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O ÔNUS AMBIENTAL DA EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO EM AMBIENTE OFFSHORE NO BRASIL Chrystian Rafael Ramos Costa1 Me. Marina da Silveira e Melo2 Resumo A complexidade de visualização e identificação do dano ambiental ocasionados por desastres de navios petroleiros e plataformas, leva normalmente, ao subdimensionamento desses desastres não considerando as consequências as espécies associadas nesse frágil ecossistema e as comunidades tradicionais que fazem uso do mesmo. A dimensão de um desastre ambiental na costa nacional impacta o meio ambiente, mas também a sociedade através das atividade produtivas costeiras e da contaminação que chega as cidades através da praia. O presente estudo teve o objetivo discutir o custo ambiental dos acidentes causado na zona costeira brasileira relacionado a grandes desastres de plataformas, navios petroleiros e atividades relacionadas ao setor, e os dispositivos existentes para atenuar e prevenir tais danos. Palavras-chave: Impacto ambiental. Exploração de petróleo. Ambiente offshore. Brasil. 1 INTRODUÇÃO O seguimento de petróleo no Brasil construiu sua história através da exploração da costa, tornando-se referência internacional em produção petrolífera em águas profundas. Na última década com a expansão da área de exploração através do leilão de blocos da ANP, novas regiões costeiras apresentam-se disponíveis a atividade, aumentando assim a zona de risco de acidentes. Em primeira observação, o cenário otimista da expansão dessas áreas propõe novos recursos aos estados e municípios através dos royalties, mascarando o grande risco associado a produção de petróleo em ambiente offshore. Os fenômenos físicos relacionados as marés, as altas pressões da lâmina d’água e a complexidade logística da exploração marítima de petróleo, tem grande potencial de ameaça ao frágil ecossistema da costa. A legislação vigente prevê licenciamento, mas é suave nas penas relacionadas a crimes ambientais, e lenta na reparação das vítimas e o do meio ambiente, como pode-se observar no último grande desastre ambiental nacional ocorrido em Mariana-MG. Em ambiente marinho, observa-se um agravante como boa parte da contaminação atinge a biodiversidade e penetra na lâmina d’água, muito pouco se observa do impacto ambiental em superfície, sendo este mascarado e apenas constatado depois de longos estudos. Nesse contexto, 1 Aluno Concludente do Curso de Engenharia de Petróleo – chrystian_rafael@live.com 2 Orientadora – Física, Mestre em Geofísica, MBA em Petróleo e Gás – smelomarina@gmail.com considerando a exploração petrolífera sendo uma atividade necessária, de grande atratividade e retorno comercial a União, surge a seguinte questão: qual é o verdadeiro ônus ambiental da exploração de petróleo em ambiente offshore no Brasil? O objetivo desta pesquisa foi investigar o custo ambiental causado na zona costeira brasileira relacionado a grandes desastres de plataformas, navios petroleiros e atividades relacionadas ao setor. Nesse contexto, foi realizado uma revisão teórica sobre a legislação ambiental e do petróleo quanto aos desastres e crimes ambientais, observando seus efeitos práticos através de estudos de caso documentados. A partir da pesquisa foram identificados os riscos associados a exploração em ambiente offshore, consequências e efeitos, bem como as medidas existentes para reparar e atenuar danos e consequências negativas da degradação ambiental e social. Esta última, se referindo em especial ao impacto de comunidades pesqueiras tradicionais. No presente estudo será discutido o alcance desses danos em relação aos causados por navios petroleiros, oleodutos e plataformas offshore. O presente estudo justificou-se pela necessidade de obter dados e informações que auxiliassem a dimensionar o real ônus ambiental causado por acidentes provenientes da atividade petrolífera na costa nacional. Nesse sentido, facilitando o norteamento de ações e medidas para evitar ou dirimir tais danos de acordo com as convenções internacionais e legislação nacional. 