do ferimento para o exterior. Dreno comercial: dreno de penrose (poroso). Existe drenos em circuito fechado (quantifica o exsudato) e aberto. Espera-se que com o tratamento correto diminua a quantidade de exsudato, quando acabar o exsudato retirar o dreno. Se a quantidade de exsudato não diminuir mudar o tratamento medicamentoso. Pode-se usar sonda uretral como dreno em circuido fechado (ideal) ou aberto (porem porta de entrada para bactérias, então o animal deve usar bandagem, mesmo se o tratamento foi por 1ª intenção. Aumentar as fenestras cortando a sonda. É interessante que o dreno fique na porção mais inferior da ferida para que o exsudato drene por gravidade Antibioticoterapia Definir se ferida é contaminada ou infectada. Teoricamente feridas contaminadas não necessitam de antibiótico, porem é necessário cuidados de antissepsia e curativos, caso o proprietário não cuide adequadamente, ou o animal é agitado e vive em condições precárias esta pode se tornar infectada e nesse caso realizar terapia antibiótica. Feridas contaminadas por mordeduras deve fazer antibioticoterapia, independente da extensão e tempo de evolução, pois na boca prevalecem bactérias anaeróbicas. Toda ferida infectada usar antibiótico. Sempre antibioticoterapia sistêmica, pode associar tópico em feridas muito infectada e com grande quantidade de exsudato (spray, pomada,...). O ideal é realizar cultura e antibiograma para todas as feridas, mas acaba não se aplicando, devido a demora do resultado Antibioticos de amplo espectro que atinjam bactérias gram + e – são os de escolha. Ex.: Cefalosporinas, Amoxicilina + clavulanato de potássio (potencializa efeito da amoxicilina e inibe ação da pelicilinase produzida por algumas bactérias como Staphilococcus e Streptococcus para impedir a ação do antibiótico), Quinolonas ciprofloxacino, enrofloxacino Não usar enrofloxacino em filhotes, pois causa degeneração articular e em gatos pode causar a degeneração de retina levando a cegueira. – para evitar lesão diluir antes da aplicação. Concentrações elevadas como 5 e 10% podendo causar necrose de subcutâneo no local da aplicação tanto em cães como em gatos, usar em pequenos animais 2,5% diluída em solução fisiológica. Bactérias anaeróbias são tratadas em casos de feridas profundas e por mordedura, onde além de um dos antibióticos citados acima, associa-se metronidazol. Fatores que afetam a cicatrização de feridas: Idosos, Desnutrição (hipoproteinemia), Hepatopatia (disturbios de fatores de coagulação), hiperadrenocorticismo (glicocorticoides endógenos e exógenos interferem na cascata da inflamação), diabetes melittus (tem formação de muitos radicais livres), exposição prolongada do ferimento, uso de corticoesteroides CASO CLINICO: Cão, 4 meses, macho, atropelado há 1 horaLavar e desbridar a ferida, verificar se há lesão óssea (RX) e de tendões. Fazer limpeza da ferida e tratar por primeira intenção. Para síntese pode-se utilizar retalho de pele utilizando uma técnica que retira um retalho adjacente a ferida mantendo uma área ligada ao tecido normal (retalho pedunculado), rotacionando o retalho para cobrir a ferida e suturar, suturar também o leito doador. Certificar-se de que há pele suficiente para sutura do leito doador. Medir a ferida para cortar tamanho de retalho adequado. Pode cicatrizar por 2º intenção, porem demora mais. Retalhos menores tem maior chance de necrosar. ABSCESSO Processo infeccioso agudo circunscrito por tecido fibroso contendo pus (bactérias, restos celulares e células inflamatórias) no seu interior. Para formação de abcesso deve ter uma porta de entrada para bactérias no tecido. Causas: traumas principalmente secundários a mordedura, corpos estranhos, punção (venosa, massas), injeções. Patogenia: bactérias adentram o tecido iniciando processo inflamatório, promove destruição tecidual, proliferação de neovasos, fibroblastos e colágeno para formação de cápsula. O que diferencia abscesso de granuloma depende do microrganismo causador e da dificuldade da bactéria em ser fagocitada. Quando há presença de bactérias no tecido chegam células inflamatórias (neutrófilos e