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Fisiologia 1 Análise e Investigação de Acidentes Ambientais Paulo César Oliveira Carvalho 1ª e di çã o DIREÇÃO SUPERIOR Chanceler Joaquim de Oliveira Reitora Marlene Salgado de Oliveira Presidente da Mantenedora Wellington Salgado de Oliveira Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA Gerência Nacional do EAD Bruno Mello Ferreira Gestor Acadêmico Diogo Pereira da Silva FICHA TÉCNICA Direção Editorial: Diogo Pereira da Silva e Patrícia Figueiredo Pereira Salgado Texto: Paulo César Oliveira Carvalho Revisão Ortográfica: Rafael Dias de Carvalho Moraes Projeto Gráfico e Editoração: Antonia Machado, Eduardo Bordoni, Fabrício Ramos e Victor Narciso Supervisão de Materiais Instrucionais: Antonia Machado Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos COORDENAÇÃO GERAL: Departamento de Ensino a Distância Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universo – Campus Niterói. C331a Carvalho, Paulo César Oliveira. Análise e investigação de acidentes ambientais / Paulo César Oliveira Carvalho ; revisão de Rafael Dias de Carvalho Moraes. – 1. ed. – Niterói, RJ: UNIVERSO. Departamento de Ensino a Distância, 2017. 164 p. : il. 1. Engenharia ambiental. 2. Gestão ambiental. 3. Gestão de riscos. 4. Desastres ambientais. 5. Avaliação de riscos ambientais. 6. Impacto ambiental - Legislação. 7. Proteção ambiental - Legislação. 8. Ensino à distância. I. Moraes, Rafael Dias de Carvalho. II. Título. CDD 628 Bibliotecária: Elizabeth Franco Martins – CRB 7/4990 Informamos que é de única e exclusiva responsabilidade do autor a originalidade desta obra, não se r esponsabilizando a ASOEC pelo conteúdo do texto formulado. © Departamento de Ensi no a Dist ância - Universidade Salgado de Oliveira Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura, mantenedor a da Univer sidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO). Análise e Investigação de Acidentes Ambientais Palavra da Reitora Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo, exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSO EAD, que reúne os diferentes segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero bem-sucedidas mundialmente. São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se responsável pela própria aprendizagem. O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo momento ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de nossa plataforma. Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos. A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem- sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização, graduação ou pós-graduação. Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona. Seja bem-vindo à UNIVERSO EAD! Professora Marlene Salgado de Oliveira Reitora. Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 4 Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 5 Sumário Apresentação da disciplina ...................................................................................................... 7 Plano da Disciplina ..................................................................................................................... 8 Unidade 1 - Inspeções Ambientais .......................................................................................... 9 Unidade 2 - Os Acidentes Ambientais ao Longo do Tempo............................................ 39 Unidade 3 - Legislações Pertinentes aos Impactos Ambientais ..................................... 73 Unidade 4 - Estudo de Ocorrência de Casos de Acidentes .............................................. 89 Unidade 5 - Análise de Modos de Falha e Efeitos – AMFE..............................................111 Unidade 6 - Hazop – Hazard and Operability Studies129 Estudos de Perigos e Operabilidade) ...................................................................................................129 Considerações finais ................................................................................................................156 Conhecendo o autor................................................................................................................157 Anexos.......................................................................................................................................159 Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 6 Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 7 Apresentação da disciplina O nosso planeta é muito bonito e equilibrado, ar e água na quantidade certa, sempre renováveis e a vida é abundante. Mas quando a humanidade falha e empresas e o governo se omitem, os impactos ambientais ocasionados por "acidentes" no meio ambiente são piores, além de ter prejuízos ecológicos, existe o prejuízo econômico e social. A palavra acidente, aqui destacada entre aspas, representa, na sua essência, CRIMES e alguns destes contra a natureza são tragicamente memoráveis. Imagens memoráveis, como as das bombas em Hiroshima e Nagasaki, as manchas negras de petróleo derramado pela extensão do Golfo do México, ou o que se tornou Chernobyl após o acidente radioativo, mais recentemente temos a catástrofe em Mariana, Minas Gerais, ocasionado pela ruptura da barragem da Samarco, dificilmente serão esquecidas. Algumas tragédias evidenciam a delicada e destrutiva relação entre o homem e o meio ambiente. Muitas vezes as ações do homem sobre o meio ambiente podem impactar na destruição de ambientes naturais e provocar desequilíbrios que chegam a se perpetuar por décadas. Alguns desastres ambientais marcam os noticiários até os dias atuais e evidenciam a complicada e destrutiva relação entre o homem e o meio ambiente. A disciplina aqui apresentada, através deste instrumento de aprendizagem, vem mostrar e propor discussões e sobre os problemas causados por ações equivocadas ou criminosas dos seres humanos e suas políticas ambiciosas. Talvez, depende de todos nós, apresentarmos soluções para que este problema seja minimizado ou erradicado. O objetivo desta disciplina é demonstrar a evolução histórica dos acidentes ambientais e fornecer ferramentas para a análise e investigação dos acidentes ambientais, preveni-los e evita-los, além deesclarecer a legislação vigente, normas e regras sobre o assunto. Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 8 Plano da Disciplina A Disciplina abordará a evolução histórica dos acidentes ambientais e propõe ferramentas para a análise e investigação dos mesmos. A Ementa conta com os seguintes tópicos: Tipos de Inspeção Ambiental; Legislação Pertinente; Estudo de Ocorrência de Casos Acidentes; Análise das Condições dos Ambientes; Identificação das Causas; Recomendação de Medidas Preventivas; Técnica de Incidentes Críticos; Análise de Modos de Falhas e Efeitos e Estudo de Operabilidade e Risco. Ao final, nos Anexos desta obra, segue um Mapa Mental sobre os Estudos Ambientais. Bons estudos! Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 9 1 Inspeções Ambientais Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 10 Nesta primeira unidade, iremos abordar um breve histórico das inspeções e a sua importância na indústria, a inspeção em auditorias, metodologias e influência no trabalho industrial. Objetivos da unidade: As Inspeções ambientais têm como objetivo caracterizar a situação da empresa para fornecer um diagnóstico atual no que diz respeito às inspeções de equipamentos, auditorias e métodos de inspeções, favorecendo a definição das ações de controle e de gerenciamento que deverão ser tomadas para proporcionar a sua melhoria ambiental e qualidade e segurança das operações. Plano da unidade: A importância das inspeções no meio industrial As inspeções em auditorias Métodos de inspeções Métodos de abordagens na inspeção O impacto do trabalho prescrito e do trabalho real nas inspeções Bons estudos! Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 11 A importância das inspeções no meio industrial No fim do século XIX e o início do século XX, o mundo foi marcado por grandes avanços industriais. O grande desenvolvimento econômico ocorrido após as duas Guerras Mundiais foi muito importante na fabricação de produtos químicos, têxtil e farmacêuticos, principalmente os derivados de petróleo. A necessidade de desenvolver processos produtivos mais eficientes e de maior capacidade exigindo dos equipamentos condições cada vez mais severas, tanto do ponto de vista físico (pressão e temperatura) quanto químico (corrosividade), não conseguiam acompanhar este desenvolvimento, falhas e acidentes causados por equipamentos em péssimo estado de conversão e operação, aconteceram em grande escala, particularmente em caldeiras. Conforme a Associação Norte-americana de Engenheiros Mecânicos (ASME) ocorreram nos Estados Unidos entre as décadas de 1870 a 1910 cerca de 10.000 explosões de caldeiras (média de 250/ano). Durante muitos anos ocorreram vários acidentes fatais causados por caldeiras. Diante destas fatalidades, ficaram evidentes, duas grandes necessidades: Regulamentação do projeto e a fabricação de equipamentos pressurizados, particularmente de caldeiras; Capacitação de técnicos para controlar a qualidade e a deterioração destes equipamentos. Um primeiro código estadual norte-americano de projeto e fabricação de caldeiras é criado em 1908, após um acidente trágico numa fábrica de calçados localizada nos Estados Unidos na cidade de Brockton estado de Massachussets, em março 1905. Uma caldeira explode arrancando o teto de dois andares, matando 58 pessoas e ferindo outras 117. Em seguida Ohio, outros nove estados publicaram seus próprios códigos o que gerou grandes dificuldades devidas à falta de padronização. Em 1911, a Associação Norte-americana de Engenheiros Mecânicos (ASME), criou uma comissão com a missão de unificar todos estes documentos. Em 1914, foi aprovada a Seção I do “Boiler and Pressure Vessels Code” (Código de Caldeiras e Vasos de Pressão) que regulamenta o projeto e construção de Caldeiras. Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 12 A da segunda necessidade mencionada anteriormente (capacitação de profissionais para controlar a qualidade e a deterioração de caldeiras e vasos) foi atendida com a fundação, em 1919 da Comissão Nacional de Inspetores de Caldeiras e Vasos de Pressão, “National Board”. Naquela época, apesar da unificação dos códigos de projeto, caldeiras cuja fabricação era contratada por determinada empresa, só podia ser aprovada por inspetor do mesmo estado, o que causava muitas dificuldades. A missão inicial do “National Board” foi de capacitar e certificar pessoal para inspeção de caldeiras promovendo a uniformidade de critérios e menor necessidade de deslocamentos. A partir desses dois fatos históricos (publicação da seção I do código ASME e fundação do National Board) ocorre o nascimento da Inspeção de Equipamentos. O gráfico 1 abaixo mostra o forte impacto destes dois acontecimentos na ocorrência de explosões de caldeiras, onde os números de acidentes foram reduzidos a partir de então, mesmo com a elevação das pressões de trabalho, decorrente da evolução tecnológica ao longo dos anos. Gráfico 1 – Pressões Máximas X Explosões Fonte: Adaptado autor. Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 13 Foto 1 - RB Grover antes da explosão. Foto 2 - RB Grover depois do acidente Fonte: http://docslide.com.br/documents/historia-da-inspecao. Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 14 Em 1950, foi inaugurada no Brasil sua primeira grande refinaria de petróleo em Mataripe Bahia, a Refinaria Landulpho Alves (RLAM). Em 1954 entrou em operação a Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão (RPBC). Após o quarto ano de operação, aconteceu um grande acidente na refinaria de Cubatão, provocando ao óbito de três pessoas, causando enormes danos às instalações, comprometendo o suprimento do mercado e o monopólio estatal do petróleo passou a ser mais questionado, prejudicando até a continuidade da Petrobrás recentemente criada. A causa foi a corrosão de um pequeno trecho (aprox. 60 cm) de tubulação de 6” da linha de entrada de carga da torre fracionadora que havia sido confeccionado em aço carbono em lugar do material especificado no projeto: aço liga 5%Cr 0,5%Mo, perfeitamente adequado para as condições às quais seria submetido. A tubulação conduzia nafta, um derivado de petróleo leve e volátil sendo um dos derivados de petróleo mais destrutivos aos dutos de aço-carbono. Após quatro anos de operação o tal trecho encontrava-se com espessura muito reduzida, chegando a perfurar em algum ponto. Três pessoas foram designadas para verificar o que estava acontecendo. Logo após a retirada do isolamento térmico do local onde havia sido observado vazamento, a linha sofreu ruptura brusca que provocou incêndio de grandes proporções e enormes prejuízos. Tal fato é ilustrado na figura 1. Figura 1 - O trecho instalado utilizou material inadequado para uso nas condições exigidas Fonte: http://docslide.com.br/documents/historia-da-inspecao.html Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 15 Foto 3 - Linha rompida próxima à da torre de fracionamento Foto 4 - "epicentro" da explosão que matou três petroleiros. Fonte: http://docslide.com.br/documents/historia-da-inspecao. Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 16 A partir desse acidente, o papel da Inspeção de Equipamentos passou a ser mais bem compreendido sendo alocados recursos necessários para uma atuação mais efetiva. O órgão de Inspeção de Cubatão se desenvolveu muito e serviu de modelo para a refinaria, para os setores de transporte, prospecção e produção de petróleo, bem como para as demais refinarias que foram construídas desde então. Na década de 1980, a Petrobrás passou a investir no setor petroquímico, que também absorveu esta tecnologia e assim se disseminou por todo o país. Causas: Erro de instalação (montagem); Seleção indevida do material (fora dasespecificações); Corrosão uniforme provocada pela nafta; Ausência de Inspeção. Tendências Atuais Na Inspeção Em Equipamentos As exigências no Brasil são crescentes, tanto pela necessidade da obtenção de resultados, quanto pela redução dos custos de operação. É necessário melhorar os padrões anteriores, por um custo cada vez menor. Para este problema, só há uma solução: o emprego de conhecimento e da tecnologia. Os mecanismos de danos atuantes em cada equipamento são o ponto de partida para a elaboração de um programa de inspeção. Dispõe-se, atualmente, de conhecimento suficiente para determinar, antecipadamente, quais os mecanismos de danos que estarão atuando em um determinado equipamento e em quais situações. Exemplos disso são dois documentos publicados em 2000 pelo API – American Petroleum Institute: API 579 (“Adequação ao Uso”) e API 580 (“Inspeção Baseada em Risco”), que caminham na direção da identificação, quantificação e avaliação dos mecanismos de danos em equipamentos industriais. Os mecanismos de danos produzem as deteriorações. Mecanismos distintos apresentam danos distintos e técnicas adequadas de ensaios devem ser utilizadas com o equipamento em suas condições de serviço ou com o equipamento parado na temperatura ambiente. O ideal seria efetuar toda a avaliação dos equipamentos em operação normal, para evitar interferências operacionais, excesso de demandas durante as paradas e principalmente para avalia-lo na mesma condição em que o mecanismo de deterioração está presente. Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 17 As inspeções em auditorias Na Engenharia Diagnostica, a Área Ambiental é relativamente nova, vivemos hoje em uma cultura de risco, com efeitos que muitas vezes escapam à capacidade de percepção, mas aumentam consideravelmente as evidências de que eles podem atingir não só a vida de quem os produz, mas as de outras pessoas, espécies e até gerações. Trata-se de uma crise ambiental nunca vista na história, que se deve à enormidade de poderes humanos, com seus efeitos colaterais e consequências não antecipadas, que tornam inadequadas as ferramentas éticas herdadas do passado. (GIDENS e BECK apud BALMAN). Até o início do Século XXI, questões como: Passivos Ambientais, Presença de Vegetação, Presença de Nascentes de Água, Questões como Topografia, Entre outras eram de pouca significância quando na avaliação ou no diagnóstico de um imóvel ou empreendimento que pudessem resultar em custos ou despesas para as partes. Empresas do mundo todo vêm crescendo de forma desordenada a todo custo, mas o importante é que, independentemente deste fato, todas devem se preocupar com os efeitos de suas ações e as consequências ao meio ambiente, pois o preço a se pagar por quaisquer descuido pode ser muito alto. Existem muitos riscos diferentes associados com o estabelecimento, implementação, monitoramento, análise crítica e melhoria de um programa de auditoria que podem afetar o alcance de seus objetivos. De acordo com a Resolução CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) de 1986: “impacto ambiental é qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente afetam: I. A saúde, a segurança e o bem-estar da população; II. as atividades sociais e econômicas; III. a biota; IV. as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V. a qualidade dos recursos ambientais.” Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 18 Dentre os estudos ambientais, é muito importante conhecer o estudo de Avaliação de Impacto Ambiental chamado de Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto ao Meio Ambiente, ou EIA/RIMA. A RESOLUÇÃO CONAMA Nº 001/86 define que o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) é o conjunto de estudos realizados por especialistas de diversas áreas, com dados técnicos detalhados. O acesso a ele é restrito, em respeito ao sigilo industrial. No artigo 6° dessa resolução define que o EIA desenvolverá as seguintes atividades técnicas: I – Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto completa descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto, considerando: a) O meio físico – o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d’água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas; b) o meio biológico e os ecossistemas naturais – a fauna e a flora, destacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente; c) o meio socioeconômico – o uso e ocupação do solo, os usos da água e a socioeconômica, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos. II – Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através de identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e em médio e longo prazo, temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais. III – Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas. Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 19 IV – Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento (os impactos positivos e negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem considerados). O relatório de impacto ambiental, RIMA, refletirá as conclusões do estudo de impacto ambiental (EIA). O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e adequada a sua compreensão. As informações devem ser traduzidas em linguagem acessível, ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de comunicação visual, de modo que se possam entender as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as consequências ambientais de sua implementação. Dessa forma, o Relatório de Impacto Ambiental deverá conter os seguintes itens: I – Os objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com as políticas setoriais, planos e programas governamentais; II – A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, especificando para cada um deles, nas fases de construção e operação a área de influência, as matérias-primas, e mão de obra, as fontes de energia, os processos e técnica operacionais, os prováveis efluentes, emissões, resíduos de energia, os empregos diretos e indiretos a serem gerados; III – A síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da área de influência do projeto; IV – A descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e operação da atividade, considerando o projeto, suas alternativas, os horizontes de tempo de incidência dos impactos e indicando os métodos, técnicas e critérios adotados para sua identificação, quantificação e interpretação; V – A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, comparando as diferentes situações da adoção do projeto e suas alternativas, bem como com a hipótese de sua não realização; VI – A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não puderam ser evitados, e o grau de alteração esperado; VII – O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos;Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 20 VIII – Recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões e comentários de ordem geral). Atividades que exigem o EIA/RIMA: De acordo com o artigo 2° da Resolução Conama, a elaboração de estudo de impacto ambiental (EIA) e respectivo relatório de impacto ambiental (RIMA), a serem submetidos à aprovação do órgão estadual competente, e do IBAMA em caráter supletivo, devem ser realizados para o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais como: I – Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento; II – Ferrovias; III – Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos; IV – Aeroportos, conforme definidos pelo inciso 1, artigo 48, do Decreto-Lei nº 32, de 18.11.66; V – Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotos sanitários; VI – Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV; VII – Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragem para fins hidrelétricos, acima de 10MW, de saneamento ou de irrigação, abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação, retificação de cursos d’água, abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias, diques; VIII – Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão); IX – Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de Mineração; X – Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos; Xl – Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primária, acima de 10MW; Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 21 XII – Complexo e unidades industriais e agroindustriais (petroquímicos, siderúrgicos, cloro químicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de recursos hídricos); XIII – Distritos industriais e zonas estritamente industriais – ZEI; XIV – Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 100 hectares ou menores, quando atingir áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental; XV – Projetos urbanísticos, acima de 100 ha ou em áreas consideradas de relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos municipais e estaduais competentes; XVI- Qualquer atividade que utilizar carvão vegetal, derivados ou produtos similares, em quantidade superior a dez toneladas por dia; XVII – Projetos Agropecuários que contemplem áreas acima de 1.000 ha ou menores, neste caso, quando se tratar de áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental, inclusive nas áreas de proteção ambiental. No Brasil, a Área Ambiental se encontra disposta na Constituição Federal desde 1988. A Legislação Ambiental Brasileira, é considera uma das mais modernas e avançadas do mundo, é também uma das mais severas punindo com multas que chegam à casa dos R$ 50 milhões de reais todas as ações consideradas crimes ambientais. Os Estados da União e os Municípios tem competência para legislar e estão cada dia mais aprimorando os procedimentos nesta Área. Consequentemente surgiram diversos novos segmentos que envolvem várias profissões, entre elas a Engenharia Ambiental e a Advocacia Ambiental, que vem caminhando juntas e hoje dando origem a Engenharia Legal Ambiental, que já é uma realidade inquestionável. Porém, em especial, pela novidade do assunto, nos dias atuais, diversos conflitos vêm ocorrendo entre a Parte Técnica e a Parte Legal. Os principais conflitos são: Legislações Extravagantes, que muitas vezes são incompatíveis com a realidade tecnológica sendo Inexequíveis. A inspeção ambiental é uma forma verificação das ações, processos, produtos e instalações que visa averiguação; se estes estão em conformidade com normas pré- Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 22 estabelecidas, sejam de segurança, de qualidade ou de prevenção, pois é certo que, a cada capital gasto em prevenção, exista uma economia de quatro vezes do valor investido. A inspeção de risco é a parte do controle de riscos que consiste em aplicar vistorias nas áreas e meios de trabalho, com o objetivo de identificar e corrigir ações que comprometam a segurança dos operários. Os acidentes acontecem em consequência de diversos fatores que, combinados, favorecem a ocorrência dos mesmos. Assim, a inspeção de risco ou de segurança é uma vistoria técnica feita nos locais de trabalho, áreas externas e instalações, observando os riscos existentes no ambiente, exemplo: falta de protetores em máquinas, protetores danificados, funcionando mal ou mal usados, desordem, desarrumação, disposição de materiais de maneira perigosa, uso de equipamentos de forma insegura, falta ou uso inadequado de equipamentos de proteção individual (EPI), falta ou uso inadequado de equipamentos de proteção coletiva (EPC) etc. O estado de conservação de materiais é outro fator importante a ser observado numa inspeção como: máquinas, mangueiras, cabos, ferramentas, escadas, EPI’s etc., que devido a sua utilização frequente leva a desgastes naturais que deterioram gradualmente, e esta pode ser detectada antes de causar danos pessoais, materiais e até ao meio ambiente. Quando esses problemas são vistos com antecedência, as informações são repassadas aos responsáveis para manutenção evitando assim acidentes e doenças no ambiente de trabalho. O Profissional da Segurança do Trabalho e / ou o membro da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) deverá percorrer todo o ambiente para identificar fatores que poderão ser causa de acidentes. Feito isto, o responsável deve tomar as devidas providências. Quando bem executadas e envolvendo a todos, as inspeções possibilitam a determinação de meios preventivos antes da ocorrência de acidentes; permite fixar nos trabalhadores a importância de se ter segurança no trabalho, encorajando-os a agirem como inspetores de segurança; permite consolidar a relação entre trabalhador e empresa, uma vez em que eles observam o interesse da empresa pela segurança do trabalho; despertam a confiança na administração e alcança a colaboração de todos para a prevenção de acidentes. Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 23 O risco de incidentes que resultem em danos ambientais significativos é claramente reduzido quando a empresa opera um calendário regular de auditorias ambientais. Figura 2 – Adaptado de Fornasari Filho et al, 1994. A partir da década de 1950, a auditoria de qualidade ficou bastante conhecida, sendo regulamentada a nível internacional e incluída nas normas técnicas da série ISO 9.000 e detalhada na ISO 10.000 (Fornasari Filho et al, 1994). Na década de 1970, as indústrias europeias e dos Estados Unidos, principalmente as de processo químico, passaram a ter interesses em seus desempenhos ambientais. Nesta ocasião, aconteceu a elaboração e difusão da auditoria ambiental. Um programa de auditorias ambientais, adequadamente elaborado e executado, proporciona melhorias significativas em termos de eficiência, segurança, controle de qualidade, desempenho da gestão ambiental, além de melhores práticas ambientais. As Auditorias ambientais estimulam a coerência e conformidade com as diretrizes da empresa e a constante observância das normas e regulamentos ambientais. Elas são uma oportunidade para identificar o possível desperdício ou utilização imprópria de energia e matérias-primas. Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 24 A auditoria ambiental tem como objetivo caracterizar a situação da empresa para fornecer um diagnóstico atual no que diz respeito à poluição do ar, às águas e aos resíduos sólidos, favorecendo a definição das ações de controle e de gerenciamento que deverão ser tomadas para proporcionar a sua melhoria ambiental. A auditoria fornece recomendações de ações emergenciais, de curto, médioe longo prazo que deverão ser tomadas para proporcionar a melhoria ambiental da empresa. De forma sucinta, pode-se dizer que a auditoria ambiental compara resultados com expectativas ambientais. Existem diferentes formas de auditorias ambientais, que são definidas em função dos diversos objetivos a que elas se propõem. Uma divisão simples classifica as auditorias em quatro classes: Auditoria dos impactos ambientais: Onde é feita uma avaliação dos impactos ambientais no ar, água, solo e comunidade de uma determinada unidade industrial ou de um determinado processo com objetivo de fornecer subsídios para ações de controle da poluição, visando a minimização destes impactos. Auditoria dos riscos ambientais: Onde é feita uma avaliação dos riscos ambientais reais ou potenciais de uma fábrica ou de um processo industrial especifico. Auditoria da legislação ambiental: Onde é feita uma avaliação da situação ambiental de uma determinada fábrica ou organização em relação ao cumprimento da legislação vigente. Auditoria de sistemas de gestão ambiental: É uma avaliação sistemática para determinar se o sistema da gestão ambiental e o desempenho ambiental de uma empresa estão de acordo com sua política ambiental, e se o sistema está efetivamente implantado e adequado para atender aos objetivos ambientais da organização. A auditoria de sistema de gestão é uma ferramenta de gestão, compreendendo uma avaliação sistemática, documentada, periódica e objetiva sobre como os equipamentos, gestão e organização ambiental estão desempenhando o objetivo de ajudar a proteger o meio ambiente. Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 25 A maioria das auditorias ambientais é uma combinação de uma e outra forma de auditoria. Contudo, o objetivo principal de qualquer auditoria ambiental e a realização de um diagnóstico da situação atual para verificar o que está faltando e promover ações futuras que tragam a melhora do desempenho ambiental da empresa. Aplicações e Vantagens Da Auditoria Ambiental Melhoria do controle da poluição nas empresas; verificação das condições da empresa em relação à legislação ambiental; substituição parcial do governo na fiscalização ambiental; avaliação dos riscos existentes e da vulnerabilidade da empresa, assim como identificação dos riscos antecipadamente; priorização de atividades e verbas para o controle ambienta; adequação de verbas para o controle ambiental; verificação da condição ambiental de unidades a serem adquiridas e avaliação de alternativas de crescimento; Cortar os gastos desnecessários, favorecendo ações econômicas e eficazes, reduzindo desperdícios; atendimento à legislação de forma sistemática e consistente, com resposta imediata às novas exigências legais fornecimento de outro ponto de vista do problema ambiental (olhar do auditor). Métodos de Inspeções Aos que trabalham com a Inspeção de Equipamentos em unidades industriais é muito simples entender qual é a importância do seu trabalho. Quando nada de extraordinário acontece em uma instalação industrial, é porque se está colhendo os frutos do trabalho bem feito da Inspeção. Entretanto, não se deve esquecer que este trabalho pode gerar interferências na produção e custos para a manutenção, e por isso deve ser amplamente discutido e seus benefícios divulgados. No Brasil as exigências são crescentes, tanto pela necessidade da obtenção de resultados, quanto pela redução dos custos de operação. As Leis Ambientais Brasileiras são consideradas as mais modernas e avançadas do mundo e também uma das mais severas punindo com multas que chegam à casa dos R$ 60 milhões de reais todas as ações consideradas crimes ambientais. Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 26 É Necessário ter bastante conhecimento para determinar, antecipadamente, quais os mecanismos de danos que estarão atuando em um determinado equipamento e em quais situações. Exemplos disso são dois documentos publicados em 2000 pelo API – American Petroleum Institute: API 579 (“Adequação ao Uso”) e API 580 (“Inspeção Baseada em Risco”), que caminham na direção da identificação, quantificação e avaliação dos mecanismos de danos em equipamentos industriais. Os mecanismos de danos são geradores de deteriorações. Mecanismos distintos apresentam danos distintos e técnicas adequadas de ensaios devem ser utilizadas com o equipamento em suas condições de serviço ou com o equipamento parado na temperatura ambiente. O ideal seria efetuar toda a avaliação dos equipamentos em operação normal, para evitar interferências operacionais, excesso de demandas durante as paradas e principalmente para avalia-lo na mesma condição em que o mecanismo de deterioração está presente. Existem mecanismos de danos que por sua característica localizada, exige amostragens maiores, às vezes inspeções completas. Outros mecanismos, pela sua característica generalizada, podem ser facilmente identificados pela inspeção amostral. A definição dos tamanhos das amostras tem implicação com os riscos de não serem identificados (ou corretamente mensurados) os danos que possuam uma grande variação de intensidade. Por isso, os critérios para a aplicação da inspeção amostral devem ser cuidadosamente avaliados. Quanto maior a amostragem, maior o valor da efetividade da inspeção, e vice-versa. Um aspecto muito importante a ser avaliado nessa questão é o amparo da tecnologia através da escolha de ensaios não destrutivos que, por sua natureza, fornecem informações mais amplas e completas com pouco esforço despendido. Na determinação do “quando inspecionar” é necessário à quantificação dos danos, e comparação com as tolerâncias existentes. Existem alguns métodos utilizados para a determinação do “quando inspecionar”. Um critério amplo é o de avaliação da confiabilidade do equipamento contido na metodologia de Inspeção Baseada em Risco (IBR). Esta metodologia foi apresentada pelo API em recente publicação (BRD 581), e orienta os esforços da inspeção para os equipamentos que apresentam maior risco de falhar. O risco aqui considerado é o produto da probabilidade de falha de um componente pelo valor da consequência da falha Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 27 (somatório das consequências patrimonial, aos negócios, ambiental e pessoal). Quanto maior o risco, ou quanto mais rapidamente o risco cresce, mais atenção deverá demandar o equipamento e as suas inspeções mais frequentes. Assim, os prazos entre inspeções serão variáveis, e dependerão exclusivamente do quanto se sabe (ou não se sabe) sobre um equipamento. Importante: o termo aperfeiçoar deve ser entendido na forma literal, não apenas como “reduzir”. O que acontece, na prática, é que o critério da IBR obriga a uma avaliação mais apurada dos equipamentos, e os prazos de inspeção que antes eram regidos por tabelas, passam a ser regidos pelo que se sabe do equipamento e os mecanismos de danos atuantes. Em termos conceituais, a IBR torna a inspeção menos preventiva e mais preditiva. Métodos de Abordagens nas Inspeções O profissional incumbido de realizar a inspeção deverá desenvolver métodos de controle em serviço, para garantir integridade dos equipamentos e também para manter uma rotina de atividade preditiva. A implantação de um SPIE (Serviço Próprio de Inspeção de Equipamentos) em uma empresa, necessariamente precisa conseguir uma certificação prevista no ANEXO II da NR-13 (Vasos de Pressão e Caldeiras, conforme sua criação na revisão de 1994/95). A entidade certificadora é o INMETRO ou um organismo credenciado ao Instituto Brasileiro do Petróleo. Os Estabelecimentos com SPIEs certificados podem colocar em prática os períodos especiais de inspeção de vasos de pressão e caldeiras, previstos nos subitens 13.5.4 e 13.10.3 da NR-13, conforme os quadros 1 e 2 abaixo: Fonte: Adaptado pelo autor. Quadros1 – Dados da NR-13 13.5.4 Estabelecimentos que possuam “Serviço Próprio de Inspeção de Equipamentos”, conforme estabelecido no Anexo II, podem estender os períodos entre inspeções de segurança, respeitando os seguintes prazos máximos: a) 18 (dezoito) meses para caldeiras das categorias “B” e “C”; b) 30 (trinta) meses para caldeiras da categoria “A” Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 28 a) Para estabelecimentos que não possuam “Serviço Próprio de Inspeção de Equipamentos”, conforme citado no Anexo II: Categoria Do Vaso Exame Externo Exame Interno Teste Hidrostático I 1 Ano 3 Anos 6 Anos II 2 Anos 4 Anos 8 Anos III 3 Anos 6 Anos 12 Anos IV 4 Anos 8 Anos 16 Anos V 5 Anos 10 Anos 20 Anos b) Para estabelecimento que possuam “Serviço Próprio de Inspeção de Equipamentos” Categoria Do Vaso Exame Externo Exame Interno Teste Hidrostático I 3 Ano 6 Anos 12 Anos II 4 Anos 8 Anos 16 Anos III 5 Anos 10 Anos A critério IV 6 Anos 12 Anos A critério V 