2 DISPOSITIVOS LEGAIS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS Com o grande crescimento de exploração, desenvolvimento, produção e distribuição do petróleo, os riscos de acidentes associados a essa atividade foram se tornando maiores, e com isso, foram criando leis e outras normativas de proteção ao meio ambiente. Entre essas, podemos destacar a lei de n° 9.605/98 de Crimes Ambientais, aplicada em caso de danos ambientais que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. O artigo 33 da mesma regulamenta que: Art. 33 - Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais, o perecimento de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras: Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente. Existe também a Lei do Petróleo de nº 9.478, de agosto de 1997, dispõe sobre a política energética nacional, as atividades relativas ao monopólio do petróleo, esclarecendo no seu artigo 45, no inciso V que: a concessionária que vier a explorar essa atividade deverá responsabilizar-se civilmente pelos atos de seus prepostos, e indenizar qualquer dano decorrentes da atividade de exploração, além de ressarcir a União ou a ANP qualquer ônus que venham suportar em decorrência de eventuais demandas. Segundo Kanashiro e Miranda (2016), houve nos últimos anos uma grande redução na quantidade de acidentes relacionados a derramamento de óleo no mar. Isso se observa, de acordo com os autores, pelo influência direta da legislação que tomou uma postura mais rígida, com ajuda de experiências internacionais que contribuíram para que medidas de proteção ao meio ambiente fossem implementadas. Outras convenções internacionais que tratam sobre o assunto de prevenção e do controle da poluição de óleo/ derivados no mar, segundo Monteiro (2013, p.73) são: Convenção Internacional sobre a Intervenção em Alto Mar em Casos de Acidentes provocados pela Poluição por Óleo - INTERVENTION, 1969. A INTERVENTION toma medidas importantes para evitar qualquer tipo de derramamento de óleo no mar, que possa trazer consequências negativas tanto a flora como a fauna, bem como as populações costeiras próximas (MONTEIRO,2013). Convenção para a Prevenção de Poluição Marinha provocada por Operações de Imersão de Resíduos e Outros materiais ou Convenção de Londres – LDC, 1972. O objetivo principal dessa convenção é proibir qualquer tipo de resíduos oleosos e sólidos, que contenham quantidades significantes de arsênio, chumbo, cobre, mercúrio, entre outras substâncias que possa colocar a saúde humana e o meio ambiente em risco (MONTEIRO,2013). Convenção 174 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), 1993. Essa convenção determina as medidas ou normas de prevenção de acidentes (incêndio ou explosão) dentro de uma indústria em atividade, em que envolve substâncias perigosas que exponha seus trabalhadores, a população e o meio ambiente em risco (MONTEIRO,2013). Convenção Internacional sobre o Controle de Sistemas Anti-Incrustantes nos Navíos, 2001. A nova convenção proíbe o uso de tintas anti-incrustantes, por ser compostas à base de arsênio ou mercúrio, sendo asim causando danos ao meio ambiente e prejudiciais à saúde humana (MONTEIRO, 2013). 3 METODOLOGIA O presente projeto se baseia em pesquisa bibliográfica e exploratória, na qual se fará uso de dados secundários provenientes de bancos de dados públicosdo IBGE, ANP, MME, bem como artigos baseados em estudos de caso sobre a temática. No sentido de caracterizar a dinâmica quanto a identificação e reparação legal dos danos ambientais, será feita uma revisão da legislação nacional e das convenções internacionais no que se refere aos acidentes e desastres petrolíferos na costa. A observação da aplicação e execução da lei será realizada através de estudos de casos dos acidentes nacionais já documentados. Nesse sentido, será feito um levantamento bibliográfico dos estudos casos de desastres ocorridos na costa brasileira relacionados a plataformas, navios petroleiros e segmentos de petróleo e seus impactos ambientais e sociais, bem como suas consequências ao longo da tempo. O estudo terá o objetivo e entender as dimensões dos danos já causados conforme a especificidade do tipo de material liberado e ambiente onde ocorreu. Com base na inferência dos dados, serão identificados os riscos associados a exploração em ambiente offshore, consequências e efeitos, bem como as medidas e tecnologias existentes para reparar e atenuar seus efeitos, e amenizar as consequências negativas da degradação ambiental. 