macrófagos) para fagocitose das bactérias formando o pus processo inflamatorio agudo. As principais bactérias causadoras de abscessos são Spreptococcus e Sthapilococcus. No granuloma as células inflamatórias não conseguem destruir as bactérias levando a formação células gigantes e cáseo processo inflamatório crônico. Tem formação de capsula. Ex.: Micobacterium (tuberculose), fungos (criptococose), fios de sutura Sinais clínicos: Abcessos são classificados em maduros ou imaturos, não apresentam sinais sistêmicos, apenas locais, pois é contido por uma capsula. Aumento de volume, temperatura local, dor e congestão local são devido ao inicio do processo inflamatório. A consistência depende se há formação de capsula. Diagnóstico Anamnese, inspeção, palpação, tempo de evolução (agudo). Punção aspirativa por agulha fina (centese) se vem pus há maior chances de ter abscesso enviar para microscopia Diagnóstico diferencial: Neoplasia, granuloma (diferencia principalmente pelo tempo de evolução. Granulomas em gatos: esporotricose, criptococose), hematoma/seroma, Tratamento Abscesso imaturo: - Antibioticoterapia sistêmica: Cefalosporinas, amoxicilina + clavulanato, enrofloxacina. Se tiver histórico de mordedura associar metronidazol para atingir bactérias anaeróbias. - Promover agudização do processo com aquecimento local com compressas mornas 10-15 min para acelerar o processo inflamatório (vasodilatação). Abscesso maduro: - Lancetagem: incisão da cápsula com bisturi na porção mais ventral possível de extensão suficiente para drenagem do conteúdo. Anestesiar o animal se necessário. Fazer tricotomia e antissepsia. Após a drenagem: - Anti-sépticos locais para lavagem da área (Clorexidine, PVPI), promover desbridamento químico (H202 ou tintra de iodo a 2% no primeiro dia) - Manter antibioticoterapia sistêmica até cicatrização total. O efeito do antibiótico é comprovado pela diminuição do exsudato, se não estiver resultado trocar de ATB ou fazer antibiograma. - Curativo: TID/5dias com limpeza e rifamicina local. FLEGMÃO Processo infeccioso não totalmente circunscrito por tecido fibroso contendo pus no seu interior. Necessita de porta de entrada de bactérias. Apresenta áreas firmes e áreas flutuantes “abscesso espalhado” Mesmas causas do abscesso. Mas, a formação do flegmão se dá pela falha no processo inflamatório, menor resposta celular e não há formação da capsula fibrosa, ocorre principalmente quando animal apresenta imunossupressão, pode chegar a septicemia se não for estabelecido o tratamento adequado e específico. Tem rápida evolução, então iniciar protocolo terapêutico eficaz. Sinais clínicos Locais: aumento de volume, não delimitado, áreas de aumento de T°C, evolução com mais de uma semana Sistêmicos: Síndrome febre: hipertermia, anorexia, apatia, aumento da FC e FR, mucosas congestas, estupor (indícios de choque séptico). No hemograma: reação inflamatória/infecciosa: leucocitose acima de 20 ou 25.000 por neutrofilia (90-95%), devido a imunossupressão animal pode apresentar linfopenia e diminuição de monócitos. Animal em choque séptico no inico tem leucocitose e no fim leucopenia. Diagnóstico Histórico de imunossupressão, histórico da causa. Anamnese destacando o tempo de evolução. Exame físico. Punção no local flutuante fecha o diagnostico. Tratamento Antibioticoterapia sistêmica para evitar bacteremia e septicemia no mínimo durante 15 dias (injetável ou oral). Pode utilizar: Cefalexina, Amoxicilina, Enrofloxacina e metronidazol (mordedura). Bactérias mais comuns: Staphylococcus, Streptococcus, Clostridium, E. coli Drenagem – idem abcesso Não fazer compressas, pois o processo não é delimitado por capsula e pode ter disseminação sistêmica de bactérias devido a vasodilatação causando choque séptico. Tratar doença de base se houver. FÍSTULAS É a ocorrência de um trajeto fistuloso a partir de um ponto, que precisa ser drenado. Ocorre a partir de locais que necessitam de drenagem de conteúdo fisiológico ou patológico, e por algum motivo precisa expulsar para o meio externo. Trajeto acidental (fistuloso) apresenta células secretoras que se adaptam nessa