7 Anos A critério A critério Fonte: Adaptado pelo autor. Os SPIEs devem ter alguns requisitos mínimos atendidos, para obter a certificação: Existência de pessoal próprio, com dedicação exclusiva, com formação, qualificação e treinamento compatíveis; Pessoal contratado para Ensaios Não Destrutivos certificada. Outros serviços eventuais devem contar com pessoal selecionado e avaliado seguindo critérios do pessoal próprio; Deve existir um responsável formalmente designado; Deve existir pelo menos um “Profissional Habilitado”; Deve manter arquivo técnico atualizado e mecanismos para distribuição de informações quando requeridas; Deve contar com procedimentos escritos para as principais atividades executadas; Deve ter aparelhagem condizente com a execução das atividades propostas. Quadro 2 – Dados da NR- 13 13.10.3 A inspeção de segurança periódica, constituida por exame externo, interno e teste hidrostático, deve obedecer aos seguintes prazos máximos estabelecidos a seguir: Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 29 Obrigações do SPIE: Manter atualizada uma lista com todos os equipamentos sob seu controle, mantendo um programa de inspeção, em conformidade com as exigências legais e normativas, com o objetivo de garantir que os equipamentos se mantenham em condições físicas seguras para a operação; Registrar e analisar os resultados das inspeções, modificações e reparos comparando-os com outras informações (histórico operacional, dados de literatura etc.), visando identificar os mecanismos de deterioração ou falhas de equipamentos em serviço, evitar sua ocorrência ou repetição, e revisar parâmetros do programa de inspeção; Definir e informar, aos setores envolvidos do estabelecimento, o tipo de exame (interno ou externo), periodicidade e a lista de equipamentos que deverão sofrer inspeção (programa de inspeção), bem como os serviços a serem realizados para inclusão no planejamento. Esta programação deve conter pelo menos a frequência das diferentes inspeções a serem realizadas e a lista de atividades de inspeção aplicáveis a cada equipamento ou grupo destes; Efetuar, ou testemunhar, ou assegurar a realização dos ensaios, medições, testes e exames necessários para avaliar as condições físicas dos equipamentos sob seu controle, com base em procedimentos escritos quando aplicável; Utilizar novas técnicas e métodos de inspeção, quando aplicável, visando intensificar a inspeção preventiva e a monitoração da deterioração dos equipamentos; Comparar os resultados obtidos durante a inspeção com os critérios estabelecidos; decidir se o equipamento tem ou não condições satisfatórias para operar; informar os resultados da inspeção aos setores envolvidos do estabelecimento e recomendar os reparos ou substituições eventualmente necessárias para restaurar as condições físicas em níveis satisfatórios; Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 30 Manter em arquivos rastreáveis e atualizados, os registros das inspeções, tais como condições físicas observadas, medições, laudos de ensaios, cálculos de taxas de corrosão, vida residual etc.; Avaliar a vida residual dos equipamentos, fornecendo subsídios para o planejamento da inspeção, operação e manutenção, identificando os equipamentos avaliados, o método utilizado e a frequência da avaliação. A dispensa desta avaliação deve ser justificada pelo PH do SPIE; Participar de decisões ou desenvolver estudos técnicos com o objetivo de definir se algum equipamento pode operar de forma segura em condições distintas das estabelecidas no projeto; Efetuar, ou testemunhar, ou assegurar a verificação do desempenho das válvulas de segurança, com base em procedimentos escritos; Assegurar ou realizar os ensaios, testes e medições necessários para verificar se a qualidade dos reparos e modificações executados nos equipamentos é satisfatória; Controlar o andamento das providências decorrentes das recomendações de inspeção emitidas e desenvolver, se necessário, em conjunto com os responsáveis pelo projeto dos equipamentos, propostas de modificações, visando prevenir ou atenuar os processos de deterioração aos quais os equipamentos estão sujeitos; Possuir procedimentos para as principais atividades incluindo, no mínimo, testes, ensaios, exames e medições que devem ser executados, os respectivos critérios de aceitação e a metodologia de registro de resultados, e o controle da aparelhagem do SPIE; Definir critérios para a contratação e avaliação dos serviços ou mão-de- obra de inspeção de equipamentos incluindo, nos respectivos instrumentos contratuais, os requisitos e critérios técnicos previstos na legislação e normas aplicáveis; Identificar necessidades de treinamento e implementar programas visando à capacitação e certificação do pessoal de inspeção, conforme exigências legais e normativas; Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 31 Executar, ou testemunhar, ou assegurar que as atividades de inspeção de fabricação e de recebimento de equipamentos, seus sobressalentes e outros materiais estão sendo realizadas; Definir as especificações técnicas para compra de material e aparelhagem de inspeção, enquadrando-as nas exigências normativas aplicáveis e verificar, no recebimento, se estas exigências são atendidas; Efetuar ou providenciar, por intermédio de laboratórios qualificados, a calibração da aparelhagem de inspeção, contra padrões rastreados nacional ou internacionalmente. Manter registros dos resultados das calibrações e identificar a data de validade da calibração da aparelhagem de inspeção e por fim assegurar condições adequadas para a calibração e preservação da aparelhagem de inspeção e analisar a validade dos resultados anteriores. O impacto do trabalho prescrito e do trabalho real nas inspeções O conceito de “trabalho prescrito” (ou tarefa), segundo a Drª Jussara Cruz de Brito da Fundação Oswaldo Cruz, refere-se ao que é esperado no âmbito de um processo de trabalho específico, com suas singularidades locais. O “trabalho prescrito” é vinculado, de um lado, a regras e objetivos fixados pela organização do trabalho e, de outro, às condições dadas. Pode-se dizer, de forma sucinta, que indica aquilo que ‘se deve fazer’ em um determinado processo de trabalho. Este conceito, ainda citando a Doutora Jussara, está baseado em estudos realizados em situações reais de trabalho, que permitiram evidenciar que o trabalho é muito mais do previsto e percebido do exterior, ele é sempre distinto do planejado. Esses duas faces do trabalho: a tarefa (“trabalho prescrito”) e a atividade (trabalho real). Duas faces que não se opõem, mas, ao contrário, se articulam de uma forma que ainda precisa ser mais bem compreendida. Ao identificar essas duas faces do trabalho, esses estudos, desenvolvidos por certa linha da ergonomia(originada nos países de língua francesa, e que se denomina ergonomia da atividade), demonstraram com clareza que é pertinente falar em “compreender” o trabalho (com suas diferentes faces), considerando que se trata de algo complexo. Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 32 Como uma primeira definição de “trabalho real” (“atividade”), Jussara Cruz de Brito cita, em seu artigo, é aquilo que é posto em jogo pelo(s) trabalhador (es) para realizar o trabalho prescrito (tarefa). Logo, trata-se de uma resposta às imposições determinadas externamente, que são, ao mesmo tempo, apreendidas e modificadas pela ação do próprio trabalhador. Desenvolve-se em função dos objetivos fixados pelo(s) trabalhador(es) a partir dos objetivos que lhe(s) foram prescritos. A parte observável da atividade (o comportamental) é apenas um de seus aspectos, pois os processos que geram a produção deste comportamento não são diretamente observáveis. Segundo o dicionário de verbetes, a expressão “trabalho real” está vinculada ao pressuposto de que as prescrições são recursos incompletos, isto é, que desde a sua concepção elas não são capazes de contemplar todas as situações encontradas no exercício cotidiano de trabalhar. Nesse sentido, é dada importância ao papel das pessoas como protagonistas ativos do processo produtivo (e não como ‘fator’ ou ‘recurso’ humano). Mesmo que as tarefas sejam muito repetitivas, cabe ao trabalhador fazer regulações/ajustes/desvios – mesmo que infinitesimais – que garantam a continuidade da produção. Isso implica o questionamento de expressões, como ‘trabalho manual’ ou ‘trabalho de execução’, que não assinalam ao caráter ativo (mobilização cognitiva e afetiva) do trabalhador. Devido à sua origem, o conceito de “trabalho prescrito” esteve muito ligado à concepção taylorista de organização do trabalho (com a tentativa de predição e de controle sem limites do processo de trabalho), levando a uma visão antagônica ao seu sentido. Esta visão, entretanto, foi-se modificando com a constatação de que há diferentes modos de prescrição do trabalho, uma forma de antecipação necessária e que é encontrada em todos os processos produtivos. Com isso, entendeu-se que o conceito de “trabalho prescrito” (ou tarefa) é fundamental para descrevermos uma das faces do trabalho – que logicamente tem implicação sobre a outra (atividade). Até os dias de hoje os ergonomistas e demais cientistas do trabalho procuram avançar na definição desse conceito, considerando os mundos atuais de trabalho. Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 33 Enquanto atividade mediadora, o trabalho é gerador de significações psíquicas para os sujeitos. Essas significações, no contexto de produção de bens e serviços são inseparáveis da mediação subjetividade-objetividade e se apoiam nas relações sociais de trabalho. Elas têm um papel fundamental no processo psicológico de construção de identidade e na garantia do equilíbrio psíquico dos trabalhadores. Nessa esfera, as vivências psíquicas dos trabalhadores são tecidas no cotidiano de trabalho, sobretudo, por meio da gestão do trabalho prescrito, da interpretação dos efeitos do trabalho real, da construção de novos saberes, da gestão de relações socioprofissionais e da elaboração de significação psíquica em termos de prazer- sofrimento. A vivência de sofrimento apresenta as seguintes características: origina-se nos males que o trabalho causa no corpo e nas relações sociais com as pessoas; suas principais causas encontram-se nas dimensões da organização, nas condições e nas relações de trabalho que estruturam os contextos de produção de bens e serviços; constitui-se em um dos indicadores de mal-estar no trabalho sob a forma de uma avaliação consciente de que algo não vai bem; manifestam-se por meio de sintomas como ansiedade, insatisfação, indignidade, inutilidade, desvalorização e desgaste no trabalho; constitui-se em um mobilizador para as mudanças das situações que fazem sofrer, passando a ser resignificado, ao assumir um papel de mediador entre o patológico e o saudável. Estamos encerrando a unidade. Sempre que tiver uma dúvida entre em contato com seu tutor virtual através do ambiente virtual de aprendizagem e consulte sempre a biblioteca do seu polo. É hora de se avaliar Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 34 Exercícios – Unidade 1 1. A participação pública se dá em todo o processo de Avaliação de Impacto Ambiental, de maneira formal e informal, principalmente por meio de audiências públicas; Das alternativas abaixo, qual das alternativas NÃO está de acordo com o texto? a) A audiência pública é conduzida pelo órgão licenciador, iniciando pela exposição objetiva do projeto e do seu respectivo RIMA. Em seguida devem ocorrer discussões abertas com todos os presentes interessados b) Audiências públicas serão realizadas somente no caso em que forem solicitada por 50 ou mais cidadãos c) Para dar publicidade às audiências públicas são publicados editais de recebimento dos EIA-RIMA, dando a possibilidade aos interessados de solicitar uma audiência pública d) A ata da audiência pública e seus anexos servirão de base, juntamente com o RIMA para a análise e parecer final do licenciador, quanto à aprovação ou não do projeto e) Audiências públicas serão realizadas sempre que se julgar necessário, ou quando for solicitado por entidade civil, ministério público ou por 50 ou mais cidadãos 2. O uso de indicadores como instrumentos para a gestão e para a tomada de decisões políticas é uma prática habitual em setores como o da economia, da sociologia, da educação etc. A história do desenvolvimento de indicadores ambientais teve início oficial na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Natural e Desenvolvimento, quando se produziu um consenso geral a respeito da necessidade de avançar para a implementação de um desenvolvimento sustentável. Nesse sentido, assinale a alternativa que contém um indicador ambiental: a) Termo de Ajustamento de Conduta. b) Estudo de Impacto Ambiental Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 35 c) Resíduos Sólidos d) Impacto Ambiental e) Poluição Sonora 3. A Resolução 01/1986 do Conama diferencia o EIA do RIMA, conforme tradição já consagrada no mundo todo. Pode-se afirmar que o RIMA é um instrumento que: a) Expressa um estudo específico inicial, envolvendo identificação e classificação de impactos, predição de efeitos, pesquisa de campo, análises laboratoriais, valoração monetária dos recursos ambientais, avaliação de alternativas, entre outros trabalhos b) É constituído por um conjunto de documentos, estudos superficiais e respectivos Relatórios de Impacto Ambiental, com o objetivo de assegurar o exame sistemático e prévio dos impactos ambientais de uma determinada proposta e de suas alternativas, de cujos resultados, tornados públicos, dependem a decisão sobre a proposta c) Expressa um estudo muito reduzido, e por isso necessita da contribuição de diversos peritos, técnicos e científicos, cujo objetivo é fornecer informações valiosas no processo decisório d) Expressa um estudo superficial sobre as agressões ao meio ambiente físico, biótico e social decorrentes da implantação de certos tipos de empreendimentos e atividades e) Expressa todo o trabalho ambiental de modo conclusivo, trazendo uma avaliação valorativa que identifica se o projeto é ou não nocivo ao meio ambiente e em que grau. Contêm medidas mitigadoras dos impactos negativos, programas de acompanhamento e monitoramento dos impactos e recomendações quanto às alternativas mais favoráveis Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 364. Entende-se por impacto _____________ qualquer mudança decorrente de ação humana no ambiente natural e social decorrente de uma atividade ou de um empreendimento proposto. A palavra impacto se refere, portanto, às alterações no meio ambiente físico, biótico e social decorrentes de atividades humanas em andamento ou propostos. a) Populacional b) Abiótico Social c) Físico d) Ambiental e) Químico 5. Estudos de impacto ambiental podem ser efetuados a qualquer momento, antes de realizar ações e depois que tais ações foram realizadas, ou seja, para produtos, atividades e empreendimentos existentes e propostos. Nesse sentido, assinale a alternativa que NÃO contém uma característica dos Estudos de Impactos Ambientais: a) O EIA deve ser entendido como uma etapa integrante do próprio projeto de obra ou de atividade potencialmente causadora de degradações significativas do meio ambiente b) O EIA objetiva dar ciência antecipadamente das agressões ao meio ambiente físico, biótico e social decorrentes da implantação de certos tipos de empreendimentos e atividades c) O EIA deve ser um processo formal, tanto para quem o faz, o empreendedor, quanto para o poder público que o exige e toma decisões baseadas em seus resultados d) O EIA faz parte do processo de implantação e operação de um SGA e das auditorias ambientais pertinentes e) O EIA traz a síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da área de influência do projeto Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 37 6. O (A) ____________ é definido(a) como uma unidade funcional da ecologia. É um sistema aberto, integrado por todos os organismos vivos e os elementos físicos presentes em uma determinada área, cujas propriedades de funcionamento e de autorregulação derivam das relações entre eles (Branco, 1989). Os fenômenos no interior do sistema processam-se por meio de fluxos de matéria e energia que resultam em conexões e relações de dependência entre suas partes (Philippi Júnior e Maglio, 2008). a) Política Nacional do Meio Ambiente b) Biodiversidade c) Bioma d) Ecossistema e) Meio Ambiente 7. Qual alternativa abaixo, não está relacionada a um dos principais tipos de auditorias ambientais? a) Auditoria de conformidade b) Auditoria de sistema de gestão ambiental c) Auditoria de desempenho ambiental d) Auditoria de fornecedor e) Auditoria operacional 8. ___________________representa um tipo de degradação, criado pelas atividades inerentes à empresa ou por terceiros, de forma voluntária ou involuntária, em tempos passados ou no presente, e que afeta negativamente os meios físicos (solo, água e ar), bióticos (flora e fauna) ou antrópico (saúde, segurança e bem-estar) e que deve ser recuperado pela empresa, sob pena de lei como a de Crimes Ambientais (Lei brasileira número 9605/98). a) Passivo ambiental b) Auditoria ambiental Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 38 c) Certificação ambiental d) Gestão ambiental e) Estudo ambiental 9. Qual norma não está relacionada ao meio ambiente diretamente? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 10. Em relação a ISO – International Organization for Standardization, assinale as verdadeiras: ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 39 2 Os Acidentes Ambientais ao Longo do Tempo Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 40 Nesta unidade, vamos estudar sobre as ocorrências geradas pelas atividades desenvolvidas pelo homem tais como os acidentes nucleares, vazamentos durante a manipulação de substâncias químicas etc., vêm impactando destrutivamente o meio ambiente, destruindo cidades e ceifando vidas. Embora estas ocorrências sejam independentes quanto às suas origens (causas), em determinadas situações pode haver certa relação entre as mesmas, como por exemplo, uma forte tormenta que acarrete danos numa instalação industrial. Neste caso, além dos danos diretos causados pelo fenômeno natural, podem-se ter outras implicações decorrentes dos impactos causados nas instalações da empresa atingida. Nesta unidade, serão relatados alguns dos principais acidentes ambientais, no Brasil e no mundo, muitos deles causados por ambição e incompetência técnica ou administrativa. Objetivos da unidade: Avaliar as condições de segurança para o patrimônio público e privado, para as pessoas e meio ambiente, de forma que os riscos associados às instalações, às operações e às atividades avaliadas, possam ser controlados, de forma a prevenir acidentes. Demonstrar com um grau de certeza considerado confiável, que a probabilidade da ocorrência de um desastre e suas respectivas consequências, estão devidamente controladas. Conscientizar futuros proprietários de um empreendimento os problemas que poderão enfrentar em razão de alguma degradação ambiental causada pelos proprietários atuais, ou seja, definir o custo ambiental que os compradores terão que arcar com a aquisição de uma empresa, empreendimento ou terreno. Plano da unidade: Origens e tipos de acidentes Acidentes de Bhopal Cidade do México: 19/11/1984 (Vazamento de Gás - GLP) Acidentes de Chernobyl Guerras no Kuwait (Um grande incêndio de petróleo na historia) Estados Unidos/ Texas – Acidente na Refinaria de Petróleo Big Springs Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 41 Alasca/ Exxon Valdez: Derrame de Petróleo Acidentes da Piper Alpha Acidente da P-36: Plataforma de Petróleo Incêndio na Ultracargo – São Paulo Acidentes mais recentes. Bons estudos! Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 42 Origens e tipos de acidentes São eventos adversos que causam grandes impactos na sociedade, onde esses eventos podem ser diferenciados em função da origem. Os desastres ambientais são classificados como humanos ou naturais.Os desastres humanos são aqueles gerados pelas ações ou omissões humanas, como acidentes de transito, incêndios industriais e contaminações de rios. Já os desastres naturais são causados pelo impacto de um fenômeno natural de grande intensidade sobre uma área ou região povoada, podendo ou não ser agravado pelas atividades antrópicas. Os impactos ambientais só são tidos como desastres ambientais quando os seus danos e prejuízos são incalculáveis e de difícil restituição. Caso não possua danos ou ocorra em áreas não ocupadas o fenômeno é apenas um evento natural. a. Desastres Naturais: São causados por fenômenos da natureza, cuja maioria dos casos independe das intervenções do homem. Incluem-se nesta categoria os terremotos, os maremotos, os furacões, inundações etc. b. Desastres Humanos: Estes acidentes, em sua grande maioria são de difícil prevenção, razão pela qual diversos países do mundo, principalmente aqueles onde tais fenômenos são mais constantes, têm investido em sistemas para o atendimento à estas situações. No caso dos acidentes de origem tecnológica, pode-se dizer que a grande maioria dos casos é previsível. Pode-se observar que para esses acidentes, aplica-se perfeitamente o conceito básico de gerenciamento de riscos, ou seja, um risco pode ser diminuído atuando-se tanto na "probabilidade" da ocorrênciade um evento indesejado, como nas "consequências" geradas por este evento. Quanto à intensidade, os desastres são classificados como: Desastres de pequeno porte ou acidentes (Nível I), Desastres de meio porte (Nível II), Desastres de grande porte (Nível III), Desastres de muito grande porte (Nível IV). No Brasil, os desastres de Níveis de intensidade III e IV são reconhecidos, legalmente, pelos Governos Federal, Estaduais e Municipais, como situação de emergência e estado de calamidade pública. Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 43 Entre os diversos tipos de acidentes, pode ser destacado como de especial interesse o acidente químico, que pode ser definido como um acontecimento ou situação que resulta da liberação de uma ou várias substâncias perigosas para a saúde humana e/ou o meio ambiente, a curto ou longo prazo. As consequências dos acidentes químicos estão associadas a diferentes tipos de impactos no meio ambiente, as pessoas ou o património (público e privado). Desta forma, a seguir, resumem-se os danos causados por eventos: Perda de vidas humanas; Impactos ambientais; Danos à saúde humana; Danos econômicos; Efeitos psicológicos na população; Compromisso da imagem na indústria e o governo. Na década de 1980, a preocupação com os acidentes industriais ganhou grande importância, no tocante à prevenção destas ocorrências, principalmente após os casos de Chernobyl, Cidade do México e Bhopal, quando diferentes programas passaram a ser desenvolvidos, contemplando não só os aspectos preventivos, mas também os de intervenção nas emergências. Origens e tipos de acidentes A Tragédia, ou Desastre de Bhopal, foi um acidente industrial que ocorreu na madrugada de 3 de dezembro de 1984, em Bhopal, quando 40 toneladas de gases tóxicos vazaram na fábrica de pesticidas da empresa norte-americana Union Carbide. A principal causa do desastre foi negligência com a segurança. O número total de mortes é controverso: houve num primeiro momento cerca de 3.000 mortes diretas, mas estima-se que outras 10 mil ocorreram devido a doenças relacionadas à inalação do gás. A Union Carbide, empresa de pesticidas de origem Importante! No transcorrer deste livro serão apresentadas algumas linhas básicas para a identificação e avaliação de riscos e para prevenção de acidentes ambientais de origem tecnológica, bem como para a adoção de medidas, rápidas e eficientes, quando da ocorrência destes episódios. Durante as discussões em nossos Fóruns e atividades complementares serão levantadas questões de reflexão e ação. Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 44 americana, negou-se a fornecer informações detalhadas sobre a natureza dos contaminantes, e, como consequência, os médicos não tiveram condições de tratar adequadamente os indivíduos expostos. Na noite do desastre, as seis medidas de segurança criadas para impedir vazamentos de gás fracassaram, seja por apresentarem falhas no funcionamento, por estarem desligadas ou por serem ineficientes. Além disso, a sirene de segurança, que deveria alertar a comunidade em casos de acidente, estava desligada. Os gases provocaram queimaduras nos tecidos dos olhos e dos pulmões, atravessaram as correntes sanguíneas e danificaram praticamente todos os sistemas do corpo. Muitas pessoas morreram dormindo; outras saíram cambaleando de suas casas, cegas e sufocadas, para morrerem no meio da rua. Outras morreram muito depois de chegaram aos hospitais e prontos-socorros. Os primeiros efeitos agudos dos gases tóxicos no organismo foram vômitos e sensações de queimadura nos olhos, nariz e garganta, e grande parte das mortes foi atribuída à insuficiência respiratória. A fábrica da Union Carbide em Bhopal permanece abandonada desde a explosão tóxica, enquanto que resíduos perigosos e materiais contaminados ainda estão espalhados pela área, contaminando o solo e as águas subterrâneas, dentro e no entorno da antiga fábrica. Hoje, sabe-se que o composto químico era o isocianato de metila, sendo desconhecido quem seria realmente o responsável pelo incidente, a empresa responsável pela Union Carbide, a Dow Chemical Company, começou por acusar um suposto movimento terrorista indiano. Mais tarde, quando a história se tornou insustentável, acusou um empregado de sabotagem. O processo arrastou-se por longos anos até que um tribunal dos EUA decretasse que a sabotagem tinha sido o fator que levou ao desastre. O composto químico que causou a tragédia, pelo seu vazamento, que durante muitos anos foi segredo não revelado é ilustrado no esquema abaixo, segundo a sua reação de síntese. Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 45 No início do século XXI (2001), a Dow Química compra a Union Carbide e passa a ser responsável pelos ativos da empresa, como também por seus passivos ambientais e pelos crimes cometidos em Bhopal. No entanto, a Dow continua negando sua responsabilidade pelo crime cometido. A empresa tentou se livrar da responsabilidade pelas mortes provocadas pelo desastre, indenizando de maneira irrisória ao governo da Índia em face da gravidade da contaminação. A Union foi intimada a compensar aqueles que, com o desastre, perderam sua capacidade de trabalhar. A companhia se recusou a pagar US$ 220 milhões exigidos pelas organizações de sobreviventes. Em um mundo globalizado, é preciso que as corporações como a Dow utilizem padrões consistentes em todo o mundo, assumindo as responsabilidades por suas operações. Se o desastre de Bhopal tivesse acontecido na Europa ou nos EUA, o local teria sido limpo e as pessoas, com certeza, teriam sido indenizadas. Foto 5 - Protestos em Bhopal. Foto 6- Menino com problema congênito. Fonte: AFP (Agence France Presse). Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 46 Cidade do México: 19/11/1984 O desastre de San Juanico foi um grande acidente industrial ocorrido em San Juan Ixhuatepec, conhecido como San Juanico, no subúrbio da Cidade do México. Este incidente aconteceu em uma instalação de armazenamento e distribuição (um "terminal") para gás liquefeito de petróleo (GLP), de propriedade da empresa multi- estatal, Petróleos Mexicanos (PEMEX). A Planta possuia 54 tanques de armazenamento de GLP (vasos de pressão), destes, 6 eram tanques esféricos (quatro com capacidade de 1.600 m3 e dois de 2.400 m3) e 48 tanques cilíndricos horizontais de vários tamanhos. Três refinarias forneciam diariamente o GLP para planta de San Juanico. Naquela madrugada, a planta estava sendo abastecida pela refinaria de Hidalgo a 400 km de distância, sendo que as duas esferas maiores e 48 recipientes cilíndricos foram preenchidos até 90% e 4 esferas menores até 50% de sua capacidade. No momento do acidente, todos os tanques juntos continham cerca de 11.000 m3 de propano /butano, o que representa um terço de todo fornecimento de gás da Cidade do México. A partir das três da manhã de 19 de novembro de 1984, houve um vazamento de gás. Durante quase três horas, a nuvem de gás impregnou toda a área de tancagem indo além desta instalação atingido uma área residencial próxima. Algumas pessoas que vivem perto da usina despertaram do seu sono, devido ao forte cheiro de gás. A queda de pressão foi observada na sala de controle, e também em uma estação de bombeamento do gasoduto. Uma tubulação de 8” entre uma esfera e uma série de tanques cilíndricos rompeu-se. Infelizmente, os operadores não conseguiram identificar a causa da queda de pressão. A liberação de GLP continuou até encontrar uma fonte de calor e ocorrer a ignição. Uma série de explosões destruíram as instalações e devastou parte do subúrbio de San Juanico. As explosões foram tão violentas que foram registradas pelos sismógrafos da Universidade do México. A primeira foi registrada 05h 45min, e foi seguida por 12 explosões dentro no período de uma hora e meia. Foi observadoque alguns deles foram do tipo BLEVE - Boiling Liquid Expanding Vapor Explosion (explosão do vapor de expansão de um líquido sob pressão). A figura abaixo explica melhor o acontecimento. Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 47 Figura 3 - BLEVE - Boiling Liquid Expanding Vapor Explosion (explosão do vapor de expansão de um líquido sob pressão). Explosão de um gás na forma liquefeita pressurizada, por ruptura das paredes do vaso. Geralmente ocorre com gases liquefeitos de petróleo que são armazenados na forma líquida pressurizada, que sofre o efeito de um incêndio aumentando muito a temperatura e pressão internas e fragilizando as paredes do vaso. Como o líquido está numa temperatura muito acima de seu ponto de ebulição, há uma vaporização e uma expansão violenta, formando-se uma bola de fogo no caso de inflamáveis. Grande parte do subúrbio de San Juanico foi destruída pelas explosões e o incêndio que se seguiu. O incêndio também se espalhou para a planta vizinha de engarrafamento de gás em cilindros (fábrica UNIGAS), ocorrendo ainda mais explosões, aumentando assim o incêndio. O fogo devorou tudo ao redor da planta, incinerando instantaneamente casas, pessoas, animais de estimação e veículos. Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 48 O calor radiante gerado no incêndio incinerou a maioria dos cadáveres reduzindo a cinzas. Muitos com apenas 2% dos restos recuperados deixados sem condições de reconhecimento. Figura 4 – Onda de choque e destruição causada pela explosão, cerca de 400 m. Fonte: http://inspecaoequipto.blogspot.com.br/2014/02/caso-058-o-desastre-de-san-juanico-1984.html Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 49 Grande parte do subúrbio de San Juanico foi destruída pelas explosões e o incêndio que se seguiu. O incêndio também se espalhou para a planta vizinha de engarrafamento de gás em cilindros (fábrica UNIGAS), ocorrendo ainda mais explosões, aumentando, assim, o incêndio. O fogo devorou tudo ao redor da planta, incinerando instantaneamente casas, pessoas, animais de estimação e veículos. Cinco quarteirões da cidade foram praticamente varridos pelo fogo. A figura abaixo ilustra muito bem o quadro terrível da tragédia: Figura 5 – Vítimas fatais e famílias inteiras gravemente feridas. Fonte: http://inspecaoequipto.blogspot.com.br/2014/02/caso-058-o-desastre-de-san-juanico- 1984.html Causas Prováveis Causas Imediatas: O desastre foi iniciado por um vazamento de gás provavelmente causado por uma tubulação de 8” durante as operações de transferência entre o pátio de tancagem das esferas com os vasos cilíndricos. Houve uma sobre pressão rompendo a tubulação que provavelmente não possuía espessura de parede adequada. Resta saber se a parede da tubulação sofreu corrosão, ou estava subdimensionada (falha de projeto ou de instalação). Outra dúvida que paira sobre o caso é se a inspeção de equipamentos tinha o controle de medição de espessura. A fonte de calor que provocou a ignição também é desconhecida. A fonte provável seria uma faísca da ignição de um caminhão de entrega que estava na fábrica no momento do acidente. Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 50 Causas Básicas: Layout da fábrica quanto ao posicionamento dos vasos e o distanciamento entre eles foram considerados inadequados. A instalação de um sistema eficaz de detecção de gás e de emergência poderia ter evitado o desastre. A planta não tinha sistema de detecção de gás e, portanto, quando o isolamento de emergência foi iniciado já era tarde demais; Sistema de água de incêndio do terminal foi desativado na explosão inicial (falha também percebida no Layout). Também os sistemas de pulverização de água foram insuficientes; Falha no Controle de Emergência foi evidenciada pelo plano de emergência local e pelo acesso de veículos de emergência. Ambas ineficazes. Dificultando a chegada dos serviços de emergência agravada pela população em fuga. As Consequências Após as explosões, a sociedade mexicana exigiu saber o que tinha acontecido em San Juan Ixhuatepec. A PEMEX emitiu uma declaração culpando UNIGAS Co. que tinha uma instalação de armazenamento ao lado da fábrica. Eles disseram que uma explosão em um caminhão-tanque de gás de descarga na fábrica UNIGAS tinha produzido a catástrofe. Evidências apontam a origem o desastre na fábrica PEMEX. Operários da PEMEX que sobreviveram ao desastre disseram que um vazamento de gás foi detectado, mas nada poderia ser feito, pois foi detectado tarde demais. Lições Aprendidas Localização de estabelecimentos que apresentam riscos de acidentes grave. O grande número de mortos e feridos teve sua origem na proximidade de habitação para a unidade de armazenamento. Apesar de ser construído e desenvolvido no local foi crescendo fora de controlar o número de casas na vizinhança. Sistemas de distribuição e proteção de parques de armazenamento de GLP grandes. A destruição quase total das instalações ocorrido por causa de falhas nos sistemas de proteção de depósitos, incluindo a distribuição adequada, de isolamento e sistemas de sombreamento de emergência água de refrigeração. Além disso, os suportes das esferas e cilindros não estavam protegidos termicamente contra incêndio. Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 51 Acidente de Chernobyl A cidade de Chernobyl, na Ucrânia, ainda guarda as marcas da explosão do reator 4, que espalhou radiação pelo país e pelos territórios vizinhos em 26 de abril de 1986. Na época, a usina era responsável pela produção de cerca de 10% da energia utilizada na Ucrânia. Com quatro reatores e mais dois em construção, Chernobyl era um símbolo do avanço da União Soviética. No ano de 1986, os operadores da usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, realizaram um experimento com o reator 4. A intenção inicial era observar o comportamento do reator nuclear quando utilizado com baixos níveis de energia. Contudo, para que o teste fosse possível, os responsáveis pela unidade teriam que quebrar o cumprimento de uma série de regras de segurança indispensáveis. Foi nesse momento que uma enorme tragédia nuclear se desenhou no Leste Europeu. As causas da tragédia nuclear ainda são motivo de discussão, alguns especialistas apontam erros humanos, enquanto outros avaliam erros no projeto, a razão mais aceita é a união das duas falhas. No dia da explosão estava agendado um procedimento de rotina no reator 4, ele seria desligado e os responsáveis aproveitaram para fazer um teste, um problema de resfriamento fez com que o teste terminasse de forma trágica. O acidente lançou 70 toneladas de urânio e 900 de grafite na atmosfera. Após a explosão, milhares de trabalhadores foram enviados ao local para combater as chamas e garantir o resfriamento do reator. Conhecidos como “liquidadores”, esses homens perderam a vida no combate ao incêndio. Na segunda etapa, para conter a radiação, trabalhadores sem equipamento adequado passaram seis meses construindo uma estrutura de isolamento, o “sarcófago”. O alto nível de radiação afetou as regiões no entorno da usina, chegando a uma área de 100 mil km2. A cidade que abrigava os trabalhadores de Chernobyl era Prypiat, construída para essa função em 1970. A orientação para deixar as casas só veio 30 horas depois do acidente, os habitantes tiveram 40 minutos para pegar os itens de maior necessidade e sair da cidade. Eles foram avisados que poderiam voltar em três dias. A área, porém, passou a fazer parte da zona de exclusão estabelecida no entorno da usina e Prypiat virou uma cidade fantasma. Análise e Investigação de Acidentes Ambientais 52 Os soviéticos tentaram esconder o acidente, mas os níveis de radiação foram detectados em outros países. A primeira notícia sobre a explosão saiu no dia 29, na Alemanha, três dias depois do ocorrido. A usina
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