4 A ATIVIDADE PETROLÍFERA E O RISCO AMBIENTAL O petróleo é uma substância tóxica composta basicamente de hidrocarbonetos e em quantidade menores de enxofre e nitrogênio, que causa diversos tipos de poluição ambiental. O referido óleo é um combustível fóssil gerado a partir de decomposição animal e vegetal em alta pressão e temperatura em estruturas geológicas há milhões de anos. Quanto ao aspecto físico, é caracterizada por uma substância líquida ou pastosa oleosa de coloração variáveis de escura ou com leve transparência dependendo do material que deu origem ao mesmo e das condições de geração. O petróleo, pode ser encontrado em uma diversidade de ambientes geológicos em subsuperfície sempre confinada em armadilha geológica (COSTA & COSTA, 2015). Devido a composição química do mesmo, um vazamento de petróleo ocorrido nos mares e oceanos causam danos profundos ao meio, sendo um tipo de poluição ambiental muito difícil de ser contida e remediada (ALONSO, 2012). A utilização do petróleo traz grandes riscos para o meio ambiente desde o processo de exploração a produção. Essa última é normalmente feita através de máquinas montadas em plataformas fixas ou móveis, que bombeiam o petróleo para o navio ou oleodutos, até o consumo. Entres essas fases ocorre também o pré-processamento, o transporte e o refino. Segundo Costa e Costa (2015), a ocorrência de danos ambientais está se tornando cada vez mais preocupante em função da velocidade e grandes proporções da alteração do ambiente pelo homem. Tais alterações à fauna e à flora que podem provocar efeitos danosos a curto e em longo prazo, desencadeando efeitos e uma série de eventos de difícil controle, principalmente, quando o ambiente em questão é marinho. 4.1 O TRANSPORTE INADEQUADO E OS PRINCIPAIS ACIDENTES NO PAÍS Os piores danos acontecem durante o transporte de combustível, com vazamentos em grande escala de oleodutos e navios petroleiros. Segundo Alonso (2012), o vazamento de petróleo acontece em razão de falhas dos equipamentos, falhas humanas na execução, ou falhas estruturais de projeto relacionadas ao ambiente. Um exemplo dessa última, é a pressão exercida no fundo do oceano que pode causar fissuras ou falhas no assoalho, deixando escapar o hidrocarboneto. Tal cenário pode ainda ocorrer em navios petroleiros, nas plataformas de extração e nos oleodutos de distribuição, causando danos enormes ao meio ambiente. A poluição pode vir de diversas formas, desde um derramamento de óleo de grandes proporções, à menores, como os resíduos das lavagens de tanques e reservatórios, que são lançados ao mar. No Brasil grande parte do petróleo é transportado por navios petroleiros, pois são em ambiente offshore que estão os maiores reservatórios explorados no país, como o pré-sal. Gurimoni et al. (2004), observa que cerca 50% do petróleo consumido atualmente no mundo é também transportado através do mar, caracterizando uma dinâmica intercontinental do produto. No sentido de caracterizar a relevância e gravidade desses eventos, apresentamos a descrição de Andrade (2016), sobre os principais acidentes ocorridos na costa brasileira envolvendo a atividade petrolífera, organizada em ordem cronológica: Janeiro de 2000: Baía de Guanábana (RJ) – Em Janeiro de 2000 na Bahia de Guanabara, ocorreu um rompimento de oleoduto, em que o mesmo ligava a Refinaria Duque de Caxias e o Terminal da Ilha d´Água, ocasionando vazamento de 1,3 milhão de litros de óleo combustível, sendo assim, contaminando praias, manguezais, prejucando assim todos os pescadores que retiram seu sustento do mar. O acidente aconteceu devido o duto não ter um desligamento automático que é obrigatório. Na época a Petrobras pagou uma multa de R$ 35 milhões ao Ibama e destinou outros R$ 15 milhões para a revitalização da baía. Os anos se passaram e grande quantidades de pescadores ainda não foram idenizados (ANDRADE, 2016). Março de 2001: Bacia de Campos, Macaé (RJ) – A plataforma P-36 se encontrava-se situada no Campo do Rancor, na Bacia de Campos (RJ), onde foi atingida por duas explosões, a mesma tinha um grande potencial de produção de petróleo, alguns relatos afirmam que o acidente ocorreu devido à não