região permitindo secreção de fluidos/transudatos + drenagem de conteúdo, prejudicando a cicatrização. Etiologia Local com algum tipo de conteúdo, processo inflamatório que estimula drenagem desse conteúdo. Fisiológicas: fístulas de teto mais comum em grandes animais, associado a lactação. Patológicas: ocasionadas por corpos estranhos (ex: fios de sutura), processo inflamatório. Fístula das glândulas ad-anais Fístula dentária Componentes Secreção: serosa, mucopurulenta Orifício: observado macroscopicamente Trajetos observados pela inspeção do local: Simples, múltiplos, sinuosos, retilíneos. Os trajetos são revestidos por células secretoras. Sinais clínicos Ferida com orifício, histórico de presença de secreção que pode ser serosa a purulenta longo tempo de evolução e que não cicatriza. Geralmente não há sensibilidade dolorosa. Diagnóstico - Anamnese com histórico de presença de secreção serosa a purulenta com longo tempo de evolução que não cicatriza. Sinais clínicos. Inspeção - Sondagem com sonda uretral de pequeno calibre ou cateter pelo orifício e observar progressão da sonda, se não progredir não é fístula. - Caso haja dúvidas realizar fistulografia, com colocação de um contraste iodado após a sondagem e tirar RX, onde se observa o trajeto fistuloso -------- Tratamento Desbridamento químico com sustâncias revulsivantes como tintura de iodo ou água oxigenada para destruição das células secretoras, associado a retirada da causa. Realizar curativos diários Se não tiver sucesso com desbridamento químico faz-se exploração cirúrgica realizando desbridamento físico, excisão do corpo estranho e retirar trajetos fistulosos. A cirurgia é indicada quando desbridamento químico não resolve o quadro. Antibioticoterapia HIGROMA Ocorre em protuberâncias ósseas (apoio, pode ser chamado de higroma cotovelar ou bursite olecraniana, devido a localização mais frequente, também pode ocorre em região de calcâneo. Éum tecido conjuntivo fibroso que contém em seu interior fluido inflamatório, sem contaminação, pois não tem porta de entrada. No inicio pode ter dor e aumento de temperatura devido o processo inflamatório, depois disso é indolor, de consistência fluida, com cápsula fibrosa. Etiologia Está relacionada com o atrito do cotovelo no ambiente em que o animal vive (piso áspero) Ocorre principalmente em animais pesados – grande porte, jovens e que ainda não tem calo de apoio. Gera inflamação constante. É um liquido (transudato seroso) estéril, porem existem casos de higromas infectados – quando já foi realizado algum procedimento como punção e lancetagem causando a contaminação. Diagnostico Anamnese. Punção aspirativa: apresenta liquido inflamatório seroso transparente ou sanguinolento. Fazer tricotomia e antissepsia. Tratamento Retirada da causa – manejo ambiental - diminuir atrito com o ambiente durante o tratamento, pode usar bandagem até finalizar o tratamento, pois evita o atrito e promove aderência do tecido ao cotovelo e absorção dos fluidos. Em alguns casos pode-se utilizar drenos – cuidado com porta de entrada para bactérias e para animal não tirar Excisão cirúrgica Lavagem do higroma com SF utilizando dois cateteres, sendo um mais proximal para administrar SF e o outro mais distal para drenagem da SF. Pode ter recidiva se não retirar a causa GANGRENA É a mortificação de um tecido decorrente da interrupção arterial ou venosa levando a necrose Causas: Contusão/traumas (atropelamentos, mordeduras) onde ocorre dilaceração e ruptura de vasos. Tromboembolismo/aterosclerose: raro Na maioria das vezes gangrena esta associada a feridas que podem estar em tratamento, porem depois começa mudanças no aspecto da ferida por interrupção de fluxo sanguíneo. GANGRENA ÚMIDA Patogenia Interrupção venosa (período de evolução entre 7 a 15 dias). Uma ruptura venosa leva a estase do retorno venoso, a circulação arterial está normal - sangue continua chegando e fica acumulado, assim como metabólitos e CO2 causando vasodilatação local, tem extravasamento de liquido para o interstício resultando em edema. O aumento de CO2 e toxinas, favorece a contaminação bacteriana secundária