conformidade quanto ao procedimentos operacionais. Em seguida a plaforma acabou naufragando e cerca de 350 mil litros de petróleo e 1,2 mil litros de óleo diesel começou a se espalhar no mar. Durante a explosão 175 das pessoas que estavam a bordo, 11 morreram, abrindo uma crise na Petrobras naquele ano, pois a mesma era vista como uma empresa de grande porte (ANDRADE, 2016). Novembro de 2004: Porto de Paranaguá (PR) – Navio químico Vicunã de propriedade Ultragas (Chile), onde ocorreu uma explosão levando a morte tanto de animais, como de 4 tripulantes dos 24 que estavam a bordo. O acidente acabou prejudicando tudo que estava em sua volta ( cais, termis, pesca e o turismo), cerca de 4.079 toneldas de metanol e 285 de óleo vazaram no mar (ANDRADE, 2016). Novembro de 2011: Bacia de Campos, Macaé (RJ) - Acidente com a plataforma offshore da empresa Norte Americana (Chevron), localizada no Campo de Frade (RJ), segundo informações ocorreu devido ter encontradas falhas da empresa em sua plataforma e alguns descumprimetos de regulamentação, a empresa relatou que broca perfurou além da conta no subsolo, ocasinonando vazamento de 3,7 barris de petróleo, sendo assim multada em R$ 50 milhões pelo Intituto de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), o acidente aconteceu 120 quilômetros da costa do Rio de Janeiro, causando uma mancha de óleo de grande extensão (ANDRADE, 2016). O processo da exploração e produção de petróleo é uma atividade que abrange um grande risco, pois os mesmos exigem uma grande atenção e segurança, principalmente pelas características do produto transportado. Atualmente, muitos profissionais que trabalham nessa linha de exploração e produção, estão preocupados com os tipos de trabalhos que se expõe, devido a séries de acontecimentos dos últimos anos. Alguns desses, ocasionados devido a falha humana ou até mesmo da falta de manutenção de determinados equipamentos. Segundo Issakov (2013 apud BRITTO; CARVALHO; BORBA, 2016, p.2): Na atividade de petróleo offshore lidamos com riscos ambientais, que fazem parte do cotidiano do setor petrolífero. E esses riscos vão estar sempre presentes nas etapas de perfuração, produção, transporte e armazenamento. Um dos acidentes mais comuns que podem ocorrer é o de vazamento,que acaba poluindo as águas. Esse tipo de acidente é difícil de combater, porque acontece debaixo d’água. Outros estão relacionados a substancias inflamáveis (óleo, diesel e gasolina) que podem gerar incêndio, provocando explos.es e gerando riscos aos trabalhadores. Havendo o incêndio o meio ambiente fica degradado com os produtos vazando pelas águas e atingindo consequentemente os animais. Sabemos que o derramamento de óleo e seus derivados no mar, trazem grandes consequências negativas ao meio ambiente. Alguns países como Austrália, Estados Unidos, Reino Unido e Japão, já possuem Plano Nacional de Contingência bem avançados (CALIXTO, 2011). Com os grandes acidentes de derramamentos de óleo no mar do Brasil, o país tem desenvolvido uma série de iniciativas e projetos de desenvolvimento de softwares de modelagem de vazamento de óleo, de análise quantitativa de risco, desenvolvimento de bancos de dados de acidentes ambientais, dados de vazamento de óleo, estruturação de toda a equipe e capacitação dos servidores do IBAMA, dentre outros (CALIXTO, 2011). 4.2 ESTUDOS DE CASO Analisando o histórico dos últimos 16 anos, relacionando os principais acidentes envolvendo derramamento de óleo nos mares do Brasil, observa-se que as principais ocorrências estão ligadas na maioria das vezes a plataformas offshores. Em oleodutos e navios petroleiros os mesmos ocorrem com menor frequência. Nesse contexto, apresentamos a seguir alguns dos acidentes mais emblemáticos em tempos recentes. O primeiro deles é o da plataforma P-36 da Petrobras, de março de 2001, que se encontrava instalada no Campo de Roncador na Bacia de Campos (RJ). A mesma produzia cerca de 84.000 barris por dia de petróleo e 1,3 milhão m³ por dia de gás, a partir de poços situados em laminas d’água superiores a 1.800 metros. A plataforma foi atingida por três explosões, onze pessoas morreram das cento e setenta e cinco que estavam a bordo. A maior plataforma de petróleo do mundo no momento foi destruída 5 dias depois das explosões. A P- 36 foi a pique levando ao fundo do mar equipamentos avaliados em 1 bilhão de reais. Em função do acidente 1,5 milhão de m³ de óleo vazaram no mar, o episódio que abriu uma crise sem precedentes na Petrobras naquele ano. Até a então a empresa tinha uma imagem internacional de grande eficiência na área de produção marítima em grandes profundidades. Segundo relatório técnico do evento, o acidente aconteceu devido á não conformidade quanto a procedimentos operacionais de manutenção e de projeto (ANP, 2011). Outro acidente em plataforma offshore, foi o da empresa americana Chevron que retirava o petróleo em Campo do Frade, na Bacia de Campos (RJ), no dia 08 de novembro de 2011. O mesmo ocasionou o vazamento de 3,7 mil barris de petróleo, equivalente a 588 mil litros de óleo. A empresa relatou que a broca perfurou a coluna que se encontrava em alta pressão que são imprevisíveis, outros relatos afirmam que a broca afundou além da conta no subsolo. No fundo do oceano, 4 dias depois do acidente observaram gotas de óleo saindo das rachaduras, o vazamento durou mais de 9 dias, sendo 6 dias para conter o vazamento. O relatório final da ANP, divulgou em julho de 2012, informou que o acidente ocorreu a 120 quilômetros da costa do Rio de Janeiro, causando uma macha de óleo de 18 quilômetros de extensão. A empresa Norte Americana (Chevron), foi multada em R$ 50 milhões pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), e segundo a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), podem ser enquadradas por outros tipos de infração. Investigações apontaram que foram encontradas falhas da Chevron, incluindo descumprimento das regulamentações (ANP, 2012). Outro acidente de grande repercussão relacionado a oleodutos, ocorreu em janeiro de 2000, com o rompimento do oleoduto na Baía da Guanabara (RJ), que liga a Refinaria Duque de Caxias e o Terminal da Ilha d´Água. O acidente permitiu o vazamento de 1.300 m³ de óleo combustível marítimo, mudando irreversivelmente o cenário da Bahia de Guanabara. Esse duto não tinha uma licença ambiental e nem sistema de desligamento automático, obrigatórios em qualquer atividade petroleira. O vazamento do oleoduto causou a contaminação de praias, costões, manguezais, ou seja, trouxe impactos negativos às atividades da região. Após 16 anos, cerca de 20 mil pescadores ainda não foram indenizados. Os mesmos tiveram que interromper suas atividades em função da poluição. A indenização judicial foi fixada em de 1,23 bilhão de reais, no total de 500,00 reais por mês para cada pescador durante dez anos (MMA, 2013). No ano de 2004, no mês de novembro, houve uma explosão no navio químico Vicuña, no Porto de Paranaguá (PR), navio de propriedade Sociedad Navieira ULTRAGAS (Chile),. O acidente ocasionou um grande impacto à vida humana e à vida marinha, ceifando a vida de quatro tripulantes que estavam a bordo. Nesse, vazaram cerca de 4.079 toneladas de metanol e 285 toneladas de óleo. Vários animais marinhos foram afetados, bem como: golfinhos, tartarugas, crustáceos e aves aquáticas. Tudo o que estava em volta do navio foi prejudicado, o cais de atracação e ao terminal onde o navio estava atracado, a pequenas embarcações, atividades portuárias, pesca e ao turismo. Os anos se passaram e os impactos ambientais e social ainda é muito forte, pescadores, marisqueiros, jamais conseguiram retirar do mar, o que lhes garantiam o sustento, como indenização, centenas receberam de R$ 300,00 a R$ 900,00 como indenização. O acordo pode ter sido prejudicial aos pescadores, pois já havia uma decisão judicial, que determinava o pagamento de R$ 13.000,00 reais como indenização. Como os mesmos não foram comunicados sobre essa decisão judicial, acabaram por ser prejudicados na manobra judicial (CEI, 2015). 