principalmente se houver ferida (onde o exsudato serve de meio de cultira para bactérias). As bactérias presentes irão produzir enzimas hialuronidase, elastase, colagenase que irão degradar o tecido levando a necrose tecidual necrose úmida/gangrena úmida. A ocorrência de gangrena está relacionada a importância do vaso acometido. Sinais locais Ferimento úmido, com aumento de volume, odor pútrido, coloração esverdeada/escurecida/avermelhada dependendo do tempo de evolução, locais com aumento de T°C, indolor nas áreas de necrose, escarificação promove dor e sangramento, sulco de delimitação entre tecido viável e não viável. Sinais sistêmicos: síndrome febre Tratamento Quanto mais rápido identificar a gangrena mais tecido é recuperado. Angiorrafia (união dos vasos) – não muito usado na veterinária, pois na maioria das vezes não é possível identificar o vaso que se rompeu. Iniciar o tratamento clinico esperando que haja rápida angiogenese tecidual para retomar a irrigação do tecido. Antibioticoterapia sistêmica (mesmas usadas para flegmão) por 15 a 21 dias Dependo do tempo de evolução e quantidade de tecido necrótico fazer desbridamento mecânico e/ou desbridamento químico (revulsivantes = H2O2, tintura de iodo 2%) Permanganato de Potássio – como curativo - desidrata o tecido e tem propriedades antissépticas. Usar durante todo o tratamento até secar a ferida. Amputação alta (último caso) GANGRENA SECA Patogenia Ocorre quando há interrupção arterial prejudicando a circulação e suprimento de O2 no local (evolução rápida de horas até 2 dias). Mesmas causas que gangrena úmida. Interrupção arterial sem circulação de O2 Gangrena seca (necrose do tecido). Não há contaminação bacteriana, pois a desidratação e necrose do tecido desfavorece o crescimento bacteriano. Sinais clínicos Sinais locais (devido ausência de contaminação bacteriana), membro ressecado, coloração enegrecida, temperatura baixa, indolor, atrofiado. Sinais sistêmicos ausentes Diagnostico Aspecto clínico com histórico de traumas como mordedura, atropelamentos, exposição prolongada do pênis após a cruza. Tratamento Amputação alta quando ocorrer em membros e cauda, ou seja, na articulação mais dorsal possível. No membro torácico é feito na articulação escapuloumeral e no membro pélvico na articulação coxofemural. Quando no pênis fazer penectomia, seguida de uretrostomia (abertura permanente da uretra, no cão pode ser pre-escrotal, perineal e escrotal, sendo o ultimo o procedimento de eleição, pois causa menos estenose uretral, fazer obrigatoriamente orquiectomia com ablação da bolsa escrotal). Pos operatório para ferida cirúrgica – antibioticoteripia e analgesia com opioides. EVENTRAÇÃO Saída de vísceras da cavidade abdominal para o subcutâneo devido o rompimento da musculatura, permanecendo a pele integra. Causas: traumas, deiscência de sutura Sinais clínicos Aumento de volume na região da eventração, com ou sem dor dependendo da extensão e tempo de evolução. Diagnóstico Histórico de traumas ou cirurgia prévia (deiscência de pontos), inspeção, palpação. Radiografia e Ultrassom são confirmatórios, observa-se órgãos no subcutâneo. Diferencial: hérnias, porem não tem anel herniário. Neoplasias mamárias. Tratamento: Laparotomia redução laparorrafia Antibioticoterapia e analgesia EVISCERAÇÃO Saída de vísceras da cavidade abdominal para o meio externo, tendo ruptura do subcutâneo, musculatura, peritônio e pele. Órgãos da cavidade abdominal no meio externo tem maior chances de contaminação bacteriana. Causas: idem eventração Diagnóstico: inspeção Tratamento Anestesia/analgesia para colocação dos órgãos de volta a cavidade abdominal preservando a anatomia. Lavagem das vísceras expostas com sol. fisiológica aquecida. Excisão de tecidos desvitalizados (coloração enegrecida, sem pulso). Quando em alças intestinais realizar enterectomia e enteroanastomose se necessário. Redução do conteúdo da lavagem da cavidade e laparorrafia. Antibioticoterapia sistêmica - Cefalosporina, quinolonas, amoxicilina + clavulanato, associar metronidazol dependendo da causa.
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