4.3 INICIATIVAS GOVERNAMENTAIS PARA CONTER DANOS DE ACIDENTES PETROLÍFEROS Como consequência da ocorrência de grandes acidentes de derramamento de óleo no Brasil, foram tomadas várias iniciativas governamentais, para minimizar os prejuízos ecológicos causado pelo transporte de petróleo. Segundo Pascoal (2002), a principal é a Recupetro, Rede Cooperativa em Recuperação de Áreas Contaminadas por Atividades Petrolíferas, que reúne cerca de 13 redes cooperativas de pesquisa do setor petrolífero nas Regiões Norte e Nordeste, aparadas pela CT-Petro, CNPq e Finep. O objetivo da Recupetro seria contribuir com avanços tecnológicos no sentido de auxiliar a recuperação de impactos ambientais causados pela atividade da indústria petrolífera. A rede se propõe ainda a realizar capacitação de profissionais técnicos e especializados para gerenciar os problemas ambientais resultantes de atividades petrolíferas, tais como: exploração, produção, refino e transporte de petróleo e seus derivados nas regiões do país onde acontecem estas atividades. Todos esses programas estão fixados nas cidades Norte e Nordeste, pois, além de serem grandes regiões produtoras de petróleo, são as que ocorrem com frequência acidentes ecológicos de acordo com Pascoal (2002). 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O grande atrativo da atividade petrolífera para os estados e municípios, configurada através do repasse dos royalties do petróleo, mascara os grandes riscos ambientais associados. A falta ainda de uma fiscalização governamental eficiente e constante com relação à segurança dos navios petroleiros, e a manutenção das plataformas de petróleo, bem como a aplicação de multas pesadas para o descumprimento de normas de segurança no transporte e na exploração de petróleo, facilita a ocorrência de impactos ambientais. Em função da dificuldade de dimensionamentodo dano ambiental causado pelos derramamentos de petróleo em ambiente marinho, o impacto ambiental e social é normalmente subdimensionado. Como consequência, devido a gravidade do impacto gerado pela contaminação de hidrocarbonetos, é necessário estabelecer medidas capazes de amenizar as consequências negativas dessa degradação ambiental, causada pelo derramamento de petróleo. THE ENVIRONMENTAL COST OF PETROLEUM EXPLORATION IN THE OFFSHORE ENVIRONMENT IN BRAZIL Chrystian Rafael Ramos Costa Me. Marina da Silveira e Melo Me. Maria Teresa Curty Abstract The complexity of visualization and identification of the environmental damage caused by disasters of Oil Tankers and Platforms usually leads to the understatement of these disasters not considering the consequences associated species in this fragile ecosystem and the traditional communities that make use of it. The size of an environmental disaster on the national coast impacts the environment, but also society through coastal productive activities and the contamination that reaches cities through the beach. The present study had the objective of investigating the environmental cost caused in the Brazilian coastal zone related to major disasters of platforms, oil tankers and related activities, and existing devices to mitigate and remedy such damages. Key Words: Environmental impact. Exploration of oil. Offshore environment. Brazil. REFERÊNCIAS ALONSO, S. Poluição Por Derramamento de Petróleo. 2012. In: Brasil Escola. Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/geografia/poluicao-por-derramamento-petroleo.htm>. Acesso em: 27 mai. 2016. ANP - Agencia Nacional de Petróleo. Relatório da Comissão de Investigação ANP/DPC sobre análise do acidente com a plataforma P-36 em 2001. Jul. 2011. Disponível em: <http:// www.anp.gov.br/SITE/acao/download/?id=23386>. Acessado em: 29 out. 2016. ANP - Agencia Nacional de Petróleo. Relatório Final das Investigações da ANP sobre o vazamento ocorrido no Campo de Frade em 2011. 20 jul. 2012. Disponível em: < http://www.anp.gov.br/?pg=82550>. Acessado em: 10 out. 2016. BRASIL. LEI Nº 9.478, DE 6 DE AGOSTO DE 1997. Dispõe sobre a política energética nacional, as atividades relativas ao monopólio do petróleo, institui o Conselho Nacional de Política Energética e a Agência Nacional do Petróleo e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9478.htm>. Acessado em: 10 out. 2016. BRASIL. LEI Nº 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9605.htm>. Acessado em: 10 out. 2016. BRITTO, A. C.; CARVALHO, C. Z.; BORBA, C. Prevenção de acidentes ambientais em plataformas offshore. v. 3, n. 2, 2016. Disponível em: <periodicos.set.edu.br>. Acesso em: 30 out. 2016. CALIXTO, E. Contribuições para o Plano de contingência para serramento de petróleo e derivados no Brasil. 2011. 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